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Fórum de Direito

Urbano e Ambiental

ISSN 1676-6962

Fórum de Dir. Urbano e Ambiental - FDUA Belo Horizonte ano 9 n. 54 p. 1-159 nov./dez. 2010

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Distribuída em todo o Território Nacional

F745 Fórum de Direito Urbano e Ambiental - FDUA. ano 1, n. 1,


jan./fev. 2002. Belo Horizonte: Fórum, 2002.

Bimestral
ISSN 1676-6962

1. Direito ambiental. 2. Direito administrativo I. Fórum.

CDD: 341.347 CDU: 349.6

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Professor Titular de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da PUC/SP
Alaôr Caffé Alves
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Desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Mestre em Direito Público. Doutor em Direito Público-Ambiental
pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor Decano do Curso de Direito da Universidade Católica de Brasília
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(Associação de Juristas Brasil-Alemanha). Membro da Associação Brasileira dos Advogados Ambientalistas (ABAA)
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Carlos Pinto Coelho Motta
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Mestre e Doutor em Direito (PUC/SP) e Professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo
Edésio Fernandes
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Doutora em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora universitária de graduação e pós-graduação
Eurico Andrade Azevedo
Procurador de Justiça de São Paulo - Aposentado. Especialista em Direito Urbanístico
Flávia Witkowski Frangetto
Advogada Especialista em Direito Ambiental pela Université Jean Moulin (Lion – França). Professora do Curso de Pós-Graduação
em Especialização em Direito Ambiental e Curso de Pós-Graduação e Especialização em Gestão Ambiental – Universidade de
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Doutora em Direito e Livre Docente pela Universidade de São Paulo. Especialista em Direito Ambiental pela Universidade de
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Advogada. Diretora de Assuntos Ambientais do IARA. Membro do IAB. MBA em Regulação e Defesa da Concorrência pela
FGV-RJ. Professora de Petróleo e Meio Ambiente e Legislação de Petróleo e Gás da Universidade Veiga de Almeida (UVA/RJ)
Maria João Carreiro Pereira Rolim
Mestre em Direito Econômico pela UFMG. Especialização em Concorrência e Setor Elétrico
Maria Suely Moreira
Instrutora Técnica do FDG, INDG e do IETEC. Consultora em Sistema de Gestão Ambiental modelo ISO14000
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Doutora em Direito do Estado (USP). Assistente na Consultoria Jurídica da Universidade de São Paulo
Paulo Affonso Leme Machado
Professor de Direito Ambiental na UNESP (Rio Claro) e Presidente da Sociedade Brasileira de Direito do Meio Ambiente
Paulo de Tarso Figueira Abrão
Advogado Especialista em Direito Ambiental
Paulo José Villela Lomar
Advogado Especialista em Direito Urbanístico
Vanusa Murta Agrelli
Advogada especialista em Direito Ambiental

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Expediente
Colaboradores

Adriano Celestino Ribeiro Barros Floriano de Azevedo Marques Neto María Mercedes Maldonado Copello
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Antonio Azuela Helita Barreira Custódio Paula Freire Santoro
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Arthur Soffiati J. U. Jacoby Fernandes Rafael de Oliveira Alves
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Bruno Albergaria João Vidal da Cunha Renata Neiva Pinheiro
Bruno Campos Silva Jorge Bandeira Renato Cymbalista
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Camila Gonçalves de Mario José Maria Pinheiro Madeira Ricardo Henrique Ferreira Cardoso
Camila Maia Pyramo Costa José Sciandro Robertônio Pessoa
Camila Simoni Junqueira José Varella Robson Odeli Espíndola Hack
Carlos Alberto Arikawa Joseane da Silva Almeida Rodrigo Fernandes
Carolina L. M. de Castro Josué M. Lima Rodrigo Nassif
Célio Rodrigues da Cruz Juan Felipe Pinilla Pineda Rodrigo Pereira Porto
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Clarissa Ferreira de Melo Mesquita Juan Luciano Scatolini Rogério Palhares Zschaber de Araújo
Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira Juan Vicente Sola Rogério Santana da Silva
Júlia Azevedo Moretti Ronaldo David Alves
Cristiano de Souza Lima Pacheco
Juliana de Almeida Picinin Ronaldo Gerd Seifert
Cristina Campos Esteves
Juliana Koeppel Rosemeire Nakahima
Curt Trennepohl
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Daniel Gaio
Kátia Valverde Junqueira Sandra Pires Barbosa
Denise de Campos Gouvêa
Kesley Barbosa Sandro Schmitz dos Santos
Diego Roger Ramos Freitas
Lara Caroline Miranda Sarah Maria Linhares de Araújo
Dilermando Gomes de Alencar
Leonardo Bedê Lotti Sebastian Tedeschi
Diogo Leal Braga
Liciane Almeida Sérgio Amaral Weissmann
Edésio Fernandes
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Edna Cardozo Dias Lúcia Penna Franco Ferreira Sérgio Murilo da Silva Jardim
Edson de Oliveira Braga Filho Luciana de Campos Maciel Simone Aparecida Polli
Edson Ferreira de Carvalho Luciane Almeida Sirlei Fátima Trentin Jonatto
Eduardo Assunção de Lourenço Luciano dos Santos Diniz Souza Prudente
Eduardo Luiz Santos Cabette Lucíola Maria de Aquino Cabral Stefania Eugenia Barichello
Eliane Monetti Luisa Braga Cançado Ferreira Stela Maria Ramos de Melo
Élisson Cesar Prieto Luiz Alberto Souza Sylvio Toshiro Mukai
Ellade Imparato Luiz Carlos Figueira de Melo Taciana Mara Corrêa Maia Peloso
Emiliana Carolina de Oliveira Luiz Ernani Bonesso de Araújo Talden Farias
Emílio Haddad Luiza Guerra Araújo Thiago Cássio d’Ávila Araújo
Enrique Rajevic Mosler Manoel Paulo de Oliveira Tiago de Pina Ribeiro Carvalho
Erivaldo Moreira Barbosa Marcelo Adriano Micheloti Tiago Souza d’Alte
Eurídice Almeida Lino Márcio Pina Marques Tiago Toniêto
Evandro Martins Guerra Marco Túlio Reis Magalhães Toshio Mukai
Evandro Vieira Ouriques Marcos Abreu Torres Valéria Sucena Hammes
Evian Elias Marcos Paulo Marques Araújo Vanessa de Oliveira Ferreira
Fernanda Carolina de Lima Manna Maria Coeli Simões Pires Vanêssa Rodrigues Melo
Fernanda Manna Maria Cristina Monteiro Lapas Vera Maria Melillo Lopes dos Santos Gamarski
Flávia de Sousa Marchezini Maria Eugênia Ferreira Totti Walter Rocha de Cerqueira
Flávio Ahmed Maria Lúcia D’Alessandro Yuko Akiyam
Flávio José Nery Conde Malta Maria Lucia Refinetti Martins Zenildo Bodnar

Luís Cláudio Rodrigues Ferreira


Presidente e Editor

Coordenação científica
Toshio Mukai
Mestre e Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo
Ex-professor da Universidade Mackenzie

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Sumário

Editorial
Edésio Fernandes & Betânia Alfonsin ....................................................................................................................................7

introdução

El derecho y la política de suelo en América Latina: nuevos paradigmas y posibilidades de acción


Edésio Fernandes, María Mercedes Maldonado Copello ..................................................................................................11

Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina


Sebastian tedeschi ...............................................................................................................................................................17

argEntina

La Agenda Urbana, entre luces y sombras del Bicentenario


Juan luciano Scatolini ........................................................................................................................................................39

Bolívia

(In)operatividad de la función social de la propiedad urbana


Ensayo sobre la legislación boliviana
Jaroslava Zápotocká de Ballón ...........................................................................................................................................51

ChilE

El paulatino pero insuficiente desarrollo del Derecho urbanístico en Chile: en tránsito de la adolescencia a
la madurez
Enrique rajevic Mosler .......................................................................................................................................................61

ColôMBia

La norma y la disputa por los usos de la ciudad


análida rincón Patiño .........................................................................................................................................................71

Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá
Juan Felipe Pinilla Pineda ...................................................................................................................................................87

Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997


María Mercedes Maldonado Copello ...............................................................................................................................103

MéxiCo

Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano


antonio azuela, Miguel Ángel Cancino ............................................................................................................................119

uruguai

Ley 18.308 – Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo Sostenible


Juan Francisco trinchitella, Jorge Pedro Álvarez tapie ..................................................................................................143

Algunos apuntes sobre el nuevo marco legal del ordenamiento territorial vigente en Uruguay
José Sciandro ......................................................................................................................................................................149

índiCE ..................................................................................................................................................................................................155

inStruçÕES Para oS autorES ....................................................................................................................................................159

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Editorial

Editorial*

Canta conmigo canta,


hermano americano,
libera tu esperanza
con un grito en la voz.1

Desde que Leon Duguit proferiu sua série legitimação de posses decorrente da Lei de Terras
de influentes palestras sobre o tema em Buenos de 1850 e da ausência de regulação limitadora
Aires em 1911, seguidas por suas viagens pela da apropriação privada de terras no país.
Colômbia em 1920, sempre discutindo as trans­ O atraso do debate sobre a função social da
formações do direito privado à luz da ética da propriedade no meio urbano também certamente
solidariedade, a doutrina da função social da pro­ refletia o estágio ainda incipiente do processo de
priedade tem sido sistematicamente construída, urbanização na região, que de modo geral somente
e disputada, pelos juristas, legisladores e magis­ se consolidou a partir de meados da década de
trados latino­americanos. 1950.
No Brasil, essa doutrina foi inicialmente Contudo, em que pese o ritmo intenso do
assimilada pela Constituição Federal de 1934 e processo de urbanização e apesar de mais de 75%
repetida desde então por todas as Constituições da população latino­americana estar atualmente
promulgadas e outorgadas, sem que, no entanto, vivendo em cidades, a assimilação da doutrina
seu conteúdo tivesse sido claramente determi­ da função social da propriedade urbana continua
nado até a promulgação da Constituição Federal sendo de mais difícil entendimento.
de 1988. A tradição civilista tem historicamente
Na prática isso significou a percepção do dominado nos países latino­americanos, sendo
princípio da função social da propriedade como ainda hegemônica uma leitura dos códigos civis
mera “norma programática”, sem que efeitos que enfatiza os direitos individuais de proprie­
jurídicos concretos fossem esperados de tal dade privada de maneira quase que absoluta. A
princípio. Critérios para aferir o adequado apro­ própria naturalização dos poderes do proprietário
veitamento de uma propriedade imóvel, ou ins­ e, no caso brasileiro, a ausência de um módulo
trumentos capazes de garantir efetividade ao máximo de terras, transfere­se para o meio urbano
princípio, não foram incorporados à ordem jurí­ através de um imaginário social, cultural e jurí­
dica durante o século XX. Em muitos outros países dico altamente protetivo do direito individual
latino­americanos, a mesma situação se repetiu. de propriedade, limitando as iniciativas legis­
Em que pesem suas limitações, no pri­ lativas, a atuação reguladora do poder público e o
meiro momento a discussão doutrinária e juris­ próprio exercício do poder de polícia.
prudencial, além da produção legislativa, sobre Tal interpretação civilista da política ur­
o tema da função social da propriedade foi mais bana está na base da ordem jurídica tradicional
imediatamente associada à propriedade rural; que tem historicamente dado suporte a um padrão
no Brasil, gerando o Estatuto da Terra de 1964, de urbanização excludente, segregador, espe­
inclusive tendo em vista a escandalosa concen­ culativo e poluidor, além de socialmente injusto
tração de terras no meio rural derivada do pro­ e politicamente autoritário, já que a gestão da polí­
cesso de titulação dominial de sesmarias e da tica urbana, ainda se dá de forma centralizada e

* Este número especial da REVISTA FÓRUM DE DIREITO URBANO E AMBIENTAL é dedicado à memória de Mercedes Sosa, mulher e militante latino-
americana que sonhou e lutou por uma América Latina mais justa, democrática e solidária.
1
Extraído de “Canción con todos” de Maria José Quintanilla, canção imortalizada na voz de Mercedes Sosa.

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Editorial

pouco transparente, afastando o cidadão comum Em uma perspectiva de Direito Urbanístico


da possibilidade de interferir nos processos de Comparado, percebemos uma realidade jurídica
tomada de decisão. muito diversa e citamos como exemplo o fato de
De fato, a prevalência dessa ordem jurí­ que enquanto a Constituição Brasileira condicio­
dica na qual o solo urbano se converte em uma na o reconhecimento dos direitos individuais de
mercadoria bastante cara, tem sido um dos prin­ propriedade ao cumprimento de funções sociais,
cipais fatores que tem determinado o processo a Constituição Colombiana vai um passo além e
crescente de acesso informal ao solo e a moradia declara que a propriedade é uma função social
nas cidades latino­americanas. e como tal lhe é inerente uma função ecológica,
Ao longo do século XX, esforços importan­ ampliando imensamente as possibilidades de
tes de redefinição da interpretação civilista dos aplicação das normas constitucionais, bem como
direitos de propriedade foram feitos pelo Direito de interpretação das normas nos casos concretos.
Administrativo, afirmando a noção de função De maneiras distintas e em ritmos dife­
social da propriedade e a supremacia do interesse rentes, vários outros países latino­americanos têm
público sobre o particular como pressupostos ju­ enfrentado essa discussão, bem como o desafio de
rídicos das possibilidades de intervenção do esta­ introduzir a função social da propriedade como
do sobre a propriedade privada. A grande ques­ um novo pólo axiológico e jurídico a equilibrar
tão continua sendo o principal limite do Direito a ordem jurídica. A tradução mais concreta desse
Administrativo ao lidar com esse tema, já que, em movimento tem sido a criação progressiva de
que pese o leque de possibilidades juridicamente uma nova ordem jurídico­urbanística na região
admitidas para a intervenção do estado sobre a latino­americana.
propriedade privada (através dos institutos da Brasil e Colômbia têm estado na vanguarda
desapropriação, do tombamento, das requisições do processo de positivação dessa nova ordem
administrativas, etc.) a cultura jurídica protetiva jurídico­urbanística, por conta de processos his­
do direito de propriedade ainda intimida doutri­ tóricos que, embora distintos, levaram os dois
nadores e gestores públicos, fazendo com que, países a promulgarem leis nacionais de política
frequentemente, a ação do estado seja reduzida à urbana na virada do século XX. A Colômbia é
noção de limitações administrativas à propriedade, fortemente influenciada pelo Direito Urbanístico
isto é, sem que o poder público tenha poderes explí­ Espanhol, importando muito da radicalidade de
citos de obrigar o proprietário a certas condutas. um sistema urbanístico que constitucionalmente
Esse tipo de interpretação restritiva típica trata o urbanismo como uma função pública. O
do Direito Administrativo, geralmente em um con­ Brasil viu suas populações urbanas ocupando o
texto de gestão urbana tecnocrática e burocrática, território de maneira informal durante a segunda
quando não autoritária, fez com que as experiên­ metade do século XX, em boa medida pela pés­
cias de planejamento urbano, especialmente nas sima política habitacional desenvolvida pelo
esferas locais, fossem apropriadas pelas dinâmicas Governo Militar, vendo­se obrigado a admitir essa
dos mercados imobiliários especulativos, e com realidade na própria Constituição Federal de 88,
que a ação do poder público nas cidades fosse como dá testemunho a inclusão do usucapião
muitas vezes coadjuvante de um processo de apro­ urbano para fins de moradia no Capítulo sobre
priação privada da valorização imobiliária decor­ Política Urbana.
rente da ação pública. Estava assim instalada uma A exemplo da Lei nº 388/97 da Colômbia
poderosa máquina de exclusão socioterritorial. (Ley de Reforma Urbana) e do Estatuto da Cidade
Nas últimas décadas, já dentro do contexto do Brasil (2001), diversas leis importantes de
mais amplo dos processos de reconstrução demo­ política urbana e ordenamento territorial têm
crática, a discussão sobre a função social da sido discutidas, e mesmo aprovadas, nas diversas
propriedade tem ganhado novo fôlego e novos esferas governamentais de outros países como
contornos, através da introdução de novos sub­ Argentina, Uruguai, Chile, México, Equador,
princípios, instrumentos e critérios de aferição do Bolívia e Venezuela, inclusive por conta da
cumprimento da referida função social. influência das leis brasileira e colombiana.

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Editorial

Toda uma ordem jurídica calcada no tanto no Brasil, quanto nos demais países da
princípio da função social da propriedade — no América Latina. Como em outros períodos de
caso brasileiro, também das funções sociais da transição, em que pesem os sinais de emergência
cidade e do direito difuso à cidade sustentável de uma nova ordem jurídico­urbanística na
— tem sido constituída, se propondo a substituir região, vislumbramos ainda importantes focos
de vez o paradigma civilista ultrapassado. de resistência, e por isto a organização desta cole­
Trata­se de um novo paradigma de acordo tânea pretende contribuir para a consolidação
com o qual, além das limitações administrativas, desta nova ordem jurídica por meio da difusão
a noção de função social da propriedade consiste dos valores de uma cultura de política urbana
no poder de obrigar o proprietário (através de redistributiva e comprometida com o direito à
obrigações de fazer, de não fazer, de suportar, como cidade para todos e todas.
parcelar ou edificar compulsoriamente), com o Nesta publicação são encontrados textos
que o planejamento urbano, além de regulátorio, de colegas juristas de países como a Colômbia,
pode ser também indutor de um desenvolvimento Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile e México,
urbano mais justo e redistributivo. além do Brasil. A divulgação desses textos, que
Os outros princípios norteadores dessa reúnem a reflexão de profissionais que compõe
ordem jurídico­urbanística são a gestão urbana uma vanguarda do Direito Urbanístico na região,
descentralizada, articulada, democrática e partici­ pretende contribuir para a construção de uma
pativa; justa distribuição dos ônus e benefícios cultura latino­americana de debate sobre a ordem
da urbanização; recuperação pelo poder público, jurídico­urbanística latino­americana.
para a coletividade, da valorização imobiliária Trata­se de compromisso que os organiza­
gerada por obras e serviços públicos, bem como dores desta publicação já assumiram desde o
pela própria legislação urbanística e suas altera­ início do século XXI, com a organização de livros
ções; a regularização fundiária de assentamentos como Direito urbanístico: estudos brasileiros e
informais consolidados, de maneira articulada internacionais (Del Rey, 2006), Revisitando o ins­
com políticas preventivas que democratizem tituto da desapropriação (Fórum, 2009) e anais
o acesso ao solo e a moradia nas cidades; e o de importantes foros em que se debateram ques­
enfrentamento dos desafios da sustentabilidade tões de Direito Urbanístico como “Memorias del
socioambiental. IX Seminario Internacional Derecho y Espacio
Trata­se, então, da criação de um novo Urbano” (PGU/UN­Habitat, 2003), todas publi­
marco jurídico de governança da terra urbana, cações por nós organizadas com o intuito de somar
na qual direitos coletivos e interesses difusos pre­ no sonho de uma região latino­americana mais
valecem sobre direitos individuais e interesses integrada, democrática e sociamente justa, como
particulares, através de uma série de instrumentos quis Mercedes Sosa, ao tornar a “Canción con
anteriormente ausentes da ordem jurídica e que todos” um hino pela democratização e integração
tornavam o princípio da função social da pro­ da América Latina durante os anos de chumbo
priedade uma utopia jurídico­urbanística. que a região atravessou durante as ditaduras
O papel dos juristas latino­americanos na militares aqui instaladas na segunda metade do
construção e na defesa dessa nova ordem jurí­ século XX.
dico­urbanística tem sido fundamental. A imple­ Estamos convencidos de que a mudança da
mentação dos princípios de inclusão socioespa­ ordem jurídico­urbanística na região é fundamental
cial requer difusão de informação sobre as novas para concluir o processo de redemocratização que
leis, produção doutrinária e novos critérios de atravessamos e de que esse câmbio passa pela
interpretação judicial de conflitos territoriais e mobilização social e pela mudança da cultura
ambientais, para que tais princípios possam ser jurídico­política que poderá ajudar a cicatrizar as
efetivamente traduzidos em políticas públicas antigas feridas ainda encontradas nas veias abertas
efetivas e possam ser defendidos por uma socie­ das cidades da América Latina.
dade que os conhece e zela por eles. Boa leitura!
Estamos vivendo, portanto, um período de
transição para cidades mais justas e democráticas, Edésio Fernandes & Betânia alfonsin

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El derecho y la política de suelo en América Latina: nuevos paradigmas y posibilidades de acción

Introdução

El derecho y la política de suelo en américa latina: nuevos paradigmas y


posibilidades de acción*
Edésio Fernandes1
Abogado, urbanista y profesor asociado en la Unidad de Planeamiento de Desarrollo de University College, Londres,
el Instituto de Estudios de la Vivienda y el Desarrollo Urbano de Rotterdam y varias universidades brasileñas. Ha sido
Visiting Fellow del Instituto Lincoln en el año académico 2008­2009.

María Mercedes Maldonado Copello2


Abogada y urbanista, es profesora de la Universidad Nacional de Colombia, Bogotá, e investigadora del Instituto de
Estudios Urbanos de dicha universidad. Sus áreas de interés incluyen el significado legal de los derechos urbanos, los
derechos de propiedad y la recuperación de plusvalías.

Sumario: La búsqueda de un paradigma legal coherente – Los códigos civiles y el laissez faire en el de­
sarrollo urbano – Derecho administrativo e intervención del Estado – Derecho urbanístico y principios
de la reforma legal – El derecho a la ciudad – Referencias

La rápida e intensa urbanización que se locales y nacionales sobre el poder para regular
produjo en América Latina en los últimos 50 el desarrollo urbano también han producido pro­
años se contrasta frecuentemente en la literatura blemas legales adicionales.
con un sistema de planeamiento urbanístico ina­ La jurisprudencia progresiva, las demandas
decuado para explicar los múltiples problemas de varios movimientos sociales y un creciente de­
sociales resultantes: alto precio del suelo y espe­ bate legislativo desatado por los intereses diver­
culación en propiedades, informalidad rampante, gentes de las diversas partes interesadas han dado
segregación socioespacial extrema, infraestructura lugar a perspectivas legales en conflicto. Como
y servicios urbanos inadecuados, degradación consecuencia, los debates legales en América
ambiental, etc. Sin embargo, la literatura omite, Latina oscilan entre las interpretaciones anacró­
en gran medida, el rol de los sistemas legales na­ nicas de las cláusulas legales existentes y un
cionales, que han contribuido a esta situación a llamado a la construcción de un sistema legal
la vez que también han reaccionado en su contra. más legitimado y socialmente receptivo. Este artí­
El rol central cumplido por el régimen legal no culo intenta exponer estas tensiones y ofrecer
se puede subestimar. algunas nuevas direcciones de debate.
Los sistemas legales también han contri­
buido al desarrollo informal por dos mecanismos la búsqueda de un paradigma legal coherente
principales: disposiciones legales de exclusión En muchas ciudades, los sistemas legales
del suelo, derechos de propiedad y normas de re­ que regulan el desarrollo urbano son significa­
gistro; y los sistemas de planeamiento deficientes tivamente obsoletos e incoherentes, generando
adoptados en muchas grandes ciudades. Tanto la un incumplimiento generalizado y una creciente
falta de regulación del suelo como la aprobación desconexión entre la ciudad legal y la ciudad
de leyes de planeamiento elitistas que se niegan real. Importantes avances en la gestión urbana, pro­
a reflejar las realidades socioeconómicas, que movidos por administraciones locales progresivas,
limitan el acceso al suelo y viviendas a los pobres, han sido socavados frecuentemente por los obstá­
han jugado un rol perverso, agravando, y a veces culos creados por regímenes legal­urbanísticos
hasta determinando, la segregación socioespa­ nacionales caducos. En el contexto más amplio
cial. Las disputas institucionales entre gobiernos de los procesos volátiles de democratización en

* Este artículo fue originalmente publicado en inglés en la revista del Lincoln Institute of Land Policy – Land Lines julio 2009. Inventory I LLA090704SP;
English, Spanish. Las dos versiones de este artículo, inglés y español, están disponibles en la página Web del Lincoln. Una versión más actualizada de este
artículo está disponible como parte del Capítulo 7 del CD-ROM Perspectivas urbanas: Temas críticos en política de suelo de América Latina.
1
Contacto: <edesiofernandes@compuserve.com>.
2
Contacto: <mmmaldonadoc@unal.edu.co>.

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Edésio Fernandes, María Mercedes Maldonado Copello

la región, se ha puesto un énfasis más grande los códigos civiles y el laissez faire en el
en la posibilidad de que un ordenamiento legal­ desarrollo urbano
urbanístico renovado podría avanzar la reforma La interpretación dominante de los códigos
urbana. Muchos académicos, políticos, funcio­ civiles, provista por la doctrina y la jurispruden­
narios públicos y organizaciones comunitarias cia, y arraigada en la imaginación popular a lo
comprenden que la promoción de mercados de largo del siglo veinte, sigue tendiendo a realzar
suelo eficientes, inclusión socioespacial y susten­ los derechos de los propietarios en detrimento
tabilidad ambiental sólo será posible por medio de sus responsabilidades, y no considera otros
de la adopción de nuevo paradigmas legales cla­ intereses sociales, ambientales y culturales que
ramente definidos y coherentes. derivan de la tenencia de la propiedad. Esta inter­
Los principios legales en general, y en par­ pretación brinda poca consideración a los valores
ticular los que regulan los derechos de desarrollo de uso, ya que la tenencia del suelo y la propie­
del suelo y las relaciones inmobiliarias, se deter­ dad se concibe mayormente como una mercancía
minan políticamente y se asimilan culturalmente. cuyo valor económico queda determinado prin­
Los sistemas legales tienden a ser complejos, ya cipalmente por los intereses del dueño. Los prin­
que incluyen disposiciones distintas, contradic­ cipios tradicionales del derecho privado, como
torias y hasta en conflicto, adoptadas en el trans­ la condena de toda forma de abuso de poder
curso del tiempo como consecuencia de procesos y el requisito de justa causa para justificar el
sociopolíticos en evolución. El mantenimiento enriquecimiento legítimo, han sido poco menos
de un sistema legal que no exprese de manera que ignorados en esta definición poco equilibrada
fundamental las realidades de los procesos socio­ de los derechos de propiedad.
económicos y político­institucionales que se pro­ Desde esta perspectiva, el accionar del
pone regular genera distorsiones de todo tipo. Estado en la gestión del suelo y políticas urba­
La racionalización de un sistema legal es nísticas está seriamente restringido, y las ini­
una tarea exigente pero crucial, que requiere la ciativas significativas de planeamiento urbano
aprobación de nuevas leyes y también un esfuerzo han generado frecuentes conflictos judiciales
continuo para (re)interpretar los principios y Los grandes proyectos públicos generalmente
cláusulas en vigencia. No obstante, dicha interpre­ requieren expropiaciones onerosas de suelo, y
tación puede variar significativamente según el el pago de compensación se calcula sobre los
paradigma legal adoptado por el intérprete. Dis­ valores plenos de mercado. Las obligaciones de
tintos paradigmas pueden coexistir en la misma los emprendedores son pocas y la carga de la
cultura legal, causando ambigüedades legales construcción de infraestructura y provisión de
y conflictos judiciales potenciales, sobre todo servicios recae mayormente sobre el Estado. Si
en países donde la división tradicional entre el bien los derechos de desarrollo y construcción
derecho público y el derecho privado todavía no se suponen expresiones intrínsecas de los derec
está claramente delineada. hos individuales de propiedad del suelo, no hay
En América Latina existen tres paradigmas un ámbito establecido para la noción de que
legales en competencia: el derecho civil, el dere­ la administración pública debería recuperar el
cho administrativo y el derecho urbanístico. His­ valor incremental del suelo generado por las
tóricamente, el paradigma civilista hegemónico, obras y servicios públicos. Esta tradición legal ha
que se basa en lecturas altamente parciales de sido agravada más aún por la burocratización de
los códigos civiles y expresa los valores del lega­ las transacciones contractuales y comerciales, y
lismo liberal clásico, ha sido reformado gradual­ también por las exigencias excesivas del registro
mente por el paradigma más intervencionista de propiedades y el acceso al crédito.
provisto por el derecho administrativo. Un movi­ Dentro de esta tradición legal individua­
miento incipiente reciente ha avanzado un paso lista, el derecho a usar y disponer de la propiedad
más, reclamando que sólo el marco más progresi­ se malinterpreta frecuentemente como el derecho
vo del derecho urbanístico podría proporcionar a no usar o disponer de la propiedad. Casi no
un paradigma legal comprensivo para la era hay obligaciones legales ni órdenes compulsivas
contemporánea. más sustanciales. La preponderancia de este

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El derecho y la política de suelo en América Latina: nuevos paradigmas y posibilidades de acción

paradigma en Brasil, por ejemplo, ha significado imponer ciertas limitaciones sobre los derechos
que mientras el déficit de viviendas se ha estimado de propiedad, pero la imposición de obligacio­
en 7,9 millones de unidades y el pueblo vive en nes sobre los terratenientes y emprendedores ha
12 millones de construcciones precarias, otras sido más difícil. Esto es particularmente cierto
5,5 millones de unidades están vacías o subuti­ con las leyes locales que han intentando imponer
lizadas. En algunas ciudades se estima que del 20 la obligación de asignar suelos o unidades para
al 25 por ciento del suelo con acceso a servicios vivienda social como condición previa para la
se encuentra vacante. aprobación de un proyecto inmobiliario, pero han
También es típico de este paradigma del sido declaradas inconstitucionales.
derecho civil el absolutismo de la libertad indi­ Muchas ciudades siguen aprobando nuevas
vidual en detrimento de las formas colectivas o subdivisiones del suelo, si bien ya existe un in­
restrictivas de los derechos de propiedad, como ventario considerable de lotes vacantes. El proble­
los derechos de arrendamiento o comunales, de ma es que no cuentan con instrumentos legales
área y posesión. Muchos códigos civiles contienen para imponer un uso acorde con la función
estos derechos, pero en general se los ignora o social. Si bien los emprendedores han sido obli­
subestima. Si bien los derechos de adquisición gados a asumir una creciente responsabilidad
por prescripción exigen períodos prolongados por la construcción de infraestructura, algunos
de ocupación del suelo, hay un arsenal de ins­ desarrollos significativos, incluyendo comuni­
trumentos legales disponibles para desalojar a sus dades cerradas de altos ingresos, han sido
ocupantes e inquilinos. aprobados sin condiciones de reserva del suelo o
Como resultado de este enfoque laissez unidades de viviendas para trabajadores domés­
faire en el desarrollo del suelo, el ordenamiento ticos o de servicio. Ello ha causado la aparición
urbanístico­legal en las ciudades de América de nuevos proyectos inmobiliarios informales
Latina no se puede considerar como plenamente y una mayor densidad de edificación en asenta­
democrático. El proceso de desarrollo informal mientos existentes para dar cabida al sector de
refleja la realidad de que cada vez más personas bajos ingresos.
han tenido que violar la ley para obtener acceso En algunas ciudades que han intentado
al suelo y la vivienda urbana. imponer códigos de zonificación, planes maestros
y otras leyes urbanas complejas, ha emergido una
derecho administrativo e intervención del Estado tradición de planeamiento burocrático que refleja
El planeamiento urbano en algunas grandes una incomprensión de cómo las regulaciones
ciudades ha sido respaldado por los principios urbanas y ambientales afectan la formación y el
legales del derecho administrativo. Este para­ movimiento de los precios del suelo. Los urbanis­
digma de derecho público ha intentado reformar tas siguen teniendo dificultades para contradecir
la tradición del derecho privado, pero ha limita­ la noción establecida de que los dueños del
do el alcance de la noción de la “función social suelo y la propiedad tienen el derecho automático
de la propiedad”. Este concepto ha existido en la a las ganancias resultantes del planeamiento y
mayoría de las constituciones nacionales como desarrollo urbano. En la mayoría de los casos, las
principio nominal desde la década de 1930. Este administraciones públicas no han recuperado el
paradigma más intervencionista reconoce el generoso incremento del valor del suelo produ­
“poder de policía” del Estado para imponer res­ cido por las obras y los servicios públicos, como
tricciones y limitaciones externas sobre los dere­ también por los cambios en la legislación urbana
chos de propiedad individual en el nombre del que gobierna los derechos de uso y desarrollo
interés público, respaldando así formas tradicio­ de los suelos.
nales de planeamiento regulador. La mayoría de los sistemas de planeamiento
Éstos han sido intentos tímidos, sin embargo, no han reconocido la capacidad limitada del
porque la imposición de obligaciones legales, Estado para garantizar el cumplimiento de la le­
órdenes compulsivas y requisitos de reservación gislación urbana. Como consecuencia, no se han
del suelo siguen encontrando fuerte resistencia puesto en práctica dichos planes apropiadamente
popular y judicial. En la mayoría de los países, los y muchas violaciones del orden legal han sido
tribunales han dictaminado que el Estado puede ignoradas. En algunas ciudades se tarda años

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Edésio Fernandes, María Mercedes Maldonado Copello

en obtener la licencia para ciertos procesos de derecho urbanístico y principios de la reforma


desarrollo importantes, como la subdivisión del legal
suelo, lo cual afecta también el proceso de desa­ A partir de la década de 1980, un importante
rrollo informal. movimiento de reforma legal comenzó a cuestio­
Otro problema recurrente es el desarrollo nar este ordenamiento legal exclusionista, y un
paralelo y a veces antagonista de regímenes lega­ nuevo paradigma ha emergido en algunos países.
les urbanísticos y ambientales separados. Las Los proponentes del derecho urbanístico han
cláusulas ambientales se usan frecuentemente argumentado que es posible, y de hecho necesa­
para oponerse a las políticas de viviendas con rio, analizar los códigos civiles para encontrar
orientación social. En términos sociopolíticos, la principios legales que respalden una intervención
mayoría de las leyes de planeamiento no cuentan decidida por parte del Estado en la regulación y
con una participación popular sustancial, ya sea el control social de los procesos relacionados con
en su formulación o ejecución. el suelo y la propiedad. La reinterpretación de
Al no cambiar la dinámica de los mercados principios legales tradicionales, como también
de suelo, las políticas de planeamiento supues­ el énfasis en principios ignorados previamente
tamente contemporáneas frecuentemente termi­ (como la noción de que ningún enriquecimiento
nan reforzando los procesos tradicionales de es legítimo sin una justa causa) pueden coadyuvar
especulación del suelo y la propiedad, y la segre­ a un progreso significativo en la formulación de
gación socioespacial. A menudo El planeamiento la política urbanística de suelos.
urbano ha sido ineficiente para promover un Este esfuerzo exige conocimientos legales
desarrollo equilibrado del suelo, y en cambio ha complejos, ya que potencialmente involucra de­
beneficiado a los emprendedores del suelo, inver­ bates legales y disputas judiciales cuyos resul­
sores en propiedad y especuladores. Estas ganan­ tados no son para nada ciertos. Desde el punto
cias se han potenciado por el crecimiento signi­ de vista de las comunidades urbanas y las admi­
ficativo de precios causado por las regulaciones nistraciones públicas comprometidas a promo­
que establecen los límites del desarrollo urbano. ver políticas de inclusión, este enfoque trata de
Las áreas que han quedado para los sectores organizar el marco regulador general, en parte
urbanos pobres, como los suelos públicos y las por medio de la promulgación de nuevas leyes
áreas ecológicamente sensibles, no son reguladas que expresen más claramente los principios del
por el mercado. derecho urbanístico.
Esta tensión entre la interpretación de Si bien este proceso está más avanzado
los códigos civiles y las leyes de planeamiento en Brasil (principalmente a través de la Consti­
burocrático ha promovido en la práctica el desa­ tución Federal de 1988 y la ley municipal de
rrollo informal y la segregación socioespacial: la 2001) y Colombia (principalmente a través de la
ley ha sido uno de los factores determinantes de Constitución de 1991 y la Ley 388/1997), se ha
la ilegalidad urbana. En los casos en que se incorporado una serie de principios comunes
hicieron intentos significativos para promover en los ordenamientos legales de otros países de
la inclusión socioespacial y la sustentación am­ América Latina (FERNANDES, 2007a; 2007b;
biental, el régimen urbanístico­legal sigue sin MALDONADO COPELLO, 2003; 2007).
respaldar por completo la práctica preponderante El principio estructural más importante es
de gestión urbana. la noción de la función social de la propiedad,
Por ejemplo, unos aspectos de las socieda­ incluyendo la propiedad pública y el registro de
des público­privadas y la participación de ONGs la propiedad. Las ciudades son el producto de un
en la provisión de servicios públicos han sido proceso colectivo, y la promoción de un régimen
cuestionados debido a la confusión entre los valo­ territorial equilibrado es al mismo tiempo un
res privados y públicos. Los derechos sociales derecho colectivo y una obligación del Estado.
reconocidos nominalmente, como el derecho a la El ordenamiento urbanístico no se puede deter­
vivienda, no se han hecho cumplir plenamente minar exclusivamente por los derechos individua­
debido a la carencia de procesos, mecanismos e les y los intereses de los propietarios del suelo, ni
instrumentos necesarios. tampoco por los derechos del estado únicamente.

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El derecho y la política de suelo en América Latina: nuevos paradigmas y posibilidades de acción

Se debería promover la intervención pública im­ decisiones judiciales dictadas por las cortes supe­
poniendo limitaciones administrativas sobre los riores de varios estados brasileños demuestra
derechos de propiedad, responsabilidades legales que el nuevo paradigma legal ha sido asimilado
y requisitos de desarrollo. en aproximadamente el 50 por ciento de sus deci­
Otros principios legales similares se pue­ siones, mientras que las restantes siguen siendo
den usar para establecer una distribución justa de orientadas por el paradigma conservador del
los costos y oportunidades del desarrollo urbano Código Civil (MATTOS, 2006).
entre dueños, emprendedores, el Estado y la En muchos países, la jurisprudencia pro­
sociedad; afirmar el rol central del Estado para gresiva ha sido restringida por la fuerte tradición
establecer un ordenamiento territorial adecuado del positivismo y legalismo formal, que sigue
por medio de un sistema de planeamiento y gestión; viendo el derecho meramente como una herra­
establecer una clara separación entre los dere­ mienta técnica para resolver conflictos, como
chos de propiedad y de desarrollo/construcción; si estuviera completamente divorciado de los
establecer criterios distintos para calcular la com­ procesos sociopolíticos y económicos. La mayo­
pensación de expropiaciones y otros contextos; ría de los jueces observa el paradigma civilista
reducir el plazo requerido para legalizar la que se enseña en los programas de estudio ana­
posesión de hecho con el fin de materializar vi­ crónicos de las facultades de derecho. Las deci­
viendas sociales; y reconocer más firmemente los siones progresivas de jueces locales son revoca­
derechos de los ocupantes e inquilinos. das con frecuencia por las cortes superiores más
El uso y desarrollo del suelo es guiado por tradicionales.
una amplia gama de derechos colectivos, como El segundo principio estructural importante
el derecho al planeamiento urbano, una vivienda de este régimen urbanístico­legal emergente es la
adecuada y un medio ambiente equilibrado; el integración del derecho y la gestión en el marco de
derecho de la comunidad y la obligación del tres cambios legales­políticos interrelacionados:
Estado de recuperar el incremento en el valor del • La restauración de la democracia local,
suelo generado por la acción del Estado y la legis­ sobre todo en Brasil, por medio del re­
lación urbanística; y el derecho a la regulariza­ conocimiento de varias formas de parti­
ción de asentamientos informales consolidados. cipación popular en la legislación (una
Algunas ciudades colombianas han ama­ condición necesaria para otorgar legi­
sado recursos financieros significativos por medio timidad y validez legal a las nuevas
de mecanismos de recuperación de plusvalías leyes urbanas) y la gestión urbanística
del suelo, haciendo posible (si bien no siembre (por ejemplo, mediante los procesos de
practicable) formular un proceso más sustentable presupuesto participativo);
de acceso legal al suelo con acceso a servicios • La descentralización de los procesos de
por parte de los sectores urbanos pobres. En toma de decisión, fortaleciendo las admi­
Brasil, algunas municipalidades también han nistraciones locales, analizando la nece­
podido generar recursos financieros significativos sidad de un nivel político y un accionar
como resultado de sus “operaciones urbanísticas”, metropolitano, y articulando sistemas
donde se negocian derechos de desarrollo y cons­ intergubernamentales para resolver pro­
trucción dentro del marco de un plan maestro. blemas urbanos, sociales y ambientales
También se han promovido en varios países pro­ acumulados; y
gramas de regularización para modernizar y • La creación de una nueva serie de refe­
legalizar asentamientos consolidados. rencias legales para brindar mayor res­
No obstante, la disputa entre estos para­ paldo a las nuevas relaciones que se
digmas legales continúa, y todos estos nuevos están estableciendo entre el Estado y la
principios y derechos siguen siendo objeto de sociedad, sobre todo por medio de socie­
un debate feroz. La Corte Constitucional de dades público­privadas y otras formas
Colombia ha adoptado en forma consistente una de relación entre el Estado y los sectores
interpretación progresiva, respaldando la noción privados, comunitarios y de voluntarios.
de la función social de la propiedad y el dere­ Independientemente de las deficiencias que
cho social a la vivienda. Un estudio reciente de existen en este proceso, el enorme desafío que

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Edésio Fernandes, María Mercedes Maldonado Copello

tienen los países y ciudades al promover la refor­ • evaluar sistemáticamente las políticas y
ma del derecho urbanístico es garantizar el pleno proyectos a la luz de las nuevas leyes;
cumplimiento de las nuevas leyes aprobadas. • concientizar a profesionales del derecho,
como jueces, fiscales y abogados;
El derecho a la ciudad • brindando capacitación legal a profesio­
Además de reinterpretar y reformar sus nales de otras áreas; y
sistemas legales nacionales, los juristas, políticos • respaldar a instituciones comprometidas
y activistas sociales de América Latina han pro­ con promover la reforma legal.
movido un debate internacional sobre un Esta­ La construcción de un nuevo orden urba­
tuto del Derecho a la Ciudad, que reconozca nístico­legal en América Latina y otras regiones
plenamente los derechos colectivos. Al mismo es un debate cambiante, lleno de contradicciones
tiempo, estos conceptos progresivos acerca de y desafíos, y ninguno de los acontecimientos
los derechos de propiedad y la naturaleza del recientes se puede dar por hecho. Si la mayor poli­
accionar del Estado con respecto al uso del suelo tización de la legislación urbanística ha creado
y el control del desarrollo han sido enfrentados un marco más amplio para la participación po­
combativamente por aquéllos que siguen favo­ pular en el proceso de defensa de sus derechos
reciendo un enfoque incondicional de los dere­ colectivos e intereses sociales, por la misma
chos de propiedad y la homogenización de los razón las nuevas leyes han generado una mayor
regímenes de suelo y de propiedad. resistencia en los sectores conservadores.
En este contexto de incertidumbre concep­ La plena concreción de las posibilidades
tual, se debe ir construyendo un marco de regu­ introducidas por el nuevo ordenamiento urba­
lación sobre el desarrollo y la gestión del suelo nístico­legal en Brasil, Colombia y otros países
urbano. El planeamiento espacial es un proceso dependerá de varios factores, pero sobre todo de la
poderoso; si las leyes urbanísticas han beneficia­ renovación de los procesos de movilización socio­
do por mucho tiempo a ciertos grupos económi­ política, el cambio institucional y la reforma legal.
cos, contribuyendo así al proceso de segregación
socioespacial, la promoción de la reforma del referencias
derecho urbanístico debería contribuir a crear
las condiciones para ciudades más inclusivas y FERNANDES, Edésio. 2007a. Implementing the urban
reform agenda in Brazil. Environment and Urbanization
equitativas. 19(1): 177–189.
La participación continua de juristas y
FERNANDES, Edésio. 2007b. Constructing the “right to
políticos − como también de agencias nacionales the city” in Brazil. Social and Legal Studies 16(2):201–
e internacionales, universidades y organizacio­ 219.
nes de investigación − es crucial, y puede tomar
MALDONADO COPELLO, María Mercedes. 2003.
muchas formas: Reforma territorial y desarrollo urbano – Experiencias
• proporcionar un marco de referencia para y perspectivas de aplicación de las leyes 9 de 1989 y
388 de 1997. Bogotá: CIDER­Universidad de los Andes/
permitir la reinterpretación de princi­ LILP/FEDEVIVIENDA.
pios y cláusulas legales;
MALDONADO COPELLO, María Mercedes. El proceso
• diseminar información sobre las nuevas
de construcción del sistema urbanístico colombiano:
leyes; entre reforma urbana y desarrollo territorial. In:
• respaldar el debate sobre una nueva or­ FERNANDES, Edésio; ALFONSIN, Betânia. Direito
urbanístico: estudos brasileiros e internacionais. Belo
ganización territorial y leyes de planea­ Horizonte: Del Rey, 2007.
miento;
MATTOS, Liana Portilho. Função social da propriedade
• brindar incentivos para realizar inves­ na prática dos tribunais. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
tigaciones interdisciplinarias y análisis 2006.
críticos donde se consideren las dimen­
Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da
siones legales; Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
• respaldar la publicación y contribucio­
FERNANDES, Edésio; MALDONADO COPELLO, María Mercedes.
nes a doctrinas legales jurisprudencia El derecho y la política de suelo en América Latina: nuevos paradigmas
y posibilidades de acción. Fórum de Direito Urbano e Ambiental
coherentes; – FDUA, Belo Horizonte, ano 9, n. 54, p. 11-16, nov./dez. 2010.

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en américa latina


Sebastian tedeschi
Jurista formado pela Universidad de Buenos Aires. Atualmente ocupa cargo de Secretario Letrado en Defensoria Gene­
ral de la Nacion, na Argentina.

Sumario: 1 Introducción – 2 Los conflictos territoriales, un antiguo conflicto con nuevos rostros –
3 La respuesta estatal a los conflictos territoriales – 4 Los derechos humanos frente a los conflictos
territoriales – 5 La mirada del derecho interno de estos conflictos. Interrogantes y desafíos

En este artículo sostendré que los conflictos marcos jurídicos de los países de América latina,
urbanos como parte de los conflictos territoriales en el discurso internacional de derechos humanos
no son un tema nuevo en América Latina sino y en la expresión de movimientos sociales espe­
por el contrario que expresan nuevos rostros de cífico agrupados en torno a estas tres áreas.
viejos problemas que nunca fueron resueltos. Ana­
lizaré distintos tipos de conflictos con el propósito a) Conflictos de tierra urbana
de encontrar elementos comunes entre conflictos Durante el siglo XX afloraron múltiples
que son tematizados de forma diferenciada por conflictos por tierras urbanas frente al acelera­
el discurso del derecho. Luego analizare algunos do proceso de urbanización que vivió América
modelos de respuestas estatales frente a estos Latina, en donde las ocupaciones de tierras vacías
conflictos. A partir de allí haré un sintético repaso públicas y privadas se hicieron la norma patrón
del discurso de derechos humanos frente a estos de la ocupación del suelo para las familias de
conflictos para luego analizar las dificultades bajos recursos, sobre todo las familias campesinas
que este presenta en el orden jurídico interno de que dejaron el campo y se concentraron en las
los estados para su implementación. Finalmente grades metrópolis latinoamericanas en búsqueda
destaco algunos avances y propongo algunos de un lugar para vivir, algunas veces incentiva­
desafíos para lograr una mayor coherencia en la das por el la demanda laboral generada por los
respuesta jurídica estatal con el marco interna­ procesos industrialización y la ampliación del
cional de derechos humanos. sector de servicios. Si bien hoy la mayoría de la
población latinoamericana es urbana, no puede
1 introducción decirse que está viva en ciudades estrictamente
Asistimos en las últimas dos décadas a una si pensamos en las condiciones de vida, habita­
explosión de nuevos conflictos en el campo del ción, provisión de servicios o seguridad jurídica
derecho que son a su vez bastante antiguos en de la tenencia de sus habitantes y disfrute efectivo
el plano social y económico, pero que gracias al de sus derechos ciudadanos. Actualmente el con­
avance en el desarrollo de la conciencia y cons­ flicto se reactiva ya no por nueva migración
titucionalización de los derechos humanos se rural, sino por la mayor presión por el desarrollo
expresan en el campo jurídico con fuerza cre­ del mercado inmobiliario ejerce con el fin de
ciente. El discurso del derecho apenas ha logrado ocupar todos los espacios urbanos disponibles
comenzar a disponer de herramientas para afron­ y especialmente en dónde vive la población de
tarlos desde una perspectiva que proteja la dig­ menores ingresos que es más vulnerable a las
nidad humana. expulsiones y desalojos por la falta de títulos que
Los conflictos que aquí tratamos son los garanticen la seguridad de su posesión.
que se materializan en el territorio. Una primera
clasificación de los conflictos según el área en b) El conflicto por territorios étnicos
disputa, pueden fundarse en la clásica división En los últimos 20 años, se han venido mul­
urbano­rural a la que se ha agregado el tipo étnico tiplicando visiblemente los reclamos de pueblos
cultural que atraviesa a las dos primeras. Esta di­ indígenas, afros y otras comunidades tradicio­
visión constituye una tendencia dominante en los nales sobre sus derechos sobre tierras y territorios

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Sebastian Tedeschi

que reclaman como derechos originarios o titulación han ido muy lento y no han logrado
remanecientes. Estos reclamos no se limitan a rei­ avances significativos sobre áreas en las que exis­
vindicar el derecho de reconocimiento de la pose­ ten propietarios privados registrados o existen pro­
sión ancestral, sino también otros derechos1 de los yectos de interés económico por desarrollar. Este
que resaltaremos el derecho a la participación en conflicto aunque mayoritariamente se expresa
la utilización, administración y conservación de en el área rural no deja de presentar también
los recursos naturales en el territorio. Estos re­ desafíos en el ámbito urbano.
clamos han permanecido con persistencia desde
el mismo momento en que los españoles y por­ c) Conflictos de tierras rurales
tugueses iniciaron la conquista de América. También desde la época de emancipación
Algunos autores sostienen que en realidad fue de los países americanos existieron fuertes recla­
el auge del liberalismo republicano, ha sido el mos sobre la distribución de la tierra para los cam­
verdadero destructor de las comunidades indí­ pesinos, que fueron mal resueltos por las elites
genas durante el Siglo XIX — ya que durante del Siglo XIX al proteger los latifundios y adoptar
el período de 1850­1870 se produjeron más regímenes de propiedad privada individual en
usurpaciones de tierra de las comunidades indias sus marcos constitucionales. En los comienzos
que las que se habían ido produciendo desde la del proceso de emancipación americana existió
independencia o durante la colonización española una tendencia inicial a la distribución de tierras
y portuguesa, aunque sobre esto no tenemos infor­ que se expresa en Argentina en el Plan Revolu­
mación precisa. Para ello basta ver el mapa de cionario de Operaciones de Mariano Moreno de
América y de los distintos países y la delimita­ 1810 que prevé la distribución de tierra para las
ción de fronteras en las distintas décadas del siglo familias pobres (Artículo 9, inciso 7), en Uruguay
XIX o los numerosos acuerdos sobre delimitación en el Reglamento Provisorio de Artigas en 1815
de fronteras indígenas que se hicieron tanto en que establecen la distribución de tierras5 y en
la etapa colonial como luego de la emancipación.2 Paraguay en 1815 cuando el Estado comienza a
Los mismos autores sostienen que las reformas disminuir los conventos, dispersar a los frailes y
legales de fines del siglo XIX destruyeron la base convierte en propietarios libres a todos los cam­
jurídica de la existencia de estas comunidades, pesinos arrendatarios de la iglesia. Esta medida
porque impusieron la división patrimonial entre se completa en el Gobierno de 1824 de Gaspar
los miembros de la comunidad — que al conver­ Rodriguez de Francia que expropia totalmente a
tirlos en propietarios posibilitaba vender sus la iglesia católica de Paraguay, gran propietaria
tierras en el mercado, o porque convirtieron la de tierras del país.
tierra comunal en usufructo del Estado, que enton­ Sin embargo los procesos constitucionales
ces pudo venderla, junto con las otra tierras.3 de la segunda mitad de siglo XIX, con algunas
En las últimas dos décadas muchos países de la excepciones como la de México, consolidaron
región suscribieron el Convenio 169 de la Orga­ textos constitucionales liberales tendientes a pro­
nización Internacional del trabajo e incluyeron teger la propiedad privada individual y la con­
normas constitucionales4 y leyes internas que centración de la tierra en las clases altas.
impulsan la titulación colectiva territorios de En el siglo siguiente estos reclamos luego
indígenas, afro­descendientes y otras poblacio­ tuvieron su entrada en el sistema jurídico a
nes tradicionales. Sin embargo los procesos de partir de la Revolución Mexicana mediante el

1
La demanda de los pueblos indígenas va mucho más allá de estas cuestiones, en realidad se reivindica una concepción diferente de las relaciones
entre los seres humanos y la naturaleza que debería ser expresada por el derecho. Esta perspectiva más profunda y trascendente que valoro
y respeto no es abordada en este artículo, pues apenas quiero explicar la conflictividad territorial en su impacto con las respuestas jurídico
estatales.
2
Para ilustrar el caso argentino se puede consultar Silvia Ratto “Indisios y cristianos” Editorial: Sudamericana, páginas: 216, Septiembre 2007.
3
Confr, Halperín Donghi, Tulio “Economía y sociedad”, en Leslie Bethell (edit.): Historia de América Latina. 5. La independencia, Barcelona, edit.
Crítica, p. 4-41. 1991 citado por Cletus Gregor Barié en “Pueblos Indígenas y Derechos Constitucionales en América Latina: un panorama”. Un
estudio comparativo actual sobre derechos indígenas en América Latina. 2a. Edición actualizada y aumentada. Bolivia, 2003.
4
Tanto Argentina, Bolivia, Brasil, Colombia, Ecuador, Guatemala, México, Nicaragua, Panamá, Paraguay, Perú y Venezuela han avanzado
notablemente en el reconocimiento constitucional de derechos de los pueblos indígenas. Solo Belice, Chile, Guayana Francesa, Surinam y
Uruguay no incluyen ninguna previsión sobre derechos indígenas.
5
Reglamento provisorio de 1815. Articulo 6º. “Por ahora el señor alcalde provincial y demás subalternos se dedicarán a fomentar con brazos
útiles la población de la campaña. Para ello revisará cada uno, en sus respectivas jurisdicciones, los terrenos disponibles; y los sujetos dignos de
esta gracia con prevención que los más infelices serán los más privilegiados. En consecuencia, los negros libres, los zambos de esta clase, los
indios y los criollos pobres, todos podrán ser agraciados con suertes de estancia, si con su trabajo y hombría de bien propenden a su felicidad,
y a la de la provincia.”

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

establecimiento del artículo 27 de la constitución legalizado. El espacio habitable es dominado por


6
de 1917. Luego a partir de la década del 40 al una multitud de propietarios individuales, pero
menos 14 países más de América Latina iniciaron en términos de mercado son las empresas, banco,
procesos de reforma agraria con experiencias y personas de mayores ingresos, el Estado y sectores
resultados de los más variados. Esta época tuvo medios sobre todo descendientes de inmigrantes
fin a partir de la década del noventa en donde europeos. Los pobres en su mayoría de origen
se iniciaron varios procesos de contrarreforma mestizo, afro e indígenas están obligados a vivir
agraria orientados por distintas reformas legales sobre tierras que no les pertenecen en situación
destinadas a promover los derechos de propiedad de irregularidad o ilegalidad, sometidos a ame­
individual sobre la tierra para facilitar los agro­ nazas de desalojos o desplazamientos.
negocios y reimpulsar los monocultivos de soja,
palma aceitera, eucalipto, entro otros frutos. 2 los conflictos territoriales, un antiguo conflicto
Estos tres tipos de conflictos tienen una con nuevos rostros
vinculación profunda y no pueden ser explicados Las disputas sobre la propiedad de la tierra
uno sin el otro. Basta recorrer las biografías de y los conflictos sobre el dominio del territorio en
los pobres en América Latina para encontrar esta América Latina nunca han terminado de pacifi­
conexión. Existen fuertes lazos entre la pobla­ carse. No es el propósito de este trabajo ahondar
ción campesina e indígena en la región. Más allá en esta historia, pero cabe mencionar superfi­
de las discusiones identitarias, los campesinos e cialmente algunos eventos históricos que retratan
indígenas comparten el espacio rural y la amena­ la abundancia de enfrentamientos sobre estas
za de desplazamiento como consecuencia de los cuestiones en los últimos quinientos años. Una
proyectos de desarrollo y el avance de los agro­ primera constatación es que aún hoy existen en el
negocios sobre las tierras que poseen. Los pobres continente regiones donde el dominio del Estado
urbanos por su parte son en su mayoría primera, Nacional sobre algunas porciones del territorio
segunda o tercera generación de poblaciones cam­ no ha llegado a su plenitud.7 También se debe des­
pesinas, indígena o afro desplazada del espacio tacar que en varios conflictos armados internos
rural durante el siglo XX. El derrotero de una típica suscitados en países de América Latina a partir
familia que vive en un asentamiento informal de fines de la década del cincuenta la cuestión
en las grandes metrópolis latinoamericanas, muy de la tierra para campesinos e indígenas ocupó
posiblemente encontrará sus raíces en campesi­ un tema central, tal es así que algunos acuerdos
nos e indígenas que no accedieron a la seguridad de Paz de la década del noventa establecen com­
jurídica sobre la tierra, o que aún teniendo pe­ promisos explícitos sobre estas cuestiones.8
queñas propiedades su economía no resistió a Si nos remontamos a los tiempos de la inva­
los embates del latifundio o la tecnificación del sión española de América, encontramos dentro
campo y el agro­negocio. del mismo discurso jurídico de los conquistadores
En definitiva los tres sectores comparten un discusiones sobre el derecho de injerencia de los
mismo problema. La organización de la sociedad españoles en América. Así tanto Fray Bartolomé
no les permite acceder a “un lugar donde vivir” de Las Casas como Francisco de Vitoria, mediante

6
La Constitución Política Mexicana de 1917 con su nuevo artículo 27 transformó el sistema de propiedad agraria tornándolo “social” a la vez que
produjo una profunda redistribución y división de la tierra. Esta nueva orientación se caracterizó por instaurar una estructura agraria compuesta
de tres géneros básicos de propiedad integrados, a su vez, por diversas modalidades de tenencia de la tierra. Durante los 75 años de vigencia de
este nuevo sistema fueron repartidas más de 120 millones de hectáreas, 103 millones de ellas en calidad de propiedad social (ejidal y comunal)
y el resto en calidad de propiedad privada (transmisión de terrenos nacionales), lo cual transformó radicalmente la estructura agraria del país. El
especial régimen de propiedad agraria buscaba establecer límites al derecho de propiedad de la tierra con la finalidad de evitar la concentración
descontrolada de la riqueza. No obstante el proceso de reforma agraria mexicana ha sido criticado por sus limitaciones en alcanzar los objetivos
perseguidos, sobre todo porque las 103 millones de hectáreas que se entregaron, en su gran mayoría no son aptas para la agricultura por ser
tierras de agostadero de mala calidad. Además los trámites demorados generaron ciertos vicios en el reparto de tierras.
7
Ver por ejemplo la noticia que informa que en el mes de diciembre de 2007 un representante del Alto Comisionado de la ONU y otras cuatro
personas entre ellas un procurador de la República de Brasil fueron capturados por los indígenas Cintas Largas en el estado brasileño de
Roraima, en la selva amazónica. Luego de una difícil negociación, fueron liberados 4 días después. Los aborígenes reclamaban la anulación de
los procesos contra los indígenas que en abril de 2004 mataron a 29 buscadores ilegales de diamantes. Los pobladores exigen, además, que
se alejen las fuerzas de Policía de la reserva y reivindican el derecho exclusivo de comercializar los minerales naturales. Confr. <http://www.
elmundo.es/elmundo/2007/12/12/internacional/1197418256.html>.
8
Ver por ejemplo los Acuerdos de paz de Guatemala, especialmente el Acuerdo sobre Identidad y Derechos de los Pueblos Indígenas, suscrito en
la Ciudad de México el 31 de marzo de 1995 y el Acuerdo sobre Aspectos Socioeconómicos y Situación Agraria, suscrito en la Ciudad de México
el 6 de mayo de 1996.

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su obra De indis expresa que los indios no son que establecía el Río Bío Bío como división entre
seres inferiores y son dueños de sus tierras y ambos bandos. En él los españoles reconocieron
bienes, y en su obra De iure belli fundamenta que la libertad de los mapuches en sus territorios y
no es lícita la guerra por diferencias de religión estos permitieron el ingreso a la Araucania de
o para aumentar el territorio, exigiendo la exis­ sacerdotes misioneros. Nuevos acuerdo fueron
tencia de una injuria para comenzarla. Ello en un celebrados en 1647, 1649 y 1814. Sin embargo
principio llevó al Imperio español a impulsar las existieron múltiples levantamientos indígenas en
Leyes Nuevas y al Vaticano la Bula Papal Sublimis 1723, 1769 y 1792.
Deus. Sin embargo finalmente prevalecieron las Un conflicto que expresa experiencia de
ideas de Juan Gines de Sepulveda,9 quien en polé­ autonomía territorial de esclavos de origen afri­
mica contra de las Casas defendía la justicia de cano es el ocurrido en el Quilombo dos Palmares
la guerra contra los indios a causa de sus pecados (en los actuales estados de Pernambuco y Alagoas
e idolatrías, por su inferioridad cultural y para de Brasil). Comenzaron a formarse en 1600 con
evitar guerras entre ellos. esclavos escapados de la opresión. Desde 1644
Desde el comienzo de la conquista existie­ existieron tentativas holandesas y portuguesas
ron múltiples rebeliones indígenas y experien­ para aniquilarlos, pero los quilombolas lograron
cias de autonomía territorial que en algunos resistir. Distintos enfrentamientos militares se
casos llegaron a constituir estados dentro de la mantuvieron durante décadas hasta que los por­
región. Entre las más conocidas tenemos el Estado tugueses lograron controlarlos en 1694.
NeoInka de Vilcabamba (1537 a 1572) fundado En Argentina durante todo el siglo XIX la
por el príncipe Manco Capac y finalmente asesi­ mayor parte del territorio correspondiente a la
nado por españoles en 1572. También en la región actual provincia de Buenos Aires correspondía al
del Imperio Inca cabe mencionar la rebelión ini­ espacio indígena pampeano que era controlado
ciada en 1776 por José Gabriel Condorcanqui mayoritariamente por los indígenas, hasta que
(Tupac Amaru II). Si bien al principio esta se limitó en 1860 las nuevas elites gobernantes decidie­
a una petición formal ante la Real Audiencia de ron acabar con el trato pacífico para agregar más
Lima para que los indígenas fueran liberados del tierras a la economía de Buenos Aires.10 Ese con­
trabajo obligatorio en las minas, en 1780 en la flicto no logró acallarse hasta que en 1878 y 1879
localidad de Tinta estalló una gran rebelión que se realizaron las campañas militares que llega­
incluyó contra los tributos excesivos y los nuevos ron hasta el Rio Negro (límite norte de la región
repartimientos de las tierras que había dispuesto patagónica de Argentina). Las campañas militares
el nuevo virrey Agustín de Jáuregui y Aldecoa. contra los territorios donde habitaban indígenas
El 18 de mayo de 1781 Tupac Amaru fue decapi­ para fijar la frontera sur continuaron hasta 1890.
tado y posteriormente despedazado. Sin embargo Hay decenas de otros conflictos conocidos
la rebelión continuó unos años más por su medio en la historia de la región que rebelan que el
hermano Diego Cristóbal Túpac Amaru y se exten­ dominio del territorio por los españoles y portu­
dió por el altiplano boliviano y en el Noroeste gueses en América nunca fue completo, ni si­
argentino, contando con vínculos con líderes las quiera de los gobiernos surgidos luego de la eman­
posteriores luchas por la independencia. cipación americana. En todo caso a partir de la
Otro conflicto que perduró durante casi segunda mitad del siglo XIX la extensión de los
tres siglos (desde 1536 hasta la independencia alambrados en los campos en los países del cono
de Chile) es el de la Guerra de Arauco, entre los sur, la creación de los catastros y de los registros
colonizadores del Imperio Español y el pueblo de propiedad terminaron por consolidar situa­
mapuche en la zona correspondiente a las actua­ ciones propiedad de la tierra que no eran de ningún
les VIII y IX Región de Chile. El 6 de enero de modo pacíficas y que hasta el día de hoy siguen
1641 celebraron el primer acuerdo de paz en el generando conflictos de títulos de propiedad
Parlamento de Quilín entre mapuches y españoles entre campesino, indígenas y “propietarios forma­

9
Un buen reflejo de estas discusiones puede encontrarse en Imanuel Wallerstein (2006).
10
Ver Silvia Ratto “Indios y Cristiano” (2007).

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

les” según la inscripción en los registro públicos región.( …) los hogares pobres siguen ocupando
de los estados. zonas alejadas o áreas de riesgo con alojamientos
En las últimas dos décadas, luego de un precarios y serias carencias de equipamientos
proceso de reformas legales que incluyó en el (…) Si bien se está desacelerando el aumento
marco jurídico de varios países de la región el re­ poblacional en nuestras ciudades, se mantiene una
conocimiento de derechos sobre la posesión de fuerte presión sobre el suelo, dada la expansión
la tierra y territorios que ocupan de pueblos indí­ de la demanda de viviendas, servicios, equipa­
genas y afro­descendientes, así como el recono­ mientos, espacios para la recreación, terrenos in­
cimiento de derechos de participación sobre la dustriales, redes viales y otros”.12 El estudio revela
explotación de recursos naturales que se encuen­ como los sectores de altos ingresos encuentran
tren en su territorio, se han suscitado nuevos en el mercado una oferta de suelos adecuados,
conflictos por el retraso de los Estados en la en­ legales y seguros, las familias de ingreso bajo y
trega de los títulos colectivos a las comunidades, muy bajo “deben desarrollar estrategias de super­
o por la superposición de títulos privados sobre vivencia ocupando terrenos de alto riesgo por
esas áreas, sin una clara política activa de los tener pendientes excesivas, estar próximos a ríos,
gobiernos frente a este problema. Estos conflictos con el consecuente riesgo de inundación, o en
se han exacerbado en lugares en donde los go­ áreas expuestas a peligros naturales o creados por
biernos han autorizado distintos proyectos de la propia ciudad. Para los pobres, la inseguridad
explotación de recursos mineros e hidrocarburos, de la tenencia y la informalidad se han constituido
o desarrollo de proyectos turísticos o construcción en una limitación importante en el acceso a la
de represas hidroeléctricas o conexiones viales vivienda y su integración a la vida ciudadana”.13
en áreas reivindicadas por pueblos indígenas, En el espacio rural los procesos de reforma
afro­descendientes o campesinos. agraria intentaron con relativo poco éxito pro­
Finalmente el siglo XX fue el tiempo de la mover procesos de distribución de tierras entre
urbanización acelerada de América Latina.11 Con los campesinos. Son quince los países de América
una la extensión de asentamientos informales Latina que impulsaron reformas legales en donde
en la mayoría de los países de América latina se establecía la función social de la propiedad
ha sido un fenómeno bastante extendido. En las y la reforma agraria. Sin embargo solo las expe­
grandes metrópolis de América latina la ocupa­ riencias que fueron el producto de revoluciones
ción de tierras públicas y privadas ha sido la sociales como la de México (1910­1917), Bolivia
forma normal de acceso a la tierra de la población (1953) y Cuba (1959), o que resultaron de intensas
de bajos ingresos. El grado de informalidad en luchas sociales en la segunda mitad del siglo XX
la ocupación del suelo urbano varía entre el 10% como las de Perú, Chile y Nicaragua tuvieron
y el 70% de acuerdo a las distintas ciudades. un alcance amplio, mientras que los procesos de
Estas formas de ocupación del espacio, en prin­ reforma promovidos por la Alianza para el Pro­
cipio son toleradas por los gobiernos, pero una greso en 1961 terminaron con un alcance limitado
vez que existen proyectos de renovación urbana, como en Brasil, Colombia, Costa Rica, Ecuador y
desarrollo turístico, extensión vial, o impulso del Honduras.14 Muchos de estos regímenes legales
sector especulativo inmobiliario sobre el área, se aún se encuentran en vigencia, pero carecen de
impulsan procesos de desalojos masivos y acoso un impulso decidido de los gobiernos.
inmobiliario para expulsar a quienes allí viven. En el nuevo siglo vimos surgir los nuevos
Un informe de la CEPAL de 2000 revela rostros de estos antiguos conflictos no resueltos.
que “La segregación constituye hoy una caracte­ Se puede constatar que muchas de las más graves
rística altamente negativa de las ciudades de la violaciones de derechos humanos que persisten y

11
Para un estudio detallado de este proceso ver CEPAL. “De la urbanización acelerada a la consolidación de los asentamientos humanos en
América Latina y el Caribe: El espacio regional”. Editado por CEPAL, Santiago de Chile octubre de 2000. Consultar en: <http://www.eclac.
org/publicaciones/xml/0/5070/G-2116-e.pdf>.
12
Ibidem.
13
Ibidem.
14
Para un estudio detallado sobre las reformas agrarias latinoamericanas y su impacto sobre el género ver DEERE, Carmen Diana y LEON Magdalena
“Genero, propiedad y empoderamiento: Tierra, Estado y Mercado en América Latina”, 2cd ed., Mexico, DF, UNAM. Programa Universitario de
Estudios de Genero, y FLACSO-Ecuador. (2002).

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conviven con sistemas democráticos en la región simplemente nunca le dio una función y un grupo
se vinculan a conflictos territoriales relacionados que ocupó y mejoró el lugar para vivir. Muchos
a la lucha por la tierra, el agua, los recursos natu­ países en sus constituciones y leyes incluyen
rales y la biodiversidad. Estos conflictos se re­ “la función social de la propiedad” como una
suelven injustamente favoreciendo procesos de limitación al derecho absoluto de propiedad y
concentración de riqueza y de propiedad, mediante como principio que podría llegar a producir la
la utilización de herramientas del sistema jurídico pérdida del derecho de propiedad de aquel dueño
como los códigos civiles y penales o los códigos que no cumpla con sus “deberes de dueño” es
de procedimientos. Esto sucede aun en países decir darle una función social. El problema es
de la región que protegen en sus Constituciones que pocas legislaciones han definido cual es el
y en la legislación interna la función social de contenido de esa función social, o han delegado
la propiedad, la reforma agraria, el derecho a la en su definición a un órgano público que ha omi­
vivienda y el derecho a la titulación colectiva de tido desarrollarlo. En tanto los jueces son poco
indígenas y afro­descendientes. Veamos algunos activos en su aplicación.
de ellos: Los desalojos forzados no distinguen regio­
nes en América Latina. Se cuentan tanto en el
a) los desalojos forzados ámbito urbano como rural, en los territorios de
La evidencia más cruel de los conflictos terri­ comunidades étnicas, en zonas de conflictos arma­
toriales se demuestra en el aumento sistemático dos, en las ciudades prósperas como en las áreas
de desalojos forzados de poblaciones pobres que ambientalmente más degradadas. Los procedi­
viven en áreas informales de asentamiento en miento, se efectúan en general sin consultar a
América Latina, impulsados por los gobiernos las personas afectadas, quienes generalmente no
nacionales y locales, por propietarios y empresas poseen medios adecuados para su defensa judi­
privadas y como por políticas de desarrollo, o cial. En muchas ocasiones los desalojos son pre­
mega­eventos financiadas por los Bancos Multi­ cedidos por hostigamiento y amenazas y luego son
laterales de Crédito, la banca privada o los pro­ acompañados por violencia, represión y se han
pios fondos públicos. La poca efectividad de los cobrado miles de víctimas algunas de ellas con
programas de regularización de la tenencia, el perdida de vidas humanas. Es curioso que aun las
retraso en la titulación colectiva de territorios de ciudades que más han prosperado en los últimos
comunidades indígenas y de afro­descendientes, años como Buenos Aires, Córdoba, Bariloche,
la demora de la reforma agraria o el impulso de Curitiba, Sao Pablo y Lima, Bogotá, México DF
la contrarreforma agraria, la falta de impulso de entre otras, los desalojos individuales y masivos
medidas para efectivizar la función social de son habituales.16 Otra forma de desalojo que tiene
la propiedad, son situaciones que crean las con­ características diferentes es el desplazamiento for­
diciones de vulnerabilidad de las personas que zado en el marco de conflictos armados, situación
luego serán desalojadas o desplazadas.15 que se verifica actualmente en Colombia con
Estos conflictos se presentan en el poder más de 3 millones de personas desplazadas.17
judicial como un simple conflicto individual entre Todos estos cambios operados en el campo
un propietario inscripto en el registro de pro­ y la ciudad sirven de marco para ensayar una
piedad y un ocupante que no posee titulo jurí­ posible clasificación de los conflictos territoriales
dico que le garantice la seguridad de la tenencia. que han estallado en los últimos tiempos.
Sin embargo muchos de estos conflictos tratados
como relaciones entre particulares por la ley civil, b) Conflictos causados por proyectos de
ocultan un conflicto colectivo entre un propie­ “desarrollo”
tario inscripto que no cumplió con sus deberes En los últimos años han visto aflorar una
de propietario porque que abandono su tierra o serie de nuevos conflictos territoriales que, aunque

15
Para ampliar este enfoque consultar COHRE “Desalojos forzados en América Latina. Los casos de Argentina, Brasil, Colombia y Perú”. Editado
por COHRE, Brasil, 2006, p. 96.
16
Ibidem.
17
Este conflicto adquiere otras dimensiones más complejas que exceden las posibilidades de este trabajo.

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

tienen su origen en antiguas causas como la el proyecto. Esta visión económica del conflicto
explotación, la falta de reparto de tierras y falta considera que los actores existentes solo son las
de apoyo a los proyectos de los pueblos indíge­ empresas transnacionales y el Estado en cuyo
nas y campesinos, hoy estos adquieren un nuevo territorio se procura realizar el proyecto.
perfil por la promoción de planes y proyectos
de inversión e infraestructura. Estos conflictos c) Conflictos por apropiación de recursos natu­
son enfrentados del peor modo recurriendo a la rales en territorios indígenas y campesinos
represión en lugar de buscar instancias de diálogo Si bien América Latina alberga solo 5.3
y concertación para un acuerdo en el marco de por ciento de la población mundial, ocupa el 14
18
la ley y el respeto de los derechos humanos. por ciento de la superficie terrestre y sus áreas
Estos proyectos que supuestamente aspiran al naturales protegidas, las cuales están general­
“desarrollo” de las regiones se implementar en mente habitadas por indígenas, representan el 25
áreas de los países donde la población está empo­ por ciento de las reservas naturales del planeta.
brecida. Lo paradójico es que las regiones donde En muchos espacios ecológicos se encuentran
se implementan la población de estos lugares recursos naturales tales como el petróleo, maderas
reclama que mientras el gobierno no ha apoyado preciosas, yacimientos mineros y energía hidráu­
sus formas de subsistencia y sus proyectos de acti­ lica. Frente a la explosión demográfica general y
vidad económica durante décadas, y la implan­ una inequitativa distribución de tierras, los
tación del proyecto puede causar daños sobre su Gobiernos latinoamericanos han tratado de inva­
forma de vida y desplazamiento de población. dir estos últimos paisajes inexplorados, con la
Hay múltiples proyectos denominados de finalidad disminuir la tensión social en el agro.
desarrollo que continúan amenazando de despla­ A esto se debe agregar el interés de las Fuerzas
zar a miles de pobladores de América Latina. Armadas por estos territorios divididos por fron­
Estos conflictos raramente aparecen en los medios teras nacionales, que son considerados regiones
de prensa y solo los más impactantes y que más de alta seguridad nacional. Esta situación coloca
apoyo internacional han tenido salen a la luz a los territorios de la población originaria en un
pública. La mayoría de estos conflictos se produce lugar codiciado tanto para empresas comerciales,
por el intento de emprender proyectos económicos políticos y estrategas militares como para organi­
con inversión internacional o grandes capitales zaciones medio­ambientalistas y agencias inter­
nacionales, en muchos de ellos con financiamiento nacionales interesadas en la ecología.19
del Banco Mundial o el Banco Interamericano
de Desarrollo, algunos incluso con el auspicio d) Conflictos causados por proyectos urbanos
de la Organización de Naciones Unidas a través Las ciudades con servicios y redes de infra­
del PNUD (Programa de Naciones Unidas para estructura se van consolidando en todas partes
el Desarrollo). En general los gobiernos centrales como espacios destinados a la clase media y alta.
de los países en cuestión consideran estratégicos Los pobres tienen que buscar un lugar para vivir
estos proyectos y los defienden con una retórica en las áreas degradadas, en las cuencas de los
de desarrollo y crecimiento económico. Incluso ríos contaminados, en los terrenos no urbanizados.
sostienen que el nuevo proyecto redundará en Con sus ingresos, estos sectores solo pueden com­
beneficios económicos para los pobladores. Con prarse un lote en lugares donde no hay servicios o
frecuencia los gobiernos acusan a quienes se resis­ acceder al mercado clandestino de venta de lotes.
ten de estar impulsados por ONGs internacionales Periódicamente se impulsan planes de reno­
que en realidad responde al interés económico vación urbana, de revitalización de áreas degradas,
de otro capital internacional que compite con recuperación de centros históricos que expulsan

18
Un desarrollo amplio de algunos de estos conflictos puede consultarse en COHRE. “México, Honduras y Guatemala”. Op. cit.
19
Barié, Cletus Gregor. “Pueblos Indígenas y Derechos Constitucionales en América Latina: un panorama”. Un estudio comparativo actual sobre
derechos indígenas en América Latina. 2a. Edición actualizada y aumentada. Bolivia, 2003. citando a Cunill Grau, Pedro Las transformaciones
del espacio geohistórico latinoamericano, 1930-1990, México, El Colegio. Colegio de México y Fondo de Cultura Económica, 1995 y Ordóñez
Cifuentes, José Emilio R. La cuestión étnico nacional y derechos humanos: El etnocidio. Los problemas de la definición conceptual. México,
Cuadernos constitucionales México-Centroamérica, núm. 23, Universidad Nacional Autónoma de México y Corte de Constitucionalidad de
Guatemala. 1996.

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a los pobres de los centros urbanos, segregán­ tradicionales y de afro­descendientes. Por ejemplo
dolos en periferias o localidades lejos de sus redes en Brasil el Movimiento sin Tierra (MST) critica
sociales de supervivencia. En muchas ocasiones al Gobierno de Brasil pues sigue priorizando las
se invocan razones como peligro de derrumbes inversiones en el agronegocio, liberando 58 mil
— que tal vez podrían ser evitados —, así como millones de Reales21 en créditos para este sector
la existencia de áreas de protección ambiental y para la cosecha 2007/08 mientras que solo 12 mil
de protección de patrimonio histórico y cultural millones de reales para la agricultura campesina,
para justificar desalojos de personas que muchas constatando que cerca de 150 mil familias conti­
veces vivían en el lugar antes de que esos espa­ núan acampadas al borde de las rutas en todo o
cios adquirieran esa calificación legal.20 país, debajo de una lona plástica negra a la espera
de una porción de tierra para sembrar y recoger.
e) Conflictos causados por áreas de preservación En sus reivindicaciones el MST solicita asenta­
ambiental miento para las 140 mil familias que viven preca­
Decíamos más arriba que una de las formas riamente acampadas; actualización de los índices
mediante la cual los pobres buscan un lugar en de productividad que sirven para expropiación
dónde vivir en las ciudades o al menos cerca de para fines de reforma agraria, nuevos programas
ellas es asentarse en la orilla de los ríos, sobre de crédito rural para los asentados, pues el Pro­
basureros. Cuando estas personas se asientan el grama Nacional de Fortalecimiento da Agricultura
poder público tolera esta situación, pero una vez Familiar (PRONAF) alcanza apenas al 10% de los
que se demuestra que el área puede ser saneada y asentados; programas de agroindustria para la
existe interés de construir un espacio verde para Reforma Agraria; ampliación de las expropiaciones.
un barrio de clase media o simplemente existen EL MST también pretende que el gobierno federal
presiones de vecinos de un barrio lindero para pare de incluir los proyectos de colonización de
que no continúen los pobres viviendo cerca de tierras públicas del Amazonas en los números
ellos, utilizan como excusa el cuidar la salud de da Reforma Agraria, pues estos proyectos, además
los habitantes del barrio informal para relocali­ de no contemplar a los trabajadores rurales, solo
zarlos. Luego las tierras son saneadas y entrega­ beneficias a los madereros de la región.22
das al sector privado para proyectos o finalmente Como objetivos generales el MST lucha
se construye ese espacio verde. Lo cierto es que por el fin del latifundio, la democratización del
en las ciudades cada vez es mas difícil encontrar acceso a la tierra en Brasil y en defensa de la
tierra para realizar proyectos de mejoramiento vida y biodiversidad, pues consideran que los
urbano y eso aumenta la presión para expulsar monocultivos aumentan la pobreza en el campo,
a quienes viven en asentamientos informales, comprometen la tierra, el agua y la soberanía del
ya que son mas frágiles para defenderse y no les país. Entre otras medias exigen que el gobierno
es fácil acceder al poder judicial para defender federal impida que empresas extranjeras compren
sus derechos. tierras en el país. Para ellos la reforma agraria no
es solo la entrega de una porción de tierras para
f) Conflictos causados por falta de reforma el trabajador rural sino la implementación de
agraria políticas de infraestructura para el campo y crédito
La ausencia de políticas de reforma agraria para la producción. Quieren vivienda, asistencia
y de desarrollo de la agricultura, la extensión técnica, educación del campo y salud.
de la fronteras de monocultivo, la construcción
de mega­proyectos para la generación de energía g) Conflictos causados por falta de titulación
y el desarrollo del turismo han contribuido de tierras
para el aumento de los conflictos territoriales Las personas que realmente ocupan el
y de la pobreza en el campo, que afecta a cam­ suelo no coinciden con los titulares inscriptos
pesinos, poblaciones indígenas y comunidades en los registros de propiedad de la mayoría de
20
Una descripción más amplia puede encontrarse en COHRE: “Los desalojos en America Latina”. Op. cit.
21
La equivalencia de 1 Dólar americano es igual a 1,8 Reales, lo que totalizaría 32, 33 mil millones de dólares.
22
Boletín LETRAVIVA. Ano V, nº 142, 24 de septiembre de 2007. Editado por MST. Brasil.

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

los países de América Latina. Ello se produce estrategias de desarrollo que se hace tradicional­
por varios motivos, en primer lugar por el atraso mente en la región. Algunos países cuentan
en la actualización de los catastros, en otros casos con un ley de ordenamiento territorial pensada
por complicidades entre los supuestos titulares desde arriba, tal vez desde una oficina encargada
del derecho de propiedad, notarios y funciona­ de la planificación territorial. Esta modelo de
rios de los registros. Antes hablamos de los altos planificación es fuerte sobre todo en el ámbito
índices de ocupación irregular en el área urbana, urbano. Las grandes ciudades de América Latina
pero también en el área rural encontramos zonas tiene algún plan hecho por planificadores urba­
con altos niveles de irregularidad. nos que proponen planes fundados en sus deseos
de cómo quieren que la ciudad sea pero con un
otros conflictos profundo desconocimiento de cómo la ciudad es
Existen una serie de otros conflictos vin­ realmente23 Este modelo por ejemplo podemos
culados a estos que por razones de tiempo y verlo en algunos procesos de renovación urbana
espacio dejé fuera del análisis pero que forman como el de la Ciudad de Curitiba, ciudad modelo
parte de este problema, como son los conflictos de los planificadores que construye su bonita
por el control de las reservas de agua, los despla­ ciudad sobre la base de violentos desalojos masi­
zamiento provocados por la organización de even­ vos o revitalización de centros históricos como
tos internacionales como por ejemplo los des­ el que ocurre en la ciudad de Lima. También
plazamientos de pobres urbanos causados por los últimos años verificamos esta tendencia en
la organización de mundiales de fútbol o juegos proyectos de renovación de las costaneras de los
olímpicos, entre ellos. ríos como el proyecto Puerto Madero de Buenos
Aires. Este modelo también es seguido en la
3 la respuesta estatal a los conflictos territoriales elaboración de planes nacionales de desarrollo.
Desde el punto de vista de las políticas El segundo modelo es el que denominamos
públicas los conflictos territoriales evidencian “privatizador”. En este, el Estado renuncia a la
problemas del Estado en la planificación territo­ planificación y los actores económicos nacionales
rial y organización del uso del suelo y el territorio. o grupos internacionales que hacen inversiones
La organización del territorio de América Latina definen que uso darle al territorio. Aunque este
fue pensada desde un modelo colonial extracti­ modelo se identifica fuertemente en el espacio
vista que promovió el monocultivo y economías rural de América Latina y esta asociado al viejo
basadas en la producción de materias primas y esquema de economía colonial extractivista, tam­
su exportación a la metrópoli europea. Si bien bién podemos verificarlo en las grandes ciudades
durante el siglo XX existieron con mayor o de América Latina. En el ámbito urbano hoy pode­
menor éxito proyecto de desarrollo industrial y mos ver como la falta de planificación urbana
un crecimiento del sector servicios, hoy existen es llenada por los proyectos de los promotores
importantes iniciativas que promueven la utili­ inmobiliarios que van definiendo que uso darle
zación de grandes regiones para el monocultivo a los distintos espacios en la ciudad. Esto pode­
como ocurre con las plantaciones de soja, palma mos ejemplificarlo actualmente en ciudades como
aceitera, eucalipto, etc. Buenos Aires en dónde la furia de construcción
Voy a proponer revisar las respuestas del de departamentos ha provocado el colapso de
Estado a estos conflictos desde cuatro modelos redes de servicios y conflictos entre vecinos que
posibles. Este esquema hay que entenderlo como se oponían a la construcción de edificios en altura.
un modelo de análisis provisorio e instrumental. Este modelo también es impulsado por empresas
El primer modelo es el que llamamos y ONGs que asociadas promueven la privatiza­
“elitista”. Es la planificación territorial o las ción de áreas para su preservación.

23
Para ver una crítica sobre este modelo se pueden consultar los trabajos de ROLNIK, R. . Planificación urbana en las ciudades de América
Latina. In: Alfonso Puncel Chornet. (Org.). Las Ciudades de América Latina: Problemas y oportunidades. 1 ed. Valencia: Diputació de Valencia /
Universitat de Valéncia, 1994, ROLNIK, R. Legislación urbana y mercados informales de tierra: el vínculo perfecto. In: Edésio Fernandes. (Org.).
Derecho, Espacio Urbano y Medio Ambiente. Madri: Dykinson, 2000, y ROLNIK, R. Cidade e políticas urbanas no Brasil: velhas questões, novos
desafios. In: Henrique Rattner. (Org.). Brasil no limiar do século XXI: alternativas para construção de uma sociedade sustentável. São Paulo:
EDUSP, 2000.

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El tercer modelo es el de militarización. de planificación urbano­ambientales, los planes


Este modelo parte de una antigua hipótesis de de desarrollo local, etc. Ejemplos de algunas de
conflicto militar pero que ha sido actualizada estas iniciativas podemos encontrar en Brasil
al discurso de moda. Se sostiene que se deben como una política nacional y en muchas ciudades
preservar las fuentes de recursos naturales y que latinoamericanas de Argentina, Colombia,
las guerras del futuro (y del presente) son orien­ Paraguay, Uruguay, Chile, República Dominicana,
tadas a disputar las fuentes de recursos naturales Nicaragua, el Salvador y México. Este modelo
como el agua, el petróleo, etc. Frente al dramático considera que la planificación es un asunto de
informe sobre Cambio Climático el discurso de quienes habitan el territorio, que el uso de los
protección de las fuentes de agua cobra un tinte espacios, del suelo, y la autorización de activi­
nacionalista más fuerte. Entonces en la discusión dades en la zona deben ser discutidos por la
de la política de defensa comienza a pensarse en comunidad mediante audiencias públicas u otros
la protección de los recursos naturales a la hora mecanismos, de modo de preservar los derechos
de establecer los puntos de asentamientos de las de quienes viven en la zona, de evitar la expulsión
bases militares. La militarización también apare­ de los más pobres, evitar la contaminación o for­
ce como una respuesta de los gobiernos frente a talecer las propias actividades económicas real­
conflictos territoriales como verificamos en Brasil mente existentes en la zona. Este modelo de
cuando el presidente autorizo el envío de tropas forma atenuada puede tener lugar cuando se
del ejercito a la Represa Hidroeléctrica Tucuruí en realizan estudios de impacto ambiental, social y
el Estado de Paraíba (nordeste de Brasil) frente a cultural frente a un proyecto o audiencias públi­
la ocupación de la planta por parte de integrantes cas de consulta a una comunidad dónde se va a
de Via Campesina, del MAB (movimiento de afec­ implementar un proyecto. Sin embargo el papel
tados por las represas) y del MST (Movimiento de la comunidad local es más de control que
de los Trabajadores Rurales Sin Tierra). Los ma­ propositivo.
nifestantes pretendían impulsar las negociaciones No hay un país que pueda ser encuadrado
para atender los derechos de los afectados por la en cada uno de estos modelos, por el contrario
construcción de la represa.24 También en Uruguay, estos muestran distintas tendencia del poder
el presidente dispuso el envío de tropas militares público de los países que en ningún caso actúa
al área donde opera la Fábrica de Celulosa Botnia, de forma homogénea. Por ejemplo podemos en­
en una ciudad de frontera con Argentina, donde contrar los cuatro modelos de gestión territorial
la población de la ciudad fronteriza se opone al en países como Brasil, que han liderado los avan­
funcionamiento de la fábrica en ejercicio de su ces en la planificación democrática de las ciuda­
derecho al medio ambiente sano. El presidente des con la aprobación del Estatuto de la Ciudad26
de Uruguay ante el temor de actos de resistencia y la obligación de aprobar planos urbanos parti­
de los vecinos argentinos, dispuso la movilización cipativamente con un plazo y sujeto a nulidad
de tropas militares en el área.25 por falta de participación y con los presupues­
El cuarto modelo es la gestión democrá­ tos participativos. Sin embargo los conflictos
tica del territorio. Este modelo está asociado a la en el campo por falta de implementación de
puesta en práctica de los derechos humanos en reforma agraria han cobrado (1985­2006) 1464
las políticas públicas y ha sido el producto de trabajadores27 vidas en manos de guardias de
las experiencias de gobierno local de partidos de seguridad privada o con complicidad policial a
izquierda y centro izquierda en América Latina. los largo de los últimos veinte años (ver informe
Allí tenemos iniciativas como los procedimientos de CPT). Solo en 2006 fueron detenidos 917
para la creación de planos urbanos participati­ trabajadores rurales sin tierra como consecuen­
vos, el presupuesto participativo, los consejos cia de conflictos en el campo.

24
Diário Folha de S.Paulo, publicado el 23 de Mayo de 2007. <http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u92759.shtml>.
25
Diario Clarin publicado el 1 de Diciembre de 2006. Confr. <http://www.clarin.com/diario/2006/12/01/elpais/p-00404.htm>.
26
El Estatuto es una ley General que establece los principios de ordenamiento territorial urbano y crea los instrumentos para su implementación.
La norma está basada en estándares internacionales de derechos humanos.
27
Comisión Pastoral da Terra. Ver informe en pagina web: <http://www.cpt.org.br>.

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

Existen combinaciones de estos modelos Sin embargo ha establecido principios robustos


que producen situaciones aberrantes como el caso que nos permiten poder encuadrar el análisis
de para­militarismo en Colombia. En Colombia de estos conflictos por la tierra. Tanto el Pacto
la combinación de gestión privatizada del terri­ Internacional de Derechos Económicos Sociales
torio con militarismo se verifica en la actuación y Culturales (PIDESC) como el Pacto Internacio­
de los grupos paramilitares. En la reciente ola nal de Derechos Civiles y Políticos (PIDCyP),29
de confesiones de ex comandantes de grupos que fueron suscriptos por la mayoría de los
paramilitares colombianos han reconocido que países del mundo, en su artículo 1 establecen
muchos de estos grupos han sido formados o fi­ que “todos los pueblos tienen derecho de libre
nanciados con el apoyo de cámaras de empresa­ determinación (…) establecen libremente su
rios ganaderos y con fuertes vínculos con parti­ condición política y proveen asimismo a su
dos políticos en el gobierno. Con una cifra mayor desarrollo económico, social y cultural (inc.1)”.
a los 3 millones de desplazado en más de 40 Asimismo dispone que “todos los pueblos pueden
años de conflicto los últimos desplazamientos disponer libremente de sus riquezas y recursos
forzados están directamente orientados a líderes naturales” subrayando que “en ningún caso podrá
campesinos, indígenas y de afro­descendientes. privarse a un pueblo de sus propios medios de
En cambio la combinación del modelo subsistencia (inc. 2 in fine)”.
“elitista” y “privatización” se verifica en las gran­ El derecho internacional ha construido una
des ciudades de América Latina que han sido obligatoria articulación de tres conceptos: dere­
reorganizadas en función de los grandes centros chos humanos, desarrollo y autodeterminación.
comerciales, reconfigurando el plan de desplaza­ Por ello desde la perspectiva del derecho interna­
miento, la ubicación de las nuevas construccio­ cional no puede hablarse de desarrollo sin respeto
nes de edificios y el exterminio del pequeño a los derechos humanos y ello implica funda­
comercio del barrio. mentalmente el respeto por la autodetermina­
ción de los pueblos que implicados.
4 los derechos humanos frente a los conflictos Debe destacarse que los pactos no han uti­
territoriales28 lizado la palabra “Estado partes” sino “pueblos”
El derecho internacional de los derechos lo que despeja dudas acerca de una posible
humanos ofrece un amplio marco de protección interpretación del alcance de este derecho como
de quienes padecen las injusticias provenientes exclusivamente en cabeza de los estados. La
de estos conflictos. Sin embargo subyacen algu­ denominación “pueblos” no solo se refiere al
nos conceptos pendientes de definición y algunos conjunto de la ciudadanía sino que incluye nece­
temas que no han sido abordados pues existen sariamente la idea de comunidades más reduci­
complejas discusiones acerca de los derechos de das dentro del territorio del Estado, como vemos
propiedad. en las Resolución 55/106 de la Asamblea General
de la ONU sobre Derechos humanos y extrema
a) autodeterminación y territorio pobreza30 o en criterio es seguido en el convenio
El derecho internacional de los derechos 169 de la Organización Internacional del Trabajo
humanos ha tratado tanto la cuestión del territorio cuando define pueblos indígenas y tribales.31
como de los actores colectivos de manera elíptica. Con relación al derecho de consulta sobre los

28
Estos temas fueron presentados más ampliamente en una reciente investigaciones publicadas por el Programa de las Américas de COHRE: México,
Guatemala y Honduras: El derecho a la vivienda y a la tierra frente a los proyectos de desarrollo, que elaboré junto a Leticia Marques Osorio y Daniel
Manrique., editado por COHRE. México, 2007. p. 182. La publicación puede encontrarse en el sitio web: <http://www.cohre.org>.
29
Aprobados en 1966 por la Asamblea General de las Naciones Unidas.
30
ONU. Resolución 55/ 106 del 14 de marzo de 2001. El párrafo 2 reafirma que “es indispensable que los Estados propicien la participación de
los más pobres en el proceso de adopción de decisiones en las sociedades en que éstos viven, en la promoción de los derechos humanos y en
la lucha contra la extrema pobreza, y que se den a las personas que viven en la pobreza y a los grupos vulnerables los medios para organizarse
y participar en todos los aspectos de la vida política, económica y social, en particular la planificación y la puesta en práctica de las políticas que
les conciernen, permitiéndoles así convertirse en auténticos participantes en el desarrollo”. Confr. A/RES/55/106.
31
Convenio 169 OIT, Artículo 1. El presente Convenio se aplica: a) a los pueblos tribales en países independientes, cuyas condiciones sociales,
culturales y económicas les distingan de otros sectores de la colectividad nacional, y que estén regidos total o parcialmente por sus propias
costumbres o por una legislación especial; b) a los pueblos en países independientes, considerados indígenas por el hecho de descender de
poblaciones que habitan en el país o en una región geográfica a la que pertenece el país en la época de la conquista o la colonización o del
establecimiento de las actuales fronteras estatales y que, cualquiera que sea su situación jurídica, conservan todas sus propias instituciones
sociales, económicas, culturales y políticas, o parte de ellas.

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proyectos de desarrollo en un territorio hay pero implicar un sacrificio de otra parte. Los
normas que además de los pueblos indígenas in­ proyectos de desarrollo para adecuarse al Pacto
cluyen a otros grupos si se determina su apego de Derechos Económicos Sociales y Culturales
colectivo a la tierra,32 lo que podría abarcar comu­ deberían significar una mejora real en las con­
nidades campesinas. diciones de existencia de las personas que
Los Estados firmantes del PIDESC son los viven en el territorio. El supuesto beneficio de
sujetos obligados por este derecho. Siguiendo un grupo no puede fundarse en la violación de
el criterio del artículo 28 del PIDESC se debe derechos humanos de otro grupo (en este caso
considerar tanto el nivel Federal, como los niveles el de los pobladores del lugar donde se realiza
provinciales y municipales.33 Esto quiere decir el proyecto).
que cuando se trata de un proyecto de desarro­ El derecho al desarrollo también se vin­
llo que tiene impacto local habrá que revisar el cula íntimamente con el derecho a la autode­
cumplimiento de las obligaciones también por terminación, en los términos del artículo 22(2)
parte del Estado Local y verificar el respeto por de la Declaración de las Naciones Unidas sobre
la autodeterminación de ese segmento de la el Derecho al Desarrollo. El Especialista Inde­
población. pendiente de las Naciones Unidas para el Dere­
En 1986 la Asamblea General de la ONU cho al Desarrollo utiliza el ejemplo de la vivienda
aprobó la Declaración de Derecho al Desarrollo para ilustrar la importancia de la elección y de
que lo define como “un derecho humano inalie­ la autodeterminación: “desarrollo no requiere
nable en virtud del cual todo ser humano y todos solamente que el Estado provea vivienda para in­
los pueblos están facultados para participar en su dividuos o comunidades; desarrollo es, por lo con­
desarrollo económico, social, cultural y político trario, dotar a las personas de habilidad de elegir
en el que puedan realizarse plenamente todos los donde vivir. La libertad de elección debe estar
derechos humanos y libertades fundamentales, presente como parte del derecho al desarrollo”.35
a contribuir a ese desarrollo y a disfrutar de el” Por otra parte la libertad de elegir un lugar para
(Artículo 1). vivir está protegida por la Convención para la
Esta declaración apunta dos elementos fun­ Eliminación de toda forma de Discriminación.36
damentales, el derecho de participación en el Elección y autodeterminación también in­
proceso de desarrollo y el derecho a una sustantiva cluyen la habilidad para disponer de los recursos
mejora en el bienestar. Así, el derecho al desa­ naturales de que las comunidades necesitan, lo
rrollo es tanto constitutivo como instrumental, que requiere el control sobre sus tierras. La falta
eso es, puede servir como medio o como fina­ de libertad para usar y disponer de sus tierras
lidad. El derecho al desarrollo presupone el afecta su autodeterminación como pueblos.
cumplimiento de los criterios de equidad, no­ En lo referente al sistema interamericano,
discriminación, participación, responsabilidad desde la constitución de la Organización de Esta­
y transparencia. Los resultados u otros benefi­ dos Americanos en 1948 los países de América
cios provenientes del desarrollo deben ser equi­ se propusieron “promover, por medio de la acción
tativamente distribuidos.34 cooperativa, su desarrollo económico, social y
Muchos proyectos de desarrollo pueden sig­ cultural”37 con el fin de “erradicar la pobreza crítica
nificar un progreso para un sector de la población, que constituye un obstáculo al pleno desarrollo

32
Política Operacional para Poblaciones Indígenas del Banco Mundial, Párrafo 4 al establecer la obligación de consulta además de los pueblos
indígenas incluye a otros grupos si se determina la existencia de un apego colectivo a la zona del proyecto.
33
Ver Observaciones finales del Comité de Derechos Económicos, Sociales y Culturales: Canada. 10/12/98. Documento E/C.12/1/Add.31, punto 52:
“Lo mismo que en su examen del anterior informe del Canadá, el Comité reitera que los derechos económicos y sociales no deberían relajarse a
“principios y objetivos” en las conversaciones actuales entre el Gobierno federal y los territorios y provincias en lo que respecta a los programas
sociales. Por tanto, el Comité insta al Gobierno federal a que adopte medidas concretas para garantizar que las provincias y los territorios tengan
conciencia de sus obligaciones jurídicas en virtud del Pacto y de que los derechos del Pacto son aplicables en las provincias y territorios con
medidas legislativas y de política y mediante el establecimiento de mecanismos de vigilancia y resolución que sean adecuados e independientes.
34
Arjun Sengupta, “Development Cooperation and the Right to Development” Centro Francois-Xavier Bagnoud, Working Paper No. 12, (2003),
disponible en: <http://www.hsph.harvard.edu/fxbcenter/working_papers.htm>.
35
Arjun Sengupta, “The Right to Development as a Human Right,” Francois-Xavier Bagnoud Center Working Paper No. 8, (2000), page 8,
disponible en: <http://www.hsph.harvard.edu/fxbcenter/working_papers.htm>. 2000.
36
Artículo 5: “…los Estados partes se comprometen a prohibir y eliminar la discriminación racial en todas sus formas y a garantizar el derecho de
toda persona a la igualdad ante la ley, sin distinción de raza, color y origen nacional o étnico, particularmente en el goce de los derechos siguientes:
...d) Otros derechos civiles, en particular: ...i) El derecho a circular libremente y a elegir su residencia en el territorio de un Estado…”
37
Carta de la OEA. Artículo 2, inciso f).

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

democrático de los pueblos del hemisferio”.38 “El acceso a la información en poder del Estado
América Latina padeció durante décadas serías es un derecho fundamental de los individuos.
dificultades para avanzar en este designio. Las Los Estados están obligados a garantizar el ejer­
graves desigualdades, las dictaduras militares — cicio de este derecho. Este principio sólo admite
en su mayoría apoyadas por el Gobierno de los limitaciones excepcionales que deben estar esta­
Estados Unidos (miembro e impulsor del sistema) blecidas previamente por la ley para el caso que
— y la concentración exacerbada de poder eco­ exista un peligro real e inminente que amenace la
nómico de las elites le impidieron encauzarse en seguridad nacional en sociedades democráticas”.39
el camino del desarrollo. Pero también es impor­ A su vez la información funciona “como meca­
tante hacer notar que tampoco ha existido consen­ nismo de evaluación de los resultados de políticas
so acerca del perfil de desarrollo que América públicas. Resulta imposible evaluar la efectividad
Latina pretendía para sí. de un programa — y en consecuencia, el buen o
La sociedad civil ve de modo favorable los mal uso de los fondos públicos empleados en él
procesos de integración, sin embargo manifiesta — sin producir información acerca de los efectos
fuertes resistencias al ver que el mayor esfuerzo del programa sobre la población beneficiada y
de los gobiernos está puesto en el libre comercio aún sobre terceros y sobre el medio ambiente”.40
y en acuerdos económicos, sin mucha atención La Convención Americana de Derechos
por el desarrollo de un régimen jurídico regional Humanos en su artículo 26 compromete a los
en donde “impere la justicia social internacional estados firmantes a “…adoptar providencias, tanto
en sus relaciones y para que sus pueblos alcancen a nivel interno como mediante la cooperación in­
un desarrollo integral … [que] abarque los campos ternacional, especialmente económica y técnica,
económico, social, educacional, cultural, cientí­ para lograr progresivamente la plena efectividad
fico y tecnológico…” como reza el Artículo 30 de los derechos que se derivan de las normas
de la Carta de la OEA. económicas, sociales y sobre educación, ciencia
y cultura, contenidas en la Carta de la Organiza­
b) derecho a la información y participación en ción de los Estados Americanos…” Por su parte la
los planes de desarrollo Carta de la Organización de Estados Americanos
Para el ejercicio del principio de autode­ vincula íntimamente el derecho a la participación
terminación es imprescindible la disponibilidad de los pueblos con el concepto de desarrollo.41
de información y la oportunidad de participar en El Comité de Derechos Económicos, Socia­
las decisiones vinculadas con el desarrollo de la les y Culturales ha indicado a los Estados Partes
región donde viven las comunidades. que “realicen consultas y busquen el consenti­
El derecho a la información está protegido miento de los pueblos indígenas involucrados
en numerosos tratados de derechos humanos, previamente a la implementación de cualquier
tiene tanto una dimensión individual como política que les pueda afectar”.42 Para ser legal­
colectiva y también es un corolario de la forma mente efectivo, el consentimiento debe ser libre­
republicana de gobierno. La obligación de los mente obtenido. El Grupo de Trabajo de Naciones
Estados de proveer información se deriva del Unidas sobre Pueblos Indígenas establece que los
el artículo 13 de la Convención Americana de “pueblos indígenas no pueden ser coaccionados,
Derechos Humanos. La Declaración de princi­ ni presionados o intimidado en relación con sus
pios sobre Libertad de Expresión sostiene que elecciones”.43

38
Ibidem, inc. g).
39
Declaración de Principios sobre libertad de Expresión. Principio Nº 4, aprobada por la Comisión Interamericana de Derechos Humanos durante
su 108º período ordinario de sesiones en octubre del año 2000.
40
Abramovich, Victor y Courtis Christian. “El acceso a la información como derecho” en Duhalde, E.L. (ed), Anuario de Derecho a la información
Nº 1, Buenos Aires, Madrid (2000).
41
Los Estados miembros convienen en que la igualdad de oportunidades, la eliminación de la pobreza crítica y la distribución equitativa de la
riqueza y del ingreso, así como la plena participación de sus pueblos en las decisiones relativas a su propio desarrollo, son, entre otros, objetivos
básicos del desarrollo integral (Artículo 34).
42
Observaciones Finales del Comité de Derechos Económicos, Sociales y Culturales para a Colombia. U.N.Doc. Y/C.12/Add.1/74, (2001), at para. 33.
En el mismo sentido se posiciono la Comisión Interamericana de Derechos Humanos en el caso Mary and Carrie Dann vs. USA (2002), para. 136.
43
Antoanella-Iulia Motoc y Fundação Foundation, Proposta preliminar sobre o princípio do consentimento prévio, livre y informado das populações
indígenas com relação a processos de desarrolho que afetem suas terras y seus recursos naturais. U.N. Doc. Y/CN.4/Sub.2/AC.4/2004/4 (2004),
para. 14 (a).

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El Convenio 169 de la OIT sobre pueblos compatible con sus características culturales
indígenas establece el derecho de las comunida­ (para. 4, c).44
des indígenas a ser consultadas ante cualquier
medida planeada por el Estado que pueda afectar c) derecho a la vivienda en relación con los
su territorio, patrimonio cultural o identidad co­ proyectos de desarrollo
lectiva. La consulta supone información previa Al proteger el derecho a la vivienda ade­
sobre el impacto ambiental y socio­cultural de cuada el Comité de Derechos Económicos Socia­
las medidas planeadas sobre la comunidad, su les y Culturales de la ONU, hace referencia a
territorio y sus costumbres. una serie de contenidos que tienen una fuerte
El derecho a la participación no se limita a implicación frente a los proyectos de desarrollo:
un poder de veto sobre los proyectos. En sentido • Seguridad en la tenencia o posesión de
amplio los pueblos tienen derecho a participar la vivienda. Las personas deben gozar de
en su propio plan de desarrollo, de modo de cierto grado de seguridad que les garan­
garantizar que su forma de vida sea tenida en tice una protección legal contra el desa­
cuenta en el perfil de desarrollo que se define en lojo, el hostigamiento u otras amenazas
la región dónde vive. Las personas que viven en (se trate de una vivienda alquilada, per­
el campo tienen derecho a participar en el plan tenezca a una cooperativa, sea transito­
de desarrollo rural, el destino de los espacios ria, sea parte de una asentamiento infor­
rurales y de la inversión pública en el territorio mal, etc.). En algunos casos los proyectos
donde viven. de desarrollo implican directamente la
En el caso de las comunidades indígenas expulsión de las personas de las casas en
además de la participación en procesos políticos donde viven aún en condición de meros
de toma de decisiones sobre la gestión del terri­ tenedores, estas personas tienen derecho
torio, también tienen el derecho a la participa­ a permanecer seguras. En otros casos
ción en las ganancias de la explotación de los lo proyectos de desarrollo implican un
recursos naturales. cambio del ambiente natural que impli­
En relación al derecho a la participación en ca una expulsión indirecta. Por ejemplo
el proceso de desarrollo, varios elementos deben piénsese en un agricultor que su campo
ser considerados. El derecho al desarrollo presu­ es ahora una laguna o que esta rodeado
pone que individuos y comunidades participen por campos de eucalipto y su tierra
del proceso de planificación y de definición de se empobrece o seca, o en un proyecto
parámetros que puedan afectarlos. Efectiva parti­ de desarrollo turístico que incrementa
cipación significa que las comunidades tienen notablemente la circulación de vehícu­
poder de incidir sobre los resultados de determi­ los, personas y la contaminación de sus
nado proyecto mediante un proceso de consulta fuentes de agua.
genuina. • En algunas circunstancias la realización
La obligación de realizar consultas previas de algunos proyectos de desarrollo pro­
e informadas también fue recomendada por el mueve una fuerte acción de acoso de
Comité de las Naciones Unidas contra la Elimi­ los emprendedores inmobiliarios por
nación de la Discriminación Racial, mediante la comprar la tierra del campesino, que
adopción de la Recomendación General XXIII, muchas veces está agobiado por la falta
la cual enfatiza que ninguna decisión directa­ de apoyo del Estado a su actividad.
mente relacionada a los derechos e intereses de Muchas veces estas distintas circuns­
los pueblos indígenas debe ser tomada sin su tancias concurren todas juntas para
consentimiento informado (para. 4, d). Además expulsar a las personas del campo y lle­
exhorta a los estados a que proporcionen a los varlas a una nueva situación de viola­
pueblos indígenas las condiciones que les permi­ ción de derecho a la vivienda cuando
tan un desarrollo económico y social sostenible, se alojan en las zonas degradadas de las

44
CERD. Documento A/52/18, anexo V consultado en: <http://www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf/898586b1dc7b4043c1256a450044f331/
3e4492f624f618b2c1256d5000565fcc/$FILE/G0441305.doc>.

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

ciudades en asentamientos informales y desplazamiento y relocalización de po­


precarios. bladores suelen indemnizar a los afecta­
• disponibilidad de servicios, materia­ dos simplemente pagando el precio de
les, facilidades e infraestructura. Una su vivienda su ofreciendo otra vivienda.
vivienda adecuada debe contener ciertos Las indemnizaciones excluyen toda la
servicios indispensables para la salud, riqueza natural que está en el suelo del
la seguridad, la comodidad y la nutrición. terreno y los vegetales y animales de los
Las personas deben tener acceso a: energía, cuales ellos se servían. Asimismo la mera
agua potable, instalaciones sanitarias, alteración del medio ambiente puede re­
eliminación de desechos, drenaje y ser­ dundar en una alteración del nivel de
vicios de emergencia. Muchas veces los productividad que tiene determinado
proyectos de desarrollo como la cons­ terreno, tornando el equilibrio de ingre­
trucción de hidroeléctricas además de sos y gastos desventajoso para hacer
producir una gran modificación del hábi­ frente a la sostenibilidad de la economía
tat, es aprovechada para generar electri­ doméstica.
cidad y aprovechar reservorios de agua • lugar. La vivienda adecuada debe encon­
para proveer agua potable a una gran trarse en un lugar que permita el acceso
metrópolis, mientras que los poblado­ al empleo, los servicios de atención de
res rurales de la zona que se afectan la salud, las escuelas y otros servicios
siguen sin agua potable o electricidad. sociales. La vivienda no debe construir­
También el proceso de construcción de se en lugares contaminados ni próximos
represas puede implicar la disminución a fuentes de contaminación que amena­
o directamente el corte del caudal de cen el derecho a la salud. Algunos pro­
agua de un río, produciendo un grave yectos de desarrollo cuando implican la
deterioro de la actividad agrícola y gana­ expulsión de los pobladores plantean su
dera de los campesinos río abajo. Estas localización en tierras que las empresas
circunstancias son violatorias del prin­ o el Estado adquieren en otra localidad.
cipio de disponibilidad de los servicios Muchas veces estos locales no son ade­
además de violar el derecho al agua.45 cuados ya que están lejos de los centros
• La ampliación de la red de infraestructu­ de empleo, salud, educación o servicios
ra no debe implicar la obligación de las sociales. El mero traslado a otra localidad
personas de aceptar todos los servicios o la alteración del hábitat donde viven —
que el Estados o las empresas quieran dis­ cuando no hay traslados — implica una
ponibilizar. En algunas circunstancias violación a este estándar jurídico.
como algunas comunidades indígenas • adecuación cultural. La manera como
estas se oponen a la llegada de la electri­ se construye la vivienda, los materiales
cidad porque consideran que con ella de construcción utilizados y las polí­
viene un cambio cultural que afecta su ticas que planifican las relocalización de
plan de vida, el cual no quieren modifi­ pobladores deben facilitar la expresión
car. Entonces esta obligación del Estado identidades culturales diversas.
no puede ser entendida en contra de los
pueblos, sino como un derecho que los d) Protección contra desalojos forzados en
pueblos pueden invocar en su favor. relación con los proyectos de desarrollo
• gastos soportables. Los gastos de la El Comentario General nº 7 del Comité
casa deben ser proporcionales al nivel de Derechos Económicos Sociales y Culturales
de ingreso de quienes allí viven y no establece que “los casos de desalojos forzosos
deben impedir ni comprometer la satis­ son prima facie incompatibles con los requisitos
facción de otras necesidades básicas. del Pacto y sólo podrían justificarse en las cir­
Los proyectos de desarrollo que implican cunstancias más excepcionales y de conformidad
45
Conforme la Observación General Nº 15 del Comité de Derechos Económicos Sociales y Culturales.

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con los principios pertinentes del Derecho vinculados al desarrollo en las zonas urbanas y
Internacional”.46 rurales y constituyen la síntesis más actualizada
La Comisión de Derechos Humanos de en la materia hasta el momento.
las Naciones Unidas igualmente afirmó que “la
práctica del desalojo forzoso constituye una vio­ e) derecho al territorio de los pueblos indígenas
lación grave de los derechos humanos, en con­ y tribales
creto del derecho a una vivienda adecuada”.47 La Convención 169 de la Organización
La Sub­Comisión de las Naciones Unidas para la Internacional del Trabajo (OIT) sobre los Pueblos
Promoción y protección de los derechos huma­ Indígenas y Tribales (1989) posee un de los textos
nos reafirmó que “cada mujer, hombre y niño más comprensivos en cuanto a la protección del
tiene derecho a un lugar seguro para que viva derecho a la propiedad de la tierra y territorios
en paz y con dignidad, que comprende el dere­ de estos pueblos, específicamente entre los artí­
cho a no ser desalojado arbitrariamente o por culos 13 y 19. Establece la competencia de los
motivos discriminatorios de su vivienda, tierra Estados para el reconocimiento de los derechos
o comunidad”.48 La Subcomisión ha reafirma­ de posesión y propiedad de los pueblos interesa­
do también que “la práctica del desalojo forzoso dos sobre las tierras que tradicionalmente ocupan
constituye una violación grave de una amplia o utilizan. La convención se aplica “a los pueblos
gama de derechos humanos, en concreto del de­ tribales en todos los países independientes, cuyas
recho a una vivienda adecuada, el derecho a condiciones sociales, culturales y económicas
establecerse, el derecho a la libertad de movi­ los distingan de otros sectores de la colectividad
mientos, el derecho a la privacidad, el derecho a nacional, y que estén regidos, total o parcialmente,
la propiedad, el derecho a un adecuado estándar por sus propios costumbres o tradiciones o legis­
de vida, el derecho a la seguridad de la persona, lación especial” – artículo 1(1)(a). La autodeter­
el derecho a la seguridad en la posesión y el minación y la conciencia de la identidad tribal
derecho a la igualdad de trato”.49 deben ser consideradas como criterios funda­
Los Estado Parte del Pacto Internacional mentales para determinar los grupos a los que se
de Derechos Económicos, Sociales y Culturales, aplican las disposiciones de la Convención 169,
tiene la obligación legal de respetar, proteger y en los términos del artículo 1(2).
garantizar el derecho a la vivienda adecuada y el El concepto de territorio debe ser enten­
derecho a la propiedad, incluyendo la prohibición dido en el sentido de otorgar a los pueblos tribales
de la práctica de desalojos forzados, según fue e indígenas el derecho de uso y ocupación de
asegurado en el artículo 11(1). Además, tiene la totalidad de su hábitat, incluso el derecho de
también la obligación de no interferir en los participación en la utilización, administración y
casos en que las personas gozan del derecho a conservación de los recursos naturales, minerales
la vivienda, así como a proteger esas personas y del subsuelo. Ante cualquier programa de pros­
contra desalojos practicados por terceros y por las pección o de explotación de los recursos exis­
Alcaldías municipales. tentes en sus tierras por parte de los Estados,
En un reciente informe del Relator Espe­ deberá ser realizada previa consulta a los pueblos
cial sobre Derecho a la Vivienda de la ONU se interesados, a fin de verificarse si sus intereses
establecen los Principios Básicos y Directrices serán perjudicados. De acuerdo al artículo 13(2),
sobre los Desalojos y el Desplazamiento genera­ el término “tierras” deberá contener el concepto
dos por el Desarrollo. Estas directrices abordan de territorios, lo que incluye la totalidad del hábi­
las repercusiones para los derechos humanos tat de las regiones que los pueblos interesados
de los desalojos y los desplazamientos conexos ocupan o utilizan de alguna otra manera. En la

46
Comité de Derechos Económicos, Sociales y Culturales de las Naciones Unidas, Observación General nº 7 sobre Derecho a la Vivienda Adecuada
(1997).
47
Comisión de Derechos Humanos de las Naciones Unidas, Desalojos Forzados, Resolución 1993/77, UN Doc. E/CN.4/RES/1993/77 (10 Marzo
1993) y Resolución 2004/28, UN Doc. E/CN.4/RES/2004/28 (16 Abril 2004).
48
Sub-comisión para la Promoción y protección de los Derechos Humanos, Desalojos Forzados, Resolución 1998/9, UN Doc. E/CN.4/Sub.2/
RES/1998/9 (20 de Agosto de 1998).
49
Ibid.

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

aplicación de las disposiciones de la Convención, legal. Esta cuestión reviste particular importancia
los gobiernos deberán respetar la especial impor­ con relación a las obligaciones que para los
tancia de la relación con las tierras o territorios propietarios se derivan de la “función social de
ocupados o utilizados de alguna manera para la propiedad”, pues la falta de cumplimiento de
las culturas y los valores espirituales de los pue­ esta función podría implicar sanciones legales
blos interesados y, particularmente, os aspectos cuya máxima expresión podría consistir en la
colectivos de esa relación, de acuerdo al artículo privación de la propiedad. Lo importante para
13(1). aplicar este principio es considerar criterios e
indicadores sobre cumplimiento de la función
f) El derecho a la posesión y el derecho a la social preestablecidos en una ley material y un
propiedad procedimiento que aseguré las adecuadas garan­
La posesión de la tierra es un elemento tías para los implicados.
central del derecho a la vivienda, ya que sin se­ La Convención Internacional sobre la Eli­
guridad de la tenencia — sea ella formal o informal minación de todas las Formas de Discriminación
— el derecho a la tierra estará permanentemente Racial (1965) establece el compromiso de los Esta­
amenazado, y el riesgo de desalojo, de despla­ dos de garantizar el derecho de toda persona a la
zamiento forzoso o de otras formas de pérdida de igualdad ante la ley sin distinción de raza, color,
la posesión es siempre inminente. La Campaña origen nacional o étnico. Esto requiere acciones
de las Naciones Unidas por la Seguridad de la positivas de los Estados que prohíban y eliminen
Tenencia reconoce la complejidad del tema cuando la discriminación racial en cuanto al desfrute de
apunta que “la seguridad de la tenencia deriva los derechos humanos, en particular el derecho
del hecho del derecho al acceso y al uso de la a ser propietario, individualmente y en asociación
tierra y de la propiedad, y que este derecho es con otros — artículo 5(d)(v) — y el derecho a la
justiciable. La posesión puede ser afectada por vivienda — artículo 5(y)(iii).
una variedad de formas, dependiendo del texto Sin embargo, como veremos más adelante,
constitucional y legal, de las normas sociales, el derecho a la propiedad tiene serios problemas
de los valores culturales y, de alguna manera, de de definición y es usado de forma contradictoria
la preferencia individual. En resumen, una per­ en el ámbito internacional respecto de los orde­
sona o familia tendrá la seguridad de la tenencia namientos jurídicos internos.
cuando esté protegida contra la remoción invo­
luntaria de sus tierras o residencias, excepto en 5 la mirada del derecho interno de estos
circunstancias excepcionales y solamente por conflictos. interrogantes y desafíos
medio de un conocido y acordado procedimiento a) El abordaje de los conflictos desde el derecho
legal, lo cual debe ser objetivo, equitativamente de propiedad individual y las potencialidades de
aplicable, contestable e independiente. Estas cir­ la función social y ambiental de la propiedad
cunstancias excepcionales se refieren a situacio­ La suerte de los conflictos territoriales difí­
nes en que la seguridad física de la vida y de la cilmente llega a jugarse en los tribunales, pues
propiedad estén amenazadas, o cuando las perso­ son muchos los actos de amenaza o realización
nas a ser desalojadas hayan ocupado la propie­ de desalojos o desplazamientos producidos por
dad mediante fuerza o intimidación”.50 fuerzas policiales, militares, grupos privados para­
El derecho a la propiedad es también militares o guardias privados se efectúan sin
garantizado en la Declaración Universal de los control judicial. Sin embargo cuando estos con­
Derechos Humanos, artículo 17, que establece flictos llegan a los tribunales, estos recurren a
que “toda persona tiene derecho a la propiedad, la legislación ordinaria para resolverlos prescin­
individual o colectivamente” y que “nadie será diendo de las obligaciones internacionales de
privado arbitrariamente de su propiedad”. Ello derechos humanos asumidos por el Estado.
no obsta a que alguien pueda ser privado si se res­ Desde los procesos de constitución de los
peta el principio de legalidad y de debido proceso estados nacionales de América Latina y con la

50
UNCHS (1999). Implementing the Habitat Agenda: Adequate Shelter for All, Global Campaign for Secure Tenure, UNCHS, Nairobi.

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Sebastian Tedeschi

aprobación de la legislación penal y civil estos o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem­estar de seus habitantes. 1º
conflictos usualmente han sido encuadrados O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal,
dentro del marco de la ilegalidad. Los códigos obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de
penales y civiles con un fuerte inclinación por la desenvolvimento e de expansão urbana. 2º A pro­
protección de derecho de propiedad individual, priedade urbana cumpre sua função social quando
atende às exigências fundamentais de ordenação
se ocupan de delitos como la “usurpación” y de­ da cidade expressas no plano diretor. 3º As desa­
propriações de imóveis urbanos serão feitas com
tallan cuidadosamente una serie de acciones prévia e justa indenização em dinheiro. 4º É fa­
reales y posesorias para proteger la este derecho. cultado ao poder público municipal, mediante
lei específica para área incluída no plano diretor,
Lo curioso es que este desarrollo de acciones para exigir, nos termos da lei federal, do proprietário
proteger a los propietarios o a los poseedores ori­ do solo urbano não edificado, subutilizado ou
não utilizado que promova seu adequado aprovei­
ginarios, no es acompañada con el mismo rigor tamento, sob pena, sucessivamente, de: I – parce­
lamento ou edificação compulsórios; II – imposto
para defender la posesión de los ocupantes de sobre a propriedade predial e territorial urbana
predios que estaban abandonados o que no cum­ progressivo no tempo; III – desapropriação com
pagamento mediante títulos da dívida pública de
plían una función social como ser lugar de habi­ emissão previamente aprovada pelo Senado Fe­
tación o productivo. deral, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o
Si bien muchas constituciones de América valor real da indenização e os juros legais.
Latina protegen la función social de la propiedad
son pocos los ordenamientos jurídicos que esta­ Sin embargo son pocas las legislaciones
blecen criterios definidos para su aplicación. La que han abordado con detalle el alcance de la fun­
función social de la propiedad impone al titular ción social y la instrumentación de un sistema de
del derecho de propiedad “deberes” que cumplir. vigilancia y sanciones contra los incumplimientos
Estos deberes en caso de ser incumplidos gene­ de estos deberes del propietario. Esto es suma­
ran consecuencias jurídicas que pueden ir desde mente relevante en los conflictos que analizamos,
distinto tipo de sanciones hasta la posibilidad de pues en los procesos judiciales donde se inter­
la pérdida de la propiedad. Un ejemplo de legis­ ponen acciones reales para el reconocimiento
lación que define la función social de la propie­ de los derechos de propiedad y la restitución de
dad rural es la Constitución Brasilera en cuyo la posesión, los jueces no suelen analizar esta
artículo 186 establece: cuestión, prolongando la idea de que los dere­
chos de propiedad solo otorgan derechos a sus
A função social é cumprida quando a propriedade
rural atende, simultaneamente, segundo critérios
titulares, pero no deberes y obligaciones.
e graus de exigência estabelecidos em lei, aos se­ Otra cuestión novedosa que aporta la legis­
guintes requisitos. I – aproveitamento racional e ade­
quado; II – utilização adequada dos recursos naturais lación brasilera es que como vemos en Artículo
disponíveis e preservação do meio ambiente; III 182 inciso 2 que para definir el contenido de la
– observância das disposições que regulam as rela­
ções de trabalho; IV – exploração que favoreça o función social de la propiedad urbana propone
bem­estar dos proprietários e dos trabalhadores. que ésta atienda el orden urbanístico establecido
en cada plan director de las ciudades. Lo intere­
A su vez estos criterios son definidos en sante es que como todas las ciudades de más de
una serie de decretos que establecen por ejemplo veinte mil habitantes están obligadas a garantizar
coeficientes de productividad para evitar que la un proceso de participación popular en la elabo­
propiedad sea expropiada, bajo la modalidad de ración del plan director, existe una gran posibili­
“expropiación sanción”.51 dad de establecer mediante la deliberación demo­
Mientras tanto en lo que refiere a la función crática otros nuevos y mejores contenidos para la
social de la propiedad urbana la Constitución función social de la propiedad, definido en cada
Federal de Brasil establece en su artículo 182: ciudad de acuerdo a la realidad local. Lo cierto es
que este principio aun no ha sido definido en el
A política de desenvolvimento urbano, executada
pelo poder público municipal, conforme diretri­
ámbito de los gobiernos locales lo que impide su
zes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar aplicación concreta.

51
Este tipo de expropiación es definida constitucionalmente y prevé la indemnización con “títulos de la deuda agraria con cláusulas de preservación
del valor real rescatables en un plazo de 20 años”.

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

Tampoco el criterio amplio de derecho a la b) la falta de coherencia entre las normas inter­
propiedad seguido por la Corte Interamericana nacionales de derechos humanos y las normas
de Derechos Humanos en el caso “Awas Tingni” de derecho interno
parece alcanzar las decisiones de los jueces que En algunos países la falta de un marco jurí­
día a día resuelven los casos de acciones reales dico coherente entre el sistema de derecho de
contra ocupantes de asentamientos informales propiedad y los principios de derechos humanos
en América Latina. Principalmente es el derecho sobre propiedad colectiva de la tierra y el terri­
de propiedad el argumento utilizado por los jueces torio, como por ejemplo los contenidos en el Con­
de América Latina para dejar sin tierra y vivienda venio 169 de la OIT, ha aumentado la vulnera­
a la población en situación de pobreza. bilidad de pueblos indígenas, afro­descendientes,
Ello nos lleva a plantear algunas inquietu­ otros grupos étnicos y campesinos, frente a la
des sobre la definición del derecho a la propiedad posibilidad de perder tierras que poseen ances­
como derecho humano. El primero es que surge tralmente. Ello porque los Estados no han imple­
la necesidad de establecer una distinción sobre mentado mecanismos que resguarden las titula­
“derechos de propiedad” y “derecho a ser propie­ ciones colectiva, o porque retrasan estas titulacio­
tario” que armonice la legislación interna de los nes colectivas en áreas en donde existen proyectos
países con las normas del derecho internacional de desarrollo, construcción de hidroeléctricas u
otras obras de infraestructura o implementación
de derechos humanos.
de proyectos turísticos, lo que termina por poner
El segundo es distinguir los derechos patri­
a la población de estos lugares en peligro de
moniales vinculados a actividades mercantiles o
desplazamientos masivos.
especulativas que no constituyen objeto de pro­
Uno de los grandes obstáculos ha sido la
tección de derechos fundamentales, de aquellos
titulación de territorios de comunidades indígenas
derechos al uso y goce de los bienes que hacen
sobre tierras registradas a nombre de propietarios
posible las condiciones adecuadas de vida, en los
individuales o empresas. En general los Estados
términos del artículo 11 del Pacto Internacional
se ven sujetados por las leyes de expropiación,
de Derechos Económicos Sociales y Culturales.
que usualmente están fuertemente respaldadas
El tercero es que en la definición del dere­
por la constitución, lo que obliga al Estado que
cho de propiedad debería definirse mejor el papel
quiera recuperar esas tierras a pagar altas sumas
que cumple la posesión o a la realidad efectiva
de dinero, situación que en la mayoría de los casos
de la ocupación de un área. Ello para poder veri­
es de difícil, sino imposible concreción.
ficar, si en las circunstancias en que se producen
La implementación del Convenio 169 de
las ocupaciones, existían incumplimientos de
la OIT implica un riguroso programa de refor­
deberes del “propietario inscripto” sobre la fun­
mas de la legislación interna de los países, que
ción social o ambiental del inmueble que puedan no se reduce simplemente a establecer un proce­
consolidar derechos de los posteriores ocupantes. dimiento administrativo para el trámite de la
El cuarto es la necesidad de avanzar en titulación, sino que implican una revisión de
una legislación — incluyendo modificaciones las normas ambientales, sobre el régimen de los
constitucionales y del Código Civil — que defi­ recursos naturales, sobre ordenamiento territorial
na con mayor precisión las obligaciones de los urbano y rural, sobre los códigos de fondos y de
propietarios en relación con la función social y procedimiento penal y civil, sobre las normas im­
ambiental de la propiedad y que posibilite que positivas, entre otras. Claro todo ello sustentado
frente al incumplimiento de estas obligaciones por fondos públicos suficientes para implemen­
se pueda perder el derecho a la propiedad. tar las acciones que los posibilitan.
El quinto es que debería encararse una
profunda reforma de los sistemas regístrales c) El tratamiento jurídico de los departamentos
para tornarlos más transparentes, accesibles al jurídicos de las empresas y el Estado. El atajo
público y garantizar procedimientos que permi­ ambiental
tan un mayor cuestionamiento sobre los dere­ El tratamiento jurídico que hacen los depar­
chos inscriptos. tamentos legales de las empresas emprendedoras

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Sebastian Tedeschi

y de los gobiernos de estos conflictos es bastante derechos de quienes sufren estos conflictos y en
sencillo. Si se pretende realizar el emprendimiento segundo lugar que es necesario un debate pro­
sobre tierra pública el gobierno central puede fundo entre el campo jurídico ambiental y de
desalojar directamente a los pobladores o hacerlo derechos humanos especialmente para la armo­
mediante el ofrecimiento de alguna compensación nización de las normas referidas a ordenamiento
económica y reubicación de las viviendas. Si en territorial urbano y rural, y régimen de los recur­
cambio se realiza sobre tierra privada se busca la sos naturales.
expropiación del terreno por vía administrativa
o judicial, de acuerdo al régimen jurídico de cada d) la criminalización de quienes buscan un lugar
país. Tanto con intervención judicial como sin para vivir
ella se suele acompañar estos procesos con un La legislación criminal no es un buen
alto nivel de movilización de efectivos policiales remedio para solucionar los conflictos territoria­
con sus “grupos especiales” preparados para de­ les ni los desalojos, aunque su amenaza latente
sarrollar una gran batalla campal o responder es un instrumento poderoso de disciplina de los
con una fuerte represión. A veces acompañados pobres que no tienen un lugar donde vivir en
de tractores y palas mecánicas para destruir todo América Latina. Por el contrario, criminalizar si­
lo construido en el área a despejar en el mismo tuaciones de pobreza expone a las personas desa­
día que el desalojo. lojadas a nuevas situaciones de degradación.
Como vemos el enfoque jurídico de los Como contraste, los tipos penales que protegen
casos se circunscribe al derecho de propiedad, la violación de domicilio y la intimidad son bas­
al campo de los derechos reales y quizás en tante débiles y en la mayoría de los casos no
alguna medida al derecho administrativo. Todo incluyen la protección de quienes tienen una
ello respaldado por la movilización del aparato situación irregular de la tenencia, quienes justa­
represivo del estado en ocasiones bendecidos mente son los mayormente afectados por la vio­
por los tribunales con competencia criminal. lación de su derecho a la vivienda.
La novedad de la última década que ha aliviado Existen otros instrumentos de política públi­
pero no resuelto el conflicto es que la mayoría ca más eficaces para encarar soluciones frente a
de los países de América Latina han adoptado las personas que ocupan predios abandonados
normas de protección al medio ambiente y entre para alojarse. Para una legislación interna com­
ellas usualmente se establece la obligación de patible con los estándares internacionales sobre
hacer los estudios de impacto ambiental y la desalojos, se deberían derogar los tipos penales
implementación de un plan de mitigación de los que criminalizan a las personas que ocupan irre­
daños que se produzcan. La mayoría de los con­ gularmente predios públicos y privados cuando
flictos territoriales que hoy llegan a ser conocidos estas personas no tengan alternativas para acce­
por la opinión pública han llegado a esta situa­ der a una vivienda o cuando el Estado se omite
ción por violar algunos de estos estándares y en proveer políticas y programas públicos de
poner en peligro de contaminación u otros daños vivienda y acceso a la tierra. También se deberían
irreparables a los pobladores. Sin embargo la po­ revisar los estándares de debido proceso legal en
blación afectada por estos proyectos difícilmente las acciones judiciales de desalojo o reivindica­
tiene tiempo y fondos para sustentar una posi­ ción de propiedad que afectan a comunidades o
ción respaldada técnicamente de oposición a grupos de personas, sin que se les dé la posibilidad
estos proyectos y usualmente no tiene acceso de amplia defensa. A su vez deberíamos pensar
regular a los tribunales. Todo ello resulta en que sobre la utilización de otros mecanismos del
las consultas a los pobladores suelen ser un trá­ derecho que permitan la concertación entre las
mite formal, más que una oportunidad de decisión partes, que dejen lugar a las búsquedas alternativas
de las personas que habitan un territorio sobre el y sostenibles de alojamiento para estas personas.
uso de los recursos del lugar en dónde viven. En conclusión, la agenda de conflictos
Esto implica un gran desafío en primer sociales vinculados a los territorios apenas ha
lugar para admitir que el enfoque desde el dere­ sido presentada y el campo de reformas legales
cho ambiental es insuficiente para garantizar los que tenemos por delante está con una lista grande

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Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en América Latina

de tareas por encarar. Estos desafíos implican jurídicamente procesos de participación popular
en primer lugar una mayor comunicación entre en la planificación del desarrollo y en las dis­
los distintos actores sociales como movimientos cusiones sobre el uso de los espacios en dónde
urbanos, rurales y de pueblos indígenas y afro­ vivimos. El ejemplo desarrollado por el derecho
descendientes y los operadores jurídicos para urbanístico brasilero es un modelo de referencia
formular respuestas a sus problemas comunes. para los países de América Latina, pues hace el
Este mismo criterio debería ser seguido para esfuerzo de tomar en cuenta esta conflictividad
quienes desde la teoría y la dogmática juristas y dar una respuesta técnica compatible con los
trabajan en estos temas. En segundo lugar asu­ estándares de derechos humanos. En cuarto que
mir la insuficiencia de un discurso dogmático de nos debemos una discusión más valiente y rigu­
derechos humanos que simplemente denuncia rosa sobre la relación entre derechos de propiedad
que los estados violan obligaciones internaciona­ y derechos humanos.
les de derechos humanos, pero que no aborda la
Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da
discusión de las complejas normas jurídicas inter­ Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
nas en dónde los Estados tienen tradicionalmente
TEDESCHI, Sebastian. Los conflictos urbanos en el territorio y el
articuladas sus respuestas frente a estos conflictos.
derecho en América Latina. Fórum de Direito Urbano e Ambiental
En tercer lugar que es necesario instrumentar – FDUA, Belo Horizonte, ano 9, n. 54, p. 17-37, nov./dez. 2010.

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La Agenda Urbana, entre luces y sombras del Bicentenario

Argentina

la agenda urbana, entre luces y sombras del Bicentenario


Juan luciano Scatolini
Abogado y Escribano (UNLP). Cursó Especialización en Derecho Administrativo Económico (UCA Santo Tomás Moro).
Docente del Instituto de Estudios e Investigaciones Judiciales de la Suprema Corte de Justicia y del Lincoln Institute
Of Land Policy. Se desempeña desde el año 1998 en la Escribanía General de Gobierno de la Prov. de Bs. As., desde
Diciembre de 2007 lo hace como Escribano Superior Adjunto.

Sumario: i Introducción – ii La ciudad informal – iii El inaccesible mercado de suelo – iv Un


nuevo actor relevante: el poder judicial – v El rol regulador del Estado – vi Urbanización de villas y
asentamientos – vii Programas de regularización dominial – Conclusión

i introducción nivel de satisfacción o insatisfacción de nuestro


Pasadas las primeras horas del 25 de Mayo pueblo y el grado de avance o retroceso de las
de 2010 la Ciudad de Buenos Aires vive un espe­ políticas públicas que se han venido desarrollan­
cial clima de fiesta en el que nos apropiamos do en los últimos tiempos.
de las calles y espacios públicos para festejar La consolidación de la democracia Argentina,
los doscientos años del nacimiento de la patria. que lleva veintisiete años ininterrumpidos, per­
Familias de la mano, hombres de negocios, muje­ mite niveles de análisis profundos y científicos.
res engalanadas y parias urbanos se confunden Sin duda contamos con instituciones sólidas y
en la inmensidad de la Avenida 9 de Julio, en una importante participación ciudadana que se
donde la cultura, la fiesta popular, las costumbres expresa en la lucha posible por el reconocimiento
y los espectáculos públicos nos igualan desde lo de derechos humanos años atrás impensados.
más profundo del sentimiento de ser argentinos. Esta realidad en que convive el sueño liber­
Este presente nos encuentra obligados a tario de 1810 y la frustración a la que nos empujan
volver a pensar como convertir la patria en un viejas prácticas propias de un Estado colonial es
espacio en el que más allá de la historia y los valo­ la intentaremos analizar desde la perspectiva del
res compartidos, sea capaz de asegurar un mínimo desarrollo urbano en los próximos párrafos.
de dignidad y esperanza para el conjunto de los
ciudadanos, propiciando prácticas de desarrollo ii la ciudad informal
urbano y social inclusivas, con las que pongamos Parte de nuestra historia reciente ha estado
un límite al dolor de millones de compatriotas signada por una característica que se reproduce
que habitan en la informalidad. sin encontrar las respuestas adecuadas que per­
Cuando reconocemos la lucha de aquellos mitan revertir una tendencia que se profundiza:
que soñaron una Nación libre, justa y soberana, ciudades que crecen aumentando la brecha urba­
nos ponemos de cara a verificar logros y deudas na, en la que el paradigma ciudad formal versus
que nos conduzcan a avanzar hacia los objetivos ciudad informal se ha convertido en regla.
de realización colectiva esperados, sin los cuales Encontrar las causas que producen la ciu­
es imposible pensar en la construcción de ciu­ dad informal, tal vez sea la tarea más sencilla,
dadanía plena. ya que la misma responde a las mismas lógicas
Sin duda la agenda urbana nos propone en las que operan las teorías económicas de la
luces y sombras que nos permitirán analizar el globalización.1 Nuestro mayor desafío será indagar

1
Los autores alemanes Hans Peter Martin y Harald Schumann hacia el año 1996 definían que los más poderosos hombres y mujeres del mundo
de la política y los negocios reunidos en el Hotel Fairmont de San Francisco reducían el futuro a un par de números y un concepto: “20 a 80” y
tittytainment; consideraban que el 20% de la población activa bastaría para mantener en marcha la economía mundial y para el 80% restante
sólo había que asegurar alimento suficiente y entretenimiento ensordecedor. – “La Trampa de la Globalización” El ataque contra la democracia
y el bienestar, Ed. Taurus, 1999. Ver entre otros autores Samir Amin “Más allá del capitalismo senil”, Ed. Paidós, 2003; Bernardo Klisberg y
Amartya Sen “Primero la Gente”, Ed. Temas, 2007 y Richard Sennet “La cultura del nuevo capitalismo”, Ed. Anagrama, 2006.

Fórum de Dir. Urbano e Ambiental - FDUA, Belo Horizonte, ano 9, n. 54, p. 39-50, nov./dez. 2010 artigos 3

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Juan Luciano Scatolini

en aquellas prácticas que se vienen desarrollando estatal. Análisis consolidados del funcionamiento
y otras propuestas, que transformen el espacio de dicho mercado inmobiliario6 indican que
urbano en un ámbito articulador de aquel princi­ posterior a la crisis económica, política y social
pio consagrado en las estrofas de nuestro himno del año 2002, época en la que el metros cua­
nacional “…ved en trono a la noble igualdad”. drado en el mercado formal tocó su piso en la
Por ello aquí el esfuerzo es pensar el terri­ Ciudad de Buenos Aires (US$214/m2), a la fecha
torio como un todo, en el que más allá de ser el ha aumentado el precio del metro cuadrado cons­
espacio articulador de las relaciones sociales,2 es truido en valores relativos más de un 375%, supe­
el objeto de estudio, de acción, de planificación rando así los márgenes de rendimiento de cualq­
y de reconocimiento de la soberanía nacional sin uier actividad productiva e incluso financiera.
la cual no se alcanza el estatus jurídico de Estado Durante el mismo período como, señala
Nación. Luis Baer, el salario promedio en dólares ha dis­
Debemos por lo tanto describir causas y minuido casi tres veces.7
consecuencias que producen la ciudad informal, Esto determinó que a pesar de la expansión
indagar sobre los actores que con su acción de la oferta residencial empeoraron las condicio­
llevan adelante los cambios necesarios e identi­ nes para el acceso a la vivienda, circunstancia que
ficar responsabilidades ciertas que nos impiden perjudica a los sectores sociales que dependen
avanzar sobre la construcción de ciudades más del salario para acceder a un inmueble dentro
justas. del mercado formal.
Todo ello partiendo de la base que un tercio El comportamiento del mercado se ha
de nuestra población habita en la informalidad3 inclinado a los sectores de más alto poder adqui­
según datos obtenidos del censo poblacional de sitivo, provocando una doble concentración del
2001, tendencia que lejos de revertirse se ha ve­ mercado inmobiliario: el territorial y de categoría
nido profundizando en estos últimos años a pesar de vivienda.
de coincidir con tiempos de mayor crecimiento Asimismo las prácticas de los propietarios
macroeconómico.4 del suelo han es tado ligadas a maniobras tendien­
tes a la retención de terrenos en zonas de ensan­
iii El inaccesible mercado de suelo5 che o expansión urbana, como así también en las
La principal causa de informalidad en la que el Estado ha venido ejecutando importantes
Argentina está constituida por la falta de acceso obras de infraestructura.8
a suelo con servicios que afecta a más de la mitad Paradójicamente el período mencionado
de la población económicamente activa. también ha sido el de mayor inversión estatal en
Las prácticas del mercado de tierra y vi­ obras públicas y de equipamiento comunitario,9
vienda urbana han venido respondiendo a lógicas en el que se llevan ejecutadas obras en todo el
especulativas con nula o casi nula regulación país con aportes genuinos del Estado Nacional.10

2
Juan D. Lombardo considera que el espacio urbano no es simple reflejo de las relaciones sociales, sino parte constituyente de ellas. Es el lugar
donde estas relaciones se concretan, no donde se reflejan, ver Lombardo, Juan D; En “Paradigmas Urbanos y Construcción Social de la Ciudad”,
Ed. UNGS en obra Colectiva Paradigmas Urbanos, pág. 16 y sigs.
3
Por informalidad entendemos siguiendo a Martin O. Smolka y Ciro Biderman en su trabajo “Como medir la informalidad en los asentamientos
de viviendas ocupadas: ¿para qué preocuparse?: seguridad de tenencia (propiedad), acceso a servicios públicos (agua potable y sistema de
alcantarillado), conformidad con las normas y reglamentos urbanos (tamaño de parcela, ancho de calles y espacio público) y la calidad física de
la vivienda.
4
A partir del año 2003 la economía Argentina creció al 8,5% en promedio, a pesar de ello la villa 1-11-14 del Bajo Flores pasó de tener 13.000
habitantes en el año 2001 a superar los 40.000 hacia finales del año 2008 según un informe elaborado por la Asociación Civil por la Igualdad
y la Justicia, en el que se denuncia la ineficiente política de vivienda del Gobierno de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires.
5
Ver entre otros a Carlos Morales Schechinger en “Políticas de suelo urbano, accesibilidad de los pobres y recuperación de plusvalías”, en
texto que forma parte de la investigación denominada “La renta del suelo, las finanzas urbanas y el municipio mexicano” desarrollada en la
Universidad Nacional Autónoma de México.
6
Luis Baer en “Crecimiento económico, mercado inmobiliario y ausencia de política de suelo. Un análisis de la expansión del espacio residencial
de la Ciudad de Buenos Aires en los 2000”. Revista Proyección 5, Ordenamiento territorial Argentina, 2008, Año 4, Vol. 2 – Número 5.
7
De un salario promedio hacia mediados de 2001 de US$1300 a un salario promedio hacia mediados del año 2009 de US$500.
8
Ver Juan Luciano Scatolini, “Acceso a la tierra, informalidad y concentración” en RAP, Octubre-Noviembre de 2007, Nros. 55 y 56, pág. 177-191.
9
A sólo título de ejemplo en el Partido de 3 de Febrero, Provincia de Buenos Aires, se destinaron 80 millones de dólares en los últimos siete años
para la construcción de 3.821 viviendas, 709 mejoramientos habitacionales. En dichas viviendas habitan más de 10.000 personas, con una
superficie cubierta de 42m2. Asimismo se ejecutaron obras cloacales y de pavimentación de calles. Fuente Diario Clarín del 16 de Junio de 2010,
pág. 21. Nota realizada con motivo de la entrega de viviendas por parte de la Presidenta de la Nación Cristina Fernandez junto al Intendente
Municipal Hugo Curto.
10
Ver Informe “Plan estratégico territorial Argentina del Bicentenario 1816-2016” editado por el Ministerio de Planificación Federal, Inversión
Pública y Servicios, año 2008.

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La Agenda Urbana, entre luces y sombras del Bicentenario

Y de mayor independencia en materia de toma Asistimos ,como dice la Socióloga Saskia


de decisiones macro económicas.11 Sassen,13 a distintas formas de expulsión del terri­
Entre las causas de insatisfacción social más torio nacional por el mercado global. El Estado
importantes en este aspecto podemos destacar: Nacional soberano implica necesariamente un
Estado con autoridad para admitir un reclamo,
• La falta de acceso al crédito por parte de los para proteger a sus ciudadanos más débiles.
sectores de bajos y medios ingresos
Esto se debe a créditos hipotecarios con • Incorrecto encuadre normativo para el desarro­
elevadas tasas de interés, restringida oferta y una llo urbano con inclusión social
inapropiada relación entre cuota e ingreso. Entre Además de la ausencia de una norma nacio­
los años 2003 y 2006 el 96% de las operaciones nal que establezca los parámetros que deben ser
inmobiliarias se realizaron por fuera del mercado tenidos en cuenta para la ocupación, subdivisión
crediticio. y equipamiento del suelo urbano, tampoco las
La mayoría de la banca se encuentra en Provincias, tratándose de un país Federal y de en
manos privadas, que durante los últimos años gran parte facultades no delegadas a la Nación,
no ha puesto a disposición líneas crediticias para solo dos provincias cuentan con leyes de desa­
vivienda, sí lo ha hecho la banca pública pero rrollo urbano.14
exigiendo ingresos familiares mensuales mínimos En el caso de la Provincia de Buenos
de al menos dos mil dólares, para financiar a veinte Aires, territorio donde habitan casi 20 millones
o treinta años hasta el 65% del valor de la vivien­ personas, rige el Decreto Ley 8912/77 producto
da, con tasas de interés superiores al 15% anual. de un Gobierno dictatorial que ha venido siendo
fuertemente criticada tanto por especialistas15
• Falta de acceso al mercado de alquileres como por los propios operadores del sistema.
Ante un mercado regido por prácticas de La ley no dispone ni de un solo artículo
propietarios patrimonialistas e inversionistas, tal que prevea la ocupación de suelo destinado a
como definiera Morales, que compran vivienda sectores populares, responde a un estilo elitista
como reserva de valor o inversión y la falta de y tecnocrático del urbanismo. No incluye el con­
regulación estatal, se ha generado una escasez cepto de planes parciales ni integrales, tampoco
relativa de unidades de vivienda destinadas a prevé obligaciones para los desarrolladores inmo­
familias de ingresos medios o bajos que provo­ biliarios de destinar parte del suelo a viviendas
can altos costos de locación. Ello sumado sí a la de interés social.
fuerte regulación prevista en la ley de alquileres Asimismo el proceso de valorización es apro­
urbanos en cuanto a requisitos y garantías reales vechado en forma absoluta por los propietarios
que deben cumplimentar los futuros inquilinos.12 del suelo, impidiendo que la colectividad se
beneficie con parte del mismo, circunstancia es­
• Escasa oferta de suelo público destinado a pro­ tructuralmente injusta que no responde a los más
yectos de vivienda social o autogestionada modernos criterios de desarrollo urbano.16
Como lo veremos más adelante no conta­ No obstante las criticas, la norma cuenta
mos con legislación que obligue a los desarrolla­ con mecanismos incluidos en el Título IV, Capí­
dores inmobiliarios en sus planes y proyectos a tulo IV con instrumentos tales como el engloba­
destinar parte del suelo con destino a vivienda miento parcelario y la declaración de edificación
de interés social, al estilo colombiano. necesaria, entre otros, que de aplicarse por parte

11
La Argentina canceló su deuda por diez mil millones de dólares con el Fondo Monetario Internacional, evitando de este modo tener que cumplir
con las pautas de inversión y desarrollo indicadas por este Organismo Internacional que condujo durante la década del 90 a la peor crisis
económica y social del historia Argentina. Asimismo se implementaron políticas de recuperación de activos, tales como la reestatización de los
fondos del sistema nacional de jubilaciones y pensiones.
12
Han sido presentados propuestas legislativas como la del Legislador Juan Cabandié tendientes a regular con un sentido social el mercado de
alquileres e incluso prever la creación de fondos estatales de garantía, sin que las mismas hayan podido ser sancionadas.
13
Ver Saskia Sassen en “Territorio, autoridad, derechos”. Ed. Katz, 2010.
14
Las provincias de Buenos Aires y Mendoza son las únicas.
15
Ver Eduardo Reese “La situación actual de la gestión urbana y la agenda de las ciudades en la Argentina”, en obra colectiva Medio Ambiente
y Urbanización; Ed. IIED – AL, Noviembre 2006, Número 65, pág. 3-21.
16
No se implementan instrumentos de participación en plusvalías urbanas (como lo llaman en Colombia), o de gestión social de la valorización
inmobiliaria (como lo hacen en Brasil), acentuándose de ese modo aún más la ya existente desigual distribución de la renta urbana.

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de los municipios podrían mejorar el actual establecer la base imponible, alientan la retención
cuadro de situación en materia de acceso al suelo. de suelo como reserva valor. Como contraparti­
Actualmente nos encontramos en un pro­ da de aplicarse un fuerte impuesto inmobiliario
ceso de revisión por vía reglamentaria y de excep­ se desalentarían las prácticas especulativas y se
ción al Decreto Ley 8912/77, con los objetivos facilitaría una mayor recaudación que podría
de permitir la regularización urbana y dominial destinarse al mejoramiento de la infraestructura y
de barrios consolidados, cuya ocupación no res­ de los servicios urbanos, especialmente en zonas
ponde a los parámetros de medidas, densidades postergadas de la ciudad.
y equipamientos establecidos al momento de
dictarse la misma. Asimismo se busca establecer • Proliferación de loteos ilegales
nuevos requisitos para la puesta en el mercado Este es un fenómeno muticausal que se
de lotes con servicios con un fin social en los verifica en todos los países latinoamericanos y en
que el Estado sea regulador y facilitador de las vías de desarrollo. Numerosos trabajos18 y autores
propuestas a través de la oferta de suelo público. tratan de explicar este fenómeno que no se detiene,
sino que crece a través de nuevos asentamientos
• Falta de políticas activas referidas a vacíos informales a tasas dos a tres veces mayores a la del
urbanos crecimiento de la población urbana formal.19
Los vacíos urbanos están compuestos por En la Argentina esta situación tiene como
todos aquellos lotes de terreno que se encuen­ responsables a desarrolladores piratas, propie­
tran alcanzados por las normas urbanísticas, en tarios especulativos, dirigentes políticos locales
cuanto a su potencial edificatorio y servidos con cómplices con tales prácticas y legisladores que
infraestructura suficiente para su habitabilidad. no ponen límites y sanciones a estas acciones.20
Los mismos a pesar de formar parte de la Los ciudadanos en la mayoría de los casos
trama urbana de las ciudades, se encuentran libres son víctimas de su propia necesidad de acceder
de ocupantes por motivos diversos: abandona­ al suelo, comprando de buena fé lotes en zonas
dos, vacantes o en proceso de “engorde”. En todos rurales que no pueden ser subdivididas, sin ser­
los casos una falta de políticas activas para la vicios o a falsos titulares de dominio que trasmi­
dinamización de los mismos, retrae el mercado ten derechos posesorios que luego no pueden ser
y eleva los precios del suelo. regularizados, produciéndose fuertes conflictos
sociales.
• Inexistencia de parámetros tributarios que con­
tribuyan a limitar la especulación • Mal direccionamiento de los recursos públicos
Otro de los factores que inciden negativa­ Se verifican fuertes inversiones públicas
mente y alientan la especulación es la falta de en zonas centrales dirigidas a sectores medios
políticas tributarias que presionen sobre el suelo o altos y la asignación de infraestructura vial y
ocioso. de servicios para el ensanche de la trama urbana
La falta de actualización de los métodos donde se localizan urbanizaciones cerradas.21
valuatorios, unido a la desactualización de los va­ Durante los años noventa se han realizado
lores de referencia17 que se toman en cuenta para inversiones de entre 3.500 y 4.000 millones de

17
A diferencia de América Latina, Estados Unidos y Canadá tienen una base de recaudación del impuesto a la propiedad que, en términos
generales, se considera estable y eficiente tanto en términos de previsión de ingresos para los gobiernos locales como en términos de su
administración y recaudación. Los sistemas de valuación de inmuebles están perfectamente desarrollados así como los procedimientos para su
recaudación. Por la tanto en América del Norte uno habitualmente encuentra tasas impositivas de 3 a 4% en valores de propiedad relativamente
bien tasados y el porcentaje de recaudación para el impuesto a la propiedad está por encima del 90% en todos los estados de las Estados
Unidos, por el contrario en América Latina el Impuesto Inmobiliario raramente grava a las propiedades por encima del 1% de su valor fiscal. El
que además se encuentra marcadamente por debajo de su valor de mercado (Smolka & Ambrosi 2001).
18
Ver Edésio Fernandes y Ann Varley en “Ciudades Ilegales”. La ley y el urbanismo en países en vías de desarrollo. Ed. PROMESHA, año 2003.
19
Ver Edésio Fernandes y Martin O. Smolka, en “Regularización de la tierra y programas de mejoramiento: nuevas consideraciones”. Ed. Land
Lines, Julio de 2004, volumen 16, número 3, Lincoln Institute Of Land Policy.
20
Actualmente el autor del presente ha presentado, en colaboración con la Subsecretaría de Asuntos Municipales, un proyecto que se encuentra
en proceso de análisis por parte del Poder Ejecutivo, para la prevención y sanción de lotes clandestinos, haciendo valer los mismos derechos que
posee cualquier usuario o consumidor protegido por Ley Nacional de Defensa de los derechos de usuarios y consumidores. La propuesta obliga
a que toda oferta pública de lote o vivienda única, familiar y de ocupación permanente cuente con cartillas instructivas e información urbanística
de fácil comprensión para la comunidad con una autoridad administrativa de aplicación, entre otros aspectos.
21
Clichevsky Nora, “Mercado de Tierra y sector inmobiliario en el área metropolitana de Buenos Aires, transformaciones e impactos territoriales”,
informe CONICET, documento presentado en el VI seminario de la red de investigadores en globalización y territorio, Rosario, Mayo de 2001.

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La Agenda Urbana, entre luces y sombras del Bicentenario

dólares solamente en nuevas urbanizaciones pri­ de definir el concepto de dominio, moldea sus
vadas (barrios cerrados, clubes de campo, mari­ características de absoluto, exclusivo y perpetuo.
nas, chacras y ciudades privadas) con alrededor No obstante ello corresponde recordar que
de 4.000.000 de m2 cubiertos construidos y ocu­ también nuestro texto constitucional en su artí­
pando una superficie total aproximada de 30.000 culo 14 bis in fine, establece que “El Estado otorga­
hectáreas o 300km2, sólo estas tipologías expan­ rá los beneficios de la seguridad social, que tendrá
dieron un 10% la superficie total aproximada carácter integral e irrenunciable. En especial la ley
del área metropolitana de Buenos Aires. establecerá:…el acceso a una vivienda digna”.
En este mismo sentido a partir de la reforma
• El concepto de propiedad privada constitucional de 1994 se incorporaron a nuestra
Creemos que las políticas que se deben legislación interna pactos internacionales de de­
llevar adelante en materia de acceso a la tierra rechos humanos con jerarquía constitucional a
como presupuesto básico para el desarrollo hu­ través del Art. 75 inciso 22, entre los que se desta­
mano, deben partir de una redefinición del con­ ca el Pacto Internacional de Derechos Econó­
cepto de propiedad privada. micos y Culturales,24 que protegen el derecho a
Es fundamental abordar el debate consi­ la vivienda. En el mismo sentido se expresan la
derando que las formas de ejercicio de la propie­ Declaración Universal de Derechos Humanos, la
dad, en tanto mecanismo esencial de ejercicio Declaración Americana sobre Derechos y Deberes
del poder, justifican tanto la generación de con­ del Hombre y la Convención Americana sobre
flicto y violencia como su resolución.22 Derechos Humanos.
Nuestro país posee un arraigado concepto Sin dudas que en esta breve introducción
de la propiedad de origen civilista que está basado al tema de la propiedad privada en la Argentina,
en principios ideológicos que inspiraron al legis­ se pone al menos en contexto la tensión perma­
lador del Código de Velez Sarfield. nente que se produce en nuestro país y en el
Es necesario pensar y analizar como se mundo25 cuando se analiza y se discuten derechos
desenvuelve el derecho de propiedad sobre la individuales que pueden llegar a vulnerar inte­
tierra en una sociedad como la nuestra marcada reses colectivos.
por profundas deudas sociales e inequidades. Para Todo lo hasta aquí analizado forma parte
ello debemos plantearnos el desafío de conside­ de las sombras que encontramos al momento de
rar la existencia de derechos­deberes,23 ligados analizar y verificar la falta de realización plena
al principio de solidaridad, como fundantes de de gran parte de la población Argentina en cuanto
un nuevo pacto social que nos vincule con la a la efectiva integración urbana.
propiedad, para lo cual pugnamos por un Estado
activo, regulador, que modifique sus acciones que iv un nuevo actor relevante: el poder judicial
en general han servido para legitimar y mantener La falta de reconocimiento por parte del
privilegios y exclusiones. Estado a un importante porcentaje de su población
Nuestra constitución, no contiene en del derecho a una vivienda digna, dentro de un
su articulado el concepto de función social de ambiente sano, ha dado lugar el crecimiento y
la propiedad, sino que en el artículo 17 de la densificación de villas y asentamientos informales,
Constitución Nacional se define a la propiedad como así también a la marginación y segrega­
como inviolable y el código civil, conforme texto ción socio espacial.
de Velez Sarfield, a través de lo previsto en los La Argentina a partir de la reforma cons­
artículos 2506, 2508, 2509, 2516 y 2517, además titucional de 1994, si bien como veíamos no

22
Maldonado Capello María de las Mercedes “La propiedad en la constitución colombiana de 1991. Superando la tradición del Código Civil”,
parte de la tesis doctoral de la referida autora, en Urbanismo, Université de Paris XII, Laboratoire d´Anthropologie Juridique de Paris.
23
Sonia Rabello al analizar los alcances del Estatuto de la Ciudad y la preservación del patrimonio cultural en Brasil, se explaya acerca de la
diferencia entre el derecho de propiedad y el derecho de construir que no nace per se del mismo.
24
El Artículo 11 expresa que “Los Estados parte en el presente Pacto reconocen el derecho de toda persona a un nivel adecuado de vida para sí y
su familia, incluso alimentación, vestido y vivienda adecuados y a una mejora continua en las condiciones de existencia…”.
25
Ver Antonio Azuela y Miguel Ángel Canciano en “Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano” publicado
como parte del libro “La Constitución y el Medio Ambiente”, coordinado por Emilio O. Rabasa, México: Instituto de Investigaciones Jurídicas
– UNAM 2007.

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Juan Luciano Scatolini

reconoció el fin social de la propiedad privada, dispuesto en forma obligatoria para el Estado
si contempla el derecho colectivo a un ambiente Nacional, Provincia de Buenos Aires, Ciudad
sano26 e instrumentó mecanismos procesales como Autónoma de Buenos Aires y los 13 municipios
la acción de amparo27 para el reconociendo y res­ que conforman la cuenca, la puesta en práctica de
tablecimiento de ese derecho. un programa de acción conjunta que tenga como
Esta nueva dimensión de lo ambiental, objetivos la mejora de la calidad de vida de los
acompañada del dictado de normas federales28 y habitantes de la cuenca, la recomposición del
provinciales29 que lo hacen operativo ha venido ambiente en todos sus componentes (agua, aire,
dando lugar a una jurisprudencia cada vez más suelos) y la prevención de daños futuros.
dinámica y proactiva en que se despliega en un Para tal fin ha ordenado que se informe en
conjunto de medidas de cumplimiento obligato­ forma periódica el avance del programa, se reloca­
rio por parte de los gobiernos de las provincias y licen empresas contaminantes, se limpie el margen
nacional, con importante impacto sobre el desa­ de los ríos, se expanda la red de agua potable, se
rrollo urbano. concreten obras de desagües pluviales y cloacales
En este aspecto la reciente sentencia del y efectuar un plan sanitario de emergencia.
máximo tribunal, Corte Suprema de Justicia de la Asimismo la Corte estableció que debe
Nación, conocido como caso “Mendoza Silvia”30 llevarse adelante un control de los fondos y de
es una clara muestra de la existencia en nuestro la asignación presupuestaria que se realice en
país de un nuevo orden urbano ambiental en que el marco del Programa, a través de la Auditoría
por vía de la acción judicial se establecen decisio­ General de la Nación y con participación plena
nes de índole materialmente administrativa que de la ciudadanía.
deben ser respetadas por los distintos gobiernos.31 A nivel de los tribunales inferiores también
El citado fallo tuvo como objeto el resta­ nos encontramos con sentencias que marcan la
blecimiento ambiental y el abordaje integral de necesidad de repensar el rol del Poder Ejecutivo
la problemática que afecta el hábitat en el ámbito en el diseño de las políticas de acceso al suelo
de la cuenca del Río Matanza – Riachuelo, y la vivienda. El reconocimiento por parte del
cuyo largo es de 70km., abarcando 2.940km2 de Poder Judicial de “que es de público y notorio
superficie entre el Sur de la Ciudad de Buenos conocimiento que el aumento verificado en el
Aires y 13 municipios de la Provincia de Buenos valor de la tierra, no guarda proporción alguna
Aires, con una población afectada aproximada con los ingresos promedio de la población, lo cual
de tres millones y medio de habitantes. determina una creciente demanda social de polí­
Con fecha 8 de Junio de 2008 el máximo ticas públicas que tiendan a equilibrar el citado
tribunal Argentino, en uso de facultades ordena­ desfasaje, para permitir el acceso de los sectores
torias e instructorias reconocidas por la Ley al más vulnerables a la vivienda digna…”,32 nos
Tribunal a fin de proteger el interés general, ha lleva claramente en la dirección mencionada.

26
El Artículo 41 de la Constitución Nacional establece: “Todos los habitantes gozan del derecho a un ambiente sano, equilibrado, apto para el
desarrollo humano y para que las actividades productivas satisfagan las necesidades presentes sin comprometer las de las generaciones futuras;
y tienen el deber de preservarlo. El daño ambiental generará prioritariamente la obligación de recomponer, según lo establezca la ley. Las
autoridades proveerán a la protección de este derecho, a la utilización racional de los recursos naturales, a la preservación del patrimonio natural
y cultural y de la diversidad biológica, y a la información y educación ambientales. Corresponde a la Nación dictar las normas que contengan los
presupuestos mínimos de protección, y a las provincias, las necesarias para complementarlas, sin que aquéllas alteren las jurisdicciones locales.
Se prohíbe el ingreso al territorio nacional de residuos actual o potencialmente peligrosos, y de los radiactivos”.
27
El Artículo 43 de la Constitución Nacional dispone: “Toda persona puede interponer acción expedita y rápida de amparo, siempre que no exista
otro medio judicial más idóneo, contra todo acto u omisión de autoridades públicas o de particulares, que en forma actual o inminente lesione,
restrinja, altere o amenace, con arbitrariedad o ilegalidad manifiesta, derechos y garantías reconocidos por esta Constitución, un tratado o una
ley. En el caso, el juez podrá declarar la inconstitucionalidad de la norma en que se funde el acto u omisión lesiva. Podrán interponer esta acción
contra cualquier forma de discriminación y en lo relativo a los derechos que protegen al ambiente, a la competencia, al usuario y al consumidor,
así como a los derechos de incidencia colectiva en general, el afectado, el defensor del pueblo y las asociaciones que propendan a esos fines,
registradas conforme a la ley, la que determinará los requisitos y formas de su organización…”.
28
A nivel Nacional rige la Ley Nacional del Ambiente Nº 25.675, promulgada el 27 de Noviembre de 2002.
29
La Provincia de Buenos Aires tiene vigente la Ley Nº 11.723.
30
Fallo dictado en autos caratulados “Mendoza Beatriz Silvia y otros c/ Estado Nacional y otros s/ daños y perjuicios (daños derivados de la
contaminación ambiental del Río Matanza – Riachuelo), sentencia original de fecha 20 de Junio de 2006.
31
Ver comentarios del fallo, entre otros autores: Augusto M. Morello, “Los Megaprocesos Contaminación del riachuelo. Novedades”, en
Jurisprudencia Argentina, suplemento especial del 24 de Diciembre de 2008 y Néstor A. Cafferatta, “Sentencia colectiva ambiental en el caso
Riachuelo”, en J.A. 2008-III-68.
32
Párrafo extraído del fallo dictado en autos “Carabajal Walter c/ Municipalidad de La Plata s/ medida cautelar autónoma anticipada – otros
juicios” por parte del Juez en lo Contencioso Administrativo del Juzgado Nº 1 del Departamento Judicial La Plata.

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La Agenda Urbana, entre luces y sombras del Bicentenario

Por otra parte vemos con satisfacción como los gobiernos locales deben seguir a los fines de
se ha reconocido por parte de la Corte Suprema llevar adelante el diseño de “ciudad”, los altos
el derecho de los pueblos originarios al suelo grados de insatisfacción social que se vienen re­
que comunitariamente habitan, dando recepción gistrando en la materia, han llevado a gobiernos
a lo establecido en nuestra Constitución Nacional provinciales y municipales a desplegar esfuerzos
y pactos internacionales de derechos humanos que mejoren la relación entre acceso al suelo y rol
incorporados en nuestro plexo legal por vía del del Estado como ejecutor de programas dirigidos
artículo 75 inciso 22 de la Constitución Nacional. a esos fines.
Así la Corte Suprema ha reconocido33 que La falta de respuestas por parte del mercado
“La cultura de los miembros de las comunidades para facilitar el acceso al suelo y la vivienda a
indígenas — tiene juzgado la Corte Interamericana los sectores populares, pone en manos estatales
de Derechos Humanos — corresponde a una la necesidad de establecer alternativas válidas
vida particular de ser, ver y actuar en el mundo, que dinamicen normas y procedimientos admi­
constituida a partir de su estrecha relación con nistrativos con una clara directriz social.
sus territorios tradicionales y los recursos que allí Hacia la consecución de esos objetivos
se encuentran, no sólo por ser estos su principal durante estos dos últimos años hemos podido
medio de subsistencia, sino porque constituyen asistir a la obtención de algunos resultados alen­
un elemento integrante de su cosmovisión, reli­ tadores que convierten a los gobiernos munici­
giosidad, por ende, de su identidad cultural… La pales en un actor más del mercado suelo.
garantía del derecho de propiedad comunitaria Podemos mencionar en la Provincia de
de los pueblos indígenas debe tomar en cuenta Buenos Aires la aplicación de instrumentos tales
que la tierra está estrechamente relacionada con como:
sus tradiciones y expresiones orales, sus cos­ a) Incorporación de inmuebles a cambio
tumbres y lenguas, sus artes y rituales, sus cono­ de la condonación de las deudas tributarias: esta
cimientos y usos relacionados con la naturaleza, posibilidad la ofrece lo establecido en la Ley Nº
sus artes culinarias, el derecho consuetudinario, 11.622, dictada por la Legislatura provincial en
su vestimenta, filosofía y valores. En función de el año 1994 y que fuera reglamentada por el De­
su entorno, su integración con la naturaleza y creto Nº 4042/96. De acuerdo a lo previsto en estas
su historia, los miembros de las comunidades normas los municipios pueden recibir donación
indígenas trasmiten de generación en generación de inmuebles a cambio de que sean condonadas
este patrimonio cultural inmaterial, que es recrea­ las deudas por tributos provinciales y municipa­
do constantemente por los miembros de las comu­ les que los referidos bienes tengan grabadas.
nidades y grupos indígenas” (Corte Interameri­ Los municipios deben dar a los inmuebles
cana de Derechos Humanos Comunidad Indígena que se incorporen destinos de solidaridad social.
Yakye Axa vs. Paraguay, sentencia del 17 de Junio Esta norma puede ser utilizada también en los casos
de 2005). en que existan juicios de apremio en trámite.
Durante el año 2008 y 2009 han sido
v El rol regulador del Estado miles los metros cuadrados incorporados por los
Si bien la Argentina no cuenta con normas municipios a través de las respectivas escrituras
federales34 que determinen los parámetros que 925.182m2.35

33
Ver fallo dictado en autos “Comunidad Indígena Eben Ezer c/ Provincia de Salta – Ministerio de Empleo y la Producción s/ amparo” de fecha
30 de Septiembre de 2008, en virtud del cual se impidió que el Gobierno Provincial pusiera a la venta terrenos “fiscales” que en realidad
eran habitados por la Comunidad indígena, dando plena operatividad al Artículo 75 inciso 17 que establece la obligación para el Estado
de “Reconocer la preexistencia étnica y cultural de los pueblos indígenas argentinos. Garantizar el respeto a su identidad y el derecho a una
educación bilingüe e intercultural; reconocer la personería jurídica de sus comunidades, y la posesión y propiedad comunitarias de las tierras
que tradicionalmente ocupan; y regular la entrega de otras aptas y suficientes para el desarrollo humano; ninguna de ellas será enajenable,
transmisible, ni susceptible de gravámenes o embargos. Asegurar su participación en la gestión referida a sus recursos naturales y a los demás
intereses que los afectan. Las provincias pueden ejercer concurrentemente estas atribuciones.”
34
“Más allá de la Ley, la intención es instalar en la agenda pública el debate acerca de las necesidades habitacionales que padece un importante
sector de la población, para que sea asumido en la agenda política. Lo importante es que en los hogares argentinos se reconozca y se hable de
estos problemas… El objetivo primordial es generar un conjunto de criterios básicos que rijan la legislación relativa al hábitat en todo el país,
para evitar que se produzcan los enormes desequilibrios que existen hoy, remarcó José Rocha”. Ver en Página 12 pag. 13 “La Vivienda como
un derecho” por Ailín Bullentini. Asimismo en relación a la cuestión del suelo, en mismo artículo “A partir del lugar donde se vive se desarrollan
un montón de otros cuestiones, como la salud, la educación, el trabajo, el desarrollo — definió el referente de FOTIVBA. Que la tierra esté mal
distribuida revela la mala distribución de los recursos entre los ciudadanos…
35
Fuente: Registro General de la Escribanía General de Gobierno de la Provincia de Buenos Aires.

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Juan Luciano Scatolini

b) Prescripción administrativa de inmue­ la Provincia de Buenos Aires o el de Cipoletti en


bles: Esta posibilidad surge de lo establecido en Río Negro.39
la Ley Nº 24.320 que posibilita a los municipios Como viene quedando demostrado o los
y a los gobiernos provinciales incorporar al domi­ municipios regulan con políticas activas el uso y
nio de los mismos, los inmuebles que se adquie­ ocupación del suelo, o la posibilidad del acceso a
ran en la forma establecida en el artículo 4015 un lote con servicios dentro del mercado formal
del Código Civil. La mencionada ley no solo posi­ seguirá siendo una quimera para la mayoría de
bilita resolver aquellas situaciones en las que se nuestros habitantes.
encuentren emplazadas dependencias públicas Tal vez esta, entre tantas otras razones,
sin título de propiedad, sino también suelo en el han sido las ponderadas por el Municipio de
que el Estado, por su situación de abandono, ha Trenque Lauquen para dictar la Ordenanza Nº
venido ejerciendo acciones posesorias. 3.184/09, tramitada por Expediente Nº 5.602 del
Durante el año 2008 y 2009 se ha incorpo­ Honorable Concejo Deliberante.40
rado de esta forma por escritura: 2.477.254 de m2. La mencionada Ordenanza cuenta con ocho
c) Incorporación de inmuebles fiscales: A artículos que modifican e incorporan nuevos pará­
los fines de ordenar y disponer las tierras fiscales metros en la Ordenanza Fiscal del Municipio.
provinciales que no sean aptas para el desarrollo Los mismos en gran parte recogen los pará­
de actividades por parte de los organismos pro­ metros más importantes que deben tenerse en
vinciales, la Gerencia de Servicios de Administra­ cuenta a la hora de establecer tanto las causas
ción de Inmuebles Fiscales del ARBA ha suscripto generadoras de valorización del suelo como así
convenio de colaboración y asistencia técnica con también su hecho imponible.
la Escribanía General de Gobierno para la trasmi­ La doctrina que se ha venido ocupando de
sión dominial de las mismas a los municipios en este tema ha definido básicamente dos hechos
los que se encuentren ubicados los inmuebles. generadores de plusvalías, a saber: a) Las decisio­
El marco jurídico en el cual operaran las nes regulatorias del Estado sobre el uso del suelo,
transferencias está constituido por el Decreto Ley tales como zonificación de los usos del suelo,
Nº 9.533/8036 y la Ley Nº 11.418.37 permitiéndose usos más rentables o desaloján­
Durante el año 2008 y 2009 se han incor­ dose usos no deseables (por ejemplo, la elimina­
porado y regularizado: 16.956.478m2. ción de industrias en las áreas residenciales).
Entre las acciones que se encuentran en También impacta la autorización para el
proceso de implementación el Instituto de la aprovechamiento en edificación (los edificios en
Vivienda de la Provincia de Buenos Aires lleva altura son un claro ejemplo), ya sea elevando el
adelante un programa de lotes con servicios que índice de ocupación o de construcción, o ambos.
permitirá a familias de escasos recursos acceder No menos importante es la creación de suelo
a suelo urbano con servicios a precio acorde a urbano mediante la atribución administrativa
las posibilidades económicas de los trabajadores específica que le confiere al suelo el hecho de
argentinos.38 estar dentro del “perímetro urbano”.
Durante estos últimos tiempos también b) Otro hecho generador de plusvalías lo
asistimos a innovadoras alternativas para la constituye las inversiones en infraestructura rea­
regulación del suelo urbano planteadas por parte lizadas por el Estado que traen aparejado el
de municipios como el de Trenque Lauquen en aumento del valor de los lotes.

36
Los artículos 1 a 4 del Decreto Ley 9.533/80 determinan que constituyen bienes del dominio municipal entre otros: las reservas fiscales de uso
público que se hubieren cedido a la Provincia en cumplimiento de normas sobre fraccionamiento y creación de pueblos como también las que
se constituyan para equipamiento comunitario de acuerdo al Decreto Ley Nº 8.912/77. Constituyen asimismo bienes del dominio municipal los
inmuebles pertenecientes al Estado por dominio eminente o vacancia y los excedentes o sobrantes cuyo carácter fiscal subsiste de acuerdo a lo
establecido en la ley.
37
La Ley Nº 11.418 autoriza al Poder Ejecutivo provincial a donar a los municipios los inmuebles del dominio privado provincial cuando estuvieren
siendo ocupados por familias de escasos recursos económicos que hayan constituido en los mismos su vivienda única, familiar y de ocupación
permanente.
38
Programa Proyectos de Urbanización de Interés Social: Se denominan urbanizaciones sociales planificadas a los proyectos urbanísticos aprobados
por el Ministerio de Infraestructura o la autoridad administrativa competente, que incluyan la dotación de servicios de infraestructura tanto en
parcelas existentes como en nuevos parcelamientos, destinados a familias beneficiarias de bajos ingresos.
39
Ordenanza Municipal Nº 79/06 del 15/6/06 (Publicada el 01/08/06, en el Boletín Oficial Municipal Nº 18).
40
Ver Juan Luciano Scatolini, “El suelo urbano como factor redistributivo (La Municipalidad de Trenque Lauquen demuestra que se puede)”, RAP,
Febrero Marzo 2010, Nros. 83/84, pág. 167-175.

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La Agenda Urbana, entre luces y sombras del Bicentenario

Son inversiones que se realizan en áreas Recientemente se han anunciado distin­


públicas, ejecutadas por poder público y redun­ tos programas que abordan el reconocimiento
dan en una mayor accesibilidad de los lotes, de la urgente necesidad por parte de los pode­
mejorando su situación en relación a equipa­ res públicos de articular acciones que tiendan
mientos, a los medios de comunicación y al mer­ a un proceso de urbanización de las más de mil
cado. Se trata de inversiones en infraestructura villas y asentamientos que se ubican en el área
vial y pavimentos, redes de agua, luz, desagües, metropolitana de Buenos Aires.45
equipamiento de salud, educación, cultura, espacio Celebramos la decisión de reconocer en el
verde, infraestructura de transporte, entre otras centro de la escena política y social una realidad
obras. a la que se ha dado la espalda durante los últimos
Los propietarios de los lotes particulares treinta años, concientes que se trata de procesos
usufructúan estas mejoras y a través de ellas se lentos y complejos que deben abarcar lo urbano,
valorizan sin haber realizado ningún esfuerzo. El lo dominial, la infraestructura, el equipamiento,
alcance espacial de la valorización que producen el transporte, lo cultural, todo dentro de un con­
las obras depende también de la envergadura de texto participativo en que los propios habitantes
la inversión.41 deben ser actores directos en los programas a
implementarse.
vi urbanización de villas42 y asentamientos43 El modelo aplicado en Villa Tranquila, ubi­
Desde distintos ámbitos del pensamiento44 cada en el Municipio de Avellaneda, que acredita
y la cultura se viene poniendo de manifiesto resultados concretos y verificables nos permite
el impactante crecimiento y densificación de visibilizar que existiendo decisión política y or­
villas y asentamientos, en especial en el área me­ ganización al servicio de la transformación social
tropolitana de Buenos Aires. Si bien se trata de los resultados esperados son posibles.
un fenómeno a escala planetaria con especial Cabe destacar que la urbanización de Villa
impacto en países en vías de desarrollo, creemos Tranquila se realizó en un área de 374.907m2
que es una problemática que debe ser abordada localizada en una zona central del Partido de
desde una perspectiva que incorpore las lógicas Avellaneda,46 en la que habitan más de dos mil
y necesidades de los ciudadanos que habitan en familias, que antes del inicio del programa (2003)
esas circunstancias dentro de nuestro país. detentaban pésimas condiciones de vida.

41
Una red de subterráneos valoriza un número de lotes mucho mayor que una plaza. En la Ciudad Autónoma de Buenos Aires, el financiamiento
de la extensión del subterráneo es pagada por todos los usuarios que usan el subte (a través de un aumento del 10% del cospel) y por los
beneficiarios indirectos que se manejan en automóviles (a través de un aumento en la patente de automotores) ya que se benefician con la
descongestión de las calles. La Plusvalía generada en todas las propiedades de la ciudad es captada con un incremento del 5% en el impuesto
inmobiliario. La plusvalía generada en las propiedades más directamente beneficiadas por su proximidad a las nuevas estaciones es recuperada
por una contribución especial.
42
Las Villas en la Argentina datan de la década del 30, aunque cobró envergadura a partir de los años 40 en el marco de constantes migraciones
internas de nuestro país en forma concomitante a la descomposición de las economías rurales del interior del país. Este proceso está ligado a
la etapa de industrialización sustitutiva de importaciones. Según las define Cravino, se trata de urbanizaciones o autourbanizaciones informales
producto de ocupaciones de tierra urbana vacante o de la afectación de tierras fiscales por el Estado para asentar a familias provisoriamente,
cuyas características son que: producen tramas urbanas muy irregulares, no son barrios amanzanados sino organizados en intrincados pasillos,
generalmente cuentan con buena localización, responden a prácticas individuales y diferidas en el tiempo, las viviendas son construidas con
materiales precarios o de desecho, poseen alta densidad poblacional, sus habitantes en su mayoría inmigrantes, son estigmatizados por la
sociedad “villeros”, cuentan con escaso o nulo espacio verde e infraestructura auto provista. Ver Omar David Varela y María Cristina Cravino,
“Mil nombres para mil barrios. Los asentamientos y villas como categorías de análisis y de intervención”, en obra colectiva “Los mil barrios
informales”, aportes para un observatorio del hábitat popular del área metropolitana de Buenos Aires. Ed. UNGS, pág. 54-58.
43
Los primeros asentamientos aparecieron durante el régimen militar 1976-1983, a través de ocupaciones de tierra que se diferenciaban de las
villas, durante el marco de políticas socio económicas que provocaron un gran deterioro de la población. Las características de los asentamientos
es que: sus trazados urbanos tienden a ser regulares y planificados, son general decididos y organizados colectivamente, están ubicados en
su mayoría sobre tierra privada vacante degradada, los ocupantes buscan legitimarse como propietarios, las viviendas tienen algún nivel de
firmeza, se han reservado espacios públicos para plazas y otros equipamientos y se han ido formalizando paulatinamente las redes de servicios
públicos. Ver Varela – Cravino, idem anterior, pág. 59-61.
44
Ver María Cristina Cravino, “Las villas de la Ciudad. Mercado e informalidad urbana” Ed. UNGS, 2006; Tomas Calello, Viviana Moreno y otros en
obra colectiva “Resistiendo en los barrios. Acción colectiva y movimientos sociales en el área metropolitana de Buenos Aires”. Ed. UNGS, 2007;
María Cristina Cravino “Vivir en la Villa. Relatos, trayectorias y estrategias habitacionales”. Ed. UNGS, 2008; Juan Donato Lombardo “Paradigmas
urbanos. Conceptos e ideas que sostiene la ciudad actual”, en obra colectiva. Ed. UNGS, 2007.
45
El gobernador Daniel Scioli explicó los lineamientos de la iniciativa que prevé la urbanización de un centenar de asentamientos. Por su parte,
el ministro de Desarrollo Social de la provincia de Buenos Aires, Baldomero Álvarez de Olivera, precisó que en una primera etapa se prevé la
incorporación de barrios “en los que se realizan diferentes acciones para recuperar la participación de la comunidad y crear las condiciones para
el desarrollo de cada familia. Este programa constituye una gran acción de gobierno en este año del Bicentenario que nos hemos propuesto que
sea el año de la gran inclusión social en nuestra provincia”, sostuvo el Gobernador, quien explicó que el mismo “compromete a distintas áreas
de la administración”. La Plata 1 de Junio de 2010.
46
El Partido de Avellaneda tiene una población de 329.000 habitantes una extensión de 55km2, lo que da una densidad de 5981 habitantes
por km2.

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Juan Luciano Scatolini

Los lineamientos de las acciones que se básico y regularizar el dominio del suelo que
llevaron adelante tuvieron como objeto radicar poseen con títulos de propiedad individual pro­
definitivamente a las familias en su barrio, cons­ vistos por el Estado.
truir viviendas en lote propio, promover la parti­ Las múltiples iniciativas de organizacio­
cipación para la planificación a través del trabajo nes sociales49 y asociaciones civiles que realizan
multidisciplinario, generar la integración urbana tareas comunitarias han permitido contar con
con el resto de Avellaneda, sanear el hábitat y diversos observatorios del hábitat popular,50 con­
recuperar la operatividad ferroviaria. virtiéndose en fieles guardianes del cumplimiento
Cabe destacar que gran parte de estas ideas de los programas mencionados.
fueron llevadas a la práctica ya que a la fecha
se han construido más de mil viviendas a través vii Programas de regularización dominial51
del plan Federal, subprograma villas y asenta­ La realidad nos marca que las prácticas
mientos, se ha realizado infraestructura de servi­ ilegales para el acceso a la tierra han proliferado
cios, se construyeron equipamientos comunita­ de variadas formas, en las que un número cre­
rios y se procedió a la regularización dominial.47 ciente de personas se encuentra al margen del
La reciente sanción de la norma48 que per­ mercado formal de la tierra y la vivienda, viéndo­
mitirá la urbanización con criterios de radicación se forzados a vivir sin la seguridad en su tenencia,
definitiva de la Villa 31 y 31 bis de Retiro, luego en condiciones precarias y en zonas periféricas.
de décadas de violencia estatal e incertidumbre El análisis de la informalidad ha estado
social, en la que han tomado parte el Gobierno asimismo casi siempre centrado en la problemá­
Nacional, el de la Ciudad de Buenos Aires a través tica de los asentamientos o villas miseria,52
de su legislatura, las organizaciones sociales invo­ pero poco se ha escrito o dicho acerca de otras
lucradas y las universidades públicas es otra formas de informalidad en la tenencia de la
clara muestra del avance de los principios de un tierra y la vivienda, que se da tanto por la falta
Estado socialmente activo. de regularización dominial de los complejos
La importancia de esta ley es que ha hecho construidos por Estado como así también en los
foco sobre uno de los lugares más emblemáticos casos de trasmisiones de dominio que involucren
de la Ciudad de Buenos Aires, cuyos orígenes se a particulares que no pueden hacerse cargo del
remontan a la década del 30´, en la que fuera de­ costo que implica la escrituración.
nominada “Villa Desocupación”. Posteriormente Es cierto lo indicado por Edesio Fernandes53
siguieron etapas de gran violencia estatal en las acerca de que el esperado reconocimiento de
que se trató con cierto éxito erradicar a sus ocu­ la responsabilidad del Estado por suministrar
pantes, principalmente por el valor del metro cua­ derechos de vivienda social no puede reducirse
drado en la zona y tratarse de tierras del dominio al reconocimiento de los derechos propiedad, ya
del Estado, por parte de gobiernos dictatoriales, que la legalización a través de la entrega de títu­
hasta llegar a la actualidad con más de 30.000 los de propiedad, no garantiza automáticamente
habitantes que ven en la norma sancionada la la integración socioespacial, como lo pretenden
oportunidad de contar con viviendas dignas, las ideas del economista peruano Hernando De
vías de comunicación adecuadas, equipamiento Soto.54 No obstante vale destacar que no es menos

47
Fuente Municipalidad de Avellaneda “Plan de revitalización del área central de Avellaneda. Programa de urbanización de Villa Tranquila 2004-
2008”, entrevista al Arquitecto Felipe Miranda, Secretario de Planificación de la Municipalidad de Avellaneda, Mayo de 2010.
48
El proyecto de Ley fue presentado por el Legislador Facundo Di Filippo a fines de 2008, basado en un proyecto de la Universidad Nacional de
Buenos Aires, trabajado en conjunto con los vecinos de la villa 31 y 31 bis, desde 2002, con la idea de delinear un plan de urbanización que
respetara el espacio público y la permanencia histórica de los vecinos. Diario Página 12, 4 de Diciembre de 2009. La Ley fue finalmente aprobada
el día 3 de Diciembre de 2009 por 54 votos a favor y ninguno en contra.
49
Es importante el aporte que realiza el Foro de Organizaciones de Sociales de Tierra y Vivienda (FOTIVBA) en que participan asociaciones
reconocidas como Madre Tierra, Vivienda y Comunidad y Sagrada Familia, entre otras.
50
La Universidad Nacional de General Sarmiento a través de su Instituto del Conurbano puso a disposición un observatorio del hábitat popular
que cuenta con importantes niveles de avance en el relevamiento de villas y asentamientos en el ámbito del área metropolitana de Buenos Aires.
<http://www.infohabitat.com.ar>. La asociación civil Crecer en Democracia se encuentra desarrollando el proyecto MAPU para el seguimiento
de las condiciones de vida de los habitantes de los más de cien asentamientos del gran La Plata. <http://www.crecerendemocracia.org.ar>,
entre otras iniciativas.
51
Ver Juan Luciano Scatolini “Aspectos Jurídicos y Sociales en la integración Territorial”, RAP Nros. 71-72, 2008.
52
Ver Javier Auyero “La política de los pobres”, Ediciones Manantial S.R.L., 2001 y María Cristina Cravino, en obras ya citadas, entre otros.
53
Edésio Fernandes en Land Lines, Mayo 2001, volumen 12, número 3. Lincoln Institute of Land Policy. Ver también comentarios de Raúl
Fernandez Wagner “Los asentamientos informales como cuestión. Revisión de algunos debates”, en obra colectiva Los mil barrios informales,
pág. 38-40.
54
Ver Hernaldo De Soto “El misterio del capital”.

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La Agenda Urbana, entre luces y sombras del Bicentenario

cierto que en ordenamientos jurídicos como el Provincia, garantizar el uso y goce de la vivienda
nuestro, la posibilidad de contar con título de única, familiar y de ocupación permanente bajo
propiedad, genera no solo la seguridad jurídica la protección de tal institución.
en la tenencia e incorpora al mercado formal los Creemos muy importante la tarea que
inmuebles, sino que permite entre otros benefi­ se realiza en este aspecto ya que existen miles
cios la constitución de la vivienda como bien de de habitantes que han tenido la posibilidad de
familia, la consolidación de los proyectos fami­ acceder a una vivienda o un lote de terreno con
liares y la resolución de sus conflictos, el acceso destino a vivienda, y que en el paso de los años
a los programas de mejoramiento de vivienda y de no han podido escriturarla (se dan casos de 60
los barrios, aumento del valor de los inmuebles, años de espera para poder escriturar) por su situa­
entre otros beneficios. ción socio económica.
Todo ello en el marco de una cultura e Es alarmante la informalidad en la tenencia
idiosincrasia por parte de los sectores popula­ de las viviendas construidas por el Estado a través
res, que valoran la posibilidad de acceder a los del Instituto de la Vivienda de la Provincia de
títulos como un reconocimiento de sus derechos Buenos Aires, cifras no oficiales hablan de la
ciudadanos. existencia de aproximadamente 70.000 inmuebles
Estos han sido motivos tenidos en cuenta ocupados por particulares que no cuentan con
a fines de llevar adelante un programa de regu­ título de propiedad. Esta situación ha sido en­
larización dominial55 de interés social desde la tendida como preocupante por la actual gestión
Escribanía General de Gobierno de la Provincia.56 del Instituto de la Vivienda, lo que ha dado paso
Este Organismo provincial (órgano notarial Esta­ a una tarea conjunta con la Subsecretaría Social
do Provincial que cuenta con su propio registro de Tierras de la Provincia y la Escribanía General
notarial y protocolo) con la sanción de su actual de Gobierno con el fin de subsanar esta deuda
Ley Orgánica dictada en 1989, Ley Nº 10.830, social que tiene el Estado.
tiene la potestad de intervenir en todas aquellas En este aspecto los perjuicios de la falta
regularizaciones dominiales que involucren a de regularización dominial no sólo afectan a
particulares que hayan sido declarados de interés las familias adjudicadas, sino que al estar invo­
social, por parte de los gobiernos municipales o lucrada la responsabilidad del Estado al ser
del gobierno provincial. titular de dominio de los inmuebles, se producen
Esta potestad con la que cuenta el Estado, importantes consecuencias patrimoniales para
se encuentra reglamentada por los decretos Nº el fisco de la Provincia.
1256/01 y 2199/06, que establecen los requisitos La situación a la que se llegó tiene su
que deben darse para que la Escribanía lleve origen en diversos aspectos, pero sin duda que
adelante en forma gratuita escrituras a particula­ la falta de adecuación de las normas provincia­
res o a personas jurídicas sin fines de lucro. les que regulan el uso y ocupación del suelo57 a
Asimismo los decretos mencionados regla­ la realidad del territorio, han hecho en muchos
mentan la intervención de la Escribanía para la casos materialmente imposible avanzar hacia la
constitución, modificación o desafectación del resolución de la situación dominial de los bienes
régimen de bien de familia, institución que con­ inmuebles involucrados.
sagra la protección jurídica del hogar familiar, A fines de resolver las cuestiones legales
dando plena efectividad a la manda constitucio­ que impidieron durante años la regularización
nal que obliga al Estado provincial a remover dominial, la Legislatura provincial dictó el año
los obstáculos que impidan a quienes habiten la 2005 la Ley Nº 13.342,58 que establece un plazo

55
Es muy importante el plan de regularización dominial que se lleva adelante en todo el país en el marco de lo establecido en la Ley Nº 24.374
a través de registros notariales de regularización dominial. Esta norma permite a poseedores que acrediten su posesión anterior al año 2006
poder contar con una escritura (acta de posesión) que pasados los diez años sin que exista oposición se convierte en forma automática en un
título perfecto.
56
Para mayor información acerca del Organismo ingresar en: <http://www.egg.gba.gov.ar>.
57
Téngase en cuenta que la norma que rige el uso y ocupación del suelo en la Provincia de Buenos Aires, es el Decreto Ley 8912/77, dictada
durante el gobierno de facto y que tal como lo señalara el urbanista Eduardo Resse legisla sobre la ciudad formal y no sobre la ciudad real, sin
establecer un solo artículo que favorezca la realidad de los sectores populares.
58
Con fecha 29 de Marzo de 2007 el Poder Ejecutivo reglamentó por medio del Decreto 480 la ley, permitiendo contar con instrumentos flexibles
tanto en materia de aprobación de planos como de adjudicación de viviendas.

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Juan Luciano Scatolini

de cuatro años, prorrogable, para realizar la regu­ Conclusión


larización dominial, para ello la norma declaró Los aspectos que hemos analizado marcan
de interés social la referida regularización, excep­ claramente la existencia en la Argentina de asig­
tuó en la aprobación de los planos de mensura naturas pendientes en la ejecución de políticas
y división las restricciones que imponen las leyes públicas que permitan contar con suelo urbano
de hidráulica Nº 6253 y Nº 6254, la ley de uso y accesible para una gran franja de la población.
ocupación del suelo Nº 8912/77 y el visado previo También hemos visto algunos avances ciertos
de la autoridad del agua. y cuantificables que nos dan esperanza que el
El impacto positivo generado en los barrios futuro puede ofrecer nuevas oportunidades para
ha sido muy importante y ello se ha visto refle­ lograr ciudades más justas.
jado en el incremento del valor de las viviendas El desafío de estos tiempos es dar organiza­
y en el mayor cumplimiento de las tasas por alum­ ción y unidad a quienes luchan por modificar la
brado, barrido y limpieza que se abonan a los correlación de fuerzas, que hasta este momento
municipios. se han inclinado para el lado de los intereses del
Asimismo el Estado ha recuperado la con­ mercado inmobiliario a través de la concentración
fianza en sí mismo, permitiéndose planificar un y la especulación.
plan trienal de escrituración social a través del Día a día se lucha cuerpo a cuerpo en
cual se puedan llevar adelante 40.000 escrituras barrios populares para hacer realidad la necesidad
correspondientes a estos complejos. vital de obtener un espacio de suelo donde
Durante el año 2008 y 2009 las cifras habitar,60 convirtiendo muchas veces el sueño en
hablan del avance realizado. tragedia, sin que la sociedad tenga la capacidad
Cantidades totales de regularizaciones de visibilizar este tema como una verdadera pro­
dominiales:59 blemática social a gran escala.
Desde el grito profundo de quienes aún
viven, sufren y sueñan llegan a nuestros oídos las
irrenunciables metas de quienes dieron su vida
por un mundo más justo.

Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):

SCATOLINI, Juan Luciano. La Agenda Urbana, entre luces y som-


bras del Bicentenario. Fórum de Direito Urbano e Ambiental – FDUA,
Belo Horizonte, ano 9, n. 54, p. 39-50, nov./dez. 2010.

59
A la fecha desconocemos las cifras de la cantidad de escrituras que han sido otorgadas en el marco de la Ley Nº 24.374 mencionada.
60
“En Brasil, los campesinos preguntaron: ¿Por qué hay tanta gente sin tierra habiendo tanta tierra sin gente? Les respondieron a balazos...” Semillas, Bocas
del Tiempo, Eduardo Galeano.

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(In)operatividad de la función social de la propiedad urbana – Ensayo sobre la legislación boliviana

Bolívia

(in)operatividad de la función social de la propiedad urbana


Ensayo sobre la legislación boliviana
Jaroslava Zápotocká de Ballón1
Abogada. Directora del Instituto de Investigaciones Jurídicas y Políticas de la Universidad Mayor de San Simón,
Cochabamba – Bolivia.

Sumario: Introducción – Función social de la propiedad – Función social de la propiedad en la


legislación boliviana – Desarrollo normativo de la función social de la propiedad – Importancia de
los criterios de cumplimiento de la función social de la propiedad y la experiencia de la Reforma
Urbana de 1956 – Reserva legal y eficacia suspendida de la función social de la propiedad – A modo
de conclusión – Referencias

introducción situación no varió significativamente. La pobreza


La urbanización en Bolivia se inició en del campo persiguió a los migrantes a las urbes
forma tardía. De acuerdo a los datos de los res­ donde terminaron segregados espacialmente,
pectivos censos, en 1950 sólo el 26,2% de la pobla­ excluidos del acceso a servicios públicos — como
ción boliviana vivía en las ciudades, mientras luz, agua, recojo de basura, etc. —, desprovistos
que 73,8% era rural; en el año 2001 ese porcentaje de la seguridad jurídica de la tenencia de su
alcanzó al 62,4% y 37,6% respectivamente. El lote o vivienda, expuestos a estafas por parte de
punto de inflexión en la composición de pobla­ loteadores inescrupulosos y sujetos a extorsión
ción por área se presentó entre 1984 y 1985; en político partidaria.
esos años llegó a su máxima expresión una de las Los problemas que acompañan a los proce­
crisis económicas más grandes que vivió el país sos de urbanización no encontraron lamentable­
y, como consecuencia de ella, la adopción de los mente una atención oportuna por parte del Estado.
ajustes estructurales de corte neoliberal en la Ello se constata fácilmente recorriendo las calles,
economía y el Estado. los barrios y los asentamientos de cualquier ciudad;
Tal como en otros grandes centros urba­ la insuficiente preocupación estatal se verifica
nos de Latinoamérica y el mundo, también la en el hecho de que Bolivia atiende la cuestión
concentración de la población boliviana en las urbana a través de una instancia gubernamental
capitales de departamento, principalmente, ge­ que sólo tiene rango de viceministerio, en la
neró una serie de problemas: déficit cuantitativo inexistencia de una normativa sectorial de alcan­
y cualitativo de viviendas, insuficiencia del equi­ ce nacional, e inclusive en la escasa e incipiente
pamiento urbano, falta de infraestructura de ser­ práctica de planificación urbana.2
vicios básicos, aumento de distancias y problemas Aunque hay muchas explicaciones para
de transporte, violencia e inseguridad ciudadana. cada una de las situaciones precedentes,3 en este
Pero de igual forma incidió en el crecimiento artículo pretendo efectuar una aproximación a
de manchas urbanas a costa de ocupación de las razones jurídicas. También éstas son variadas;
tierras agrícolas y forestales, y en el surgimiento únicamente a modo de ejemplo, pueden tener
de asentamientos humanos llamados ilegales o su origen en las competencias de los distintos
irregulares. Aunque mucha gente migró a las ciu­ niveles de la Administración en el ámbito del
dades buscando mejores condiciones de vida, su ordenamiento territorial y urbano, o en el modo

1
E-mail: <jdeballon@gmail.com>.
2
Fernando PRADO SALMÓN. “El olvidado desarrollo urbano desde una perspectiva institucional y de gestión.” Tinkazos, Vol. 11, Nº 25, 2008.
3
Pueden consultarse criterios de conocidos expertos en la temática urbana en Bolivia: Jean Paul Feldis, Hubert Mazurek, Humberto Solares y
Gastón Gallardo en el Diálogo promovido por Fernando PRADO SALMÓN. “El descuidado tema urbano en la Bolivia de hoy.” Tinkazos, Vol. 11,
Nº 25, 2008.

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Jaroslava Zápotocká de Ballón

como es asumida y llevada a nivel operativo la En este nuevo contexto, la reflexión sobre
función social de la propiedad urbana. Centraré la función social de la propiedad y las condiciones
el análisis en este último tema, rescatando, orde­ de su cumplimiento sigue vigente. A continuación
nando y actualizando algunas ideas que empe­ se la articula en torno a la idea de que la función
zaron a surgir en el marco de un proyecto de social de la propiedad, aunque incluida en la
investigación sobre el proceso de regularización Constitución y en la legislación civil boliviana
de los asentamientos periurbanos en la ciudad desde hace décadas atrás, no tiene aplicabilidad
de Cochabamba que hace un par de años atrás directa y, en caso de la propiedad urbana, no logró
se desarrolló en el Instituto de Investigaciones su operatividad por falta de un desarrollo nor­
4
Jurídicas de la Universidad Mayor de San Simón. mativo infraconstitucional. El propósito es que
En el interín, Bolivia adoptó una nueva los distintos argumentos que sustentan esa afirma­
Constitución Política del Estado, en vigencia ción, a contrario sensu puedan alimentar el futuro
desde el 7 de febrero de 2009, mediante la cual desarrollo legislativo que requerirá la política ge­
se (re)fundó como “un Estado Unitario Social de neral del hábitat y vivienda, ahora en discusión.
Derecho Plurinacional Comunitario, libre, inde­
pendiente, soberano, democrático, intercultural, Función social de la propiedad
descentralizado y con autonomías”, con el fin En términos muy simples, la función social
de “constituir una sociedad justa y armoniosa, está referida al destino socialmente útil del bien
cimentada en la descolonización, sin discrimina­ objeto del derecho de propiedad; es decir, a un
ción ni explotación, con plena justicia social, destino que, además de satisfacer la necesidad y
para consolidar las identidades plurinacionales.”5 el interés individual del propietario, debe con­
El reconocimiento constitucional del “derecho tribuir también a la satisfacción de las necesi­
a la propiedad privada individual y colectiva, dades e intereses de la colectividad. La doctrina
6
siempre que ésta cumpla una función social” considera que esa contribución, más allá de
no sufrió cambios sustanciales ni de forma ni de una simple generación de ventajas o beneficios
contenido en el nuevo texto. Pero la Constitución económicos (como una mayor producción de
incorpora nuevos derechos, entre los cuales des­ bienes de consumo, por ejemplo), debe permitir
taca el derecho a un hábitat y vivienda adecuada el establecimiento de unas relaciones sociales
y el derecho al acceso universal y equitativo a los más equitativas, más justas, más equilibradas;7
servicios básicos de agua potable, alcantarillado, debe facilitar la concreción de los fines del Estado
electricidad, gas domiciliario, postal y telecomu­ Social de Derecho, cuyo ideal inspiró el condi­
nicaciones. Paralelamente, establece que el tema cionamiento de la tutela jurídica de la propiedad
de la vivienda, así como la planificación y orde­ al cumplimiento de la función social. Por ello,
namiento territorial y urbano son competencias la función social no se orienta sólo al logro del
nacionales, departamentales, municipales y de bien común, sino que se la puede vincular con
los pueblos indígena originario campesinos. Todas algunos sectores en particular, en tanto sean
esas previsiones constituyen la base legal de una merecedores de una especial protección.
política general del hábitat y vivienda, actual­ Hay varias ideas que subyacen al concepto
mente en pleno proceso de formulación, a cargo de la función social recientemente expuesto. Por
del Viceministerio de Vivienda y Urbanismo y con una parte, la idea de que no existe una única ins­
importante participación de las organizaciones titución de propiedad, sino tantas instituciones
de la sociedad civil. cuantos tipos de propiedad;8 en segundo lugar,

4
Cfr. Jaroslava ZÁPOTOCKÁ DE BALLÓN (coord.) Interpelaciones periurbanas. Análisis jurídico y sociopolítico de los asentamientos humanos
irregulares. Cochabamba, Instituto de Investigaciones Jurídicas y Políticas de la UMSS, 2007.
5
BOLIVIA. Constitución Política del Estado 2009, arts. 1 y 9.
6
Idem, art. 56.
7
Cfr. Manuel MEDINA LEMUR, “Urbanismo y Derecho Civil”. Revista del Colegio de Abogados de Puerto Rico. Disponible en: <http://www.capr.
org/tmp/pdfs/11.REVISTA%20Julio-Sep%2098-Vol59.pdf>.
8
Cfr. Antonio HERNÁNDEZ-GIL Y ÁLVAREZ-CIENFUEGOS. “La propiedad en el ordenamiento constitucional.” En: Consejo General del Poder
Judicial. Protección del derecho de propiedad (Serie Cuadernos de Derecho Judicial Nº 9). Madrid, 1994; Manuel I. ADROGUÉ. El derecho de
propiedad en la actualidad: Introducción a sus nuevas expresiones. Buenos Aires, Abeledo-Perrot, 1995.

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(In)operatividad de la función social de la propiedad urbana – Ensayo sobre la legislación boliviana

como consecuencia de lo recientemente señalado, como deber le imponía generalmente sólo el de


distintos tipos de propiedad tendrán funciones abstención. Este contenido del derecho varía en
sociales distintas, dependientes de una particular cumplimiento de la función social de la propie­
naturaleza y utilidad del bien en cuestión. En tercer dad: el propietario debe ejercer ahora su dominio
lugar, el derecho de propiedad, tradicionalmente en interés no solamente suyo propio, sino también
regido por el derecho civil, viene a ser objeto tam­ colectivo; para eso la ley le impone comportamien­
bién del derecho público. Por último, la valoración tos positivos, le señala principalmente deberes
de la utilidad de distintos tipos de propiedad, y de actuación. Hernández­Gil califica este cambio
en consecuencia de su aprovechamiento social, del rol del sujeto como “dinamización” del dere­
cambia de acuerdo a las circunstancias y reque­ cho de propiedad. La comprensión del derecho
rimientos históricamente condicionados. como tener cambia a derecho como actuar. Dicho
Con relación a los diferentes tipos de pro­ de otro modo, el centro de la preocupación legis­
piedad, y solamente a modo de ejemplo, cabe lativa ya no es quién es el propietario, sino cómo
mencionar la propiedad agraria, forestal, de aguas, se es propietario. Esto implica el desplazamiento
urbana, minera o intelectual; cada una con sus del interés por el dato jurídico formal de atribu­
propios fines: algunas de producción, circulación ción del derecho al propietario (y consecuente­
y consumo de nuevos bienes; otras destinadas al mente los modos y regímenes de adquirir y trans­
uso y disfrute. La aceptación de distintos tipos mitir la propiedad) al dato jurídico material
de propiedad implica la fragmentación de un con­ (ejercicio del derecho de propiedad).11
cepto unitario del derecho clásico de propiedad Una tercera característica del viraje hacia
o, si se quiere, su diversificación. la propiedad como función es la referida a la pe­
La naturaleza y la utilidad social de cada netración del derecho público en el derecho de
tipo de propiedad condicionan a su vez su régi­ propiedad. El imponer al propietario el deber
men jurídico específico. De ese modo se busca de actuación implica no solamente la reducción
garantizar la utilización del bien del modo más de la esfera de su dominio privado, sino también
conforme a su naturaleza y al interés que, en con­ la apertura del campo de actuación al Estado
sideración de ella, se estima preferente. Adrogué que, de aquí para adelante, tendrá que modular
denomina esta tendencia la “cosificación” del el contenido del derecho de propiedad a la vez
derecho de propiedad, queriendo con ello enfati­ que frenará los comportamientos particulares
zar la incidencia de la naturaleza de la cosa en la contrarios a su ejercicio social. Las normas de
configuración del régimen de la propiedad.9 orden público buscan precisamente custodiar el
Una segunda característica de la transfor­ interés social, no necesariamente coincidente
mación del derecho es la delimitación positiva del con el del propietario. Con Adrogué podríamos
contenido de cada propiedad específica a partir calificar esta incidencia del orden público como
de la concreción de su utilidad, señalando las el “avance de la autoridad sobre la propiedad.”12
posibilidades de actuación que corresponden al El Derecho urbanístico es considerado uno de los
propietario. Por ejemplo, la ordenación urbanís­ mejores ejemplos de la característica que se está
tica prohíbe a veces al propietario fraccionar un comentando.
predio o edificar en el mismo; o exige ejercitar Esa rama jurídica también ejemplifica el
la facultad de edificar en un plazo de tiempo; o cuarto rasgo importante: la variabilidad del con­
que la edificación tenga un concreto destino; o el tenido de la función social en el tiempo, no úni­
deber de conservación de lo edificado, etc.10 camente porque éste avanza inexorablemente,
En el marco de la concepción individualis­ sino porque cambian los requerimientos sociales
ta, la ley otorgaba al propietario principalmente en cuanto a la propiedad. Entonces, la función
poderes y facultades, con muy pocas limitaciones; social no es algo pétreo, dado una vez por siempre.

9
Manuel I. ADROGUÉ, op. cit., p. 160.
10
José Fulgencio ANGOSTO SÁEZ. “La posición jurídica del propietario de suelo según la Ley 6/1998, de 13 de abril, sobre Régimen del Suelo y
Valoraciones y la jurisprudencia del Tribunal Constitucional”. Anales de Derecho, Nº 21, Universidad de Murcia, 2003, p. 16.
11
Antonio HERNÁNDEZ-GIL, op. cit., p. 18-19.
12
Manuel I. ADROGUÉ, op. cit., p. 112.

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Jaroslava Zápotocká de Ballón

En algún momento puede ser importante que Toda persona tiene los siguientes derechos funda­
mentales conforme a las leyes que reglamentan su
los propietarios edifiquen sus terrenos, porque la ejercicio: …
sociedad requiere un mayor número de viviendas. i) A la propiedad privada, siempre que cumpla una
función social.14
Pero cuando esa demanda quede satisfecha, tal
vez se requiera volcar el esfuerzo al mantenimiento
También la Constitución Política del Estado
de la habitabilidad de las construcciones exis­
Plurinacional de Bolivia, en vigencia desde febre­
tentes. Con ello cambia el conjunto de facultades
ro de 2009, reconoce en el grupo de los derechos
y deberes urbanísticos que, en forma oportuna y
sociales, entre otros, el derecho a la propiedad
clara, deben quedar establecidos en las normas
privada. Las disposiciones pertinentes establecen
de orden público que se mencionó en el párrafo
textualmente:
anterior, a objeto que el propietario siempre sepa
y pueda conducirse de acuerdo a lo que se espera, Artículo 56.
I. Toda persona tiene derecho a la propiedad privada
pero en contrapartida también gozar de seguridad individual o colectiva, siempre que ésta cumpla
jurídica. una función social.
II. Se garantiza la propiedad privada siempre que el
uso que se haga de ella no sea perjudicial al interés
Función social de la propiedad en la legislación colectivo.
III. Se garantiza el derecho a la sucesión here­
boliviana ditaria.
Artículo 57.
La exigencia de que la propiedad cumpla
La expropiación se impondrá por causa de necesidad
una función social aparece en Bolivia por pri­ o utilidad pública, calificada conforme con la ley y
previa indemnización justa. La propiedad inmueble
mera vez con la Constitución de 1938 que en su urbana no está sujeta a reversión.
art. 17 establecía:
Como ya se señaló con anterioridad, la forma
La propiedad es inviolable, siempre que llene una
función social; la expropiación podrá imponerse ni el contenido de estas dos normas varían sus­
por causa de utilidad pública, calificada conforme
a ley y previa indemnización justa.13
tancialmente de las previsiones constitucionales
anteriores.
Es importante hacer notar que esta disposi­
ción no preveía ninguna consecuencia jurídica desarrollo normativo de la función social de la
para el supuesto de que se incumpla la función propiedad
social, en tanto la expropiación seguía restringi­ El Código Civil, que tradicionalmente desa­
da a casos de utilidad pública. La modificación rrolla la institución de la propiedad, después de
definirla en el art. 105 como “un poder jurídico
fue introducida recién en la Constitución de 1945.
que permite usar, gozar y disponer de una cosa”
Sin afectar el fondo de la idea matriz, la redacción
que “debe ejercerse en forma compatible con el
cambió posteriormente en varias ocasiones, hasta
interés colectivo, dentro de los límites y con las
asumir, en el art. 22 de la Constitución de 2004,
obligaciones que establece el ordenamiento jurí­
abrogada por la del 7 de febrero de 2009, la si­
dico”, reitera en el art. 106 que “La propiedad debe
guiente presentación formal en dos parágrafos:
cumplir una función social”. En el artículo 108,
I. Se garantiza la propiedad privada, siempre que el dedicado a la expropiación, el Código prescribe:
uso de ella no sea perjudicial al interés colectivo.
II. La expropiación se impone por causa de utilidad
I. La expropiación sólo procede con pago de
pública o cuando la propiedad no cumple una
una justa y previa indemnización, en los casos
función social, calificada conforme a ley y previa siguientes:
indemnización justa. 1) Por causa de utilidad pública.
2) Cuando la propiedad no cumple una función
social.
En la Constitución de 1961, el derecho a la II. La utilidad pública y el incumplimiento de
propiedad fue además incluido al catálogo de los una función social se califican con arreglo a leyes
especiales, las mismas que regulan las condiciones
derechos fundamentales del artículo 6: y el procedimiento para la expropiación. ...

13
Marcelo GALINDO DE UGARTE. Constituciones bolivianas comparadas 1826 – 1967. La Paz, Los Amigos del Libro, 1991, p. 68.
14
Idem, p. 28. El artículo 7, inc. i) de la Constitución 2004 señalaba: “A la propiedad privada, individual y colectivamente, siempre que cumpla
una función social”.

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(In)operatividad de la función social de la propiedad urbana – Ensayo sobre la legislación boliviana

La presentación formal del artículo 108 a la mediana propiedad y la empresa agropecua­


sugiere que la utilidad pública y la función social ria. La especificidad y el grado de concreción
se refieren a dos situaciones diferentes, que — en de esos criterios son suficientes como para ser
lo referente a sus criterios de calificación, condi­ reconocibles durante el proceso de verificación
ciones y procedimientos de expropiación — se in situ, con lo que se evita la discrecionalidad a la
regulan en normas distintas, o de modo distinto, que la evaluación del cumplimiento de la función
aunque fuese en un mismo cuerpo legal. social o económico­social se podría prestar.
Una de esas normas es el Decreto de 4 de A diferencia de lo que sucede en materia
abril de 1879, elevado a rango de Ley el 30 de agraria, en el ámbito urbano sólo se pudo encon­
diciembre de 1884 con el nombre de Ley de Expro­ trar un único criterio que expresa con claridad
piación por Causa de Utilidad Pública, aunque no y alcance general cómo se da el cumplimiento a
define propiamente qué se entiende por utilidad la función social de la propiedad. Está contenido
pública sino por obra de utilidad pública, lo que en la Constitución Política del Estado, aunque
son sin duda cuestiones distintas. Pero una ley sus antecedentes se remontan al Decreto Ley
especial que reglamente la expropiación por in­ (DL) Nº 3819 de 27 de agosto de 1954, elevado
cumplimiento de la función social no existe en a rango de Ley el 29 de octubre de 1956, todavía
Bolivia. vigente pero prácticamente en desuso. Esa norma,
conocida como la Ley de Reforma Urbana,15 regula
importancia de los criterios de cumplimiento de el régimen de todas las propiedades no edifica­
la función social de la propiedad y la experiencia das — mayores de 10.000mts2 — comprendidas
de la reforma urbana de 1956 en los radios urbanos de las capitales de depar­
De forma independiente al hecho de que tamento; garantiza el derecho inafectable hasta
la expropiación no es el único, ni el mejor, ni esa extensión y declara de necesidad y utilidad
tampoco actualmente el modo más utilizado de pública la expropiación de tierras excedentes;
afectar la propiedad por la causa que fuese, es asimismo autoriza a las municipalidades trans­
comprensible que el Código Civil, además de las ferirlas en venta, en forma de lotes para la cons­
dos disposiciones ya citadas, no contenga ninguna trucción de viviendas, a obreros y personas de
otra que precise con mayor detalle cómo se ejerce clase media que no posean bienes inmuebles
el derecho de propiedad conforme a la función urbanos.
social. Ello es así porque el Código establece un Los considerandos de esta norma justifican
régimen civil general, pero las facultades, deberes, aquellas determinaciones señalando que: a) los
obligaciones y cargas que la propiedad conlleva terrenos sin edificar, de considerable extensión,
dependen del tipo de bien, razón por la que se situados dentro del radio urbano de las capitales
requiere acudir a normativa que regula bienes de departamento, no cumplen la función social
específicos. establecida en la CPE porque sus propietarios
Una de esas propiedades con régimen espe­ los mantienen así a la espera de su loteo y venta
cial es la propiedad agraria. Así, la Ley 1715, Ley a precios y en condiciones tales que resultan
del Servicio Nacional de Reforma Agraria (Ley prohibitivos para amplios sectores sociales que no
INRA), instituye los criterios generales bajo los cuentan sino con escasos recursos económicos;
cuales se cumple la función social y económico­ b) las ganancias inmoderadas que pretenden los
social de la propiedad agraria, mientras que el propietarios de los fundos indicados no son pro­
Reglamento de la indicada Ley 1715 establece los venientes de su trabajo personal o de una mayor
criterios específicos de cumplimiento, por una inversión de capital, sino del desarrollo demo­
parte de la función social en caso del solar cam­ gráfico y la consiguiente plusvalía urbana; y c)
pesino, la pequeña propiedad, las propiedades la permanencia de tales solares dificulta la solu­
comunarias y las tierras comunitarias de origen, ción del problema de vivienda y obstaculiza el
y por otra de la función económico­social exigible crecimiento normal de las poblaciones.

15
La denominada Reforma Urbana comprendía también otras medidas; las más importantes relacionadas con la suspensión de los juicios por
desahucio contra los inquilinos de vivienda en 1956 y la Ley de Inquilinato en 1960.

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Jaroslava Zápotocká de Ballón

Es de resaltar esa justificación, porque revelador el dato referido a la necesidad que se


señala con toda precisión las razones que ahora, tuvo, en varias oportunidades, de precisar el sig­
casi sesenta años después, siguen vigentes y aún nificado de propiedades no edificadas que eran
más acentuadas, pero que, fuera de la expropia­ justamente el objeto de la medida. En términos
ción comentada, no merecieron posteriormente generales, Rivera califica esta experiencia como la
ninguna medida de prevención o control de las única en la que el Estado intervino efectivamente
situaciones de aumento constante de precio de los en el mercado de tierras urbanas.
lotes urbanos y de la especulación. El espíritu de la Ley de Reforma Urbana
Para Solares,16 el DL Nº 3819 estaba lejos de fue recogido unos años después en la Constitu­
ser una reforma urbana que modificara el régimen ción de 1961 del siguiente modo:
de tenencia de la tierra y propusiera una alterna­
Artículo 136.
tiva al dominio absoluto del principio de propie­ Dentro del radio urbano los propietarios no podrán
dad privada de corte liberal. Sólo se limitaba a poseer extensiones no edificadas mayores a las fija­
das por la ley. Los excedentes serán expropiados y
controlar y conciliar las tendencias contradicto­ destinados a la construcción de viviendas de interés
social.
rias del proceso urbano boliviano que gravitaron
en las ciudades más importantes después de la
Guerra del Chaco. Una de esas tendencias era En la Constitución de 1967 fue corregida
que las mejores tierras urbanas y suburbanas se la redacción; pero también se modificó el carácter
vayan concentrando en manos de terratenientes de la norma: de imperativa en 1961 (serán expro­
rurales, comerciantes y oligarquía minera, quienes piados) se convirtió en facultativa (podrán ser
comenzaron a controlar, especulativamente, el expropiadas).

mercado de tierras, aprovechándose de las enor­ Artículo 206.


mes carencias de los sectores obreros y la clase Dentro del radio urbano los propietarios no
podrán poseer extensiones de suelo no edificadas
media empobrecida que demandaban acceso a mayores que las fijadas por la ley. Las superficies
alquileres razonables o viviendas económicas. excedentes podrán ser expropiadas y destinadas a
la construcción de viviendas de interés social.
Los sindicatos de inquilinos surgidos de estas
masas, luego de la Revolución Nacional del 52, El tenor de la norma se mantuvo sin varia­
desarrollaron la práctica de invasión de tierras ción en las posteriores reformas constituciona­
baldías y casas desocupadas y forzaron también les, pero ya no forma parte de la Constitución
la dotación de tierras de ex haciendas para uso que entró en vigencia el 7 de febrero de 2009.
urbano. La Ley de Reforma Urbana quiso frenar Tampoco se tiene referencias de que aquella previ­
esa práctica, mediante un marco legal que esta­ sión hubiese sido aplicada en alguna oportunidad
blezca límites de tolerancia a manifestaciones de posteriormente. No obstante, se puede convenir
agresión a la propiedad privada, antes que pros­ que, sin duda, contenía un criterio para valorar
pere y se radicalice todavía más. el cumplimiento de la función social de la propie­
En lo referente a la aplicación de la Ley dad urbana, aunque puede ser objetable la perti­
de Reforma Urbana, Alberto Rivera17 señala que nencia del mismo.
en Cochabamba fueron expropiadas 5 hectáreas En primer lugar, es cuestionable el cumpli­
de terreno en aquella oportunidad, 2 hectáreas miento de la función social de la propiedad urba­
en Quillacollo y otras 4 en Vinto. Indica también na a partir de un criterio cuantitativo. Bajo esa
que la Reforma tuvo una duración de apenas dos perspectiva, la función social se traduce en la
años y se suspendió por presión de los propie­ cantidad de la propiedad. Eso no parece lógico.
tarios afectados que militaban en el MNR, partido Además, responde a la concepción clásica, napo­
de gobierno de entonces, así como de los sectores leónica, de la propiedad en la que solamente era
sociales que no fueron beneficiados con la redis­ importante determinar quién y qué poseía. En la
tribución. Desde el punto de vista jurídico es previsión constitucional que se comenta, el foco

16
Humberto SOLARES. Vivienda y Estado: Políticas habitacionales y producción del hábitat popular en América Latina. Cochabamba, PROMESHA,
1999, p. 215-222.
17
Alberto RIVERA PIZARRO. La propiedad de la vivienda urbana en Bolivia y América. Cochabamba, (s.e.), 2005, p. 8-9.

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(In)operatividad de la función social de la propiedad urbana – Ensayo sobre la legislación boliviana

de interés estuvo dado por quién y cuánto de qué reserva legal en la reglamentación de los derechos
posee, dejándose de lado que la consideración fundamentales.18
basada en la función social debería estructurarse Las normas constitucionales que reconocen
alrededor del cómo se es propietario, cómo se da derechos y garantías individuales suelen circuns­
el uso socialmente valioso al bien. En consecuen­ cribir su ejercicio a la reglamentación que se
cia, se puede concluir que la función social de la establezca. La expresa remisión a una legislación
propiedad no es una cuestión de cantidad sino futura es por ello común en estas normas y es
principalmente de calidad. completamente coherente con el postulado de
En segundo lugar, la exigencia de la edifi­ relatividad de los derechos individuales. Un
cación también es equívoca porque no garan­ ejemplo muy claro lo constituye el reconocimiento
tiza que a la propiedad realmente se le de uso; del derecho a la propiedad en la Constitución
piénsese en un terreno edificado, pero sin ocupar. nacional recientemente abrogada que en su artí­
De nuevo aparece la cuestión cualitativa. Sin culo 7 señalaba: “Toda persona tiene los siguientes
duda, la cantidad y la calidad son categorías com­ derechos fundamentales, conforme a las leyes
plementarias; pero lo que sí se puede sacar en que reglamenten su ejercicio: …inc. i) A la propie­
limpio es que el uso del bien, según el destino dad privada, individual y colectivamente, siempre
que le es socialmente propio, es de valoración que cumpla una función social.”19
prioritariamente cualitativa. Ello no implica que La Constitución Política vigente utiliza
la referencia a la cantidad de ese uso no podría una técnica legislativa diferente, pero su Art.
utilizarse como criterio adicional, secundario, 109, parágrafo II, contiene una disposición con
auxiliar. similares consecuencias jurídicas: “Los derechos
Por último, habría que tomar en cuenta que y sus garantías sólo podrán ser regulados por la
el contenido de la función social de la propie­ ley”. Ello significa que cuando se quiera regular
dad es variable en el tiempo. La Constitución el derecho a la propiedad privada, debe hacérselo
Política del Estado, por el contrario, es un docu­ vía el legislador ordinario, tradicionalmente lla­
mento que debería tender hacia una cierta estabi­ mado Poder Legislativo. Dicho de otro modo,
lidad de sus ideas ordenadoras de la vida político queda prohibida la reglamentación de los derechos
social. Subsiguientemente, desde el punto de vista por normas de menor jerarquía que la ley en
de la técnica jurídico­constitucional cabe cues­ sentido formal. Esta potestad — o prohibición, si
tionar la pertinencia de inclusión de un criterio se la quiere ver en perspectiva opuesta — se la
de determinación de la función social de la pro­ conoce como la garantía o el principio de reserva
piedad tan concreto en la Constitución. legal.
El principio de reserva legal está estable­
reserva legal y eficacia suspendida de la función cido tanto en los textos constitucionales como
social de la propiedad en los instrumentos internacionales.20 En la Opi­
Existe al menos una razón más para nión Consultiva OC­6/86, de 9 de mayo de 1986,
afirmar que la función social de la propiedad la Corte Interamericana de Derechos Humanos21
urbana no tiene aplicabilidad, o no es operativa, justificó en los siguientes términos la necesidad
en las condiciones actuales de su recepción y de esa garantía:
desarrollo en el ordenamiento jurídico nacional.
...la protección de los derechos humanos requiere
Esa razón está relacionada con la garantía de que los actos estatales que los afecten de manera

18
La nueva Constitución Política del Estado Plurinacional de Bolivia utiliza una clasificación de derechos distinta de la comúnmente aceptada. Así,
denomina como derechos fundamentales a los siguientes: el derecho a la vida y a la integridad física, psicológica y sexual; el derecho al agua y a la
alimentación; el derecho a recibir educación en todos los niveles; el derecho a la salud; el derecho a un hábitat y vivienda adecuada; y el derecho
al acceso universal y equitativo a los servicios básicos de agua potable, alcantarillado, electricidad, gas domiciliario, postal y telecomunicaciones
(Título segundo, Capítulo segundo, arts. 15-20). Después reconoce un plexo amplio de derechos civiles y políticos, derechos de las naciones y
pueblos indígena originario campesinos, derechos sociales, derechos económicos y derechos culturales (arts. 21-107). Sin embargo, en el art. 109
establece que “todos los derechos reconocidos en la Constitución son directamente aplicables y gozan de iguales garantías para su protección.”
Lo que significa que todos los derechos reconocidos por la CPE son fundamentales en sentido clásico de la palabra.
19
Idem, p. 28. El artículo 7, inc. i) de la Constitución 2004 señala: “A la propiedad privada, individual y colectivamente, siempre que cumpla una
función social”.
20
Cfr. los arts. 4 del Pacto Internacional de los Derechos Económicos Sociales y Culturales de 16 de diciembre de 1966 y 30 de la Convención
Americana de Derechos Humanos.
21
Extractado de la SC 0060/2005 – RDI.

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fundamental no queden al arbitrio del poder pú­ algún derecho consagrado por la Constitución,
blico, sino que estén rodeados de un conjunto de
garantías enderezadas a asegurar que no se vulneren o por los instrumentos internacionales sobre
los atributos inviolables de la persona, dentro de las derechos humanos; a contrario sensu, no resulta
cuales, acaso la más relevante tenga que ser que las
limitaciones se establezcan por una ley adoptada por lesionado el principio cuando la limitación de
el Poder Legislativo, de acuerdo con lo establecido un derecho fundamental es impuesta por una ley
por la Constitución. A través de este procedimiento
no sólo se inviste a tales actos del asentimiento de en sentido formal, y dicha ley es reglamentada en
la representación popular, sino que se permite a
las minorías expresar su inconformidad, proponer su parte operativa por otra disposición inferior.
iniciativas distintas, participar en la formación de la La cuestión de la reserva legal con relación
voluntad política o influir sobre la opinión pública
para evitar que la mayoría actúe arbitrariamente. al derecho propietario en el ordenamiento nacio­
En verdad, este procedimiento no impide en todos nal adquiere relevancia ante todo frente a la regla­
los casos que una ley aprobada por el Parlamento
llegue a ser violatoria de los derechos humanos, mentación de orden urbanístico, porque en leyes
posibilidad que reclama la necesidad de algún
régimen de control posterior, pero sí es, sin duda,
de la República su desarrollo es poco significa­
un obstáculo importante para el ejercicio arbitrario tivo, si no inexistente, y se presenta más bien en
del poder.
los reglamentos municipales.
Aclarado el punto de la reserva legal, un
En caso de la jurisprudencia boliviana
otro problema de interpretación del derecho a la
“este entendimiento [de la reserva legal] se halla
propiedad privada surge, no obstante, cuando se
expresado en la doctrina sentada por el Tribu­
toma en cuenta también el parágrafo I del indi­
nal Constitucional en la sentencia 004/2001 que
cado artículo constitucional 109.
declaró inconstitucional la reglamentación de
los derechos fundamentales a través de Decreto I. Todos los derechos reconocidos en la Constitu­
ción son directamente aplicables y gozan de iguales
Supremo.”22 garantías para su protección.
Conviene, además, revisar la doctrina más
reciente del Tribunal Constitucional con relación Según ese parágrafo, el derecho a la pro­
al tema, pues profundiza la explicación de esta piedad privada no requeriría de ninguna regu­
importante garantía. Dice el Tribunal en la SC lación adicional de nivel legal pues es directa­
09/2006 que el principio de reserva legal es la mente aplicable. La cuestión es, sin embargo, que
...institución jurídica que protege el principio demo­
el constituyente reconoce a toda persona el dere­
crático, al obligar al legislador a regular aquellas cho a la propiedad privada individual o colectiva,
materias que por disposición de la Constitución
deben ser desarrolladas en una ley; es una insti­ siempre que ésta cumpla una función social. ¿Y
tución que impone un límite tanto al Poder Legis­ si no la cumple? Por otra parte, ¿quién determina
lativo como al Ejecutivo; a aquél, impidiendo que
delegue sus potestades en otro órgano, y a éste, cómo la propiedad en cuestión cumple la función
evitando que se pronuncie sobre materias que, social? ¿El propietario? ¿Una autoridad? ¿Una
como se dijo, debe ser materia de otra ley. En el
ámbito del ejercicio de los derechos fundamentales, ley reglamentaria?
este principio es aplicado para impedir cualquier
exceso en la imposición de limitaciones al ejercicio
El problema no es de fácil solución; tam­
de los derechos fundamentales; pues si bien es poco hay coincidencia en la doctrina. Algunos,
cierto que pueden imponerse límites al ejercicio
de los derechos fundamentales para preservar la como Coco y Natoli, sostienen que el propietario
prevalencia del interés general, la primacía del no está obligado a ejercitar su derecho para con­
orden jurídico y los factores de seguridad, mora­
lidad y salubridad públicos, no es menos cierto que, seguir la utilidad social, mientras que otros —
en aplicación del principio de reserva legal, esas como los Mazeaud — opinan que el propietario,
limitaciones sólo pueden ser impuestas mediante
ley en sentido formal. al ejercer su derecho, tiene el deber de tener en
cuenta el interés de los demás, su ejercicio debe
En consecuencia, conforme al razonamiento ser social.23 Adrogué, por su parte, mantiene que
precedentemente expuesto, el principio de reser­ “…la función social de la propiedad y su estricto
va legal en el ámbito del ejercicio de los derechos cumplimiento, no dependen de la sensibilidad,
resultaría lesionado cuando una norma inferior sentido de justicia, caridad, misericordia, o lo que
a una ley imponga limitaciones al ejercicio de fuere, de su titular, sino de la regulación especí­

22
Willman E. DURÁN RIBERA. Principios, derechos y garantías constitucionales. Santa Cruz de la Sierra, El País, 2005, p. 103.
23
Cfr. Manuel I. ADROGUÉ, op. cit., p. 70.

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(In)operatividad de la función social de la propiedad urbana – Ensayo sobre la legislación boliviana

fica que mediante las pertinentes normas realice que se refiere a su aplicabilidad, “son de aplica­
el legislador.”24 bilidad directa, inmediata, pero no integral,
Pero si no existe aquella regulación especí­ porque están sujetas a restricciones previstas o
fica que demanda Adrogué, ¿se le podría exigir al dependientes de reglamentación que limite su
propietario el cumplimiento de la función social eficacia y aplicabilidad.”27
de su propiedad? Extrapolados estos conceptos al art. 56 de
Para dar solución a esta interrogante — la CPE, se distinguen claramente dos partes en la
que no es solamente académica, sino que tiene norma. La primera, que dice: toda persona tiene
muchas implicaciones prácticas — es necesario el derecho a la propiedad privada individual y
acudir a la teoría de aplicabilidad de las normas colectiva. Éste es el núcleo de la norma cuya
de José Alonso da Silva.25 Según este autor, ciertas eficacia y aplicabilidad son inmediatas. Dicho
normas constitucionales no manifiestan la pleni­ de otro modo, no se requiere de ninguna otra
tud de los efectos que pretendió el constituyente. norma para que una persona pueda adquirir algún
Por ello propone una clasificación en normas de bien en propiedad, ya sea individual o colectiva.
eficacia contenida, normas de eficacia plena y La segunda parte del artículo dice: siempre
normas de eficacia limitada. La clasificación está que ésta cumpla una función social. Aquí se
relacionada con los conceptos de eficacia — en encuentra la eficacia contenida de la norma. Una
tanto la capacidad de la norma de producir, en vez que se reglamente ese ejercicio, la eficacia
mayor o menor grado, efectos jurídicos — y apli­ de la primera parte de la norma, que hasta la
cabilidad — que sería una cualidad estrechamente reglamentación era plena, quedará restringida a
relacionada con la eficacia, pero en un plano más las modalidades que el reglamento establezca.
teórico o hipotético: se refiere a la posibilidad de Sin embrago, esa restricción no puede alterar
producir esos efectos jurídicos —. el derecho; es decir, no puede “vaciar de contenido
Bajo esta comprensión, las normas de al derecho fundamental, objeto de regulación;
eficacia plena “desde la entrada en vigor de la lo cual puede presentarse cuando el derecho
Constitución producen, o tienen la posibilidad queda sometido a restricciones que lo vuelvan im­
de producir, todos los efectos esenciales, relativos practicable o lo dificultan de tal manera que se
a los intereses, comportamientos y situaciones vuelve ineficaz, al despojarlo de la protección que
que el legislador constituyente, directamente y la norma constitucional le asigna, convirtiéndolo
normativamente quiso regular.”26 Por lo general en una simple declaración formal…”28 Y preci­
se trata de reglas organizativas o limitativas de samente por el peligro — que conlleva la regla­
los poderes estatales, que tradicionalmente reci­ mentación — de afectar lo que se conoce como
bían el nombre de normas autoaplicables. el núcleo esencial del derecho, el órgano llamado
Una norma de eficacia contenida también a imponer límites al ejercicio de un derecho, en
produce todos sus efectos en forma inmediata, este caso del derecho a la propiedad, no es cual­
pero a la vez prevé medios que permiten mante­ quier órgano estatal con capacidad normativa,
ner esa eficacia contenida en ciertos límites. Para sino el legislador ordinario en virtud del principio
fijar esos límites se requiere de la intervención de reserva legal ya analizado.
futura del legislador ordinario. Esto significa
que no es la intervención del legislador la que a modo de conclusión
dota estas normas de eficacia, sino que, por el No es posible pensar una ciudad ordenada,
contrario, la intervención del legislador restringe equitativa y sustentable sin que el concepto
esa eficacia. Vale decir que las normas de eficacia indeterminado de la función social de la
contenida tienen eficacia plena en tanto el legis­ propiedad se materialice en modos concretos
lador no expida la normativa restrictiva. En lo de cumplimiento. Para ello, la regulación de

24
Idem, p. 71.
25
José Afonso DA SILVA. Aplicabilidad de las normas constitucionales. México, UNAM, 2003.
26
Idem, p. 86.
27
Idem, p. 68.
28
Willman E. DURÁN RIBERA, op. cit., p. 115.

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Jaroslava Zápotocká de Ballón

esos modos no se puede eludir, constituye una No obstante de que el principio constitu­
condición necesaria. Sin ella, no hay como exigir cional del cumplimiento de la función social
el cumplimiento coactivamente. sólo se puede materializar por la vía de una regu­
La regulación de la función social implica lación, ésta entraña dos riesgos importantes. El
el establecimiento de una serie de deberes y primero radica en que la regulación altere el dere­
cargas que se imponen al propietario, importando cho, es decir, afecte su núcleo esencial; o que
una limitación de su derecho que, en un Estado se adopten criterios irracionales o exagerados
de Derecho, sólo puede disponerla el legislador del cumplimiento de la función social. En esa
ordinario. Pero a la vez, los requerimientos sociales eventualidad tendrían que entran en juego las
de la ciudad son siempre cambiantes, tanto en distintas garantías normativas y jurisdiccionales,
función del tiempo como de las condiciones con­ así como acciones de defensa. El segundo peligro
cretas de ubicación y desenvolvimiento, por lo es inverso. Radica en que no se dicten las leyes
que la ley sólo puede establecer parámetros bas­ que deben reglamentar el ejercicio del derecho de
tante generales y remitir, tal como es común en propiedad; o que no se elaboren planes urbanís­
muchos países, a los planes urbanísticos Éstos, ticos; o que por vía de estos instrumentos no se
según las necesidades de cada realidad concreta, encauce el cumplimiento de la función social
delimitarán el contenido del derecho propietario hacia la superación de las desigualdades. En
urbano. Los parámetros de limitación que esta­ cualquiera de estos casos, los jueces no podrían
blezca la ley para ser utilizados en la ordenación suplir esa omisión con su fallo. Como dice da
urbana, aunque generales, deben ser suficientes Silva, aunque sin referirse a los propietarios: “En
en cantidad y claramente determinados en su con­ ausencia de ley, la libertad es amplia, en sentido
cepto, condiciones y procedimientos de aplicación. teórico.”29

abstract: En este ensayo se desarrolla una reflexión sobre las condiciones legales de cumplimiento de
la función social de la propiedad. Se la articula en torno a la idea de que la función social de la propie­
dad, aunque incluida en la Constitución y en la legislación civil boliviana desde hace décadas atrás, no
tiene aplicabilidad directa y, en caso de la propiedad urbana, no logró su operatividad por falta de un
desarrollo normativo infraconstitucional. El propósito de esta reflexión es que los distintos argumentos
que sustentan aquella afirmación puedan alimentar, a contrario sensu, el futuro desarrollo legislativo
que requerirá la política general del hábitat y vivienda, ahora en discusión en el país.

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Derecho de propiedad (Serie Cuadernos de Derecho Ju­ Fórum de Direito Urbano e Ambiental – FDUA, Belo Horizonte, ano
dicial Nº 9). Madrid, 1994. 9, n. 54, p. 51-60, nov./dez. 2010.

29
José Afonso DA SILVA, op. cit., p. 90.

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El paulatino pero insuficiente desarrollo del Derecho urbanístico en Chile: en tránsito de la adolescencia a la madurez

Chile

El paulatino pero insuficiente desarrollo del derecho urbanístico en Chile:


en tránsito de la adolescencia a la madurez
Enrique rajevic Mosler
Abogado de la P. Universidad Católica de Chile (1996). Master en Política Territorial y Urbanística por la Universidad
Carlos III de Madrid (2002) y candidato a Doctor en Derecho por la misma Universidad. Hace clases de Derecho
Administrativo en la Universidad Alberto Hurtado (Santiago, Chile). Fue Jefe de Gabinete del Ministro de Vivienda y
Urbanismo de Chile (1997­8 y 2000) y desde 2009 es Director Jurídico del Consejo para la Transparencia. Es autor de
numerosas publicaciones relacionadas con el Derecho administrativo y las políticas territoriales y urbanísticas.

Sumario: 1 La adolescencia del derecho urbanístico chileno – 2 De espaldas al Parlamento: 80 años


de legislación urbanística delegada – 3 Principales desafíos para que el derecho urbanístico chileno
alcance su madurez – 3.1 Vivienda Social: Cohesión y Redes Públicas – 3.2 Plusvalías derivadas de las
decisiones públicas; externalidades y mitigaciones – 3.3 Sustentabilidad medioambiental urbana – 3.4
Participación ciudadana y urbanismo – 3.5 Institucionalidad – 4 Conclusión: Un desafío gigantesco

1 la adolescencia del derecho urbanístico reguladores” (reminiscencia de los piani regolatori


chileno de la legge urbanística italiana de 1942), como
Quiero iniciar este trabajo agradeciendo la lo demostraron miles de vecinos de la comuna de
amable invitación del profesor Edésio Fernandes Vitacura — también de Santiago — que pidieron
para participar en esta publicación que propor­ la celebración de un plebiscito para pronunciarse
cionará un interesante panorama del Derecho sobre el proyecto de plan urbanístico de su comu­
urbanístico latinoamericano. En mi contribución na para, tras un largo derrotero, rechazarlo en
examinaré los rasgos centrales del ordenamiento las urnas, o el Consejo Regional Metropolitano
urbanístico chileno que, en mi opinión, se en­ de Santiago que acaba de rechazar la extensión
cuentra aún en plena “adolescencia”. Digo esto en 10.000ha del Plan Intercomunal que regula
porque si bien existe una legislación que regula esta región en un debate sin instancias formales
el desarrollo urbano hace ya tiempo, sus insu­ de participación ciudadana (ni Consejeros ele­
ficiencias y necesaria renovación se está haciendo gidos directamente por la ciudadanía). Por último,
cada vez más evidente. Así ocurre, por ejemplo, puede citarse también la concentración de edifi­
con la casi imposible preservación de espacios cios en algunas zonas que no se hacen cargo de
nobles del pasado — como el barrio Almendral las externalidades que generan, especialmente en
de Valparaíso o el Palacio Pereira en Santiago de materia de vialidad.
Chile —, las amenazas que plantean a barrios
ya asentados nuevos proyectos que rompen con 2 de espaldas al Parlamento: 80 años de legis­
sus características tradicionales — como está lación urbanística delegada
ocurriendo con el sector de la Plaza Las Lilas La legislación urbanística chilena es relati­
en Providencia, Santiago — o la pérdida de vamente reciente.1 Sus antecedentes pueden si­
espacios verdes y recreativos que se desafectan tuarse en puntuales disposiciones de la legislación
para generar negocios inmobiliarios — como el municipal o en leyes dictadas para ciudades espe­
Sporting Club de Valparaíso o Santa Rosa de Las cíficas, a fines del siglo XIX e inicios del siglo XX,
Condes —. También se aprecia esta patología en como Santiago (Ley del 25.06.1874), Valparaíso
la discusión de los planes urbanísticos o “planos (Ley de 1876)2 y Concepción (Ley de 1912),3 que

1
Cfr. RAJEVIC M., Enrique. “Derecho y Legislación Urbanística en Chile”. /en/ Revista de Derecho Administrativo Económico Nº 2/2000,
p. 527-548.
2
Publicada en “El Araucano” Nº 4.804.
3
Ley Nº 2.658, sobre “Disposiciones a que debe sujetarse la construcción de edificios i la apertura, ensanche, unión y prolongación o rectificación
de calles, avenidas y plazas en la ciudad de Concepción” (sic), publicada en el Diario Oficial (D.O.) 13.06.1912.

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Enrique Rajevic Mosler

normaban las alineaciones y ordenanzas cons­ y Construcciones (en adelante LGUC), aprobada
tructivas de cada una de esas ciudades. La Ley por el D.S. Nº 458/1975, V. y U.11 Todos estos textos
de Municipalidades de 2 de diciembre de 1891 fueron dictados en contextos no democráticos o en
dotará a estas corporaciones de potestades de in­ virtud de delegaciones de facultades legislativas
tervención más intensas.4 En 1896 se empezará entregadas por el Congreso al Ejecutivo. En otras
a exigir la conexión al alcantarillado5 y el art. 8 palabras, el Parlamento chileno nunca ha discu­
de la Ley Nº 2.960, de 23.01.1915, añadirá a la tido y aprobado integralmente una Ley de Urba­
Ley de Municipalidades una redacción bastante nismo y se ha limitado a reformar parcialmente
completa de las obligaciones del urbanizador que los textos existentes. La insatisfacción con el
además reafirmaba la necesidad de obtener apro­ marco actual ha llevado a que durante la última
bación municipal para subdividir y vender los década cada Gobierno — en 1999, 2004 y 2008
solares correspondientes a un nuevo barrio.6 —12 haya enviado un proyecto de reforma general.
Durante la primera presidencia de Carlos Sin embargo, los dos primeros fracasaron en el
Ibáñez del Campo (1927­1931) — y debido a la inicio de su tramitación al no reunir suficiente
conmoción provocada por el devastador primer consenso, lo que les impidió superar siquiera el
terremoto de Chillán, de 1º de diciembre de 1928 primer trámite del procedimiento legislativo. El
— se sitúa el verdadero inicio de la legislación tercero alcanzó a ser aprobado en general por el
urbanística, con la Ley Nº 4.563,7 que autorizó Senado,13 pero abierto el periodo de indicaciones
al Presidente para dictar “ordenanzas generales” se presentaron más de 700, nítido reflejo de la
en materia urbanística. En base a ella se dictó el subsistencia de la falta de consenso que empan­
Decreto con Fuerza de Ley8 (DFL) Nº 345/1931,9 tanó la discusión sin que se registren avances en
que aprobó la primera Ley y Ordenanza de Cons­ los últimos dos años.
trucciones y Urbanización, posteriormente reem­ Resulta curioso que un tema que afecta
plazado y refundido en 1953, 1960 y 1963,10 hasta tan cotidianamente la vida de los ciudadanos no
llegar a la ley actual, la Ley General de Urbanismo haya sido abordado exitosamente en el espacio

4
Por ejemplo, las faculta para fijar los límites urbanos y las condiciones en que podían entregarse al uso público nuevos barrios (art. 25 Nº 1),
ordenar el aseo de la parte exterior de los edificios una vez al año (art. 25 Nº 3), reglamentar la construcción de edificios u otras obras al costado
de las vías públicas determinando las líneas correspondientes y las condiciones que debían llenar para impedir su caída (Nº 10), etc. (CHILE,
1891:261 y ss.). También hay normas en este sentido en los arts. 24 Nº 2, 4 y 8, o 25 Nº 4, 12, 13, etc.
5
La Ley Nº 342, de 16.12.1896, establecerá el servicio obligatorio de desagües por medio de alcantarillas y cañerías, limitando a los propietarios
de bienes raíces situados en barrios en que se coloquen alcantarillas al obligarlos a conectarse a ellas, para lo cual debían instalar las cañerías
y demás aparatos que el servicio de desagües requiriese “a su propia costa”, y permitir, además, el ingreso a su domicilio de los funcionarios
encargados (arts. 1 y 2). ANGUITA, T. III:363.
6
“Se agregan al Nº 1 del artículo 25 de la Lei de Municipalidades los incisos siguientes: / “No se podrá proceder a la formación de nuevos barrios
dentro de los límites urbanos de las ciudades, por medio de la división de propiedades i de su venta en sitios, sin que los interesados hayan
sometido previamente a la aprobación de la Municipalidad el plano respectivo, en el cual se determinará la ubicación i dimensiones de las vías
i plazas que se propongan formar. / Una vez aprobado el plano, el dueño del terreno deberá otorgar una escritura pública con el Fisco, en
que ceda gratuitamente al dominio nacional de uso público la parte destinada a dichas vías i plazas. Esta escritura se inscribirá en el Rejistro
Conservador de Bienes Raices, para cancelar el dominio privado de esos bienes. / El dueño del terreno estará obligado a pavimentar a su costa, i
en la forma que determine la Municipalidad, las nuevas calles i sus aceras, las avenidas y plazas; a instalar el servicio de alumbrado público que
la misma ordene; a dotar al barrio de las instalaciones requeridas para los servicios de agua potable i desagües higiénicos. Todas estas obras
pasarán a ser de propiedad municipal desde que se entreguen al servicio. La Municipalidad podrá exijir el establecimiento del alcantarillado
en las ciudades en que este servicio no exista. En este caso, el dueño del terreno, si el terreno fuere regado, deberá ceder, a beneficio de la
Municipalidad, la dotación de agua corriente necesaria para abastecerlo. / Las construcciones que se emprendan en las nuevas poblaciones
o barrios deberán consultar, a lo menos, las condiciones de seguridad, higiene i apariencia esterior adoptadas en las construcciones oficiales
de casas para obreros del Consejo Superior de Habitaciones Obreras. / Los sitios deberán cerrarse, a lo ménos, con malla de alambre. / Las
disposiciones que contiene el presente número se entenderán sin perjuicio de las medidas de protección que establece la ley número 1,838,
de 20 de Febrero de 1906. / El Presidente de la República fijará, cada diez años, por medio de un decreto, los límites de la parte urbana de las
ciudades capitales de provincia” (sic, cfr. en Boletín de Leyes, T. 84, 1915, p. 8 y 9).
7
D.O. 14.02.1929.
8
Esto es, un decreto dictado por el Presidente de la República en materias propias de ley por delegación del Poder Legislativo. Actualmente
esta figura ha sido regulada por el art. 65 de la Constitución chilena de 1980 (D.O. 24.10.1980, disponible en: <http://www.leychile.cl/
Navegar?idNorma=242302>, consultado el 26.07.2010, a las 22:00 hrs.).
9
D.O. 30.05.1931.
10
Primero fue el D.F.L. Nº 224/1953 (D.O. 05.08.1953), manteniéndose aún importantes normas urbanísticas — como las obligaciones del
urbanizador — en la Ley de Organización y Atribuciones de las Municipalidades de 1955 (Ley Nº 11.860, D.O. 14.09.1955) Luego, el D.S. Nº
1.050/1960 (D.O. 09.07.1960) fijó el texto “definitivo” del propio D.F.L. Nº 224/1953, con una fisonomía recuerda en muchas de sus normas a
la legislación actualmente vigente. Apenas tres años después el D.S. Nº 880/1963 (D.O. 16.05.63) repite el ejercicio fijando otra vez más el texto
del D.F.L. Nº 224/1953, esta vez incluyendo las normas de la Ley Nº 6.071, sobre propiedad horizontal y siguiendo en el resto a sus antecesoras
con pocas modificaciones.
11
D.O. 13.04.1976.
12
Me refiero al “Proyecto de ley que modifica la Ley General de Urbanismo y Construcciones y otras normas legales que se indican” (Boletín 2340-
14, de 07.07.1999), retirado de tramitación el 07.06.2000; el “Proyecto de ley que modifica la Ley General de Urbanismo y Construcciones,
y otras normas legales que indica, en materia de planificación urbanística” (Boletín 3557-14, de 15.06.2004), retirado de tramitación el
06.03.2006; y el “Proyecto de ley que modifica la Ley General de Urbanismo y Construcciones en materia de planificación urbana” (Boletín Nº
5719-14, 11.01.2008), cuya tramitación no registra avances desde julio de 2008, o sea, hace dos años.
13
En sesión del 03.06.2008.

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El paulatino pero insuficiente desarrollo del Derecho urbanístico en Chile: en tránsito de la adolescencia a la madurez

de debate democrático por excelencia que repre­ ciones periódicas y manuales de Derecho urba­
senta el Congreso. Es cierto que se trata de una nístico, Direito Urbanistico, Diritto urbanístico,
materia con alta complejidad técnica, pero también Planning Law, Land Use Law o Droit de l’urbanisme.
lo es que los asuntos centrales que se juegan en la Y es que en estos países la regulación urbana
regulación urbana son fácilmente comprensibles ha sido un tema político en el mejor sentido de
para los ciudadanos y tienen una honda relevan­ la palabra. Vivir en ciudades agradables, cómo­
cia política. Probablemente ello haya llevado a das y seguras — entre otros atributos — importa
evadirlos. a los ciudadanos y, por ende, a los políticos. Con­
Esto no quita que la LGUC haya experi­ viene señalar que también algunos países suda­
mentado numerosas modificaciones, especial­ mericanos han emprendido esta senda, como
mente desde la recuperación de la democracia, Brasil — no es casual que esta revista se edite en
destacando especialmente las que han adecuado este país —, especialmente a través de su Esta­
la planificación urbanística a las nuevas institu­ tuto de la Ciudad (Ley Federal Nº 10.257, de
ciones municipales y regionales y han mejorado 2001)19 y Colombia, regida por la Leyes Nº 9, de
las normas sobre calidad de la construcción.14 1989, y Nº 388, de 1997.20
Por otro lado, la ausencia del legislador en temas Por otro lado, para resolver los problemas
sustantivos ha sido suplida, en parte, con un urbanos existe más de una forma: crecimiento
frondoso desarrollo reglamentario, primero con en densificación versus crecimiento en extensión;
el reglamento de la LGUC, la Ordenanza Gene­ fomento del transporte público o del transporte
ral de Urbanismo y Construcciones (en adelante privado; renovación restaurando el patrimonio
OGUC)15 que en sus 360 páginas ha llegado a esta­ arquitectónico existente o sobre la base de demo­
blecer técnicas como los estudios de impacto liciones y proyectos completamente nuevos, etc.
sobre el sistema de transporte, que incluyen las Detrás de cada una laten opciones ideológicas
mitigaciones (art. 2.4.3), o las desafectaciones par­ y políticas que merecen discutirse.
ciales de áreas verdes no materializadas a cambio
de compensaciones urbanas (art. 2.1.30).16 Lo mis­ 3 Principales desafíos para que el derecho urba­
mo ha ocurrido con los instrumentos de planifica­ nístico chileno alcance su madurez
ción, que han abierto paso, por ejemplo, a la téc­ Me parece evidente que el modelo urba­
nica de los desarrollos urbanos condicionados.17 nístico creado al final del primer tercio del siglo
La doctrina, finalmente, ha dedicado algu­ XX en Chile no ha evolucionado al ritmo de las
nos esfuerzos a esta materia, todavía distantes necesidades sociales. La LGUC regula básica­
de lo que existe en el Derecho comparado,18 espe­ mente la elaboración de planes que determinan
cialmente los países europeos, donde la relación qué construir en la ciudad, la obtención de los per­
entre el derecho y la ciudad alcanzó gran sofis­ misos de construcción, la recepción de las obras
ticación a partir de fines del siglo XIX, al punto construidas y la responsabilidad de los agentes
que se reconoce la existencia de un “Derecho — públicos y privados — del ciclo urbanización/
urbanístico” que enhebra las instituciones básicas edificación. Podría decirse que se trata de un dere­
que ordenan el desarrollo urbano, con cultores cho centrado en la actividad inmobiliaria — desa­
especializados numerosas monografías, publica­ rrollada por propietarios y empresarios —, donde

14
Véanse, p. ej., las Leyes Nº 19.472 y Nº 20.016, sobre calidad de la construcción; la Ley Nº 19.748, sobre revisión de cálculo estructural; la Ley
Nº 19.175, de Gobierno y Administración Regional; la Ley Nº 19.778, sobre procedimiento de aprobación de planos reguladores; o las Leyes Nº
19.932 y Nº 20.007, sobre ventas en verde.
15
Aprobada por el D.S. Nº 47, V. y U. (D.O. 19.05.1992), y profusa y frecuentemente modificada. A la fecha ha sufrido más de 60
modificaciones.
16
Agregado por el D.S. Nº 217, V. y U., de 2002 (D.O. 20.02.2002).
17
Cfr. infra nota 39.
18
Un signo auspicioso es que en los últimos años se hayan publicado dos textos generales sobre la materia: FIGUEROA V., Patricio y FIGUEROA V.,
Juan. Urbanismo y Construcción. Santiago de Chile: LexisNexis, 2006, 327 p., y FERNÁNDEZ R., José y HOLMES S., Felipe. Derecho Urbanístico
Chileno. Santiago de Chile: Jurídica de Chile, 2008, 380 p.
19
Véase, entre otros, DA SILVA, José. Direito Urbanistico Brasileiro, 5ª ed. São Paulo, 2008, 476 p., y FERNANDES, Edésio. “Del Código Civil al
Estatuto de la Ciudad: algunas notas sobre la trayectoria del Derecho Urbanístico en Brasil”. /en/ EURE, Vol.29 N. 87, 2003, p. 63-76.
20
Véase, entre otros, MORCILLO D., Pedro. Derecho Urbanístico Colombiano. Bogotá: Temis, 2007, 874 p., y SANTOFIMIO G., Jaime (Dir.).
Derecho Urbanístico. Legislación y Jurisprudencia. Bogotá: U. Externado de Colombia, 2004, 792 p.

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Enrique Rajevic Mosler

el derecho de propiedad21 es el protagonista, Una visión del urbanismo centrada en el


seguido de la libertad de empresa.22 Un ejemplo derecho de propiedad es claramente insuficiente.
patente es el requerimiento que un grupo de par­ Como ha dicho Capel, el carácter “más o menos
lamentarios presentó en 1996 ante el Tribunal progresista” de una legislación sobre desarrollo
Constitucional para que declarase inconstitucio­ urbano se expresa “…en los mecanismos para
nal una modificación reglamentaria que había la recuperación de plusvalías generadas por el
uniformado el cálculo de las cesiones gratuitas planeamiento, en la inversión pública en equi­
que se exigían a las urbanizaciones de viviendas pamientos sociales, así como en el papel que
sociales y a las demás urbanizaciones. Para los se concede a la participación ciudadana en la
parlamentarios estas cesiones — cuyo fin es que elaboración, gestión y control del urbanismo”.24
los conjuntos inmobiliarios cuenten con vías Un enfoque de este tipo, con el que coincido, es
de circulación, áreas verdes y equipamientos consecuencia del alumbramiento de nuevos dere­
— infringían el contenido esencial del derecho chos que exigen un enfoque diferente del desa­
de propiedad (por más que en Chile esté reco­ rrollo urbano, a la fecha centrado sobre todo en
nocida la función social) y, además, la reserva el derecho de propiedad y la libertad de empresa.
de ley que protege este derecho, constituyendo Los nuevos derechos nos reconducen a una visión
una suerte de expropiación inconstitucional por enfocada en los habitantes de la ciudad, arropada
carecer de indemnización. Afortunadamente el por el derecho al medio ambiente, reconocido
Tribunal rechazó esta pretensión e indicó que en el art. 19 Nº 8 de la Constitución chilena,25
“…las cesiones de terrenos gratuitas razonables… el derecho a la información y la participación
inherentes a toda urbanización, lejos de consti­ en los asuntos públicos, parcialmente recogido
tuir un daño patrimonial para el dueño procura por la Constitución,26 y el derecho a una vivien­
un beneficio pecuniario para él, pues el valor da adecuada, que no aparece en el texto constitu­
de los terrenos urbanizados, es superior al valor cional pero debe entendérsele incorporado en
de dichos terrenos sin urbanizar, incluyendo por virtud de su art. 5, inc. 2º, y del art. 11.1 del Pacto
cierto, en este último, los costos que demanda la Internacional sobre Derechos Económicos, Socia­
urbanización tanto por la ejecución de las obras les y Culturales o PIDESC, de 1966.27 Incluso
respectivas como aquellos que derivan de la pér­ se postula el reconocimiento de un “derecho a
dida de superficie por las cesiones gratuitas. Esta la ciudad” — recordando los clásicos trabajos
es una realidad constitutiva de un hecho público de H. Lefebvre —,28 derecho colectivo de sus
y notorio que no se puede ignorar”. Añadió luego habitantes que en distintos foros internacionales
que la modificación no aumentaba las cesiones ha sido definido como el “usufructo equitativo
sino que perseguía “igualar las exigencias tanto de las ciudades dentro de los principios de susten­
para los conjuntos de viviendas económicas tabilidad, democracia, equidad y justicia social”.29
como para las viviendas normales”.23 La emergencia de este nuevo enfoque explica, en

21
La Constitución asegura a todas las personas, en su art. 19 Nº 24, “el derecho de propiedad en sus diversas especies sobre toda clase de bienes
corporales o incorporales”, y añade: “Sólo la ley puede establecer el modo de adquirir la propiedad, de usar, gozar y disponer de ella y las
limitaciones y obligaciones que deriven de su función social. Esta comprende cuanto exijan los intereses generales de la Nación, la seguridad
nacional, la utilidad y la salubridad públicas y la conservación del patrimonio ambiental” (negritas nuestras).
22
La Constitución asegura a todas las personas, en su art. 19 Nº 21, “El derecho a desarrollar cualquiera actividad económica que no sea contraria
a la moral, al orden público o a la seguridad nacional, respetando las normas legales que la regulen”.
23
Sentencia TC Rol Nº 253 (15.04.1997), consid. 11º.
24
CAPEL, Horacio. El futuro de las ciudades. Una propuesta de manifiesto. Biblio 3W, nº 551, 10.12.2004, disponible en: <http://www.ub.es/
geocrit/b3w-551.htm>.
25
En efecto, el art. 19 Nº 8 CPR asegura a todas las personas: “El derecho a vivir en un medio ambiente libre de contaminación. Es deber del
Estado velar para que este derecho no sea afectado y tutelar la preservación de la naturaleza. / La ley podrá establecer restricciones específicas
al ejercicio de determinados derechos o libertades para proteger el medio ambiente”.
26
Digo parcialmente porque no es recogido por una norma especial pero puede desprenderse de los arts. 1º, cinc. Final (deber estatal de asegurar
el derecho de las personas a participar con igualdad de oportunidades en la vida nacional), 4º (Chile es una república democrática), 8º, inc. 2º
(publicidad de los actos públicos y sus fundamentos) y 19 Nº 12 (libertad de expresión).
27
El art. 5, inc. 2º, de la Constitución dispone — tras la reforma constitucional aprobada por la Ley Nº 18.825 (D.O. 17.08.1989) — que los
órganos del Estado deben respetar y promover los derechos esenciales que emanan de la naturaleza humana garantizados por la Constitución
— y aquí está lo importante para nuestros efectos — “…así como por los tratados internacionales ratificados por Chile y que se encuentren
vigentes”. Esta última oración permite que el Derecho internacional de los Derechos humanos se integre a la Constitución chilena. En el caso
del acceso a la vivienda, abre paso a una serie de instrumentos internacionales ratificados por Chile que lo reconocen, entre los que destaca por
sobre todos el ya señalado art. 11.1 del PIDESC (19.12.1966).
28
LEFEBVRE, Henri. El derecho a la ciudad, trad. J. J. González-Pueyo. Barcelona: Península, 1969, 169 p.
29
Así lo señala la propuesta de Carta Mundial por el Derecho a la Ciudad, discutida en el Foro Social de las Américas (Quito, Julio 2004); el Foro
Mundial Urbano (Barcelona, Quito, Octubre 2004); y el Foro Social Mundial (Porto Alegre, Enero 2005).

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El paulatino pero insuficiente desarrollo del Derecho urbanístico en Chile: en tránsito de la adolescencia a la madurez

mi opinión, los múltiples problemas que han a cerca de US$16.242 o R$28.521 y que puede
puesto de relieve los conflictos que reseñé al incrementarse hasta en un 30% tratándose de vi­
inicio de este trabajo. viendas en régimen de copropiedad.33 Con todo,
Hay, pues muchos aspectos en que avanzar. debe destacarse que en 2006 se reformuló la
A modo de ejemplo delinearé algunos que me normativa del programa habitacional dirigido
parecen especialmente sensibles para la discu­ al quintil (20%) más pobre de la población34
sión de un ordenamiento urbanístico moderno. (pobres e indigentes), el “Fondo Solidario de
Vivienda”,35 agregando un “Cuadro Normativo”
3.1 vivienda Social: Cohesión y redes Públicas con estándares mínimos que deben reunir las
Un primero problema que la LGUC no viviendas financiadas por aquél y eliminando
aborda adecuadamente son las condiciones de la referencia a que la vivienda construida fuera
la vivienda social. El Comité de Derechos Eco­ social,36 lo que ha permitido entregar viviendas
nómicos, Sociales y Culturales (DESC) de la ONU de precios superiores. Los estándares incluyen
señala que “…el derecho a la vivienda no se debe dimensiones, espacios de separación mínimos,
interpretar en un sentido estricto o restrictivo localización, etc.,37 y representa un desarrollo del
que lo equipare, por ejemplo, con el cobijo que derecho a la vivienda en la línea planteada por
resulta del mero hecho de tener un tejado por el Comité de DESC de la ONU. Asimismo, uno
encima de la cabeza o lo considere exclusiva­ de los aspectos evaluados en la selección de los
mente como una comodidad… Debe considerarse proyectos beneficiarios de este programa es la
más bien como el derecho a vivir en seguridad, calidad de la vivienda en sí misma (p. ej., las áreas
paz y dignidad en alguna parte...”, y añade que “el destinadas a la circulación, la distribución de
derecho a la vivienda está vinculado por entero los recintos, la superficie inicial, la iluminación
a otros derechos humanos”.30 Este Comité iden­ y asoleamiento, etc.), la de su localización y la de
tifica algunos aspectos que deben ser tenidos los espacios y servicios públicos con que cuenta
en cuenta para juzgar la “adecuación” de una (factibilidad sanitaria, red vial, acceso a servicios
vivienda, a saber: (a) Seguridad jurídica de la y transporte público, equipamiento, etc.).38
tenencia; (b) Disponibilidad de servicios, materia­ Otro de los problemas que enfrenta la
les, facilidades e infraestructura; (c) Gastos sopor­ vivienda social es la escasa disponibilidad de
tables; (d) Habitabilidad; (e) Asequibilidad; (f) suelo bien localizado compatible con el precio
Lugar y (g) Adecuación cultural. de estas viviendas, pues normalmente el valor
El ordenamiento jurídico chileno ha igno­ de suelo hace inviable construir viviendas de
rado estos aspectos y califica a una vivienda como este tipo y exige que se desplacen a peores locali­
social en base a sólo dos criterios: superficie y zaciones, segmentando la ciudad en un odioso
valor. En efecto, el art. 3º del D.L. Nº 2.552/197931 rompecabezas. Para sortear este obstáculo se han
define vivienda social como aquélla con una adoptado tres medidas:
superficie edificada inferior a 140m², de carácter a) El “subsidio diferenciado a la localiza­
definitivo y con un valor de tasación menor a ción” para los proyectos del Fondo Soli­
400 Unidades de Fomento (UF),32 que equivalen dario de Vivienda, introducido en 200639

30
Observación General Nº 4 de 1991, denominada “El derecho a una vivienda adecuada (Artículo 11[1] del PIDESC)”.
31
D.O. 23.02.1979.
32
La “Unidad de Fomento” es uno de los sistemas de reajustabilidad autorizados por el Banco Central de Chile que se actualiza a diario, según la
tasa promedio geométrica correspondiente a la variación del índice de precios al consumidor en el mes calendario inmediatamente anterior al
período para el cual dicha unidad se calcule.
33
Tratándose de condominios de viviendas sociales el art. 40 de la Ley Nº 19.537, de Copropiedad Inmobiliaria (D.O. 16.12.1997), permite
incrementar este valor hasta en un 30% (véase también el art. 6.1.2. Ordenanza General de Urbanismo y Construcciones).
34
Según el Instrumento de Caracterización Socioeconómica vigente que es, desde 2006, la “Ficha de Protección Social”.
35
Creado por el D.S. Nº 155, V. y U. (D.O. 14.09.2001), y actualmente regulado por el D.S. Nº 174, V. y U. (D.O. 09.02.2006). Estas normas
pueden consultarse en el sitio web del Ministerio de Vivienda y Urbanismo chileno <http://www.minvu.cl/>.
36
Véase el número 3.1 del artículo único del D.S. Nº 126, V. y U. (D.O. 18.08.2007).
37
El artículo 19 del D.S. Nº 174/2005, V. y U., dispone que “La vivienda deberá cumplir con el estándar mínimo que señala el presente artículo y con
las dimensiones y espacios de separación mínimos indicados en el Cuadro Normativo que se inserta a continuación, debiendo contemplar una
ampliación proyectada que, al ser sumada a la superficie inicial, alcance una superficie total no inferior a 55m²…”. A continuación se incluyen el
“Programa Arquitectónico mínimo y mobiliario” que grafica en un plano el “Comedor Estar”, la cocina y el primer y segundo dormitorios.
38
Puede verse a este respecto el art. 35 Nº 5 del D.S. Nº 174/2005, V. y U., que contiene una “Pauta de evaluación de la vivienda y localización”
para objetivar las distintas variables.
39
D.S. Nº 226, V. y U., de 2006 (D.O. 22.11.2006).

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Enrique Rajevic Mosler

y actualmente incorporado en el Título externalidades que provoque el proyecto


XVI de su Reglamento. Se trata de una y realizar una serie de inversiones urba­
subvención destinada al financiamiento nas. Una de las condiciones es que un
“de la adquisición del terreno en el 30% del total de viviendas que allí se
cual se emplazará el proyecto de cons­ emplacen puedan adquirirse mediante
trucción” (art. 64) o del precio de adqui­ los programas públicos de subsidio
sición de viviendas ya construidas o habitacional, de los cuáles el 40% debe
viviendas usadas (art. 65 bis), de manera ser social — o sea, 12% sociales y 18%
que aquéllas puedan situarse en mejo­ “subsidiables no sociales” —, debiendo
res localizaciones pese a su mayor costo. localizarse en zonas con una densidad
Su monto se fija atendiendo a distintos bruta inferior a 400hab/ha. Existe una
factores, diferenciándose según cada experiencia anterior de este tipo, las Zonas
ciudad,40 y puede alcanzar hasta 200 UF Urbanizables con Desarrollo Condicio­
por vivienda,41 esto es, aproximadamente nado del mismo PRMS (en la provincia
US$8.121 o R$14.260. de Chacabuco), de 1997, con resultados
b) Los “Proyectos Habitacionales de Inte­ más bien modestos.45
gración Social”, creados en 2007,42 figura Las dos primeras técnicas que acabo de
que consiste en incluir en un proyecto reseñar son fórmulas que procuran mitigar las
habitacional, como mínimo, un 30% disfuncionalidades del funcionamiento del mer­
de viviendas correspondientes al Fondo cado sobre la base de otorgar subsidios más ele­
Solidario de Vivienda y, también como vados. La tercera, en cambio, supone una suerte
mínimo, un 30% de viviendas suscepti­ de subsidio cruzado entre los usos más rentables
bles de ser adquiridas con aplicación de los proyectos y la vivienda social, pero está
del subsidio habitacional general, desti­ restringido a la pura Región Metropolitana de
nado a los sectores medios.43 Para incen­ Chile y sólo a una parte de su zona de expansión
tivar esta mezcla se otorga un bono adicio­ urbana (las Áreas de Interés Silvoagropecuario).
nal de hasta 100 UF (cerca de US$4.060 En consecuencia, el problema de la segregación
o R$7.130) a los titulares de subsidios está lejos de ser solucionado. En el Gobierno an­
habitacionales generales que opten por terior se anunció repetidas veces (en 2006 y 2007)46
este tipo de proyectos. el envío al Parlamento de un proyecto de ley que
c) Los “Proyectos Urbanos con desarrollo ampliaría las cesiones obligatorias de suelo que
condicionado” (PDUC) del Plan Regula­ deben hacer los urbanizadores a los municipios
dor Metropolitano de Santiago (en ade­ en un 5% del terreno para destinarlo a viviendas
lante PRMS),44 instrumento de desarro­ sociales. El propósito era generar una oferta de
llo inmobiliario creado en 2003 que per­ suelo para estas últimas localizado en los mismos
mite a los titulares de paños de 300ha lugares donde se estaba produciendo el desarro­
situados en “áreas de interés silvoagro­ llo urbano; en palabras de la entonces Ministra
pecuario” solicitar que se modifique el de Vivienda, “…considerar la integración social
plan para permitir un uso urbano (con como un estándar urbano mínimo al que debe
densidad bruta promedio de 85hab/ contribuir todo nuevo conjunto habitacional”.47
ha), bajo el compromiso de mitigar las Dicha propuesta, sin embargo, recibió un fuerte

40
Cfr. arts. 65, 65 bis y 68 del D.S. Nº 174/2005, V. y U. Tampoco puede excederse el máximo que se defina para cada ciudad mediante Resolución
del Ministro(a) de Vivienda y Urbanismo.
41
Para obtenerlo, el proyecto debe cumplir con las siguientes condiciones: a) Tener como máximo 150 viviendas; b) Estar en ciudades de 5 mil o
más habitantes; c) Obtener calificación máxima en los factores de localización del art. 35; d) Contar con al menos un 60% de integrantes del
grupo provenientes de la agrupación de comunas donde está ubicado el terreno. El monto de este subsidio se fija según un factor del avalúo
fiscal de los terrenos y la densidad del conjunto habitacional. Para evitar que el subsidio se desnaturalice la vivienda construida no puede
venderse durante 15 años, contados desde la fecha de inscripción en el Conservador de Bienes Raíces (arts. 64 a 74).
42
D.S. Nº 88, V. y U., de 2007 (D.O. 19.06.2007).
43
Se trata del “Sistema de Subsidio Habitacional” creado en 1978 y actualmente regulado por el D.S. Nº 40, V. y U. (D.O. 19.03.2004).
44
Res. Nº 20/1994 GORE Metropolitano (D.O. 04.11.1994) y sus modificaciones. Los proyectos de desarrollo urbano condicionado están regulados
en el art. 8.3.2.4., añadido por la Res. Nº 107/2003 GORE Metropolitano (D.O. 11.12.2003).
45
Creadas por la Res. Nº 39/1997 GORE Metropolitano (D.O. 12.12.1997).
46
Véase, por ejemplo, el Diario Financiero del 21.03.2007 en: <http://www.portalinmobiliario.com/diario/noticia.asp?NoticiaID=6265>.
47
POBLETE B., Patricia. “Integración Social: un desafío país”, El Mercurio, 13.11.2006, p. A2.

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El paulatino pero insuficiente desarrollo del Derecho urbanístico en Chile: en tránsito de la adolescencia a la madurez

rechazo del sector inmobiliario48 y la prensa,49 El problema de la vivienda social también


afirmándose que “El intento de corregir la segre­ se relaciona con la inexistencia de estándares
gación urbana que afecta al país por la vía de urbanos mínimos de carácter general. En efecto,
disposiciones que crean una convivencia social es preciso que el crecimiento urbano vaya apa­
forzada es algo que está inevitablemente conde­ rejado con la mantención o desarrollo de están­
nado al fracaso”.50 La propuesta nunca ingresó a dares de bienes y servicios públicos suficientes
trámite legislativo. para una vida urbana de calidad: áreas verdes,
El fracaso de este anteproyecto de ley, colegios, hospitales, etc. En Chile sólo se exige a
resistido con tanta intensidad y eficacia que ni los urbanizadores realizar cesiones gratuitas de
siquiera llegara ser debatido en el Parlamento, suelo para ciertos usos (hasta el 10% de la super­
demuestra la poca simpatía que genera la idea ficie total del terreno original para áreas verdes,
de intervenir estructuralmente la dinámica del deporte y recreación, hasta 4% para equipa­
mercado del suelo. Es más, en 2003 el problema de miento y hasta 30% para circulaciones) y entregar
la escasez de suelo se enfrentó con el fácil y poco las áreas verdes ya formadas.56 La construcción
sostenible expediente de admitir la construcción de equipamientos es tarea estatal y no privada, de
de viviendas fuera de los límites urbanos, vale manera que lo usual es que se ejecuten después
decir, de seguir expulsando de la ciudad a quienes de la urbanización y no como exigencia coetánea,
optaban a los programas públicos de vivienda.51 al margen que el 4% de cesión normalmente
En el Derecho comparado, en cambio, existen fór­ no permite construir equipamientos relevantes.57
mulas que fomentan o exigen la zonificación En definitiva, se trata de un crecimiento urbano
inclusiva, que favorecen la existencia de reservas sobre la base de proyectos más que sobre la
de suelo público o incluso imponen impuestos base de planes. Esto ha llevado a que los boom
a las comunas que segregan. Así ocurre, por inmobiliarios, especialmente los de edificios resi­
ejemplo, con el modelo de las reservas de suelo denciales, no vayan acompañados de un están­
para vivienda protegida como estándar del pla­ dar mínimo de ciudad. Lo que hay es lo que el
neamiento en el art. 10.1.b) de la Ley de Suelo mercado — con su lógica implacable — exige; a
española52 o el art. 8 Nº 7 de la Ley 388 de 1997 mayor capacidad adquisitiva mejor producto.
colombiana,53 las cuotas mínimas de vivienda De esta manera, no se construyen sólidas redes
social por municipio que exige en Francia el art. públicas de parques, transporte, seguridad, salud
55 de la Ley Nº 2000­1208, sobre Solidaridad y educación, servicios y bienes públicos que
y Renovación Urbana54 o las múltiples herra­ una ciudad democrática debería asegurarle a sus
mientas del Estatuto de la Ciudad brasileño.55 habitantes a distancias razonables de su residen­
Todas ellas son ajenas al Derecho chileno. cia. Y es que este no es el espacio de los arreglos

48
Puede verse, p. ej.: “Iniciativa del Gobierno busca evitar que estas casas se hagan sólo en la periferia: Inmobiliarios rechazan “impuesto” que les
obliga a dar 5% del suelo a vivienda social”, Diario Financiero de 03.11.2006; o “Ven vicios de constitucionalidad en iniciativa del Ministerio de
Vivienda. Total rechazo de inmobiliarias a proyecto que obliga a donar terrenos a viviendas sociales”, El Mercurio de 03.11.2006.
49
Véase, por ejemplo, la editorial de El Mercurio de 17.11.2006, “Experimentando con integración social”, que concluye: “Entre los instrumentos
de que dispone la autoridad para incentivar la integración hay algunos mucho más eficientes que la reserva de un área específica para estos
fines. Desde luego, hay una amplia gama de incentivos tributarios, pero otros países usan también la asignación de derechos inmobiliarios, por
ejemplo, a construir en altura en zonas atractivas para estos efectos, y que el Estado se reserva para diseñar su política urbana”. También en
línea crítica, esta vez planteando la inconstitucionalidad de esta medida por afectar al derecho de propiedad, la editorial del mismo diario de
09.11.2006, “¿Subsidio de particulares al Estado?”, y la editorial del Diario Financiero de 08.11.2006, “La nueva política de vivienda”.
50
MORANDÉ L., Felipe, “Integración social urbana: ojo con el voluntarismo”, El Mercurio de 24.10.2006. Conviene mencionar que este economista
— actualmente Ministro de Transportes y Telecomunicaciones — había sido hasta poco antes de escribir esta columna (entre abril de 2002 y
julio de 2006) Gerente de Estudios de la Cámara Chilena de la Construcción, entidad que agrupa al gremio de la construcción.
51
Ley Nº 19.859 (D.O. 31.01.2003).
52
Actualmente del texto refundido de la Ley de Suelo, aprobado por el Real Decreto Legislativo 2/2008, de 20 de junio (B.O.E. núm. 154, de
26.06.2008). Este precepto exige como mínimo, reservar “los terrenos necesarios para realizar el 30 por 100 de la edificabilidad residencial
prevista por la ordenación urbanística en el suelo que vaya a ser incluido en actuaciones de urbanización”. Cfr. PAREJO A., Luciano y ROGER
F., Gerardo. Comentarios al texto refundido de la ley del suelo (Real Decreto Legislativo 2/2008, de 20 de junio). Madrid: Iustel, 2009,
p. 202-203.
53
Diario Oficial Nº 43.091, de 24.07.1997. Véase a este respecto MALDONADO C., Mª Mercedes, et. al. Planes parciales, gestión asociada y
mecanismos de distribución equitativa de cargas y beneficios en el sistema urbanístico colombiano. Bogotá: Lincoln Institute of Land Policy,
2006, p. 46-48.
54
Loi relative à la Solidarité et au Renouvellement Urbains, de 13.12.2000 (J.O. Nº 289, 14.12.2000). A este respecto puede verse JACQUOT, Henri
y PRIET, Francois. Droit de l’urbanisme, 5ª ed. Paris: Dalloz, 2004, 46 y ss.
55
Supra nota 14.
56
Arts. 70 LGUC y 2.2.5. OGUC.
57
La municipalidad puede “permutar o enajenar los terrenos recibidos para equipamiento, con el objeto de instalar las obras correspondientes en
una ubicación y espacio más adecuados” (art. 70, inc. 1º, OGUC).

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Enrique Rajevic Mosler

privados propios del mercado; es el espacio de lo urbanas de los sectores menos protegidos. Lo
público, cuya robustez es necesaria y vital para contrario es tolerar un enriquecimiento sin
la subsistencia de un régimen republicano. Y en causa que generará más desigualdad.
ese espacio debiésemos debatir, democrática­ Una dimensión mínima de la contribu­
mente, que estándares mínimos debe tener una ción que puede exigirse a los empresarios es la
ciudad o, lo que es lo mismo, qué derechos urba­ mitigación de los impactos, especialmente viales,
nos le garantizamos a sus habitantes. Otra tarea que generan los proyectos urbanos. Si se quiere
pendiente. construir un gran supermercado o un cine deben
contemplarse nuevas calles o pistas y nuevos esta­
3.2 Plusvalías derivadas de las decisiones cionamientos, o los vecinos soportaran los costos
públicas; externalidades y mitigaciones de la congestión sin obtener ningún beneficio,
Otro rasgo notable del derecho urbanístico a diferencia del titular del proyecto. Aunque existe
chileno es la casi absoluta indiferencia ante el una regulación sobre esta materia es reglamen­
fenómeno de la valorización del suelo derivada taria y sus bases legales fueron seriamente cues­
de decisiones públicas. Hace algunos años, el tionadas por el Tribunal Constitucional en 2003,58
síndico a cargo de administrar la quiebra de uno sin que a la fecha se haya dictado una ley que
de los más importantes clubes de fútbol del país regule este tema, como entonces solicitó el Tri­
declaraba a los periodistas que estaba tratando bunal. La congestión de algunos sectores urba­
de lograr un cambio en el uso de suelo del sector nos — como el llamado “Sanhattan” — pone de
donde se ubicaba el estadio del club para per­ relieve suficientemente este problema. El anterior
mitir allí desarrollos inmobiliarios; ello, sostenía, Gobierno había anunciado el envío al Parlamento
valorizaría el terreno, lo que llevaría a demoler el de un Proyecto de Ley sobre impactos urbanos,
estadio y vender el terreno, obteniendo recursos pero al igual que con el proyecto de integración
suficientes para pagar todas las deudas e, incluso, social, las intenciones quedaron en nada.
volver a capitalizar al club. La apertura con También en esto debe considerarse el pro­
que hacía este planteamiento — no demasiado blema de las minusvalías y las externalidades
original, hay que decir, pues el Real Madrid negativas. Las normas urbanas y la provisión de
hizo una operación semejantes a inicio de esta bienes públicos provocan costos, que a veces
década — revela que le resultaba del todo normal deben soportar algunos particulares mientras
entender que el propietario del suelo fuese quien todos nos beneficiamos, como ocurre con la man­
debiese llevarse un incremento de valor como el tención de los monumentos nacionales (cuyo
que descrito. Como esto no causó un escándalo régimen está actualmente en severo cuestiona­
público podemos decir que la generalidad de la miento, tras una sentencia de la Corte Suprema
ciudadanía veía esto como algo normal. Casi que declaró inconstitucional los artículos 11 y
como si la autoridad tuviese una varita mágica 12 de la Ley Nº 17.288 por vulnerar la garantía
para generar dinero y sólo hubiera que ejercer del artículo 19 Nº 24 de la Constitución).59 Esos
el derecho de petición para que la tocase. Sin casos también merecen atención y compensacio­
embargo, analizado con más cuidado no se ve a nes, si es que puede acreditarse un perjuicio
título de qué el efecto de las decisiones públicas efectivo. Algunas de las propuestas del proyecto
— atribuibles a toda la comunidad — debiera de Ley que se había anunciado resolvían este pro­
regalarse a uno o más particulares. Tal como pedi­ blema bajo un enfoque de derechos transables.
mos indemnizar a quienes soportan perjuicios
derivados de esas decisiones también debiésemos 3.3 Sustentabilidad medioambiental urbana
reclamar una repartición justa de los beneficios La relación entre medioambiente y desa­
que de ellas deriven (p. ej., permitir en un lugar rrollo urbano es otro de los capítulos que deben
la construcción en altura), máxime si esos recur­ abordarse. Aquél debe respetar al primero para
sos podrían contribuir a financiar las carencias preservar nuestra salud y bienestar — así como la

58
Se trata de la STC 370/2003, de 09.04.2003.
59
Sentencia Rol Nº 4309-2002, de 18.06.2004.

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El paulatino pero insuficiente desarrollo del Derecho urbanístico en Chile: en tránsito de la adolescencia a la madurez

flora y la fauna — y la de nuestros descendientes; todo satisfactorio. La participación — en los


es un verdadero deber de solidaridad para con términos legales — se produce tarde y es reactiva,
las próximas generaciones, como sostuvo el no sirviendo de insumo para el planificador. Es
Informe Brundtland. En Chile, sin embargo, la necesario adelantar la participación ciudadana
evaluación de impacto ambiental no se conecta para que contribuya y oriente las primeras defi­
fluidamente con el urbanismo. Basta pensar que niciones del plan, para que diga qué ciudad
la regla general es que los proyectos inmobilia­ quieren los ciudadanos. Uno de los ejemplos
rios que son sometidos a este sistema deben eva­ más significativos del último tiempo fue el recha­
luarse una vez que el proyecto va a ser ejecutado zo en plebiscito de una modificación del Plan
y no como requisito previo a su aprobación, y Regulador de Vitacura, donde los vecinos tuvieron
que aún las modificaciones más relevantes de que recurrir a la Contraloría para que validase las
instrumentos de planificación han sido sólo firmas necesarias para convocar al plebiscito ya
sometidas a declaraciones y no a estudios de im­ que el Alcalde estimaba que no habían alcanzado
pacto ambiental. Para colmo, nuestro sistema las firmas requeridas. Contraloría dictaminó que
estaba sólo estructurado para evaluar proyectos las firmas eran válidas (dictamen Nº 46.097/2007)
de inversión y no normas o planes, como los pero el plebiscito no podía celebrarse en 2008,
planes reguladores, lo que genera una serie de dis­ por ser año de elecciones municipales. Final­
funcionalidades que sería conveniente corregir. mente el plebiscito se realizó en marzo de 2009
La llamada “Evaluación Ambiental Estratégica” y el 70% de los vecinos rechazó la propuesta de
recién ha sido introducida por la Ley Nº 20.417, modificación.
de 2010,60 que la define como “el procedimiento En este punto el Proyecto de Ley sobre
realizado por el Ministerio sectorial respectivo, Planificación Urbana representa un cambio posi­
para que se incorporen las consideraciones am­ tivo, pues exige elaborar antes del proyecto de
bientales del desarrollo sustentable, al proceso de plan un nuevo instrumento denominado “Esque­
formulación de las políticas y planes de carácter ma Director”, que definirá la imagen objetivo
normativo general, que tengan impacto sobre el del desarrollo de la ciudad. Sin embargo, por ahora
medio ambiente o la sustentabilidad, de manera no es posible saber si el proyecto se reactivará.
que ellas sean integradas en la dictación de la
respectiva política y plan, y sus modificaciones 3.5 institucionalidad
sustanciales” (art. 2º i bis Ley Nº 19.300). Pre­ Por último, parece evidente la falta de
cisamente este régimen es obligatorio para “…los una autoridad que gobierne las ciudades plurico­
planes regionales de ordenamiento territorial, munales. No puede ser que la reversibilidad de
planes reguladores intercomunales, planes regu­ una avenida deba ser concordada por los ediles
ladores comunales y planes seccionales, planes vecinos, o que algunas comunas tengan edificios
regionales de desarrollo urbano y zonificaciones municipales llenos de lujos mientras otras man­
del borde costero, del territorio marítimo y el tienen yermos los bandejones centrales de la
manejo integrado de cuencas o los instrumentos calle por ausencia de dinero. Una ciudad con
de ordenamiento territorial que los reemplacen más de 40 alcaldes autónomos es una ciudad con
o sistematicen” (art. 7º bis Ley Nº 19.300). En una institucionalidad débil y donde es previsible
este contexto debe aguardarse la normativa de que la desigualdad se perpetúe e intensifique. La
desarrollo antes de hacer un juicio sobre este estructura de nuestro Fondo Común Municipal
particular. no llega a cambiar radicalmente este panorama.

3.4 Participación ciudadana y urbanismo 4 Conclusión: un desafío gigantesco


Otro de los temas no resueltos es el de la Chile cuenta con una legislación urbanís­
participación ciudadana. Aunque en 2001 se tica cada vez más frondosa, pero que todavía
ampliaron las instancias de participación (Ley no alcanza su madurez. Las ciudades han cre­
Nº 19.778, de 2001) el resultado no ha sido del cido y lo siguen haciendo, a un ritmo que hace

60
D.O. 26.01.2010.

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Enrique Rajevic Mosler

impostergable modernizar el marco legal y y sus aspiraciones y, ojalá, bellas y eficientes. No


reglamentario para alcanzar soluciones justas y es fácil arribar a esta meta, pero alcanzarla es
eficaces. Este marco debiera orientar a la autori­ uno de los requisitos para alcanzar un desarrollo
dad, identificando el elenco de bienes jurídicos humano satisfactorio. No queda, pues, sino poner
que debe ponderar al adoptar sus decisiones sobre manos a la obra.
el territorio y relevando la importancia de los
derechos fundamentales de los ciudadanos, tanto Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da
los de los empresarios como los de las demás Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):

personas (y tanto los derechos de primera gene­ RAJEVIC MOSLER, Enrique. El paulatino pero insuficiente desarrollo
del Derecho urbanístico en Chile: en tránsito de la adolescencia
ración como los DESC). El desafío es construir
a la madurez. Fórum de Direito Urbano e Ambiental – FDUA, Belo
ciudades sostenibles, a la medida de sus habitantes Horizonte, ano 9, n. 54, p. 61-70, nov./dez. 2010.

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La norma y la disputa por los usos de la ciudad

Colômbia

la norma y la disputa por los usos de la ciudad*


análida rincón Patiño
Profesora Asociada de la Universidad Nacional de Colombia, sede Medellín. Abogada con Doctorado en Investigación
y Planeamiento Urbano Regional del Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano Regional. Universidade Federal do
Rio de Janeiro.

Sumario: El uso de la norma – Hechos normativos urbanos – Apuntes sobre Medellín­Colombia: Entre
orden urbano y conflicto – Moravia – Barrio Triste o Barrio Corazón de Jesús – Observaciones finales
– Referencias

La ciudad se configura a partir de las con­ dominante y de la consumación de esa nueva


tradicciones inherentes a la producción espacial forma de dominación global.
y a las disputas propias en su apropiación lo En esta pauta de interpretación se quiere
que devela un universo de intereses, proyectos, analizar los contenidos del derecho. El acceso
visiones del mundo y concepciones de orden. a la vivienda o el disfrute al espacio público,
Este precepto desarrollado con agudeza por Henri por ejemplo, se fraguan en las luchas sociales
Lefebvre parece perderse de vista cuando desde por el territorio y aquellas formas jurídicas que
el ejercicio de la planeación o la producción adquieren, cuando son positivados y reconocidos
normativa estatal se pretende una organización, por las constituciones, debe entenderse como tes­
homología y cohesión1 del espacio. timonio de disputas históricas por la ciudad.
Efectivamente, el espacio de la sociedad Sin embargo las representaciones del dere­
capitalista presume ser racional cuando de hecho, cho moderno han sido tan profundamente
en la práctica, está comercializado, desmigajado aceptadas por la cultura, por la formación disci­
y vendido por parcelas (LEFEBVRE, 1976). En plinar y por el sentido común que han terminado
la década de los setenta, el autor evidencia la re­ por fosilizar el objeto teórico como empírico del
ducción de lo urbano a la mercancía a través de derecho y de esta manera refuerzan la propia
la forma del valor de cambio. Esa invasión del lógica dominante que sustrae la dimensión jurí­
espacio por el mercado corresponde a la nueva dica del movimiento histórico, de la dinámica
inspiración del capitalismo a través de la pro­ socio­espacial y de su relación con la política
ducción global y el surgimiento de un mercado y el poder. El resultado en términos tanto de la
de espacios a escala planetaria, subordinada a los demanda hacia el ejercicio jurídico como de la
nuevos centros de información y decisión. Pero oferta de éste, dentro de las investigaciones socia­
a su vez Lefebvre plantea como la ciudad es el les aplicadas a los fenómenos espaciales, es la
lugar donde se manifiestan las contradicciones construcción de “marcos jurídicos” donde se des­
no como producto de esa forma racional sino cribe la norma positiva y no los cambios de sus
como producto del contenido práctico y social; formas como manifestación de las relaciones so­
propone la forma del valor de uso como reducto ciales conflictivas que la han producido.
de resistencia y contra­racionalidad, esto es, la Este artículo es un esfuerzo por traer el
diferencia, la diversidad, la complejidad frente derecho a la reflexión de la cuestión urbana y
a los efectos de la difusión de la racionalidad territorial, y comprender dentro del movimiento

* Este artículo se desprende de la investigación doctoral titulada “De la norma practicada a las prácticas normativas. Experiencias urbanas en
la apropiación territorial y usos del suelo en Medellín-Colombia”, 2007. Apoyada económicamente por el Instituto Lincoln, Programa para
América Latina y El Caribe y por la DIME, Dirección de Investigación de la Universidad Nacional, sede Medellín.
1
El autor se refiere al espacio del derecho como un espacio de cohesión y coherencia que significa regulación buscada, ansiada, proyectada pero
no necesariamente obtenida.

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Análida Rincón Patiño

conflictivo de apropiación del espacio de la ciu­ por agentes cuya pretensión es instaurar,
dad, el momento en el que la norma surge o en regular y controlar un determinado
palabras de Francoist Ost (2005, p. 70), el momen­ orden en el territorio.
to exacto en que se da “el golpe del derecho”. c) La norma como acto de poder: Es en la
concepción de la norma como práctica
El uso de la norma social que la lucha por el uso de la norma
De este modo, dentro del amplio campo del y de los espacios urbanos se instaura.
derecho, se retoma la norma como práctica que Este aspecto permite vincular estrecha­
permite captar la experiencia jurídico­urbana. mente, en el análisis, la norma al ejerci­
Así, se presenta la interpretación del concepto de cio del poder. Este presupuesto enmarca
“uso normativo” a partir de cuatro aspectos: el derecho dentro de un movimiento con­
a) El uso y la vigencia temporal de la norma: flictivo de los usos normativos que no
La norma no solo se produce sino, espe­ es más que la lucha por la definición
cialmente, se usa. Esto permite com­ de los usos de la ciudad. El ejercicio del
prender la forma y el momento en que poder define los procesos normativos
son activadas, modificadas o ignoradas. para instaurar y legitimar, por ejemplo,
Dice Wolf (2000, p. 145) “Las normas son determinados modelos urbanísticos, pro­
intenciones abstractas que en su con­ yectos económicos y usos territoriales,
texto de uso deben ser especificadas” en detrimento de otros. Así se definen
y esa especificidad de la norma se da los “usos estratégicos” para la ciudad y
través de las interacciones sociales. En­ como dice Silva (2005, p. 20) “los rumbos
tender que la norma se produce y usa excluyentes de la reestructuración eco­
en un contexto temporal y socio­espa­ nómica, se expresan en usos estratégicos
cial ayuda a inferir sus contenidos y pro­ del territorio”2 en detrimento de otros,
pósitos. De esta forma el ideario y los así, por definición normativa ciertos
discursos urbanísticos, producidos en usos de la ciudad dejan de tener la im­
contextos económicos y políticos espe­ portancia decisiva para el desarrollo
cíficos, adquieren carácter positivo a y progreso de la ciudad. De esta forma
través de la norma jurídica definiendo, los proyectos urbanos logran cristalizar­
por ejemplo, lo que es espacio público y se como poder hegemónico a través de
lo que está por fuera de él. normas, adquiriendo estos discursos la
b) El uso territorial de la norma: La norma forma jurídica.
está claramente articulada a la pro­ d) La pluralidad normativa en la regula­
hibición, restricción o favorecimiento de ción del territorio: Es un hecho la coe­
la acción social en el territorio y a su vez, xistencia del derecho estatal con otras
al definir los usos del territorio está valo­ prácticas normativas que regulan los
rizando o desvalorizando sectores de la usos del territorio urbano y aunque no
ciudad (esta valoración es económica, con igual poder o comprensión sobre
cultural o social). Dice Ribeiro (2005, todo el territorio, sí regulan con una alta
p. 27) “el espacio presenta las marcas de eficacia ciertos sectores de la ciudad.
la acumulación histórica de normas que Con ello se hace referencia de un lado, a
orientan su formación y apropiación”. prácticas normativas sociales que tienen
Este uso territorial de la norma permite legitimidad en la satisfacción justa de
comprender que la ilegalidad no es un necesidades fundamentales, donde la
atributo intrínseco de los espacios urba­ fuerza de la norma está en la tradición,
nos, la legalidad e ilegalidad espacial el uso en el tiempo del territorio y en
son actos de imposición articulados al la legitimidad de sus orientaciones. Y de
ejercicio del poder que son movilizados otro lado se hace referencia a prácticas

2
Traducción propia del portugués al español.

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La norma y la disputa por los usos de la ciudad

armadas que se fundamentan en la impo­ se está redefiniendo a partir de la relación entre


sición de un orden coactivo, donde la orden urbano y conflicto.
fuerza se convierte en norma. Por ello, fácilmente es reconocida en el
país como una de las ciudades de mayor tradición
hechos normativos urbanos en la planeación y regulación urbana y a su vez
A partir de estos supuestos teóricos, la es configurada y reafirmada urbanamente desde
investigación toma como realidad social la plu­ lo que se ha denominado “asentamientos infor­
ralidad jurídica y reconstruye la historicidad males” o “asentamientos de desarrollo incompleto”
normativa de los usos del suelo en dos barrios no precisamente reglados por el Estado. A fina­
de la ciudad de Medellín­Colombia a través de lo les de 2002, Planeación Municipal de Medellín
que esta investigación ha denominado “hechos había identificado 104 asentamientos de desarro­
normativos urbanos”. llo incompleto o inadecuado habitados por unas
El hecho normativo urbano revela, en un 350.000 personas, población equivalente al 18%
periodo de tiempo, el conflicto por los usos del del total de la ciudad, clasificada en los niveles
suelo y su regulación como forma normativa. 1 y 2 del SISBEN (Sistema de identificación y
Esta regulación se presenta en medio de prácticas selección de beneficiarios).
estatales, comunitarias y armadas que en la dis­ Si se continúa con los contrastes y polé­
puta por los usos de la ciudad da lugar a la impo­ micas de Medellín, la ciudad es reconocida a
sición de un poder normativo. Por tanto la inves­ través de íconos institucionales como las Empre­
tigación capta momentos de conflicto y en espe­ sas Públicas de Medellín y el complejo Admi­
cial aquellos en que las normas son impuestas. nistrativo La Alpujarra cuyo paisaje urbano pare­
De acuerdo a ello se puede decir que los ce revelar una sólida consolidación del poder
barrios Moravia y Barrio Triste representan para gubernamental. Sin embargo, convive su gestión
Medellín dos grandes hechos urbanos cuya his­ y proyección urbana con poderes privados de
toria se ha capturado a partir de la relación con­ alta incidencia en la vida pública de la ciudad
flicto, norma y usos del suelo. como el sector financiero, el sector de servicios
y el sector inmobiliario y en las periferias de los
apuntes sobre Medellín­Colombia: Entre orden barrios populares de la ciudad, ese poder estatal,
urbano y conflicto es usurpado flagrantemente por el poder coactivo
Medellín es una ciudad colombiana, capi­ de grupos armados que violenta e ilegalmente
tal del departamento de Antioquia, situada en deciden sobre la seguridad y desarrollo de sus
el noroccidente del país, en el centro del Valle habitantes.
de Aburrá y a orillas del río Medellín. Cuenta, Por otra parte, La capital antioqueña fue
según los datos del censo del Dane (2005), con proyectada desde principios del siglo XX como
una población de 2.223.078 habitantes, lo que una ciudad fundamentada en la industria. Con
la convierte en la segunda ciudad más poblada los años, Medellín llegaría a ser la primera ciu­
de Colombia, solo superada por Bogotá. Por su dad industrial de Colombia, sede fundadora de
parte, el área metropolitana de la ciudad, confor­ la Asociación Nacional de Industriales y líder en
mada por otros 9 municipios, tiene una población producción textil de Latinoamérica (ALCALDÍA
de 3.312.165 habitantes, siendo ésta la segunda DE MEDELLÍN; EDU, 2003, p. 21). Dos empresas,
aglomeración urbana de Colombia. Coltejer (1907) y Fabricato (1920) lideraron la
Requerir la presentación de Medellín, evo­ industria textil antioqueña, que en sus mejores
ca las diferentes representaciones sociales cons­ años llegó a producir el 90% de las telas de algo­
truidas alrededor de esta ciudad: La ciudad indus­ dón del país (ALCALDÍA DE MEDELLÍN; EDU,
trial, la ciudad de la eterna primavera, la ciudad 2003, p. 31).
más violenta del mundo, la ciudad de la moda, Betancur, Stienen y Urán (2001, p. 138) expo­
la ciudad del narcotráfico, la ciudad pujante. nen como en la crisis del sector industrial que se
Cualquier que sea su representación, denota una presenta a finales de los 80 aparece de manera
ciudad de contrastes en la que permanentemente más clara la preocupación, de la élite empresarial

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Análida Rincón Patiño

y del gobierno local, por encontrar fórmulas de vivienda y una cierta homología de esquemas
que permitieran a la región construir una plata­ urbanísticos: Demolición y construcciones de
forma competitiva adecuada a un contexto de nuevas edificaciones, densificación y ocupación
globalización. Sin embargo, en esta década, a la del espacio urbano, transformación del centro
vez que la ciudad fue convocada por proyectos de la ciudad y modernización en el sistema de
de la competitividad urbana también lo hicieron servicios, especialmente el financiero.
proyecto del narcotráfico y el conflicto armado. Dentro de la estrategia de ciudad compe­
A partir de allí, por la ciudad se ha desplegado titiva y concretamente con la Ley 388 de 1997
un sinnúmero de grupos armados a tal punto que o Ley de Desarrollo Territorial, dos barrios de la
para inicios del nuevo siglo esta urbe asiste a una ciudad Moravia y Barrio Triste son articulados
escalada del conflicto armado con la presencia o integrados, estratégicamente, al centro de la
de bandas, autodefensas, milicias y grupos para­ ciudad de Medellín lo que contrasta con lo que
militares que la llevó a calificativos como “la ciu­ representaban estos territorios unos años atrás,
dad sobre­vigilada” en donde la oferta de servicios como “asentamiento subnormal” y “centralidad
de seguridad privada era otra fuente de ingresos. periférica” respectivamente.
De otro lado, desde la convocatoria de com­ “Los acuerdos 62 de 1999 y 23 de 2000,
petitividad urbana, se desprenden estrategias para ubican a Moravia como una centralidad barrial
Medellín como es el cambio de la vocación pro­ en el ámbito de la centralidad zonal de Aranjuez,
ductiva de la región, desde su tradicional escena­ vinculada con el centro tradicional y represen­
rio industrial hacia la venta de una plataforma tativo y con el centro de equilibrio del norte, al
de servicios financieros, turísticos y médicos. área de planeamiento identificada con el código
Este es el imaginario que se le asigna a la ciudad Z1­MI­6 que orienta al tratamiento urbanístico
metropolitana como ruta, como referente de desa­ de mejoramiento integral por medio de un plan
rrollo territorial en lo económico y lo físico espa­ parcial estratégico que busca mejorar las condi­
cial, con un énfasis en la producción de servicios ciones de vivienda y hábitat”.3
especializados. En efecto, esta vocación econó­ En Barrio Triste, el Plan de Ordenamiento
mica ha cambiado a favor de los servicios y en Territorial de Medellín — acuerdo 62 de 1999
detrimento de la industria tradicional. Por ejem­ — establece “la necesidad de adelantar un pro­
plo, en 1981 el 56% de las 50 empresas más ceso de renovación urbana, dirigido hacia la
grandes de Antioquia ejercían actividades manu­ transformación del sector de manera que se resuel­
factureras. En 1997 dicha participación había van sus conflictos funcionales y potencie su pro­
descendido al 42%, mientras que la de servicios ductividad y competitividad tanto a nivel local
(transporte, finanzas y demás servicios) pasaría como nacional”.4
de 20% al 44% en los mismos años de análisis Moravia, como territorialidad urbana estig­
(ARBELAEZ et al., 2007, p. 30). Actualmente, la matizada, ha significado históricamente, para la
industria manufacturera, el comercio y la activi­ ciudad, el asentamiento humano ubicado en el
dad de servicios constituyen las actividades eco­ Basurero de la ciudad. Es un barrio en el que se
nómicas más representativas de Medellín y su asentaron bandas de narcotraficantes y grupos
Área Metropolitana. El auge constructor se da armados y hasta el 2004 parecía determinante, en
en los años 80 y principios del 90, cuando se los usos del territorio, una norma coactiva para­
adelantan en la zona sur­occidental amplios com­ estatal. Es un barrio donde moraban, según el
plejos urbanísticos de estratos medio alto y alto Estudio del Departamento Administrativo de Pla­
(ALCALDÍA DE MEDELLÍN; EDU, 2003, p. 28). neación y la Universidad Nacional de Colombia
Algunas circunstancias, procesos, eventos (2004) 40.000 personas en 7.532 viviendas habi­
y una cierta mentalidad generalizada, perfilan tadas por 10.471 familias de estrato 1 y 2 y todo
los inicios del siglo XXI, un período distinto a los sucede en una superficie de apenas 43 hectáreas.
anteriores, caracterizado por un cambio dramá­ Barrio Triste, como territorialidad urba­
tico en el uso del suelo, proliferación de torres na confinada, representa la zona de mecánicos

3
Considerando 2 del Decreto 1958 de 2006 por el cual se adopta el Plan Parcial de Mejoramiento Integral del Barrio Moravia.
4
SECTOR Corazón de Jesús proyecto plan de desarrollo y plan parcial. Periódico Fundación Coraje XI. Medellín, oct. 2000, 4.

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La norma y la disputa por los usos de la ciudad

informales de servicio al vehículo automotor. edición ideológica, estratégica, planificadora,


Está ubicado en todo el corazón del centro de la organizacional, relacional y de manera especial
ciudad y ha sido el más importante sector comer­ en las regulaciones del territorio.
cial y de venta de repuestos del departamento Una buena parte de los asentamientos se
de Antioquia, su ubicación definida como estra­ localizan en la llamada Comuna Nororiental,6 que
tégica ha generado una presión sobre la trans­ ejerce una atracción hacia los inmigrantes por
formación de los usos, actuales e históricos del el bajo precio de las tierras o por el desarrollo de
suelo. A finales de la década de los 80 se confor­ invasiones. En Medellín, en la base de la zona
maron dos organizaciones cívicas que lograron un nororiental, fue ocupada, a partir de la década de
control territorial, conquistado por comerciantes los 60, una porción de tierra que se llamó Moravia.7
formales e informales. Las prácticas normativas “Ubicada en la puerta de entrada a la ciudad por
de esta comunidad parecieran determinantes en el sector norte, a 2Km y medio del punto más
la resistencia a la norma estatal, en la constitu­ céntrico de ésta, ocupa una área de 40 hectáreas,
ción como agentes reguladores y en la transfor­ en un terreno plano, en una urbe que crece en
mación social del sector. Sin embargo a través medio de montaña” (RAMÍREZ TORO et al., 2000,
del Plan Parcial de Renovación — aún no apro­ p. 12). Los terrenos fangosos se empezaron a llenar
bado —, el barrio, pretende regularse alrededor y los habitantes, en su mayoría de municipios
de la pregunta “¿la ciudad se transforma…y de Antioquia y de los departamentos cercanos,
nosotros qué?”.5 plantaron sus ranchos y tomaron para ellos un
lugar a cambio del que forzosamente les había
Moravia tocado dejar.
Los barrios periféricos de Medellín, como
muchos de Colombia, fueron construidos por Conflicto por la ocupación: Poder Normativo Social
campesinos, cuya necesidad de sobrevivir a la Aunque la invasión, a nivel local, nacional
prolongada e interminable violencia política ur­ e internacionalmente, se conoce como la invasión
bano­rural del país iniciada a mediados del siglo del basurero,8 este asentamiento comenzó desde
XX, llegaron a una ciudad nunca preparada para la década de los sesenta, antes de que el lugar
recibirlos. Así se convirtieron en campesinos­ fuera decretado como el basurero de la ciudad
urbanizadores al comenzar, con su historia y de Medellín. Esto que parece una mera sutileza
costumbres rurales, a lidiar con la desconocida es para la presente investigación una cuestión
urbe. de primera importancia para entender el “uso”
Este aparte puede encabezar muchos docu­ que estratégicamente la administración munici­
mentos que incursionan en el análisis de los pal decide darle al lugar y la respuesta de la
diversos fenómenos de urbanización de nuestras comunidad en la consolidación del asentamiento.
ciudades, pero sobre lo que se quiere llamar la Lo que aquí debe quedar claro es que hubo una
atención y no pasar de largo sobre palabras ya ocupación de hecho antes de 1977, aspecto que en
dichas, es por el proceso de connotación, homo­ la revisión documental producida sobre Moravia
genización, formación y transformación como aparece como un simple antecedente o un dato
“territorios ilegales”, lo que se convierte en una adicional no muy legible, pero que la presente
impronta histórica para los pobladores en su investigación considera como el hecho fundante.

5
Palabras de la coordinadora de la formulación del plan parcial de Barrio Triste o Barrio Corazón de Jesús en el año 2005.
6
Fue en la década de los 90 donde la palabra comuna quedó connotada por la violencia y el sicariato como se puede leer en la siguiente nota: “La
comuna nororiental de Medellín fue conocida en el mundo entero por los hechos de violencia que ocurrieron en sus calles, por el surgimiento de
grupos de jóvenes desarraigados y dedicados al sicariato, el narcotráfico y la delincuencia” (En: CARACOL. Aprobado en Medellín el texto de la
Nueva Gramática de la Lengua Española. Caracol radio. Medellín, 24 mar. 2007. disponible en: <http://www.caracol.com.co/noticias/406261.
asp>. Acceso en: 25 mar. 2007).
7
De acuerdo a información ofrecida por un líder del barrio en mayo de 2004 a quien se le pregunta por el origen del nombre del barrio Moravia,
el plantea que Moravia significa morada, pero a su vez, insiste que antiguamente al sector lo identificaban con el Puente del Mico, sin embargo,
plantea que fueron los políticos “en la caseta de la Junta de Acción comunal”, quienes colocaron el nombre. Esta versión es corroborada por
otra líder quien plantea “el alcalde definió el nombre de Moravia”.
8
Este sector se hace visible para la ciudad a partir de la ubicación del basurero, lo cual puede corroborarse con el seguimiento de prensa.
ARDILA CUESTA, Rodolfo. Análisis Nacional de vivienda VIII. En Medellín 14.640 personas viven en el basurero. Amenazas y vidas ha costado su
solución. El Colombiano, Medellín, 9 feb. 1988. p. 8B; DE MONTAÑA de basura a montaña de tugurios. El Mundo, Medellín; MEJÍA UPEGUI,
Juan Esteban. 51 mil millones de pesos serán invertidos en un proyecto que busca transformar basurero de la ciudad. El Tiempo, Santafé de
Bogotá, 23 nov. 2005. Disponible en: <www.eltiempo.com>.

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Análida Rincón Patiño

Al momento — la década de los 60 —, la fue aprobado en 1951 (decreto 683), siendo adop­
institucionalidad estatal a través de las instancias tado posteriormente por el acuerdo 92 de 1959,
competentes no invocaron las normas pertinen­ tomando el nombre de Plan Director, con algunas
tes (Ley 57 de 1905 y el decreto 992 de 1930).9 modificaciones con relación al plano original
Para finales de los 60, las ocupaciones colectivas (NARANJO; VILLA, 1997, p. 44).
eran una realidad urbana. El poder social se En los parámetros establecidos por esta
sobrepuso sobre el poder jurídico. Poder que se visión de ciudad demarcado por el desarrollo
funda a partir de la decisión, la acción colectiva físico­espacial de la ciudad, en 1977, mediante
y la ocupación de hecho; en una articulación de Acuerdo Municipal Nº 3, se reglamenta la adqui­
intenciones y decisiones temporales, donde los sición del “lote” de terreno — Moravia — donde
inmigrantes motivados por una necesidad inmi­ estaban asentadas más de 80 familias por parte
nente de sobre vivencia,10 declaran tácitamente del Municipio. Como si no existiera esta pobla­
una regla: la ocupación; e instauran un hecho ción, el acuerdo justifica la adquisición del lote
territorial: La apropiación de un pedazo de tierra por parte del Municipio de Medellín y su respec­
urbana. Una decisión de ocupar un territorio no tiva asignación de uso. Se trata de la adquisición
a través de la operación de los dispositivos del por parte del municipio del mencionado lote,
sistema jurídico estatal sino de un(os) procedi­ asentamiento que corresponde a Moravia — para
miento(os) “de facto”. Esta ocupación colectiva, la construcción de un parque, anexo al Parque
como acto político­jurídico, crea en el proceso Norte, (acogiendo y añadiendo al Plan de Parques/
de lucha de los pobladores en Moravia un modo Obras de 1976), con previa destinación de cinco
colectivo de adquisición de la tierra con ruptura años como botadero de basuras, para lo cual se
del vínculo jurídico de la propiedad individual le asigna a Empresas Varias11 en arrendamiento.
del derecho estatal.
Para 1970 habían 80 familias que habita­ Conflicto por la ubicación: Poder normativo estatal
ban la zona. Sin duda alguna, es importante men­ En consecuencia de todo lo anterior los
cionar el papel, que en este momento jugaron pobladores del lote adquirido por el municipio,
algunos agentes “externos” en la promoción de son instados por éste a desalojar, pues la zona
estos hechos denominados invasiones: la izquier­ decretada como basurero, ya “no es apta”, desde
da, grupos políticos, las universidades, ONGs, condiciones sanitarias y de estabilidad del terreno,
la iglesia. Que obraban como “agentes concien­ para la vivienda. Por tanto “el riesgo ambiental”,
tizadores”. El nombre del asentamiento productos que acompaña a Moravia en todo su desarrollo
de esa primera invasión colectiva: “Fidel Castro”, histórico, es declarado, siendo producto de una
es una toponimia política que refleja el momento decisión emitida por el poder normativo estatal
histórico de América Latina. en el que subyace un riesgo social generado por
Hacia mediados del siglo XX, y con base el propio Estado, con eminentes responsabilida­
en la Ley 88 de 1947 que obligaba a los munici­ des. En otras palabras el Estado provoca el “riesgo
pios con presupuesto superior a los $200.000 a ambiental” y social de la zona. Primero crea el
elaborar planos reguladores para el ordenamiento riesgo al decretar el uso del basurero, y después
urbano, la Junta de Valorización y Urbanismo declara públicamente el riesgo ambiental.
autorizó la contratación de los urbanistas Paul Paradójicamente, a partir de ahí se aceleró
L. Wiener y José Luis Sert, para la elaboración la invasión en Moravia. “Los terrenos eran planos
del Plano Regulador para Medellín. Este Plano y uno acá se bandeaba como podía. Se veía el

9
La ley 057 de Abril 29 de 1905 se denomina sobre “Sobre reformas judiciales” regula en su artículo 15 lo atinente a invasiones y (reglamentado
por el Decreto Nacional 992 de 1930, Modificado parcialmente por el art. 15, ley 200 de 1936) establece que “cuando alguna finca ha sido
ocupada de hecho sin que medie contrato de arrendamiento ni consentimiento del arrendador, el jefe de policía ante quien se presente la
queja se trasladará al lugar en que esté situada la finca dentro de las cuarenta y ocho horas después de la presentación del escrito de queja; y
si los ocupantes no exhiben el contrato de arrendamiento, o se ocultan, procederá a verificar el lanzamiento sin dar lugar a recurso alguno ni a
diligencia que pueda demorar la desocupación de la finca”.
10
Este sector se hace visible para la ciudad a partir de la ubicación del basurero, lo cual puede corroborarse con el seguimiento de prensa.
ARDILA CUESTA, Rodolfo. Análisis Nacional de vivienda VIII. En Medellín 14.640 personas viven en el basurero. Amenazas y vidas ha costado su
solución. El Colombiano, Medellín, 9 feb. 1988. p. 8B; DE MONTAÑA de basura a montaña de tugurios. El Mundo, Medellín; MEJÍA UPEGUI,
Juan Esteban. 51 mil millones de pesos serán invertidos en un proyecto que busca transformar basurero de la ciudad. El Tiempo, Santafé de
Bogotá, 23 nov. 2005. Disponible en: <www.eltiempo.com>.
11
Empresa del Estado, cuyo principal propósito es prestar el servicio público de aseo. Se rige por la Ley 142 de 1994.

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La norma y la disputa por los usos de la ciudad

barrio Caribe y Castilla. Cuando empezaron a traer se vio instada a expedir el Decreto Municipal
la basura todo cambió” (…) “el basurero atrajo a 102 de 1984, “por el cual se establece el programa
centenares de personas que entre los desechos de Rehabilitación13 del sector del basurero”.
buscaban el material para conseguirse su sus­ Ese malestar de la Administración Muni­
tento”. “Por todos lados estaban los recicladores. cipal, había sido precedido por intensas luchas
La gente estaba a la espera de los carros de basura de la comunidad Moravita exigiendo el traslado
para sacar lo poquito que se podía usar”.12 del basurero pues, “la convivencia con el basurero
A partir de este momento los pobladores era insostenible. La gente se organizó para luchar
fundadores de Moravia, se articulan alrededor de por sus derechos y sacar las basuras de acá. Espe­
la lucha por la “tierra” — no por la propiedad pri­ raban los camiones en la entrada y los devolvían
vada —. Simultáneamente comienza a darse a piedra. Ya todos estaban cansados de ese pro­
un proceso de organización espacial, cuya confi­ blema. Los problemas de salubridad aumentaron.
guración como barrio tiene una estrecha relación Mientras tanto la comunidad organizaba dife­
con el proceso organizativo de las comunidades. rentes movilizaciones para que la Alcaldía termi­
Realmente es importante entender esta relación nara con las basuras”.14 La Alcaldía ordenó, en
dialéctica: Es la organización social de los pobla­ 1983 bajo el mandato de Juan Felipe Gaviria, aca­
dores la que permitió la transformación de un bar con el botadero de desechos sólidos y trasladar
suelo cenagoso y de un morro de basura en un el basurero de la ciudad a la Curva de Rodas.
hábitat, a su vez las condiciones inhóspitas del Moravia estaba conformada por sectores
terreno se convirtieron en un reto para las orga­ donde habitan, en 1983, 14.640 habitantes en
nizaciones comunitarias. Podría decirse que el 3.362 viviendas, con una densidad promedio
barrio por completo ha sido reciclado. de 681hab/ha, en construcción de un piso mayo­
En este momento histórico, década de los ritariamente tugurios, “y en el corazón del área
80, Moravia se había consolidado como hecho como monumento reflejo de su situación, una
urbano y se hizo evidente la disputa de este terri­ gran montaña de basura de una altura de 30
torio por los proyectos urbanos agenciados metros” (SANTANA, 1986, p. 11, 66), 48% de la
desde el Estado. Después de siete años de que la población económicamente activa y existe un
Administración Municipal ordenara construir el 40% de desempleo (SANTANA, 1986, p. 92). Con
basurero de la ciudad en el sector de Moravia, respecto a la tenencia de la tierra, el 28% son in­
el volumen de basuras había aumentado directa­ vasores directos, el 50% compradores de mejoras
mente proporcional a la población que lo convir­ o posesiones y el 10% lotes cedidos o prestados
tió en territorio usado. Contrariamente, el uso que (SANTANA, 1986, p. 93). A esa fecha no se pre­
le dio la municipalidad al terreno, como basurero senta el fenómeno de los inquilinatos (censo de
abierto para desestimular e interrumpir la inva­ 1983). El sector está atravesado por dos quebradas
sión facilitó la ocupación progresiva del mismo. y un caño de aguas negras, sin alcantarillado y con
La norma estatal produjo el efecto total­ acueducto y energía eléctrica de contrabando.
mente contrario al propósito del emisor. El pre­ El conflicto permanente desenvuelto por
tendido relleno sanitario nunca se logró, ni se más de dos décadas en el barrio Moravia, con el
trabajó adecuadamente para ir uniformando la decreto 102 de 1984, se lleva al campo jurídico
topografía. Lo que se logró fue una inmensa mon­ a través de un acto de Alcaldía. El conflicto se
taña de basura. Una buena parte de los ocupantes lleva al campo del derecho, y de esta manera se
eran los mismos recolectores de la basura. Esta institucionaliza: Se establece una competencia
situación es identificada por la administración en cabeza del Alcalde y se crea un Comité de
como un problema de orden público y en 1984, Rehabilitación del Basurero. Ahora, el Programa

12
GONZÁLEZ TORO, op. cit.
13
Es interesante llamar la atención sobre la denominación de este decreto “Rehabilitación del sector del basurero”. Si tomamos la palabra
“habilitar” el significado más apropiado acorde con nuestra problemática es aquella que plantea “Subsanar en las personas falta de capacidad
civil o representación, y, en las cosas, deficiencias de aptitud o permisión legal”. Y si tomamos literalmente la palabra “rehabilitar” se presenta
aún mucho más interesante su significado “Acción y efecto de rehabilitar. Acción de reponer a alguien en la posesión de lo que le había sido
desposeído. Reintegración legal del crédito, honra y capacidad para el ejercicio de los cargos, derechos y dignidades de alguien que fue privado.
Conjunto de métodos que tiene por finalidad la recuperación de una actividad o función perdida o disminuida por traumatismo o enfermedad”
(Encarta: 2006). Por lo tanto con el programa, podría interpretarse que no solo se quiere subsanar deficiencias legales del sector sino, también,
reconocer los derechos de los poseedores y reintegrarlos en sus derechos.
14
GONZÁLEZ TORO, op. cit.

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Análida Rincón Patiño

de Rehabilitación se convierte en arena política15 de Medellín. Se trata de una población, la mayoría


en la que se institucionaliza y escenifica el jóvenes, primera generación urbana hija de los
conflicto con el Estado y los conflictos entre las inmigrantes de la década de los 60. Sin embargo
comunidades. el auge del cartel de Medellín fue un factor
En la instauración del orden urbano en determinante en la transformación de la ciudad.
Moravia, a través del Programa de Rehabilitación Se plantea que el fenómeno de delincuencia
lo que se interpreta, desde esta investigación, es adquirió en Medellín una dimensión organiza­
una juridización estatal de la vida comunitaria tiva no tan claramente identificada en otras ciu­
mediatizada por el título de propiedad, que de­ dades del país. Se conforman poderosos grupos
sestructura la solidaridad y coordinación de la de sicarios que empiezan a operar al servicio del
comunidad y su identidad constituida alrededor narcotráfico, es el caso de la banda de los Priscos
de una necesidad común: el derecho a la vivienda. y la Terraza en la zona Nororiental y de la Ramada
La lucha se individualiza como intereses perso­ en el Municipio de Bello.
nales por mantener la posesión del suelo gene­ El conflicto armado, colocó en el discurso
rando enfrentamientos extremos entre los propios de académicos, funcionarios públicos, comuni­
pobladores. En un artículo de prensa de 1984, dad y en los propios grupos armados las palabras
se plantea que el Plan de Rehabilitación del barrio territorio y control territorial. La ciudad entra en
Moravia y los intereses que se han construido guerra a finales de la década de los 80 y emer­
alrededor de él generan conflictos comunitarios gen controles territoriales informales, implícitos
y se cree que este es el móvil del asesinato o explícitos y tremendamente eficaces. El control
de líderes. El Plan de rehabilitación, según el territorial es la nueva forma de regulación social.
artículo, consiste en reubicar a las familias que El espacio público y los usos del suelo son
están asentadas en franjas de terreno que el muni­ constreñidos al ser controlados físicamente por
cipio necesita para ampliación de la carrera 52 los grupos armados. Las territorialidades públi­
Carabobo, y la prolongación de la carera 53 y cas: las calles, el morro, los parques, las esquinas,
de la vía regional en la margen oriental del Rió prescriben y son usurpadas por territorialidades
Medellín. También se necesitan fajas de terreno coactivas. Se genera una recesión de la dinámica
para la ampliación de la calle 70, y para hacer interna barrial inmobiliaria y económica: “no se
vías de acceso al puente de El Mico, que comu­ puede construir y poner una tienda pues ello es
nica a la Terminal del Transporte con el oriente muestra de progreso y pasaban a hacer objeto de
de la capital Antioqueña. vacunas”17 es decir cobro de impuestos o extor­
siones. Esta regulación militar genera hipoden­
Conflicto por el control: Poder normativo armado sificaciones al provocar emigraciones de pobla­
El año de 1983 “en la época en que se dores del barrio hacia otros sectores de la ciudad.
cierra el basurero, la gente se queda sin nada qué Los usos del suelo, residencial, comercial y de
hacer y se forman las bandas”,16 recuerdan algunos circulación son restringidos a las necesidades
de los líderes de la zona. Simultáneamente al básicas. El control territorial genera usos prohi­
programa de rehabilitación urbana iniciada con bidos y desusos de espacios públicos. Se presentan
la alcaldía, los líderes y en general la comunidad, micronegociaciones en los usos: con el comercio,
tuvieron que lidiar con la delincuencia común. fundamentalmente. El espacio, casi en su totali­
Hasta comienzos de los ochenta la mayoría dad es funcional al control territorial.
de los barrios contaban con bandas delincuen­ “En Moravia se hace más insostenible la
ciales de diversos tamaños que despojaban de situación, que obliga a los pobladores a solicitar
bienes a la población con el uso de la fuerza, prin­ la presencia de las milicias, que en 1989 hacen
cipalmente a los sectores más pobres de la ciudad su aparición en la zona”.18 La Milicias, era un

15
“Una arena es un marco — institucionalizado o no — que manifiestamente funciona como un escenario para una interacción antagónica
dirigida a llegar a una decisión públicamente reconocida (TURNER, 1974, p. 133. Citado por: VARELA, Roberto. Naturaleza/ Cultura, Poder/
Política, Autoridad/ Legalidad/ Legitimidad. p. 69-111. En: KROTZ, Esteban (Ed). Antropología jurídica: perspectivas socio-culturales en el
estudio del derecho. Rubí, Barcelona: Anthropos Editorial; México: Universidad Autónoma Metropolitana – Iztapalapa. 2002.
16
GÓMEZ OCHOA, Gloria Luz. Conflicto, una huella con varios rostros. El Colombiano, Medellín, 18 oct. 2005. p. 1D.
17
Información ofrecida por líder en mayo de 2004.
18
GÓMEZ OCHOA, op. cit.

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La norma y la disputa por los usos de la ciudad

grupo armado,19 con presencia en algunos barrios paramilitares. Como puede entenderse de lo plan­
de la ciudad que se conformó a finales de la dé­ teado anteriormente cada uno de ellos se dife­
cada de los 80, tuvo básicamente presencia en la rencia por el ejercicio del poder, el control del
zona Nororiental de la ciudad de Medellín y por territorio, las estrategias de legitimación y los usos
solicitud de algunos pobladores de algunos de del suelo.
los sectores de Moravia se asentaron en este terri­
torio, con el objetivo de disputarle el territorio a Conflicto por el espacio público: Presión, descom­
las bandas y pandillas delincuentes que domina­ presión y coacción
ron esta zona. Finalmente, el cuarto hecho normativo
Con este segundo actor armado se presentan reconstruido21 por esta investigación es contex­
unos usos restrictivos del espacio, las relaciones tualizado a finales del siglo XX y principios
con la comunidad está mediatizada ideológica­ del XXI por la convocatoria a Moravia de dos
mente y políticamente y ese poder se expande, proyectos que se instauran entre el juego explí­
reproduce y legitima hacia un poder de regulación cito e implícito que cambiarán a futuro la repre­
de las esferas privadas y públicas, dirimiendo con­ sentación urbana de este barrio. El primero, un
flictos. “Éramos quienes regulábamos el comer­ proyecto de institucionalidad estatal y social, que
cio, el transporte. Mediábamos en las disputas se concreta a través del Plan de Mejoramiento
de vecinos, realizábamos la función que le com­ Integral cuyo propósito explícito es realizar, entre
petía al Estado. Llegamos a ser la única fuerza con otras, el proceso de titulación de las viviendas.
alguna legitimidad” palabras de un ex­miliciano De esta forma se intenta integrar a Moravia no
de Moravia.20 Pero esa concentración de compe­ solo a la legalidad sino al concepto global de cen­
tencias en un solo agente — militar y jurisdiccional tralidad urbana. El segundo proyecto, el parami­
— provoca autoritarismos y su deslegitimación litarismo, se presenta en Moravia con la hegemo­
gradual. Poco a poco, en un proceso de negocia­ nía de un actor armado. En ambos proyectos el
ción, las milicias cambian de táctica, “lo que espacio público es objeto de conflicto y regulación.
seguía era el trabajo social para pelear por los Para el primer caso constituye en elemento estruc­
derechos de la comunidad y para ello teníamos turante de recuperación del urbanismo público
que estar en la legalidad”. A finales de 1993, se para Moravia. Para el segundo caso, el espacio
da el proceso de negociación entre el Gobierno público se convierte en el lugar no solo a través
Nacional y las Milicias Populares del Valle de del cual se ejerce un control territorial sino
Aburrá (Mpva). también un control urbanístico y de esta manera
Con el nuevo milenio entra un tercer grupo ingresan no solo como poder armado sino espe­
armado, los paramilitares, el poder armado con­ cialmente como agente económico. En medio
tinua siendo violento y explícito pero en esta de estos proyectos ocurre una explosión de usos
ocasión racional y refinadamente objetivado en sociales que se manifiesta como densidad de prác­
el espacio. ticas sociales en el espacio que entre intereses y
En síntesis, este tercer hecho normativo, necesidades reconquistan, desde nuevas formas,
consolidado entre mediados de la década de los el territorio moravita.
80 y finalizando la década de los 90, se expresa
con la imposición del poder normativo armado. Barrio triste o Barrio Corazón de Jesús
Es un período en el que acontecen tres guerras, El barrio Corazón de Jesús, conocido popu­
como lo expresa la propia comunidad. Es un larmente como Barrio Triste, es uno de los princi­
poder armado ejercido por diferentes agentes pales sectores de servicio automotor que perte­
del conflicto que actúan en periodos específicos: nece a la denominada Zona Centro Oriental de
Bandas del Narcotráfico, milicias populares y Medellín. Su gran dinamicidad está dada por el

19
Las Milicias del Valle de Aburrá (M.P.V.A), que surgen inmediatamente después de las Milicias del Pueblo y para el Pueblo, son la expresión de
una voluntad consciente por parte de la guerrilla de copiar el modelo miliciano. Pero luego estas milicias se separan de la dirección del Ejército
de Liberación Nacional (E.L.N) e inician una vida propia. JARAMILLO, CEBALLOS Y VILLA, op. cit., p. 63.
20
GÓMEZ OCHOA, op. cit.
21
El trabajo de campo de esta investigación se realizó hasta el año 2005.

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Análida Rincón Patiño

comercio y servicio automotor­mecánico formal mal, que no se quisiera tener pero está en el
y especialmente informal. centro de la ciudad. Es esto lo que le da un carácter
Como parte de su génesis, los terrenos diferencial y de disputa a la regulación territorial.
identificados como baldíos estaban ubicados al Esta definición del territorio central de la
lado del río Medellín y rápidamente fueron pro­ ciudad a través de los usos del suelo ha llevado
yectados como expansión de la ciudad a finales a que la norma estatal desde su contenido, cree
del siglo XIX. Su origen está relacionado con la el conflicto mediante la declaración de usos
articulación a uno de los sectores comerciales prohibidos o restringidos y por ello califica —
más importantes de la ciudad en la primera mitad desvaloriza — el sector como “periferia central”,
del siglo XX, Guayaquil. A través del tiempo se “zona crítica”, “zona deteriorada”, “territorios
fueron instalando proyectos urbanos, económicos de conflicto funcional” y por otro lado convoque
e institucionales que presionan la transformación a la construcción de un sentido territorial del
de los usos del suelo a lo largo de su historia: en barrio a través de la “transformación” y “reno­
un primer momento, La plaza de Mercado — 1894 vación”. Es así como la presión por el cambio de
—, la Feria de Ganado, el Ferrocarril — 1914 —, uso del suelo hace parte del conflicto histórico
la instalación de diversas industrias, la iglesia relacionado con las contradicciones en la pro­
Sagrado Corazón de Jesús — 1946 —. En un segundo ducción del espacio y especialmente con la apro­
momento El Centro Administrativo La Alpujarra piación de territorios céntricos de las ciudades.
— 1974 — y el ensanche de la Avenida San Juan, De nuevo, como en Moravia, la relación usos,
el Metro — 1995 — y el Edificio Inteligente de conflicto y norma será el lugar desde donde se
Empresas Públicas de Medellín — 1997 —. Y un recupere la historia normativa de este territorio.
tercer momento inaugurado, aproximadamente,
desde finales del siglo XX y principio del XXI Conflicto por la ocupación: La modernidad de la
con acelerados proyectos urbanos como El Centro centralidad urbana
de Convenciones, la Biblioteca Temática, La Plaza El primer hecho normativo se constituye
de las Luces, la Plazoleta de los Pies Descalzos y en la primera mitad del siglo XX. Barrio Triste
el Pasaje Peatonal Carabobo. surgió en uno de los lugares donde se concen­
En consecuencia Barrio Triste hace parte tran esfuerzos — entre 1890 y 1950 — para hacer
de la redefinición histórica y permanente de lo de Medellín una ciudad moderna: cambios en la
que se ha constituido en lo últimos años como morfología urbana, trazado de vías, instalación de
el centro de la ciudad de Medellín. En este sen­ industrias, la construcción de una Plaza de Mer­
tido ha sido objeto de cambios en el tratamiento cado cubierta, la canalización del río Medellín
y usos del suelo: remodelación — 1963 —,22 re­ y el surgimiento del ferrocarril que ubicó su punto
habilitación — 1969 —23 y renovación — 1999 central en la Plaza de Cisneros. Ante el naciente
—24 por parte de normas urbanísticas estatales Estado regulador, son estas obras urbanísticas las
y estudios técnicos que comúnmente se han que se convierten en fuente de regulación de usos.
orientado a “recuperar” el centro de la ciudad. Durante este período coexisten varias fuerzas
Por su ubicación, en el corazón del centro sociales en conflicto por la ocupación del espacio:
de la ciudad, históricamente ha sido parte del Una primera que se abroga la representativi­
desarrollo desigual de la centralidad física, eco­ dad del proyecto modernizador de la ciudad, en
nómica y política de la ciudad. Esa configuración cabeza del Estado local y la Sociedad de Mejoras
de centralidad, denominada por la instituciona­ Públicas (organización de la élite empresarial)
lidad gubernamental, proviene directamente del que entra en colisión con otras dos fuerzas
proceso de modernización de la ciudad, de la sociales: La primera constituida por particulares
instalación del capital, de su lógica y desarrollo. propietarios que aseguran el predominio del bene
Ahora, como producto del poder estatal de nomi­ ficio privado sobre la construcción y manejo de la
nación, Barrio Triste, ha sido calificada como ciudad moderna y la segunda compuesta por cam­
“periferia central” aquello que es feo, que huele pesinos inmigrantes que desarrollan dinámicas

22
Tratamiento reglamentado en Medellín mediante acuerdo 14 de 1963.
23
Tratamiento propuesto en: ALCALDÍA DE MEDELLÍN, Departamento Administrativo de Planeación y Servicios Técnicos (1969).
24
Tratamiento definido para Barrio Triste en el Plan de Ordenamiento Territorial de Medellín. Acuerdo 62 de 1999.

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La norma y la disputa por los usos de la ciudad

urbanas que emergen al margen de planes o Guayaquil, como conflicto, es objeto de


normas, interactuando con procesos urbanos regulación desde el Plan Piloto de Wiener y Sert
modernos o entrando en contradicción con ellos. de 1951 aprobado por Decreto 683 de 1951 (y pos­
teriormente en 1959 fue adoptado por acuerdo
Conflicto por la ubicación: Poder normativo Estatal 92 de 1959 con algunas modificaciones respecto
En la primera mitad del siglo XX, Guayaquil a la versión inicial, lo que se llamó Plan Director
y Barrio Triste constituyen un territorio de des­ — ya mencionado en el caso de Moravia —). Se
pliegue de un sinnúmero de tácticas de ubicación propuso una zonificación de la ciudad y entre
para la sobrevivencia de una gran población ellos se el uso comercial en el centro. Es así como
de inmigrantes campesinos para resolver sus Guayaquil y el naciente Barrio Triste, que se carac­
necesidades; desde los primeros pobladores veni­ terizaban por la multiplicidad de usos, son en ese
dos de diferentes lugares del Departamento, así momento redefinidos desde la especialización
como los desplazados intraurbanos y mucha comercial.
parte de la población informal constituida por El segundo gran aspecto planteado por
mecánicos, lustrabotas, venteros ambulantes e el Plan Piloto es el traslado del Centro Admi­
indigentes. Y de otro lado, en medio de disputas nistrativo del Parque Berrío a la zona la Alpujarra.
y conflictos, Barrio triste se ha ubicado como Realmente la pretensión es la creación de un nuevo
un territorio estratégico por agentes privados centro cívico y administrativo. Según Wiener y
que visionaron desde principios del siglo XX Sert, “Medellín ha dado amplias pruebas de este
el rol que todo este territorio debería cumplir, espíritu de empuje, sus fábricas y rápido creci­
construyendo la plaza de mercado en el sector de miento son prueba de esto, pero como otras ciu­
Guayaquil — sector ubicado en el costado oriental dades que han crecido rápidamente no tienen
de Barrio Triste — y provocando de esta manera bien definido un centro que personificaría este
la instalación, posterior, de varias industrias y espíritu de empuje de los antioqueños”.26 En con­
empresas de transporte que ocuparon el territo­ secuencia, en el período entre 1960 y 1980 se
rio a lo largo de la segunda mitad del siglo XX redefine el nuevo centro de la ciudad con el
y que incitaron la entrada de grandes empresas traslado del centro administrativo para el sector
de servicios automotor, textiles y el asiento del de “La Alpujarra”. Fue en 1969 cuando Jorge
sector financiero en Barrio Triste. Cadavid y César Valencia, entregaron los estudios
Entre la década del 50 y el 80, el con­ sobre el centro, argumentando que el lugar más
flicto territorial estaba claramente localizado en adecuado para desarrollar la construcción era en
Guayaquil. Era la disputa por la instalación de la Estación de los Ferrocarriles Nacionales (sector
“un” sentido territorial y de alguna manera la ubicado al frente de Guayaquil), propuesta que
definición de una disputa de intereses. Guayaquil fue acogida por el Concejo de Medellín gracias
y la cultura guayaquilera25 fue la forma urbana al acuerdo 45 de 1968.
del conflicto, publicitado a través de la invoca­ Es importante señalar como los estudios
ción permanente del orden moral, con la clara técnicos como el “Estudio del Centro de la Ciu
intervención del Estado a través de la planeación dad 1968” y posteriormente el estudio “Criterios
y del poder normativo del derecho. Ambos como de prioridad en los programas de renovación
medio de regulación y este último además como urbana para el centro de la ciudad de Medellín
medio coercitivo de aplicación de la norma con 1969” legitima el proceso de transformación del
diversas formas de expresión. Por ello es funda­ centro, al declarar ambos estudios, su deterioro.
mental entender la creación y regulación del con­ El primero señala “el centro ha perdido poco
flicto de Guayaquil para develar la instalación a poco sus valores estéticos tradicionales y hoy
del conflicto y normalización estatal en Barrio hace frente a un desorden notorio, agravado por la
Triste en la década de los 90. carencia de espacios libres y la intensa congestión

25
“Con las dos terminarles del Ferrocarril, una bien dotada plaza de mercado cubierta, trilladoras de café, regimiento militar, iglesia, hoteles,
pensiones, almacenes comerciales, pequeñas industrias, depósitos, clubes, cantinas, prostíbulos, restaurantes, cafés y terminales de tranvías,
buses, camiones, autos y coches de tracción animal, Guayaquil era el centro de un hervidero de gente de todos los colores, en el Medellín de
1930 […]” (BETANCUR, 2000, p. 14).
26
Ibid, p. 366.

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Análida Rincón Patiño

de vehículos y peatones” (VALENCIA; CADAVID, del sector de Guayaquil por la informalidad urba­
1969, p. 288). Concretamente el estudio plantea na, finalmente son reubicados en una nueva
“Los sectores de Guayaquil, la Bayadera y San plaza, La Minorista, con el consentimiento de la
Antonio tienen un deterioro por estado y por su ciudadanía medellinense.
uso. Los restantes situados en los alrededores de
la Iglesia Corazón de Jesús tienen un deterioro Conflicto por los usos del suelo: Poder normativo
por su estado — criterio físico —” (VALENCIA; social
CADAVID, 1969, p. 77). En consecuencia los El tercer hecho normativo, es el conflicto
autores realizan, como recomendación, promo­ generado por los actuales usos del suelo en Barrio
ver programas de renovación urbana, con base a Triste. Erradicado Guayaquil, Barrio Triste se con­
lo propuesto en el presente Plan, según el orden vierte en la forma del conflicto urbano entre 1990
de prioridades allí establecido y aprovechando y 1995. El poder normativo estatal mediante acuer­
las obras de la Avenida Oriental, Calle Vélez y do y medidas restrictivas pretende modificar los
Centro Administrativo. El segundo trabajo plan­ usos del suelo hacia usos de mayor rentabilidad.
tea “En sociología urbana, nadie dudará de que, En medio del conflicto surge un poder normativo
físicamente, las edificaciones, las vías públicas social que se resiste y logra una inaplicabilidad
y las ciudades ‘mueren’. Y no es un símil muy temporal de la norma. A partir de la década de
forzado considerar que, aún en ciudades ‘vivas’ los 90, Guayaquil pasa ser un recuerdo, “uno de
como la hoy casi metropolitana Medellín, hay los principales referentes de memoria que pervive
sectores, y muy centrales por cierto, que semejan en Medellín”28 y el referente principal del sector
muñones de órganos anquilosados, o cicatrices con y la ciudad pasa a ser el centro administrativo de
características de desfiguración facial, o auténticos La Alpujarra. La década inaugura un nuevo centro
tumores ‘malignos’” (ALCALDÍA DE MEDELLÍN, de la ciudad que exigía por tanto una delimita­
1969, p. 15). ción cuidadosa.
Creado el conflicto se plantea, por tanto, Entre la década de los 60 y 80 Barrio Triste
la imperiosa necesidad de desplazar el mercado promovido por la norma estatal acuerdo 52 de
central de Guayaquil con la construcción de 1959 — que asignó el uso comercial para todo
plazas satelitales en diferentes lugares de la ciu­ el sector de Guayaquil, incluyendo Barrio Triste
dad. Sin embargo varias de estas plazas fracasa­ — se encamina hacia un recorrido de más de
ron al romper la red social y de mercado cons­ treinta años hasta llegar a lo que es hoy. La zona
tituidas históricamente. Por ello muchos de los era conocida por la abundancia de talleres de
venteros volvieron a la Plaza de Mercado y al ebanistería y mecánica, oficios estos heredados
Pedrero.27 de generación en generación. El comercio em­
El conflicto urbano de Guayaquil “es tra­ pezó a llegar alrededor de los años 60, cuando los
tado/tramitado” a partir del siguiente proceso: dueños de las casas comenzaron a fraccionar las
Redefinición del centro de la ciudad; la defini­ propiedades para hacerles garajes y poner negocios
ción del uso comercial; la instalación del centro o alquilarlos. Poco a poco el sector se fue llenando
administrativo la Alpujarra y ensanche de la de almacenes de repuesto, talleres de mecánica
avenida San Juan; la incompatibilidad de usos y mecánicos informales. Este uso comercial se ha
del sector de Guayaquil — y todos los sectores ido especializando de ese tiempo para acá en el
aledaños — definidos como usos deteriorados comercio de repuestos automotor, distribuidos
con el nuevo centro administrativo y cívico La al por mayor y al detal, en la reparación y man­
Alpujarra y finalmente el incendio de la Plaza de tenimiento de vehículos pesados y livianos, en
Mercado, hecho que se convierte en la estocada los talleres de recuperación de materiales, en la
final, pues a pesar de la reapropiación de parte industria artesanal, los depósitos de maderas y

27
“El Pedrero” significó la vinculación de la masa de inmigrante a diferentes actividades en la producción, comercialización de víveres y que
comienza con la venta de tomate, cebolla cilantro en 1952 en el costado de la Plaza Guayaquil que comunica con el Pasaje Sucre en la calle Diaz
Granados, empedrada en esa época, origen de lo que se denominó El Pedrero. Al otro lado de la plaza se inicia la comercialización del pescado,
con autorización del tránsito municipal se zonificó un área demarcada con puestos en la calle 44ª.
28
Decreto 1222 de 2005. Por el cual se adopta el Plan Parcial de la Manzana comprendida entre las calles Pichincha y Maturín y las carreras Cúcuta
y Tenerife (Manzana 46-54 código catastral 1007024), en el Polígono de Renovación Urbana Z3-R3, — Guayaquil —.

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La norma y la disputa por los usos de la ciudad

de materiales de construcción y recientemente Barrio Triste o Barrio Corazón de Jesús


en el comercio mayorista textil. — como la comunidad, a partir del conflicto,
El Estudio del Plan Centro de 1968 así se ha preferido denominarse — es un territorio de
refería “Sector vecino a la Iglesia Corazón de la ciudad que públicamente desarrolló una resis­
Jesús. Su deterioro obedece en primer lugar a la tencia hacia los usos del suelo instituidos por
ocupación de la tierra en comercio industrial el Estado. En medio de la resistencia logra cons­
de tipo transitorio, relacionado con la Estación tituirse como poder normativo social y en medio
del Ferrocarril, Plaza de Mercado y terminales de del conflicto por los usos del suelo toma concien­
buses interurbanos. Se encuentran allí especial­ cia del derecho (instrumentos, lógicas, jerarquías
mente, talleres de reparación de vehículos y de­ y significados) en términos de la defensa del
pósitos de materiales de construcción. Su recupe­ territorio y adquiere conciencia del territorio en
ración total parece muy difícil, bien sea a corto términos de su comprensión como derecho.
o mediano plazo” (VALENCIA; CADAVID, 1969, Los trabajadores­moradores de Barrio Triste,
p. 258). fueron conscientes, desde finales de la década
El estudio parte de calificar el territorio del ochenta que una cierta garantía de su perma­
como un sector en deterioro, reconoce que su nencia en el sector implicaba la transformación
erradicación inmediata es imposible por tanto del espacio en relación con aspectos físicos, esté­
plantea un desplazamiento progresivo de los usos ticos y de seguridad urbanas. En este sentido la
inadecuados a través de tres estrategias: Regla­ organización cívica surge, en 1986, para avanzar
mentación, control e impacto de obras urbanís­ en este proceso de renovación social del territorio.
ticas. Estrategias de regulación que, cuarenta años Organización que de manera autogestionada entra
después, aún se mantienen. a suplir las funciones del Estado — funciones
Esta representación urbana de Barrio Triste de policía, control y salubridad, inicialmente
asociado a inseguridad y delincuencia creo las — e incorpora a esta gestión entidades estatales a
condiciones para decretar este sector como un partir de arreglos y/o acuerdos territoriales.29
territorio disfuncional. En términos normativos­ En 1989 este grupo de líderes del barrio
urbanísticos, la ilegalidad de Barrio Triste o Cora­ decide darle vida jurídica al Comité Cívico con­
zón de Jesús, se instaura desde la expedición formando la Fundación de Comerciantes del
del Acuerdo municipal 38 de 1990 o El estatuto Sector Corazón de Jesús – CORAJE.
de los usos del suelo. El Acuerdo 038 de 1990, “La Fundación Coraje está conformada por
comienza por incluir a Barrio Triste o Corazón propietarios, comerciantes e industriales en los
de Jesús dentro de la zona central de la ciudad ramos automotriz, textiles, maderas, bebidas, ali­
con un perímetro más amplio y unos límites que mentos, ferreterías, residentes y otras actividades
ya había establecido el Acuerdo 092 de 1959. El complementarias que desarrollan actividades de
análisis de esta normativa permitió identificar servicio. Ellos participan en las Asambleas de la
las medidas y efectos de ella en los usos tradi­ Fundación, como máximo organismo de decisión
cionales del sector, así: Se incluye a Barrio Triste y discusión. En ella se elige la Junta Directiva
como “centro complementario” por tanto objeto para un período de un año; integrada por dieciséis
de transformación. Los usos de talleres, servitecas, (16) personas que deben ejecutar las decisiones
centros de lubricación y lavaderos de vehículos que se aprueben” (VÁSQUEZ; ZEA, 1999, p. 22).
solo son permitidos en centros industriales o Esta composición de Coraje es importante
centros de zona. Al permitir edificaciones de tenerla en cuenta pues está constituida por pro­
vivienda en Barrio Triste, como uso principal, los pietarios y comerciantes formales, con recursos
otros usos pasan a ser restringidos. Y finalmente económicos, que permite dos aspectos importantes
la norma decide omitir la reglamentación de en la lucha desarrollada con respecto a la norma,
los usos considerados por la comunidad como acuerdo 38 de 1990. La primera tiene que ver
principales. con el hecho que la posición económica de estos

29
Así la iluminación del sector se realiza con fondos de la comunidad que compra las lámparas y con las Empresas Públicas de Medellín — entidad
encargada de la provisión de servicios públicos de la ciudad — acuerda la instalación de las mismas. De otro lado, el comité cívico, compra
cuatro motos y ellas son entregadas a la Policía Municipal para que realicen rondas de vigilancia dentro del sector, así mismo se garantiza la
alimentación de estos agentes de seguridad pública por parte de la organización social.

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Análida Rincón Patiño

asociados aumenta la eficacia potencial de las ciones que sustentan la oposición y resistencia
tácticas jurídicas realizadas por la fundación hacia la norma estatal. Es una conciencia del
con respecto a la inaplicabilidad de la norma. derecho que se genera en términos de la defensa
De ahí se desprende el segundo aspecto y es la del territorio — los usos históricos —, y es una
posibilidad de financiar estudios técnicos como conciencia del territorio que se genera en térmi­
“La investigación socio­económica del sector” nos de su comprensión como derecho.
que tuvo como propósito demostrar la capacidad La Fundación Coraje ha sido una de las
económica del sector y el aporte que realizan al principales organizaciones cívicas en la ciudad
municipio a través de los impuestos pagados, entre de Medellín que, especialmente, durante la déca­
otros. Esto se convierte en un importante método da de los noventa y coyunturalmente entre 1993
de la comunidad relacionada con el cambio de la y 1998,30 se constituye como una fuerza social
imagen urbana del sector. Continuando con este que tiene la capacidad para llevar la definición
propósito la Fundación realiza varios programas normativa de los usos del suelo a la arena política.
que acrecientan la función de promover, además Es una de las organizaciones cuyo origen y conso­
de la seguridad y el mejoramiento físico, el desa­ lidación se articula de manera vehemente por la
rrollo del sector. A partir de estas funciones, de defensa de su territorio: “Debido a esta situación
alguna forma, hace las funciones de estado local. la comunidad […] a través de la Fundación se ha
Ahora, si bien el acuerdo 38 fue expedido liderado un proceso de participación comunitaria
en 1990 su vigencia se invoca a través de medidas en el que ha defendido el derecho de permane­
de tránsito en octubre de 1993 las cuales son cer en la zona”.31 De alguna forma la “conciencia
expedidas directamente para el sector de Barrio jurídica” generada por la lucha contra el acuerdo
Triste por la alcaldía del momento prohíbe el 38 de 1990 se expresa en la defensa de los usos
parqueo de vehículos a partir del 11 de octubre de históricos pero también genera transformaciones
dicho año. Esto genera inmediatamente un paro en la regulación del territorio y, por supuesto,
cívico promovido por la Fundación Coraje como emergen nuevas formas de usos.
protesta y resistencia hacia la norma. El paro cívico Las disputas por los significados normati­
inaugura, para el sector, a través de la Fundación vos gubernamentales que desvalorizan el territo­
Coraje una larga etapa de negociación frente a la rio provoca una serie de tácticas sociales para
norma estatal y Coraje asume un claro desempe­ lograr precisamente el efecto contrario, la valori­
ño como agente regulador dentro de la zona. zación: Frente a normas restrictivas del uso del
La lucha desarrollada por más de una década suelo — prohibición de parqueo — se genera
por la comunidad de Barrio Triste con respecto un acción de hecho — paro cívico —; frente al
a la inaplicabilidad de la norma acuerdo 38 de argumento de fealdad se realizan concursos de
1990, a la derogatoria de normas de tránsito y a mejoramiento de fachadas; frente al desaseo im­
la no aprobación de nuevos proyectos modificato­ putado por el gobierno se realizan campañas de
rios del acuerdo 38, transforma, indudablemente, aseo — remoción de escombros, ubicación de
la comunidad y su intervención en el territorio. canecas de basura —; frente a la inseguridad del
Esta transformación comunidad­territorio se rea­ sector se establecen acuerdo con la policía y se
liza precisamente desde la experiencia práctica aprovisiona a los agentes y otras entidades públi­
con convenciones jurídicas provocando no solo cas de los recursos — motos, lámparas, canecas
una conciencia del derecho (instrumentos) sino — para llevar a cabo estas funciones públicas;
una conciencia acerca del derecho (lógicas, jerar­ frente a la erradicación de usos relacionados con
quías, significados) generando en sus organiza­ la ocupación del espacio público se establecen
ciones representativas sofisticadas argumenta­ normas sociales de regulación y organización de

30
Desde la presente investigación se identifica la lucha de esta organización por más de una década, periodo marcada por varios eventos jurídicos.
Sin embargo, la Fundación Coraje identifica el inicio de esta lucha en 1993 con el Paro Cívico y la culminación de la misma con el acuerdo 15
de 1998, norma que en su artículo 1º estipula “Establézcase un plazo hasta tanto se adopte el Plan de Ordenamiento Territorial del Municipio
de Medellín, para garantizar la permanencia y el funcionamiento de los establecimientos de comercio y de servicios localizados antes del 1º de
enero de 1998 entre los sectores de Barrio Triste y otros”.
31
FUNDACIÓN CORAZÓN DE JESÚS – CORAJE. Proyecto de control ciudadano al Acuerdo 062/99, Plan de Ordenamiento Territorial – POT.
Medellín: [s.n.], 2003.

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La norma y la disputa por los usos de la ciudad

andenes y calles que deben cumplir los mecánicos norma estatal que los ha denominado, implícita
informales. El acuerdo 38 de 1990 o Estatuto de o explícitamente, como “territorios de conflicto”,
Usos del Suelo representa para Barrio Triste ya sea desde el etiquetamiento de orden público,
la historicidad de una lucha jurídica donde se de calamidad pública, de riesgo ambiental, de
disputaron contenidos urbanos, socio­económicos inseguridad, de peligrosidad o de conflicto fun­
y políticos. cional y de esta forma el Estado ha buscado
En 1998 se expide el acuerdo 15 a través legitimar la expedición de un decreto o acuerdo
del cual se inaplica temporalmente el acuerdo que transforma los usos históricos del territorio
038 de 1990 al suspender temporalmente sus en usos del suelo que conducen a la ciudad, inde­
efectos sobre la zona del Corazón de Jesús hasta fectiblemente, por los requerimientos actuales
tanto el Plan de Ordenamiento de Medellín sea de expansión global del capital.
aprobado y con ello se “protege el barrio”.32 La investigación identifica e interpreta el
conflicto urbano como elemento fundante que
Conflicto por el espacio público: Usos históricos y da movimiento a la historia normativa de los usos
control urbanístico territoriales y por tanto como elemento matricial
El último hecho normativo es inaugurado que imprime las configuraciones específicas al
a partir de 1999, con el acuerdo 62 — o Plan de territorio. A partir de ello los usos urbanos son
Ordenamiento Territorial de Medellín —, que dimensionados como arena política en la que se
denomina el Barrio Corazón de Jesús — o Barrio despliegan estrategias y tácticas trazadas por la
Triste — objeto de renovación urbana, por tanto pluralidad de racionalidades normativas que coe­
el espacio público componente fundamental en xisten tensamente. Es ahí donde surge el poder
el trabajo informal de los mecánicos, pasa a ser normativo que se impone a través de agentes
objeto de regulación, control y coacción. Simul­ reguladores quienes administran un cuerpo de
taneo a este proceso se mantiene, ante la amena­ normas que a través de recursos en algunos casos
za permanente de un poder estatal, un poder argumentativos, en otros violentos buscan evadir,
social que incorpora como principal argumento mutar, tramitar y controlar el conflicto.
la historicidad de los usos del suelo; como prin­ De manera clara se palpa la convocatoria
cipal componente organizativo círculos de coope­ realizada hacia estas dos experiencias. De un lado,
ración entre comerciantes formales y mecánicos el Estado cita a Moravia y a Barrio Triste para su
informales para la prestación del servicio auto­ incorporación en el centro global de la ciudad la
motriz y una fuerza vinculante que garantiza una cual está determinada por un modelo económi­
sociabilidad normativa y unos beneficios mutuos co, una ideología urbanística y una categoría de
sustentados en reglas de confianza y solidaridad. ciudadanos. De otro lado, se encuentra la lucha
desarrollada por algunos actores de la comunidad
observaciones finales de estos dos barrios para ser incluidos en la cen­
Moravia y Barrio Triste se pueden definir tralidad urbana bajo la concepción de Lefebvre
como dos grandes hechos urbanos de la ciudad como calidad o propiedad esencial del espacio
de Medellín, que conquistan la sobrevivencia con urbano. De este modo el autor plantea desde 1976
el desecho (en el primero, la basura de la ciudad que el derecho a la ciudad legitima el rechazo
y en el segundo, los repuestos de vehículos) y con a dejarse apartar de la realidad urbana por una
el reciclaje (que encierra el re­uso de los recursos organización discriminatoria y segregativa. Ese
territorializados); que han declarado un orden derecho del ciudadano proclama la crisis inevita­
propio, una reglamentación social del territorio y ble de los centros basados en la segregación y en
su propia renovación social; que han coexistido el establecimiento de centros de decisión, de ri­
con una norma coactiva­armada que por más de queza, de poder, de información y de conocimiento
tres década ha ejercido una intervención territo­ que relegan hacia los espacios periféricos a todos
rial articulada claramente a proyectos de rentabi­ aquellos que no tienen participación en los pri­
lidad económica; y finalmente han resistido a una vilegios políticos.

32
FUNDACIÓN CORAZÓN DE JESÚS – CORAJE, op. cit.

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Análida Rincón Patiño

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Autónoma Metropolitana­Iztapalapa, 2002. Horizonte, ano 9, n. 54, p. 71-86, nov./dez. 2010.

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Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá

los avances del derecho urbano colombiano. reflexiones a partir de la


experiencia reciente de Bogotá*
Juan Felipe Pinilla Pineda**
Abogado con Máster en Gestión Urbanística. Profesor de cátedra de la Facultad de Derecho de la Universidad de los
Andes. Consultor privado en temas de derecho y gestión urbanas.

Sumario: Introducción – 1 La evolución y transformación del marco de actuación de los municipios


sobre las dinámicas del desarrollo urbano – 2 La Experiencia de Bogotá en la aplicación de los nuevos
instrumentos de planeación y gestión del territorio – 2.1 La apropiación y distribución de las rentas
producto del desarrollo urbano. La participación en las plusvalías – 2.2 La Gestión Asociada de
Terrenos y la figura más representativa de la planeación­gestión: el plan parcial – 2.3 Nuevas formas
para enfrentar la escasez de suelo para la provisión de vivienda social – 3 Conclusiones y reflexiones
finales – Referencias

introducción sobre la forma de apropiación y distribución de


En Colombia, la planeación del territorio la valorización inmobiliaria producida por el desa­
integrada a la gestión del suelo es una de las rrollo urbano y sobre los efectos en el régimen de
principales apuestas de la Ley 388 de 1997. Con la propiedad privada que supone la intervención
ocasión del proceso de descentralización terri­ más directa del Estado en este ámbito, son asuntos
torial y con la expedición de la Constitución de que han estado presentes en las discusiones
1991, los municipios se han visto enfrentados a legislativas que se han dado en Colombia en las
grandes cambios institucionales caracterizados 2 últimas décadas. La Ley 9 de 1989, que cons­
por procesos de descentralización administrativa tituye el antecedente más importante de tales dis­
y fiscal, que los conduce a asumir progresivamente cusiones, a pesar de que no fue objeto de una sis­
la gestión de los costos del desarrollo urbano, ha­ temática aplicación, constituye el primer paso en
ciendo imprescindible dotarlos de herramientas de la consolidación de un nuevo marco de desarrollo
gestión que les permita no solo planear y diseñar urbano municipal, que concreta para las tierras
su territorio, sino hacer realidad las previsiones urbanas la función social de la propiedad, y que
de ordenamiento e impactar efectivamente las fija las órbitas de competencia de los agentes
prácticas de transformación del territorio. públicos y privados que intervienen en el proceso
Esta evolución del esquema de planeación de transformación del espacio.
busca convertir al Estado y principalmente al mu­ Las experiencias — aún en construcción
nicipio, en agente activo para la construcción de — de las autoridades de Bogotá por cumplir con
un modelo de desarrollo urbano más equitativo y los distintos objetivos de las políticas de orde­
oportuno, por medio de la adecuada aplicación namiento territorial en el marco de los deberes
de los diferentes instrumentos de gestión y finan­ constitucionales de los gobiernos locales, sin bien
ciación del desarrollo urbano.1 Se busca con ello han mostrado dificultades, discusiones sobre la
un mayor equilibrio entre las rentas generadas mejor forma de intervención del Estado en el de­
por el aprovechamiento del suelo y los costos de sarrollo urbano, y en general retraso en su aplica­
hacer ciudad, y al mismo tiempo, cumplir con los ción, han puesto en evidencia la amplia capaci­
objetivos del Estado de mejorar las condiciones dad con la que se ha dotado a los municipios
de vida, por medio de la generación de oferta colombianos para enfrentar los complejos y cre­
formal de suelo urbanizado. ciente retos del gobierno urbano. En este contexto
La discusión sobre los alcances del papel las apuestas recientes de las administraciones
del Estado y particularmente del municipio, del Distrito Capital por implementar los instru­

* Este artículo fue publicado previamente en el libro Bogotá en el cambio de siglo: promesas y realidades. Samuel Jaramillo. Editor. Organización
Latinoamericana de Centros Históricos (OLACCHI). Quito 2010.
** E-mail: <juanfpinilla@gmail.com>.
1
La idea de la necesidad de intervención del Estado en el mercado del suelo urbano es uno de los ejes centrales de la Política Urbana que inspiró
la Ley 388 de 1997, y que aparece consignada en el Documento titulado Ciudades y Ciudadanía: La Política Urbana del Salto Social, Ministerio
de Desarrollo Económico, Bogotá, 1995.

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Juan Felipe Pinilla Pineda

mentos de gestión del suelo con lo que cuentan los parte se revisa el contexto general de la evolución
municipios colombianos, son una clara muestra del marco de planeación y gestión del territorio
del interés por renovar las prácticas y formas de con el que cuentan actualmente los municipios
gobierno del territorio y por comprender las opor­ colombianos. En la segunda parte se revisa la
tunidades que ofrece tal marco instrumental para forma en que Bogotá ha venido implementando
avanzar en formas más equitativas y racionales tal marco de planeación y gestión, mostrando sus
de ocupación y aprovechamiento del territorio. principales avances y aplicaciones. En la tercera
En el contexto colombiano, Bogotá se ha parte se proponen unas conclusiones sobre la
puesto a la vanguardia en el esfuerzo por imple­ experiencia vivida por la ciudad y sobre el tipo
mentar el amplio repertorio de principios, instru­ de lecciones que un proceso aún en construcción
mentos y posibilidades que se reconocen a los puede ofrecer en la tarea de evaluar los efectos
municipios en la difícil tarea de transformar los de las transformaciones de las reglas de juego del
patrones de segregación, retención de terrenos, desarrollo urbano experimentadas en Colombia
apropiación privada de plusvalías y precariedad en las 2 últimas décadas.
y retraso de la urbanización, que caracterizan el
proceso de urbanización reciente del país. 1 la evolución y transformación del marco
La experiencia de Bogotá sirve de referente de actuación de los municipios sobre las
para evaluar la oportunidad, la conveniencia y dinámicas del desarrollo urbano
la efectividad de las reformas legales al régimen A pesar de lo relativamente novedoso en
de utilización y aprovechamiento del suelo urba­ el contexto colombiano del llamado derecho urba­
no. En algunos países latinoamericanos se discu­ no, las respuestas jurídicas a los problemas del
te actualmente la necesidad de reformar los esta­ ordenamiento de las ciudades son en la práctica
tutos legales que definen el marco de actuación tan antiguas como las ciudades. Problemas rela­
público y privado en el desarrollo urbano, y los tivos a los conflictos entre predios, sus servidum­
instrumentos de planeación y gestión del terri­ bres, retiros, aislamientos o la existencia de planos
torio. Las enseñanzas del proceso llevado a reguladores de las construcciones, dieron origen a
cabo en esta ciudad en los últimos años, puede la versión propiamente policiva o reglamentaria
ser útil para comprender que los cambios legis del urbanismo. Estas primeras respuestas jurídi­
lativos pueden ser una condición necesaria, cas a los conflictos y problemas del ordenamiento
pero no suficiente para transformar las formas urbano siempre tuvieron como eje central de la
de acción de los agentes que intervienen en la intervención estatal, las técnicas clásicas prove­
transformación del territorio. A pesar de que las niente del derecho policivo, asociadas a la nece­
reformas legales son muy útiles para ampliar el sidad de contar con permisos o licencias para el
espectro de posibilidades de acción del estado en levantamiento de construcciones.
el desarrollo urbano, es evidente que es en el pro­ Aparejado del rápido proceso de urbani­
ceso de su implementación, donde efectivamente zación que experimento nuestro país a partir
se verifican las mayores tensiones y discusiones. de mediados del siglo pasado, tales respuestas
Por esta razón, es importante identificar qué — típicamente desarticuladas y muy casuísticas
tipo de argumentos se movilizan en tales discu­ — empezaron a mostrarse insuficientes frente a la
siones y qué tipos de intereses les subyacen. magnitud de los retos que produce el proceso de
El presente artículo pretende hacer un transformación del territorio en núcleos cada vez
recorrido por el proceso reciente de implemen­ más densos de población, donde las necesidades
tación de políticas de suelo en Bogotá, mostrando de provisión de infraestructura y vivienda son
sus principales avances e intentando develar cada vez más apremiantes.
los obstáculos con los que se han enfrentado a En tal contexto las competencias munici­
partir de las visiones y conceptos que sobre la pales para afrontar las crecientes demandas de
planeación urbana y el papel del estado se han acción frente a los procesos de rápida urbaniza­
movilizado, bien para promoverlas, o bien para ción, se mostraron débiles para atajar o conducir
ponerlas en entredicho. Para tal fin el artículo su dinámica propia. Así, se inicio en Colombia
se organiza de la siguiente forma: En la primera un importante debate en torno a la necesidad de

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Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá

renovar la forma de intervención de las autoridades Se baso en el postulado vigente para la política
públicas en los asuntos del desarrollo urbano. urbana de entonces “tanto mercado como sea
Las respuestas jurídicas tradicionales no partían posible, tanto Estado como sea necesario” fortale­
de un proceso de re­contextualización del papel ciendo la intervención de los municipios en la
central que está llamada a jugar la institución de gestión del ordenamiento territorial. Es claro su
la propiedad inmueble en la regulación sobre el avance en la articulación entre instrumentos de
uso y aprovechamiento del suelo. Por el contrario, planeación e instrumentos de gestión del suelo
el debate en torno a la renovación de la forma y en la configuración de un régimen urbanístico
de intervención de las autoridades públicas al que articula la propiedad privada con los objeti­
que se hace referencia, partió justamente de tal vos del ordenamiento a partir del principio de
re­contextualización. reparto equitativo de cargas y beneficios.
A partir de la década de 1960 empezó un El progreso de la ley en la definición de
duro esfuerzo para traducir y concretar el princi­ un régimen urbanístico articulado a un sistema
pio de función social de la propiedad2 y para de instrumentos de gestión del suelo y a la fun­
llevar sus potencialidades al contexto de las tierras ción social de la propiedad, estimula la renova­
urbanas o periurbanas.3 Este esfuerzo se tradujo ción de las prácticas administrativas asociadas al
en primer término en el trámite de legislaciones gobierno y a la gestión del territorio que Molina
de protección a los inquilinos y en la presentación resume así:
de 17 proyectos de reforma urbana entre 1970 y
Ante todo, la nueva ley proporciona fundamentos
1989 que no fueron aprobados por el Congreso de jurídicos más sólidos y precisos al derecho urba­
la República. Finalmente, y después de tres años nístico, establece, con carácter obligatorio, el alcan­
ce de los planes de ordenamiento y de las normas
de debates parlamentarios en 1989 fue aprobada urbanísticas correspondientes; por primera vez,
la ley de reforma urbana, que se constituye en vincula explícitamente la adopción de los planes
y las normas a un conjunto de principios jurí­
el principal antecedente de la legislación sobre dicos de superior jerarquía, (la función social y
suelo urbano en Colombia. La aprobación de esta ecológica de la propiedad, la prevalencia del inte­
rés general sobre el particular, la distribución equi­
ley representa una gran conquista en el camino tativa de cargas y beneficios, la función pública
del urbanismo, la participación democrática de
de dotar de un marco operativo de referencia al la ciudadanía) que constituyen las fuentes de su
problema de la gestión urbana. legitimidad y deben reflejarse prácticamente en el
contenido de los estatutos normativos, del mismo
La Ley 9ª fue expedida atendiendo al obje­ modo que los procedimientos que autoricen las
tivo de servir de soporte a una política integral actuaciones de las autoridades locales. También
facilita la identificación de mecanismos para el
de desarrollo regional y urbano, vivienda y servi­ financiamiento del desarrollo urbano mediante
cios públicos, inscrita en un enfoque de planea­ la aplicación del principio de la distribución equi­
tativa de los costos y beneficios derivados del
ción del desarrollo económico y social, basada tal desarrollo y el diseño de instrumentos más ope­
rativos para la captación de plusvalías resultantes
en la reforma del uso y tenencia de la tierra urba­
de las acciones urbanísticas emanadas de los
na y su régimen tributario; en la incorporación municipios.4
de tierras al desarrollo urbano para adelantar
proyectos de vivienda social, y en la búsqueda Los avances en el tratamiento de la rela­
de mecanismos que facilitaran la adquisición ción entre decisiones de ordenamiento y dere­
pública de tierras y la reserva de suelos bien loca­ cho de propiedad son uno de los ejes principales
lizados a través de bancos municipales de tierra. donde avanza la Ley 388 de 1997. Una de las
Por su parte, la Ley 388 de 1997 se tramita notas características que permite distinguir a unos
para ajustar la Ley 9ª de 1989 a la Constitución sistemas urbanísticos de otros, está justamente
Política de 1991 y para hacer operativos algunos relacionada con el tratamiento y enfoque otorgado
de sus instrumentos de gestión y de financiación a dicha relación problemática y compleja entre
que habían presentado problemas de aplicación. las facultades del propietario y los procesos de

2
En Colombia desde 1936 se incluyó en la Constitución Política la definición de la propiedad como función social.
3
No hay que olvidar el contexto en que la preocupación por la función social de la propiedad surge: necesidades de redistribución y mayor
explotación de la tierra rural, que para la década de los 30 concentraban las preocupaciones en torno al manejo y aprovechamiento del suelo.
4
Molina, Humberto. De la reforma urbana a la Ley de Desarrollo Territorial: un nuevo marco para la planeación y el financiamiento del desarrollo
urbano, Revista Desarrollo Urbano en cifras, (3), Ministerio de Desarrollo Económico. Bogotá. 1997. p. 249.

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Juan Felipe Pinilla Pineda

transformación del territorio (urbanización y • La definición de los programas y pro­


construcción). Esta legislación claramente vincu­ yectos que concretan estos propósitos.
la el régimen de aprovechamientos y cargas de En sus declaraciones de principio, la Ley
la propiedad inmueble a las decisiones de orde­ apuesta por vincular de manera más consistente
namiento de las autoridades locales, las cuales se las determinaciones sobre uso, ocupación y ma­
constituyen en dispositivos que determinan de tal nejo del suelo — preocupaciones tradicionales
forma la propiedad, que en últimas son la fuente de la planeación urbana — con instrumentos
para la configuración de un estatuto urbanístico y procedimientos de gestión y actuación que
de la propiedad del suelo. faciliten su efectiva concreción y la articulación
La Ley 388 establece que el ordenamiento de las acciones sectoriales que tradicionalmente
del territorio municipal y distrital comprende un despliegan los entes locales sobre sus respectivos
conjunto de acciones político­administrativas y territorios (provisión de equipamientos, servicios
de planificación física concertadas, emprendidas públicos, vías, recreación, etc…), con estrategias
por los municipios o distritos y áreas metropo­ de ordenamiento mas comprensivas y en sintonía
litanas, en ejercicio de la función pública que con objetivos no sólo urbanísticos, sino econó­
les compete, dentro de los límites fijados por la micos, sociales y ambientales.
Constitución y las leyes. El ordenamiento del Así unas de sus principales apuestas es
territorio tiene como finalidad disponer de ins­ dotar a las autoridades municipales de un reper­
trumentos eficientes para orientar el desarrollo torio muy amplio de instrumentos y mecanismos
del territorio bajo la jurisdicción del municipio o de intervención en el mercado del suelo, que
distrito y regular la utilización, transformación y contempla desde una regulación más articulada
ocupación del espacio, de acuerdo con las estra­ a tales objetivos de la ya clásica figura de la
tegias de desarrollo socioeconómico y en armonía expropiación, pasando por mecanismos tributa­
con el medio ambiente y las tradiciones históricas rios y no tributarios de recuperación de plusva­
y culturales. lías, hasta instrumentos para la transferencia de
Según el Artículo 9º de la ley, el plan de potenciales constructivos, o figuras de planeación­
ordenamiento territorial, “es el instrumento básico gestión basados en la gestión asociada de terrenos
para desarrollar el proceso de ordenamiento del (técnica del reajuste de terrenos) e incluso enti­
territorio municipal. Se define como el conjunto dades municipales de actuación directa sobre el
de objetivos, directrices, políticas, estrategias, territorio como los llamados bancos de tierra apo­
metas, programas, actuaciones y normas adopta­ yados en el derecho de preferencia.
das para orientar y administrar el desarrollo físico La aplicación de todo este repertorio de
del territorio y la utilización del suelo”. instrumentos de planeación y gestión que este
El ordenamiento del territorio municipal marco normativo ofrece (Leyes 9 y 388) tan sólo
y distrital tiene por objeto complementar la inicia sistemáticamente una vez adoptados los
planificación económica y social con la dimen­ mencionados planes de ordenamiento territo­
sión territorial, racionalizar las intervenciones rial, que la Ley 388 obliga a todos los municipios
sobre el territorio y orientar su desarrollo y apro­ colombianos a adoptar en un plazo relativamente
vechamiento sostenible, mediante: corto. Esta adopción para el caso de Bogotá se
• La definición de las estrategias territoria­ da en el año 2000.
les de uso, ocupación y manejo del suelo,
en función de los objetivos económicos, 2 la Experiencia de Bogotá en la aplicación
sociales, urbanísticos y ambientales. de los nuevos instrumentos de planeación y
• El diseño y adopción de los instrumentos gestión del territorio
y procedimientos de gestión y actuación A pesar de que ya se había promulgado en
que permitan ejecutar actuaciones urba­ Colombia la Ley 9 de 1989 que introdujo impor­
nas integrales y articular las actuaciones tantes modificaciones al papel y responsabilidad
sectoriales que afectan la estructura del de las autoridades locales frente a los procesos
territorio municipal o distrital. de urbanización, lo cierto es que para el caso de

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Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá

Bogotá en la década de los 90 se privilegió un instrumentos de gestión y financiación del suelo


enfoque normativo y estático en la actuación de y se concentra primordialmente en la dimensión
la administración en la gestión del territorio. Este física de la planeación territorial. En su orienta­
período se caracteriza por un enfoque que confió ción técnica se puede encontrar una apuesta por
prioritariamente en la norma urbana como medio concentrar los esfuerzos iniciales en la definición
para inducir la transformación de la ciudad. y reglamentación de los instrumentos de planea­
Esta década está marcada por la existencia ción, dejando en segunda prioridad, o segundo
de un Estatuto de ordenamiento físico (Acuerdo 6 plano, el avance en la implementación de los
de 1990), que más que un Plan en sentido estricto, instrumentos de gestión del suelo. Tal opción
es un compendio organizado de normas que defi­ termino por escindir dos variables que son nece­
ne las posibilidades de consolidación o trans­ sariamente dependientes y complementarias.
formación de la ciudad a través de la asignación Como lo afirma Maldonado, “no se puede
puntual (predio a predio) de normas sobre uso afirmar, como quizás pudo ocurrir en otros
e intensidad de uso. Esta asignación de aprove­ momentos de la evolución de las políticas en
chamientos se hace con una amplia liberalidad y materia de planeación física y regulación del
sin un claro régimen de contraprestaciones para mercado del suelo — que se trató de problemas
la ciudad. En esta lógica subyace claramente de conocimiento o comprensión del contenido y
una postura que aún hoy se sigue manteniendo alcance de la ley 388, toda vez que el equipo que
en las discusiones sobre la mejor forma de go­ estuvo enfrente de la elaboración del proyecto
bierno del territorio, y que consiste en confiar de Plan de Ordenamiento Territorial había estado
en que la asignación gratuita y muy generosa de en el Ministerio de Desarrollo al frente de la con­
aprovechamientos urbanísticos es un medio para cepción inicial de la ley. Por tanto, confluyeron
dinamizar el mercado y estimular la construcción. una serie de factores — orientaciones de política
En este escenario resulta claro que el papel de la del Alcalde y la Directora del DAPD, timidez
administración pública está casi que circunscrito para enfrentar las inercias propias de la relación
al diseño preciso de tales normas y al otorgamiento entre el Departamento y los urbanizadores y cons­
de los permisos y licencias respectivas, y sin tructores privados, y, consecuentemente, predo­
mayor preocupación por el control y mitigación minio de visiones convencionales del derecho
de las externalidades negativas que tal modelo urbanístico, dominadas por las visiones civilistas
puede producir.5 y demasiado respetuosas de categorías como la de
El nuevo siglo inicia en Bogotá con la nece­ derechos adquiridos o seguridad jurídica — que
sidad de adaptar su esquema de planeación física impidieron una utilización del potencial que la
a los nuevos derroteros trazados por la Ley 388 ley 388 ofrecía a los gobiernos municipales. De
de 1997. Como consecuencia de la obligación esta manera se desaprovechó un espacio muy
de adoptar Planes de Ordenamiento Territorial importante de puesta a prueba de dicha ley que
(POT), la ciudad termina la década del 90 con la hubiera jalonado la discusión sobre el tema a
formulación de su POT para adaptarse a las exi­ nivel nacional”.6
gencias establecidas por dicha ley. Así en julio A pesar de lo anterior y con ocasión de la
28 del 2000, la ciudad adopta este nuevo instru­ primera revisión al POT en el 2003, la ciudad
mento e inicia formalmente la puesta en marcha realizó una apuesta más ambiciosa para articular
del nuevo enfoque de planeación y gestión del de forma más explícita los instrumentos de pla­
territorio al que se ha hecho mención en la prime­ neación con los de gestión del suelo y por iniciar
ra parte de este artículo. de forma más consistente la aplicación de los
Este primer POT no avanza sustancial­ novedosos instrumentos con los que cuenta la
mente en el desarrollo e implementación de los legislación nacional sobre desarrollo urbano. Así

5
Se señalan las características del modelo de actuación pública de esta época porque aún hoy su inercia sigue presente en el comportamiento
de agentes públicos y privados, y en las críticas de algunos sectores frente a los avances en la implementación reciente de los instrumentos de
gestión del suelo.
6
MALDONADO, María Mercedes y HURTADO, Adriana, Análisis de las acciones de Gobierno en ordenamiento territorial y gestión del suelo, como
parte del proyecto Investigación Factores de continuidad y discontinuidad en las políticas públicas en Bogotá, 1988-2005. Universidad Nacional
de Colombia – Instituto de Estudios Urbanos – Departamento Administrativo de Planeación Distrital – Proyecto Fortalecimiento del Sistema
Distrital de Planeación. Bogotá 2007. Mimeo.

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en esta revisión plantea como uno de sus objeti­ los Bancos de Tierra, son una muestra de madurez
vos el “desarrollo de instrumentos de planeación, y avance de la práctica urbanística local colom­
gestión urbanística y de regulación del mercado biana, que al menos con ocasión de la introducción
del suelo para la región”, estableciendo que a de tales instrumentos, ha sido capaz de poner en
partir de la misma: evidencia cuestionamientos trascendentales para
la gestión urbana, como las mencionadas formas
El Distrito Capital desarrollará un marco integral
de planeación y gestión urbana destinada a lograr de obtención pública de suelo o las fuentes para
procesos de redistribución de los recursos aso­ la financiación de la urbanización.
ciados al desarrollo urbano y en particular para
la regulación del mercado del suelo que permita Uno de los principales objetivos a cumplir
el desarrollo de los objetivos sociales, económicos por parte de las administraciones municipales
y de construcción de infraestructura para la satis­
facción de las necesidades de la población (…) en cualquier contexto urbano es la provisión de
Se promoverá entre las administraciones munici­
pales y el Distrito, así como en los agentes econó­ suelo para el cumplimiento de diversas finalida­
micos, el fortalecimiento institucional para la des. Las necesidades de suelo no se circunscri­
aplicación de los instrumentos de reforma urbana,
la articulación de políticas de gestión de suelo y el ben exclusivamente al desarrollo de programas
desarrollo de un marco de financiamiento regional y proyectos para la generación de infraestructura
que permita atender los programas y proyectos de
integración regional y desarrollo local.7 urbana (vías, servicios públicos, equipamientos,
parques), sino que trascienden a otro tipo de esce­
La política de gestión del suelo adoptada narios como el de la provisión de suelo para la
en tal momento se sustenta primordialmente en vivienda social. Para el logro de estos objetivos se
el principio del reparto equitativo de las cargas requiere de distintos mecanismos, que van desde
y beneficios derivados del ordenamiento urbano, instrumentos clásicos como la expropiación, hasta
dirigida a reducir las inequidades propias del de­ diversos tipos de instrumentos que renuevan las
sarrollo urbano y a financiar los costos del mismo formas de adquisición de suelo y que facilitan
con cargo a sus directos beneficiarios. su disponibilidad para diversas finalidades en
A partir de tales enunciados, Bogotá se ha tiempos y cantidades adecuadas.
puesto a la vanguardia en el intento por imple­ Con el fin de ilustrar sobre la implementa­
mentar muchos de los novedosos instrumentos ción de tales alternativas, a continuación haremos
con los que cuenta la legislación nacional, enca­ una revisión del avance en la puesta en marcha en
minados a renovar las formas de obtención de la ciudad de algunos de los nuevos instrumentos.
suelo para finalidades colectivas y las fuentes
de financiación de los procesos de urbanización. 2.1 la apropiación y distribución de las rentas
En este tema todavía existen muchas posiciones producto del desarrollo urbano. la parti­
encontradas en relación con las posibilidades de cipación en las plusvalías
las ciudades colombianas de intervenir efectiva­ Uno de los principales avances contenidos
mente en el mercado del suelo y de renovar sus en el sistema urbanístico colombiano es la de
fuentes de financiación a través de los mecanismos establecer de forma específica un tributo especial
de gestión y financiación del suelo. Sin embargo, o gravamen sui generis, definido como partici­
la experiencia de la ciudad y los debates que se pación en las plusvalías derivadas de la acción
han suscitado con ocasión de la puesta en marcha urbanística del Estado.8 La plusvalía de forma
de instrumentos tales como: la expropiación por general puede entenderse como el “aumento del
vía administrativa, la participación en plusvalías, valor de un bien, mueble o inmueble, por razones
el reparto equitativo de cargas y beneficios, los distintas al trabajo o a la actividad productiva
Planes de Ordenamiento Zonal, los Planes Par­ de su propietario o poseedor”.9 En términos de
ciales, la declaratoria de desarrollo o construcción su regulación jurídica se puede definir como un
prioritaria y el derecho de preferencia a favor de porcentaje del incremento en el precio del suelo

7
Artículo 1 Numeral 7 del Decreto 469 de 2003 del Alcalde Mayor de Bogotá.
8
La posibilidad de la existencia de este gravamen, proviene de la Constitución Política Colombiana de 1991, que establece en el Capítulo de
los Derechos Colectivos (Artículo 82) que “las entidades públicas participarán en la plusvalía que genere su acción urbanística y regulará la
utilización del suelo y del espacio aéreo urbano en defensa del interés común”.
9
Definición del Diccionario Planeta de la Lengua Española Usual, Editorial Planeta 1982.

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Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá

(entre 30 y 50%) que debe ser objeto de pago en realizan en la ciudad generan importantes ven­
dinero, en tierra o en participación en proyectos tajas privadas que se traducen en incrementos
urbanísticos. Incremento que es producido por de precios del suelo, es equitativo que tales in­
la autorización e a destinar el inmueble a un uso crementos sean recuperados por el estado para
más rentable, o bien a incrementar el aprovecha­ financiar tales obras. En la aplicación de este
miento del suelo permitiendo una mayor área mecanismo el origen de los incrementos de precio
edificada. se encuentra en las obras públicas. Así a pesar de
Las características principales de la partici­ que comparten su fundamento, la contribución
pación en plusvalía son: 1) Se trata de un tributo. de valorización y la participación en plusvalías,
2) que afecta solamente el suelo, en tanto su base tienen importantes diferencias. La más impor­
gravable son los incrementos de su precio 3) tante es que la participación, parte de reconocer
Producidos por las acciones urbanísticas de las que tales ventajas privadas y el incremento de los
administraciones municipales (en representación precios del suelo, no sólo ocurre por la ejecución
de la colectividad, que es la que efectivamente de obras, sino también por la asignación de las
produce los incrementos en el precio del suelo) normas sobre uso y aprovechamiento del suelo.
de conformidad con lo que se estatuya formal­ Esta situación parece ser “fácil” de comprender
mente en el respectivo Plan de Ordenamiento o para la economía urbana, pero no resulta tan evi­
en los instrumentos que lo desarrollen. Se trata dente para el Derecho, o al menos para una visión
entonces de un tributo que capta un porcentaje de tradicional del mismo.
los incrementos en los precios del suelo, en tanto En la visión jurídica tradicional imperante
éste se considera un beneficio privado que surge en nuestro contexto, depositaria de una con­
de un proceso colectivo como es la urbanización. cepción individualista y egoísta de la propiedad
La discusión sobre la recuperación para privada proveniente de las ideas del Código Civil
la colectividad de incrementos de los precios de francés, tal valorización resultado de tales ven­
los terrenos, ocasionados por la acción colectiva, tajas privadas son una extensión del dominio,
es uno de los temas más recurrentes en los aná­ que en forma de frutos, pertenecerían al propie­
lisis sobre políticas de suelo, pues como lo tario. Esta visión que muchas veces se encuentra
afirma Jaramillo, “desde una cierta óptica el creci­ idealizada — y que tampoco ha estado ausente
miento de los precios del suelo urbano es una de límites o condicionantes, piénsese solamente
expresión paradigmática de una ventaja privada en el principio clásico del derecho que proscribe
y unilateral que emerge de un proceso colectivo, el enriquecimiento sin justa causa — se ve dura­
la urbanización. Los propietarios de los terrenos mente confrontada con dispositivos contempo­
de la ciudad ven crecer su patrimonio, a veces ráneos, como el de la mencionada participación.
de manera muy apreciable, a costa del esfuerzo Esta confrontación resulta clave para avanzar en
global de la sociedad y sin que ellos desempeñen el cambio de paradigmas jurídicos que muchas
un papel activo en esta construcción. Lo lógico, veces informan las principales resistencias a la
lo conveniente, lo equitativo, parece ser que implementación de mecanismos tales como la
el Estado, en representación de los intereses participación, o en general aquellos que renuevan
colectivos, rescate este beneficio para ponerlo al la forma de comprender la relación entre la pro­
servicio de la comunidad”.10 piedad del suelo y la propiedad del vuelo (derecho
Colombia y Bogotá cuentan con una amplia de construir).
trayectoria en la aplicación de la Contribución En efecto, aunque en el fondo la existencia
de Valorización — conocida en otros lugares de de este gravamen sui generis remite directamente
América Latina como contribución de mejoras a cuestionamientos profundos en relación con
—. Este mecanismo parte del mismo análisis la forma en la que debería entenderse la relación
anterior. Si las obras de infraestructura que se entre el derecho de propiedad y la asignación

10
Jaramillo, Samuel. La experiencia colombiana en la recuperación estatal de los incrementos del precio del suelo. La contribución de valorización
y la participación en plusvalías, en Smolka, Martim y Furtado, Fernanda (ed.) Recuperación de Plusvalías en América Latina – Alternativas para
el desarrollo urbano. Lincoln Institute of Land Policy. Eurelibres 2001. p. 71.

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Juan Felipe Pinilla Pineda

de los aprovechamientos urbanísticos por parte 1. Transferencia al respectivo municipio


de las autoridades locales, lo cierto es que hasta de una porción del predio objeto de la
tal momento en Colombia habían hecho carrera participación en plusvalías, de valor
algunas interpretaciones jurídicas — de corte equivalente a su monto. Esta modali­
conservador y civilista — que recomendaban, dad de pago también se podrá dar trans­
so pretexto de posibles conflictos con principios firiendo al municipio otros terrenos
propios del derecho tributario, la no aplicación — diferentes a los que son objeto del
de este mecanismo y así habían logrado conge­ cobro de la participación — localizados
lar cualquier posibilidad de aplicación. Por tales en otras zonas urbanas, siempre que se
razones la aprobación en Bogotá a finales del hagan los cálculos de equivalencia de
año 2003 de la participación en plusvalías fue valores correspondientes.
un duro golpe a tal visión. Sin duda el principal 2. Reconociendo formalmente al munici­
mensaje que quedo claro con dicha aprobación pio un valor accionario o interés social
fue que los instrumentos de gestión urbana con­ equivalente al pago de la participación,
tenidos en la legislación colombiana, podían apli­ o lo que es lo mismo, haciendo socio de
carse y era legitimo hacerlo, para lo cual se reque­ un desarrollo inmobiliario al respectivo
ría además de voluntad política, tomarse en serio municipio.
la reconfiguración total que sobre la institución Estas modalidades de pago representan por
de la propiedad, introducía no solamente este una parte, nuevas alternativas de participación
particular mecanismo, sino en general, el nuevo en el desarrollo urbano, y por otra, de generación
marco de desarrollo urbano que había iniciado o adquisición de suelo para las finalidades pro­
su senda en 1989. pias de la planeación urbana. Como se ve en este
En los últimos años se ha presentado una escenario se amplía el margen de posibilidades
importante evolución en la aplicación de este de obtención de suelo por parte de las autorida­
mecanismo por parte de diferentes municipios des municipales colombianas y se perfila un
colombianos (Bogotá, Pereira, Monteria y otros) nuevo rol en su forma de acción y participación
que ha detonado un interés creciente por parte en el mercado del suelo urbano de sus respectivos
de otros municipios y de sectores de la sociedad municipios. La participación en plusvalías enton­
civil y de la academia por comprender su funcio­ ces puede concebirse e implementarse como una
namiento y por avanzar en su implementación. herramienta de gestión del suelo que permite una
Parte del avance conceptual que se ha logrado participación más activa y estratégica de los mu­
en las discusiones a propósito de su implementa­ nicipios en las dinámicas del mercado inmobilia­
ción tiene que ver con el reconocimiento de que rio. De este modo no solamente se dirige a crear
esta participación no tiene como finalidad princi­ nuevas fuentes de recursos fiscales para los muni­
pal el recaudo de sumas líquidas de dinero, sino cipios, sino nuevas alternativas de participación
que mas bien es un instrumento de intervención en proyectos urbanos y de obtención de suelo
en el mercado del suelo, dirigido a controlar la para el cumplimiento de diversas finalidades.
especulación y a dotar a las administraciones mu­ En todo caso es importante advertir que la
nicipales de nuevas formas de obtención o adqui­ implementación de la participación en plusvalías
sición de suelo. en Bogotá ha mostrado dificultades, especial­
A pesar de tal comprensión, en aquellas mente en relación con los retos administrativos
ciudades donde se ha aprobado su cobro, aún que supone para la administración de la ciudad,
no se avanza en determinar las condiciones que su cálculo, recaudo y la unificación de criterios
permitirían a los propietarios obligados al pago e interpretaciones frente a las innumerables dis­
de este tributo, formas para satisfacer el mismo, yuntivas técnicas y jurídicas que presenta su
diferentes al dinero. Al respecto la Ley 388 de operación cotidiana. La falta de una agenda de
1997 define que el pago por concepto de este tri­ trabajo coordinado entre las dependencias de la
buto podrá realizarse en diferentes modalidades. administración que tienen que ver con los pro­
El artículo 84 establece — entre otras — las cesos de estimación, liquidación y cobro, pueden
siguientes: estar afectando negativamente, el empeño por

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Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá

su estabilización y depuración y contribuyendo entre la administración local y los propietarios


a que las visiones tradicionales que lograron su para desarrollar conjuntamente un área determi­
congelamiento por varios años, ganen nueva­ nada de la ciudad: bajo este esquema, los bene­
mente terreno y logren en la práctica, el debili­ ficios y los costos del desarrollo urbanístico
tamiento de la figura o la desaceleración en su son compartidos de forma equitativa entre los
implementación. A pesar de esto hay que recono­ actores privados (propietarios o constructores)
cer — como ya se indicó — que la aprobación e y la administración local. De esta manera, estos
implementación de este instrumento representa mecanismos significan un quiebre frente a la
un hito muy importante en la evolución reciente idea tradicional de la planeación urbana según
de las políticas de suelo en la ciudad, con un alto la cual, los gobiernos locales son los únicos res­
poder de resonancia en todo el país. ponsables de financiar el desarrollo urbanístico.
Adicionalmente, estos instrumentos proponen
2.2 la gestión asociada de terrenos y la figura superar la gestión de predios individuales. En ese
más representativa de la planeación­gestión: sentido, la propuesta que subyace es la de desa­
el plan parcial11 rrollar grandes áreas de terreno de manera con­
Los mecanismos de gestión asociada no junta y armónica. Así las cosas, si la construcción
son tan novedosos como suele pensarse: en el de vías y de provisión de servicios públicos
año de 1902, la ciudad alemana de Frankfurt beneficia a la ciudad e incrementa el valor del
aprobó una ley mediante la cual se ordenó a los suelo favoreciendo los intereses del propietario,
propietarios asociarse con el fin de reorganizar ¿por qué son los gobiernos locales los únicos
algunas tierras para su desarrollo urbanístico.12 llamados a asumir los costos del desarrollo?,
Japón y Corea procedieron a poner en marcha la ¿por qué los propietarios del suelo que resultan
gestión asociada del suelo después de la segunda beneficiados con las decisiones urbanísticas no
guerra mundial, con el objetivo de reconstruir contribuyen a asumir dichos costos?
las ciudades afectadas con la guerra. En Colombia, estas preguntas se han tra­
Aunque los antecedentes de la gestión aso­ ducido en términos jurídicos en lo que se conoce
ciada se remontan a la primera década del siglo como el principio de la distribución equitativa de
XX, lo cierto es que en el contexto colombiano las cargas y los beneficios del desarrollo urbano.
sólo aparecen hasta el año de 1989 con la aproba­ Conforme a este principio, propietarios y gobier­
ción de la Ley 9 de 1989, y depurados y mejora­ nos locales por igual, deben asumir las cargas y
dos con la aprobación en 1997 de la Ley 388. Así los beneficios derivados de la gestión del terri­
las cosas, aunque en un contexto comparado la torio. En otras palabras, como resultado de la
gestión asociada ha sido utilizada tempranamente planeación se originan no sólo rentabilidades,
por distintos países, en Colombia se encuentran sino también costos que deben ser asumidos por
reguladas desde hace relativamente poco tiempo. los propietarios urbanos.
Varias de las experiencias locales tan solo son Dentro de la lógica de la gestión asociada
experimentos que tardarán algún tiempo en arriba enunciada, los planes parciales constituyen
arrojar resultados susceptibles de evaluación y una alternativa para el desarrollo del suelo me­
análisis. Sin embargo, en esta parte del artículo diante la asociación de propietarios y construc­
se hará referencia a algunos de los procesos que tores: el resultado debe ser el desarrollo urbanís­
ya se han iniciado. tico de un área determinada, con la respectiva
En términos generales, podría afirmarse infraestructura vial, de zonas verdes, equipamien­
que la lógica que subyace a los mecanismos de tos y de servicios públicos. Conforme a la legisla­
gestión asociada consiste en lograr un acuerdo ción colombiana, los planes parciales no solo son

11
En esta parte del Documento y específicamente en el análisis sobre la figura de los Planes Parciales en Bogotá, me apoyo en el siguiente
documento: Pinilla, Juan Felipe. Dificultades y resistencias frente al trámite de los planes parciales y el reajuste de terrenos por parte de
propietarios y promotores y alternativas de solución, mimeo, Bogotá, 2008, sin publicar. Este documento fue producido en el marco de un
Convenio de apoyo y asistencia técnica a la Gerencia de Planes Parciales de la Secretaria Distrital de Planeación de Bogotá, suscrito entre tal
entidad y el Instituto de Estudio Urbanos de la Universidad Nacional de Colombia.
12
Lehavi y Licht comentan que al final de este proceso nuevas áreas de tierra se distribuyeron entre los antiguos propietarios para su desarrollo y
la ciudad declaró como de utilidad pública algunos de los predios comprendidos dentro de esta área. Lehavi, Amon; Licht, Amir N. “Eminent
Domain, Inc”, Columbia Law Review, Nº 107, November 2007.

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Juan Felipe Pinilla Pineda

de iniciativa privada, sino que adicionalmente, la con los instrumentos de financiación y gestión
ley faculta a los gobiernos locales para elaborar y del suelo introducidos por la Ley 388 de 1997.
proponer planes parciales como alternativa para Particularmente en Bogotá mucho se ha
13
responder a las necesidades de la ciudad. discutido con relación a la imposibilidad de trans­
La figura de los planes parciales, incor­ ferir la responsabilidad de construir elementos
porada en la Ley 388 de 1997, intenta introducir pertenecientes a los sistemas generales o matrices
una importante transformación en las prácticas a los propietarios o promotores privados de un
de planificación y gestión del territorio, y pone determinado plan parcial, pero muy poco se ha
de presente la importancia de la relación entre reflexionado sobre el cuestionamiento de fondo
decisiones de planificación, reparto de cargas y que subyace a tal discusión, que tiene que ver
beneficios y mecanismos de gestión del suelo. A con las posibilidades vía presupuesto tradicional
pesar del papel fundamental en la transforma­ de la ciudad, de financiar tales infraestructuras.
ción de las prácticas de ordenamiento que esta Por esta razón uno de los principales avances,
figura intenta introducir, su efectividad y utilidad pero también uno de los principales inconvenien­
han sido duramente cuestionadas, especialmente tes de los planes parciales, tiene que ver con que
por la demora en su adopción y por la falta de se ha puesto en el centro del debate el tema de
uniformidad y certeza en los requisitos y con­ las fuentes de financiación de la urbanización.
diciones exigidas para su formulación por parte En este tema todavía existen muchas posiciones
de las autoridades locales de planeación. encontradas en relación con las posibilidades de
Es importante advertir que — dado que la las ciudades colombianas de renovar sus fuentes
figura de los planes parciales es obligatoria para de financiación a través de los mecanismos de
la incorporación de suelos clasificados como de gestión y financiación del suelo. En todo caso,
expansión urbana — a través de su formulación el surgimiento de tales discusiones puede ser
se han puesto de manifiesto las importantes res­ evaluado como una muestra de madurez y avance
tricciones presupuestales del Distrito Capital para de la práctica urbanística colombiana, que al
financiar la construcción de las infraestructuras menos con ocasión de la introducción de tales
matrices (vías principales y redes de acueducto instrumentos, ha sido capaz de poner en evidencia
y alcantarillado principalmente) requeridas en cuestionamientos trascendentales para la gestión
estos ámbitos. Es innegable que detrás de las urbana, como el que se ha venido mencionando.
demoras en la viabilización de planes parciales En Bogotá han sido adoptados 30 planes
se encuentra una incapacidad estructural de la parciales de desarrollo (hasta el momento no se
administración municipal para determinar y com­ han adoptado planes parciales de renovación)
prometer fuentes de recursos para la urbanización. desde la fecha de expedición de la Ley 388 de 1997
Esta incapacidad es particularmente dramática que consagró por primera vez este instrumento.14
en el caso de la infraestructura vial que no cuenta El resultado, para muchos no es alentador, pero
con recursos destinados específicamente para en el fondo lo que expresa esta cifra además de
tal fin, en oposición al sistema de tarifas de los lo anteriormente señalado, son las resistencias
servicios públicos que al menos, cuenta con por­ ideológicas de los actores privados (propietarios
centajes de destinación para la ampliación de y constructores) a la actividad reguladora de la
redes. Esta situación ha puesto de presente la administración en la determinación del régimen
conveniencia de inscribir el debate en torno a esta de propiedad y en la reglamentación de los usos
figura en el marco más amplio de las fuentes de del suelo, así como las dificultades de orden eco­
financiación de la urbanización de que disponen nómico de la administración para apoyar proce­
las autoridades locales, y su necesaria articulación sos institucionales que requieren de recursos y

13
Para mayor información sobre el alcance de esta figura, Veáse MALDONADO, María Mercedes; PINILLA, Juan Felipe; RODRÍGUEZ, Juan Francisco;
VALENCIA, Natalia. Planes parciales, gestión asociada y mecanismos de distribución equitativa de cargas y beneficios en el sistema urbanístico
colombiano, Bogotá, Lincoln Institute of Land Policy, 2006.
14
Sobre los planes parciales en proceso de formulación y los adoptados, puede consultarse la página de la Secretaría Distrital de Planeación:
<www.sdp.gov.co>.

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Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá

de capacidad técnica para gestionar y tramitar del propietario. La Ley 388 de 1997 creó mecanis­
los procesos de adopción de planes parciales. mos para romper con dicha tradición y establecer
La resistencia ideológica de los actores pri­ alternativas para dinamizar la oferta de suelo para
vados obedece, principalmente, a la noción indi­ las necesidades colectivas y públicas.
vidualista de propiedad privada todavía vigente Uno de tales mecanismos es la asociación
en la sociedad colombiana. Si bien es cierto a obligatoria de propietarios a través de unidades
nivel jurídico se han producido avances impor­ de actuación urbanística. Este instrumento de rea­
tantes que han pretendido reemplazar esta idea juste de terrenos no ha sido aún inaugurado en
por la de función social de la propiedad, la mayo­ la ciudad de Bogotá, y subsisten amplias y exten­
ría de los propietarios y de los constructores en didas resistencias a su implementación.
Colombia todavía consideran que el derecho de De conformidad con el artículo 39 de la
propiedad no puede estar sometido a las decisiones Ley 388 de 1997, como “Unidad de Actuación
públicas. De esta manera, cuando a un propietario Urbanística se entiende el área conformada por
se le informa que su predio hace parte de un plan uno o varios inmuebles, explícitamente delimi­
parcial y que en consecuencia, el terreno debe tada en las normas que desarrollan el plan de orde­
gestionarse de forma asociada con otros predios y namiento que debe ser urbanizada o construida
propietarios, se origina una situación de conflicto como una unidad de planeamiento con el objeto
con la administración y de indisposición con el de promover el uso racional del suelo, garantizar
instrumento del plan parcial. el cumplimiento de las normas urbanísticas y
Si bien es cierto este comportamiento “del facilitar la dotación con cargo a sus propietarios,
propietario tradicional” constituye la principal de la infraestructura para el transporte, los servi­
resistencia a la aplicación de los planes parciales, cios públicos domiciliarios y los equipamientos
resulta posible identificar un segundo compor­ colectivos mediante reparto equitativo de las
tamiento muy ligado al primero, que consiste en cargas y los beneficios”.
la prevención a asociarse o a trabajar con propie­ Los propietarios y promotores de Planes
tarios vecinos. La desconfianza en el otro, así Parciales siguen resistiendo, por desconocimiento
como la renuencia a trabajar en comunidad cons­ y temor, la aplicación de esquemas de gestión
tituyen obstáculos adicionales a la implemen­ asociada que faciliten la ejecución de las actua­
tación de este instrumento. Por esta razón, son ciones previstas en los planes parciales, a través
excepcionales los casos en los cuales en la formu­ de la modalidad de unidades de actuación urba­
lación de planes parciales se crean o consolidan nística con el consecuente reajuste de terrenos.
alianzas, acuerdos o fórmulas de futura asocia­ Si bien en los propietarios que no son pro­
ción entre los involucrados. De esta manera, los fesionales inmobiliarios puede entenderse el
propietarios involucrados en los procesos de for­ temor de la asociación con otros propietarios,
mulación de planes parciales consideran que no resulta extraño que por parte de constructores
resulta rentable trabajar de manera asociada con y promotores profesionales tal resistencia se ma­
otros propietarios. nifiesta de manera constante, teniendo en cuenta
Uno de los principales objetivos de la que muchos de los proyectos inmobiliarios que
figura del Plan Parcial en el sistema urbanístico actualmente se desarrollan en la ciudad conso­
colombiano es dinamizar la iniciativa para em­ lidada se gestionan a través de formulas más o
prender los procesos de transformación del menos complejas de asociación entre propieta
territorio. Tradicionalmente tal iniciativa se ha rios, promotores, constructores e incluso com­
condicionado a la voluntad del propietario del pradores. Estas experiencias deberían servir de
suelo donde se van a realizar las actuaciones y antecedente para facilitar la gestión asociada
cuando es necesario reemplazarlo por renuencia, entre propietarios, promotores y constructores
sólo se considera la vía expropiatoria sujeta a la en ámbitos de planes parciales.
existencia de motivos de utilidad pública. Esta A pesar de tales resistencias y dificultades
costumbre ha ocasionado que la determinación experimentadas en Bogotá, es innegable que la
de tiempos, oportunidades y lugares de dinami­ principal potencialidad de los mecanismos de
zación de oferta del suelo esté sujeta a la acción gestión asociada consiste justamente en ofrecer

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Juan Felipe Pinilla Pineda

nuevas y más equitativas formas de adquisición desarrollo prioritario, que no se urbanicen dentro
pública de suelo. A través de tales mecanismos de los tres años siguientes a su declaratoria; 2)
se puede garantizar que tanto el costo del suelo Los terrenos urbanizables no urbanizados locali­
como las infraestructuras urbanas requeridas se zados en suelo urbano, de propiedad pública o
financien y ejecuten con cargo a los aprovecha­ privada, declarados como de desarrollo priorita­
mientos urbanísticos que se autorizan. Esta moda­ rio, que no se urbanicen dentro de los dos años
lidad permite entonces que aún las porciones siguientes a su declaratoria o, 3) Los terrenos o
del suelo de propiedad privada que deban ser inmuebles urbanizados sin construir, localizados
destinadas a usos públicos o a usos socialmente en suelo urbano, de propiedad pública o privada,
deseables (vivienda social por ejemplo) sean re­ declarados como de construcción prioritaria, que
muneradas a sus propietarios de forma equita­ no se construyan dentro del año siguiente a su
tiva y sin tener que recurrir a la adquisición declaratoria.
pública vía expropiación. Recientemente la administración de Bogotá,
en un intento por habilitar suelo urbano para la
2.3 nuevas formas para enfrentar la escasez de construcción de vivienda de interés social, decla­
suelo para la provisión de vivienda social ró 1.035 hectáreas (equivalentes a 1.187 lotes)
Como se ha mencionado una de las prin­ como de desarrollo prioritario. De conformidad
cipales demandas que tienen que afrontar las con esta medida, los propietarios tienen hasta dos
administraciones municipales es la dinamiza­ años para desarrollar vivienda de interés social
ción de la oferta de suelo, especialmente para la en estos predios; en caso de incumplir con tal
provisión de vivienda social. Tradicionalmente obligación, sus terrenos serán objeto de un proceso
se ha concebido que la única forma de respuesta de enajenación forzosa en pública subasta. Esta
a tal reto es la adquisición directa o la expropia­ iniciativa tiene como propósito generar oferta de
ción de terrenos para dedicarlos a tales fines. Sin suelo, ante un déficit de suelo residencial para
embargo la legislación colombiana contempla los sectores con bajos ingresos.
novedosos instrumentos que permiten enfrentar El uso de este instrumento puede contri­
tal demanda por otras vías. buir a dinamizar la oferta de suelo para vivienda
Uno de los mecanismos más poderosos social. Es recurrente encontrar en los análisis
con los que cuentan las administraciones locales sobre los problemas de la política de vivienda en
en Colombia para enfrentar los problemas de el país y en particular en Bogotá, la mención a la
escasez de suelo producido por la retención espe­ escasez de suelo para llevar a cabo este tipo de
culativa es la declaratoria de desarrollo o cons­ programas y proyectos, bien por la inexistencia
trucción prioritaria. Este mecanismo permite que de terrenos urbanizados, o bien por la retención
la administración local determine que un pro­ especulativa de aquellos que cuentan con la infra­
pietario o grupo de propietarios deben urbanizar estructura requerida. En cualquiera de las dos
o construir sus terrenos en unos tiempos deter­ situaciones planteadas, el uso de la declaratoria
minados so pena de que el incumplimiento acarree de desarrollo o construcción prioritaria puede faci­
la venta forzosa en pública subasta. Este es uno litar la adquisición de terrenos suficientes para
de los instrumentos donde con mayor nitidez se el desarrollo de tales programas, permitiendo que
verifica la función social de la propiedad. En este los constructores dispongan de un mecanismo
caso se impone al propietario una obligación adicional de obtención de suelo a través de las
de hacer — obligación positiva — cuyo incum­ subastas públicas de suelo, como resultado del
plimiento acarrea una sanción. incumplimiento de los propietarios de los tiempos
De conformidad con la ley habrá lugar a para urbanizar o construir, o por el apremio que
la iniciación del proceso de enajenación forzo­ la figura supone para tales propietarios, quienes
sa en pública subasta, por incumplimiento de podrían terminar forzados bien a asociarse o bien
la función social de la propiedad sobre: 1) Los a vender sus terrenos.
terrenos localizados en suelo de expansión, de Este mecanismo permitiría efectivamente
propiedad pública o privada, declarados como de dinamizar el mercado del suelo y poner en

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Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá

competencia a precios razonables terrenos en los decididamente en la apuesta por la aprobación


que existe la necesidad de llevar a cabo programas de la participación en plusvalías y en la revi­
y proyectos prioritarios de conformidad con la sión al POT, a las que se ha hecho referencia
programación de los instrumentos de planeación. anteriormente.
El desarrollo o construcción prioritaria más La estrategia fundamental a la que apunta
que estar centrado en una penalidad por el in­ esta Operación, que ya cuenta con un Plan de
cumplimiento de los propietarios de los deberes Ordenamiento Zonal adoptado — Decreto 252 de
que les puede imponer la administración, supone 2007 — es la de definir a todo el suelo de expan­
un apremio para que tales actores busquen alter­ sión urbana incluido, como un ámbito espacial
nativas de asociación con constructores y urba­ de distribución de las cargas y los beneficios
nizadores con el fin de producir viviendas y de que el proceso de urbanización y transformación
este modo, facilita o estimula la incorporación de a usos urbanos va a representar para la zona.
tierras al mercado de suelos que sin tal apremio Los costos de los soportes de urbanización que
probablemente seguirían siendo retenidos. se requiere para transformar este territorio rural
Por otro lado es importante hacer referen­ en urbano (vías, redes de acueducto y alcantari­
cia a la Operación Urbanística Nuevo Usme. Esta llado, zonas verdes recreativas y áreas para equipa­
operación ha venido siendo concebida desde el mientos sociales) son definidos como cargas urba­
2002 como un escenario de aplicación de diversos nísticas a cargo de los actuales propietarios de
instrumentos de gestión del suelo con el propó­ suelo, quienes serán los directos beneficiarios
sito de generar formas alternativas de generación de los aprovechamientos urbanos que se podrán
de suelo urbanizado para vivienda social. Para el realizar. Sin embargo como medio para garantizar
diseño de esta intervención se pensó en la necesi­ el flujo necesario de recursos de inversión y la
dad de hacer uso de los distintos mecanismos de temporalización técnica de la ejecución de las
gestión del suelo contenidos en la ley colombiana, obras requeridas en el área, la misma se ha divi­
tales como la participación en plusvalías, los dido en 4 ámbitos de desarrollo, para cada uno
planes parciales y el reparto equitativo de cargas de los cuales se deberá formular y adoptar un
y beneficios. En últimas, el objetivo principal de plan parcial que defina las condiciones de parti­
la propuesta consiste en ofrecer una alternativa cipación de los propietarios y el diseño urbano
de vivienda a los sectores populares con el fin específico.
de competir con los urbanizadores ilegales que Como medio para el control efectivo de las
tradicionalmente han monopolizado la oferta de inversiones y de los tiempos, la Administración
vivienda en esta área de la ciudad,15 mediante municipal — a través de su Banco de Tierras
la intervención pública directa a través de me­ (MetroVivienda) — puede remplazar a los pro­
canismos de gestión asociada de terrenos, sin tener pietarios — concertadamente o aún vía expropia­
que recurrir anticipadamente a la adquisición ción — en el cumplimiento de sus obligaciones
forzosa — vía expropiación — de todo el suelo de financiación de las cargas urbanísticas, y así
objeto de la Operación. A pesar de que la puesta se convierte en socia de la operación y recupera
en marcha de esta Operación apenas ha iniciado su inversión en suelo urbanizado. Bajo esta
en forma definitiva apenas en el año 2009, es decir formulación, el municipio concentra los recursos
7 años después de sus primeras formulaciones, su en la urbanización del suelo, no requiere la adqui­
diseño y estructuración ha sido muy importante sición anticipada del mismo, y se concentra en
como escenario de discusión de las alternativas definir mecanismos de asociación y vinculación
de instrumentación con las que cuenta la ciudad público­privado, que le permiten controlar los
para enfrentar los retos de generación de suelo tiempos y la producción del suelo urbanizado.
urbanizado. A tal punto ha sido su influencia en De este modo puede movilizar las plusvalías que
el diseño de políticas e instrumentos de gestión se generan en el proceso de transformación del
del suelo que sus discusiones iniciales influyeron suelo y contribuir a una completa y adecuada

15
Sobre la Operación Urbanística Nuevo Usme véase Maldonado Copello, Maria Mercedes y Smolka, Martim O. “Las plusvalías en beneficio de los
pobres: el proyecto Usme en Colombia”, Land Lines Article, Volumen 15, Nº 3, Julio de 2003.

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Juan Felipe Pinilla Pineda

urbanización, permitiendo una oferta de suelo Esta novedosa instrumentación por parte
urbanizado que permita acceso a la vivienda de de la administración de Bogotá, de un mecanismo
los sectores más pobres. existente en la legislación colombiana desde la
La base fundamental para la aplicación Ley 9 de 1989, que no había sido implementado
de esta estrategia de gestión del suelo está sus­ antes, ha servido como punto de referencia para
tentada en un estricto control a los precios del que otras ciudades y otros proyectos también de
suelo. Para lograr tal fin, el primer paso que dio Bogotá lo implementen, y ha contribuido deci­
la Administración en esta dirección fue la del didamente a renovar las bases técnicas y concep­
anuncio del proyecto,16 que tenía por objeto anun­ tuales con las que hoy se aborda la valoración
ciar la puesta en marcha de la Operación Estra­ de inmuebles en los procesos de implementación
tégica Nuevo Usme, en el que se definían algunas de los nuevos mecanismos.17
características de dicha Operación y se ordenaba Otro ejemplo de la estrategia integrada
la realización de avalúos de referencia, que per­ de aplicación de instrumentos de gestión del
mitieran conocer los valores de los terrenos de suelo que supone la Operación Nuevo Usme, es
acuerdo con su uso efectivo (usos agrícolas y la adopción del instrumento del derecho de pre­
forestales) y sin incorporar la expectativa de valo­ ferencia a favor del Banco de Tierras Distrital
rización que su consideración como de expansión (MetroVivienda), sobre los terrenos que hacen
urbana, podía suponer. Los suelos que confor­ parte de la mencionada Operación. A pesar de
man la Operación Estratégica Nuevo Usme están que tal entidad creada en el año de 1998 fue con­
clasificados desde el año 2.000 como suelos de cebida bajo tal modalidad, lo cierto es que nunca
expansión urbana donde lo únicos usos permiti­ había hecho uso del principal instrumento con
dos actualmente son los agrícolas y forestales. el que la Ley 9 de 1989 dota a los denominados
Dado que el anuncio del proyecto se hizo en el Bancos de Tierra: el mencionado derecho de
año 2.003, la situación antes de la ejecución del preferencia. Este mecanismo consiste en la posi­
proyecto corresponde a suelos donde sólo se pue­ bilidad de que este tipo de entidades puedan im­
den desarrollar, de forma legal, usos relacionados poner a propietarios de terrenos la obligación de
con lo rural (agrícolas y forestal) y por tanto, sólo ofrecerle en venta sus inmuebles, por una sola
teniendo en cuenta esta condición, se definieron vez, cuando tengan la intención de enajenarlos.
los avalúos de referencia de este sector. Justamente a propósito de la implementa­
Además de servir como valores de referen­ ción de la Operación, la ciudad previó en el Plan
cia en caso de que se requiera la adquisición de Ordenamiento Zonal, la posibilidad de que
forzosa de predios al interior de la Operación, dicha entidad hiciera uso de tal instrumento. Con
estos avalúos han servido como punto de referen­ ocasión de muchos movimientos especulativos
cia para establecer los potenciales incrementos sobre los terrenos y como medida que le permi­
de precios del suelo que se van a producir, y de tiese su participación y monitoreo a tal mercado,
este modo han servido para el diseño del siste­ su Junta Directiva determinó en mayo de 2008,
ma de reparto equitativo de cargas y beneficios la utilización de tal instrumento sobre todos los
que está establecido en el mencionado Plan de predios incluidos en su ámbito (aproximadamente
Ordenamiento Zonal. 750 predios). El derecho de preferencia es una

16
La implementación de este mecanismo se basa en la existencia en la legislación colombiana de un mecanismo no tributario de recuperación
de plusvalías, que consiste en la posibilidad de que en los avalúos que se practiquen para la adquisición forzosa de inmuebles por motivos de
utilidad pública — es decir en el trámite de expropiación — sean descontados los incrementos de precio que haya podido ocasionar el anuncio
del programa, proyecto u obra, que constituye el motivo de utilidad pública respectivo. En últimas se trata de un mecanismo enderezado a evitar
el enriquecimiento injustificado del propietario, cuando su propiedad es requerida en el marco de una actuación como la que se comenta. Esta
posibilidad está regulada de la siguiente forma por el Parágrafo del artículo 61 de la Ley 388 de 1997:
“Al valor comercial al que se refiere el presente artículo, se le descontará el monto correspondiente a la plusvalía o mayor valor generado por el
anuncio del proyecto u obra que constituyen el motivo de utilidad pública para la adquisición, salvo el caso en que el propietario hubiere pagado
la participación en plusvalía o la contribución de valorización, según sea del caso” (Negrilla fuera de texto).
El avance en la comprensión de esta posibilidad — sin utilización previa en el país — en el marco de la Operación Nuevo Usme, consistió en
establecer la necesidad de que tal descuento del valor, requería necesariamente de unos avalúos de referencia, que dieran cuenta del valor de
los terrenos antes del mencionado anuncio.
17
Al respecto puede consultarse: Gaitán, Jorge Eliecer y Delgado, Jorge Eliecer. Problemática de los procesos de valoración urbanística en términos
de la Ley 388 de 1997, en Revista ACE (Arquitectura, Ciudad y Entorno). Año III, núm. 7, junio de 2008.

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Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá

medida que ha enviado un claro mensaje sobre la y construcción que ocurren sobre el territorio.18
determinación de la administración de actuar en La existencia de tal régimen marca efectivamente
tal territorio y de intervenir en las transacciones la posibilidad de aplicación de instrumentos y
privadas que se intenten realizar en el área. mecanismos para intervenir el mercado del suelo,
La utilización del derecho de preferencia y promover formas de vinculación público­priva­
es otro mecanismo de intervención en el mercado das más racionales y equitativas para producir los
del suelo que puede facilitar las labores de pro­ objetivos más amplios de la planificación urbana.
moción y gestión del suelo que desarrollan los En la base de los argumentos que se han
Bancos de Tierra como MetroVivienda que, com­ movilizado para soportar la implementación de
binado con otros instrumentos, facilita la gestión los instrumentos que ha se han venido aplicando
asociada de terrenos y la vinculación público­ en Bogotá, se encuentra una revisión muy clara
privada en el desarrollo de grandes operaciones a los postulados tradicionales del derecho de pro­
de urbanización de suelo para vivienda social, sin piedad, partiendo de una versión actualizada y a
tener que recurrir anticipada y necesariamente a tono con las implicaciones de su función social
toda la adquisición del suelo, vía procedimientos concretada por la legislación a la que hemos
expropiatorios tradicionales. hecho referencia, reconociendo la existencia hoy
Los casos descritos, ejemplifican medidas en Colombia de un régimen jurídico de la propie­
para destinar suelo para la construcción de vi­ dad que determina con precisión los derechos
vienda social. Sin embargo, lo más significativo y las obligaciones de los propietarios de tierra,
es la utilización de instrumentos de gestión dis­ con respecto a los procesos de urbanización y
tintos a la herramienta tradicionalmente utili­ construcción. No en vano entonces, la implemen­
zada para la adquisición pública de suelo: la tación de tales instrumentos vincula de forma
expropiación. Parece prematuro aún evaluar su muy recurrente discusiones acerca del contenido
efectividad en la consecución de una finalidad y alcance de la propiedad inmueble. No es coin­
siempre compleja para las políticas urbanas, pero cidencia que tales discusiones centren su aten­
en todo caso abre el panorama del debate sobre la ción sobre el derecho de propiedad, sino que más
siempre difícil relación y complementación entre bien son resultado de la evolución y madura­
políticas de suelo y políticas de vivienda social. ción de unas nuevas reglas de juego que intentan
justamente avanzar en la regulación de los dere­
3 Conclusiones y reflexiones finales chos y deberes de la propiedad del suelo. Quizá
Las apuestas recientes de la administra­ entonces la forma en que se han venido presen­
ción de la ciudad de Bogotá, a las que se ha hecho tado las discusiones en Bogotá sea una muestra
referencia, han mostrado que los instrumentos de maduración de una legislación que como la
de gestión son en últimas, un complemento ne­ Ley 388, es en últimas una apuesta por regular
cesario para las políticas públicas urbanas, que de forma más equitativa y racional el contenido
buscan enfrentar tres problemas básicos y recu­ y alcance de la propiedad privada.
rrentes de la gestión urbana: 1) la especulación La implementación de políticas de gestión
con el precio del suelo, 2) la provisión de suelo de suelo enfrenta, como lo demuestra la expe­
para las necesidades colectivas, y 3) la distribu­ riencia de Bogotá, importantes retos de difusión
ción y apropiación lógica (racional) del suelo y los y capacitación de las autoridades locales. Así
beneficios y aprovechamientos de él derivados. mismo, se impone la necesidad de debatir su apli­
Algunos analistas coinciden en señalar cación a partir de marcos conceptuales mucho
que toda política eficaz de gestión del suelo debe más amplios a los que tradicionalmente han
estar sustentada en un régimen jurídico de la sido utilizados. En tal sentido, es importante no
propiedad que determine con precisión los dere­ perder de vista que las reformas legales, como las
chos y las obligaciones de los propietarios de que ha experimentado Colombia en las dos últi­
tierra, con respecto a los procesos de urbanización mas décadas, pueden ser un requisito necesario

18
Para el caso colombiano puede consultarse Salazar, José. Problemas de institucionalización de las políticas de tierra y políticas fiscales. Interacción, en
Bitácora, Revista del Departamento de Urbanismo, Universidad Nacional de Colombia, Facultad de Artes, Bogotá, Número 1, Noviembre de 1997.

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Juan Felipe Pinilla Pineda

pero no suficiente para transformar las prácticas Lora­Tamayo, Marta, Urbanismo de Obra Pública y Derecho
a Urbanizar, Madrid, Editorial Marcial Pons, 2000.
de uso y transformación del territorio. Tales
reformas abren nuevos campos de acción que Maldonado Copello, Maria Mercedes; Smolka, Martim
O. “Las plusvalías en beneficio de los pobres: el proyecto
necesariamente tienen que confrontar viejas Usme en Colombia”, Land Lines Article, Volumen 15,
prácticas y paradigmas. Las reformas, entonces, Nº 3, Julio de 2003.
requieren de procesos de socialización, de dis­ Maldonado, María Mercedes; Pinilla, Juan Felipe;
cusión y de compromiso político que las doten Rodríguez, Juan Francisco; Valencia, Natalia. Planes
parciales, gestión asociada y mecanismos de distribu­
de contenido real y que dinamicen su efectiva
ción equitativa de cargas y beneficios en el sistema
aplicación e implementación. Por tal razón, la expe­ urbanístico colombiano, Bogotá, Lincoln Institute of
riencia bogotana no sólo ilustra la complejidad Land Policy, 2006.

de la transformación efectiva de las prácticas Molina, Humberto. De la reforma urbana a la Ley


sociales, sino también los conflictos de intereses de Desarrollo Territorial: un nuevo marco para la
planeación y el financiamiento del desarrollo urbano,
que subyacen en la planificación del territorio, Revista Desarrollo Urbano en cifras, (3), Ministerio de
así como la relativa lentitud con la que se dan Desarrollo Económico. Bogotá. 1997.
los procesos de acomodamiento a los cambios de Parada, Ramón. Derecho urbanístico, Madrid, Editorial
reglas de juego. Quizá por esto resulte pertinente Marcial Pons, 1999.

señalar que los avances en la comprensión y al­ Pinilla, Juan Felipe. Dificultades y resistencias frente al
trámite de los planes parciales y el reajuste de terrenos
cance de las posibilidades que ofrece esta legisla­
por parte de propietarios y promotores y alternativas de
ción y la creciente aplicación de sus instrumentos solución, mimeo, Bogotá, 2008.
son una clara muestra de sus efectos positivos, Salazar, José. “Problemas de institucionalización de
de un proceso de apropiación de sus contenidos y las políticas de tierra y políticas fiscales. Interacción”,
de una comprensión renovada de las responsabi­ en Bitácora, Revista del Departamento de Urbanismo,
Universidad Nacional de Colombia, Facultad de Artes,
lidades de las autoridades locales frente a los Bogotá, Número 1, Noviembre de 1997.
retos de los procesos de urbanización.
Smolka, Martim y Furtado, Fernanda (ed.) Recuperación
de Plusvalías en América Latina – Alternativas para
referencias el desarrollo urbano. Lincoln Institute of Land Policy.
Eurelibres 2001.

Ciudades y Ciudadanía: La Política Urbana del Salto Yu­Hung Hong, Barrie Needham (ed). Analyzing land
Social, Ministerio de Desarrollo Económico, Bogotá, readjustment. Economics, Law, and Collective Action,
1995. Cambridge, Lincoln Institute of Land Policy, 2007.

Fonseca, Fernando. El régimen jurídico de los patrimonios Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da
municipales del suelo. Madrid, Instituto Pascual Madoz Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
Universidad Carlos III de Madrid – Boletín Oficial del
Estado, 1995. PINILLA PINEDA, Juan Felipe. Los avances del derecho urbano
colombiano. Reflexiones a partir de la experiencia reciente de Bogotá.
Lehavi, Amon; Licht, Amir N. “Eminent Domain, Inc”, Fórum de Direito Urbano e Ambiental – FDUA, Belo Horizonte, ano 9,
Columbia Law Review, Nº 107, November 2007. n. 54, p. 87-102, nov./dez. 2010.

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Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997

revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997


María Mercedes Maldonado Copello
Abogada y urbanista. Profesora e investigadora del Instituto de Estudios Urbanos de la Universidad Nacional de
Colombia.

Sumario: 1 Introducción – 2 Tensiones por el control político de las decisiones en materia de urbanismo
– 3 Función social de la propiedad y derecho a la vivienda digna: una relación con resultados limitados
– 3.1 Los porcentajes obligatorios de vivienda de interés social – 3.2 Grandes operaciones urbanas con
aplicación integrada de los instrumentos de gestión del suelo – Referencias

1 introducción o del pensamiento jurídico como forma de leer la


En trabajos previos, donde he analizado sociedad, es el replanteamiento de los principios
desde diversas ópticas la construcción del siste­ jurídicos y de la forma de enunciar los conceptos
ma jurídico­urbanístico colombiano he propuesto jurídicos, así como la difusión de normas de
los siguientes aspectos que definen la relación textura abierta,1 sujetas a procesos más abiertos y
entre lo jurídico y lo territorial/urbano, por de­ difusos de interpretación y a una ampliación de
cirlo de alguna manera: El primero, los arreglos los operadores jurídicos. El campo por excelen­
institucionales para la distribución del poder cia de este aspecto es el constitucionalismo. En
político sobre el territorio, que remite al ejercicio directa relación con el anterior, está la dimensión
de la soberanía, sobre todo en su plano interno y de lo colectivo o la presencia (¿retorno?) de la
a la construcción y al tipo de comunidades polí­ comunidad, desplazada por el pensamiento mo­
ticas que adoptan decisiones en materia de urba­ derno occidental y con serias dificultades para
nismo y a los mecanismos a través de los cuales operar en el andamiaje conceptual de los juristas.
se adoptan esas decisiones. En su expresión opera­ Están por último unos aspectos un tanto
tiva se concreta en la distribución de competen­ más operativos como son las reglas de juego
cias entre niveles de gobiernos y la organización para la movilización de los recursos — sobre
misma de estos niveles. El segundo aspecto o todo económicos — ligados a los procesos de
fundamento es el régimen de la propiedad privada urbanización y los mecanismos de resolución
del suelo, que tiene que ver con las decisiones de los conflictos.
de agentes privados, por lo general, que dotados En este artículo, teniendo como referente
de la posibilidad jurídica de excluir, participan el marco de análisis que se acaba de esbozar, se
en la construcción de formas espaciales y de examinan algunas de las tensiones presentes en
relaciones sociales. el proceso de implementación de la legislación
El tercero tiene que ver con los mecanismos de ordenamiento territorial y suelo en Colombia
de regulación de los usos del suelo (es decir, de (concretamente la ley 388 de 1997, de desarrollo
la distribución en el espacio urbano y rural de territorial) en relación con dos aspectos: el de la
las distintas actividades y necesidades humanas) discusión sobre el nivel de gobierno y el tipo de
y su expresión técnica y jurídica en términos autoridad a la que corresponde el control político
de planificación u ordenamiento del territorio. Se de las decisiones de urbanismo. Ante un arreglo
trata de la pregunta sobre el alcance de la actua­ institucional que define el país como unitario
ción estatal versus el alcance de la libertad de pero descentralizado y con autonomía de las enti­
los propietarios y otros agentes privados. El cuarto dades territoriales, hay un terreno abierto para las
es delineado por los derechos sociales y cultura­ discusiones jurídicas y políticas sobre el alcance
les, o la conversión en materiales jurídicos de las de las actuaciones del gobierno nacional y el
reivindicaciones ciudadanas y su difícil diálogo de la autonomía de los gobiernos municipales.
con derechos mucho más claramente definidos y Esta discusión obviamente no se da en abstracto
ejercidos como el de propiedad. Uno de los pro­ sino que tiene que ver con los primeros pasos de
cesos con mayor dinámica, y mayor resistencia algunos gobiernos municipales en la aplicación de
por parte de la estructura mental de los juristas la ley y en su propio diseño de los instrumentos,

1
En los términos del jurista colombiano Diego López Medina.

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María Mercedes Maldonado Copello

con las dificultades para implementar políticas descentralización no es puramente administra­


como la de vivienda social y con las presiones de tiva sino que tiene un contenido esencialmente
algunos agentes privados como los propietarios político. La Constitución reconoce a las entidades
de suelo que ven afectados sus intereses. territoriales derechos a gobernarse por autorida­
El segundo tema que se aborda es el de la des propias, a ejercer las competencias que les
relación entre función social de la propiedad y corresponden, administrar los recursos y estable­
derecho a la vivienda, donde en primer término cer los tributos necesarios para el cumplimiento
se expone la forma cómo las normas legales y la de sus funciones y participar en las rentas nacio­
jurisprudencia han dotado y están dotando de nales, particularmente en los ingresos corrientes
sentido a la fórmula de la función social de la de la nación en porcentajes predeterminados y
propiedad entendida como las obligaciones o res­ de transferencia automática.
ponsabilidades impuestas a los propietarios de Dentro de las competencias propias de los
suelo y el papel que puede jugar en términos de municipios, establecidas por la Constitución como
efectividad del derecho a la vivienda y luego se derechos, los cuales corresponde a sus autorida­
plantea la duda sobre las dificultades no solo de des y sus respectivas comunidades políticas, está
las políticas de vivienda — como tradicionalmente el ordenamiento del desarrollo de su territorio,
ha ocurrido — sino de las políticas de suelo para la reglamentación de los usos del suelo y la tribu­
romper condiciones profundas de exclusión y tación sobre la propiedad inmuebles, componen­
atender a las familias con menor capacidad de tes esenciales del urbanismo. Esta regla de juego
pago o en situaciones de vulnerabilidad. es muy importante para el proceso de implemen­
Es conveniente advertir que este artículo tación de las legislaciones de ordenamiento terri­
es una versión actualizada y transformada del torial y suelo, que tienen incidencia sobre la
artículo publicado en 2007 en la Revista ACE apropiación y movilización de recursos como las
Nº 7 de 2008 “La ley 388 de 1997 en Colombia: rentas del suelo o plusvalía y tiene que ver con
algunos puntos de tensión en el proceso de su los actores que participan y controlan esas deci­
implementación. siones y el equilibrio entre intereses y privados
colectivos, estos últimos especialmente difíciles
2 tensiones por el control político de las de manejar para la lógica jurídica occidental cons­
decisiones en materia de urbanismo truida sobre la base de los valores individualistas.
Colombia se organiza como una república La Corte Constitucional ha movilizado la
unitaria, descentralizada y con autonomía de sus categoría del núcleo esencial de la autonomía
entidades territoriales. La Constitución Política territorial, conformado por las competencias
reconoce como tales a los departamentos, los mu­ básicas que la Constitución asigna a las autoridades
nicipios y distritos y los territorios indígenas, y municipales y que constituyen el límite mínimo
establece la posibilidad de que una Ley Orgánica para la actuación de otros niveles de gobierno,
de Ordenamiento Territorial (LOOT), que aún con miras a proteger dicha autonomía de inter­
no ha sido expedida, pueda darles el carácter de ferencias que anulen o dejen sin contenido alguno
entidades territoriales a las regiones y provincias. esas competencias. La tensión entre autonomía
El punto de discusión política y jurídica gira en y unidad se resolvería, entonces, a través de un
torno a la pregunta de ¿cómo conciliar unidad y sistema de limitaciones recíprocas entre niveles
autonomía? En algunos aspectos la formulación de gobierno. Esto quiere decir que la autonomía
de esta relación es un tanto ambigua en el texto municipal no es absoluta, pero tampoco lo es la
constitucional, en otros está planteada de manera posibilidad de limitación por parte del gobierno
clara pero, en uno y otro caso, abre paso a tensio­ nacional, cuyas autoridades tienen que observar
nes y controversias, como es usual con los pactos ciertas reglas, como que la limitación debe ser
políticos contenidos en las constituciones. impuesta por los organismos de elección popular
Rodrigo Uprimmy, abogado constituciona­ y no por funcionarios del ejecutivo, que no se
lista colombiano, plantea que el modelo colom­ pueden suplantar las competencias dejándolas sin
biano de organización del estado se ubica entre contenido y que, de nuevo según Uprimny (2010),
el régimen descentralizado y el federal, inclinado en desarrollo del principio de subsidiaridad, sólo
hacia un tipo de estado autonómico, donde la sería legítima la intervención de una entidad de

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Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997

orden superior en la competencia de una entidad torial y políticas de suelo. Estos determinantes
inferior cuando esta última no pudo cumplir con reconocen que la mayoría de los aspectos invo­
su competencia y, en todo caso, la intervención lucrados en el ordenamiento del territorial reba­
debe dirigirse a fortalecer la competencia y no san los límites de la organización político­admi­
sustraerla. nistrativa y recogen objetivos de interés nacional.
Varias preocupaciones están presentes en Tienen que ver con los distintos problemas am­
esta discusión, que es pertinente desde el punto bientales (desde la gestión de riesgo hasta los
de vista político, dada la tradición de centraliza­ sistemas de áreas protegidas), con el patrimonio
ción del poder que acompaña las sociedades lati­ cultural, incluyendo el histórico, artístico y ar­
noamericanas y porque los procesos de cambio quitectónico, con el señalamiento y localización
institucional que viven varios países de la región, de las infraestructuras relativas a la red vial
con distintos matices políticos, están acompaña­ nacional y regional, puertos y aeropuertos, siste­
dos también de procesos de recentralización y de mas de abastecimiento de agua, saneamiento y
creciente control por parte del ejecutivo nacional suministro de energía, así como las directrices
en la toma de decisiones y de injerencia en diversos de ordenamiento para sus áreas de influencia
ámbitos de la vida social. La primera tiene que y los componentes de ordenamiento territorial
ver con la construcción de proyectos nacionales correspondientes a hechos metropolitanos, cuando
y la armonización de la acción de distintos nive­ exista esta figura. En el tema ambiental se va un
les de gobierno en torno a objetivos compartidos, poco más allá y uno de los requisitos para la
en terrenos como el de la planificación, la tri­ aprobación de los planes de ordenamiento terri­
butación, las políticas sociales o la construcción torial y de los planes parciales es la concertación
de grandes obras de infraestructura. La segunda previa de los aspectos ambientales con la autori­
hace referencia al cumplimiento por parte de dad ambiental.
gobiernos locales, que por lo general reclaman La figura se convirtió prontamente en el
diversas formas de descentralización, de acciones espacio de expresión de los conflictos entre los
y responsabilidades que de esa descentralización intereses de las distintas autoridades públicas,
se derivan, como son la atención a los problemas sobre todo cuando los distintos actores públicos
ambientales, o de las necesidades básicas insa­ y privados fueron percibiendo los alcances de
tisfechas de su población. Como se examina a los planes de ordenamiento territorial, que son
continuación con más detalle un punto habitual vinculantes para unos y otros y que concretan un
de conflicto es el de la oferta de suelo urbanizado abanico amplio de posibilidades para replantear
para vivienda social y la creación de condiciones las reglas de juego para la distribución de las
de localizaciones adecuadas para la población actividades en el territorio y de las rentas que de
más pobre, mientras las estrategias de las auto­ ellas se derivan.
ridades locales en muchos casos se dirigen a evitar Con el paso del tiempo el panorama se ha
la vivienda social en sus territorios. Por último, ido complicando: las autoridades nacionales,
y quizás el terreno más sensible, el del alcance particularmente el Ministerio de Ambiente, Vivien­
de la intervención estatal en relación con el dere­ da y Desarrollo Territorial empezó a producir
cho de propiedad y la definición de las comuni­ normas de manera un tanto caótica, en respuesta
dades políticas pertinentes para concretarla, en a conflictos coyunturales o problemas puntua­
tanto esto ocurre a través de diversos mecanis­ les e incluso a intereses particulares, de manera
mos que van desde la imposición de tributos hasta que una figura como la de los determinantes de
el establecimiento de condiciones para acceder superior jerarquía, dirigida a armonizar, ha deri­
a índices de edificabilidad o usos o la adopción vado en imposiciones del nivel nacional no del
de obligaciones urbanísticas. todo sustentadas jurídicamente ni necesariamente
La solución jurídica para la tensión de la adecuadas desde el punto de vista técnico, que
que se ha hablado construida por la legislación han producido una creciente incertidumbre
colombiana fue la de establecer determinantes relacionada con la vigencia de las normas de usos
de superior jerarquía para los planes de ordena­ del suelo y con la primacía de las mismas.
miento territorial, que son el instrumento básico El siguiente cuadro resume algunas de esas
que recoge las decisiones de ordenamiento terri­ disposiciones:

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María Mercedes Maldonado Copello

algunaS dE laS norMaS QuE rEgulan la intErvEnCiÓn dEl goBiErno naCional En El ordEnaMiEnto
tErritorial MuniCiPal ­ María Mercedes Maldonado, Profetudios urbano

norma objeto relaciones nación­Municipio – armonía Comentarios


entre niveles de gobierno o interferencia
en la autonomía municipal

decreto 1729 Reglamenta la orde­ Artículo 17. Jerarquía normativa. Las Respeta la estructura de la ley 388 donde los
de 2002 nación de las cuen­ normas sobre manejo y aprovechamiento aspectos de ordenamiento con expresión e
cas hidrográficas de los recursos naturales renovables interés supramunicipal se regulan a través
previstos en un plan de ordenación de una de determinantes de superior jerarquía de los
cuenca, priman sobre las disposiciones planes que deben ser previos e idealmente tener
generales dispuestas en otro ordenamiento un carácter de planeación
administrativo, en las reglamentaciones
Se discute si los POMCA son derogatorios de
de corrientes, o establecidas en los
los POT
permisos, concesiones, licencias y demás
autorizaciones ambientales otorgadas
antes de entrar en vigencia el respectivo
plan de ordenación y manejo.

De acuerdo con lo previsto en el artículo


10 de la ley 388 de 1997, el plan de
ordenación y manejo de una cuenca
hidrográfica constituye norma de superior
jerarquía y determinante de los planes de
ordenamiento territorial.

decreto 2201 Establece la ejecu­ artículo 2º. Los planes de ordenamiento Obras nacionales pasan por encima de los POT
de 2003 ción de proyectos, territorial de los municipios y distritos en o desconocen las decisiones de los gobiernos
obras o actividades ningún caso serán oponibles a la ejecución municipales
de utilidad públi­ de proyectos, obras o actividades a los que
Altera la autonomía municipal consagrada y
ca e interés social se refiere el decreto.
protegida por la Constitución
cuya ejecución

decreto 2060 Establece normas Establece unas normas mínimas, pero Es contradictorio: Establece normas mínimas,
de 2004 mínimas para vi­ luego... supuestamente para defender las condiciones
vienda de interés de habitabilidad y, al mismo tiempo, da
Parágrafo 1º. Art. 1º. En cualquier caso,
social urbana lugar a interpretar que impide la posibilidad
las normas urbanísticas municipales y
de aumentar los mínimos de conformidad
distritales sobre índices de ocupación
con las condiciones de cada municipio.
y construcción, entre otros, no podrán
Tiende a favorecer los intereses del máximo
afectar el potencial máximo de
aprovechamiento del suelo sobre el derecho
aprovechamiento del área útil derivada
social a una vivienda digna
de aplicar el área mínima de lote y el
porcentaje mínimo de cesión urbanística Hay concepto del Ministerio que indica que
gratuita de que trata este artículo. no deroga los POT y que se pueden adoptar
otras normas, siempre y cuando se respeten los
Artículo 2º. Las normas contenidas en
mínimos, se puede consultar en http://www.
el presente decreto son de obligatorio
territorioysuelo.org/experiencias
cumplimiento por parte de quienes
se encarguen del estudio, trámite y
expedición de licencias de urbanismo y
construcción de los municipios, distritos
y del departamento Archipiélago de San
Andrés, Providencia y Santa Catalina.

decreto 097 Reglamenta la ex­ Establece condiciones y prohibiciones Refleja adecuadamente las relaciones entre
2006 pedición de licen­ para la expedición de licencias de parce­ niveles de gobierno propias de la combinación
cias urbanísticas en lación, urbanización y construcción en unidad y autonomía
suelo rural suelo rural, exigiendo el cumplimiento
Adopta normas generales pero respeta el papel
estricto de las normas de los POT o la
de los POT
incorporación previa en dichos planes
de las áreas destinadas a parcelaciones
rurales y sus reglamentaciones, a las que
sujeta a los determinantes de superior
jerarquía

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Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997

decreto 3600 Establece determi­ Es confuso y con problemas de estructura, Sobrepasa el marco constitucional y legal al
de 2007, nantes de ordena­ particularmente porque fue prontamente establecer determinantes de superior jerarquía
adicionado miento del suelo modificado por otro decreto. En algunos vía decreto y al establecer competencias
por el decreto rural y al desarro­ casos establece normas de carácter (ejemplo “Corresponderá a las Corporaciones
4066 de 2008 llo de actuaciones general, en otros interfiere en el ámbito Autónomas Regionales o de Desarrollo
urbanísticas de par­ de la autonomía municipal o restringe Sostenible definir la extensión máxima de
celación y edifica­ el marco de actuación definido para las los corredores viales suburbanos respecto del
ción en este tipo de autoridades municipales por la ley. perímetro urbano. Bajo ninguna circunstancia
suelo y se adoptan podrán los municipios ampliar la extensión de
Interfiere también en la autonomía de las
otras disposiciones los corredores viales que determine la autoridad
CAR
ambiental competente.
Particularmente en la Sabana de Bogotá:
Interfiere en la autonomía municipal de
Artículo 18. Areas de actividad industrial
regulación de los usos del suelo
en la Sabana de Bogotá. Modificado por el
art. 7, Decreto Nacional 4066 de 2008. En
desarrollo de lo dispuesto en el artículo 61
de la Ley 99 de 1993, a partir de la entrada
en vigencia del Decreto 3600 de 2007, no
se podrán otorgar licencias de parcelación
y/o construcción para el desarrollo de
usos industriales en las áreas de actividad
industrial, zonas múltiples con actividad
industrial u otras destinadas a fines
similares, independientemente de la
denominación que adopten en los suelos
rurales no suburbanos de los municipios
de la Sabana de Bogotá. Tampoco se podrá
ampliar la extensión actual de dichas áreas
ni crear otras nuevas.

decreto 4065 Adopta reglamen­ Establece los casos en que se deben y no Interfiere en la autonomía municipal contra­
de 2008 taciones sobre pla­ se deben adoptar planes parciales para las riando la Constitución y la ley 388: – Intenta
nes parciales de actuaciones de urbanización en predios derogar la disposición del artículo 19 ley 388
desarrollo y otras urbanizables no urbanizados. Elimina el que establece que el plan parcial aplica para
con­diciones para plan parcial para varios eventos en suelo áreas determinadas del suelo urbano según lo
la incorporación urbano definan las normas urbanísticas generales de
de suelos para usos los POT.
urbanos
Pretende, inconveniente e injustificadamente,
derogar los POT.

Crea desorden e inseguridad jurídica al establecer


la vigencia simultánea y contradictoria de
normas válidamente expedidas y vigentes: las
de los POT y las del mismo decreto

artículo 79, Establece los ma­ Autoriza al Gobierno nacional para definir, La norma es ambigua: establece determinantes
ley 1151 de croproyectos de in­ formular, adoptar, ejecutar y financiar de superior jerarquía, bajo la estructura de la ley
2007, por terés social nacio­ los Macroproyectos de interés social na­ 388 y contempla la concertación de las normas
la cual se nal cional, y señalar las condiciones para su con los municipios y simultáneamente señala
expide el Plan participación y desarrollo, con el fin de que las normas que adoptan los macroproyectos,
Nacional de promover la disponibilidad del suelo para a cargo de autoridades administrativas nacio­
Desarrollo la ejecución de programas, proyectos u nales, se entienden incorporadas a los POT.
2006­2010 obras de utilidad pública o interés social. Conclusión: no son determinantes sino deroga­
torias de los POT.
(...) Los Macroproyectos de interés social
nacional constituyen determinantes de Establece que las licencias y los planes parciales
ordenamiento de superior jerarquía para se sujetarán a las normas nacionales, pasando
los municipios y distritos en los términos por encima de las normas municipales y
del artículo 10 de la ley 388 de 1997 y se afectando la autonomía municipal
entienden incorporados en sus planes de
ordenamiento territorial. La reglamentación es mucho más problemática

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María Mercedes Maldonado Copello

Para el efecto, las acciones urbanísticas de


los municipios y distritos que se adopten
en las áreas que hagan parte de Macro­
proyectos de interés social nacional, serán
concertadas con el Gobierno Nacional. En
todo caso, las licencias y/o planes parciales
para el desarrollo de los Macroproyectos
de interés social nacional se otorgarán con
sujeción a las normas adoptadas en estos
últimos.

decreto 4260 Reglamenta los ma­ Artículo 12. Adopción de los Macro­ El Alcalde no es considerado como el repre­
de 2007 croproyectos de in­ proyectos. El Ministerio adopta el macro­ sentante de una comunidad política sino como
terés social nacio­ proyecto y envía copia del acto admi­ el gerente de cualquier entidad. Se prevé un
nal nistrativo que lo adopte a los munici­ formalismo de concertación de las normas de
pios, distritos y autoridades ambientales los macroproyectos que, en todo caso, decide en
respectivas. última instancia el Ministro de Ambiente.

Se permite incluso modificar, por parte de una


(...) Paragrafo 1º. Las áreas incluidas en un
autoridad administrativa ajena al municipio, la
Macroproyecto, que no se encuentren en
clasificación del suelo, norma estructural y de
suelo urbano se considerarán incorporadas
largo plazo del POT
a esta clase de suelo cuando se acredite la
calidad de áreas urbanizadas Deja en manos del Ministro la posibilidad de
suprimir los planes parciales y el estableci­
Paragrafo 3º. Los Macroproyectos de
miento, incluso por iniciativa de particulares,
interés nacional únicamente requerirán
de normas transporte urbano, localización de
la adopción de planes parciales para su
infraestructuras, trazado y diseño de espacio
ejecución cuando así lo determine el acto
público y equipamientos, usos y su intensidad
administrativo que lo adopte y la entidad
y estructuración financiera.
ejecutora tendrá la iniciativa para su
formulación.
Los impactos sociales de atender la nueva
Ejecución de los Macroproyectos Artículo población queda, por el contrario, a cargo de
13. Las licencias urbanísticas para el los gobiernos municipales, que no participan
macroproyecto se otorgarán con sujeción necesariamente en su determinación.
a las normas urbanísticas adoptadas en
este y serán de obligatorio cumplimiento
por parte de quien tenga la competencia
para expedir las licencias urbanísticas.
El Ministerio de Ambiente, Vivienda y
Desarrollo Territorial por solicitud de
la autoridad competente para expedir
licencias urbanísticas, se pronunciará
sobre las contradicciones y vacíos que
se presenten en la interpretación de las
normas contenidas en los decretos de
adopción de los Macroproyectos.

Artículo 11. Aviso a los municipios y dis­


tritos. Formulado el Macroproyecto, el
Ministerio de Ambiente, Vivienda y Desa­
rrollo Territorial dará aviso mediante
comunicación escrita a los represen­
tantes legales de los municipios y/o
distritos en cuya jurisdicción se ejecutará
el Macroproyecto, con el propósito de
que las acciones urbanísticas que preten­
dan desarrollar estas entidades territo­
riales en las áreas que hagan parte del
Macroproyecto sean concertadas con
el Ministerio de Ambiente, Vivienda y
Desarrollo Territorial.

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Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997

Los alcaldes contarán con un término


máximo de treinta (30) días hábiles,
contados a partir de la fecha de recibo
del aviso para que presenten propuestas
u observaciones. Si dentro del plazo
establecido, el Ministerio no hubiere reci­
bido propuestas u observaciones, podrá
adoptar el Macroproyecto. Las observa­
ciones que presenten los municipios y
distritos deberán resolverse en el acto
administrativo de adopción.

artículo 78 Establece la deter­ Parágrafo. Los porcentajes mínimos de Establece una modalidad distinta de interfe­
de la ley 1151 minación de por­ que trata este artículo, aun cuando no rencia en la autonomía municipal: no deroga
de 2007 por centajes mínimos se hayan incorporado en los planes de el POT a través de la cláusula “se entiende
la cual se de suelo para ser ordenamiento o en los instrumentos que incorporado” sino que establece una norma de
expide el Plan destinados a VIS o los desarrollen o complementen, son de regulación de los usos del suelo de aplicación
Nacional de VIP en suelo urba­ obligatorio cumplimiento y se aplicarán a directa por fuera de los POT u otras normas
Desarrollo no y de expansión las nuevas solicitudes de planes parciales municipales
2006­2010 urbana o en las o de licencias de urbanización radicadas
A pesar de los objetivos razonables de la norma,
normas urbanísti­ en legal y debida forma a partir de la
deja sin contenido la competencia municipal de
cas que reglamente reglamentación por parte del Gobierno
regulación de los usos del suelo
la urbanización de Nacional.
suelos urbanos sin
plan parcial,

decreto 4269 Reglamenta los por­ Además del cuestionamiento a una regla­ Excede, por vía de la restricción al alcance de la
de 2007 centajes obligato­ mentación muy detallada y poco efectiva norma, la potestad reglamentaria. Es contrario
rios que se deben en términos de efectividad del derecho a al artículo 92 de la ley 388 que establece que
destinar a Vivienda la vivienda digna (mayores porcentajes de también los planes de parciales de renovación
de interés Social y VIS que de VIP) contempla en el artículo urbana tendrán que establecer porcentajes de
a Vivienda de Inte­ 4º. como excepciones al cumplimiento suelo destinados al desarrollo de programas
rés Prioritaria de los porcentajes mínimos de suelo que de vivienda de interés social, sin perjuicio de
se destinarán al desarrollo de programas que este tipo de programas se localicen en otras
de vivienda de interés social o de interés zonas de la ciudad, de acuerdo con las normas
prioritario, (...) los suelos cobijados por generales sobre usos del suelo. La ley nacional
un tratamiento distinto al tratamiento del plan tampoco establece la restricción que
urbanístico de desarrollo. adopta el decreto.

El punto culmen de esta creciente inter­ pasando por encima de la clasificación del suelo
ferencia del nivel nacional en los procesos muni­ y las normas sobre usos establecidas por las
cipales de reglamentación de los procesos terri­ reglamentaciones municipales. Esta norma fue
toriales estuvo dado por la inclusión en la ley declarada inconstitucional a comienzos de 2010.
del plan nacional de desarrollo2 del segundo Ante la invocación del principio de auto­
gobierno del presidente Alvaro Uribe de los ma­ nomía municipal contenido en la demanda, el
croproyectos de interés social nacional. Ante la apoderado del Ministerio estructuró la defensa
discusión movilizada por algunas autoridades de la norma en torno a dos herramientas con­
municipales y otros actores interesados respecto ceptuales, el principio de garantía institucional
a que decretos del presidente no podían derogar que consiste en “... la consagración de ciertas
o establecer límites a los planes de ordenamiento prohibiciones al legislador para que no se puedan
territorial, se incluye en una ley esta figura, que suprimir determinadas instituciones o compe­
hacía parte esencial de la política de vivienda tencias definidas constitucionalmente”, como
nacional y que consistía en operaciones de gran es el caso de la autonomía territorial, que de
escala que el Ministerio podía emprender en todas maneras no tiene un carácter absoluto y
cualquier municipio o región del país y localizar puede ser limitado por el legislador dentro de la
en cualquier sector del territorio municipal, estructura de estado unitario. La otra herramienta

2
Los planes de desarrollo económico y social y de programación de inversiones recogen el programa de gobierno presentado por el candidato
elegido, en un esquema de voto programático.

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María Mercedes Maldonado Copello

de análisis constitucional utilizado fue el prin­ El gobierno nacional ha explorado diversas


cipio de proporcionalidad que “... consiste en alternativas para revivir los macroproyectos, e
un análisis medio­fin en el que se calibra si la incluso algunos de sus funcionarios han llegado
decisión de restringir ciertas competencias a una a plantear la necesidad de una reforma constitucio­
entidad es justificada por la búsqueda de un fin nal para insistir en un mecanismo problemático
constitucional legítimo que, en el caso de los para aumentar la producción de vivienda de
macroproyectos, está dado por la garantía del de­ interés social: la ejecución de grandes proyectos
recho a la vivienda digna”.3 Para que se justifique de vivienda en zonas periféricas, monofuncio­
la intervención del Gobierno Nacional en com­ nales y sin mayor sentido de ciudad, como ya se
petencias de las entidades territoriales, tiene que ejecutan en otras ciudades latinoamericanas, en
existir una correlación entre el medio utilizado el marco de una política de vivienda que privi­
y el fin constitucionalmente legítimo que se está legia los objetivos de promoción económica del
buscando. Para esto la Corte Constitucional aplica sector de la construcción sobre los de política
un “test de razonabilidad” basado en tres crite­ social. En el momento de escribir este artículo,
rios: a idoneidad, la necesidad y la proporciona­ días antes del cambio de gobierno nacional queda
lidad en sentido estricto del medio utilizado. abierta la incertidumbre sobre sus actuaciones
(Montealegre, 2010). futuras en materia de ordenamiento del territorio
La Corte Constitucional fundamentó la y de relación con la autonomía municipal.
declaratoria de inconstitucional en los siguien­ Entre tanto, lo que tendría que ser resuelto
tes argumentos: la consideración de los macro­ a través de mecanismos de coordinación y de com­
proyectos “se entienden incorporados en los POT” plementariedad, se ha venido abordando mediante
y que, por tanto, llegarían incluso a derogar los una estrategia de imposición del nivel nacional
planes municipales, constituye un vaciamiento sobre el municipal. La tensión está lejos de ser
o eliminación de la competencia de los concejos superada, tiene un camino largo por recorrer y
municipales para regular los usos del suelo. Para no es un asunto banal, habida cuenta de la
la Corte no es admisible que el legislador adopte concreción que ha venido tomando la categoría
de manera automática una modificación en los de la función pública del ordenamiento territo­
POT sin que intervengan los concejos distritales rial 13, donde más allá de la clásica visión de las
y municipales, titulares de la competencia men­ prerrogativas del poder público, estamos ante un
cionada. Según el tribunal una decisión de esta deber de las autoridades municipales de ejercer
naturaleza no sólo afecta un principio esencial dicha función, a través de una serie de acciones
de la organización política territorial del país, urbanísticas establecidas en la Ley, con el fin de
la autonomía de las entidades territoriales y garantizar derechos colectivos y sociales (como
su derecho a ejercer las competencias que la el del medio ambiente sano, el espacio público,
Constitución les asigna, sino que desconoce, la participación en las plusvalías derivadas de
por no decir que elimina, el ejercicio coordinado la acción urbanística del Estado, la producción
y armónico de competencias entre niveles de de suelo urbanizado de manera ordenada o la
gobierno. Consideró además que la reglamenta­ vivienda digna). Cuando la tensión entre autori­
ción de los macroproyectos desconocía el carác­ dades de distintos niveles de gobierno es por el
ter participativo del estado colombiano, ya que cumplimiento de obligaciones o acciones positivas
en la formulación de los POT interviene la admi­ ante la ciudadanía, la discusión adquiere una
nistración y los concejos municipales y otras nueva dimensión.
instancias ciudadanas. Finalmente la Corte argu­
mentó que al establecer la posibilidad de que 3 Función social de la propiedad y derecho a la
actuaciones del gobierno nacional derogaran vivienda digna: una relación con resultados
decisiones municipales válidamente adoptadas limitados
se creaba una grave inseguridad jurídica por la La función social de la propiedad es pieza
vigencia simultánea de normas provenientes de importante del discurso constitucional latino­
los dos niveles de gobierno. americano, con fuerza especial en el periodo

3
No obstante, las disposiciones legales sobre los macroproyectos no establecían que tuvieran como finalidad exclusiva la construcción de vivienda
de interés social, de manera que quedaba abierta la posibilidad de que el nivel nacional ejecutara cualquier tipo de proyecto.

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Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997

reciente en el espacio de las discusiones sobre del dominio para los terrenos establecidos en
temas urbanos. Tiene mayor peso en las reivin­ los planes como de desarrollo prioritario que
dicaciones ciudadanas y en movilizaciones de no fueran desarrollados por sus propietarios en
ciertos actores que en la reflexión jurídica y para plazos que van entre uno y tres años. Este instru­
muchos juristas no supera su carácter retórico o mento fue sustituido en la ley 388 de 1997 por
se trata de un “objeto extraño” con dificultades la venta forzosa en pública subasta, en la cual se
para ser insertado en la estructura conceptual toma como precio base el precio del terreno antes
del sistema jurídico considerado como un todo, y, de ser declarado como de desarrollo prioritario.
sobre todo, para dotarla de condiciones operati­ A partir de allí la categoría de la función
vas. Aunque todas esas condiciones hacen nece­ social de la propiedad ha tenido una evolución
sario un análisis a fondo sobre las posibilida­ interesante, con los aportes de la jurisprudencia
des, ciertamente también sobre los límites, de esta constitucional y con la discusión ambiental, y se
categoría (¿o figura?), que evidentemente no será convierte en el conjunto de obligaciones o res­
abordado en este artículo a continuación se reco­ ponsabilidades que se pueden imponer a la pro­
gen algunos de los desarrollos de la jurispruden­ piedad (o al propietario) del suelo. De hecho la
cia constitucional que le han dado un sentido fórmula constitucional colombiana indica que
bastante consistente así como algunos ejemplos la propiedad es una función social que implica
de concreción en la legislación colombiana. obligaciones.
La representación más usual de la función Se destacan dos aportes de la jurispruden­
social de la propiedad4 tiene que ver con la ne­ cia constitucional en este tema: en primer lugar
cesidad de que la tierra (que es lo relevante para define que la función social es un elemento cons­
los temas urbanos) esté al servicio de los intere­ titutivo o esencial del derecho de propiedad y
ses sociales, de acuerdo con las tesis solidaristas no externo y que dicha función compromete a
de León Duguit, enunciado que se concreta, en los propietarios con el deber de solidaridad plas­
la mayoría de los casos en el objetivo de que la mado en la Constitución y permite conciliar los
tierra se movilice en el mercado, no sea retenida, derechos del propietario con las necesidades
sino desarrollada, explotada y en un enfoque de colectivas, debidamente fundamentadas. De este
corte más social se enfrente la concentración de principio se desprende el segundo, que define que
la tierra, particularmente a nivel rural. lo que es garantizado por el ordenamiento jurídico
De allí se derivan instrumentos conocidos es el núcleo esencial de la propiedad, entendido
como aquellos que establecen tamaños máximos como el nivel mínimo de goce y disposición de
de los terrenos que pueden ser poseídos por un un bien que permita a su titular obtener utili­
solo propietario o la obligación de que la tierra dad económica en términos de valor de uso y
rural sea cultivada a riesgo de pérdida del domi­ valor de cambio que justifiquen la presencia de
nio y que en el ámbito urbano se traduce en un interés privado. El primer punto aparta el
mecanismos comunes en América Latina como tema de las limitaciones a la propiedad — o al
tarifas más altas en los impuestos prediales (o derecho de propiedad — de la matriz propia del
territoriales) a los terrenos retenidos o retirados derecho administrativo, en la cual la acción de
del desarrollo urbano a la espera de mejores usos la administración se traduce en límites externos
y, por tanto, mejores precios. a la propiedad y se resuelve en la exigencia de
Las legislaciones agrarias adoptadas en ciertos requisitos o procedimientos como las
Colombia desde la década de 1930 se inscriben licencias o permisos, los estudios de impacto,
en esta preocupación, que se traslada a nivel figuras clásicas de la lógica administrativista. En
urbano, durante la discusión de la ley de reforma cambio, la categoría constitucional que se está
urbana (9ª de 1989) y se concreta en dos instru­ trabajando sirve de base a mecanismos dirigidos
mentos: el que se acaba de mencionar de las tari­ a configurar, dibujar el contenido del derecho
fas más altas del impuesto predial y la extinción de propiedad en un juego de combinación de

4
¿El bien objeto del dominio, o la relación entre el titular y ese bien?, como este, hay muchos interrogantes por resolver en el proceso de
interpretación de la función social.

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derechos y obligaciones en el que se movilizan de áreas críticas para la prevención de


intereses colectivos para definir hasta dónde y de desastres,
qué forma se concretan las posibilidades del pro­ 3) el establecimiento de cargas o respon­
pietario en un ámbito propio de lo colectivo como sabilidades a cargo de los propietarios
son los usos y sus intensidades, particularmente de suelo, como condición previa a la
en el ámbito urbano. En el lenguaje de la Corte asignación de los derechos o aprovecha­
constitucional, el usus queda subordinado a la mientos urbanísticos,
“concreta determinación, general y específica de 4) la actuación o gestión asociada del suelo
las instancias públicas de planeamiento y desa­ urbanizable o de renovación, mediante
rrollo urbano”. También ha señalado la Corte que unidades de actuación urbanística que se
“...la configuración legal de la propiedad, como ejecutan a través de reajustes de tierras,
traducción de la función social, puede apuntar integración inmobiliaria o cooperación
indistintamente a la supresión de ciertas facul­ entre partícipes,
tades, a su ejercicio condicionado o, en ciertos 5) la participación de la colectividad en
casos, al obligado ejercicio de alguna de ellas.”5 las plusvalías derivadas de la acción
El segundo aspecto, el del núcleo esencial urbanística del Estado, y
de la propiedad, ligado a la propiedad útil, tam­ 6) la previsión constitucional, de que
bién establece que las posibilidades de urbanizar para la indemnización, en los casos de
y edificar se insertan en una lógica distinta a la expropiación, se tendrán en cuenta los
del derecho individual de propiedad (que, como intereses del afectado y de la colecti­
derecho real conserva los atributos propios del vidad, y la previsión legal, que estable­
derecho civil, como son el de usar, disfrutar o ce que la indemnización corresponde
disponer libremente) en tanto hacen parte de acti­ al precio comercial del terreno, pero
vidades técnicas y económicas en la que partici­ teniendo en cuenta la reglamentación
pan un número complejo de actores y en la que urbanística vigente en el momento de la
entran en juego, antes que todo, actividades e oferta de compra, es decir, sin incorpo­
intereses colectivos. rar expectativas, así como la destinación
Este marco constitucional se traduce a económica del terreno y la factibilidad
nivel legal en categorías que concretan el régi­ de prestación de servicios públicos domi­
men urbanístico del derecho de propiedad y en ciliarios, vialidad y transporte, además
obligaciones y responsabilidades que pueden ser dispone, que a dicho valor comercial se
impuestas a los propietarios de tierra por las auto­ le descontará el monto correspondiente
ridades municipales, en ejercicio de la función a la plusvalía o mayor valor generado
pública del urbanismo y a través de los documentos por el anuncio del proyecto u obra que
de planeamiento, el plan de ordenamiento terri­ constituye el motivo de utilidad públi­
torial y el plan parcial. Una y otras concurren a ca para la adquisición, salvo el caso en
configurar o definir el contenido del derecho de que el propietario hubiere pagado la
propiedad. participación en plusvalía o la contri­
Las primeras son: bución de valorización, según sea del
1) la clasificación del suelo, en rural y sub­ caso.6
urbano, de expansión urbana y urbano y Las obligaciones o responsabilidades urba­
de protección, de manera que a cada uno nísticas que pueden ser impuestas a los propie­
le corresponde un régimen diferenciado tarios de suelo, según lo concrete cada plan de
de obligaciones y derechos ordenamiento territorial, y, por tanto, cada comu­
2) la calificación de suelo (asignación del nidad política local, son:
uso) para vivienda de interés social (VIS) 1. Las cesiones urbanísticas con destino a
y de vivienda de interés prioritario (VIP) vías locales e intermedias de cualquier

5
Sentencia C-006 de 1993 de la Corte Constitucional.
6
Se puede revisar este tema con mayor detalle en Maldonado et al. (2006).

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Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997

tipo, a equipamientos colectivos o comu­ • Adquisición pública de suelo a través


nitarios, áreas verdes y recreativas y espa­ de enajenación voluntaria, expropiación
cio público en general, que se definan en judicial o por vía administrativa y aportes
las reglamentaciones municipales. o cesiones urbanísticas obligatorias
2. Las cesiones o aportes de suelo y la • Bancos de tierra que pueden ejercer el
ejecución de obras públicas correspon­ derecho de preferencia
dientes a redes matrices, secundarias y • Planes parciales para el suelo de expan­
domiciliarias de servicios públicos do­ sión y para el suelo urbano según lo
miciliarios (particularmente acueducto definan los planes de ordenamiento
y alcantarillado) y de vías principales. territorial, que establecer unidades de
3. Las cargas correspondientes al costo actuación urbanística, base de la gestión
de infraestructura vial principal y redes asociada y que se ejecutan a través de
matrices de servicios públicos que se reajustes de terrenos o integraciones
podrán financiar por medio de tarifas inmobiliarias
de servicios públicos, contribución de • La contribución de valorización o de
valorización, participación en plusvalías mejoras y la participación en plusvalía
y en caso de que no esté previsto nin­ (tributo que permite convertir en ingre­
guno de estos sistemas tributarios, me­ so fiscal entre el 30 y el 50% de los in­
diante la financiación por parte de crementos en los precios del suelo pro­
los propietarios de suelo a través de la ducidos por los cambios de normas de uso
técnica de distribución equitativa de y edificabilidad), que puede también ser
cargas y beneficios, concretados en los convertida en derechos de construcción
planes parciales. • La transferencia de derechos de cons­
4. La gestión o actuación asociada a través trucción y la compensación entre pro­
de unidades de actuación urbanística, pietarios de terrenos afectados por deci­
cuando así lo disponga el respectivo siones de urbanismo o autorizados para
plan de ordenamiento territorial. Por tal alcanzar mayores aprovechamientos de
se entiende la vinculación en condicio­ suelo
nes de equidad de un conjunto de propie­ • Las normas que controlan la determi­
tarios involucrados en una determinada nación de los precios del suelo a través
situación o proyecto urbanístico, al cum­ de avalúos
plimiento de obligaciones como las ya • La declaratoria de desarrollo prioritario
señaladas, las cuales son atendidas con sujeta a venta forzosa en pública subasta,
los incrementos en los precios del suelo mecanismo para hacer efectivo la califi­
producidos por el respectivo proyecto o cación obligatoria de suelo para vivienda
proceso urbano. de interés social
5. La destinación de un porcentaje del Este marco constitucional y legal aparece
suelo útil de cada proyecto de desarro­ como muy potente para redefinir las condicio­
llo urbano a la producción de vivienda nes de ejercicio del derecho de propiedad urbana
de interés social y, y para conciliar los intereses particulares del pro­
6. La conservación ambiental o arquitec­ pietario con los de la colectividad. A continua­
tónica, que en ciertos casos, cuando se ción se analiza cómo es su aplicación en relación
altera el principio de distribución equi­ con el acceso al suelo urbanizado para vivienda
tativa de cargas y beneficios, da lugar a de interés social por parte de las familias de más
compensación. bajos ingresos. El problema del acceso a la vi­
Finalmente condiciones de ejercicio del vienda está en el centro de los procesos de
derecho de propiedad y responsabilidades im­ producción de las legislaciones urbanísticas, en
puestas a los propietarios de tierra se concretan tanto ha sido, desde sus orígenes como disciplina
en instrumentos, que en la ley colombiana son y espacio de reflexión, un componente funda­
los siguientes: mental del urbanismo, marcado por la imbricación

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de las preocupaciones entre planeación de la evidenciar las directas relaciones entresuelo y


ciudad y reforma social.7 vivienda, difícilmente mejorarían el acceso a la
De otra parte, como es conocido, uno de vivienda y empezaron a explorar la aplicación
los principales problemas que enfrentan los de los instrumentos contemplados en la legisla­
llamados derechos sociales, como el derecho a la ción y finalmente el nivel nacional llegó tarde y
vivienda, tiene que ver con las condiciones de su con la pretensión de pasar por encima de los
efectividad, que está condicionado a la existen­ procesos y mecanismos municipales de ordena­
cia de los recursos estatales necesarios para miento territorial a través de los macroproyectos
asegurar su provisión en condiciones de progre­ de interés social nacional a los cuales ya se hizo
sividad. En el terreno del derecho a la vivienda referencia y que están directamente vinculados
es muy interesante que las políticas de suelo a las estrategias de promoción económica del
pueden convertirse en un factor de efectividad sector de la construcción.
de ese derecho si lograran romper con las lógicas Los alcances de la aplicación de los instru­
de valorización de suelo de propiedad privada mentos son muy limitados y están incididos no
y de segregación que dominan la práctica de la solo por el enfoque de la política de vivienda
planificación. En el primer caso para que una sino por una gran timidez para incidir sobre los
reducción de los precios del suelo haga más precios del suelo, de manera que finalmente no se
accesible el suelo, factor esencial de la vivienda, logra superar la exclusión en tanto no se llega a los
tanto en su dimensión individual como colectivo, hogares con mayores necesidades, que fácilmente
y en el segundo para lograr mejores condiciones representan el 30% de la población si no más.
de integración social en el espacio o el territorio. Esta hipótesis de la persistencia de la exclu­
Estas posibilidades están marcadas en sión, a pesar de los avances en la producción
Colombia por la superposición de objetivos y normativa, en la comprensión e interpretación
discursos en torno a las políticas de vivienda constitucional de la función social y en la exten­
de interés social. El proceso de aprobación de sión creciente del tema al menos en el discurso,
la primera ley en materia urbanística, conocida será analizada en relación con dos instrumentos:
como la ley de reforma urbana tomó más de los porcentajes obligatorios para vivienda de
cuatro décadas debido a las resistencias de los interés social y las operaciones urbanas basadas
propietarios de suelo y también de ciertos inte­ en la gestión asociada y la técnica de distribución
reses de los constructores a aceptar una legisla­ equitativa de cargas y beneficios.
ción que redefiniera el derecho de propiedad. Y
en ese proceso el problema de la vivienda social 3.1 los porcentajes obligatorios de vivienda de
tuvo un lugar protagónico. Cuando finalmente interés social
está legislación es expedida y reforzada luego Para enfrentar los problemas que se acaban
por las disposiciones de la Constitución de 1991, de señalar, relacionados con los altos precios del
en el país se adopta un enfoque de las políticas suelo o el control no solo a través de mecanismos
de vivienda basado en el estimulo a la producción de mercado sino por medio de la planificación de
privada a partir de ciertas exenciones en impues­ ciertas y grandes zonas de las ciudades para los
tos y en el instrumento de los subsidios directos usos más rentables y los habitantes con capacidad
a la demanda, y más recientemente el subsidio de pago la legislación colombiana contempla un
al crédito. instrumento con dos variantes, dirigido a atacar
En un primer periodo la creencia en que la práctica de reservar terrenos para esos usos, lo
los agentes privados tendrían la capacidad para que se relaciona directamente con la retención
resolver los distintos componentes de la vivienda especulativa de los terrenos: la posibilidad — se
y llegar a los más pobres, dejó a un lado el tema podría afirmar que obligación — para los gobier­
de la regulación del mercado del suelo. Luego nos municipales de asignar el uso de vivienda de
algunos gobiernos municipales empezaron a com­ interés social dentro del conjunto de usos de la
prender que sin actuar sobre este mercado y ciudad, incluir este uso dentro de la zonificación.

7
En su doble expresión de espacio de disciplina y control pero también de reivindicaciones y luchas sociales.

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Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997

Esta calificación de suelo para vivienda por el sistema basado en mecanismos de mercado
de interés social se puede hacer en el plan de que opera desde 1991. Esta decisión evidencia
ordenamiento territorial o en el plan de desarro­ la resistencia, de actores públicos y privados a
llo económico y social que formula cada alcalde producir una reducción de los precios del suelo
para determinar las políticas, acciones e inver­ que resuelva el problema de la accesibilidad de
siones que desarrollará e implementará durante los más pobres.
su periodo de gobierno, conjuntamente con la La reglamentación nacional no hace obli­
designación de las obras de urbanización que gatorios los porcentajes para los procesos de
realizará. La segunda alternativa es la determi­ renovación urbana, de manera que sigue traba­
nación de porcentajes de suelo destinados a jando con el supuesto de que para hacer viables
vivienda de interés social en todo procedimiento los proyectos de vivienda de más bajo precio
de incorporación de suelo para usos urbanos o es preciso recurrir a la expansión urbana, por
de redesarrollo o renovación, porcentajes esta­ lo general en zonas periféricas. Por último, se
blecidos de acuerdo con las necesidades de este permite el traslado del porcentaje obligatorio a
tipo de vivienda en el municipio. En el primer otras zonas de la ciudad, con el fin de mantener
caso es obligatorio y de aplicación directa, por la valorización de las zonas donde se asientan
disposiciones nacionales y en el segundo depende o se van a asentar los usos rentables. Por consi­
de que esta condición sea incluida en el respec­ guiente, en el mejor de los casos el mecanismo se
tivo plan de ordenamiento territorial. convierte en una fuente de financiación porque
La alternativa de los porcentajes aplicables el propietario debe trasladar la construcción de
a cualquier proyecto de urbanización o redesarro­ VIP o VIS a otras zonas o aportar la diferencia de
llo es interesante en tanto responde al principio avalúos catastrales entre unas y otras, pero no se
de distribución equitativa de cargas y beneficios lo asume como una herramienta para lograr una
y aplica de manera igual para cualquier terreno mayor integración social.
y puede lograr impactos sobre el mercado de Los propietarios y constructores han desa­
suelo de la ciudad como un todo. rrollado diversas estrategias para demostrar el
La concreción de esta herramienta, tanto cumplimiento de esta obligación urbanística y
en las normas nacionales como las de ciudades para minimizar sus costos y los funcionarios
como Bogotá, que es la que más ha avanzado en públicos han acompañado sus preocupaciones
la aplicación de la ley 388 de 1997, muestra la en términos de los problemas que en términos
imposibilidad de apoyar el acceso a la vivienda de desvalorización del suelo y los proyectos urba­
de los más pobres. Para comprender la forma en nísticos rentables pueda producir la proximidad
qué opera este supuesto hay que tener en cuenta de la vivienda de interés social.
que, por ley, hay una definición de la vivienda La experiencia más ilustrativa de estas
social que se reduce casi al precio y existen dos resistencias, provenientes de los funcionarios
rangos: la vivienda de interés prioritario (VIP) públicos, se acaba de producir en Bogotá en el
que tiene precio hasta US12.500 y la vivienda Plan Zonal del Norte, una zona tradicionalmente
de interés social (VIS), cuyo precio oscila entre destinada a los grupos sociales de altos ingresos
US12.501 y US34.000.00. y a los usos rentables. Luego de varios años de
Las disposiciones que hacen obligatorio discusiones por parte de organizaciones ciuda­
este mecanismo, que de entrada es un importante danas, concejales y académicos sobre la necesi­
avance en materia de políticas de suelo, establece dad de destinar porcentajes obligatorios cercanos
que por lo menos un 25% se debe destinar a VIS al 50% del suelo, dado que el suelo de expansión
y alternativamente un 15% a VIP y es el propietario en los alrededores cercanos de la ciudad empieza
de suelo el que decide la destinación, De entrada a agotarse la respuesta de los funcionarios direc­
la medida establece menores porcentajes para tivos del gobierno nacional fue que era muy difícil
la vivienda donde se concentran las mayores ne­ afectar precios de expectativa que fluctuaban
cesidades y, sobre todo, que no ha sido atendida entre US60 y US80 por metro cuadrado8 con
8
Se resalta que se trata de precios de expectativa, ya que la legislación colombiana establece con claridad que el suelo de expansión urbana
continuará teniendo usos agrícolas o forestales, hasta tanto no se concrete su incorporación para usos urbanos, a través de planes parciales; y,
que para efectos de gestión del suelo, se tiene en cuenta el precio anterior. El uso más rentable previsto en la zona eran equipamientos como
colegios o clubes, con auto provisión de servicios de acueducto y alcantarillado.

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una decisión de ese tipo que podía fácilmente ha aplicado el conjunto de instrumentos de
reducir el precio a una tercera parte, teniendo gestión del suelo contemplados en la legislación
en cuenta que adicionalmente se contempla colombiana, tales como la realización de avalúos
imponer la obligación de financiación de parte de referencia para controlar los montos de las
de las obras de infraestructura requeridas para indemnizaciones en el caso de que la administración
el desarrollo de la zona. Además de argumentos no lograra acuerdos con los propietarios y hubiera
jurídicos y económicos ligados a los derechos de que recurrir a expropiaciones; formulación de un
los propietarios del suelo alegaron que era muy plan zonal y planes parciales de gran escala, como
importante defender valores de suelo altos para base para una programación de largo plazo de la
efectos de mantener un buen nivel de recaudo del urbanización y construcción y orientación de una
impuesto predial y evitar que los hogares más ricos gran zona de más de 800 hectáreas que aumenta
se localizaran en otros municipios de la región.9 el ámbito del impacto de los instrumentos sobre
En consecuencia la posibilidad de cons­ el conjunto de agentes, formales e informales,
truir VIP quedó apenas como voluntaria, bajo del sector inmobiliario. Además, mecanismos
ciertas condiciones que implican la concesión de elaborados de distribución equitativa de cargas
altas densidades a los promotores inmobiliarios. y beneficios, que hacen transparentes y optimi­
Con esta decisión se mostró la distancia entre zan la distribución de costos de inversión y apro­
la retórica de enunciados como el derecho a la vechamientos urbanísticos y por último el derecho
ciudad o la integración urbana, cuando no la de preferencia como mecanismo complementa­
cohesión social, mientras la lógica de las decisio­ rio a otras formas de adquisición pública.
nes públicas y privadas conserva mecanismos El proyecto fue diseñado durante el segun­
explícitos e implícitos de exclusión. Esta actitud do gobierno de Antanas Mockus (2001­2003) y
se replica en la mayoría de municipios urbanos aún cuando estuvo congelado por decisión del
donde los Alcaldes son los primeros en estimular Alcalde Luis Eduardo Garzón (2004­2007), los
los usos rentables y evitar al máximo la vivienda instrumentos de gestión del suelo formulados
social, bajo el argumento de evitar la caída de desde su inicio empiezan a mostrar efectos muy
los recaudos por impuesto predial y, sobre todo, importantes en términos de reducción de los
tener que asumir inversiones o gastos adiciona­ precios de suelo. Mientras en 2003 se aceptaba el
les en programas sociales de educación, salud pago de indemnizaciones en caso de adquisición
y protección a poblaciones vulnerables, como pública del orden de los US25 por mt2; entre
si fuera posible por decisión normativa variar o 2009 y 2010 se ha expropiado por vía administra­
desconocer la composición social de la población tiva pagando indemnizaciones que oscilan entre
que obedece a otros factores. US5 y US7 por mt2. Teniendo en cuenta que la
operación cubre una extensión de 800 hectáreas,
3.2 grandes operaciones urbanas con aplica­ se trata de un margen amplio de recursos que no
ción integrada de los instrumentos de gestión será apropiado por los propietarios, en procesos
del suelo formales e informales, sino movilizado hacia la
Además de decisiones como la califica­ financiación de la urbanización. Es de esperar
ción del suelo o los porcentajes obligatorios para una batalla judicial adelantada por los propieta­
vivienda social, que desde la reglamentación in­ rios afectados, entre ellos un gran loteador pirata,
ciden sobre las decisiones de los agentes privados, que a través de la discusión en la jurisdicción
el gobierno de Bogotá también ha desarrollado contencioso­administrativa de la expropiación
intervenciones directas como el banco de tierras por vía administrativa, es decir por fuera de los
de Metrovivienda y la Operación urbanística jueces civiles, pondrá en juego el sentido de la
Nuevo Usme. Particularmente esta última es el función social de la propiedad en una institución
proyecto que de manera más completa e integrada tan polémica como la expropiación, cargada de

9
Se puede consultar el detalle de la discusión en las relatorías de los Debates de gobierno urbano, proyecto desarrollado por el Instituto de
Estudios Urbanos de la Universidad Nacional de Colombia con el apoyo del Lincoln Institute of Land Policy, la revista Semana y el programa
Bogotá cómo vamos.

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Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997

tantos matices, por la concurrencia de múltiples hasta el arrendamiento o la posibilidad de com­


intereses. partir la vivienda con otros familiares. El barrio
No obstante, un instrumento cobra sentido popular con su heterogeneidad pasa a ser rem­
solo en relación con los fines que alcanza y los plazado por viviendas uniformes, con la misma
procesos sociales a los que se articula. Uno de morfología, la misma área, el mismo tipo de bene­
los propósitos explícitos de la Operación Usme ficiarios por efecto del esquema financiero.
cuando fue formulada fue la de establecer alter­ Adicionalmente no se han promovido los
nativas eficaces para llegar a la población de ajustes institucionales necesarios para que Metro­
más bajos ingresos que no ha sido atendida por vivienda pase de actuar como un promotor inmo­
la política nacional centrada, como ya se ha biliario para los constructores convencionales
indicado, en los subsidios directos a la demanda. a diseñar programas de autogestión y asistencia
La alternativa concreta propuesta fue la de un técnica para la construcción, participación comu­
significativo porcentaje de lotes con urbanismo y nitaria y financiación ajustada a esta modalidad,
el diseño de programas de autogestión y vivienda cuando no alternativas de propiedad pública
progresiva, con la posibilidad de eventualmente del suelo y de distribución de los derechos de
sustituir o complementar el subsidio en dinero edificar entre varias familias y muchos otros.
para la compra de una vivienda terminada por Sin esos soportes institucionales los porcentajes
subsidio en lotes urbanizados o en los programas reducidos de suelo destinados para los programas
de apoyo a la autogestión. Se planteaba además de vivienda progresiva a partir de los lotes con
como un mecanismo de gestión del suelo, de re­ urbanismo no funcionarán con el riesgo de des­
ducción de sus precios al reconocer las condiciones legitimarlo y abandonarlo sin siquiera intentar
de pobreza y vulnerabilidad de un porcentaje im­ su aplicación, como parece estar ocurriendo. Los
portante de la población, sin recursos para acceder funcionarios responsables continúan apostando
a una vivienda en el esquema de ahorro propio, a la capacidad del sector privado de construir
subsidio y crédito. En síntesis propendía por una viviendas accesibles a los más pobres, a pesar de
fuerte articulación entre una concepción integral que las evidencias muestran lo contrario.
de la vivienda y las políticas de suelo.
En contraste con los avances en gestión del referencias
suelo, este componente no ha tenido el mismo Instituto de Estudios Urbanos, Proyecto Debates
interés, o ha sido abandonado. Sin llegar al extre­ de Gobierno Urbano, (2010) Taller Nº 1 “Plan de
mo de las decisiones adoptadas para el Plan Zonal Ordenamiento Zonal del Norte: Áreas protegidas,
financiación de infraestructuras y vivienda de interés
del Norte, sí está presente una lógica que se re­ prioritario” Taller Nº 2 “La formación de los precios en
siste a reconocer la ciudad popular. Las siguientes relación con las decisiones de ordenamiento territorial
en el borde norte de Bogotá” y taller Nº 4 “Operación
decisiones ilustran esta afirmación: Mientras el Nuevo Usme”, Relatorías de los talleres, Bogotá. <http://
plan zonal contemplaba lotes de 72mt2, que es el www.institutodeestudiosurbanos.com/descargas/cat_
view/147­eventos/182­debates­de­gobierno­urbano/184­
tamaño que acostumbra el loteador pirata, el pri­
talleres.html>.
mer plan parcial de la Operación Usme los redujo
López Medina, Diego Eduardo (2004) Teoría impura
a 54mt2, con el argumento de obtener mayor del derecho: La transformación de la cultura jurídica
densidad, es decir, mayor aprovechamiento del latinoamericana, Bogotá, Ediciones Universidad de los
suelo. El porcentaje de suelo destinado a lotes Andes, Universidad Nacional de Colombia.

con urbanismo también fue significativamente Maldonado, María Mercedes, Pinilla, Juan Felipe (2007)
La jurisprudencia de las altas cortes colombianas en
reducido a favor de loteos para vivienda en altura, materia urbanística como soporte para las políticas
funcional a la construcción por el sector privado municipales de suelo. Documento elaborado como
que, como lo muestra la evolución de la política resultado del trabajo de investigación Construcción
de las Líneas jurisprudenciales de las altas cortes
de los subsidios excluye a los más pobres no solo colombianas en Derecho Urbanístico colombiano,
por el esquema financiero sino por el tipo de Lincoln Institute of Land Policy, Bogotá, no publicado
Maldonado, María Mercedes (2010), “El derecho a la
viviendas que se ofrece, con áreas pequeñas, en vivienda: acceso y disfrute de una vivienda digna por
sistema de condominio o conjunto cerrado que parte de la población en condición de desplazamiento”
en César Rodríguez Garavito (Coordinador), Más allá
impide la localización de actividades económi­
del desplazamiento. Políticas, derechos y superación
cas en la vivienda, desde los pequeños negocios del desplazamiento forzado en Colombia, Bogotá,

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María Mercedes Maldonado Copello

Universidad de los Andes (Bogotá, Colombia) Asdi, Peña, Diego (2010) “El POZ Norte da poca cabida a los
Embajada de Suecia, La Agencia de la ONU para los pobres”, documento de trabajo de la pagina Apues­
Refugiados (UNHCR – ACNUR). ta por la ciudad, Concejal Carlos Vicente de Roux,
<http://www.carlosvicentederoux.org/apuestaporbogo­
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Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):

MALDONADO COPELLO, María Mercedes. Revisitar las tensiones


en el proceso de aplicación de la ley 388 de 1997. Fórum de
Direito Urbano e Ambiental – FDUA, Belo Horizonte, ano 9, n. 54,
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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

México

los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano*


antonio azuela
Instituto de Investigaciones Sociales, UNAM.

Miguel Ángel Cancino


Subprocurador de la Procuraduría Ambiental y del Ordenamiento Territorial del Distrito Federal.

Sumario: Introducción – 1 Los asentamientos humanos y la planeación en el lenguaje de la Constitu­


ción – 2 La distribución de competencias – 2.1 La jurisprudencia – 2.2 El sistema de facultades con­
currentes – 2.3 El municipalismo y los asentamientos humanos – 3 Bosques, aguas, lotes y servicios
– Conclusión: el triángulo imposible – Referencias

A la memoria de Martín Díaz y Díaz.

Pero en aquella época, los juristas del Derecho de Gentes calificaban de no­jurídica
la discusión objetiva de tales problemas e incluso llegaron a definir como positivismo
su propia renuncia. Todos los problemas auténticos, cuestiones políticas, económicas
y de distribución del espacio, eran mantenidos, como no­jurídicos, fuera del ámbito
jurídico, es decir, alejados de su propia conciencia científica.
(Carl Schmitt)1

introducción manera de mirar el territorio. Porque hablar de


La invitación a participar en este libro asentamientos humanos es hablar de la sociedad
con un trabajo sobre la Constitución y los asenta­ humana en su dimensión espacial, o sea del modo
mientos humanos trae consigo la tentación de en que estamos asentados en un territorio.
hacer un simple recuento del modo en que el Esta forma de abordar el problema sigue
texto de la Constitución Política de los Estados la corriente de los estudios culturales sobre el
Unidos Mexicanos se ha ido transformando para derecho (Kahn, 1999, Nelken, 2004, Friedman,
incorporar disposiciones relativas al tema. Pero 1994). Pero no se trata simplemente de adoptar
lo cierto es que esa glosa se ha hecho ya muchas una moda intelectual cualquiera. Lo que tratamos
veces.2 Lo que nos proponemos aquí es formu­ de mostrar son problemas sustantivos que tienen
lar una pregunta más amplia: ¿cuál ha sido la enormes consecuencias en la conformación del
mirada del constitucionalismo mexicano hacia régimen jurídico del territorio. Entre otros temas,
eso que llamamos los asentamientos humanos? nos referimos a la fragmentación institucional
Esta pregunta requiere dos explicaciones. Por del territorio que se ha producido a partir de mo­
un lado, entendemos por constitucionalismo dalidades a la propiedad que se rigen por prin­
el conjunto de discursos que, dentro del campo cipios distintos (la de los núcleos agrarios y la
del derecho, se producen desde el punto de vista de los individuos). Esa forma de fragmentación,
de la constitución. Se trata de leer las tesis juris­ cuyas consecuencias esbozaremos a lo largo de
prudenciales, la doctrina y desde luego el propio este texto, es posible, entre otras razones, gracias
texto constitucional como parte de una cierta precisamente a que, en nuestra cultura constitu­
cultura jurídica. Por otro lado, nos interesan esos cional, prevalecen ciertas formas de mirar el
discursos en la medida en que expresan una territorio que las ignoran por completo.

* Este trabajo se publicó como parte del libro La Constitución y el Medio Ambiente, coordinado por Emilio O. Rabasa, México: Instituto de
Investigaciones Jurídicas – UNAM, 2007.
1
Schmitt, 1979, p. 301, cursivas nuestras.
2
Véase, entre otros, Pérez García, 1988 y Ruiz Massieu, 1981.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

En las primeros dos apartados de este tra­ en el campo habitaban tres cuartas partes de la
bajo analizamos los problemas que todo régimen población, hoy esa misma proporción vive en
constitucional tiene que enfrentar en la integración las ciudades.3 Gran parte de los problemas que
de un régimen jurídico para los asentamientos hoy experimenta la población (desempleo, desi­
humanos. El primero de ellos es la conformación gualdad, inseguridad, riesgos ambientales) están
de un sistema de planeación como el mecanismo concentrados en las ciudades, o al menos están
para organizar el territorio, lo cual supone una fuertemente relacionados con la población se
serie de restricciones a los derechos de los pro­ asienta en el territorio. Más aún: si hay un ámbito
pietarios. El segundo es la distribución de com­ en el que se ha puesto a prueba la capacidad del
petencias entre órdenes de gobierno, problema orden jurídico para procesar satisfactoriamente
que han tenido que enfrentar todas las consti­ los conflictos sociales, ese es precisamente el de
tuciones modernas, sobre todo cuando se trata la urbanización. Baste con recordar los conflictos
de regímenes federales. En el tercer apartado se que desde la década de los noventa han rebasado
tratará el tema del poder que de manera creciente los cauces del orden jurídico por la construcción
ejercen los núcleos agrarios sobre el territorio, lo de un club de golf en Tepoztlán, un aeropuerto en
que como se verá representa un problema que la región de Texcoco, o una calle aparentemente
no ha sido registrado por la mirada del constitu­ insignificante, en ese pequeño predio conocido
cionalismo mexicano. como “El Encino”, cuya apertura desembocó en
una crisis política cuyas consecuencias sobre la
1 los asentamientos humanos y la planeación cultura jurídica aún no terminamos de apreciar.
en el lenguaje de la Constitución Ciertamente, el reconocimiento constitu­
Comencemos por examinar el modo en cional de la cuestión urbana fue tardío. A pesar de
que el constitucionalismo mexicano reconoció que el proceso de urbanización era ya un hecho
un fenómeno emergente, el de los “asentamientos evidente desde los años cuarentas, y de que, como
humanos” y optó por un tipo de regulación para veremos, la Suprema Corte tuvo que pronunciarse
hacerle frente. Como es evidente, el Constituyente sobre la constitucionalidad de los decretos de
de 1917 no estaba en condiciones de prever el in­ “rentas congeladas” desde los años treintas, no
tenso proceso de urbanización que caracterizaría fue sino hasta mediados de los setentas que se
al siglo veinte. La imagen de la relación entre la introdujeron las reformas que darían pie a la ins­
población y el territorio que privaba entonces titucionalización de la planeación urbana. Vale
era la de una tajante dicotomía entre lo urbano la pena hacer notar que la iniciativa del Pre­
y lo rural; era en este último ámbito donde se sidente Echeverría para incorporar el tema a
ubicaban “los grandes problemas nacionales” — la Constitución se produjo en el contexto del
no en balde así tituló su obra quien más influyó movimiento internacional hacia la Cumbre de
en la conformación del artículo 27 constitucio­ Vancouver sobre los Asentamientos Humanos,
nal, Andrés Molina Enríquez. Las ciudades eran la cual habría de tener lugar en junio de 1976.
el lugar desde el cual se analizaban esos grandes Es por ello que en dicha iniciativa no se re­
problemas, pero estos estaban en el campo; aque­ currió a la denominación de alguna tradición
llas nunca fueron vistas como escenario de pro­ consolidada, como la del “desarrollo urbano” o
blemas sociales que ameritaran la atención del la del “urbanismo”, sino precisamente la de los
Constituyente. Hoy en día no hace falta decir “asentamientos humanos”, que era la manera
que, independientemente del programa consti­ específica de nombrar a la cuestión urbana, en
tucional del estado post­revolucionario, una de el contexto del movimiento tercermundista del
las grandes transformaciones de la sociedad mexi­ cual México era un actor protagónico.4 Desde esa
cana a lo largo del siglo fue precisamente el pro­ perspectiva, los problemas urbanos más ingentes
ceso de urbanización. Si a principios de siglo no eran los de la eficiencia en el uso de los bienes

3
Lo cual no significa afirmar que no existan problemas importantes en el mundo rural: en él viven hoy más personas que las que formaban la
población total del país a principios del siglo veinte (Warman, 2001).
4
A principios del siglo veintiuno, uno sólo usa la frase “asentamientos humanos” si está hablando con un funcionario de la ONU, o si se está
refiriendo a la legislación mexicana.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

públicos o la estética del espacio urbano, sino los el nuevo texto constitucional trajo consigo fue
de la desigualdad social. En ese contexto, los ju­ simplemente el establecimiento de las bases para
ristas mexicanos podían presentarse orgullosa­ la conformación de un sistema de planeación
mente en el plano internacional esgrimiendo la urbana a nivel nacional. Esto no significa que no
doctrina de la “función social de la propiedad”, estén presentes las ideas de justicia social pro­
que a lo largo del siglo veinte había dado sentido pias del programa de la Revolución Mexicana,
a la interpretación del régimen constitucional de tanto en el nuevo texto constitucional como en
la propiedad en nuestro país. la ley reglamentaria que de él se derivó, sino sólo
Efectivamente, al margen de la diversidad que ellas equivalen a las del movimiento cons­
de fuentes filosóficas a las cuales se ha recurrido titucionalista asociado al estado de bienestar en
para explicar el sentido del artículo 27,5 en el que las democracias occidentales del siglo veinte. Para
el Constituyente había plasmado dos aspectos decirlo brevemente, el régimen de planeación que
fundamentales del proyecto de la Revolución surgió en México en 1976 no significa, para los
(es decir, el reparto agrario y el control estatal de propietarios privados, restricciones mayores que
ciertos recursos naturales considerados estraté­ las que la Suprema Corte de los Estados Unidos
gicos) prácticamente todas las interpretaciones de América convalidó en la era del new deal.8
han coincidido en que ese precepto coloca al inte­ Ahora bien, si la reiteración de la función
rés de la colectividad por encima de los derechos social de la propiedad como principio doctrinario
de los propietarios privados. Eso que se conoce no representaba problema alguno, lo que resultó
como la función social de la propiedad, que otras más difícil al constituyente permanente fue tra­
constituciones de América Latina incorporaron ducir ese principio en un aparato conceptual
muchos años después,6 ha sido parte esencial que abarcara tanto una definición del problema
de la tradición constitucional mexicana y por ello urbano como la conformación de los mecanis­
en los años setentas parecía fácil llevar esa mos normativos a través de los cuales se llevaría
doctrina al ámbito de los problemas urbanos. a cabo su puesta en práctica. Ese nuevo aparato
Por cierto, la forma en que el titular del está contenido en las modificaciones introduci­
Poder Ejecutivo presentó las ideas justicieras de das al párrafo tercero del artículo constitucional,
su iniciativa en materia de asentamientos huma­ que transcribimos a continuación destacando la
nos, desató el conflicto político más importante reforma en letras cursivas:9
del fin de su administración. Como se recordará,
La Nación tendrá en todo tiempo el derecho de
un amplio sector de los empresarios impugnaron imponer a la propiedad privada las modalidades
de manera virulenta la iniciativa e incluso corrió que dicte el interés público, así como el de regular,
en beneficio social, el aprovechamiento de los ele­
el rumor de que la Ley General de Asentamientos mentos naturales susceptibles de apropiación, con
Humanos (en adelante LGAH) daría lugar a una objeto de hacer una distribución equitativa de la
riqueza pública, cuidar de su conservación, lograr
“reforma urbana” equivalente al reparto agrario: el desarrollo equilibrado del país y el mejoramiento
de las condiciones de vida de la población rural y
las casas serían sub­divididas y las habitaciones urbana. En consecuencia, se dictarán las medidas
excedentes serían distribuidas entre los pobres necesarias para ordenar los asentamientos humanos
y establecer adecuadas provisiones, usos, reservas
(Monsiváis, 1980). Pero este no es el lugar para y destinos de tierras, aguas y bosques, a efecto de
analizar la coyuntura política al momento de la ejecutar obras públicas y de planear y regular la fun­
dación, conservación, mejoramiento y crecimiento
reforma,7 sino de ponderar sus efectos a largo de los centros de población; para el fraccionamiento
plazo. Y a este respecto lo que puede decirse es de los latifundios; para disponer, en los términos
de la Ley Reglamentaria, la organización y explo­
que, lejos de una reforma urbana radical, lo que tación colectiva de los ejidos y comunidades; para

5
Por citar sólo dos ejemplos, mientras la mayoría de los autores afirma que el artículo 27 está inspirado en la propuesta positivista de León
Duguit, Vicente Lombardo Toledano hacía la defensa de ese artículo recurriendo a la encíclica papal Rerum Novarum, e incluso a los propios
evangelios (Krauze, 1976).
6
Los casos recientes más notables son los de Brasil y Colombia.
7
Para un análisis del conflicto en torno a la Ley General de Asentamientos Humanos en 1976, véase Azuela, 1989, capítulo primero.
8
Para un análisis del modo en que se transformó el contenido jurídico de la propiedad en la primera mitad del siglo veinte en los EUA, véase,
entre muchos otros, Nedelski, 1988. Lo mismo ocurrió en Europa occidental. Véase Pacelli, 1966, para el caso de la Constitución italiana.
9
La reforma fue publicada en el Diario Oficial de la Federación el 6 de febrero de 1976. Con el fin de apreciar mejor el sentido de la reforma, la
transcripción no incluye las reformas introducidas a dicho párrafo con posterioridad a 1976. Como se sabe, la más importante de ellas ha sido
la supresión de la última oración, con lo que se dio fin al reparto agrario.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

el desarrollo de la pequeña propiedad agrícola en retahíla que incluye nada menos que cuatro tipos
explotación; para la creación de nuevos centros de
población agrícola con tierras y aguas que les sean de dispositivos jurídicos. Esto se hace evidente
indispensables; para el fomento de la agricultura cuando se observan los componentes del texto y
y para evitar la destrucción de los elementos natu­
rales y los daños que la propiedad pueda sufrir en sus conjunciones:
perjuicio de la sociedad. Los núcleos de población
que carezcan de tierras y aguas o no las tengan
en cantidad suficiente para las necesidades de su
población, tendrán derecho a que se les dote de
ellas, tomándolas de las propiedades inmediatas,
respetando siempre la pequeña propiedad agrícola
en explotación.

Hemos querido transcribir en su integridad


el párrafo tercero del artículo 27, tal como quedó
después de la reforma en materia de asentamientos
humanos, con el fin de dar una idea de la ampli­
tud del proyecto de reforma social en el que
dicha reforma se inscribía. Pero cuando se trata
de desentrañar su significado jurídico, el asunto
se vuelve más complejo. Un análisis paciente
nos obliga a distinguir en el texto dos tipos de
disposiciones: por un lado, la primera oración
establece figuras jurídicas de carácter general apli­
cables al conjunto de las cuestiones abordadas
En esto que parece más prolijo que un reta­
en el párrafo (las “modalidades a la propiedad” y
blo barroco, se pierde de vista la forma jurídica
la regulación del “aprovechamiento de los recur­
que los estados modernos han desarrollado para
sos naturales”), junto con los objetivos de ambas:
ordenar los procesos urbanos: la planeación. En
distribuir la riqueza, mejorar las condiciones de
particular, al establecerse, en la parte final del
vida, etcétera. Por el otro, la segunda oración, o
texto, una aparente disociación entre planear y
sea a partir de la frase “en consecuencia”, enlista
regular dichos procesos, pareciera que la planea­
una serie de temas, entre los cuales se incluyó
ción no es una forma de regularlos (coercitiva­
el de los asentamientos humanos, y una serie de mente, se entiende), con lo que su naturaleza
dispositivos normativos mediante los cuales se jurídica parece poco clara. Por fortuna, cada vez
incidiría para lograr tales objetivos. Con objeto que el estatuto jurídico de los planes de desarrollo
de proceder de lo más simple a lo más complejo, urbano ha sido puesto en duda a través del juicio
comenzaremos por esta segunda parte del pre­ de amparo, los jueces federales han confirmado
cepto, es decir, la que se refiere a “ordenar los que a través de ellos el poder público puede limitar
asentamientos humanos”. En la larga y abigarra­ la propiedad y, con ello, regular coercitivamente
da oración que se insertó en el párrafo tercero, es los procesos urbanos.10
posible distinguir el objeto específico del nuevo Asimismo, el carácter profuso del texto
régimen. Dicho objeto está constituido por cuatro puede suscitar tantas dudas y comentarios, que
procesos socio­territoriales: la fundación, la con­ es posible pasar por alto uno de sus aspectos
servación, el mejoramiento y el crecimiento de los más interesantes, como es el hecho de que la
centros de población. Tales procesos conforman concepción de los asentamientos humanos que
aquello de lo que el nuevo régimen debe hacerse entonces se incorporó al artículo 27 conlleva una
cargo; es eso lo que hay que regular. Lo que re­ visión sumamente ambiciosa que rebasa el ámbito
sulta difícil comprender son los mecanismos meramente urbano. Primero, incluye además de
jurídicos a través de los cuales se regulan dichos las tierras, de manera muy explícita, a las aguas
procesos; pareciera que se expedirán unas normas y a los bosques. Con la emergencia de un nuevo
jurídicas para poder expedir otras más, en una régimen ambiental a fines de los años ochentas

10
Eso ocurrió, por cierto, varios años antes de la reforma constitucional, en la tesis jurisprudencial de 1971 que citamos más abajo.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

(que también trajo consigo una adición al mismo urbanos no es un recurso natural. La planeación
párrafo tercero) el tema de los asentamientos urbana, en los estados modernos, no hace más
humanos parecía “superado” por un asunto más que eso, regular el aprovechamiento del suelo.
importante, nada menos que “la relación del Y hace tiempo que a nadie sorprende que dicha
hombre con la naturaleza”. Pero lo cierto es que, regulación traiga consigo limitaciones al derecho
desde la reforma que comentamos, existe en la de propiedad. Sin embargo, en nuestra cultura
Constitución una clara referencia a la importan­ jurídica se utiliza de manera preponderante la
cia de los recursos naturales como soportes de palabra “modalidades” cuando se trata de carac­
los asentamientos humanos. Segundo, no se trata­ terizar las limitaciones a la propiedad, a pesar
ba solamente de las áreas urbanas, sino de una de que esa palabra fue incluida en el texto del
concepción que incluía toda forma de relación 27 con una finalidad completamente distinta y
entre una población y el territorio, incluidos los que corresponde al significado que ella tiene en
asentamientos rurales.11 nuestra lengua.
Hasta aquí nos hemos referido solamente Para explicar lo anterior, comenzaremos
al modo en que el tema de los asentamientos por constatar en qué consiste el uso dominante a
humanos se incorporó a la Constitución. Sin em­ que hacemos referencia. Hoy en día, cada que el
bargo, como decíamos arriba, es muy importante legislador, el juez o el jurista tienen que caracte­
recordar que el párrafo tercero del artículo 27, en rizar a los fenómenos regulatorios que restringen
su oración inicial, establece dos figuras jurídicas los derechos de los propietarios, recurren al con­
que, desde su redacción original en 1917, consti­ cepto de “modalidades a la propiedad”.12 Pero esto
tuyen las principales formas de regulación de la es una verdadera rareza: la mexicana es la única
propiedad privada. Aquí queremos señalar un cultura jurídica del mundo de habla hispana
problema mucho más arduo que el de un texto donde la palabra “modalidad” pierde el signifi­
recargado. Nos referimos al hecho de que, con cado que tiene en español,13 para adquirir otro,
posterioridad a la expedición de la Constitución, el de “limitación”. ¿Por qué usamos esa palabra?
se produjo en el constitucionalismo mexicano La respuesta es simple: se incluyó en el artículo
una alteración sustancial del significado original 27 de la Constitución para institucionalizar la
del texto: el concepto “modalidades” a la propie­ existencia de dos modalidades (dos variantes) de
dad se equiparó al de “limitaciones” a la misma. la propiedad privada: la de los individuos y la de
Efectivamente, en la primera oración del los (entonces llamados) “pueblos” (hoy llamados
párrafo tercero se establece una clara distinción “núcleos agrarios”).
entre dos atribuciones (denominadas “derechos” Efectivamente, pocos años después de
en el texto constitucional) que se reservan a “la la promulgación de la Constitución, y ante las
Nación”: la de “imponer modalidades a la pro­ innumerables confusiones que había suscitado el
piedad privada” y la de “regular... el aprovecha­ texto del artículo 27, el autor de la doctrina que
miento de los elementos naturales susceptibles de lo soporta, Andrés Molina Enríquez, aclararía
apropiación”. Es preciso reconocer que las reglas que en “nuestro sistema de propiedad privada”
jurídicas que limitan el alcance de la propiedad existen “dos modalidades,...la individual”, por un
mediante restricciones al uso del suelo, pueden lado, y la “comunal de los pueblos”, por el otro
encajar perfectamente en la frase “regular el apro­ (Molina Enríquez, 1922). Claramente, la palabra
vechamiento de los elementos naturales suscepti­ modalidad se usa ahí para señalar la existencia
bles de apropiación”, a menos que se piense que de diferentes tipos o variantes de la propiedad
el suelo sobre el que se construyen los espacios privada. No obstante, esa que es la interpretación

11
Esto se hace evidente en la LGAH, que definió asentamiento humano como “la radicación de un determinado conglomerado demográfico, con
el conjunto de sus sistemas de convivencia, en una área físicamente localizada, considerando dentro de la misma los elementos naturales y las
obras materiales que la integran” (artículo 2, fracción I).
12
Para demostrar esto no se necesita gastar tanta tinta como antes. Basta con consultar al oráculo del día en el mundo de la web. En este caso, el
buscador Google, a quien se formuló el 30 de noviembre de 2005 la frase entrecomillada “modalidades a la propiedad”, indicó la existencia de
279 páginas de Internet donde aparecía esa frase, incluyendo desde una ley de desarrollo urbano del Estado de Baja California hasta estudios
sobre la regulación ambiental de los usos del suelo. Todas ellas se referían a México.
13
“Modo de ser o de manifestarse de una cosa”, según el diccionario de la Real Academia de la Lengua Española (Vigésima primera edición);
“forma o variante {de algo}” según el de Manuel Seco.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

de uno de los autores más señalados del texto ser tutelados por el estado. Es notable que, en
constitucional en ese tema, fue rápidamente igno­ nuestros medios académicos, la importancia del
rada y a la larga abandonada. Hoy en día muy concepto de modalidades a la propiedad no esté
pocos en nuestro país aceptarían que la propie­ siendo recuperada por el constitucionalismo,
dad de los ejidos y las comunidades es un tipo sino por la investigación histórica (Kourí, 2002).15
de “propiedad privada”.14 Lo que predomina entre Gracias a ella podemos entender que el concepto
nosotros es la distinción entre tres tipos de pro­ de modalidad expresa un asunto central en el
piedad: la pública, la privada y la “social”. No es análisis sociológico que sirvió para fundamentar
este el lugar para ahondar en la forma en que se el régimen constitucional en el que se plasmaba
produjo este cambio de significado, pero sí quere­ el programa de la Revolución Mexicana. Por eso
mos señalar que no se trata de un asunto mera­ nos llama tanto la atención que el asunto haya
mente terminológico. Con la idea de modalidades sido totalmente ignorado en la interpretación cons­
a la propiedad privada, lo que estaba haciendo titucional. Como veremos en el apartado siguiente,
el congreso constituyente era nada menos que desde los años treintas la Suprema Corte utilizó
reconocer a los pueblos como propietarios de sus el concepto de modalidades para definir diferen­
tierras. Por cierto, ¿no era eso lo que daba sentido tes tipos de restricciones jurídicas como las que
a la Revolución para el movimiento agrarista? traían consigo los decretos y leyes de los estados
Al menos según la historia oficial, los pueblos mediante los cuales se prorrogaban de manera
habían perdido sus propiedades a costa de la gran obligatoria los arrendamientos urbanos. Desde
hacienda e incluso habían perdido su existencia muy temprano, y muy a pesar de los Boletines
jurídica como resultado de las reformas liberales que Molina logró publicar nada menos que con el
del siglo diecinueve: la promesa de la Revolución sello de la Secretaría de Gobernación, la cultura
consistía nada menos que en restablecer los jurídica mexicana reconoce en el concepto de
derechos de los pueblos; devolverles “sus ejidos”, modalidades lo que en otros órdenes jurídicos se
según la fórmula de Wistano Luis Orozco. Más denominan, simple y llanamente, limitaciones a
allá de cualquier tecnicismo jurídico, si hay la propiedad.
un elemento central en el régimen agrario que Todo esto parece desviarnos del tema de los
fundó el artículo 27, es precisamente la idea de asentamientos humanos. Pero, como veremos en
devolverles su existencia como personas jurídicas la tercera sección del presente ensayo, es justa­
y, desde luego, sus tierras. Si nos atenemos a la mente el tema de dichos asentamientos, es decir,
explicación de Molina Enríquez, el concepto de el tema de la relación entre la población y el terri­
modalidades se incluyó en el texto para eso. torio, lo que da una enorme importancia a la pro­
Un aspecto notable de esta historia es el piedad de lo que hoy llamamos núcleos agrarios,
fundamento teórico que Molina utilizó para jus­ que ocupa más de la mitad del territorio nacional.
tificar que en la Constitución se hubiesen esta­ Para adelantar un poco el argumento: lo que en
blecido diferentes modalidades de la propiedad. el régimen original de la Revolución se concibió
En lo que hoy nos parecería una aplicación como una forma de propiedad, se ha convertido
monstruosa de la sociología positivista al diseño en una instancia de gobierno, lo que hasta ahora
constitucional, siguiendo a Comte y a Spencer, ha quedado fuera del campo visual del nuestro
Molina construyó uno de los argumentos centrales constitucionalismo.
del artículo 27: los pueblos indígenas, según él, De ello nos ocuparemos en el tercer apar­
no eran capaces de comprender la plena propie­ tado de este trabajo. Por ahora baste con reca­
dad privada y de sacar provecho de ella; lo que pitular los puntos centrales que hemos expuesto
corresponde a su lugar en la evolución histórica hasta aquí. El constitucionalismo mexicano reco­
es una modalidad de la propiedad en la que deben noció, en la reforma de 1975, el fenómeno de

14
Hace tiempo que hemos insistido en esa interpretación (Azuela, 1989, p. 87-88). Y es interesante observar que, en el reciente auge de los
estudios sobre la propiedad común a nivel mundial, desde el neo institucionalismo se suele insistir en la propiedad común es, antes que nada,
una forma de la propiedad privada, en la medida en que el orden jurídico autoriza a una comunidad a excluir a otros (es decir a quienes no
pertenecen a ella) del uso y disfrute de lo poseído (Ostrom, 2000).
15
Del mismo modo, la importancia de la obra de Molina en el pensamiento mexicano está siendo recuperada por la sociología, véase Castañeda,
2004.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

los asentamientos humanos, a través de una for­ que nuestra práctica constitucional ha resuelto
mulación ambiciosa, no sólo en lo que se refiere a el tema de la distribución de competencias en
la definición misma de una cuestión “emergente”, materia de asentamientos humanos, lo que implica
sino también mediante la pretensión de regularlo determinar el tipo y el grado de participación de
inspirado en una idea de justicia social. Si bien los gobiernos federal, estatales y municipales en
el uso de la palabra “modalidades a la propie­ la regulación y control de las actividades que se
dad” ha seguido un curso que suscita cuestiona­ desarrollan sobre el territorio, fundamentalmente
mientos interesantes, ello no es un obstáculo en las ciudades pero también fuera de ellas.
para afirmar que las adiciones al artículo 27 Como se podrá observar a lo largo de este
constitucional han servido como el fundamento apartado, la respuesta del constitucionalismo
para la institucionalización de la planeación de mexicano a este problema no ha sido ni lineal ni
los asentamientos humanos en nuestro país. En homogénea. Más bien, podríamos afirmar que se
otras palabras, el constitucionalismo mexicano ha transitado, ido y venido, entre los contornos
ha enfrentado razonablemente bien el primero de un federalismo dual y uno de tipo cooperativo.
de los retos que trae consigo esta materia, que Hasta antes de los años setenta, prevaleció una
consiste en definir el problema y establecer fór­ aplicación rigurosa del artículo 124 de nuestra
mulas jurídicas para enfrentarlo, aunque lo ha carta fundamental,16 que corresponde a una visión
hecho con una dosis de idiosincrasia que amerita­ del federalismo dual, del federalismo estructura,
ría un análisis más profundo, que no podemos en donde se aplica una distribución taxativa de
ofrecer aquí. Pasemos ahora al segundo de esos competencias entre órdenes de gobierno y que
retos, o sea al de la distribución de competen­ en nuestro caso expresaba el centralismo propio
cias entre órdenes de gobierno para regular los de ese período histórico. Ese tipo de federalismo
procesos urbanos. está sustentado en la idea de que es posible un
sistema rígido de distribución de competencias
2 la distribución de competencias entre los órdenes de gobierno.17
El segundo gran problema que debe enfren­ En los años setenta, el escenario y los cri­
tar el régimen constitucional en materia de asen­ terios para reconocer la participación de los
tamientos humanos es el de la distribución de gobiernos locales en la atención de problemas deri­
competencias entre los tres órdenes de gobierno vados de los procesos de urbanización, comien­
en los diversos aspectos de la gestión urbana. zan a modificarse. En particular con la reforma
Se trata de un problema que enfrentan todos los de 1976 a que nos hemos referido, la distribución
órdenes constitucionales hoy en día y que no es competencial se sustenta en las denominadas
de una naturaleza meramente técnica, sino que facultades concurrentes que reconocen la posibi­
tiene un fuerte carácter político. No sólo porque lidad de que sea el legislador federal y no el
en la planeación urbana y en la gestión territo­ Constituyente Permanente, quien en una ley se­
rial, están plasmada la idea de futuro que una cundaria determine los ámbitos de actuación de
comunidad tiene de sí misma, sino porque los los gobiernos federal, de las entidades federativas
distintos “fragmentos de estado” (para utilizar y de los municipios. En este caso, estamos en
la vieja expresión de Jellinek (1981), represen­ presencia de un federalismo de tipo cooperativo,
tan comunidades políticas cada vez más dife­ en donde la distribución de competencias se com­
renciadas. Como se ve claro en el caso español, plementa con fórmulas flexibles para ajustar el
la diferenciación y la articulación entre lo local, ejercicio del poder en un momento, circunstancia
lo regional y lo nacional están en el centro de y temas determinados. El federalismo se entiende
la conformación del estado y es objeto de una como un proceso permanente de distribución
constante actividad política y jurídica. Es por de atribuciones, reconociendo en todo momento
ello que resulta fundamental analizar el modo en que los balances específicos de competencias se

16
En dicho precepto se prevé la fórmula excluyente de distribución de competencias entre el gobierno federal y los gobiernos locales, según la cual
“las facultades que no están expresamente concedidas por (la) Constitución a los funcionarios federales, se entienden reservadas a los Estados”.
17
Lo anterior, a pesar de que en el propio texto original de la Constitución de 1917 se reconocían mecanismos que flexibilizaban esa rígida fórmula
de distribución de competencias, en particular tratándose de facultades en materias educativa y fiscal.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

alteran y se ajustan de acuerdo con las variantes introdujeron al artículo 115 para fortalecer al
que presenta la realidad.18 municipio, le otorgan a éste facultades exclusivas
Más abajo señalaremos cómo en los últimos en relación con el desarrollo urbano, dejando de
treinta años la jurisprudencia y la legislación en lado a los gobiernos de las entidades federativas.
materia de asentamientos humanos, han dado res­ A continuación nos proponemos ilustrar
puesta a los conflictos competenciales que derivan las tendencias anteriores en tres dimensiones: la
de la gestión urbana, a través de argumentaciones jurisprudencia, el uso del concepto de facultades
y previsiones basadas en la noción de facultades concurrentes en nuestra tradición constitucional
concurrentes, lo cual, por cierto, no implica que y la participación de los municipios en la gestión
no se presenten problemas de interpretación o urbana.
aplicación. Lo anterior, además, debería propi­
ciar una participación más equilibrada entre los 2.1 la jurisprudencia
órdenes de gobierno, en donde la coordinación En primer lugar, conviene tomar en cuenta
debería ser una característica de la gestión urbana que la disposición cuyo alcance debe definirse
para orientarla al logro de los propósitos centra­ para determinar la distribución de competencias
les de la planeación del desarrollo urbano. Es entre los tres órdenes de gobierno en materia de
decir, las posibilidades que brinda la definición asentamientos humanos, es fundamentalmente,
de los ámbitos de actuación gubernamental en el tercer párrafo del artículo 27 de la Constitución
materias como los asentamientos humanos, am­ General de la República, en donde se establece la
biental y otras, mediante la combinación de fa­ facultad de la nación de imponer a la propiedad
cultades exclusivas y concurrentes, ha creado la privada las modalidades que dicte el interés publico
expectativa de generar esquemas adecuados de y regular, en beneficio social, el aprovechamiento
atención a problemas, fenómenos o circunstan­ de los elementos naturales susceptibles de apro­
cias concretas, como es el caso de la urbanización piación. La definición del alcance de ese precepto,
o el aprovechamiento de los recursos naturales. deriva de la manera en que se asuma el significado
Desafortunadamente, desde nuestro punto de de “nación”. Además, debe tomarse en cuenta
vista, hasta ahora nuestro constitucionalismo no que el artículo 124 del propio texto constitucio­
ha sabido construir las regulaciones, esquemas nal establece la fórmula general para distribuir
y mecanismos que permitirían a los tres órdenes competencias entre el Gobierno Federal y los de
de gobierno mejorar la respuesta que hasta hoy las entidades federativas y que, a partir de 1976, se
se ha dado al emergente fenómeno de los asenta­ incorpora al artículo 73 constitucional la facultad
mientos humanos. del Congreso de la Unión para “expedir las leyes
Uno de los desequilibrios que se generan que establezcan la concurrencia del Gobierno
desde el inicio de la institucionalización de la pla­ Federal, de los Estados y de los Municipios, en
neación urbana, en relación con la distribución el ámbito de sus respectivas competencias, en
de competencias, deriva de la relevancia que se materia de asentamientos humanos, con objeto de
le asigna a la participación de los municipios. cumplir los fines previstos en el párrafo tercero
En efecto, desde el momento mismo en que se del artículo 27 de esta Constitución”.
modifica en 1976 el texto constitucional para pro­ Como resultado de la revisión de 46 tesis
piciar esa institucionalización, se reconoce la nece­ jurisprudenciales relacionadas con el ejercicio
sidad de propiciar una gestión descentralizada,19 de las atribuciones, se observa que hasta los
ya que así lo dejan ver las reformas de ese año a años setentas, la interpretación constitucional fue
los artículos 73 y 115 de la Constitución. Sin em­ sumamente errática, aunque prevaleció la idea
bargo, la legislación en materia de asentamientos de que las atribuciones otorgadas a “la Nación”
humanos y las modificaciones que en 1983 se solamente podían ser ejercidas por los poderes

18
Díaz y Díaz, 1996 y Baldi, 2003.
19
La fracción IV del artículo 115 que se adicionó establecía que “Los Estados y Municipios, en el ámbito de sus competencias, expedirán las leyes,
reglamentos y disposiciones administrativas que sean necesarias para cumplir con los fines señalados en el párrafo tercero del artículo 27 de esta
Constitución en lo que se refiere a los centros urbanos y de acuerdo con la Ley Federal en la materia”. Es decir se prevé la participación tanto de
gobiernos estatales como municipales.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

federales. En particular, se sostuvo que corres­ tarios de los efectos de la propia legislación civil
pondía exclusivamente al Congreso de la Unión en materia de arrendamientos, así como en otros
la facultad de “imponer modalidades a la pro­ aspectos, como por ejemplo construcciones, y
piedad privada”. Sin embargo, desde principios establecimientos mercantiles.
de la década mencionada se fue construyendo Una segunda argumentación que el poder
una interpretación que ha servido para resolver judicial asume en relación con las facultades
los conflictos competenciales derivados de la ges­ para imponer modalidades a la propiedad, en ese
tión urbana, y que permite la participación de los primer periodo, se refiere a que corresponde al
gobiernos locales en el ejercicio de las facultades poder legislativo federal (el Congreso de la Unión)
antes citadas. el ejercicio de esas facultades. En las tesis rela­
De acuerdo con el contenido de las tesis tivas se señala que es el órgano legislativo federal
consultadas es posible agruparlas en tres perio­ el único que, conforme a sus atribuciones, puede
dos. El primero de ellos incluye 16 tesis que van imponer modalidades a la propiedad. De acuerdo
desde 1918 hasta finales de los años cuarenta. En con el contenido de las tesis correspondientes,
este periodo el poder judicial asume una inter­ se deja ver claramente que en diversos casos el
pretación restrictiva para los gobiernos locales, titular del ejecutivo federal llevó a cabo actos
ya que las tesis establecen que sólo el gobierno que tienden a restringir el derecho de propiedad
federal puede imponer modalidades a la propie­ y que, por tanto, pueden ser considerados de
dad, en virtud de que el término “Nación” previsto acuerdo con el poder judicial como actos emana­
en el tercer párrafo del artículo 27 constitucional dos de la competencia a que se refiere el tercer
corresponde a Federación y por tanto los gobier­ párrafo del artículo 27 constitucional. Por ejemplo
nos locales no pueden dictar leyes que impongan se señalan casos en donde el ejecutivo afecta el
modalidades a la propiedad. Efectivamente, en ejercicio del derecho de propiedad, tales como
varias de las tesis analizadas se puede leer que la requisición de una vía férrea, afectación de
“forzosamente tendrá que entenderse que el predios respecto del distrito de riego del Alto
órgano genuino de la nación, para imponer moda­ Río Lerma, medidas para fomentar la agricultura,
lidades a la propiedad privada, es el Gobierno entre otras.
Federal”, que la nación es única y está represen­ En ese primer periodo (de 1917 hasta fines
tada por los sus órganos federales o que los dere­ de los años cuarentas) sólo identificamos una de
chos y obligaciones de la nación no pueden sino las 16 tesis, donde se señala que los gobiernos
ser ejercidos por el poder federal.20 locales sí pueden imponer modalidades a la Pro­
Vale la pena hacer notar que los asuntos que piedad. Es el caso de la siguiente tesis:
motivaron las tesis de referencia eran conflictos
PROPIEDAD PRIVADA, FACULTADES DE LOS
sociales típicamente urbanos: lo que estaba en ESTADOS PARA IMPONER MODALIDADES A
juego era la constitucionalidad de leyes estatales LAS. los Estados están facultados para expedir
leyes que rijan dentro de sus respectivas entidades
que regulaban los arrendamientos, normalmente y que imponga modalidades a la propiedad pri­
protegiendo a los inquilinos. Es decir, se trata de vada, tales como las leyes de expropiación, y los
Códigos Civiles, en los cuales existen frecuentes
un asunto típico de la era de formación del estado modalidades o restricciones al libre ejercicio de los
derechos que corresponden a los propietarios. En
de bienestar. En ese contexto, la prórroga forzosa consecuencia, la Legislatura del Estado de Durango
de contratos de arrendamiento, fue vista por sí estaba facultada para expedir el Decreto Número
202, que prorrogó los contratos de arrendamiento
el poder judicial como normas que “se reflejan de casas destinadas a habitación; por lo que dicho
directa e inmediatamente en el régimen de pro­ decreto no puede considerarse inconstitucional, ni
puede serlo tampoco la aplicación del mismo, por
piedad” y por ello contravienen la facultad exclu­ la autoridad judicial.
siva de la nación (gobierno federal) de imponer Amparo civil en revisión 7381/44. González Tomás
C. 6 de marzo de 1947. Unanimidad de cuatro
modalidades a la propiedad privada. Con argu­ votos. Ausente: Emilio Pardo Aspe. Relator: Hilario
mentaciones como esa, se protegió a los propie­ Medina.

20
En su expresión más breve, la Corte resolvía en una tesis de 1937 sobre la legislación inquilinaria de Veracruz, que “Como la ley número 208 de
10 de julio de 1931, significa imposición de modalidades a la propiedad privada, es inconstitucional, pues tal facultad la reserva la Constitución
Federal de la República, expresamente a la Federación, restándola de las facultades de los Estados”. Amparo administrativo en revisión 1328/37.
Bello de Mariño Jovita. 29 de junio de 1937. Unanimidad de cinco votos. La publicación no menciona el nombre del ponente.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

Como se puede observar, aunque la tesis se la misma, dejando en manos de la Federación la


refiere explícitamente a la facultad expropiatoria facultad de imponer sólo las que expresamente
de los estados, es abiertamente contradictoria enlista el párrafo tercero del artículo 27:
con las argumentaciones e interpretaciones que el
PROPIEDAD PRIVADA, MODALIDADES A LA,
poder judicial había emitido hasta finales de los IMPUESTAS VALIDAMENTE POR LOS ESTADOS.
años cuarentas. De acuerdo con el artículo 124 de la Constitución
El segundo periodo que ubicamos por el Federal, las facultades que no están expresamente
concedidas a los Poderes Federales, se entienden
contenido de las tesis analizadas, incluye los años reservadas a los Estados; de manera que no estando
cincuentas y sesentas, periodo durante el cual concedida expresamente al Congreso de la Unión
la facultad para legislar en materia civil (salvo el
sigue prevaleciendo la interpretación de que sólo caso en que el Congreso actúa como órgano legis­
lativo del Distrito y Territorios Federales o legisla
el gobierno federal puede imponer modalidades a en materia federal), dicha facultad corresponde
la propiedad, excluyendo a los gobiernos locales. a los Estados; y siendo la propiedad privada una
institución típica de derecho civil, debe concluirse
Sin embargo, aparecen tesis que validan legisla­ que los Estados tienen facultad para imponerle,
ción local que afecta el derecho de propiedad como de hecho le han impuesto, mediante sus
Códigos Civiles, ciertas formas que limitan el ejer­
pero que, según la nueva interpretación, no cons­ cicio del derecho y que no son propiamente moda­
lidades de aquella que compete imponer única y
tituyen modalidades a la propiedad y por tanto exclusivamente a la nación, que de acuerdo con el
tienen plena validez jurídica. artículo 27 constitucional, son solamente las que
dicte el interés público, para hacer una distribución
A este periodo le corresponden 16 tesis (de equitativa de la riqueza pública y para cuidar de
las 46 analizadas) en las cuales el poder judicial su conservación. De esta índole son, como lo esta­
blece el propio precepto, las medidas necesarias
adopta una posición favorable hacia la regula­ para el fraccionamiento de los latifundios, para el
desarrollo de la pequeña propiedad agrícola, para
ción del arrendamiento por parte de los estados la creación de nuevos centros de población, para
y recurre a dos artificios conceptuales que le per­ el fomento de la agricultura y para evitar la des­
trucción de los elementos naturales y los daños
miten escapar por un tiempo a la interpretación que la propiedad pueda sufrir en perjuicio de la
centralista que había sostenido durante décadas. sociedad. En consecuencia, cuando las modalida­
des al derecho de propiedad no tienen ninguno de
Primero, dicha regulación ya no es analizada como estos fines enunciados por el artículo 27, pueden
un asunto relativo a la institución de propiedad ser impuestas por los Estados.
Amparo civil en revisión 943/48. Díaz de Garza
sino a la del contrato, aún en casos en donde el Consuelo. 14 de marzo de 1952. Unanimidad de
propio poder judicial con anterioridad había cuatro votos. El Ministro Carlos I. Meléndez no
intervino en la votación de este asunto por las
declarado como inconstitucional la legislación razones que constan en el acta del día. Relator:
estatal correspondiente, como se aprecia en la Hilario Medina.
siguiente tesis.
Como puede observarse, la regulación por
ARRENDAMIENTO, PRORROGA DEL. NO IMPLI­ la legislación local de la prórroga forzosa de los
CA MODALIDAD A LA PROPIEDAD PRIVADA.
(LEGISLACION DE VERACRUZ). contratos de arrendamiento, que antes era consi­
El artículo 2418 del Código Civil de Veracruz, no es derada como una manera de imponer modalida­
inconstitucional, porque dicho precepto no implica des a la propiedad, deja de tener este carácter, para
imposición de modalidades a la propiedad privada,
sino limitación al principio de autonomía de la pasar a ser simples “limitaciones al principio de
voluntad de las partes que contratan.
autonomía de la voluntad de las partes que con­
Amparo civil directo 9596/50. Gallina Ricardo. 23
de agosto de 1951. Unanimidad de cinco votos. La tratan”, en el primer caso, o simples limitaciones
publicación no menciona el nombre del ponente. al ejercicio de la propiedad, en el segundo.21 En
los primeros años de la década de los cincuentas,
Así, la Corte no abandona la idea de que sólo como se aprecia sobre todo en la segunda de las
la federación puede imponer modalidades, pero tesis antes referidas, se realiza una interpreta­
caracteriza la prórroga de los arrendamientos con ción novedosa, ya que se incorpora la referencia
otro concepto jurídico (la libertad contractual). al artículo 124 constitucional, para reconocer
El segundo artificio consiste en redefinir el con­ la facultad de las entidades federativas de legis­
cepto mismo de modalidades a la propiedad, para lar en materia civil y se le relaciona con la dis­
hacer legítimas otras regulaciones al ejercicio de tinción entre modalidades a la propiedad, que

21
Otros de los casos en donde el poder judicial reconoce la validez es en asuntos relativos al bardeado de predios baldíos y a predios dedicados a
áreas de estacionamientos.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

sólo tendrán lugar cuando se refieran a casos cuatro argumentaciones generales, a las que nos
específicamente previstos en el tercer párrafo del referiremos en seguida. Antes de ello, vale la pena
artículo 27 constitucional (el fraccionamiento de señalar que es justamente en este periodo donde
los latifundios, el desarrollo de la pequeña pro­ el constitucionalismo mexicano comienza a dar
piedad agrícola, la creación de nuevos centros de respuestas explícitas a los problemas planteados
población, etc.) y limitaciones a la autonomía de por los efectos de la urbanización.
la voluntad de los particulares. El viraje más importante que se puede apre­
Para complementar lo anterior, en el mismo ciar en este periodo, se refiere al reconocimiento
periodo que nos ocupa, el poder judicial formuló que hace el poder judicial de la facultad de los
a través de diversas tesis lo que sería la definición gobiernos locales para imponer lo que ya para en­
de modalidades a la propiedad, justamente para tonces se denomina sin cuestionamiento alguno
distinguirla de otras formas de restricción del ejer­ “modalidades a la propiedad privada”, en parti­
cicio de la propiedad privada impuestas desde cular tratándose de la regulación de la ordenación
la legislación local; definición que, dicho sea de de los asentamientos humanos. Más aún se reco­
paso, sigue teniendo una aceptación generaliza­ noce que una autoridad administrativa (el enton­
da, aunque como se dijo en el primer apartado ces Jefe del Departamento del Distrito Federal) y
de este trabajo, se aleje de la idea de modalidad ya no sólo el legislativo, puede imponer modali­
expuesta por Andrés Molina Enríquez. dades a la propiedad si así lo establece la legisla­
En efecto, el poder judicial definió a las ción local correspondiente. Por su importancia,
modalidades a través de tesis como la siguiente: a continuación se señala la tesis de finales de
1971 que modifica completamente los criterios
PROPIEDAD PRIVADA, MODALIDADES A LA. de interpretación de la distribución de competen­
La Suprema Corte ha sustentado la tesis de que: cias en materia de asentamientos humanos:
“Por modalidad a la propiedad privada debe enten­
derse el establecimiento de una norma jurídica
de carácter general y permanente, que modifique PLANIFICACION DEL DISTRITO FEDERAL, LEY
la forma jurídica de la propiedad. Son, pues, dos ele­ DE. MODALIDADES A LA PROPIEDAD.
mentos los que constituyen la modalidad: el carác­ Como el artículo 27 constitucional establece que
ter general y permanente de la norma que la im­ la nación tendrá en todo tiempo el derecho de im­
pone y la modificación substancial del derecho poner a la propiedad privada las modalidades que
de propiedad, en su concepción vigente. El primer dicte el interés público, y como la regulación del
elemento exige que la regla jurídica se refiera al derecho de propiedad está contenida en los códigos
derecho de propiedad, sin especificar ni indivi­ civiles federales y locales, es claro que de acuerdo
dualizar cosa alguna, es decir, que introduzca un con el texto constitucional, son los legisladores,
cambio general en el sistema de propiedad y, a la ya federal, o ya locales, los que pueden imponer a
vez que esa norma llegue a crear una situación la propiedad privada las modalidades que dicte el
jurídica estable. El segundo elemento, esto es, la interés público, pues no puede decirse que el pre­
modificación que se opere en virtud de la moda­ cepto constitucional a comento establezca juris­
lidad, implica una limitación o transformación del dicción federal para legislar en materia de propiedad
derecho de propiedad. Así, la modalidad viene a privada en todo el territorio nacional, aun dentro
ser un término equivalente a la limitación o trans­ del sujeto a la jurisdicción local. Pues las Legis­
laturas Locales pueden, en principio, establecer
formación. El concepto de modalidad se aclara con
modalidades a la propiedad privada dentro de sus
mayor precisión, si se estudia el problema desde el
esferas de competencia, con la sola limitación de
punto de vista de los efectos que aquella produce,
no violar ninguna disposición constitucional, ni
en relación con los derechos del propietario. Los federal cuando haya concurrencia de competen­
efectos de las modalidades que se impriman a cias. Por lo demás, el sujetar la propiedad privada
la propiedad privada, consisten en una extinción a limitaciones en cuanto al destino de las cons­
parcial de los atributos del propietario, de manera trucciones que pueden hacerse en ella, en relación
que éste no sigue gozando, en virtud de las limita­ con la distribución de zonas habitacionales, indus­
ciones estatuidas por el Poder Legislativo, de todas triales, forestales, etcétera, son claramente modali­
las facultades inherentes a la extensión actual de dades que en principio pueden imponerse a la
su derecho. propiedad, aunque en cada caso concreto se nece­
Amparo 7655/40. Castelazo Guadalupe. 16 de site justificar la necesidad de las modalidades
noviembre de 1953. Unanimidad de cinco votos. La impuestas, que no deberán ser caprichosas ni arbi­
publicación no menciona el nombre del ponente. trarias. En conclusión, el legislador del Distrito
Federal sí pudo imponer a la propiedad privada, en
la Ley de Planificación, modalidades dictadas por
el interés público.
El tercer periodo que identificamos en
PRIMER TRIBUNAL COLEGIADO EN MATERIA
razón del contenido de las tesis jurisprudenciales, ADMINISTRATIVA DEL PRIMER CIRCUITO.
comprende del inicio de la década de los setentas Amparo en revisión RA­2781/71. Francisco Mateos
Carrasco y coagraviados. 24 de noviembre de 1971.
al presente. Dentro de él identificamos 14 tesis Unanimidad de votos. Ponente: Guillermo Guzmán
que reconocen una misma tendencia a través de Orozco.

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Vale la pena hacer notar que esa tesis se el artículo 124 de la Constitución Federal, las leyes
que impongan modalidades a la propiedad privada
adelanta al criterio adoptado en la reforma de 1976 pueden provenir de éstos, lo que encuentra apoyo
a los artículos 27, 73 y 115 constitucionales, que en lo previsto en la fracción II del artículo 121
de la Ley Fundamental que consagra el principio
dio fundamento a la Ley General de Asentamientos lex rei sitae, al disponer que los bienes muebles
e inmuebles se regirán por la ley del lugar de su
Humanos y las leyes estatales correspondientes. ubicación. Así, al ser evidente que la propiedad
Por el momento, lo que pretendemos destacar es es un derecho real que se ejerce sobre un bien
mobiliario o inmobiliario, sin el cual tal derecho
el tipo de argumentaciones que en un contexto sería inconcebible, la imposición de modalidades
como el generado a partir de las modificaciones a la propiedad repercute necesariamente en su
objeto constituido por dichos bienes en cuanto a la
antes señaladas, se plantean por parte del poder manera o forma de usarlos, disfrutarlos y disponer
de ellos. De ahí que respecto de los bienes muebles
judicial. Al respecto, destacan diversas tesis que e inmuebles que se ubiquen dentro de su territo­
reafirman la facultad de los gobiernos locales para rio, las Legislaturas Locales pueden dictar las leyes
que regulen su uso, goce y disponibilidad, siempre
imponer modalidades a la propiedad en materia que el interés público que funde dicha regulación
no concierna a ninguno de los ramos o materias que
de asentamientos humanos, a partir de la inter­ sean de la competencia constitucional del Congreso
pretación armónica de diversos preceptos cons­ de la Unión, integrada por las facultades expresas
e implícitas de dicho órgano legislativo federal,
titucionales. Al respecto, destacan las siguientes pues considerar lo contrario, es decir, que el men­
tesis: cionado Congreso, en todos los casos, es el único
facultado para imponer modalidades a la propiedad
privada en términos de lo dispuesto en el artículo
DESARROLLO URBANO DEL DISTRITO FEDE­ 27 constitucional, implicaría un impedimento para
RAL. LA LEY EXPEDIDA POR LA ASAMBLEA aquéllas de establecer las modalidades necesarias
DE REPRESENTANTES DEL DISTRITO FEDERAL en función del interés público.
NO VIOLA EL ARTÍCULO 27 CONSTITUCIONAL Amparo en revisión 686/99. Centro Maguen David,
AL IMPONER MODALIDADES A LA PROPIEDAD A.C. 5 de julio de 2000. Unanimidad de cuatro votos.
PRIVADA. Ausente: Humberto Román Palacios. Ponente: Juan
De la interpretación relacionada de los artículos 27, N. Silva Meza. Secretario: Jaime Flores Cruz.
párrafos primero y tercero, 73, fracciones XXIX­C
y XXIX­G, y 122, apartado C, base primera, fracción
IV, inciso g), de la Constitución Federal, vigente Como se puede apreciar, el poder judicial
cuando se expidió la ley reclamada, deriva que las sustenta la facultad de los gobiernos locales, así
facultades para imponer a la propiedad privada las
modalidades que dicte el interés público, por parte como del gobierno federal para imponer moda­
de la nación, corresponden tanto a la Federación, lidades a la propiedad en materia de asentamien­
como a los Estados, Municipios y al Distrito Federal,
quienes deben ejercerlas en forma concurrente en tos humanos, en distintas previsiones contenidas
el ámbito de sus respectivas competencias deter­ no sólo en tercer párrafo del artículo 27 constitucio­
minado por la propia Constitución. En consecuencia,
la Ley de Desarrollo Urbano del Distrito Federal, nal, sino además, en el artículo 124 relativo a la
expedida por la Asamblea de Representantes de
esa entidad, a través de la cual se legisla sobre
fórmula genérica para distribuir competencias
usos y destinos del suelo como modalidades a la entre el gobierno federal y los gobiernos locales,
propiedad privada que dicta el interés público, no
viola el párrafo tercero del artículo 27 de la Carta pero sobre todo en el artículo 73, fracción XXIX­
Magna. C que se refiere a las facultades concurrentes
Amparo en revisión 1661/98. Fernando Tremari en materia de asentamientos humanos, y cuyos
Gálvez. 19 de mayo del año 2000. Unanimidad
de cuatro votos. Ausente: Sergio Salvador Aguirre alcances analizaremos más adelante.
Anguiano. Ponente: Mariano Azuela Güitrón. Dentro de las tesis que corresponden al
Secretaria: María Estela Ferrer Mac Gregor Poisot.
tercer periodo que comentamos, destaca una emi­
PROPIEDAD PRIVADA, MODALIDADES A LA.
EL CONGRESO DE LA UNIÓN NO ES EL ÚNICO tida por el primer tribunal colegiado del décimo
FACULTADO PARA IMPONERLAS, EN TÉRMINOS
DE LO DISPUESTO EN EL ARTÍCULO 27 DE LA
tercer circuito el cuatro de febrero del 2004, en
CONSTITUCIÓN FEDERAL. donde se puede apreciar que los conflictos com­
Si bien es cierto que el Congreso de la Unión está petenciales generados en la gestión urbana ya no
facultado legalmente para imponer las modalidades
a la propiedad privada, a través de las leyes que se centran en cuestionar la competencia de los
expida, también lo es que dicha facultad legislativa gobiernos locales para imponer modalidades a la
no opera en todos los casos, pues es menester para
ello que el interés público que legitime consti­ propiedad en materia de asentamientos humanos;
tucionalmente la imposición de la modalidad, inci­ lo que ahora se cuestiona, por lo menos en la
da en alguno de los ramos o materias que formen
el cuadro competencial del citado Congreso; de tesis comentada, es la coherencia o no de los
manera tal que si, por el contrario, el ramo o mate­
instrumentos de planeación urbana derivados de
ria incumbe legislativamente a los Congresos de
los Estados por virtud del principio contenido en la legislación en la materia.22

22
Falta incluir la referencia a la tesis.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

2.2 El sistema de facultades concurrentes El debate al respecto se ha centrado en


De acuerdo con el federalismo clásico norte­ responder a la pregunta de si el Congreso de la
americano, las facultades concurrentes serían Unión, por virtud de la facultad para legislar
aquellas que permiten a los gobiernos estatales concurrentemente en determinadas materias,
legislar en materias que originalmente se otorga­ tiene la potestad de distribuir atribuciones entre
ron al gobierno central, mientras éste no asuma los tres órdenes de gobierno en una ley secunda­
el ejercicio de su competencia original. En estos ria. La judicial es afirmativa. En ejercicio de ese
casos, se deberán considerar algunas limitaciones: tipo de facultades, el órgano legislativo federal
que no se trate de una materia cuya regulación emite leyes, regularmente denominadas “gene­
requiere una regulación uniforme para todo el rales” (en lugar de “federales”), en donde se señalan
territorio nacional o que no se contravenga una los ámbitos competenciales correspondientes.
prohibición para los estados prevista en el propio En materia de asentamientos humanos, con fun­
texto constitucional.23 damento en la fracción XXIX­C del artículo 73,
Por supuesto que en un sistema federal el Congreso de la Unión expidió en 1976 la Ley
en donde entidades autónomas se unen para General de Asentamientos Humanos, en donde
formar una Unión, las facultades antes anotadas se establecen, entre otras cosas, los ámbitos de
tienen sentido. Sin embargo, en federalismos actuación de las autoridades federales, estatales
como el nuestro, con características distintas al y municipales. La limitación que tiene el poder
norteamericano, la concurrencia no es entendida legislativo es, en todo caso, respetar las compe­
de esa manera. En efecto, una de las característi­ tencias que desde la propia Constitución General
cas principales del proceso de planeación urbana se asignan a dichas autoridades; por ejemplo, la
que se institucionaliza en nuestro país a media­ legislación secundaria no podría restar atribucio­
dos de los años setentas, consiste en la participa­ nes municipales en materia de asentamientos
ción concurrente de los tres órdenes de gobierno. humanos determinadas por el artículo 115 cons­
Como se ha señalado, cuando en 1976 se reforma titucional. Lo anterior, por cierto ha sido corrobo­
la Constitución General de la República en sus rado por el propio poder judicial, mediante la
artículos 27, 73 y 115, para establecer las bases a tesis jurisprudencial que a continuación se cita:
las que se sujetará la regulación de la ordenación
FaCultadES ConCurrEntES EN EL SISTE­
de los asentamientos humanos, el segundo de los MA JURÍDICO MEXICANO. SUS CARACTERÍS­
preceptos citados en su fracción XXIX­C, establece TICAS GENERALES. Si bien es cierto que el artí­
culo 124 de la Constitución Política de los Estados
la facultad del Congreso de la Unión para “expedir Unidos Mexicanos establece que: “Las facultades
leyes que establezcan la concurrencia del Gobier­ que no están expresamente concedidas por esta
Constitución a los funcionarios federales, se entien­
no Federal, de los Estados y de los Municipios, den reservadas a los Estados.”, también lo es que
el Órgano Reformador de la Constitución determi­
en el ámbito de sus respectivas competencias, en
nó, en diversos preceptos, la posibilidad de que
materia de asentamientos humanos, con el objeto el Congreso de la Unión fijara un reparto de com­
petencias, denominado “facultades concurrentes”,
de cumplir los fines previstos en el párrafo ter­ entre la Federación, las entidades federativas y
cero del artículo 27 de esta Constitución.” los Municipios e, inclusive, el Distrito Federal, en
ciertas materias, como son: la educativa (artículos
En este caso, al igual que en otras materias 3o., fracción VIII y 73, fracción XXV), la de salubri­
como salud, educación y medio ambiente en dad (artículos 4o., párrafo tercero y 73, fracción XVI),
la de asentamientos humanos (artículos 27, párrafo
donde también el texto constitucional utiliza tercero y 73, fracción XXIX­C), la de seguridad
pública (artículo 73, fracción XXIII), la ambiental
esa “fórmula” de distribución de competencias, (artículo 73, fracción XXIX­G), la de protección
es necesario determinar el alcance de esa atribu­ civil (artículo 73, fracción XXIX­I) y la deportiva
(artículo 73, fracción XXIX­J). Esto es, en el sistema
ción del órgano legislativo federal, sobre todo jurídico mexicano las facultades concurrentes im­
frente a lo dispuesto en el artículo 124 del propio plican que las entidades federativas, incluso el
Distrito Federal, los Municipios y la Federación,
texto constitucional, que regula la distribución puedan actuar respecto de una misma materia, pero
de competencias entre el gobierno federal y los será el Congreso de la Unión el que determine la
forma y los términos de la participación de dichos
gobiernos locales. entes a través de una ley general.

23
Díaz y Díaz, Martin, op. cit., p. 149. y Arteaga Nava, Elisur, 1999, Derecho Constitucional, México, Ed. Oxford, p. 392, 393.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

Controversia constitucional 29/2000. Poder Ejecu­ otorga a los gobiernos municipales en el texto
tivo Federal. 15 de noviembre de 2001. Once votos.
Ponente: Sergio Salvador Aguirre Anguiano. Secre­ constitucional desde la reforma municipalista
tario: Pedro Alberto Nava Malagón. de 1983. Pero lo cierto es que la reforma de 1976
El Tribunal Pleno, en su sesión privada celebrada se prevé la necesidad de una gestión urbana
hoy seis de diciembre en curso, aprobó, con el
número 142/2001, la tesis jurisprudencial que ante­ descentralizada. Efectivamente, se adicionan al
cede. México, Distrito Federal, a seis de diciembre
de dos mil uno.
artículo 115 dos fracciones, la IV y V, en donde
se señala que los estados y municipios expedirán
las disposiciones jurídicas necesarias para regu­
En nuestra opinión, a través del régimen
lar y controlar los procesos de urbanización,
de facultades concurrentes el constitucionalis­
conforme a la legislación federal en la materia
mo mexicano ha podido responder a problemas
y se prevé su participación en la planeación y
o fenómenos diversos, cuya atención requiere
regulación de los fenómenos de conurbación.
la participación de los tres órdenes de gobierno,
Es decir, en ese año se incluyen en nuestro texto
bien como una forma de determinar ámbitos
constitucional previsiones que buscan dar una
de actuación especial sin el rigor de la fórmula
mayor participación a los estados y municipios
prevista en el artículo 124 constitucional, o bien
en la gestión urbana.
para propiciar la coordinación obligatoria entre
Sin embargo, la cuestión se profundizaría
aquellos. El texto vigente de la constitución se
en 1983, cuando se reforma nuevamente el artí­
refiere a la concurrencia de facultades en el sen­
culo 115 constitucional para fortalecer el régimen
tido a que nos hemos venido refiriendo, en mate­
municipal. A través de dicha reforma, se otorgan
rias tales como salud, protección ambiental, edu­
a los municipios facultades fundamentales en
cación, deporte, turismo, pesca y acuacultura y,
materia de asentamientos humanos. La fracción
por supuesto, en asentamientos humanos.
V del precepto le concede, entre otros asuntos,
La expresión legislativa de este tipo de
facultades para “formular, aprobar y administrar
facultades son las leyes generales o leyes marco
la zonificación y los planes de desarrollo urbano
que emite el Congreso de la Unión y mediante
municipal, ...controlar y vigilar la utilización del
las cuales se distribuyen competencias entre los
suelo en sus jurisdicciones territoriales, ... otorgar
gobiernos federal, de las entidades federativas y
licencias y permisos para construcciones,...”, de
de los municipios; se establecen principios, crite­
acuerdo con lo que establezca la legislación fede­
rios y lineamientos que deberán observar las auto­
ral en la materia. Posteriormente, en 1999, se re­
ridades de todos los niveles, en particular destaca
forma nuevamente el precepto, ratificándose las
el hecho de que este tipo de leyes generales esta­ facultades municipales establecidas desde 1983.
blecen lineamientos obligatorios para las legis­ El aspecto a destacar en este caso, es que
laturas locales; y además, incluyen disposiciones tanto en la Constitución General de la República,
regulan aspectos específicos a nivel federal. Tal como en la Ley General de Asentamientos Huma­
es el caso, de la Ley General de Asentamientos nos en sus versiones de 1976 (incluyendo sus
Humanos. reformas posteriores a 1983) y de 1993, y en las
Uno de los retos del constitucionalismo leyes locales de desarrollo urbano o similares, las
mexicano es aprovechar la fórmula de las facul­ atribuciones municipales se toman como facul­
tades concurrentes para construir las regulaciones tades exclusivas, que deben ser respetadas y que
que permitirían a los tres órdenes de gobierno no pueden ser ajustadas bajo ninguna circuns­
mejorar la respuesta a fenómenos como el de los tancia. Con ello, se genera un cierto desequilibrio
asentamientos humanos. con los otros órdenes de gobierno, pero funda­
mentalmente con los de las entidades federa­
2.3 El municipalismo y los asentamientos tivas, los cuales quedan marginados de la toma
humanos de decisiones fundamentales para la gestión
Como ya se ha señalado con anterioridad, urbana, como puede ser el establecimiento de la
uno de los rasgos fundamentales de la distribu­ zonificación en los centros de población, la for­
ción de competencias en materia de asentamien­ mulación y aprobación de los programas de desa­
tos humanos es la amplia participación que se rrollo urbano, y el control del uso del suelo,

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

mediante la emisión de permisos y autorizacio­ obliga a dudar de si las relaciones entre el estado
nes de construcción o de fraccionamientos. Esto y el territorio son como las pinta la Constitución.
generó que en diversas entidades federativas, Nos referimos al poder creciente que, tanto por
se emitieran leyes que otorgaban facultades a los medios legales como ilegales, ejercen los ejidos
gobiernos locales, contrarias a las previsiones de y comunidades en los procesos de urbanización,
la propia Constitución Federal y, la mayor de las en el aprovechamiento de ciertos recursos natu­
veces a la propia constitución local, generando rales, en la gestión de servicios públicos y en la
con ello contradicciones normativas específicas.24 toma de decisiones sobre el uso del territorio;
A pesar de las cuestiones que deben ser en una palabra, en el ejercicio de diversas formas
ajustadas conforme a lo anteriormente señalado, de control territorial que, en principio, corres­
puede decirse que tanto en la práctica jurisdi­ ponden al poder público. A pesar de que en
ccional como en los procesos legislativos, el cons­ todos esos temas existen normas constitucionales
titucionalismo mexicano ha generado respuestas que otorgan atribuciones jurídicas a uno o más
a los problemas de distribución de competencias de los tres órdenes de gobierno, los órganos de
en materia de asentamientos humanos, a través estos últimos se ven severamente limitados para
del sistema de facultades concurrentes, así como ejercer dichas atribuciones en virtud del poder
en la corriente municipalista que ha predomi­ que han adquirido los núcleos agrarios en las
nado en las últimas décadas. Como se ha podido últimas décadas. Como veremos a continuación,
observar, el cambio más importante es el abando­ este proceso tiene algunos aspectos positivos y no
no de una interpretación centralista del artículo debe ser satanizado en su totalidad. Sin embargo,
27 constitucional, que no reconocía en los estados desde el punto de vista del constitucionalismo
y municipios atribución alguna para regular la moderno, representa la consolidación de enclaves
propiedad. corporativos que operan bajo una lógica distinta
a (y opuesta de) la representación democrática
3 Bosques, aguas, lotes y servicios que se construye a partir del principio de ciuda­
En los apartados anteriores hemos podido danía. Es por ello que, sostenemos, estamos ante
constatar que el constitucionalismo mexicano ha un problema de orden constitucional.
enfrentado de manera razonablemente satisfac­ En el recuento que sigue nos referiremos
toria dos de los retos que plantea el tema de los a un conjunto de prácticas que, desde una pers­
asentamientos humanos. El texto constitucional, pectiva formalista, podrían verse como simples
la legislación que de él ha derivado, e incluso la desviaciones del orden constitucional; infrac­
práctica judicial, han reconocido el fenómeno y ciones de las normas que en principio podrían
han generado respuestas que parecen sensatas. ser corregidas con la simple aplicación de la ley
En particular, los conflictos de competencias que, por parte de la autoridad competente. Sin em­
al igual que en otros países, surgen como resul­ bargo, tales prácticas están a tal grado institu­
tado de la complejidad creciente de la gestión cionalizadas, que cualquier pretensión de erradi­
urbana, han dado lugar a soluciones legislativas carlas con la ley en la mano traería una grave
y a tesis jurisprudenciales (coherentes con las alteración del orden social. Se trata de un estado
anteriores) que registran con nitidez la naturaleza de cosas que nos hace dudar si el tipo de propie­
de los problemas y ofrecen soluciones claras a dad que ejercen los núcleos agrarios está real­
los mismos. mente sometida al interés público, tal como lo
No obstante, existe una cuestión que nuestro proclama el párrafo tercero del artículo 27.
constitucionalismo no ha sido capaz siquiera de Comencemos con un sumarísimo balance
registrar y que pone en duda no sólo el régimen demográfico y territorial. Poco menos de 30 mil
de la propiedad territorial sino incluso el capí­ núcleos agrarios,25 que agrupan a unos tres millo­
tulo territorial de la Constitución; es decir, nos nes y medio de ejidatarios y comuneros, son

24
Para mayores detalles sobre las características de la legislación local sobre las competencias municipales en materia urbana, véase Azuela,
1999.
25
De los cuales aproximadamente un diez por ciento son comunidades y el resto ejidos.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

propietarios de más de la mitad del territorio a colonos que originalmente habían adquirido
nacional;26 ahí se localiza el ochenta por ciento un pedazo de tierra mediante compraventas rea­
de los bosques, importantes recursos hídricos, lizadas en abierta violación de la legislación
así como la mayor parte de las tierras sobre las agraria. Como es sabido, la regularización consiste
cuales tiene lugar el crecimiento urbano. Para en expropiar los terrenos donde se han formado
desarrollar nuestro argumento nos referiremos asentamientos irregulares (porque las operaciones
a tres cuestiones que están íntimamente ligadas que dieron lugar a ellos se consideran legalmente
entre sí, pero que es preciso analizar por separa­ “inexistentes”), para después expedir títulos a los
do: la expansión de los centros urbanos sobre posesionarios. Entre los muchos problemas que
terrenos ejidales y comunales, la gestión de bienes trae consigo este sistema, baste mencionar uno:
y servicios públicos en los asentamientos rurales los colonos se ven forzados a pagar dos veces por
y el manejo de los recursos naturales en las tierras el mismo terreno para tener donde vivir, a pesar
de los núcleos agrarios. de que el vendedor no les ofrece servicios urba­
Cuando, a mediados de los años setenta, nos de ninguna especie. Esas son las condiciones
se incorporaba el tema de los asentamientos bajo las cuales millones de personas han “ejercido
humanos al texto constitucional, lo que desde su derecho a la vivienda”.28 Si en sus primeros
entonces se denominaba los “asentamientos hu­ quince años de existencia, esto es, entre 1974 y
manos irregulares” parecía ser un mal pasajero. 1990, la Corett tramitó la expropiación de cuatro
Se esperaba que la creación de un sistema de mil quinientas hectáreas por año, entre 1991 y
planes trajera consigo una clara regulación de 2000 ese promedio ascendió a ocho mil seiscien­
los usos del suelo y que gracias a ello la urbaniza­ tas hectáreas (Olivera, 2001). Y nada de esto ha
ción irregular fuera erradicada. Sin embargo, el ocurrido fuera de la ley. Antes y después de la
fenómeno ha resultado ser uno de los rasgos más reforma al régimen agrario de 1992, la regulariza­
distintivos y duraderos de nuestro paisaje urbano. ción de la tenencia de la tierra ha estado regulada
En 1973, se creó el Comité para la Regularización con sumo detalle desde el régimen legal agrario.
de la Tenencia de la Tierra, que al año siguiente Obviamente, ha habido un uso político
fue convertido en Comisión (la Corett). Lo que (no muy acorde con los cánones de la tradición
se presentaba como un programa para resolver constitucional, por cierto) de la regularización
de una vez por todas el problema de la irregulari­ de la tenencia de la tierra. Especialmente a partir
dad urbana se convirtió en la organización más de la administración del presidente Salinas, esa
“exitosa” del Sector Agrario de la Administración función se incorporó a los programas de política
Pública Federal.27 Como hemos sostenido en otra social. En las entregas masivas de escrituras se
parte, (Azuela, 1998) la actuación ininterrumpida representa un ritual en el que los posesionarios
de ese organismo durante décadas, ha traído son convertidos en propietarios por obra y gracia
consigo nada menos que la institucionalización del poder presidencial.29 Esta imagen es refor­
de la urbanización irregular, ya que ha creado zada por el discurso dominante en la burocra­
en quienes hacen operaciones sobre terrenos eji­ cia agraria, que estigmatiza a los colonos como
dales, la certidumbre de que, tarde o temprano, “invasores”, cuando en casi todos los casos han
ellas serán regularizadas. tenido que pagar un precio para tener acceso a un
Para dar una idea de las dimensiones del lote sin servicios.30 A pesar de que, en rigor, quien
asunto, baste con señalar que, desde su creación, la comete un acto ilegal es quien vende la tierra
Corett ha otorgado más de 2.2 millones de escrituras ejidal o comunal,31 el discurso dominante de la

26
Si bien la cifra más comúnmente citada es la del 52 por ciento del territorio nacional, como ha señalado Arturo Warman, si se descuentan las
áreas urbanas y los cuerpos de agua, la proporción de la tierra rural del país que es propiedad de ejidos y comunidades puede llegar hasta el 65
por ciento.
27
Corett es la única entidad de ese sector que ha operado con números negros por más de treinta años.
28
Notablemente, este hecho ha sido ignorado en los análisis del derecho a la vivienda elaborados desde el constitucionalismo. Véase, por ejemplo,
Carbonell, 2001.
29
En esas ceremonias los colonos reciben sus escrituras dentro de una carpeta con el escudo nacional y el nombre del Presidente de la
República.
30
La investigación de campo ha demostrado que, en dichos procesos, “ha predominado la venta directa de los ejidatarios como la principal forma
de acceso al suelo de los colonos” (Cruz, 2001, p. 214).
31
En el paradigma liberal del derecho civil, tan desprestigiado por el “derecho social”, el colono es simplemente un adquirente de buena fe. Y si
la cuestión se ve desde los derechos económicos y sociales, él estaría ejerciendo nada menos que el derecho fundamental a la vivienda.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

burocracia agraria hace aparecer al colono como (Cruz, 2001) se llega a la conclusión de que, si
el responsable de la irregularidad; es la ciudad bien es cierto que los núcleos agrarios han actua­
la que “invade al ejido”. Por lo demás, no existen do desde una, nada envidiable, posición de resis­
indicios de que alguna vez se haya emprendido tencia frente a las presiones de la urbanización,
acción penal contra alguna autoridad ejidal por también lo es que, al menos en la zona metropolitana
haber tolerado o permitido la venta de lotes, a de la Ciudad de México, dicha resistencia ha
pesar de que eso era claramente definido como sido exitosa, ya que ha impedido la urbanización
un delito en la Ley Federal de Reforma Agraria, de las tierras más productivas, así como la apli­
vigente hasta 1992. En suma, la modalidad ejidal cación de las sanciones previstas en la ley para
de la propiedad, en las periferias urbanas, no quienes urbanizan irregularmente sus ejidos.
sólo se ha ejercido sin limitación alguna por Este fenómeno ha sido descrito como
parte del poder público, sino que se ha creado una relación de complicidad entre el régimen
un mecanismo administrativo para legitimarla presidencialista y las corporaciones campesinas,
de manera sistemática. en la que el primero obtenía el apoyo político
Es muy probable que el sistema de regulari­ de las segundas a cambio de la tolerancia de las
zación a través de Corett pierda importancia en el ventas ilegales.34 Pero quizá estemos frente a algo
futuro, debido a la desincorporación de las tierras peor. A pesar de que a partir del año 2001 no hay un
del régimen ejidal antes de su urbanización.32 presidente priista en la cúspide de ese “sistema”,
Sin embargo, parece todavía lejano el día en el la urbanización ilegal de los ejidos ha seguido
que los núcleos agrarios dejen de jugar un papel su marcha y las autoridades agrarias siguen ope­
crucial en la incorporación de tierra al desarrollo rando en la lógica del periodo post revoluciona­
urbano. Incluso, en el terreno de la cultura jurí­ rio. Es aún muy temprano para saber si se trata
dica, subsiste todavía entre los funcionarios de de inercias burocráticas que tarde o temprano
los gobiernos locales (por mucho que hayan sido perderán su fuerza, o si existe algo más profundo
electos democráticamente) la creencia de que que mantiene al pacto corporativo, a pesar de
no pueden ejercer actos de autoridad tratándose que el lugar más preciado del sistema político
de tierras ejidales y comunales, ya que estos mexicano ya no lo ocupa el “partido casi único”,
“son de competencia federal”.33 En todo caso, a quien solíamos achacar la responsabilidad de
lo que aquí afirmamos es que, por más de tres dicho pacto.
décadas, una parte muy importante del proceso Ahora bien, si en los procesos de expansión
de urbanización de nuestro país, que como se urbana las tierras de los ejidos van siendo absor­
sabe ha tenido dimensiones sin precedentes y bidas por la ciudad, en los asentamientos rurales
que constituye uno de las grandes transforma­ que no forman parte de áreas urbanas mayores
ciones de la sociedad mexicana, ha estado regido ocurre algo muy diferente. Nos referimos al incre­
más por la lógica corporativa del régimen agrario mento de los bienes y servicios públicos con los
que por la lógica de un gobierno municipal que que cuentan los núcleos agrarios, que han modi­
planea el crecimiento urbano de acuerdo con ficado radicalmente el significado de la propiedad
alguna idea del interés público expresada en ejidal.
planes de desarrollo. Cuando se analizan las condiciones de
El fenómeno de la incorporación de tierra vida de la población en las localidades no urba­
ejidal al desarrollo urbano tiene variaciones regio­ nas, se suele poner el acento en las carencias de
nales importantes y es de una enorme compleji­ servicios, infraestructura y equipamientos que
dad. No obstante, a partir de las investigaciones sus habitantes padecen. Y hay muy buenas razo­
recientes en el campo de la sociología urbana, nes para ello. La medición de la pobreza en el

32
Como se sabe, desde la reforma de 1992 al régimen agrario, los ejidatarios pueden, previa anuencia de la asamblea ejidal, “asumir el pleno
dominio” de sus parcelas y convertirse así en plenos propietarios. Solamente entre 1995 y 2000, se desincorporaron del régimen ejidal unas
cincuenta mil hectáreas de las periferias urbanas.
33
Alumnos de nuestro seminario de Instituciones Territoriales del Posgrado en Estudios Políticos y Sociales de la UNAM, pudieron constatar que
entre funcionarios de la Delegación de Milpa Alta, dicha creencia los llevaba a afirmar que no podían hacer propuestas sobre usos del suelo sin
la anuencia de los comisariados de bienes comunales. A lo largo de más de tres décadas de ejercicio profesional en el campo, hemos podido
constatar que esa creencia es sumamente generalizada.
34
Véase Azuela, 1995a.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

campo descansa en gran medida en ese tipo de No es esta la única transformación que ha traído
indicadores. Y está muy bien que la investigación a la vida rural el proceso de urbanización, pero
social sirva para documentar la indignación que sí es la que está directamente relacionada con
ello produce. Pero esa forma de mirar nos hace nuestro tema, el gobierno de los asentamientos
olvidar que existen una gran cantidad de bienes humanos.
públicos que, a pesar de su insuficiencia, han Los avatares que las comunidades rurales
traído cambios en las relaciones sociales predo­ tienen que pasar para gestionar su reducida dota­
minantes en las comunidades rurales. ción de bienes públicos seguramente parecerán
Estamos hablando de lo que hace tiempo asuntos de muy poca monta para quienes sólo
se conoce como la urbanización del campo, que piensan en los grandes problemas nacionales
no implica la supresión de los modos de vida mediante abstracciones que pasan por alto las
campesinos, pero sí la introducción de una gran relaciones concretas entre sociedad y territorio.
cantidad de elementos simbólicos y materiales Pero si hacemos cuentas, y consideramos el mundo
propios de la vida urbana, que han alterado pro­ rural en su conjunto, es decir, si pensamos que
fundamente la experiencia social en el mundo se trata de poco más de treinta millones de habi­
rural. No emprenderemos aquí el recuento de tantes (esto es, una población parecida a la que
la amplísima literatura que ha dado cuenta de tenía todo el país hace cincuenta años), tenemos
las nuevas formas de la relación entre ciudad y que reconocer que estamos hablando de un acervo
campo.35 Para dar una idea del asunto diremos nada despreciable de bienes públicos. Si, además,
que, en el típico poblado rural donde hace medio tratamos de averiguar cuál es el orden político en
siglo no había más servicio público que el que el que se fundamenta la gestión de esos bienes,
prestaba un maestro rural, a quien frecuentemente nos daremos cuenta de que la autoridad munici­
las familias campesinas tenían que hospedar y pal, es decir la autoridad electa por el conjunto
alimentar con tal de cumplir el anhelo de tener de los residentes de un territorio de acuerdo al
una escuela para sus hijos, hoy en día existe una principio de ciudadanía, prácticamente no tiene
serie de equipamientos que, aunque no satisfagan intervención alguna en esos asuntos. La energía
plenamente las necesidades sociales, han intro­ eléctrica se contrata con la Comisión Federal
ducido en la vida comunitaria nuevos asuntos: de Electricidad; el aprovechamiento del agua
ahora hay unos tubos que llevan agua o electricidad se negocia con la Comisión Nacional del Agua,
a la mayoría de las viviendas, y esos tubos la educación (incluso después de la descentra­
necesitan ampliaciones y mantenimiento, de lo lización) la imparten los estados, no los munici­
cual alguien tiene que ocuparse; el centro de salud pios, los templos se registran en la Secretaría de
donde aparece un médico dos veces por semana Gobernación (si “la comunidad” los autoriza).
implica frecuentes gestiones ante las autoridades ¿Qué otros bienes públicos hay en un poblado
sanitarias; de algún modo hay que decidir cómo rural? Para cualquiera que conozca la vida en los
se distribuye el agua entre los cultivos y el consu­ poblados rurales, es difícil pensar en un servicio
mo humano en el poblado. Particularmente reve­ o alguna actividad (incluyendo la construcción)
lador es el foco de la calle: hay sólo veinte de ellos que controlen las autoridades municipales.
en todo el poblado, pero cuando uno se funde, Cuando esos servicios públicos se miran
lo que ahora llamamos “los vecinos afectados” desde la perspectiva de los ejidatarios y los
experimentan una sensación de inseguridad que comuneros, puede resultar incluso admirable el
no se conocía antes de la llegada de la energía esfuerzo que durante décadas han puesto en ello.
eléctrica. En suma, por los bienes públicos que Pero cuando se mira desde el punto de vista
hay, y por la ausencia de los que no hay, las rela­ del resto de los ciudadanos que viven en esos
ciones sociales en los poblados han adquirido un poblados, lo que se observa es la exclusión de
nuevo significado. Tales relaciones están ahora un sector creciente que, desde la posición del
fuertemente mediadas por esos bienes y servicios. “avecindado”, tiene que aceptar las reglas que

35
El asunto está no sólo en el centro de la teoría sociológica contemporánea (Giddens, 1987) sino incluso en la historia del pensamiento social
sobre la ciudad en México, con Oscar Lewis y Robert Redfield a la cabeza. Sobre el papel de estos últimos autores en el pensamiento sobre la
urbanización, véase la reseña de Rodríguez Kuri, 2003.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

dictan los primeros. Las decisiones se toman demográficos y territoriales han terminado por
en las asambleas de los núcleos agrarios, en las crear precisamente eso. Que un fenómeno tan im­
cuales sólo pueden participar los ejidatarios y portante haya pasado desapercibido seguramente
los comuneros; no importa cuánta “solidaridad” tiene una explicación cultural: la mirada de los
puedan desplegar estos hacia los otros, el hecho constitucionalistas (que parece ver a los actores
es que el acceso a las decisiones está claramente como entes suspendidos en el espacio) suele pasar
diferenciado. Y lo que define esa diferencia es por alto el territorio, mientras la de los agraristas
nada menos que la propiedad de la tierra.36 (que sólo ve el acceso a la tierra) suele pasar por
Así, en la medida en que el crecimiento de alto el carácter de ciudadanos de quienes residen
la población rural sea mayor que el de los “sujetos en el territorio.
agrarios” (ejidatarios y comuneros), se profun­ Hasta aquí nos hemos referido al creciente
diza un tipo de exclusión que no estaba prevista poder que ejercen los núcleos agrarios en dos
en el programa original de la reforma agraria contextos vinculados con el proceso de urbani­
— mucho menos en el del régimen municipal. zación — el control del suelo en las periferias
Esa exclusión no sólo es de carácter social sino de las grandes aglomeraciones y la gestión de
también político, a menos que se piense que los servicios públicos en los poblados rurales.
tomar decisiones sobre los bienes de consumo Hay todavía una tercera cuestión en la cual los
colectivo no es gobernar. Cuando se hace eviden­ núcleos agrarios están siendo cada vez más im­
te que en la mitad del territorio nacional la vida portantes. Se trata del creciente control que ejer­
local está dominada por los núcleos agrarios, cen sobre ciertos recursos naturales, en particular
parece irrelevante que se reforme el artículo 115 los bosques y el agua.
Constitucional para proclamar que el municipio Cuando se analiza de cerca la relación entre
es una entidad de carácter gubernamental,37 así los núcleos agrarios y los recursos forestales,
como parece irrelevante que los habitantes de aparece un asunto verdaderamente sorprendente
esos poblados voten en las elecciones municipa­ del debate público mexicano. Mientras un sector
les, mientras los bienes públicos de los lugares nada despreciable de la opinión pública (el vin­
donde viven estén bajo el control de los dueños culado al neo zapatismo), clama por el “acceso
de la tierra, no de las autoridades que han sido colectivo” de los pueblos indígenas a los recur­
electas por el conjunto de los ciudadanos. sos naturales, como si ellos estuviesen siste­
El hecho es que los constitucionalistas en máticamente excluidos de dichos recursos, al
general, incluyendo a quienes se han interesado mismo tiempo la bibliografía especializada en
en asuntos municipales, no hayan reparado en asuntos forestales presenta a México como un
que la debilidad del municipio no sólo se debe caso ejemplar. De acuerdo con una reciente publi­
a que el poder está concentrado en la instancias cación académica, en un recuento mundial sobre
“de arriba”, sino también porque “hacia abajo”38 la propiedad de los recursos forestales sólo un
los núcleos agrarios se han convertido en un país del mundo (Papua Nueva Guinea) tiene una
cuarto orden de gobierno, en la medida en que ha proporción mayor de dichos recursos en manos
aumentado la población que habita en ellos y los de comunidades indígenas o campesinas (Bray
servicios públicos que ahí se prestan. Seguramente, et al., 2005). En México el ochenta por ciento de
ni la reforma agraria ni el constitucionalismo se los bosques son propiedad de ejidos y comuni­
propusieron jamás crear una democracia censita­ dades. Pero no sólo eso: desde los años ochentas
ria, es decir una que pone a los propietarios por ellos han ido recuperando el control real sobre
encima de los demás ciudadanos; pero los cambios sus bosques, después de décadas en las que

36
En nuestra investigación de campo en treinta ejidos de la región de Los Tuxtlas, en el sur de Veracruz, encontramos un promedio de cuatro
adultos no ejidatarios por cada ejidatario, además encontramos que prácticamente todos los servicios públicos son controlados o gestionados
por los ejidatarios (Azuela, 1995).
37
Ese fue el aspecto más interesante de la reforma de 1999 a dicho precepto. Hasta entonces, la doctrina constitucional sólo reconocía al
municipio el carácter de una entidad administrativa.
38
En el debate sobre el municipio, un politólogo, Nicolás Pineda, es uno de los pocos que han reparado en el modo en que el régimen municipal
de un estado (en su caso, Sonora), ha perdido fuerza por el hecho de que la reforma agraria se condujo desde el Poder Ejecutivo Federal. Parece
obvio que no podría haber sido de otra manera, ya que en casi todo el país las autoridades municipales se mostraban hostiles (o al menos
indiferentes) al reparto agrario, pero es notable que el asunto haya sido objeto de tan escasa atención (Pineda, 2000).

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

habían sido meros testigos de la explotación de Los conflictos que se viven de manera
los mismos por empresas privadas o públicas, al cada vez más frecuente e intensa por el control
amparo de concesiones que el gobierno federal del agua han puesto al descubierto la fragilidad
solía otorgar como si los bosques fuesen propie­ de nuestro arreglo constitucional respecto del
dad nacional.39 Todo parece indicar que puede agua. En el año 2006 se celebró en México el
hacerse un balance positivo de las nuevas expe­ Foro Mundial del Agua y se repitió hasta la sacie­
riencias de aprovechamiento forestal por parte dad un lugar común: en el futuro las guerras
de los núcleos (Merino y Bray, 2004), donde el serán por el agua. Pero cualquiera que haya estado
control que ellos ejercen sobre ciertos recursos atento a la relación entre sociedad y territorio
(el suelo en la periferia suburbana, los servicios en los últimos años podrá atestiguar que la guerra
públicos en los poblados) representa alguna forma por el agua comenzó hace tiempo. El arbitraje
de exclusión social o política. En el caso de los que, desde los años cuarenta, ejerció una buro­
bosques puede decirse que el fortalecimiento de cracia hidráulica centralizada es cada vez menos
la propiedad ejidal y comunal puede traer bene­ viable y los actores que quedan en el centro
ficios tanto para las comunidades como para el del escenario son nada menos que los núcleos
público en general, en la medida en que se haga agrarios. Con cada vez mayor éxito, están recla­
un uso sustentable de los mismos. mando el control del agua; unas veces mediante
Ahora bien, si el nuevo papel de los núcleos movilizaciones de fuertes tonos radicales (muje­
respecto de los bosques puede ser una buena res mazahuas del Estado de México) otras veces
noticia, el mismo proceso puede ser mucho más mediante iniciativas por medio de las cuales
problemático tratándose del agua. Aquí vale la tratan de negociar con las ciudades el pago por
pena mencionar que, a lo largo del siglo veinte, los “servicios ambientales” que ellas prestan por
se dieron dos tendencias contradictorias respecto permitir el paso del agua (Robles y Paré, s/f); unas
del manejo del agua. Por un lado, tanto la legisla­ más mediante la total negativa a permitir que
ción en la materia como la práctica administra­ el agua sea llevada a otras regiones.40
tiva y judicial, tendieron a consolidar la idea de La crisis del agua está, primero que nada,
que el agua (cuando se encuentra en un estado en la cultura jurídica. Nótese que nadie duda de
en el que es más fácil su aprovechamiento: lagos, cuál es el régimen de propiedad de los hidrocar­
corrientes de agua superficiales y mantos acuí­ buros; el debate público puede estar polarizado,
feros) es propiedad nacional. Ese supuesto es pero todos saben cuál es la norma constitucional
la base del poder burocrático de los organismos que hay que cambiar (o que preservar). Ese tipo
del agua (Aboites, 1998). En cambio, las polí­ de consenso social no existe respecto del agua. La
ticas agrarias (y en buena medida también la fórmula constitucional tiene un peso muy débil
legislación agraria) difundieron la idea de que el en el conjunto de percepciones y valores que
agua era parte del reparto agrario. Al menos en la entran en juego. Por ejemplo, pocos aceptarían
experiencia de los campesinos o, para usar una que el Gobierno Federal pase por encima de los
expresión sociológica, en su “mundo de la vida”, campesinos de la cuenca del río Temascaltepec
la propiedad de la tierra estuvo fuertemente aso­ para traer agua a la ciudad de México, por mucho
ciada a la del agua. La primera no sirve de nada que se trate de la sed de millones de personas, la
sin la segunda y viceversa. Aunque por razones inmensa mayoría pobres. Para muchos, los habi­
obvias esto presenta importantes variantes regio­ tantes de la ciudad no tenemos derecho a quitar­
nales, el hecho es que en la cultura campesina la les su agua y ese es un indicio de que carecemos
idea de que el agua es propiedad de la nación puede en nuestra cultura jurídica (constitucional) de
resultar extraña cuando entra en conflicto con la un referente común que nos permita orientarnos
capacidad de los núcleos de disponer de ella. en situaciones de conflicto.

39
La creencia (enteramente falsa) de que los bosques son propiedad de la nación, había sido difundida con éxito por el gremio forestal, que por
mucho tiempo tuvo en sus manos la gestión burocrática de dichos recursos.
40
Es eso lo que ha impedido a la Comisión Nacional del Agua la continuación del proyecto Cutzamala para traer agua a la ciudad de México desde
1997, un acontecimiento de enormes consecuencias, hasta ahora muy bien disimulado.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

Es verdad que la ciudad de México tiene las otras formas de propiedad no implicasen, por
peculiaridades culturales y tecnológicas propias. definición, relaciones sociales. Pero aquí el punto
Pero lo cierto es que la necesidad de distribuir no es desarrollar o defender alguna teoría de la
el agua para satisfacer diferentes necesidades propiedad, sino simplemente constatar que, en el
en diferentes lugares se presenta a todo lo largo constitucionalismo mexicano, se ha consolidado
del territorio nacional. Son muy pocas las comu­ ese esquema triangular como una forma de enten­
nidades que pueden satisfacer sus necesidades der diferentes sectores de la economía.42 El peso
con agua ubicada en su territorio. Incluso las que relativo de cada uno de ellos puede cambiar,
sí podrían hacerlo serán objeto de los reclamos pero formalmente permanecen los tres.
de sus comunidades vecinas. Hoy parece difícil El esquema está muy bien cuando la mirada
imaginar las fórmulas jurídicas que se requerirán sólo registra a los agentes económicos, pero se
para regular el acceso al agua y para procesar los vuelve muy problemático cuando se observa en
conflictos. De lo que sí podemos estar seguros es el territorio. En la medida en que la llamada pro­
que la Constitución ya no nos ofrece la solución. piedad social ocupa un territorio donde hay cada
En el nuevo diseño institucional deberán partici­ vez más bienes de consumo colectivo y donde
par los constitucionalistas; pero antes tendrán que viven cada vez más personas que no son miembros
reconocer esto como un problema constitucional. de los núcleos propietarios de la tierra, el triángulo
Hay muchos otros temas en la agenda de parece francamente imposible. El núcleo agrario
la relación entre los núcleos agrarios y el poder no es simplemente un tercero, ajeno a lo público
público,41 pero creemos que los que hemos seña­ y a lo privado, sino que se coloca en medio, y a
lado son suficientes para justificar la afirmación costa de ambos. Por un lado, esta modalidad de la
de que, tal como está, dicha relación supone un propiedad privada se ejerce excluyendo a muchos
problema constitucional de primer orden. Sin ciudadanos de la gestión de las cosas comunes
tratar de satanizar a los núcleos agrarios, pensamos del lugar donde residen, por el hecho de no ser
que en un sentido muy importante, es preciso parte del núcleo; por el otro, pone límites severos
abrir espacios para la participación de actores al poder público, sobre todo a los municipios, en
externos a los mismos — desde quienes habitan en la medida en que ejerce los poderes que consti­
las tierras sin tener derechos de propiedad, hasta tucionalmente le corresponden a éste.
los ayuntamientos electos democráticamente. Cuando se logra ver de ese modo el tema
Esto necesariamente tendrá que traer consigo una de los asentamientos humanos, es decir, cuando
reducción sustancial del poder que ahora ejercen se observa quién gobierna en los procesos de ocu­
los núcleos agrarios. pación del territorio y sus recursos, la respuesta
del constitucionalismo mexicano sobre este tema
Conclusión: el triángulo imposible resulta mucho menos robusta de lo que pare­
En 1983 se incorporó al artículo 25 cons­ cía en 1976, cuando el tema entró al texto de la
titucional una manera de describir la estructura Constitución. Los procesos que describimos en el
de la economía que había ido ganando terreno último apartado, que quedan fuera de la mirada
en el discurso oficial durante décadas: público, de nuestro constitucionalismo, están lejos de
privado y social es la tríada que forman los sectores ser simples infracciones ocasionales de la norma
que desde entonces “concurren” al desarrollo constitucional; son el modo en el que se ha ido
económico. Obviamente, los núcleos agrarios son, constituyendo una forma emergente de poder social,
por su amplia cobertura territorial y demográfica, que se ejerce de manera cotidiana e instituciona­
los más notables representantes de ese sector lizada. Exclusión social en los asentamientos irre­
social. En ese mismo sentido, hoy en día se les gulares de la periferia urbana, exclusión política
designa con la frase “propiedad social”, como si en el gobierno de los bienes comunes del mundo

41
Aunque sea brevemente, vale la pena mencionar las dificultades de las autoridades locales para cobrar impuesto predial a los núcleos, así como
las de las autoridades ambientales para hacer cumplir la ley en materia forestal y de vida silvestre.
42
Sorprende la manera como el análisis constitucional presenta esa tríada como si siempre hubiese estado ahí. Miguel de la Madrid, por ejemplo,
explica la mencionada reforma (que él mismo impulsó) afirmando que “...la ley fundamental ... establecía, desde sus orígenes, la propiedad
pública, la propiedad privada y la propiedad social....” (De la Madrid, 2004, p. 441) cuando lo cierto es que el constituyente de 1917 no
estableció esa tríada, sino la idea de modalidades a la propiedad privada, tal como vimos en la primera sección.

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Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino

rural y control desproporcionado de recursos viable alguna de las dos señaladas. Reconocer
naturales que, como el agua, deberían ser objeto el problema sería sin duda un paso importante.
de un régimen que permita su justa distribución
y su adecuado aprovechamiento, al margen de referencias
derechos históricos de dudosa legitimidad.
Aboites Aguilar, Luis. 1998. El agua de la nación.
Es verdad que el constitucionalismo ha Una historia política de México (1888­1946). México:
sabido reconocer la gravedad del reto que plan­ CIESAS.
tean las reivindicaciones indígenas a partir del Arteaga Nava, Elisur. 2003. Derecho Constitucional,
surgimiento del neo zapatismo, en particular Oxford University Press, México.
por lo que se refiere a la demanda del “acceso Azuela, Antonio. 1989. La ciudad, la propiedad privada
colectivo” a los recursos naturales por parte de y el derecho. México: El Colegio de México.
los pueblos indígenas (Cossío y Franco, 1999). Azuela, Antonio. 1995. “Ciudadanía y Gestión Urbana
Al menos quienes han sido más sensibles a estas en los Poblados Rurales de Los Tuxtlas”, en Estudios
Sociológicos 39, Vol. XIII, Núm. 39, Septiembre.
nuevas demandas están dispuestos a reconocer
que la reforma constitucional de 2001 en materia Azuela, Antonio. 1995a. “La Propriété, le Logement et le
Droit”, en Les Annales de la Recherche Urbaine 66.
indígena no logró la suficiente legitimidad como
Azuela, Antonio. 1998. “La Regularización de la Tenencia
para pensar que avanzamos en ese terreno; y
de la Tierra y La Institucionalización del Mercado
eso significa que hay una verdadera parálisis Informal de Tierra en México”, en Hiernaux, Daniel
en el proceso constitucional mexicano. Sin em­ y Tomas, François (Comps.) Cambios Económicos y
Periferia Urbana en La Ciudad de México. UAM­IFAL.
bargo, lo que hemos expuesto en este trabajo
sugiere que la situación es en realidad mucho Azuela, Antonio. 1999. “Planeación urbana y reforma
municipal” en Garza, Gustavo y Rodríguez, Fernando
peor. Independientemente de las connotaciones A. (Comps.) Normatividad urbanística de las Principales
específicas de la identidad indígena (cuya impor­ Metrópolis de México. El Colegio de México.
tancia no pretendemos negar pero que no son Baldi, Brunetta. 2003. Stato e territorio. Federalismo
objeto de este trabajo) el reto que representan e decentramento nelle democrazie contemporanee.
Roma: Editori Laterza.
los núcleos agrarios en su conjunto, a través de
las prácticas que hemos descrito, tiene las mismas Bray, David; Merino, Leticia y Barry, Deborah. 2005. The
Community Forests of Mexico. Managing Sustainable
consecuencias prácticas, pero con una cobertura
Landscapes. Austin: Texas University Press.
mucho mayor, tanto en lo geográfico como en lo
Burgoa, Ignacio. 1976. Derecho Constitucional Mexicano,
demográfico, que la reivindicación indígena. Porrúa, México.
Una vez que el constitucionalismo mexi­
Carbonell, Miguel. 2001. La Constitución en serio.
cano haya reconocido estos problemas, tendrá Multiculturalismo, igualdad y derechos sociales.
que enfrentar una serie de dilemas que no pare­ México: Instituto de Investigaciones Jurídicas (UNAM)
cen nada sencillos. El más importante de ellos y Editorial Porrúa.

se refiere al estatuto que, en nuestro orden cons­ Carpizo, Jorge. 1998. Estudios Constitucionales, Porrúa,
México.
titucional, debieran tener los núcleos agrarios.
Una primera opción consistiría en convertirlos en Castañeda, Fernando. 2004. La crisis de la sociología
académica en México. México: UNAM / Miguel Ángel
el cuarto orden de gobierno, pero para que este
Porrúa.
fuese democrático tendría que incorporar a todos
Cebada­Contreras, María del Carmen. 2003. “Los
los habitantes de sus tierras en condiciones de ámbitos locales y sus interacciones: respuestas organi­
igualdad jurídica, es decir, habría que eliminar el zativas a los procesos de cambio sociopolítico en dos
sistema de democracia censitaria que rige en los comunidades rurales guanajuatenses” en Preciado
Coronado, Jaime et al. (Coordinadores) Territorios,
hechos; ni obligarlos ni convencerlos parece cosa actores y poder: Regionalismos emergentes en México.
fácil. La segunda opción consistiría en tratar a los Guadalajara: Universidad de Guadalajara / Universidad
núcleos como simples propietarios privados de Autónoma de Yucatán.

la tierra y los recursos, para someterlos al poder Cossío, José Ramón y Franco, Fernando. 1999. Derechos
y cultura indígenas. El debate jurídico. México: Porrúa.
democrático de los tres órdenes de gobierno, lo que
parece todavía más difícil. Se va a necesitar una Cruz Rodríguez, María Soledad. 2001. Propiedad,
poblamiento y periferia rural en la Zona Metropolitana
gran dosis de imaginación jurídica y política para de la Ciudad de México. México: UAM – Azcapotzalco /
encontrar otras vías, o algún camino para hacer Red Nacional de Investigación Urbana.

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Los asentamientos humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano

De la Madrid, Miguel. 2004. “Comentario” {al artículo Olivera, Guillermo. 2001. “Trayectoria de las reservas
25 constitucional} en Miguel Carbonell (Coordinador) territoriales en México: irregularidad, desarrollo urbano y
Constitución Política de los Estados Unidos Mexicanos administración municipal tras la reforma constitucional
comentada y concordada. México: Instituto de de 1992” en EURE (Santiago de Chile), septiembre, vol.
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Pando. Colección Foro de la Barra Mexicana. México:
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Nelken, David. 2004. “Using the concept of legal culture”
en Australian Journal of Legal Philosophy 29: 1­28. Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):

AZUELA, Antonio; CANCINO, Miguel Ángel. Los asentamientos


humanos y la mirada parcial del constitucionalismo mexicano. Fórum
de Direito Urbano e Ambiental – FDUA, Belo Horizonte, ano 9, n. 54,
p. 119-141, nov./dez. 2010.

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Ley 18.308 – Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo Sostenible

Uruguai

ley 18.308 – ley de ordenamiento territorial y desarrollo Sostenible


Juan Francisco trinchitella
Abogado. Actualmente Encargado de la Cartera Municipal de Tierras para Vivienda de la Intendencia de Montevideo.
Ex Director Nacional de Topografía, y ex miembro del Directorio de Pluna Ente Autónomo. Integrante de la Cátedra de
Arquitectura Legal de la Facultad de Arquitectura Universidad de la República. Miembro del grupo Anuario de Derecho
Administrativo.

Jorge Pedro Álvarez tapie


Abogado. Actualmente Asesor del Departamento de Planificación de la Intendencia de Montevideo. Asesor Jurídico
para el estudio Isabel Viana y Asoc. del trabajo sobre el Anillo Colector Perimetral Vial de Montevideo para el Instituto
Lincoln. Aspirante a Profesor Adjunto de Derecho Privado I y VI de la Facultad de Derecho de la Universidad de la
República. Miembro del grupo Anuario de Derecho Administrativo.

Con la sanción de la Ley de Ordenamiento precisión debido a su deficiente redacción técnica


Territorial y Desarrollo Sostenible, en adelante jurídica que puede conducir a interpretaciones
LOTDS, Ley Nº 18.308 de 18 de junio de 2008 ambiguas y en algunos casos contradictorias; a
y su modificativa, la 18.367 de 10 de octubre de la utilización indistintamente de los conceptos
2008, nuestro país cuenta con un régimen jurídico de fraccionamiento, loteo, reparcelación fusión
especial, ordenado y organizado referente al orde­ y urbanización y además lesiona la autonomía
namiento territorial. departamental al imponerle a los Gobiernos
Con ella se dotó al país de una herramienta Departamentales una determinada planificación
de ordenamiento territorial, como factor coadyu­ y al invadir las competencias legislativas de
vante para el desarrollo económico y social de éstos.
acuerdo con políticas de justicia y equidad, fue En nuestro país, sobre el tema del ordena­
un largo proceso en el quedaron por el camino miento territorial, es poco lo que se ha escrito
dos proyectos de Ley enviados al Parlamento que desde el punto de vista jurídico, más que nada
no fueron aprobados por el mismo. algún artículo puntual o alguna ponencia de
La idea motora que fundamenta e informa seminario.
la Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo La Ley se estructura en ocho títulos a partir
Sostenible es el de “la planificación para el desa­ de los cuales se organiza el conjunto de temas
rrollo ambientalmente sustentable con equidad tratados por la misma. Los títulos I y III, refieren
social a nivel regional y local.” a la materia y las competencias públicas.
Se trata, al decir de sus promotores de Título I Disposiciones Generales del
una ley marco fundacional, que pretende ser el Ordenamiento Territorial
comienzo de una legislación, como una forma de Título II Derechos y Deberes Territoriales
encarar el territorio, no el territorio como objeto Ciudadanos
de ordenación sino como sujeto de desarrollo Título III Instrumentos de Planificación
social, productivo, en el marco de sustentabilidad Territorial
ambiental territorial. Título IV La Planificación para el desarrollo
Si bien su aprobación, fue y sigue siendo Territorial Sostenible
resistida por distintos motivos por parte de algu­ Título V La Actuación y Control en el
nos sectores políticos y sociales, las críticas más Marco del Ordenamiento Terri­
importantes, las ha recibido por parte de una torial
Comisión Interinstitucional creada por el Colegio Título VI Participación Ciudadana en el
de Abogados, la Asociación de Agrimensores Ordenamiento Territorial
y la Asociación de Escribanos, que si bien Título VII Coordinación Interinstitucional
entiende y comparte la necesidad de una herra­ para el Ordenamiento Territorial
mienta como esta, la misma carece de claridad y Título VIII Disposiciones Especiales

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Juan Francisco Trinchitella, Jorge Pedro Álvarez Tapie

El presente estudio de la LOTDS lo abor­ económicos, urbanísticos y ecológicos, a


daremos desde el punto de vista de la materia través de la planificación.
específica, el ámbito de competencia y el derecho b) El establecimiento de criterios para la
propiedad, por entender que son los tres grandes localización de las actividades econó­
ejes fundamentales sobre los que se desarrolla micas y sociales.
dimensión social y política de la misma. c) La identificación y definición de áreas
Siguiendo a la legislación comparada la bajo régimen de Administración especial
ley propone en sus primeros artículos las grandes de protección, por su interés ecológico,
definiciones que enmarcan su materia específica. patrimonial, paisajístico, cultural y de
Se establece el marco regulador general para conservación del medio ambiente y los
el ordenamiento y desarrollo territorial sosteni­ recursos naturales.
ble, definiendo las competencias e instrumentos d) La identificación de zonas de riesgo por
de planificación, participación y actuación en la la existencia de fenómenos naturales o
materia, orientando el proceso de ordenamiento de instalaciones peligrosas para asenta­
del territorio hacia la consecución de objetivos de mientos humanos.
interés nacional y general y a la vez, la previsión e) La definición de equipamiento e infra­
de Instrumentos de ejecución de los planes y de estructuras y de estrategias de consoli­
actuación territorial. dación del sistema de asentamientos
La ley define su objeto, el concepto, fina­ humanos.
lidad y la materia del ordenamiento territorial. f) La previsión de territorio a los fines y
Se incluye, como ha venido ocurriendo soste­ usos previstos en los planes.
nidamente con otros cuerpos normativos, la de­ g) El diseño y adopción de instrumentos y
claración de interés general del ordenamiento procedimientos de gestión que promue­
territorial. van la planificación del territorio.
El artículo 3º establece: “(Concepto y fina­ h) La elaboración e instrumentación de pro­
lidad). – A los efectos de la presente ley, el orde­ gramas, proyectos y actuaciones con in­
namiento territorial es el conjunto de acciones cidencia territorial.
transversales del Estado que tienen por finalidad i) La promoción de estudios para la iden­
mantener y mejorar la calidad de vida de la tificación y análisis de los procesos polí­
población, la integración social en el territorio y ticos, sociales y económicos de los que
el uso y aprovechamiento ambientalmente sus­ derivan las modalidades de ocupación y
tentable y democrático de los recursos naturales ordenamiento del territorio.”
y culturales. A esto se agrega, también en el sentido
El ordenamiento territorial es una función de la posición dominante, “esta actividad de in­
pública que se ejerce a través de un sistema cuestionable naturaleza pública, es declarada
integrado de directrices, programas, planes y actua­ como cometido esencial del Estado”.
ciones de las instituciones del Estado con com­ Se reconocen dos ámbitos principales de
petencia a fin de organizar el uso del territorio. competencia a los efectos de la actividad pública
Para ello, reconoce la concurrencia de vinculada con el ordenamiento territorial, el depar­
competencias e intereses, genera instrumentos tamental y el nacional. Sin perjuicio de ello, en
de promoción y regulación de las actuaciones y las normas que definen los distintos instrumentos
procesos de ocupación, transformación y uso de planificación territorial se prevén las denomi­
del territorio.” nadas “estrategias regionales para la atención
El artículo 4º establece: “(Materia del orde­ concentrada de la gestión planificada y flexible
namiento territorial). – El ordenamiento territo­ de ámbitos mayores que la jurisdicción Departa­
rial y desarrollo sostenible comprende: mental, con participación y apoyo del gobierno
a) La definición de estrategias de desarro­ nacional. Se prevé, también, un instrumento de
llo sostenible, uso y manejo del terri­ carácter local para el ordenamiento territorial de
torio en función de objetivos sociales, microrregiones compartidas entre departamentos

artigos 144 Fórum de Dir. Urbano e Ambiental - FDUA, Belo Horizonte, ano 9, n. 54, p. 143-148, nov./dez. 2010

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Ley 18.308 – Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo Sostenible

Se define, siguiendo a la legislación compa­ Son suficientemente claras, a este respecto,


rada, para el sistema que se conforma por el las normas contenidas en los artículos 14, 23 y
conjunto de instrumentos de ordenamiento y 30 de la Ley.
desarrollo territorial un esquema abierto, flexible, El primero de los artículos señala: “(Compe­
sin excesos de jerarquización de los mismos, y tencias departamentales de ordenamiento terri­
sin obligatoriedad en la prelación temporal, ni torial). – Los Gobiernos Departamentales tendrán
en los plazos de implementación. la competencia para la categorizar el suelo, así
Si bien en el art. 3, se reconoce la concurren­ como para establecer y aplicar regulaciones terri­
cia de las competencias en el territorio, tanto del toriales sobre usos, fraccionamientos, urbaniza­
Estado como de los Departamentos, se plantea ción, edificación, demolición, conservación, pro­
la armonización por la vía de la afirmación de tección del suelo y policía territorial en todo el
las jurisdicciones departamentales en la materia territorio departamental mediante la elaboración,
y circunscribiendo la actuación del Poder Ejecu­ aprobación e implementación de los instrumen­
tivo en la formulación de directrices nacionales tos establecidos por esta ley, en el marco de la
que aseguren la integralidad del territorio. legislación vigente.”
Por su parte, el art. 5 inciso 2, prevé entre Por su parte el art. 24 expresa “(Elaboración
los principios rectores del ordenamiento terri­ de los instrumentos de ámbito departamental).
torial y desarrollo sostenible a la coordinación – Corresponde a la Intendencia la iniciativa para
y cooperación, principio que se traduce en el la elaboración de los instrumentos del ámbito
deber reciproco de todos los actores públicos de departamental y serán aprobados por la Junta
coordinar y cooperar en la materia. Departamental en las condiciones que determi­
En tanto el inciso.3 del mismo artículo, na la presente ley. El Poder Ejecutivo y los entes
consagra el principio rector de la descentraliza­ y servicios públicos prestarán su colaboración
ción en la actividad de ordenamiento territorial y facilitarán los documentos e información
de aplicación para la soluciones de las controver­ necesarios.”
sias originadas en los conflictos de competencias En tanto, el art. 31 señala: “(Categoriza­
sobre la materia. Al decir de Sebastián Olmedo, ción de suelo en el territorio). – La competencia
consultor en la formulación del proyecto de exclusiva del Gobierno Departamental para la
ley: El principio rector de la descentralización, categorización de suelo en el territorio del depar­
“se manifiesta en la preferencia de la adopción tamento se ejercerá mediante los instrumentos
de las decisiones territoriales por aquellas ins­ de ordenamiento territorial en su ámbito.”
tancias más cercanas al ciudadano (principio de Los instrumentos del ámbito nacional
descentralización – subsidiariedad)”. o de competencia del Gobierno central son: a)
Se dota a los Gobiernos Departamentales las Directrices Nacionales, y b) los Programas
de instrumentos para la planificación y promueve Nacionales.
la construcción de mecanismos institucionales Los instrumentos de ámbito regional o
que las Intendencias podrán emplear para pro­ de competencia concertada entre el Gobierno
mover el desarrollo de sus departamentos, micro­ central y los Gobiernos Departamentales, son: las
rregiones y localidades y el establecimiento de Estrategias Regionales
alianzas regionales. Los instrumentos del ámbito departamen­
Los Gobiernos Departamentales, con la tal o de competencia de los Gobiernos Departa­
nueva ley se ubican en el centro del sistema de mentales son: a) Directrices Departamentales, b)
planificación que se crea. Los Gobiernos Depar­ Ordenanzas Departamentales, c) Planes Locales.
tamentales serán las responsables de la exis­ Se agregan a los instrumentos anteriores
tencia de planes de ordenamiento para el desa­ otros definidos como complementarios o suple­
rrollo sostenible. El Gobierno central asume la torios, según el artículo 20 de la ley, incluyéndose
responsabilidad en la definición de las grandes entre otros: a) Planes Parciales, b) Planes Secto­
directrices de la política de ordenamiento para el riales, c) Programas de Actuación Integrada, y
territorio nacional. d) los Inventarios, Catálogos.

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Juan Francisco Trinchitella, Jorge Pedro Álvarez Tapie

Muchas cosas se han dicho y escrito sobre con libre participación; la división de poderes,
la propiedad privada, con opiniones antagónicas legislativo, ejecutivo y judicial; c) fiscalización
y extremistas la gran mayoría. El espectro, de de la administración por parte del ciudadano
lo más amplio, va de considerarlo un derecho como de los órganos competentes (Poder Judicial);
inviolable a un delito como el robo. d) establecimiento de límites y controles legales
En nuestro ordenamiento jurídico toda vez a todos los poderes; e) protección de derechos y
que toca el tema del derecho de propiedad, se hace libertades fundamentales que constituyen la razón
desde un punto de vista de los derechos y deberes, de ser del Estado de Derecho.
más sobre los primeros que de estos últimos. Tanto el Derecho Urbanístico y el Ordena­
Esto es lógico, ya que, en nuestro orde­ miento Territorial enfatizan una nueva dimensión
namiento jurídico, la propiedad cumple básica­ de la promoción, respeto, defensa y realización
mente una función netamente de satisfacción de de los derechos civiles, políticos, económicos,
fines individuales y no colectivos, contrariamente sociales, culturales y ambientales garantizados
a la de función social que hoy en día predomina en los instrumentos regionales e internacionales
en el derecho comparado, donde el derecho de de derechos humanos. Promueven la justa dis­
propiedad interactúa junto con los demás dere­ tribución de los beneficios y responsabilidades
chos fundamentales. resultantes del proceso de urbanización; el cum­
La LOTDS, avanza sobre ese camino, plimiento de la función social de la ciudad y de
cuando nos habla en su artículo 7 de los deberes la propiedad, (como lo es en el derecho compa­
territoriales, yendo más allá del Plan Montevideo, rado); la distribución de la renta urbana y la
(POT, Decreto 218.242 de 16 de setiembre de democratización del acceso a la tierra y a los
1998), el que en su artículo 14 se refería, se servicios públicos para todos los ciudadanos, es­
podría decir que por primera vez en el derecho pecialmente aquellos con menos recursos eco­
nacional y municipal, a los deberes urbanísticos. nómicos y en situación de vulnerabilidad. El
Lo mismo puede decirse con todo lo relacionado derecho a la vivienda y el derecho a la ciudad
con la equidistribución de cargas y beneficios, forman parte de los Derechos Humanos y del
o a los conceptos de distribuciones de los mayo­ Derecho Urbanístico.
res beneficios y participación en la mayor edifi­ El artículo 32 de nuestra Constitución esta­
cabilidad, todos ellos tenidos en cuenta en el POT blece que: “La propiedad es un derecho inviolable,
de Montevideo. pero sujeto a lo que dispongan las leyes que se
En ella se establece una correspondencia establecieren por razones de interés general.
entre los conceptos de propiedad inmueble rural, Nadie podrá ser privado de su derecho de pro­
suburbana y urbana utilizados por la Constitución piedad sino en los casos de necesidad o utilidad
cuando se refiere a los recursos departamenta­ públicas establecidos por una ley y recibiendo
les con las categorías de suelo, definiéndose e siempre del Tesoro Nacional una justa y previa
incorporándose los mismos al derecho positivo. compensación.... se indemnizará a los propietarios
Ahora bien, habría que preguntarse, hasta por los daños y perjuicios que sufrieren en razón
que punto o en que grado la aprobación de la de la duración del procedimiento expropiatorio,
Ley de Ordenamiento Territorial afecta, lesiona o se consume o no la expropiación”.
limita el derecho de propiedad y si estos es o no Este artículo 32 prohíbe la expropiación
lícito. lisa y llana de la propiedad, pero no la puesta
Los estados modernos están constituidos en funcionamiento de otras medidas para deli­
sobre la base de que el poder del Estado se mitar el contenido de la misma y asegurar así,
somete al imperio de la ley que es producto de la como una especie de “juego limpio”, con res­
soberanía popular y que su razón de ser es: a) la pecto a los pagos de las compensaciones para el
protección y efectiva realización de los derechos caso que se deba expropiar o para evitar la espe­
fundamentales de las personas; b) el imperio de culación o el enriquecimiento injusto por los,
la ley sobre gobernantes y ciudadanos pero siendo en algunos casos, desmedidos aumentos de valor
la ley expresión de la voluntad popular creada generados al incorporarse a la ciudad o por obras

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Ley 18.308 – Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo Sostenible

de infraestructura llevadas a cabo por planes y por incumplimiento de deberes territoriales,


programas de desarrollo económico o de expan­ (art. 63); Derecho de preferencia, (art. 66); policía
sión de la ciudad y asegurar además, el retorno territorial, (art. 68); la creación de un plazo de
a la comunidad de los aumentos de valor gene­ prescripción adquisitiva especial de cinco años a
rados por ella misma. favor de aquellas personas cuyo núcleo familiar
La creación de la Oficina de Planeamiento no supere el nivel de pobreza y posean un predio
y Presupuesto, (OPP), trajo aparejado la posibili­ de determinadas características, (art. 65); son
dad de que al elaborar “Planes y Proyectos de algunas de las referidas.
Desarrollo”, autorizando al Estado a expropiar Todas o por lo menos gran parte de ellas
mediante una justa compensación y de acuerdo a tienen sus antecedentes en la legislación nacional:
las normas del artículo 32 citado, pero ésta, puede a) la expropiación no es un nuevo instru­
no ser “previa”, permitiéndole pagarla en un plazo mento, desde 1912 existe la denominada
de hasta 10 años con determinados requisitos, Ley de Expropiaciones, Ley Nº 3.958,
lo que sería una nueva limitación al derecho la que regula todo el régimen de expro­
de propiedad, en realidad, más que una nueva piaciones, disponiendo en algunos casos
limitación sería una modalidad de la expropia­ el no pago de la justa compensación es­
ción regulada por la ley de 1912. tablecida constitucionalmente para los
El concepto de función social de la propie­ casos del artículo 35 de la misma, que
dad no fue recogido por nuestra Constitución, si son los casos de las calles, caminos y
bien es conocido este concepto desde 1916 a raíz demás vías de comunicación, las que se
de unas conferencias realizadas por Duguit en considerarán cedidos de pleno derecho y
la ciudad de Buenos Aires. sin indemnización alguna; los artículos
Distintos fallos de la Suprema Corte de 62 y 63 de la LOTDS, simplemente de­
Justicia han recogido este concepto y entienden claran la utilidad pública, (requisito para
que el mismo se encuentra incluido en el artículo poder expropiar de acuerdo con la Cons­
32 de la Constitución, interpretando que este titución y la Ley de Expropiaciones), para
artículo tiene un doble alcance, en primer lugar, los casos contemplados en ellos;
al decir que la propiedad si bien es un derecho b) el derecho de preferencia, tampoco es
inviolable, está sometido a lo que dispongan las nuevo en nuestra legislación, ya que
leyes que se establecieren por razones de interés la ley de creación del Instituto de Colo­
general y se reconoce “...lo que la doctrina llama nización lo incorporaba y fue utilizado
la función social de la propiedad”, (sentencia en varias oportunidades por esta perso­
10/90). Si bien la mayoría de la doctrina nacional na pública no estatal en el desarrollo
no comparte dicho criterio, otros, coincidiendo de sus cometidos, el artículo 66 de de
con la Corte tiene unas visión más integradora la LOTDS, lo hace extensivo a las Inten­
de lo individual y lo colectivo. dencias Municipales siempre y cuando
Independientemente de las críticas reali­ no entren en conflicto con el Instituto,
zadas, con las cuales pueden existir o no algunas el cual tiene prioridad, pero no se regla­
coincidencias, en la Ley en estudio, se aprueban menta el ejercicio del mismo y sólo
y/o modifican, junto con varios instrumentos podrá ser aplicado cuando se aprueben
de gestión arriba mencionados, algunas figuras los correspondientes instrumentos de
de derecho ya empleadas, o mejor dicho, ya con­ ordenamiento territorial;
sagradas en nuestro ordenamiento jurídico, todas c) el derecho de superficie, consagrado en el
ellas reguladoras o restrictivas en referencia al Código de Minería, (canon de superficie)
derecho de propiedad. y la Ley Forestal, (Ley Nº 15.695) y que
Efectivamente, el Derecho de superficie, la LOTDS lo incorpora en su artículo 36
(art. 36); la reserva de suelo para viviendas de y que sería una herramienta ideal para,
interés social, (art. 53); expropiaciones, ya sea por ejemplo satisfacer la demanda de
para el cumplimiento de los planes, (art. 62), como vivienda, habría que trabajarlo más desde

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Juan Francisco Trinchitella, Jorge Pedro Álvarez Tapie

el punto de vista legislativo, regularlo y los Departamentos poderes deberes


adecuarlo al Código Civil o de acuerdo que son de obligado ejercicio y no mera­
a lo legislado en la mencionada Ley mente facultativos. También al decla­
forestal, (donde se no solo se reconoce rar de orden público el derecho del
al Derecho de Superficie, sino que se Ordenamiento Territorial y del desarrollo
sientan las bases que lo van a regular), sostenible con lo cual se interviene en
ya que por tratarse de un derecho real forma directa en el proceso de validez
todo lo relacionado a su funcionamiento de ejecución y aplicación del mismo.
debe de ser hecho por ley. Se instituye un sistema normativo que
En lo referente a los instrumentos de integrado por principios e instrumentos
gestión, que la ley denomina complementarios que con capacidad para la creación
o supletorios y las medidas cautelares a que se de normas jurídicas y la dirección de
refiere el artículo 24 de la ley, se podría decir actos jurídicos y operaciones materiales
que tienen, si bien con un alcance más restrin­ que irán desarrollándolo. Se establece
gido, su antecedente inmediato o sus correlativos un amplio margen para la participación
en el mencionado Plan Montevideo. pública incluida la consagración de la
actio populares prevista en el literal c)
Corolario del artículo 6, a través de una amplísi­
Pueden advertirse para el ordenamiento ma legitimación procesal, que asegurará
jurídico nacional consecuencias trascendentes el acceso a la justicia en temas de legis­
provocadas por la nueva ley. lación territorial. Se regulan dimensiones
En opinión del Dr. Ricardo Gorosito: nuevas para el concepto de desarrollo
a) La consolidación de algunos institutos, sostenible que ya estaba consagrado y
instrumentos y principios ya previstos finalmente, se consolida, a nivel legis­
en la legislación anterior. lativo, la función ecológica o ambiental
b) La consolidación y al mismo tiempo de la propiedad, ya presente en el orde­
renovación de desarrollos que viene
namiento constitucional, como dimen­
dándose en el derecho uruguayo desde
sión adicional a la función social de este
los años 80 del siglo pasado, provocado
derecho.
por el cambio de paradigma y de visión
resultante de la irrupción de la pro­
blemática ambiental. Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
c) Innovación, en tanto se define al Ordena­
miento Territorial como cometido esen FRANCISCO TRINCHITELLA, Juan; ÁLVAREZ TAPIE, Jorge Pedro.
Ley 18.308: Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo Sostenible.
cial del Estado con lo cual atribuye Fórum de Direito Urbano e Ambiental – FDUA, Belo Horizonte, ano 9,
a órganos del Estado Central como de n. 54, p. 143-148, nov./dez. 2010.

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Algunos apuntes sobre el nuevo marco legal del ordenamiento territorial vigente en Uruguay

algunos apuntes sobre el nuevo marco legal del ordenamiento territorial vigente
en uruguay
José Sciandro
Ex asesor legal del Programa de Conservación de la Biodiversidad y Desarrollo Sustentable en los Humedales del
Este (PROBIDES, 1998). Profesor invitado de Derecho Ambiental en el Diploma de Gestión Ambiental dictado por el
Centro Latinoamericano de Economía Humana (CLAEH – Instituto Universitario) y Universidad Católica del Uruguay
(UCUDAL, 1999). Profesor invitado de Derecho Ambiental en la Maestría en Ordenamiento Territorial y Desarrollo
Urbano, dictado por la Universidad de la República, Facultad de Arquitectura (2001­2002). Aspirante de Cátedra de
Derecho Ambiental en la Universidad Católica del Uruguay, Facultad de Derecho (2002). Miembro fundador de la
Unión Iberoamericana de Municipalistas (Nº 33) (1991).

Sumario: i Introducción – ii Los grandes temas que generaban diferencias doctrinarias a los que se
dio una respuesta definitiva – iii Antecedentes que fundamentan los principios consagrados por esta
ley – iv A modo de resumen

i introducción ii los grandes temas que generaban diferencias


Desde 1946, cuando se aprobó la ley Nº doctrinarias a los que se dio una respuesta
10.723 y su modificativa la Nº 10.8661 (hace 63 definitiva
años), el tema del ordenamiento territorio no es Ellos son los siguientes:
abordado por nuestros legisladores; ello, sin per­
juicio de alguna norma complementaria referida a) El tema de la jurisdicción y competencia de los
a la necesidad de contar con servicios básicos gobiernos departamentales sobre suelo rural
y de la instauración del Ministerio de Vivienda Nuestros constituyentes utilizaron con muy
Ordenamiento Territorial y Medio Ambiente poco rigor técnico las expresiones “local”, “mu­
(MVOTMA), pero cuya ley de creación2 solo se nicipal” y “departamental”, lo que ha permitido
limitó a otorgarle la competencia sobre la materia. diferentes interpretaciones respecto de los textos
Casi veinte años después se aprueba la ley constitucionales y legales.
Nº 18.3083 que, sin desconocer todos los defectos Actualmente, luego de la última reforma
que pueda tener, llena un importante vacío en constitucional plebiscitada el 8 de diciembre de
nuestra legislación. Si se realiza una comparación 1996, la redacción dada al art. 262 de la Carta,
con el resto del mundo vamos a encontrar muy supera las posibles controversias: “El Gobierno
pocos ejemplos de similar indiferencia. y la Administración de los Departamentos, con
En la búsqueda de una explicación de excepción de los servicios de seguridad pública,
esta situación podemos inferir una muy sencilla: serán ejercidos por una Junta Departamental y un
nuestro país no crece y por ende no necesita Intendente.”
ordenar su territorio. Cuando fui a la escuela (lo Se quito del texto la expresión “Municipal”,
cual representa cerca de cuarenta años) éramos 3 con el propósito evidente de aventar toda duda
millones y medio; hoy somos aproximadamente respecto al alcance territorial de las facultades
los mismos. de gobierno y administración, que ineludiblemente
En una primera lectura de este complejo abarcan a todo el departamento. Ello resulta cohe­
cuerpo normativo nos parece interesante refe­ rente con lo ya dispuesto por el art. 273 de la Carta
rirnos a: I) Los grandes temas de discusión doctri­ que declara la jurisdicción de la Junta Departamen­
naria a los que se dio una respuesta legal y II) tal en “todo el territorio del Departamento”.
Los antecedentes que fundamentan algunos de En 1935 se dictó la Ley Orgánica Municipal
los principios consagrados por la ley. Nº 9.515, que determinó la competencia por

1
El 21 de abril y el 25 de octubre de 1946 respectivamente.
2
Nº 16.112 de 1990.
3
Promulgada el 18 de junio de 2008 y publicada en el Diario Oficial el 30 de junio de 2008.

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José Sciandro

materia de los Gobiernos Departamentales. Si En este marco legal, hasta el presente exis­
bien la ley no refiere en forma genérica a la tía una posición doctrinaria que entiende que
planificación urbana como cometido específico los Gobiernos Departamentales no tienen compe­
de los órganos departamentales, del contexto de tencia para ordenar el suelo rural, en mérito al
sus artículos surge un marco de competencias del sentido literal de los artículos antes mencionados
que puede inferirse, sin dificultad, que dicha acti­ de la Ley Orgánica Municipal. Existe un ante­
vidad le corresponde al Gobierno Departamental. cedente legislativo que avala esta posición; se
En efecto, dentro de los cometidos de las trata del art. 17 de la ley Nº 13.939 promulgada
Juntas Departamentales se comprende: el dictado en fecha 8 de enero de 1971, que establece que
de decretos con fuerza de ley en su jurisdicción la Intendencia de Montevideo ejercerá la com­
(art. 19 numeral 12); el otorgar concesiones de petencias establecidas en el numeral 26 del art.
servicios públicos (art. 19 numeral 17, 18, 19 y 35 de la Ley Nº 9.515, sobre toda clase de edi­
20); la aprobación de las designaciones de bienes ficación en las zonas urbanas, suburbanas y
a expropiarse realizadas por el Intendente (art. 19 rurales. En efecto, se entendió necesario una ley
numeral 259). nacional para atribuirle dicha jurisdicción a la
A su vez al Intendente, le compete: Organi­ Intendencia de Montevideo.
zar y cuidar la vialidad pública (art. 35 numeral Los artículos 1, 14,5 39 y concordantes
25 literales A, B, C, D, E, F, G); dictar reglas para de la nueva ley son muy concluyentes en el sen­
la edificación en los centros urbanos, que implica tido de otorgar jurisdicción y competencia a los
la ordenación de la edificación privada en núcleos Gobiernos Departamentales sobre el suelo rural y
urbanos, así como planes de amanzanamiento sub urbano.
y de edificación, incluida la policía de la misma
hasta los aspectos de su mantenimiento (artículo b) El tema de si los decretos departamentales pueden
35 numeral 26); presentar proyectos de decretos afectar los derechos individuales en el marco de
departamentales para su aprobación ante la Junta su jurisdicción territorial y de su competencia
Departamental (art. 35 numeral 7); planear y Este es una cuestión que hasta el presente
ejecutar las obras viales del departamento (art. generaba controversias. Ello, sin perjuicio de
35, numeral 38, literales A, B, Y C); conservar, que la Suprema Corte de Justicia, en reiterados
cuidar y reglamentar las servidumbres públicas fallos ha sostenido: “Las Juntas por razones de
constituidas en beneficio de los pueblos (art. 35 interés general y en el ejercicio de sus potestades
numeral 16); velar por las playas, paseos y calzadas constitucionales pueden reglamentar, limitando
(art. 35 numeral 21); establecer la policía higiéni­ o suprimiendo, la protección de ciertos derechos
ca y sanitaria de las poblaciones (art. 35 numeral individuales”6 haciendo referencia concreta al
24) y evitar las inundaciones (art. 35 literal 16). art. 7 de la Carta.
La citada ley Nº 10.723 sobre centros pobla­ En este mismo sentido se pronuncia:
dos y sus modificativas atribuyó competencia Casinelli Muñoz (en Derecho Público T.I, pág.
a los Gobiernos Departamentales habilitándolos 110), Sayagués Laso, (en “Proyecto de Ley Orgá­
a autorizar la subdivisión de predios rurales con nica Municipal”, apartado de la Revista de la
destino a la formación directa o indirecta de Facultad de Derecho, año VII, Nº 4, 1957), Prat
centros poblados. Julio (en Derecho Administrativo, T.V, vol.2,
De este modo la llamada la ley contiene pág 82 y ss); Mariano Brito (en Revista Uruguaya
una regulación de carácter general permitiendo de Derecho Constitucional y Político”, mayo
la complementación y reglamentación por cada de 1996, T.XII, Nº 67­72) y Washington Lanziano
Gobierno Departamental.4 (en Estudios de Derecho Administrativo”,

4
Conforme: Prat Julio, Derecho Administrativo, T. V, vol 2, Amalio Fernández, Montevideo, 1984, pág. 79.
5
Artículo 14 (Competencias departamentales de ordenamiento territorial). – Los Gobiernos Departamentales tendrán la competencia para
categorizar el suelo, así como para establecer y aplicar regulaciones territoriales sobre usos, fraccionamientos, urbanización, edificación,
demolición, conservación, protección del suelo y policía territorial, en todo el territorio departamental mediante la elaboración, aprobación e
implementación de los instrumentos establecidos por esta ley, en el marco de la legislación aplicable.
6
Sentencias Nº 270/88, 82/91, 28/92 lugar citado: Martins Daniel Hugo, “El gobierno y la Administración de los Departamentos”, Montevideo,
1999, pág. 73 a 81.

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Algunos apuntes sobre el nuevo marco legal del ordenamiento territorial vigente en Uruguay

Universidad de la República, Montevideo, 1993, realizar estudios referidos a la modificaciones


pág. 401 a 405.). que la actividad humana esta causando en el
Los artículos 357 y 44 de la ley vienen a ambiente. Fueron ellos quines le encargan al
dilucidar definitivamente este punto. MIT la elaboración de modelos matemáticos para
estudiar la capacidad del planeta para soportar
iii antecedentes que fundamentan los princi­ la expansión económica del ser humano.
pios consagrados por esta ley En base a dicha investigación se publicó
El ordenamiento territorial hoy día se un libro llamado Límites del crecimiento (Donella
entiende que: “Es a la vez una disciplina cientí­ Meadows, Jorgen Randers y Dennis Meadows,
fica, una técnica administrativa y una política 1972) que analiza la problemática del creci­
concebida como un enfoque interdisciplinario miento; la idea arrojada sobre la opinión pública
y global, cuyo objetivo es un desarrollo ambien­ era clara: el mundo se queda sin recursos. La
talmente equilibrado de las regiones y la organi­ industrialización y el mercado son herramientas
zación física del espacio según un concepto devastadoras que agotarán la Tierra en pocas gene­
rector”.8 Se concibe que el ordenamiento territo­ raciones. El crecimiento demográfico es insos­
rial es un instrumento de la conservación del tenible. Se impone dejar de crecer y establecer
ambiente; el objetivo es el desarrollo sostenible. nuevas vías de desarrollo respetuosas con el
En este sentido el artículo 4º de la ley medio ambiente. En 2004 se publicó una última
expresa: “(Materia del ordenamiento territorial). versión que es más catastrofista que la primera:
– El ordenamiento territorial y desarrollo sosteni­ Los límites del crecimiento, 30 años después.
ble comprende: Sin perjuicio de que muchas de las predic­
a) La definición de estrategias de desarrollo ciones de los autores citados no se dieron en los
sostenible, uso y manejo del territorio en hechos, hoy nadie duda de que el modelo de
función de objetivos sociales, económicos, crecimiento tradicional no es compatible con la
urbanísticos y ecológicos, a través de la conservación del ambiente; una prueba irrefuta­
planificación...” ble de ello es la inclusión en la agenda política
universal del tema cambio climático.
A continuación analizaremos que alcance Otro hito en esta evolución conceptual fue
conceptual tiene el desarrollo sostenible. el Informe Brundtland;9 se trata del primer in­
tento de eliminar la confrontación entre desa­
a) El ordenamiento territorial y desarrollo sostenible rrollo y sostenibilidad. Fue presentado en 1987
Para entender cabalmente este concepto por la Comisión Mundial Para el Medio Ambiente
debemos remontarnos al año 1970 y ubicarnos y el Desarrollo de la Organización de Naciones
en Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT); Unidas, encabezada por la doctora noruega
en ese momento la Dra. Meadows trabaja junto Gro Harlem Brundtland. Se trabajó analizando
con el Dr Forrester con modelos matemáticos la situación del mundo en ese momento y se
manejados por primera vez por computadoras. A demostró que el camino que la sociedad global
su vez desde al año 1968 un grupo de intelectua­ había tomado estaba destruyendo el ambiente
les de más 30 países que constituyeron en una por un lado y dejando a cada vez más gente en
asociación denominada “Club de Roma” para la pobreza y la vulnerabilidad. El propósito de

7
Artículo 35. (Derechos generales de la propiedad de suelo). – Forman parte del contenido del derecho de propiedad de suelo las facultades
de utilización, disfrute y explotación normales del bien de acuerdo con su situación, características objetivas y destino de conformidad con la
legislación vigente.
Las limitaciones al derecho de propiedad incluidas en las determinaciones de los instrumentos de ordenamiento territorial se consideran
comprendidas en el concepto de interés general declarado en la presente ley y, por remisión a ésta, a la concreción de los mismos que resulte
de los instrumentos de ordenamiento territorial.
El cumplimiento de los deberes vinculados al ordenamiento territorial establecidos por la presente ley es condición para el ejercicio de los
derechos de aprovechamiento urbanístico del inmueble.
El ejercicio del derecho a desarrollar actividades y usos, a modificar, a fraccionar o a construir, por parte de cualquier persona, privada o pública,
física o jurídica, en cualquier parte del territorio, está condicionado a la obtención del acto administrativo de autorización respectivo, salvo la
excepción prevista en el suelo categoría rural productiva. Será condición para el dictado del presente acto administrativo, el cumplimiento de
los deberes territoriales establecidos por la presente ley.
8
Consejo de Europa, 1993.
9
El informe se publicó en español con el nombre Nuestro futuro común, Edit. Alianza Editorial, 1988.

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José Sciandro

este informe fue encontrar medios prácticos para La relación que existe entre pobreza e
revertir los problemas ambientales y de desarro­ ingresos bajos, por un lado, y degradación de las
llo del mundo; para lograrlo, destinaron tres años condiciones sociales, económicas y ambientales,
a audiencias públicas y recibieron más de 500 por el otro, explica que en los países en desarro­
comentarios escritos, que fueron analizados por llo la sostenibilidad signifique: en primer lugar
científicos y políticos provenientes de 21 países resolver estos problemas, y sólo en un segundo
y distintas ideologías. Se concluyó en que debía­ plano hacer frente a otros problemas, como la
mos dejar de ver al desarrollo y al ambiente como contaminación.
si fueran cuestiones separadas. Dicho informe Existe un amplio consenso respecto de
acuño la famosa definición del principio de desa­ que ninguna sostenibilidad puede alcanzarse si
rrollo sostenible ampliamente conocida cuya redac­ no se resuelve el problema de las externalidades
ción originales es en idioma ingles: “Sustainable ambientales y de los desequilibrios sociales, eco­
development is development that meet the needs nómicos y políticos. La incapacidad del mercado
of the present without compromising the ability de internalizar los costos del desarrollo urbano,
of future generations to meet their own needs”. como el uso de los escasos recursos, la conta­
En lo personal compartimos la traducción minación, los riesgos para la salud o la congestión,
que realiza el Profesor Ángel Manuel Moreno junto a su traspaso a los grupos sociales más
Molina:10 “Desarrollo sostenible es el desarrollo débiles y de ingresos más bajos, son dos nudos
que satisface las necesidades del presente (o del fundamentales del desarrollo sostenible. La inca­
hoy, pero no “de las generaciones presentes”) sin pacidad del mercado de hacer pagar de modo
comprometer la capacidad de las generaciones adecuado el uso de los bienes y servicios am­
futuras para satisfacer sus propias necesidades”. bientales “gratuitos”, sean ellos recursos como
En efecto, del informe surge que la finali­ el aire, el agua, o la eliminación de los desechos,
dad es lograr la satisfacción de las necesidades llevó a lo que se denominó “la tragedia de los
básicas del presente (alimentos, agua, vivienda, comunes”12 es decir, a la apropiación para usos
educación, asistencia sanitaria garantizadas para privados de los recursos públicos.
todos en la faz de la tierra) y a su vez asegurar Una real sostenibilidad implica que todos
que las futuras generaciones puedan satisfacer los costos ambientales sean internalizados por
sus propias necesidades, que pueden ser otras los que contaminan y los que utilizan los bienes
diferentes de las actuales.11 ambientales, a través de un adecuado sistema de
Sin perjuicio de ser más que una defini­ precios y de instrumentos financieros, junto con
ción un eslogan del referido informe, se acepta la adopción de medidas concertadas para reducir
pacíficamente esta como la definición universal los desequilibrios sociales y económicos.13
de desarrollo sostenible. Las políticas de desarrollo sostenible tie­
Se pone un claro énfasis en los aspectos nen que asumir el principio de la justicia social
axiológicos del concepto, lo que obliga al intér­ también, porque se necesita una distribución más
prete a remitirse en un todo al informe para poder equitativa de los recursos y de los ingresos para
aprehender adecuadamente el alcance del mismo. satisfacer las necesidades económicas, sociales
El desarrollo sostenible no es un sinónimo y culturales en un marco de sostenibilidad. La
de protección ambiental, sino algo más complejo integración y la estabilidad social no son sólo una
que comprende: la sostenibilidad económica y condición para el desarrollo sostenible, sino que
la social junto con la ambiental. Es más bien un para obtenerlas es necesario que los estratos más
nuevo patrón de desarrollo económico que tiene débiles de la población participen directamente
en cuenta la componente ambiental en el corto, en el proceso de toma de decisiones y su puesta
medio y largo plazo. en marcha.

10
Ver en su obra Urbanismo y medio ambiente, Ed. Universidad Carlos III de Madrid, Valencia 2008, pág. 44-45.
11
Bugge , H. C.: “1987-2007 : Brundtland revisited”, en la obra colectiva: Bugge H, C, y Voigt, Ch. editores, Sustainable development in national
and international law. Edit. Europa Law Publishing 2008, pág. 6 a 9.
12
Hardin, G., Rev. Science, v. 162 , 1968, pág 1243-1248.
13
Burgess, R. Ciudad y sostenibilidad: Desarrollo urbano sostenible, Cuadernos de la CEPAL nº 88, año 2003, pág. 193-214.

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Algunos apuntes sobre el nuevo marco legal del ordenamiento territorial vigente en Uruguay

Sin embargo, no se ha resuelto aún la forma de las Naciones Unidas sobre desarrollo soste­
de mejorar los niveles de vida de las personas sin nible, con capacidad para formular recomenda­
aumentar los consumos y los residuos. En este ciones al Comité Económico y Social de la ONU
caso es necesario aplicar el “principio precauto­ y el Fondo Mundial para la Naturaleza (global
rio” y definir, aplicar y fiscalizar a todos los environment fund, GEF).
niveles, desde el local al nacional, el respeto de En el marco de la cumbre de Río de 1992
los estándares de comportamiento ambiental por se aprobó el Convenio Marco de Diversidad Bio­
las empresas y por los consumidores.14 lógica, que forma parte de nuestro ordenamiento
En consecuencia, resulta menester conso­ jurídico nacional a partir de la aprobación de la
lidar y diversificar la actividad económica aten­ ley Nº 16.408,15 en el cual se consagra una propia
diendo a las tendencias actuales del mercado, y particular definición del principio de desarrollo
pero sin descuidar la necesidad impostergable de sostenible en el marco de la biodiversidad.16
lograr los equilibrios sociales que den sustento a En el art 1º de la Ley General de Protección
los ambientales. del Ambiente17 se dispone:
El principio de desarrollo sostenible alcan­
Declárese de interés general, de conformidad con lo
za su tratamiento internacional más acabado establecido en el artículo 47 de la Constitución de
la República:
y extenso en la Conferencia de Río de Janeiro,
[...] G) La formulación, instrumentación y aplicación
sobre Medio Ambiente y Desarrollo (UNCED), de la política nacional ambiental y de desarrollo
celebrada durante el mes de junio de 1992, que sostenible.

es consagrado por un documento político­diplo­ A los efectos de la presente ley se entiende por
desarrollo sostenible aquel desarrollo que satisface
mático, de carácter no vinculante, denominado las necesidades del presente sin comprometer la
capacidad de generaciones futuras de satisfacer
la “Declaración de Río”. Puede decirse que la sus propias necesidades...
conferencia de Río se centró en el desarrollo
sostenible, puesto que prácticamente todos sus Cuando la ley Nº 18.308 establece como
principios son aspectos, elementos o ingredientes un principio o mandato genérico la necesidad
para conseguir la realización de ese principio de conciliar el desarrollo económico con lo am­
(evaluación ambiental previa como “instrumento biental y lo social para poder obtener sostenibi­
nacional”, derechos de la “ciudadanía ambiental”, lidad esta cumpliendo con el mandato constitu­
consentimiento previo informado, etc.). Entre cional de proteger el ambiente.
todos los principios destaca el 4, a cuyo tenor
“a fin de alcanzar el desarrollo sostenible, la pro­ b) La vinculación del urbanismo con la economía:
tección del medio ambiente deberá constituir recuperación de los mayores valores inmobiliarios
parte integrante del proceso de desarrollo y no generados por el ordenamiento territorial
podrá considerarse en forma aislada”. En este La visión actual del urbanismo tiene su
punto la declaración de Río sigue las directrices génesis a fines del siglo XIX principios del XX
de la Comisión Brundtland, que había apostado con la revolución industrial y su consecuencia:
firmemente por conciliar medio ambiente y eco­ el hacinamiento de los trabajadores industriales
nomía en la toma de decisiones, que es uno de los en las grandes ciudades. Inglaterra se convierte
ingredientes principales del desarrollo sostenible. en el gran escenario en el que se desarrollan los
Como resultado tangible de la conferencia avances en la materia que luego son seguidos y
de Río se acordó igualmente la “Agenda 21”, un complementados en el resto del mundo.
documento de 800 páginas, estructurado interna­ Desde la segunda mitad del siglo XX se había
mente en cuarenta capítulos que tratan diferentes llegado a la lógica conclusión de que es imposible
elementos y perspectivas del desarrollo sosteni­ planificar las ciudades sin tener en cuenta lo que
ble. La agenda 21 también estableció la Comisión ocurre, primero, en su hinterland inmediato y

14
Pearce D. y otros, Blueprint for a green economy, Londres, 1989.
15
Del 27 de agosto de 1993.
16
Vid. art. 2 del Convenio de Diversidad Biológica.
17
Ley Nº 17.283 de 28/11/00.

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José Sciandro

luego en contexto general del país del que forma a) Se exigía un permiso de edificación
parte. La constatación de esta evidencia (que (planning permission) para urbanizar una
nosotros recién resolvimos legislativamente) llevó parte cualquiera del territorio nacional.
a los ingleses a designar sus leyes urbanísticas b) No se abonaba indemnización alguna
desde 1939 como Town and country planning act cuando era denegado el permiso de edi­
incorporando a la regulación del urbanismo los ficación (salvo aquellas obras que, por
espacios rurales y suburbanos sin los cuales no definición, estuvieran dentro del “uso
se puede planificar ni concebir la ciudad. existente” a efectos de compensación): y
El otro gran avance ocurrido en la Gran c) Las “mejoras” iban a parar en parte al
Bretaña tiene como fundamento lo que expresa Estado, mediante la imposición de una
con su famosa elocuencia el político inglés Sir carga a la edificación (development
David Lloyd George: charge) pagadero a un Consejo Central del
suelo antes de dar comienzo a las obras.
El incremento del valor, de modo más especial de La ley fue derogada en el 1953 luego del
los solares urbanos, no es debido a gasto alguno
del capital ni del intelecto por parte del propietario cambio de gobierno ocurrido en 1951, pero actual­
del terreno, sino que es producto únicamente de la mente se han mantenido y ampliado los princi­
energía y la iniciativa de la comunidad... Es sin duda,
uno de los peores males de nuestro actual sistema pios referidos; ello implica que la facultad de
de tenencia del suelo que, en lugar de cosechar el impedir la apropiación de la revalorización toda­
beneficio del empeño común de sus ciudadanos, la
comunidad ha de pagar a los terratenientes siempre vía se conserva en manos de las autoridades
una fuerte sanción por acrecentar el valor de los
públicas.
terrenos.18
En este grado de evolución conceptual
del tema es que nos encontramos con la ley Nº
La cuestión se vincula al cuasicontrato del
18.308, que en los literales e y f del art. 5 y en el
enriquecimiento sin causa que genera la legis­
art. 46 consagra el retorno de las valorizaciones.19
lación urbanística, cuando aprobando normas
habilita un uso más intenso o lucrativo del suelo iv a modo de resumen
urbano concreto, lo que repercute en su mayor Es evidente que la aprobación de la ley
valor. La idea es que parte de ese beneficio vuelva Nº 18.308, llenó un claro vacío legal existente
a la sociedad que lo generó sin intensión de en nuestro ordenamiento jurídico; también es
realizar una liberalidad. evidente que la misma incorporó una serie de
La Ley de Planeamiento Urbano y Rural conceptos novedosos que se han desarrollado a
(Town and Country Planning Act) de 1947 se lo largo de estas últimas décadas en el derecho
inspiró en estas ideas constituyendo el primer comparado, sin mayor rigor técnico y sin tener
enfoque global de los problemas conexos del en cuenta el sustrato constitucional propio de
planeamiento, la indemnización y “mejora”. La nuestro país.
clave consistía en la transferencia efectiva al No podemos dejar de destacar que la
Estado de todos los derechos de edificación del misma puso fin a viejas discusiones doctrinarias
suelo (Development rights). que limitaban a los gobiernos departamentales,
La propiedad estatal de los derechos de cuando estos tenían interés en regular los procesos
edificación tenía tres efectos interconectados: de ordenamiento territorial de sus jurisdicciones.

18
Informe Oficial de 29 de abril de 1909, Vol. IV. columna 532.
19
Artículo 46. (Retorno de las valorizaciones). – Una vez que se aprueben los instrumentos de ordenamiento territorial, la Intendencia Municipal
tendrá derecho, como Administración territorial competente, a participar en el mayor valor inmobiliario que derive para dichos terrenos de las
acciones de ordenamiento territorial, ejecución y actuación, en la proporción mínima que a continuación se establece:
a) En el suelo con el atributo de potencialmente transformable, el 5% (cinco por ciento) de la edificabilidad total atribuida al ámbito.
b) En el suelo urbano, correspondiente a áreas objeto de renovación, consolidación o reordenamiento, el 15% (quince por ciento) de la mayor
edificabilidad autorizada por el nuevo ordenamiento en el ámbito.
La participación se materializará mediante la cesión de pleno derecho de inmuebles libres de cargas de cualquier tipo a la Intendencia Municipal
para su inclusión en la cartera de tierras.
Los promotores de la actuación, que manifiesten su interés y compromiso por edificar los inmuebles que deben ser objeto de cesión de acuerdo
con el instrumento, podrán acordar con la Intendencia Municipal la sustitución de dicha cesión por su equivalente en dinero. Dicho importe
será destinado a un fondo de gestión territorial o bien la permuta por otros bienes inmuebles de valor similar.
Si la Intendencia Municipal asume los costos de urbanización le corresponderá además, en compensación, la adjudicación de una edificabilidad
equivalente al valor económico de su inversión.

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Algunos apuntes sobre el nuevo marco legal del ordenamiento territorial vigente en Uruguay

La incorporación del principio de desa­ claro interés en incorporar el derecho urbanístico


rrollo sostenible y sus corolarios: utilizar el orde­ nacional a las tendencias más aceptadas en el
namiento del territorio como un instrumento de derecho comparado.
la conservación del ambiente, vincular la soste­
nibilidad económica y la social junto con la
ambiental, es una pretensión ambiciosa y nada Informação bibliográfica deste texto, conforme a NBR 6023:2002 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
fácil de implementar.
Tampoco es pertinente estigmatizar la SCIANDRO, José. Algunos apuntes sobre el nuevo marco legal
del ordenamiento territorial vigente en Uruguay. Fórum de Direito
intención del legislador que — sin perjuicio de
Urbano e Ambiental – FDUA, Belo Horizonte, ano 9, n. 54,
los evidentes defectos técnicos — demuestra un p. 149-155, nov./dez. 2010.

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Índice
página página

página página

doutrina TRINCHITELLA, Juan Francisco


Ley 18.308 – Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo
autor Sostenible ....................................................................... 143

ALFONSIN, Betânia ZÁPOTOCKÁ DE BALLÓN, Jaroslava


Editorial .............................................................................. 7 (In)operatividad de la función social de la propiedad
urbana. Ensayo sobre la legislación boliviana................. 51
ÁLVAREZ TAPIE, Jorge Pedro
Ley 18.308 – Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo título
Sostenible ....................................................................... 143
Algunos apuntes sobre el nuevo marco legal del ordena­
AZUELA, Antonio miento territorial vigente en Uruguay
Los asentamientos humanos y la mirada parcial del cons­ José Sciandro .................................................................. 149
titucionalismo mexicano ................................................ 119
Editorial
Edésio Fernandes, Betânia Alfonsin .................................. 7
CANCINO, Miguel Ángel
Los asentamientos humanos y la mirada parcial del cons­
El derecho y la política de suelo en América Latina: nuevos
titucionalismo mexicano ................................................ 119
paradigmas y posibilidades de acción
Edésio Fernandes, María Mercedes Maldonado Copello .. 11
FERNANDES, Edésio
Editorial .............................................................................. 7
El paulatino pero insuficiente desarrollo del Derecho urbanís­
El derecho y la política de suelo en América Latina: nuevos
tico en Chile: en tránsito de la adolescencia a la madurez
paradigmas y posibilidades de acción ............................. 11
Enrique Rajevic Mosler .................................................... 61
MALDONADO COPELLO, María Mercedes
(In)operatividad de la función social de la propiedad
El derecho y la política de suelo en América Latina: nuevos urbana. Ensayo sobre la legislación boliviana
paradigmas y posibilidades de acción ............................. 11 Jaroslava Zápotocká de Ballón ......................................... 51
Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley
388 de 1997..................................................................... 103 La Agenda Urbana, entre luces y sombras del Bicentenario
Juan Luciano Scatolini ..................................................... 39
PINILLA PINEDA, Juan Felipe
Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones a La norma y la disputa por los usos de la ciudad
partir de la experiencia reciente de Bogotá ..................... 87 Análida Rincón Patiño...................................................... 71

RAJEVIC MOSLER, Enrique Ley 18.308 – Ley de Ordenamiento Territorial y Desarrollo


El paulatino pero insuficiente desarrollo del Derecho Sostenible
urbanístico en Chile: en tránsito de la adolescencia a la Juan Francisco Trinchitella, Jorge Pedro Álvarez Tapie .. 143
madurez ............................................................................ 61
Los asentamientos humanos y la mirada parcial del cons­
RINCÓN PATIÑO, Análida titucionalismo mexicano
La norma y la disputa por los usos de la ciudad ............. 71 Antonio Azuela, Miguel Ángel Cancino ........................ 119

SCATOLINI, Juan Luciano Los avances del derecho urbano colombiano. Reflexiones
La Agenda Urbana, entre luces y sombras del a partir de la experiencia reciente de Bogotá
Bicentenario ...................................................................... 39 Juan Felipe Pinilla Pineda ................................................ 87

SCIANDRO, José Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en


Algunos apuntes sobre el nuevo marco legal del ordena­ América Latina
miento territorial vigente en Uruguay ........................... 149 Sebastian Tedeschi ........................................................... 17

TEDESCHI, Sebastian Revisitar las tensiones en el proceso de aplicación de la ley


Los conflictos urbanos en el territorio y el derecho en 388 de 1997
América Latina ................................................................. 17 María Mercedes Maldonado Copello ............................. 103

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O Fórum de Direito Urbano e Ambiental – de 2009. As citações de textos anteriores ao


FDUA, ISSN 1676­6962, único periódico brasileiro ACORDO devem respeitar a ortografia original.
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Ambiental, com periodicidade bimestral, aborda apresentados de forma completa, contendo: título
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ambiental agrário, gestão de águas, licenciamento doutorado, cargos etc.), resumo do artigo, de até 250
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Esta obra foi composta em fontes Zapf Elliptical 711 BT,
corpo 10, Humnst 777 BT, Humnst Lt corpo 7 e Univers
Condensed, corpo 8/18 e impressa em papel Offset 75 g
(miolo) e Supremo 250 g (capa) pela Gráfica O Lutador,
Belo Horizonte/MG, novembro de 2010.

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