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Rural
Indaial – 2022
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2022
Elaboração:
Prof. Antônio Moreira Barroso Neto
Prof.ª Nathalia Thayna Farias Cavalcanti
N469e
Neto, Antônio Moreira Barroso
Extensão e comunicação rural. / Antônio Moreira Barroso Neto;
Nathalia Thayna Farias Cavalcanti. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.
137 p.; il.
ISBN 978-85-515-0499-4
1. Extensão rural. – Brasil I. Cavalcanti, Nathalia Thayna Farias. II.
Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 630
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Extensão e comunicação
rural. Sabemos a importância do agronegócio para o nosso país, no âmbito da agricultura
patronal ou familiar. Vemos que esse setor é responsável pela geração de riquezas para
o Brasil e, sem dúvida, para cada família que compõe a atividade agropecuária. Nesse
contexto, levar informações para o campo de forma assertiva é papel fundamental do
técnico, sendo ele o facilitador do processo de aprendizagem no campo. Dessa forma,
a extensão rural é o elo entre a pesquisa científica e o agricultor. Nesse processo –
por vivermos em uma sociedade da informação, em meio a constantes mudanças e
avanços na ciência e tecnologia –, a comunicação ocupa um espaço de crescimento
contínuo e ajuda a disseminar a informação, pelo uso de ferramentas que auxiliam no
processo participativo de mudança no campo.
Bons estudos!
GIO
Você lembra dos UNIs?
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................87
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................133
UNIDADE 1 -
COMUNICAÇÃO, CAPACITAÇÃO
E MOBILIZAÇÃO NO
DESENVOLVIMENTO RURAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO E EXTENSÃO
RURAL NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
1 INTRODUÇÃO
3
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA REALIDADE RURAL
BRASILEIRA
A fim de compreendermos a importância da extensão rural e do processo de comu-
nicação para mudanças no campo, precisamos entender o cenário do meio rural brasileiro.
De acordo com dados do Censo demográfico de 2010 (IBGE, 2010, [s. p.]), a maior
parte da população brasileira, 84,36%, vive em áreas urbanas. Já 15,64% dos brasileiros vivem
em áreas rurais; as regiões com maiores percentagens de pessoas habitando a zona rural são
a Região Nordeste (26,87%) e a Região Norte (26,47%), como apresentado na Tabela 1.
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DICA
Que tal conhecer de forma mais aprofundada todos os problemas que
permeiam o êxodo rural no Brasil? Ao estudar a importância da extensão
rural no cenário do agronegócio brasileiro é interessante sabermos quais
motivos contribuem para o êxodo rural. Alguns questionamentos precisam
ser respondidos. Qual é o efeito da concentração da produção no êxodo
rural? Qual é a influência do êxodo no crescimento das cidades? Para isso,
recomendamos o artigo da Revista de Política Agrícola intitulado “Êxodo e sua
Contribuição à Urbanização de 1950 a 2010”: https://bit.ly/3D8Eilr.
Segundo Alves, Souza e Marra (2011), a contribuição do êxodo rural foi expressiva
de 1960 a 1980. No entanto, nos anos de 2000 a 2010, foi responsável por apenas 3,5%
de toda a urbanização. Uma das principais causas apontadas para o êxodo rural é a
concentração de produção. Em torno de 9,7% do total dos estabelecimentos contribuiu
com 86,4% do valor bruto da produção. E 70,7% de todos os estabelecimentos foram
responsáveis por apenas 3,4% daquele valor. Estima-se que 11 milhões de pessoas
vivem em situação de pobreza, de acordo com o IBGE (2010).
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FIGURA 2 – SEXO NA ADMINISTRAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS RURAIS (2017)
Quando nos referimos à idade dos produtores, percebemos que a maior parte
dos produtores estão entre 35 e 64 anos, tanto do sexo masculino como feminino, como
apresentado na Figura 3.
Quanto à renda bruta per capita do meio rural brasileiro, percebemos que
o Brasil é um país de contrastes, apresentando uma renda bruta per capita muito
variada, com concentração de renda nas mãos de poucos produtores que têm
acesso à informação e à tecnologia. Isso pode ser constatado pelas informações de
escolaridade da comunidade rural.
6
NOTA
Você conhece a sigla IBGE? Sabe seu significado? Precisamos conhecê-la
para entender melhor o nosso conteúdo. IBGE é o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, uma instituição pública da administração federal
brasileira criada em 1934 e instalada em 1936 com o nome de Instituto
Nacional de Estatística. Seu fundador e grande incentivador foi o estatístico
Mário Augusto Teixeira de Freitas. O nome atual data de 1938 e a sede do
IBGE está localizada na cidade do Rio de Janeiro.
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técnicas e de novas tecnologias, os resultados econômicos ficam escassos, o que acaba
por competir com os atrativos das zonas urbanas. De acordo com o Censo agropecuário
de 2017, 82,6% dos produtores rurais possuem remuneração menor do que 2,0 salários-
mínimos mensais; 12% entre 2,0 e 5,0 salários e somente 5% conseguem obter renda
superior a 5,0 salários-mínimos mensais (IBGE, 2019).
DICA
Você sabe o que é o Censo Agropecuário? O censo agropecuário é uma
das variedades de censos realizados no Brasil e que, de modo específico,
investiga as informações sobre os estabelecimentos agropecuários brasileiros
e as atividades agropecuárias neles desenvolvidas. O primeiro Censo
Agropecuário foi realizado no ano de 1920, como parte do recenseamento
geral. Na década de 1930, no entanto, o censo não ocorreu devido à
instabilidade política do país. Nas décadas seguintes, até 1970, foi realizado
em intervalos de dez anos, posteriormente sendo realizado em intervalos
de cinco anos. Para saber mais e verificar os resultados do último censo,
recomendamos o site oficial: https://bit.ly/3NflghY.
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FIGURA 5 – DOMICÍLIOS COM ACESSO À INTERNET (2019)
Segundo Peixoto (2008), a extensão ainda pode ter uma definição como
instituição, quando ela desempenha um papel nos estados para o processo de
desenvolvimento de pequenos produtores. Dessa forma, há a referência às instituições
estaduais que prestam o serviço de Ater, instituições, as quais veremos no próximo tópico.
Por último, a extensão rural pode ter uma definição como política pública,
nesse caso, referimo-nos às políticas de extensão rural, traçadas pelos governos (fede-
ral, estaduais ou municipais) ao longo do tempo, que podem ser executadas por institui-
ções públicas e privadas. Essa definição será apresentada no subtópico adiante sobre a
Política Nacional de Assistência Técnica.
NOTA
Você conhece a diferença entre extensão rural e assistência técnica? Nos
últimos anos, a sigla Ater – Assistência Técnica e Extensão Rural – vem sendo
usada de forma ampla pelas organizações públicas e privadas como um
termo genérico, dando a falsa impressão de que tais noções são sinônimas
e intercambiáveis entre si. De forma muito clara, poder-se-ia dizer que o
trabalho da extensão rural suplanta os limites da assistência técnica. Assim,
enquanto a assistência técnica se volta a questões de ordem prática, como
oferecer soluções e orientações pontuais, restritas à esfera tecnológica
do estabelecimento rural, a extensão rural contempla objetivos de caráter
social, espacial, ambiental e de longo prazo (CALDAS; ANJOS, 2021).
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tecnologia? A quem serve essa nova tecnologia? Como ela será disponibilizada? Quais
são os benefícios? Será que a nova tecnologia é melhor que a situação atual? Há uma
comunicação entre o produtor e o portador da nova tecnologia? Esses questionamentos
são norteadores no processo de comunicação e extensão rural, pois darão uma visão
ao futuro extensionista sobre como se comunicar com o produtor para que haja um
intercâmbio de mão dupla entre os agentes da comunicação.
O principal instrumento legal que descreve a base para uma política agrícola no
país é a Constituição de 1988 (BRASIL, 1988). Por meio dela é estabelecido que a política
agrícola do país será construída de forma participativa entre os diferentes atores do
meio “rural” brasileiro. De acordo com o artigo 187, da Constituição Federal:
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Dessa forma, a Constituição já estabelece como será construída a política
agrícola do país, levando em consideração a assistência técnica e extensão rural como
uma de suas premissas-base. Percebemos, então, que, na Constituição brasileira, a
extensão rural é um fator-chave para o desenvolvimento rural brasileiro.
I – planejamento agrícola;
II – pesquisa agrícola tecnológica;
III – assistência técnica e extensão rural;
IV – proteção do meio ambiente, conservação e recuperação dos
recursos naturais;
V – defesa da agropecuária;
VI – informação agrícola;
VII – produção, comercialização, abastecimento e armazenagem;
VIII – associativismo e cooperativismo;
IX – formação profissional e educação rural;
X – investimentos públicos e privados;
XI – crédito rural;
XII – garantia da atividade agropecuária;
XIII – seguro agrícola;
XIV – tributação e incentivos fiscais;
XV – irrigação e drenagem;
XVI – habitação rural;
XVII – eletrificação rural;
XVIII – mecanização agrícola;
XIX – crédito fundiário (BRASIL, 1991, grifo nosso).
IMPORTANTE
A Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, institui a Política Nacional de
Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), estabelecendo os princípios
e objetivos dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) além
de criar o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na
Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (PRONATER).
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A PNATER é um marco na extensão rural brasileira, pois estabelece as
finalidades e ações de Assistência Técnica (Ater). A PNATER embasa sua finalidade na
construção de processos capazes de contribuir para criação e execução de estratégias
para o desenvolvimento sustentável. Seu princípio está centrado na expansão e
no fortalecimento da agricultura familiar, por meio de metodologias educativas e
participativas voltadas para soluções locais, que viabilizam condições para o exercício
da cidadania e melhoria da qualidade de vida.
Para isso, a PNATER deve seguir os seguintes princípios de acordo com a Lei n.
12.188, de 11 de janeiro de 2010, em seu artigo 3º:
NOTA
Na Lei n. 12.188, de 11 de janeiro de 2010, que cria a PNATER, a Assistência
Técnica e Extensão Rural – ATER é definida como um serviço de educação
não formal, de caráter continuado, que promove processos de gestão da
produção, beneficiamento e comercialização das atividades e serviços
agropecuários e não agropecuários, incluindo as atividades agroextrativistas,
florestais e artesanais.
Pela PNATER, houve um processo que vem revigorando a Ater, por meio de
um trabalho em rede, com participação de instituições estaduais de Ater, movimentos
sociais, organizações não governamentais, prefeituras, sindicatos, universidades
e escolas técnicas, com uma visão local dos processos educacionais com efetivo
controle da sociedade beneficiária. Dessa forma, organismos governamentais e não
governamentais devem trabalhar de forma conjunta para o estabelecimento de visão
holística do processo, englobando a segurança alimentar, unidades familiares e a busca
por uma visão mais sustentável do desenvolvimento rural.
13
INTERESSANTE
Você sabe o que é a DAP? A Declaração de Aptidão ao Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) é um cadastro utilizado para
identificar e qualificar as Unidades Familiares de Produção Agrária (UFPA) da
agricultura familiar e suas formas associativas organizadas em pessoas jurídicas.
A DAP é um cadastro que permite o acesso do agricultor familiar às políticas
públicas de incentivo à produção e à geração de renda. O documento consta
de dados pessoais do proprietário ou posseiro da terra, além de produtivos
do imóvel rural e da renda da família. A DAP é um instrumento que permite
ao agriculto acessar uma linha de crédito do Pronaf, auxiliando no custeio ou
investimento de um empreendimento de cunho familiar (DECLARAÇÃO, 2019).
Assim, a PNATER se estabelece como uma “ponte” entre uma matriz tecnológica
e um novo processo para o desenvolvimento de estilos de agricultura mais sustentáveis,
buscando uma transição progressiva para processos ecologicamente mais equilibrados
com as relações naturais. Nesse sistema mais sustentável, busca-se um investimento
sério e comprometido com a pesquisa, uma vez que o conhecimento deve ser mais
dinamizado nos processos mais sustentáveis de produção. Esse processo relaciona-se
com o resgate dos conhecimentos populares para uma inserção e aplicação de técnicas
que pensem o local (WAGNER; SANTOS; VELA, 2011).
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A redução da população rural no Brasil se deu historicamente a partir das décadas de 1970
e 1980 com o intenso processo de êxodo rural. Entre os principais motivos que levaram
à redução da população rural está a mecanização da produção agrícola que expulsou
trabalhadores do campo para as cidades em busca de oportunidades de trabalho.
• A extensão rural pode ser compreendida como processo – ato de estender, levar ou
transmitir conhecimentos de uma fonte geradora ao receptor final, o público rural;
como instituição – quando desempenha um papel nos estados para o processo de
desenvolvimento de pequenos produtores –; e, como política pública – isto é, as
políticas de extensão rural traçadas pelos governos (federal, estaduais ou municipais).
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AUTOATIVIDADE
1 Segundo dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2010), a partir de 1970 observou-se um grande movimento migratório das populações
da zona rural em direção aos centros urbanos. Sobre as razões desse êxodo rural tão
elevado, assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (Brasil). Sinopse do Censo Demo-
gráfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3qy1VPw. Acesso em: 18 dez. 2021.
a) ( ) Condições como incentivo à migração por parte dos governantes dos grandes
centros urbanos.
b) ( ) Condições de infraestrutura, como estradas, comunicação, saúde e educação.
c) ( ) Características relativas ao solo, relevo, clima, intensidade de chuvas e
temperatura da região.
d) ( ) Condições de produção, como alta produtividade, mão de obra barata e acessível
e boa gestão técnica.
I- A extensão rural pode ser definida como organização, uma vez que há diversas
atividades realizadas por instituições federais como a Ater.
II- A extensão rural significa instituição e pode ser definida como o ato de intervenção
público como meio de redistribuição de renda.
III- A extensão rural, como processo, significa, em sentido literal, o ato de estender, levar
ou transmitir conhecimentos da fonte geradora ao receptor final, o público rural.
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( ) Adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar
e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão
da política pública.
( ) Assessorar as diversas fases das atividades econômicas, a gestão de negócios,
sua organização, produção, inserção no mercado e abastecimento, observando as
peculiaridades das diferentes cadeias produtivas.
( ) Desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização adequada dos
recursos naturais e com a preservação do meio ambiente.
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
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UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
ORIGEM DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Como vimos no tópico anterior, a extensão rural é a base para o desenvolvimento
do meio rural. A Constituição de 1988 definiu que a extensão rural deve ser levada em
consideração na construção da política agrícola do Brasil.
Nos últimos anos, o meio rural brasileiro foi marcado por grandes mudanças e trans-
formações, pois o produtor teve que se adequar em curto espaço de tempo a uma nova rea-
lidade, na qual a agricultura de subsistência deu lugar a uma agricultura tecnificada e conec-
tada com as metodologias de gestão. Dessa forma, o conhecimento se tornou uma “arma”
fundamental para a continuidade da atividade agropecuária em seu pleno desenvolvimento.
Assim, alguns questionamentos norteadores serão feitos neste tópico para uma
melhor compreensão do estado atual da comunicação rural. Quais foram os precursores
dessa comunicação no meio rural? Como ela foi estabelecida? Qual era e é sua finalidade?
Como as relações entre difusor e receptor se estabelecem?
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2 COMUNICAÇÃO RURAL NO BRASIL: HISTÓRIA E
DESENVOLVIMENTO
Em uma perspectiva ampla, a comunicação pode ser vista como intercâmbio de
mensagens para superar barreiras, por meio de uma influência mútua que supere contradições
presentes na estrutura social. Dessa forma, a comunicação é o elo e, quando bem utilizada,
poderá proporcionar mudanças no contexto social, levando ao desenvolvimento.
Tendo em vista sua importância, como a comunicação rural chegou ao Brasil? Como
se fez como processo para o desenvolvimento rural? Quais são as fases da comunicação rural?
A primeira fase da comunicação rural está situada entre 1948 e 1962 e se caracteriza
como a fase do humanismo assistencialista. No Brasil, esse modelo ganha proporções
a partir da década de 1950, ocorrendo simultaneamente com a origem da prática da
extensão rural. O principal objetivo era difundir pacotes tecnológicos que pudessem
levar à modernização das áreas rurais. O tripé norteador foi pesquisa, ensino e extensão.
O modelo foi adaptado pelo Sistema Brasileiro de Extensão Rural para incrementar a
produtividade agrícola e, como consequência, proporcionar melhor qualidade de vida às
comunidades e às famílias pobres, por meio de estratégias puramente assistencialistas.
20
Nesse período, surge a metodologia pedagógica para extensão rural proposta
pelo professor Seaman Knapp, o pai da metodologia de extensão na América do Norte.
Nesta metodologia, o agente de extensão rural tinha a missão de ajudar os agricultores e
ajudar a si próprio. Segundo ele, isso se concretizava no princípio de que o homem pode
duvidar do que ouve, pode duvidar do que vê, só não pode duvidar do que faz. Assim,
origina-se o princípio pedagógico do “aprender a fazer, fazendo”. Dessa forma, sempre
é recomendável usar técnicas de demonstração de métodos ou resultados quando se
pretende introduzir uma tecnologia. Não basta ao técnico conhecer as tecnologias se
não souber como “repassá-las” para os produtores.
INTERESSANTE
Você sabe o que é comunicação dialógica e difusionista? A comunicação dialógica é uma
interação em que cada pessoa envolvida desempenha o papel de locutor e ouvinte. Em outras
palavras, é uma comunicação onde todos têm a chance de se expressar. A compreensão
mútua e a empatia são marcas da comunicação dialógica. Existe uma profunda preocupação e
respeito pelo outro e pela relação entre eles nesse tipo de comunicação.
A comunicação difusionista vem do termo difusionismo. Esse termo é empregado
para designar várias linhas teórico-metodológicas, de orientação funcionalista,
surgidas nos Estados Unidos. Essa forma de comunicação atende aos diversos
segmentos sociais e às diversas modalidades de comunicação (administrativa,
científica, governamental, mercadológica, social e para transferência de
tecnologia). A comunicação difusionista pode ser agrupada em dois focos de
atuação: a comunicação institucional e a comunicação mercadológica, ambas
exercidas pelos profissionais de comunicação. Essa modalidade de comunicação
tem como objetivo o apoio ao processo de transferência de tecnologias a toda a
cadeia produtiva, coordenado pelos pesquisadores e técnicos (PEREIRA, 2013).
A partir dos anos 1970, outro ponto chegou ao debate em torno da comunicação
rural: começou-se a questionar o caráter unidirecional e persuasivo do modelo
difusionista, colocando-se como alternativa uma comunicação com base no diálogo.
Esse debate se estendeu até a década de 1980, com embates entre os apoiadores da
comunicação difusionista e os da comunicação dialógica. É nesse momento que surge
a fase do humanismo crítico.
21
DICA
Para conhecer mais sobre a história do desenvolvimento da agropecuária
brasileira e como houve a participação da extensão rural nesse
processo, veja a plataforma da Embrapa: https://bit.ly/3qzLnXs. Explore
o desenvolvimento do setor agropecuário brasileiro, sua história e
perspectivas futuras. Além disso, aproveite para conhecer os novos
desafios que o extensionista terá que enfrentar no campo.
22
• Decreto nº. 2.521 de 20/1/1860 – criou o Imperial Instituto de Agricultura Sergipano.
• Decreto nº. 2.607 de 30/6/1860 – criou o Imperial Instituto Fluminense de Agricultura.
INTERESSANTE
Os decretos que estabeleciam a criação dos institutos imperiais tinham como
foco a realização de exposições, concursos e a publicação de periódicos com
os resultados das pesquisas, estratégias essas que são métodos de extensão
e meio de comunicação. Naquela época se estabelecia um serviço de extensão
rural rudimentar, o qual tinha agricultores profissionais como modelo. Como
exemplo, podemos citar o Decreto nº 2.681, de 3 de novembro de 1860:
https://bit.ly/3D9Je9P, que criou Imperial Instituto Fluminense de Agricultura.
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Após a Segunda Guerra Mundial, um novo modelo de extensão se estabelece
aos moldes e influências estadunidenses. O principal marco para extensão rural no Brasil
se inicia em 1948 com a parceria entre o governo do estado de São Paulo (na gestão de
Ademar de Barros) e o então vice-presidente dos Estados Unidos, Nelson Rockefeller,
membro de uma das famílias mais ricas do mundo com influências no campo político,
empresarial, filantrópico e financeiro. O então vice-presidente acabara de fundar a
Associação Internacional Americana (American International Association) destinada a
ajudar o desenvolvimento econômico e social da América Latina. A proposta chegou ao
Brasil pelo estado de São Paulo, com o apoio financeiro para fundar o primeiro Serviço
de Extensão Rural institucional no Brasil, com o objetivo de contribuir para “elevar o nível
de vida das famílias rurais”, mediante o aumento da produtividade agropecuária.
No entanto, a proposta não foi aceita pelo governador Ademar de Barros, tendo
em vista que este não teria o poder de indicar o dirigente do programa de extensão rural
que seria estruturado, cabendo à associação de Nelson Rockefeller indicar o dirigente
que ficaria sob orientação de um nome americano. Por isso, o estado de São Paulo
recusou ser o estado pioneiro de um serviço de extensão rural brasileiro.
1948 ACAR-MG
1954 ANCAR (CE, PE, BA)
1955 ASCAR-RS, ANCAR (RN, PB)
24
1956 ABCAR, ACARESC
1957 ACAR-ES
1958 ACAR-RJ
1959 ACAR-GO, ACARPA
transformação dos programas estaduais da ANCAR em associações
1962
autônomas, a primeira em SE
1963 ANCARS: autonomia de RN, AL, MA E BA
1964 ANCARS: autonomia de PE, PB e CE
1965 ACAR-Pará, ACAR-MT
1966 ANCAR-PI, ACAR-AM
1967 ACAR-DF
1968 ACAR-AC
1971 ACAR-RO
1972 ACAR-RR
1974 ACAR-AP
FONTE: Peixoto (2008, p.19).
25
FIGURA 6 – O SISTEMA DE PESQUISA, ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL
Após a década de 1990, a extensão rural entra na fase de colapso, não havendo
uma estruturação do sistema nacional de assistência técnica por parte do governo federal,
apesar de a Constituição de 1988 colocar a assistência técnica como base para formação
da política agrícola do país. Mesmo com o sucateamento do sistema de Ater público,
em 1994 é criado o Provap (Programa de Valorização da Pequena Propriedade Rural) e
dois anos depois é criado o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar), com objetivo de financiar o custeio e investimento de agricultores familiares.
DICA
Você sabe o que foi a Revolução Verde? A Revolução Verde, coordenada
pelo engenheiro-agrônomo Norman Borlaug, passou a ser muito
difundida depois da II Grande Guerra Mundial (1939-1945). Tratava-
se de um novo pacote tecnológico baseado em mecanização agrícola,
agroquímicos (fertilizantes e defensivos) e sementes melhoradas. Essa
inovação ficou conhecida por melhorar a produção agrícola e aumentar a
produção de alimentos a partir das décadas de 1960 e 1970. Para saber
mais, acesse: https://bit.ly/3usd1GO.
26
Somente nos anos 2000 há um resgate da Ater como política pública, pela
aprovação, em 2004, da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
(PNATER), a qual estabelece que a extensão rural esteja voltada prioritariamente
para agricultores familiares, assentados, quilombolas, pescadores artesanais e povos
indígenas (como vimos no tópico anterior).
27
• Monitorar e avaliar os resultados da aplicação dos projetos de assistência técnica e
extensão rural dos seus prestadores de serviços e conveniados.
• Contribuir para o fortalecimento e ampliação dos serviços de assistência técnica e extensão
rural para o público previsto no artigo 3° do Decreto n. 8.252, de 26 de maio de 2014.
• Articular com os órgãos públicos estaduais de extensão rural a compatibilização,
a atuação em cada unidade da federação, ampliando a cobertura da prestação de
serviços aos agricultores.
DICA
Você conhece a história da ANATER e suas ações? Recomendamos este vídeo:
https://bit.ly/3uomeA2. Além disso, recomendamos o site: https://www.anater.
org/. No site e no vídeo, você conhecerá um pouco sobre as ações da ANATER
e sua história, além de conhecer as principais notícias sobre Ater no Brasil.
DICA
Você conhece a história da Asbraer e os principais dados estatísticos sobre
Ater no Brasil e nos estados? Acesse a plataforma da Asbraer: https://bit.
ly/3Ld3yKo, e se aprofunde sobre a Ater no Brasil e sua atuação.
INTERESSANTE
O termo agronegócio – também chamado de agribusiness ou agrobusi-
ness, foi idealizado por John Davis e Ray Goldberg em 1957. Para eles,
setores que lidam com as atividades relacionadas à agricultura não podem
ser considerados isoladamente, mas devem ser considerados correlacionados
em um sistema econômico, o qual se denominou agronegócio.
Dessa forma, agronegócio seria o conjunto de negócios relacionados à
agricultura, estendendo-se à pecuária, dentro do ponto de vista das relações
econômicas. Assim toda a cadeia produtiva e de suprimentos faz parte desse
sistema que gera valor independentemente do tamanho do produtor.
Portanto, o agronegócio pode ser compreendido como a soma total das
operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações
de produção na unidade de produção, do armazenamento, do processamento
e da distribuição dos produtos agrícolas e dos itens produzidos por meio deles
(DAVIS; GOLDBERG, 1957).
29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
30
AUTOATIVIDADE
1 Segundo Olinger (1996), o desenvolvimento rural e a comunicação estão conectados.
Isso ocorre porque a comunicação é usada pelos agricultores na tomada de decisões
no que diz respeito à produção e à convivência. É também utilizada pelo Estado para
definir suas medidas de política agrária e pelas empresas para basear suas decisões nas
informações sobre necessidade de insumos e equipamentos e de disponibilidade de
produtos para alimentação e agroindústria. De acordo com o modelo de comunicação
sugerido por Bordenave (1983), assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: OLINGER, G. Ascenção e decadência da extensão rural no Brasil. Florianópolis: EPAGRI, 1996.
31
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
32
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO
RURAL
1 INTRODUÇÃO
33
A comunicação rural surge no Brasil no período pós-segunda guerra com uma
concepção baseada na difusão de tecnologias das zonas urbanas até o campo, dentro
da premissa de reconstrução da economia global.
Apesar do grande sucesso nas décadas de 1970 e 1980 na extensão rural brasileira,
a comunicação passou a ser trabalhada sem se compreender a realidade do produtor
rural, não havendo o processo de troca que estabelecesse uma visão compartilhada nas
decisões em busca do desenvolvimento econômico e social. Esse modo de comunicar
foi sendo alterado pelos estudos e críticas que surgiram após a década de 1980, com
um pensamento mais humanista e social do processo de comunicação, auxiliada na
implementação e no sucesso da extensão rural.
34
Mas como a comunicação rural pode auxiliar nesse processo? Quais os principais
problemas?
Rogers (1995) afirma que esse modelo de comunicação se caracteriza pela busca por
difusão de informações sem conhecer os processos que foram estruturantes de determinada
sociedade e compreende quatro aspectos do processo de integração da inovação:
35
Com as novas questões econômicas, sociais e ambientais, a extensão e
a comunicação rural vêm sofrendo mudanças com enfoques fundamentados na
sustentabilidade e na condição social como premissas para o trabalho dos extensionistas.
Dessa forma, a extensão rural vem passando por transformações auxiliadas por
uma visão mais holística do processo e de uma comunicação mais humanista, a qual
permite compreender a necessidade vigente no âmbito da sustentabilidade. Isso leva
a uma reformulação do pensamento e das ações do extensionista e da aplicação das
políticas públicas. Percebamos que o enfoque puramente mercadológico foi deixado de
lado e agora prevalecem os enfoques social e ambiental.
Nessa mudança, a agroecologia ganha espaço como uma nova visão de se pensar
a extensão rural. Assim, a mudança do extensionista passa de um enfoque químico-
mecânico para uma visão de resolução de questões do enfoque socioambiental. Assim,
nasce o enfoque sustentável como uma resposta aos resultados destrutivos do modelo
desenvolvimentista e das tecnologias, implantado depois da Segunda Guerra Mundial.
36
LEITURA
COMPLEMENTAR
O VALOR DA COMUNICAÇÃO NA EXTENSÃO RURAL
37
Agora, afirmo, categoricamente, que a Extensão Rural não deve, nem pode, por
meio da Comunicação Social, seja lá de que modalidade for, manipular o seu público-
alvo, como o fez nos tempos da Ditadura (regime discricionário), quando cumpria
ordens, advindas dos escalões superiores, que empurravam os abomináveis “pacotes
agrícolas”, elaborados em gabinetes refrigerados de Brasília-DF, num total desrespeito
ao agricultor. Esqueciam-se de que, afinal, ele sempre será o sujeito (o correto) do seu
desenvolvimento e não um mero objeto a ser manipulado por uma elite cultural e de
elevado poder político e econômico, que, na época, se julgava com o direito de conduzir
os destinos dos que não faziam (e ainda não fazem) parte da classe dominante no Brasil.
Ante o exposto, mister se faz que a Extensão Rural, além de conhecer e aplicar os
princípios sociológicos, psicológicos, antropológicos e éticos, aplique, também, os princípios
da Comunicação Social, pois o extensionista é, antes de tudo, um Educador informal e não
um mero repassador (despejador) de inovações tecnológicas agropecuárias e gerenciais.
E o extensionista deve estar consciente de que essa Comunicação é uma forte aliada, no
trabalho diário, com as famílias rurais, na busca incessante por melhores condições de vida
para a sofrida gente sertaneja, sobretudo os agricultores de base familiar, ou seja, que têm,
na Agropecuária, a sua principal ocupação, fonte de renda e para a velha lei da sobrevivência.
FONTE: OLIVEIRA, A. J. de. O valor da comunicação na extensão rural. Asbraer, [s. l.], [2017]. Disponível em:
https://bit.ly/3IvTGK1. Acesso em: 4 jan. 2022.
38
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
39
AUTOATIVIDADE
1 A comunicação Rural no Brasil iniciou por volta de 1950, simultaneamente, com a origem
da prática da extensão rural. Teve como objetivo disseminar pacotes que pudessem
levar à modernização, da base tecnológica nas zonas urbanas, até a zona rural,
fundamentando-se no tripé: ensino, pesquisa e extensão. Considerando a difusão de
tecnologias no campo por meio da comunicação rural, assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: LAWANI, S.M. Agricultural documentation and the transfer of scientific information to rural communities. Ed-
ucation and training for Library and Information Services in a predominantly non-literate society with particular ref-
erence to Agricultural and Rural development. FID/ET Technical Meeting, Ibadan, 1981. Anais [...]. Ibadan: FID, 1981.
40
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V - F - F.
b) ( ) V - F - V.
c) ( ) F - V - F.
d) ( ) F - F - V.
41
REFERÊNCIAS
ALVES, E.; SOUZA, G. S.; MARRA, R. Êxodo e sua contribuição à urbanização de 1950 a
2010. Revista de Política Agrícola, [s. l.], v. 20, p. 80-88, 2011.
ALVES, E.; SANTANA, C. A. M.; CONTINI, E. Extensão rural: o seu problema não é
a comunicação. In: VIEIRA FILHO, J. E. R.; GASQUES, J. G. (org.). Agricultura,
transformação produtiva e sustentabilidade. Brasília: IPEA, 2016. v. 1. p. 65-86.
ALVES, M. O.; VALENTE JUNIOR, A. S. Comunicação rural entre três atores nas áreas
de concentração de fruteiras no nordeste brasileiro: o pequeno fruticultor, suas
organizações e a extensão rural. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 2006. Anais […]. Fortaleza, Ceará, 2006
ASBRAER. Indicadores: Rede da Extensão Rural Oficial (2017). Disponível em: http://
www.asbraer.org.br/index.php/ind-23. Acesso em: 21 dez. 2021.
BRASIL. Lei n. 8.171, de 17 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política agrícola. 1991.
Disponível em: https://bit.ly/36Lz82Y. Acesso em: 21 dez. 2021.
CALDAS, N. V.; ANJOS, F. S. dos. Extensão Rural: um manual para alunos de graduação.
Pelotas: UFPel, 2021.
CAMPOS, G. W.; ALMEIDA, A. Extensão Rural: dos livros que a gente lê a realidade que
ninguém vê. Taubaté: Cabral, 2006.
42
CUNHA, G. R. da. et al. Hipótese Borlaug: intensificação versus extensificação da
agricultura. Revista Plantio Direto, [s. l.], set./out. 2010. Disponível em: https://bit.
ly/3usd1GO. Acesso em: 4 jan. 2022.
43
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (Brasil). Sinopse do
Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: https://bit.
ly/3qy1VPw. Acesso em: 18 dez. 2021.
OLIVEIRA, A. J. de. O valor da Comunicação na Extensão Rural. Asbraer, [s. l.], [2017].
Disponível em: https://bit.ly/3IvTGK1. Acesso em: 4 jan. 2022.
ROGERS, E. M. Diffusion of innovations. 4. ed. New York: Free Pess, 1995. p. 518.
44
UNIDADE 2 —
PRINCÍPIOS DA
COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO
DE INOVAÇÕES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
45
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
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46
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
ABORDAGENS TEÓRICAS SOBRE O
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que o processo de comunicação é um elemento necessário para
qualquer relação de transmissão de informação e de busca de conhecimento.
Conceitualmente, a comunicação sempre passou por transformações significativas.
Estabelecida como uma disciplina nos Estados Unidos, durante o período entre guerras
e na Segunda Guerra Mundial, foi originalmente concebida como mais uma ferramenta
de propaganda de guerra, favorecendo a natureza persuasiva, unilinear e arbitrária da
ação de informar, deixando pouco espaço para respostas ou feedback do destinatário.
2 FUNÇÕES DA COMUNICAÇÃO
A comunicação desempenha muitas funções, como informar, conscientizar,
educar, persuadir, motivar, entreter etc., tendo papel importante na disseminação de
informações relacionadas a qualquer forma de atividade humana.
47
A má comunicação é provavelmente a fonte de conflito interpessoal mais
frequentemente citada. A comunicação perfeita ocorreria quando um pensamento
ou ideia fosse transmitido de modo que o receptor percebesse exatamente a mesma
imagem mental percebida pelo emissor. A comunicação perfeita nunca pode ser
alcançada devido a várias razões que discutiremos mais adiante. Neste tópico, vamos
entender as funções da comunicação.
FUNÇÃO OBJETIVO
Informar outras pessoas sobre o que sabemos – fatos,
informações e conhecimento. As informações são
Função informativa compartilhadas para orientar as pessoas sobre os
processos e procedimentos necessários para operar
com eficiência e eficácia.
Instruir as pessoas sobre o que fazer, quando e onde
Função instrutiva
fazer, e por que e como fazer.
Influenciar a opinião de outras pessoas para acreditarem
e aceitarem sua posição ou reivindicação sobre uma
Função persuasiva
questão ou problema; pensando em estratégias sobre
como persuadi-las a mudar perspectivas ou opiniões.
Atrair e direcionar as metas propostas no projeto. No
processo, usamos uma linguagem positiva para fazê-
Função de motivação
los perceber que suas ações os levam a algo benéfico
para o seu ser.
Manter o controle sobre a atitude e o comportamento
Regulamentação/ Controle de outras pessoas, bem como para orientar ou
repreender quando algo foge do que está previsto.
Pautada no acolhimento, ajuda a iniciar, manter, regular
Interação social ou encerrar diálogos na perspectiva positiva. A linguagem
não verbal é mais fortemente utilizada nessa função.
FONTE: Adaptado de Fernandez e Suarez (2016).
48
ambas direções (BERNARDES; BONFIM, 2016). Como já abordado, entre os anos 1970
e 1980, as críticas promulgadas por Freire possibilitaram o questionamento ao modelo
difusionista que surgia pautando a inclusão da comunicação rural como disciplina
nos currículos de faculdades de comunicação no Brasil. A compreensão freireana de
educação é a fundamental fonte inspiradora de experiências de comunicação popular e
alternativa que se ampliaram no meio urbano ligadas a movimentos sociais, sindicais e
a comunidades eclesiais (HILLIG; FROEHLICH 2008).
IMPORTANTE
A função persuasiva foi a mais utilizada na extensão rural no modelo
difusionista. Os extensionistas costumam persuadir os agricultores a
adotarem novas práticas, principalmente, pacotes tecnológicos.
49
A comunicação, na relação técnico/agricultor, pode transformar-se em uma im-
portante ferramenta, uma vez que possibilita o contato direto com as partes envolvidas
e um entendimento melhor das atividades a serem executadas no campo. Isso porque,
a comunicação, por meio de seus métodos de trabalho, impacta no processo de mobi-
lização social dos atores locais do meio rural, possibilitando também o surgimento e o
fortalecimento de conexões entre os participantes e os agentes dos projetos de mobili-
zação e de desenvolvimento rural (LIMA et al., 2014).
3 FORMAS DA COMUNICAÇÃO
Desde a época em que as pessoas ainda viviam em cavernas, a comunicação
tem desempenhado um papel cada vez mais importante para a civilização humana na
construção e desenvolvimento da sociedade. Afinal, permite a troca de ideias entre as
pessoas, o registro de notícias e dados que nos permitem articular nossa trajetória e nos
construir como sujeitos. No entanto, ferramentas e técnicas de comunicação têm sido
reservadas a minorias poderosas e hegemônicas em várias formações sociais ao longo
da história. A conquista desse direito, a compreensão e uso da arte da comunicação
são fruto das lutas da sociedade civil organizada em busca de igualdade, democracia,
liberdade e desenvolvimento econômico e social (SPENILLO, 2006).
50
pode ser constituído pelos mais variados meios e técnicas. O sistema de comunicação
é realizado pelo elemento ao qual a mensagem se refere, que pode corresponder
aos objetos físicos ou aspectos abstratos que compõem a situação ou contexto de
comunicação, que é chamado de elemento de referência. Receber a mensagem não
significa necessariamente entendê-la. Podem ocorrer problemas de comunicação de
qualquer um dos itens acima, por exemplo, as mensagens podem ser recebidas, mas
não compreendidas quando o remetente e o destinatário não têm uma base comum; ou
quando a comunicação é limitada porque há poucos sinais em comum (TELLES, 2010).
Mesquita (1997) destacou que os canais de comunicação não verbal: podem ser
classificados em dois grupos: o primeiro grupo refere-se ao corpo e aos movimentos
humanos e o segundo grupo refere-se ao produto das ações humanas. O primeiro
apresenta diferentes unidades expressivas como rosto, olhar, olfato, linguagem, gestos,
ações e posturas. O segundo também apresenta algumas unidades de expressão
como moda, objetos do cotidiano e arte, até mesmo a organização do espaço: material
(individual e coletivo) e ambiental (doméstico, urbano) e rural.
INTERESSANTE
Vários pesquisadores revelaram que a comunicação não verbal constitui
cerca de 55% de nossas comunicações diárias. São sinais sutis captados
como parte de nossa função biológica. O principal tipo de comunicação é feito
com o tom de voz. Esse tipo de comunicação representa quase 38% de toda
a comunicação que fazemos todos os dias. Juntamente com o tom de voz,
o estilo de falar, a qualidade da voz, o estresse, as emoções ou a entonação
servem ao propósito da comunicação. Esses aspectos não são verbais.
51
Quanto à comunicação verbal, ela ocorre casos concretos, com os quais estabelece
seus vínculos. Também estabelece associações com outras linguagens presentes nessas
situações: gestos, entonação etc. (BACCEGA, 1996). Em termos gerais, comunicação
verbal significa comunicação apenas na forma de palavras faladas. Mas, no contexto dos
tipos de comunicação, a comunicação verbal pode ser na forma falada ou escrita.
Assim, a forma verbal pode ser oral ou escrita conforme explicado a seguir.
Cabe destacar, também, que a comunicação pode ser realizada de duas formas
e que há momentos em que uma deve ser usada em detrimento da outra: por exemplo,
ao fazer um discurso, usamos o tipo formal; ao fazer planos de um experimento em
campo, usamos o tipo informal.
52
• É um canal de comunicação flexível e confiável.
• Cria cooperação mútua.
• Pode funcionar como uma ajuda valiosa na comunicação de valores e moral.
• É útil na construção do trabalho em equipe na organização.
• Fornece feedback eficaz.
• Complementa a comunicação formal.
53
população rural tende a ter má representação política e ser menos organizada do que
as comunidades urbanas, é que ela sofre de inúmeros “acessos,” barreiras, incluindo:
analfabetismo, infraestrutura e serviços de telecomunicações inexistentes, baixa renda
para comprar e usar os meios de comunicação, sobretudo as mulheres, com papéis
socialmente construídos que inibem a participação na tomada de decisões.
54
• Educar e capacitar a população aumentando seus conhecimentos, enriquecendo
seu vocabulário, reforçando seus valores positivos, ensinando tecnologias e
métodos de socialização.
• Promover a identificação coletiva dos problemas comunitários e sua articulação.
• Catalisar a reflexão comunitária sobre a realidade e suas questões, estado e mercado.
• Fortalecer e enriquecer as culturas locais, regionais e nacionais, respeitando a
diversidade cultural.
A ausência de políticas públicas voltadas para a inclusão digital para o meio rural
no Brasil é uma lacuna principal para o avanço da comunicação rural, devido ao não
reconhecimento da importância do crescimento populacional rural inclusivo. A entrada
digital é estratégica para o desenvolvimento econômico e para a permanência da nova
geração neste espaço. É necessária uma especial atenção por parte dos produtores
de informação, sejam eles jornalistas ou extensionistas, com objetivos direcionados a
diversos nichos da cadeia agropecuária. Portanto, a comunicação rural deve estar atenta
às necessidades e competências locais, pois deseja atuar como mediadora interna na
construção de um espaço de discussão e externamente na interação da comunidade
com outros órgãos da sociedade (SPENILLO, 2006).
55
desenvolvimento. Assim, por comunicação para o desenvolvimento, entendemos um
processo baseado no diálogo, na troca de conhecimentos e habilidades e no debate
para a mudança social (NOBREGA et al., 2008).
IMPORTANTE
O papel da comunicação no desenvolvimento é ajudar as pessoas em todos
os níveis a se comunicarem e capacitá-las a reconhecer questões importantes
e encontrar bases comuns para ações transformadoras - sociais, econômicas,
ambientais e culturais.
56
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O canal de comunicação pode ser não verbal ou verbal. O não verbal é a soma
total do fisicamente observável, como gestos com as mãos, linguagem corporal,
expressões faciais, tom de voz, postura, toque, olhar e outros. Já o verbal só se dá
em situações concretas, com as quais estabelece seus vínculos, portanto, inclui
tanto a comunicação falada quanto a escrita. A forma de comunicação também
pode ser formal, que segue canais preestabelecidos, e informal, resultado da
interação social, não apresentando estruturas planejadas.
57
AUTOATIVIDADE
1 A comunicação é resultado do compartilhamento de informações. Trata-se de
uma atividade central da associação humana em geral e do progresso, bem como
do desenvolvimento em particular. Desempenha muitas funções, como informar e
gerar conscientização, educar, persuadir, motivar, entreter etc. Sobre a comunicação,
assinale a alternativa CORRETA:
58
3 A comunicação formal é definida como a comunicação em que a informação é
alcançada através de canais ou rotas adequadas enquanto a comunicação informal
é definida como a comunicação que não adota métodos formais de comunicação.
Sobre as diferenças entre essas duas formas de comunicação, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
59
60
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
A COMUNICAÇÃO E A REALIDADE RURAL
1 INTRODUÇÃO
O poder dos meios de comunicação na sociedade global é inegável. A
comunicação reestruturou a forma como as pessoas interagem e criou a cultura da
mídia. As identidades coletivas foram reformuladas através dos meios de comunicação
de massa, ou seja, os meios de comunicação tiveram uma função importante na vida
das pessoas (ESPEORINI; POZENATO, 2010).
A comunicação rural, certamente, não será uma solução para todos os problemas
ou dificuldades vivenciadas no meio rural, mas sua proximidade com a área poderá arbitrar
saídas, apontar excessos e abordar a questão na proporção que representa importância
para o país (BRAGA; CARVALHO, 1999). Nos dias atuais, embora avanços já tenham sido
alcançados com as políticas agrícolas e os movimentos sociais, a comunicação nas áreas
rurais raramente vem dos próprios agricultores. Isso se deve ao fato de que as iniciativas
são raciocinadas e temidas no âmbito exclusivo do campo da extensão.
Para mudar o cenário, é preciso que o papel do comunicador rural siga na lógica da
participação dos agricultores nos processos de comunicação, na perspectiva educativa.
Assumindo essa função, o extensionista irá garantir que o processo de comunicação
seja eficaz. E, no futuro, a partir das Tecnologias de Informação e Comunicação - TICS,
as populações rurais possam estar integradas nos projetos de desenvolvimentos.
Neste tópico, vamos entender melhor qual é esse papel do comunicador, quais
são os caminhos a seguir nos processos de comunicação rural e o que esperar do futuro
da comunicação rural.
61
Bordenave (1976) aponta que a maneira de usar a comunicação (de forma
vertical, forma dialógica, participativa, solidária, autoritária ou persuasiva) irá depender
das opções ideológicas e dos padrões de desenvolvimento que se pretende seguir.
Nesse sentido, o papel do comunicador rural deve ser em torno dos objetivos a seguir:
62
como um facilitador dos processos de desenvolvimento rural. O agente de extensão deve
deter de um papel em que compartilhe dos seus interesses em conjunto com os interesses
das populações rurais, ele não deve se esquecer de se envolver e se comunicar com o
agricultor na perspectiva educativa, assim como proposto por Paulo Freire.
63
3 PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO RURAL
No processo de comunicação, deve-se notar que há uma combinação de
eventos operando em muitas dimensões de tempo, espaço, dinâmicas e não estáticas.
Segundo Berlo (2003), todas as atividades de comunicação humana têm uma origem,
uma pessoa ou um grupo de pessoas tem um propósito e uma razão para participar
da comunicação. Uma origem estabelecida, com ideias, necessidades, intenções,
informações, intenções em um código, em um conjunto sistemático de símbolos e um
objeto para comunicação.
64
FIGURA 1 - PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
A mensagem tem a ver com o pacote a ser enviado pela fonte. O código ou idioma
deve ser escolhido. Em geral, pensamos em código em termos de idiomas naturais - no
nosso caso, o português. Às vezes usamos outras linguagens - música, arte, gestos. Em
todos os casos, observe o código em termos de facilidade ou dificuldade para a
compreensão do público. Dentro da mensagem, selecione o conteúdo e organize-o para
atender o tratamento aceitável para determinado público ou canal específico. Se a fonte
fizer uma escolha ruim, a mensagem provavelmente falhará.
65
comunicação em termos de quão bem um receptor pode ouvir, ler ou usar seus outros
sentidos. As atitudes dizem respeito a como um receptor pensa na fonte, em si mesmo,
na mensagem e assim por diante. O receptor pode ter mais ou menos conhecimento
do que a fonte. O contexto sociocultural poderia ser diferente em muitos aspectos
daquele da fonte, mas a origem social, educação, amigos, salário, cultura ainda estariam
envolvidos. Cada um afetará a compreensão do receptor da mensagem.
INTERESSANTE
Aristóteles foi o primeiro a tomar a iniciativa e desenhar o modelo de
comunicação. O Modelo de Comunicação de Aristóteles pode ser considerado
um modelo de comunicação unidirecional, no qual o emissor envia a informação
ou uma mensagem ao receptor para influenciá-lo e fazê-lo responder de
acordo. Esse modelo é considerado a regra de ouro para se destacar em falar
em público, seminários, palestras situações em que o remetente deixa claro
seu ponto de vista, eles respondem de acordo. Não há feedback.
66
palavra para outra. Elas podem se o agricultor achar que o condições padrão, que nem
ser superadas com o reconhe- técnico é muito superior a sempre exigem observação e
cimento da necessidade de ele, pode bloquear o fluxo de reparo. Uma barreira física mui-
usar um código ou linguagem comunicação. As diferenças to importante é a apresentação
mais simples e claro, exemplos nas preferências também po- desorganizada e confusa da
concretos. Além disso, símbo- dem distorcer a comunicação, mensagem pelo comunicador.
los não verbais, como figuras, com todos se concentrando
ilustrações e modelos, podem na mensagem de um ângu-
auxiliar na comunicação, no lo diferente. Por exemplo, um
esclarecimento e no nivela- comerciante, em comunicação
mento de conceitos. com um filantropo, discutindo
os preços dos alimentos.
FONTE: Adaptado de Oliveira et al. (2009).
A comunicação rural no futuro, deve ser praticada por um extensionista que tenha
consciência de sua missão no meio ambiente, seja solidário com a operação e tenha uma
concepção clara da diferença básica entre rural e urbano, conhecendo e respeitando
o meio rural. A comunicação rural será acompanhada de amplo suporte tecnológico e
cibernético, distante da percepção da maioria da classe camponesa brasileira. Caberá ao
comunicador rural filtrar o que é útil e descartar o que não é, o que obviamente exigirá
que esse especialista tenha algum conhecimento técnico do meio ambiente. Os novos
extensionistas rurais deverão discutir conceitos de meio ambiente, para alertar, argumentar,
condenar e denunciar atos contra a natureza, o bem mais precioso de uma nação, e devem
estar bem-informados sobre os temas que chegarão à mídia ao longo no próximo milênio,
como propriedade intelectual, biodiversidade e transgênicos. Esse especialista precisará
de uma compreensão clara da diferença entre aprimoramento genético e modificação
genética. Os comunicadores profissionais, olhando para o campo de amanhã, deverão estar
atentos e prontos para não cair nas armadilhas internacionais, com o único objetivo de lucro
e mudança ambiental, sob a proteção de propagandas do capital (BRAGA; CARVALHO, 1999).
67
O setor de tecnologia da informação terá ainda mais vez no processo de
comunicação da extensão rural. A base de transmissão para ter acesso à informação será
aprimorada ainda mais. Estudos apontam que o acesso do agricultor à informação e sua
capacidade de estabelecer comunicação garantirão o renascimento econômico, social
e cultural do meio rural. Vale destacar que, para isso, é necessário haver investimentos
na área, assim como já mencionado. A internet poderá ajudar os agricultores a divulgar
suas questões e problemas e encaminhá-los às autoridades competentes, garantindo
que eles os compartilhem uns com os outros. Os agricultores poderão ter acesso a várias
bases de dados na internet e obter informações sobre os desenvolvimentos recentes
que podem afetar as condições específicas de suas áreas.
O extensionista rural, até lá, deverá ter passado por capacitações para adoção
de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas suas ações de intervenção
e será um facilitador nesse processo. As TICs vêm provando ser importantes para os
usuários da internet, as experiências mostram que vários meios de comunicação são
valiosos para auxiliar os produtores agrícolas com informações e conselhos sobre
inovações agrícolas, preços de mercado, infestações de pragas e alertas climáticos.
ESTUDOS FUTUROS
Na Unidade 3, iremos aprofundar sobre as potencialidades das TICs no
meio rural e entender qual é o papel do extensionista nesse processo.
68
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
69
AUTOATIVIDADE
1 O técnico extensionista é responsável por fornecer o conhecimento e as informações
que permitirão ao agricultor entender e tomar uma decisão sobre uma determinada
inovação e, em seguida, comunicar esse conhecimento ao agricultor. Sobre o papel
do comunicador rural, assinale a alternativa CORRETA:
70
3 Existem barreiras na comunicação e estas podem ocorrer em qualquer fase do
processo. As barreiras podem fazer com que sua mensagem fique distorcida e,
portanto, você corre o risco de os técnicos serem mal-entendidos. A comunicação
eficaz envolve superar essas barreiras e transmitir uma mensagem clara e concisa.
Sobre as barreiras no processo de comunicação, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) V – V – F.
d) ( ) F – F – V.
71
72
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
COMUNICAÇÃO E DIFUSÃO DE INOVAÇÕES
1 INTRODUÇÃO
73
Mas o que é a difusão?
Rogers (1971) identifica cinco atributos de inovações que têm uma forte
influência sobre se e quão rápido uma inovação é adotada. Ele observa que esses não
precisam ser atributos reais de uma inovação - é importante apenas para sabermos
como um potencial adotante percebe a inovação.
74
- são percebidas como tendo uma vantagem relativa muito baixa. Incentivos (por
exemplo, dinheiro ou amostras grátis) podem ser usados para aumentar a vantagem
relativa percebida de uma inovação. No entanto, adoções motivadas por incentivos
podem ser menos sustentáveis, com os adotantes possivelmente rejeitando a
inovação quando o incentivo deixa de existir. A vantagem relativa está positivamente
relacionada à taxa de adoção de uma inovação.
• Compatibilidade: a compatibilidade percebida de uma inovação descreve o quão
consistente ela é em relação aos valores, experiências e necessidades de um indivíduo.
O grau de compatibilidade determina a mudança de comportamento necessária para
adotar uma inovação. Assim, em vez de introduzir uma inovação incompatível em
um sistema social, a adoção pode ser mais fácil quando a inovação é dividida em
várias inovações mais compatíveis que podem ser adotadas em sequência - cada
uma exigindo apenas uma pequena mudança de comportamento. A compatibilidade
está positivamente relacionada com a taxa de adoção de uma inovação.
• Complexidade: a complexidade percebida de uma inovação descreve o quão difícil
parece compreender e usar a inovação. Um alto grau de complexidade pode ser
uma forte barreira contra a adoção. A complexidade está negativamente relacionada
com a taxa de adoção de uma inovação.
• Experimentação: a experimentação percebida de uma inovação é o grau em que
ela pode ser experimentada em uma base probatória. Um teste pessoal de uma
inovação é uma maneira eficaz de reduzir a incerteza. Como tal, a experimentação
está positivamente relacionada à taxa de adoção de uma inovação.
• Observabilidade: a observabilidade percebida de uma inovação é o grau em que
outros podem observar os resultados de uma inovação. Observar um par pode ser
um proxy para um teste de uma inovação. A observabilidade está positivamente
relacionada à taxa de adoção de uma inovação.
75
sociais e tecnológicas, o surgimento de lideranças, movimentos cooperativos e, mais
recentemente, a defesa coletiva da agroecologia e o movimento com a participação da
população rural do país (HILLIG; FROEHLICH 2008).
3.1 INDIVIDUAIS
Os métodos individuais, embora menos abrangentes, são importantes para o
extensionista em termos do conhecimento que ele precisa obter da comunidade e da
confiança que pode obter das lideranças e do público rural. Embora os extensionistas devam
usar métodos de massa e de grupo para alcançar um grande número de pessoas e incentivar
a ação conjunta no planejamento e implementação do projeto, o contato pessoal serve a
muitos propósitos essenciais. A influência pessoal do extensionista é importante para garantir
a cooperação, a participação nas atividades de extensão e a adoção de fazendas e benfeitorias.
Os métodos individuais também podem conhecer as condições da população rural e da
própria comunidade. No entanto, devemos ter em mente que os métodos individuais têm um
custo muito alto, portanto, seu uso deve ser muito objetivo (PEREIRA et al., 2009).
76
• Contato: trata-se de um método não planejado que ocorre em situações
imprevistas e em diversos locais, na sede, escritório ou campo, onde os técnicos
se comunicam com o público com informações relacionados ao trabalho da Ater. O
público é abordado por uma ampla variedade de contatos, podendo incluir aqueles
direto ou indiretamente envolvidos no plano de trabalho. Embora o contato pessoal
não seja possível, as ligações telefônicas têm a vantagem de que os agricultores ou
extensionistas podem iniciar.
• Entrevista: é um método adotado no consultório, no local e no campo, por meio do
qual o técnico visa conhecer situações e acontecimentos, identificar problemas e avaliar
o trabalho. Deve ser cuidadosamente planejada e bem executada. Permite conhecer
a realidade rural, após a recolha da informação. Ajuda na seleção do público e da
comunidade para trabalhar com a realidade. Requer preparação adequada e credibilidade
por parte do entrevistador, também requer sinceridade nas respostas dos entrevistados.
Também requer uma boa aplicação e uma boa análise dos dados coletados.
3.2 GRUPAIS
Os métodos de grupo são métodos de abordagem a um determinado grupo de
agricultores, que foram previamente identificados pelo pessoal de extensão e, portanto,
tornam-se mais eficazes do que os métodos individuais. A escolha depende do objetivo
buscado com ação ampliada (BALEM, 2015).
77
associações e organizações de agricultores. Exemplos de temas para reuniões:
formar uma cooperativa, formar um mutirão para consertar uma ponte e uma
conferência de febre aftosa.
• Curso: em suma, visa capacitar os agricultores no uso de tecnologias complexas ou
de um conjunto de técnicas, ou em sistemas de produção completos. Geralmente
dura mais de um dia, é trabalhoso e o custo pode ser alto (viagem, alimentação,
hospedagem). Exemplos de tópicos do curso: manejo integrado de pragas, plantio
direto e inseminação artificial;
• Dia de campo: método planejado para demonstrar, dentro de uma unidade de produção,
a eficácia de uma série de práticas agrícolas bem-sucedidas, com o objetivo de motivar
os produtores a adotá-las. Normalmente, o evento acontece na propriedade de um
produtor rural com acesso a tecnologias ou experimentos de campo, tanto em pesquisa
quanto em extensão. Pode ser usado para abordar temas como uso de leguminosas,
manejo integrado de pragas, manejo de pastagens e conservação do solo.
• Dia especial: voltado para a integração social e cultural, fortalecendo as relações
pessoais e sociais, além de transmitir e coletar diversas informações. Pode ser
utilizado para celebrar, inaugurar, iniciar ou estimular determinados programas ou
ações de caráter social, cívico ou comunitário.
• Propriedade demonstrativa (PD): trata de todas as técnicas de uma lavoura ou
de uma construção que produzem, motivam e formam agricultores. Requer o uso de
outros métodos e condições operacionais que sejam representativos da maioria dos
agricultores. Por exemplo, uma PD de produção agrícola, arroz inundado.
3.3 MASSAIS
Objetivam atender o público em geral, visam atender as pessoas em massa, isto
é, um número significativo e indeterminado de pessoas com alcance indefinido. Exemplos
de métodos de massa: concursos, campanhas, exposições, rádio, TV, jornais, revistas,
filmes, artigos, ferramentas de bate-papo, multimídia, hipermídia. É o agrupamento de
mídias em um único dispositivo, por exemplo, site da Emater (LOPES, 2016).
78
IMPORTANTE
A comunicação de massa desempenhou um papel importante
na promoção da “modernização” para o povo. O rádio foi um dos
principais instrumentos utilizados. Líderes nacionais, burocratas e
especialistas difundiam adoção de ideias novas e o que elas atrairiam
para a vida das pessoas. Eles conversaram longamente sobre métodos
agrícolas, curas para doenças, a importância de mandar as crianças
para a escola, as vantagens de ter menos filhos, a conveniência de ter
um governo estável e assim por diante.
79
se expressar no espírito moderno: as inovações estavam para resolver os problemas das
práticas antigas; o "velho" está sendo desenraizado pelo "novo", tanto no campo quanto na
cidade. O difusionismo inculcou ideias depreciativas nos citadinos das grandes cidades,
espalhando os estereótipos dos camponeses como "mal-educados", "rebeldes", "refratários".
Aos poucos, o Estado brasileiro integrou a ideia de que os agricultores brasileiros tinham
conhecimentos desatualizados sobre agricultura (DUARTE; SOARES, 2011).
IMPORTANTE
No período difusionista a Ater integrou o conjunto de instrumentos de
política de modernização da agricultura brasileira, ao lado do crédito
rural subsidiado, da pesquisa e dos incentivos para implantação de
indústrias de máquinas e insumos agrícolas. Nesse período, ampliou-se
a abrangência dos serviços de Ater que passam a chegar a cerca de 80%
dos municípios brasileiros.
80
LEITURA
COMPLEMENTAR
O NOVO RURAL E A COMUNICAÇÃO
No século XVII a relação urbano/rural era vista como uma dicotomia, ou seja,
duas realidades extremamente diferentes. O meio urbano era sinônimo de progresso e
o meio rural era identificado como atrasado e velho. Esta ruptura é atribuída ao conflito
de duas realidades sociais diferentes.
Todavia, desde a década de 70, essas noções mitificadas têm passado por
uma revisão fundamentada na transformação estrutural no meio considerado rural.
As mudanças verificadas nas relações sociais e de trabalho no campo e na cidade
resultaram na alteração das noções de rural e urbano, tornando cada vez mais difícil
delimitar as suas fronteiras.
De acordo com Bordenave (2003), os últimos trinta anos foram marcados por
mudanças profundas no meio rural, dentre as quais pode-se destacar: a proporção
da população que permanece no campo está se reduzindo em todos os países; a
agricultura empresarial, ou “agribusiness”, apoiada por grandes indústrias de insumos
agropecuários, penetra agressivamente no campo e ameaça a sobrevivência da
pequena e da média propriedade, em especial, de agricultura familiar; as fronteiras entre
o rural e o urbano estão cada vez mais difusas, acentuando-se o domínio do urbano
sobre o rural, principalmente devido ao desenvolvimento dos meios de transporte, a
penetração do rádio e da televisão, o crescente desejo por educação e o crescimento
das cidades interioranas; os habitantes do meio rural passaram a sentir a necessidade
de estarem informados e atualizados, inclusive mediante o acesso a Internet, todavia,
os sistemas de comunicação não se preocupam em satisfazer essa necessidade, pelo
contrário, seus conteúdos estimulam a urbanização e não a permanência do homem
no campo; os movimentos de integração regional, como o Mercosul, tem determinado
a necessidade de que os produtores rurais se tornem competitivos, ou seja, que
81
coloquem no mercado produtos de qualidade com preços reduzidos. A consequência é o
aumento na necessidade de educação e capacitação, tanto em processos de produção
agropecuária, quanto em processos de comercialização.
82
seus valores positivos, ensinando tecnologias e socializando métodos; promover a
identificação coletiva dos problemas comunitários e sua articulação; catalizar a reflexão
comunitária sobre a realidade e seus problemas; apoiar a organização e facilitar o
“empoderamento” da sociedade civil frente ao Estado e ao mercado; e fortalecer e
enriquecer a cultura local, regional e nacional, respeitando as diversidade culturais.
FONTE: VIERO, V. C.; SOUZA, R. S. Comunicação rural on-line: promessa de um mundo sem fronteiras. In:
CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL, 2008,
Rio Branco. Anais […]. Rio Branco, Acre, 2008.
83
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
84
AUTOATIVIDADE
1 A teoria da difusão de inovações busca explicar como e por que novas ideias e práticas
são adotadas, potencialmente espalhadas por longos períodos. A teoria de Difusão de
Inovações explica como a comunicação é usada para influenciar a adoção dessas
novas ideias. Sobre essa teoria, assinale a alternativa CORRETA:
I- Compatibilidade é o grau em que uma inovação parece ser melhor do que qualquer
outra alternativa.
II- Observabilidade é o grau em que a inovação pode ser observada e experimentada
em primeira mão.
III- Complexidade é o grau em que a inovação é vista como difícil de entender ou usar.
As pessoas são menos propensas a adotar produtos complexos ou difíceis de usar.
85
3 Os métodos de extensão são as ferramentas e técnicas usadas para as situações nas
quais a comunicação pode ocorrer entre a população rural e os profissionais de extensão.
Uma maneira de classificar os métodos de extensão é de acordo com seu uso e natureza
do contato, como individual, em grupo ou em massa. Sobre os métodos da extensão e
comunicação rural, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.
4 Os métodos de extensão podem ser definidos como ferramentas utilizadas para criar
situações em que novas informações possam circular entre o extensionista e as
comunidades agrícolas. É função do extensionista utilizar os métodos de extensão
que oportunizam a melhor compreensão da população rural. O método em grupo é
utilizado em diversas ações de Ater, disserte sobre seu formato e possibilidades.
86
REFERÊNCIAS
ACUNZO, M. Reflexiones acerca de la comunicación para el desarrollo rural sostenible.
In: CISNEROS, J. L. Sin comunicación no hay desarrollo. Lima: Calandria, 2007.
87
CARNIELLO, M. F.; SANTOS, M. J. dos. Comunicação e desenvolvimento regional. Revista
Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, [S. l.], v. 9, n. 2, 2013.
88
MAGNONI, A. F.; MIRANDA, G. V. Comunicação, mídia e tecnologia no meio rural. In:
MAGNONI JÚNIOR, L. (org.). JC na escola ciência, tecnologia e sociedade: mobilizar
o conhecimento para alimentar o Brasil. 2. ed. São Paulo: Centro Paula Souza, 2017.
89
TELLES, L. F. P. Elementos da comunicação e suas formas de planejamento. Anuário da
Produção Acadêmica Docente, [S. l.], v. 3, n. 5, p. 149-162, 2010.
90
UNIDADE 3 —
METODOLOGIAS
PARTICIPATIVAS DE
CAPACITAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
DA COMUNIDADE RURAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
91
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
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92
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
O PAPEL DOS MÉTODOS PARTICIPATIVOS NO
PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO POPULAR
1 INTRODUÇÃO
A abordagem da extensão rural passou por mudanças nas últimas décadas, para
refletir o desenvolvimento de um novo paradigma que enfatiza a sustentabilidade e a
aprendizagem participativa, a fim de proporcionar a capacitação local das populações
rurais e o fortalecimento do campo. Dessa forma, podemos considerar que a extensão
rural, na sua forma contemporânea de atuação, afastou-se do modelo extensionista
fundamentado nos pacotes da “Revolução Verde” (CARVALHO et al., 2008). Nesse formato,
as ações dos extensionistas vêm utilizando métodos participativos, que podemos entender
como ferramentas de trabalho que auxiliam na compreensão das necessidades básicas
dos agricultores, levando em consideração seus desejos e os potenciais existentes,
buscando valorizar os conhecimentos da população do campo, a sua cultura, e incorporá-
los ao processo de disseminação e aprendizagem tecnológica (OLIVEIRA; SILVA, 2015).
93
O marco para estabelecer as ações difusionistas da extensão rural no Brasil foi a
institucionalização do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), que promulgou a Lei n. 4.829
de 1965, cujo objetivo era financiar parte do capital de giro da produção, comercialização de
produtos agrícolas; estímulo à formação de capital e aceleração da adoção e modernização
da tecnologia (DORNELAS, 2020). Esse modelo também é marcado pela criação da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Empresa Brasileira de Assistência
Técnica e Extensão Rural (Embrater), em 1975. Na concepção dessas entidades públicas, a
extensão rural era responsável pela promoção das tecnologias no campo.
94
O modelo participativo surgiu nesse contexto. Um marco, iniciado no Brasil em 2003, foi
a proposta de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), cujos parâmetros eram desenvolver
outro mecanismo de construção compartilhada, relacionado à inclusão de questões socioam-
bientais e novos temas, como metodologias participativas, políticas públicas de fortalecimento
da agricultura familiar, relações de gênero e agroecologia (CAPORAL; RAMOS, 2006).
Essa proposta, defendida por muitos autores, foi fortalecida e deu início à Política
Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), promulgada pela Lei n.
12.188, de 11 de janeiro de 2010 (BRASIL, 2010). A lei de Ater defende que os profissionais
de extensão rural precisam de conhecimentos e habilidades para encontrar uma forma
mais participativa de trabalho, um contexto de ações educacionais engajadas para o
desenvolvimento rural das comunidades. Portanto, o uso de metodologias participativas
tornou-se importante na construção desse diálogo entre os agricultores e os produtores.
IMPORTANTE
A PNATER visa colaborar com a promoção do desenvolvimento rural
sustentável e com o uso consciente dos recursos naturais. Essa política
propõe uma educação dialógica entendida como a Nova Extensão Rural.
95
As principais características do modelo participativo são:
ESTUDOS FUTUROS
No Tópico 2, iremos aprofundar as formas de atuação do técnico
extensionista na utilização das ferramentas metodológicas com enfoque
participativo.
Devemos entender que maiores mudanças são necessárias no que diz respeito às
visões dos extensionistas, que devem ser levadas em consideração no desenvolvimento
de estratégias de atuação. Isso porque temos em vista que os quadros tradicionais de
formação dos extensionistas estão centrados na figura do formador – normalmente
96
considerado um 'especialista' – e que tendem a persistir sem o reconhecimento da
existência de metodologias alternativas que proporcionem a facilitação de processos
reflexivos ou na troca de conhecimentos e experiências (LANDINI; BRITES; REBOLÉ, 2017).
97
tarefas e objetivos, habilitando-os a encontrar e desenvolver soluções sustentáveis, buscando
uma mudança no comportamento das pessoas para que elas sejam cada vez mais capazes
de se autogerenciar, alcançando assim melhores condições de vida no meio rural.
DICA
Para aprofundar seus conhecimentos sob enfoque participativo sugerimos a
leitura do livro: https://bit.ly/3JCUiyQ. Os conteúdos e abordagens objetivam
o desenvolvimento das capacidades, habilidades e atitudes de moderação
de processos participativos.
98
QUADRO 1 – NÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR
99
Assim, o papel do agente externo é o de facilitador na interação entre os
sujeitos da ação educativa, que busca fortalecer a autoestima e a confiança dos
indivíduos. Dessa forma, a participação torna-se efetiva no aumento da capacidade de
negociação e no exercício conjunto da força interna da comunidade. Para atingir esse
nível, entretanto, é essencial que atores externos subsidiem as populações na prática
do refletir-agir-refletir, a fim de que construam seu conhecimento da realidade de forma
crítica (CAMPOLIN; FEIDEN, 2011).
IMPORTANTE
A participação popular foi preconizada na Constituição de 1988, em que
uma série de medidas foram incorporadas ao desenvolvimento de políticas
públicas, a partir do estímulo à participação representativa dos produtores
rurais, organização coletiva e ações territoriais.
100
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Ao usar e interpretar o termo participação, este deve ser qualificado por referência
ao tipo de participação. Os processos com enfoque participativo assumem um
aprendizado cumulativo de todos os participantes, buscam a diversidade de muitas
perspectivas e apreciam o que diferentes indivíduos e grupos enfrentam em
diferentes avaliações das situações.
101
AUTOATIVIDADE
1 Os serviços de Ater no modelo difusionista promoveram a disseminação de práticas
conservacionistas na agricultura brasileira, associados à Revolução Verde. Esse
modelo esteve estruturado com o objetivo principal de difundir, por meio de subsídios,
pacotes tecnológicos. Nesse contexto, sobre a atuação do técnico extensionista no
período difusionista, assinale a alternativa CORRETA:
102
3 A participação popular faz parte da linguagem de muitos projetos de desenvolvimento,
objetiva motivar a escuta e inserção em diálogos nos processos de tomadas de
decisão e ocorre em diferentes níveis. Com esse entendimento, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) V – V – F.
103
104
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
AÇÕES DINAMIZADORAS NO ENFOQUE
PARTICIPATIVO
1 INTRODUÇÃO
Como já mencionamos, na abordagem participativa a ação visa avaliar o
conhecimento e a experiência dos agricultores. Nesse sentido, para os extensionistas
rurais, isso significa que eles não são apenas agentes de tecnologias impostas
externamente, mas precisam ser catalisadores para ajudar as comunidades rurais a
alcançarem os objetivos traçados.
105
• Dramatização: método pelo qual um grupo estuda um determinado tema, situação
social por meio de um processo de grupo criativo orientado por um instrutor, no
caso o extensionista. Atuar na cena da vida permite que o indivíduo se coloque
no lugar dos outros, experimente sensações, percepções e compreensões. Permite
que o resto do grupo aprenda, compreenda observando e também analise o que
aconteceu. É importante observar o desenvolvimento de personagens, ações,
expressões verbais e emocionais (ALBERICH et al., 2009).
• Grupo de cochicho: esta dinâmica envolve dividir os participantes em um grande
grupo ao meio para discutir um problema. É chamado de cochicho, uma vez que
as pessoas falam baixo. É fácil de aplicar, podendo ser utilizado para grupos de até
50 pessoas. A dinâmica pode ser aplicada quando se quer criar oportunidades para
a participação de todos os indivíduos, ou para obter considerações com olhares
amplos para diferentes assuntos (PEREIRA et al., 2009).
• Mesa redonda: discutir um tema-chave com um debate mais aprofundado, por meio
de palestrantes apresentando suas ideias. Ocorre em eventos maiores e é usado
quando o tópico não foi solidificado e gerou discussão. Pode ter um caráter decisório,
onde os membros decidem o destino de algo democraticamente (LOPES, 2016).
• Discussão circular: a discussão começa com o estabelecimento de um limite
de tempo para cada pessoa e a apresentação de uma questão que precisa ser
respondida ou discutida por todo o grupo. Quando todos entenderem o problema,
alguém se apresentará para iniciar a discussão. Quando acaba o tempo, a pessoa ao
lado inicia, e assim por diante, até que todos falem (SOUSA et al., 2009).
• “Phillips 66” ou split: é outra forma de discussão em pequenos grupos criada por
J. Donald Phillips na qual seis pessoas discutem um problema por seis minutos. Foi
desenvolvido em quatro etapas. Primeiramente, o moderador, responsável pelo encontro
dos membros da sala, apresenta ao grande grupo uma questão. Em seguida, o moderador
divide o grande grupo em seis subgrupos e pede a todos que escolham seu moderador
e relator e, em seguida, inicia as discussões. Na terceira etapa, o relator de cada grupo
apresenta a conclusão. Na quarta etapa, o moderador conduzirá as discussões com todos
os grupos para chegar a uma conclusão final (OLIVEIRA; SILVA, 2015).
• Ideia de tempestade: os participantes fazem um brainstorming de uma pergunta
individual, com um tempo determinado e só então o indivíduo se comunica com os
outros e visualiza suas opiniões. A ferramenta se apresenta em 4 passos:
1- Passo 1 Brainstorming: as ideias são registadas no cartão; em cada forma, há
apenas uma ideia; as fichas são recolhidas pelo moderador do grupo sem ele
saber a sua origem
2- Passo 2 Classificar: os cartões são agrupados de acordo com os critérios
estabelecidos pelo próprio grupo – ideias repetitivas são descartadas.
3- Passo 3 Avaliação: os arquivos são lidos, esclarecidos, discutidos, avaliados e
finalizados; as semelhanças, contradições e diferenças são discutidas.
4- Passo 4 Conclusão: o grupo discute e escolhe um nome para cada grupo; as
conclusões são fixadas na mesa; o moderador prepara a apresentação. Durante a
plenária, os resultados alcançados pelos diferentes grupos são apresentados pelos
representantes de cada grupo, visualizando diretamente suas conclusões. Após
discussão, sistematização e síntese, conclusões gerais são traçadas (KUMMER, 2007).
106
• Visualização móvel: a visualização móvel é uma parte importante de um processo
participativo, uma vez que a capacidade de aprender é aprimorada e facilitada à
medida que podemos ver e interpretar certas informações em vez de apenas ouvi-las.
Portanto, a visualização móvel inclui a apresentação de um debate, a apresentação
de um tema etc. e é portátil, pois permite organizar as ideias, com grande flexibilidade
e permite diferentes opções de layout. O sistema de comunicação é baseado no uso
de tags, onde as informações são registradas com um marcador (CORDIOLLI, 1998).
O uso dessas técnicas participativas, e como elas podem garantir que sejam
tomadas decisões que reflitam os reais interesses do público envolvido na intervenção,
vai depender da percepção que o agente externo terá e sua forma de intervenção
(MILAGRES, 2016). Isso aponta a importância da experiência e abordagem prática do
técnico extensionista.
Em geral, usaremos o nome Diagnóstico Rural Participativo (DRP) para tentar nos
referir à variedade de novas metodologias. As técnicas de DRP, assim como outros métodos
utilizados nas metodologias participativas, procuram resolver o problema das realidades
107
locais, traduzindo os problemas identificados para a realidade humana com uma visão mais
ampla, respeitando os valores da cultura local (FREITAS; DIAS; FREITAS, 2016).
NOTA
A palavra "rural" na sigla DRP é muito mais do que uma referência às suas
origens, muitas ferramentas da metodologia foram desenvolvidas no Centro
das Ciências Agrícolas na Universidade de Chiang Mai, norte da Tailândia, na
segunda metade da década de 1970 (FARIA; FERREIRA NETO, 2006).
Antes de nos aprofundarmos nas ferramentas que fazem parte do DRP, precisamos
entender quais são os benefícios e os desafios do DRP, explicitados no Quadro 2.
BENEFÍCIOS DESAFIOS
Precisa considerar e trabalhar com respon-
Empodera classes mais pobres e excluídas.
sabilidades pessoais e ética profissional.
Possibilita que grupos avaliem suas
Interagir com membros da comunidade,
realidades, colaborando para que consigam
requer resolução de questões éticas e
expressar suas propriedades e apoiando no
equitativas.
planejamento e desenvolvimento de ações.
Mudanças na forma de organização passam
Precisa de organizações participantes para
a ocorrer a partir de uma reorientação dos
garantir a participação por muito tempo no
agentes externos na perspectiva da aprendi-
processo.
zagem aberta entre si e com a comunidade.
Promove processos comunitários por meio
da teoria, identificação, diagnóstico, pla- Qualidade da formação, que prejudica
nejamento, implantação, monitoramento a análise das diferenças sociais e da
e desenvolvimento, todos de forma parti- importância do comportamento.
cipativa com participação cidadã.
Identifica as prioridades de pesquisa e a ca-
Pedidos conflituosos de financiadores, que
pacidade dos agricultores de projetar, con-
levam a uma participação prejudicada.
duzir e avaliar seus próprios experimentos.
Incentiva e permite a expressão local e a Necessita de mais troca de boas e más
exploração da diversidade. experiências em rede.
Considera as políticas dentro das organi-
zações e em diferentes níveis de governo: Foco em processos ao invés de resultados.
local, regional e nacional.
FONTE: Adaptado de (CHAMBRERS E GUIJT, 1995).
108
O DRP é voltado para a participação interativa, ou seja, a participação dos
beneficiários em todas as fases de um projeto. Sua implementação requer vontade
política e institucional, especialmente na execução de um projeto (VERDEJO, 2010).
No Guia Prático do DRP, Verdejo (2010) fornece as ferramentas que compõem o DRP,
que são: observação participante, entrevistas semiestruturadas, mapas e maquetes,
travessia, calendários, diagramas, matrizes e análise de gênero.
110
FIGURA 3 – MAPA DA COMUNIDADE NO DRP
111
FIGURA 5 – MAPA DE FLUXOS ECONÔMICOS NO DRP
114
FIGURA 9 – MATRIZ FOFA NO DRP
115
• Racionalidade: simplificar tarefas e tempo para maior rendimento e menores gastos.
• Tomada de decisões: visão do que se espera alcançar com o estabelecimento de
compromissos.
• Futurismo: construindo a realidade futura com melhor significado.
Um dos problemas que existem é este: muitos projetos planejados não possuem
uma cultura de monitoramento e avaliação. O monitoramento é uma ferramenta de
controle contínuo de uma determinada realidade. Assim, de acordo com Kummer (2007),
deve ser realizado de acordo com determinados critérios:
116
Desse modo, a avaliação é necessária para realizar a verificação de desempenho
e grau de satisfação, saber quais partes interessadas colaboram de forma coordenada,
permitindo retroalimentação e ajustes ao longo da sua execução. Para que seja eficaz,
o desempenho dos agentes de extensão deve ser avaliado pelos próprios agricultores e
não apenas pelas camadas superiores de uma organização centralizada. Nesse sentido,
para que o agricultor passe a orientar o processo, é necessário atribuir responsabilidades
a ele. Nos melhores sistemas de extensão, as avaliações de desempenho são baseadas,
pelo menos em parte, no feedback dos agricultores.
ATENÇÃO
A avaliação refere-se à revisão sistemática das informações a fim de
avaliar a efetividade de resultados esperados e apoiar decisões futuras. O
monitoramento deve ser realizado com frequência para verificar se as metas
e objetivos estão sendo alcançados e para reprogramar as ações de acordo
com as lições aprendidas até o momento. Monitorar é importante para avaliar.
117
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
118
AUTOATIVIDADE
1 Nas técnicas de grupo, o sucesso da avaliação das necessidades depende de
liderança/ mediador competente e de participantes dispostos a participar ativamente
no processo de grupo interativo, objetivando resolver problemas e estreitar as
relações. Em relação à técnica de grupo, assinale a alternativa CORRETA:
119
DRP está fadado ao fracasso. Nesse contexto, para utilização dos DRPs, é importante
estar atento a determinadas questões, assim, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.
120
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
APLICADAS À EXTENSÃO RURAL
1 INTRODUÇÃO
121
Nesse período, ocorreu uma série de mudanças tecnológicas nos computadores
e nos escritórios. À medida que a tecnologia da informação passou a ser utilizada com fre-
quência, os controles de banco de dados tornaram-se facilmente acessíveis, os softwares
desenvolvidos a baixo custo passaram a dominar o mercado. A tecnologia passou por uma
grande aceleração que levou a uma série de mudanças, como a globalização das ferramen-
tas de TI e o advento de tecnologias cada vez mais avançadas que tornaram os compu-
tadores uma ferramenta indispensável na organização (STIVAL; CARLOS; ALMEIDA, 2013).
122
redefinida como uma camada (base, fundação) para construir serviços, como os de
bancos, empresas de comércio eletrônico, fornecimento de publicações digitais, assim
é uma ferramenta fundamental para a construção de redes (JAMIL; NEVES, 2000).
IMPORTANTE
Por muito tempo as TICs foram utilizadas apenas como instrumentos
de difusão de informações; com sua evolução elas vêm sendo adotadas
como ferramentas de inclusão nas seguintes áreas: política, educação,
social, econômica e cultural e são aliadas na democratização do acesso à
informação no processo participativo.
Nesse sentido, muitos serviços de extensão em todo o mundo empregam TIC, incluindo
rádio e televisão, que são as formas mais tradicionais para disseminar informações rapidamente
para um público amplo. A realização de determinadas ações via TIC é mais barata do que por
meio de visitas de extensionistas, um número maior de agricultores pode ser alcançado por uma
intervenção de informação com determinados recursos de tecnologia (STEINKE et al., 2021).
123
E podemos nos perguntar, como utilizar as TICs nos serviços de Ater na busca
por uma comunicação participativa? Existem diversas formas de implantar as TIC, a
utilização dos recursos pode ser na disseminação em massa de informações agrícolas,
uma adaptação contextual pode ser apropriada em alguns casos, por exemplo, para
previsões climáticas sazonais. Os aplicativos móveis podem aliviar alguns preconceitos
espaciais na seleção de alvos de extensão.
124
Por meio do uso de comunicação e metodologias apropriadas para manter a
qualidade das intervenções, um grande número de agricultores e organizações podem
obter melhorias nos processos de produção e capacidade, acesso a serviços, crédito,
suporte técnico, ensino a distância, aumento dos canais de comercialização e outros
serviços. A comunicação digital também pode melhorar o desempenho dos serviços
de extensão por meio de novas formas de cooperação com a sociedade civil e o setor
privado, incluindo a terceirização de atividades de consultoria. E, a partir disso, a
equipe de extensão pode se concentrar principalmente na criação de conteúdo e criar
oportunidades de emprego para jovens em áreas rurais com experiência em tecnologia.
125
Para tanto, é necessário promover a universalização dos serviços, projetar
soluções e promover ações relacionadas à expansão e melhoria da infraestrutura
de acessibilidade; treinar o servidor, para que a pessoa, informada e consciente,
possa utilizar os recursos disponibilizados pelas tecnologias; e o desenvolvimento de
ferramentas para publicação de conteúdo na internet. Portanto, em um momento
em que a extensão rural defende a importante conscientização dos extensionistas e
trabalha com recomendações para construir conhecimento compartilhado, sugere-se o
uso efetivo das TICs como uma ferramenta que possibilita o ambiente de aprendizagem
e aproximação de pessoas, mercados e países (MONTEIRO; PINHO, 2007).
Nesse sentido, para implementar as TICs, é necessário avaliar seu poder de tomada
de decisão, como são criadas, formatadas, processadas, armazenadas e disponibilizadas ao
público, além de avaliar como isso afeta cada pessoa. A tecnologia da informação moderna
oferece muitas oportunidades para coletar, organizar e compartilhar horizontalmente as
contribuições de conhecimento dos agricultores (JAMIL; NEVES, 2000).
DICA
Para conhecer mais sobre as possibilidades das TICs nos serviços de Ater,
indicamos o Debate: https://bit.ly/37Q9gmU, promovido pelo Fórum Nacional
de Professores de Extensão Rural. O debate contribui para o entendimento
sobre as possibilidades e as impossibilidades vinculadas a Ater digital, focando
em diálogos para uma Ater participativa.
126
espaço público, seguindo a tendência da cultura pós-moderna de apagar a fronteira entre
privacidade e vida profissional, o que representa um impacto relevante, tanto na organização
social como nas relações mais subjetivas e de nível humano (TARGINO, 1995).
Atualmente, estamos passando por uma nova transição social que mudou
a sociedade ao longo do tempo. Cada vez mais, em diferentes ambientes, como
residências, trabalho e escolas, a modernização das novas tecnologias de comunicação
e seus avanços podem influenciar o comportamento e a intervenção humana e interferir
em suas relações com os outros. A tecnologia está mudando a maneira como as pessoas
se comunicam umas com as outras.
As TICs são uma tecnologia que não só permite a comunicação entre as pessoas,
mas também abre novas possibilidades através da comunicação entre máquinas ou
entre objetos, o que se denomina "Internet das Coisas", uma das visões da internet do
futuro. A interação homem-máquina, máquina e humano desempenhando um papel
fundamental. Recentemente, a incorporação das TICs nos mais diversos produtos e
novas capacidades de comunicação abriram grandes oportunidades de inovação em
áreas de atividade econômica mais tradicionais, sendo uma potencialidade (VIOLATO;
LOURAL, 2012). Isso garante melhoria em diversos serviços comumente usados pela
população brasileira, possibilitando melhor abrangência e acesso.
127
LEITURA
COMPLEMENTAR
FUTURO DAS TICS NA AGRO 4.0
A busca pela otimização no uso dos recursos naturais e insumos fará com que a
fazenda do futuro seja massivamente monitorada e automatizada. Sensores dispersos
por toda a propriedade e interligados à Internet (Internet das Coisas) gerarão dados em
grande volume (Big Data) que necessitarão ser filtrados, armazenados (computação em
nuvem) e analisados. A força de trabalho humana não será capaz de gerenciar essa
quantidade de dados, necessitará de algoritmos cada vez mais aprimorados por meio
de técnicas de inteligência computacional e computação cognitiva para auxiliá-los no
processo de análise. Após a análise, o ciclo é fechado por meio de comandos remotos
aos tratores e implementos agrícolas que, munidos de GPS, farão intervenções pontuais
128
apenas onde necessário para otimizar custo, produção e impacto no meio ambiente
(MASSRUHÁ, 2015). Tem-se a agricultura conectada permitindo que de casa, ou da
sede da fazenda, produtores possam acompanhar remotamente, pelo computador,
tablet ou smartphone, o desempenho de suas máquinas nas lavouras por telemetria, a
transmissão automática de dados via sinal de telefonia celular (CIGANA, 2016).
FONTE: MASSRUHÁ, S. M. F. S.; LEITE, M. D. A. Agro 4.0-rumo à agricultura digital. In: JC na Escola Ciência,
Tecnologia e Sociedade: mobilizar o conhecimento para alimentar o Brasil. Anais [...]. São Paulo: 2017.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As TICs se espalharam pelo mundo a uma alta velocidade. Isso aconteceu em menos
de duas décadas, entre as décadas de 1970 e 1990, por uma característica lógica
dessa revolução tecnológica: a aplicação imediata no desenvolvimento de tecnologia
que cria, conecta o mundo através de uma série de tecnologias da informação.
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AUTOATIVIDADE
1 A evolução das TICs no Brasil e no mundo oferece o acesso relativamente fácil a
grandes quantidades de informações por meio de uma variedade de mecanismos
diferentes, impactando diretamente na economia e na sociedade. Sobre a evolução
das TIC, assinale a alternativa CORRETA:
I- O uso da internet pode ser um motivo para conflitos, interrupção dos interesses das
partes envolvidas e exclusão de determinadas comunidades.
II- Os técnicos extensionistas com limitações no uso da realidade da agricultura, no
repasse de informações, poderão replicar modelos do difusionismo.
III- Existem diversas ferramentas apropriadas para as especificidades da população no campo
e técnicos capacitados para seu uso, mas há uma falta de interesse nas suas adoções.
131
3 As sociedades rurais estão atualmente passando por mudanças importantes. O uso das
TICs destaca um aspecto dessa transição. O estilo de vida da população rural está cada
vez mais entrelaçado com as conexões feitas pela "sociedade em rede". Em relação ao
impacto das TICs, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.
4 As TICs têm o potencial não apenas para fornecer informações à sociedade, mas
proporcionar acesso a educação, mercados e investimentos; com efeito, as TICs
podem promover mudanças positivas no meio rural. Disserte de que formas as TICs
podem ser utilizadas na extensão rural.
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