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Americanas
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.ª Nívea de Lima da Silva
Prof.ª Regiane Ribeiro dos Santos
Prof.ª Thaís da Luz Fontoura Pinheiro
S586c
Silva, Nívea de Lima da
Cervejas belgas e americanas. / Nívea de Lima da Silva; Regiane
Ribeiro dos Santos; Thaís da Luz Fontoura Pinheiro. – Indaial: UNIASSELVI,
2021.
148 p.; il.
ISBN 978-65-5663-933-8
ISBN Digital 978-65-5663-934-5
1. Fermentação de trigo. - Brasil. I. Silva, Nívea de Lima da. II.
Santos, Regiane Ribeiro dos. III. Pinheiro, Thaís da Luz Fontoura. IV. Centro
Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 660
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Cervejas Belgas e Americanas!
Estima-se que a cerveja existe há mais de nove mil anos e surgiu acidentalmente na
Mesopotâmia, quando da fermentação de cereais como o trigo, que era largamente plantado
naquela região. Porém, foi somente em meados do século V que a bebida, que é hoje uma das
mais consumidas no mundo, ascendeu, com auxílio da igreja católica (CERVBRASIL, 2021).
A partir da ascensão da cerveja, diferentes países do mundo empregaram
técnicas e formas específicas de fabricação, de acordo com os ingredientes provenientes
do local e dos costumes e das tradições da sociedade.
Foi desse modo que ao longo dos tempos surgiu o termo “escolas cervejeiras”,
nas quais mestres cervejeiros criavam estilos próprios de cerveja. A exemplo, as mais
comuns atualmente são a Escola Alemã, a Escola Britânica, as Escolas Emergentes e as
Escolas Americana e Belga, que são o objeto de estudo deste Livro Didático.
Assim, na Unidade 1, abordaremos a Escola Belga e seus conceitos, enfatizando
seu histórico, sua cultura e tradição, bem como as características das cervejas, de
serviço e sua relação com a gastronomia.
Em seguida, na Unidade 2, estudaremos a Escola Americana e seus conceitos,
destacando seu histórico, sua cultura e tradição e as características das cervejas, de serviço
e sua relação com a gastronomia.
Por fim, na Unidade 3, aprenderemos as receitas dos estilos das cervejas Belgas
e Americanas, suas principais marcas e a dinâmica do processo produtivo de cada escola.
No mais, com o fim da leitura deste Livro Didático, esperamos que os assuntos
de cada unidade despertem sua curiosidade para aprender cada vez mais e que os
conhecimentos aqui adquiridos sejam de grande valia para sua vida profissional e pessoal.
Boa leitura e bons estudos!
Prof.ª Nívea de Lima da Silva
Prof.ª Regiane Ribeiro dos Santos
Prof.ª Thaís da Luz Fontoura Pinheiro
GIO
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para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
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LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 98
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................148
UNIDADE 1 -
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com
o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
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2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
A ESCOLA BELGA
1 INTRODUÇÃO
Falar de escolas cervejeiras é conhecer as diferentes regiões com grande tradição
na produção de cervejas, visto que cada uma possui suas próprias características e são
essas que tornam possível a identificação do tipo da bebida pelo consumidor.
ESCOLAS CARACTERÍSTICAS
Tradicional. Equilíbrio entre as notas de malte, lúpulo e
Alemã
fermentação.
Exageram na adição do lúpulo. As cervejas Ales são motivo de
Britânica
orgulho para os britânicos.
Se destaca por extremo amargor, potência alcoólica ou variedades
Americana
de sabores.
Flores, ervas e vegetais são invenções dos belgas. Eles são muito
Belga
criativos.
FONTE: Adaptado de <https://bit.ly/3FrSAOT>. Acesso em: 16 ago. 2021.
3
INTERESSANTE
A Lei de Pureza Alemã (Reinheitsgebot), definia que a cerveja deveria ter
apenas três ingredientes: água, malte de cevada e lúpulo A Lei de Pureza
caiu, porém a metodologia da escola alemã permanece tradicional.
2 HISTÓRICO
A história da Escola Belga iniciou na Roma antiga, há mais de 2 mil anos, após
o imperador romano, Júlio César, observar que os antigos belgas (na época gauleses)
bebiam algo muito mais forte do que o que era costume.
Nos séculos XVI e XVII, cada vez mais regulamentos foram elaborados para
garantir que as boas cervejas fossem fabricadas.
A Primeira Guerra Mundial foi o golpe final para várias cervejarias belgas. Apenas
metade das cervejarias da época sobreviveram à Primeira Grande Guerra e à ocupação alemã.
5
Nas décadas seguintes, cada vez mais microcervejarias fecharam como
resultados da competição e do alto custo de investimento. As grandes cervejarias, no
entanto, consolidaram seu mercado.
Inspirado pelo movimento Flower Power do final dos anos 1960, as cervejas especiais
belgas foram redescobertas. Em 1977, o escritor britânico e “guru” da cerveja, Michael Jackson
(1942-2007) colocou a cultura da cerveja belga no centro das atenções, levando ao mundo o
reconhecimento da cultura dessa cerveja nas décadas seguintes.
Entre 1985 e 2000, grandes e médias cervejarias se fundiram. Ao mesmo tempo, mi-
crocervejarias locais surgiram produzindo, em grande parte, cerveja para exportação, em alguns
casos, a pedido de importadores estrangeiros que procuravam por cervejas belgas exclusivas. O
interesse por cervejas especiais autênticas continuou a crescer desde a virada do século.
NOTA
O movimento Flower Power (poder das flores) foi um slogan usado pelo
hippies nos anos 1960 até o início dos anos 1970, como símbolo da
ideologia de não violência e de repúdio à guerra do Vietnã.
6
3.1 MATÉRIA-PRIMA
Para se obter um produto de qualidade, é necessário uma matéria-prima também
de qualidade. A utilização de matéria-prima inadequada para produção de cerveja acarreta
diversos defeitos que vão refletir na qualidade do produto final.
Além da água, do malte e do lúpulo, ingredientes que até então faziam parte da
Lei da Pureza da Escola Alemã, a adição de leveduras específicas, bem como ervas e
especiarias, foi o que tornou as cervejas da Escola Belga tão especiais até os dias de hoje.
3.1.1 Água
A água tem papel fundamental na cerveja, afinal, de 90% a 95% da bebida é
composta por ela, portanto, a água que é usada para a cerveja tem que cumprir muitos
requisitos. Como a água deve ser pura, muitas vezes é purificada, cozida e controlada
na própria cervejaria. A água pode ser desmineralizada para, então, ser mineralizada
com mais ou menos sais minerais conforme o que se deseja alcançar. O ajuste da água
é importantíssimo para o resultado final da cerveja.
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3.1.2 Malte
O malte é produzido a partir da germinação parcial (interrompida) dos grãos de ce-
reais. Vários tipos de cereais podem ser malteados, tais como: milho, trigo, centeio e cevada.
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FIGURA 3 – CORES DO MALTE
3.1.3 Lúpulo
Um ingrediente muito importante no processo de produção de cerveja é o
lúpulo, que não só dá à cerveja o seu amargor, mas, também, ajuda a preservá-la. Eles
são adicionados ao processo de fermentação em diferentes estágios, dependendo do
objetivo. Normalmente, mais de uma variedade de lúpulo pode ser adicionada à mistura,
pois eles têm diferentes qualidades que fornecem, além do amargor herbal ou frutado
característicos, sabor e aromas diferenciados.
Além do lúpulo amargo clássico, cervejarias belgas estão cada vez mais utilizando
lúpulos mais amargos ou mais aromáticos. Os cervejeiros estilo Lambic usam o lúpulo
envelhecido e seco para produzir cervejas menos amargas. O amargor contribuído pelo
lúpulo equilibra a doçura dos açúcares de malte e proporciona um final refrescante.
3.1.4 Leveduras
Antigamente, somente duas leveduras de cerveja eram usadas: a levedura Ale (a tipo
“alta fermentação", Saccharomyces cerevisiae) e a levedura Lager (a tipo “baixa fermentação”,
Saccharomyces uvarum). Hoje, cada cervejaria tem sua própria cepa de microrganismo, que
cultiva e adiciona as suas cervejas. As leveduras, juntamente com a seleção de diferentes ti-
pos de maltes e lúpulos, contribuem para definir o tipo de cerveja exclusivo daquela cervejaria.
A levedura usada para a maioria das cervejas não acrescenta sabor significativo,
no entanto, na cerveja Belgian Pale Ale, ela contribui para o sabor levemente picante.
As leveduras adicionadas ao mosto (mistura de malte, água e lúpulo) são responsáveis
pela conversão de açúcares fermentáveis provenientes da hidrólise do amido (presente
no mosto) em álcool, dióxido de carbono (carbonatação) e outros subprodutos como os
ésteres, que contribuem com o sabor da cerveja. Atingir alto teor alcoólico na fermentação
não é fácil, porque a produção de álcool acompanha uma grande produção de ésteres.
Dependendo do mestre cervejeiro, para atingir o alto teor alcoólico, pode ser adicionado
açúcar caramelizado ou açúcar refinado.
9
3.2 TIPOS DE FERMENTAÇÃO
Os estilos de cerveja são classificados de acordo com o método de fermentação usa-
do, e esses processos fermentativos determinam os perfis sensorias das cervejas. Há quatro
métodos de fermentação na produção de cervejas belgas: baixo, alto, espontâneo e misto.
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FIGURA 4 – TANQUE USADO NO INÍCIO DA FERMENTAÇÃO ESPONÂNEA EM CERVEJA ESTILO LAMBIC
NOTA
O principal agente de amargor do lúpulo são os alfa-ácidos, que são
insolúveis em água até serem isomerizados durante a fervura, conferindo
o amargor.
11
4 CULTURA E TRADIÇÃO DA ESCOLA BELGA
A combinação de uma tradição de cerveja que remonta a séculos e a paixão
demonstrada pelos cervejeiros de hoje em sua busca pela cerveja perfeita fez da
Bélgica o lar de cervejas excepcionais, de caráter único e produzidas com base em um
conhecimento inovador da fabricação de cerveja.
12
IMPORTANTE
A Pale Ale pertence à família das Ales. Ales são cervejas de alta
fermentação, ou seja, o processo bioquímico ocorre a alta temperatura
(15 a 24 °C). A Pale Ale é um estilo de cerveja marcada por sua cor clara
(na tradução livre seria “cerveja pálida”). No entanto, a cor da Pale Ale
é mais complexa, há uma uma variação perceptível na sua tonalidade
que chega ao dourado, mais puxado para o cobre. Além disso, elas são
caracterizadas por um peculiar aroma terroso e herbal, corpo robusto
e espumoso pela fermentação, e podem ganhar um sabor que remete
ao caramelo. Alguns estilos podem apresentar notas frutadas.
5 PRINCIPAIS NOMES
A disseminação de grandes feitos pelo mundo sempre dependeu de quem pu-
desse levar consigo o conhecimento adquirido no local de origem para outras regiões. Não
foi diferente com os estilos de cerveja produzidos nas regiões da Bélgica.
13
DICAS
Conheça a série de seis episódios, The Beer Hunter, disponível no
YouTube:
DICAS
Durante um festival de cerveja brasileira em 2016, Luc De Raedemaeker
conversou com um colega jurado brasileiro. O bate-papo ,com direito a
degustação de cerveja belga, pode ser visto no YouTube: https://www.
youtube.com/watch?v=10wfli4m4ZU.
14
DICAS
Uma conversa com “Kuaska” num bar da Bélgica pode ser vista pelo ende-
reço: https://www.youtube.com/watch?v=D1xAM0Zq1GA.
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
16
AUTOATIVIDADE
1 Os mestres cervejeiros belgas são considerados especialistas na utilização de ervas
e especiarias, pois, na produção da cerveja, tentam sempre atingir o maior ponto
de inovação possível. Com base nessas informações, pensando nos ingredientes
amplamente utilizados pelos belgas, além dos anteriormente citados, assinale a
alternativa CORRETA:
17
5 Cite os principais nomes que foram primordiais para a disseminação da cultura da
Escola Belga pelo mundo.
18
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
CERVEJAS BELGAS
1 INTRODUÇÃO
Como abordamos anteriormente, as cervejas belgas eram feitas muito antes
de a Bélgica se tornar de fato um país independente, e, desde a década de 1920, vem
aprimorando cada detalhe de produção para, inclusive, atuar no mercado de exportação.
O país é dividido em duas regiões definidas basicamente por suas raízes históri-
cas e por diferenças linguísticas: Flandres, ao norte (língua holandesa), e Valônia, ao sul
(língua francesa).
A maioria das cervejarias está localizada na região norte, mas o país inteiro é
recheado de pequenas, às vezes, minúsculas, produções de cervejas (Figura 6).
INTERESSANTE
Em 2016, em Bruges, cidade da região de Flandres, conhecida como
Veneza do Norte, foi inaugurado um cervejoduto de 3,2 km de extensão,
que em alguns trechos chega a 34 metros de profundidade. A
cervejaria De Halve Maan, cuja sede tem mais de 500 anos, resolveu
construí-lo para preservar o piso da cidade histórica castigado pelo
trânsito de caminhões da cervejaria até sua engarrafadora. Através
de dois dutos subterrâneos fluem 4 mil litros de cerveja por hora.
19
2 CARACTERÍSTICAS
O conjunto de atributos que tem como finalidade diferenciar um produto do outro
é chamado de característica. Cada escola possui a sua quando da fabricação de suas
cervejas, e são tão específicas que dificilmente um bom degustador com conhecimento
teria dificuldades em identificá-la.
20
2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA ESCOLA BELGA
As cervejas belgas se diferenciam das outras mundo afora por serem exóticas e
pela complexidade de sabores e aromas, e é nisso que focaremos como característica geral.
Há exceções, mas, em geral, as cervejas belgas são amplamente classificadas pelo método
de fabricação, tipo de fermentação, pela cor, pelo teor de álcool ou por uma característica
especial da cerveja (como a cerveja de inverno ou de natal).
Os cervejeiros belgas costumam dar ênfase a cervejas com alta acidez e aroma
de ervas, florais e condimentos, que são provenientes dos fenóis gerados por processos
químicos da fermentação, devido à composição química desses ingredientes serem
majoritariamente os compostos fenólicos. As leveduras que conduzem a fermentação
também são capazes de produzir ésteres, que trazem como consequência aromas que
lembram frutas e um típico aroma que lembra terra, unidos com o doce do caramelo.
21
Beer Style Guidelines (BREWERS ASSOCIATION, 2021) lista diversos estilos
produzidos pelas cervejarias belgas, alguns principais são descritos a seguir.
3.1 WITBIER
A cerveja witbier nasceu no século XV, período em que a Bélgica ainda era uma
colônia holandesa e que na europa vivia-se o período de navegação marítima. Durante a
exploração marítima rumo às Índias, diversas especiarias eram adquiridas e adicionadas
às receitas de cerveja.
Entre os estilos witbier (Figura 9), estão as Vedett Extra White, Celis White e
Blanche Des Neiges, com 4,7%, 5,0% e 4,9% de teor alcoólico, respectivamente.
22
FIGURA 9 – CERVEJA WITBIERS
23
se por um estilo frutado e um pouco picante, um toque adocicado, mas bastante
encorpada, com teor alcoólico que varia de 7,5% a 10%. Um dos rótulos dessa marca
é a Delirium Tremens, apresentada na Figura 11.
ATENÇÃO
Em 1998, a Delirium Tremens foi eleita no World Beer Championships como
a melhor cerveja do mundo.
3.4 SAISON
Originalmente, Saison era um cerveja artesanal fabricada no fim das estações
mais frias do ano, e consumida pelos trabalhadores agrícolas nos períodos mais
quentes. A cerveja se tornou popular nas cervejarias caseiras da Valônia, a região de
língua francesa da Bélgica. Saison significa “temporada” em francês.
Em geral, são cervejas cuja cor vai do dourado ao âmbar, com grande formação de
espuma e apresentando aromas complexos com notas cítricas, condimentadas e terrosas. O
aroma do lúpulo é geralmente picante e à base de ervas. Já seu sabor pode ser moderada-
mente picante e amargo. Seu baixo corpo e sua alta carbonatação torna as saison cervejas
leves e muito refrescantes, porém o teor alcoólico pode variar bastante de baixo (4,5%) a alto
(8,5%). Alguns rótulos mais conhecidos são: Saison Dupont e Fantôme Saison (Figura 12).
24
FIGURA 12 – FANTÔME SAISON
As cervejas trapistas, de modo geral, apresentam perfil aromático frutado, alto teor
alcoólico, alta carbonatação e paladar seco. Alguns estilos trapistas são citados a seguir.
25
FIGURA 13 – SELO DE AUTENTICIDADE DAS CERVEJAS TRAPISTAS
DICAS
A lista das abadias trapistas espalhadas pelo mundo pode ser vista em:
https://ocso.org/.
27
3.5.4 Belgian Blond Ale
É um estilo fácil de beber, apresenta amargor de lúpulo baixo, mas agradável.
Caracteriza-se por ser uma Ale de corpo baixo a médio, com baixo aroma de malte e
um caráter condimentado e às vezes frutado. Açúcares às vezes são adicionados para
acrescentar corpo à cerveja. Levemente adocicada, pouco amargo e com teor alcoólico
mais reduzido em comparação a todas as outras cervejas de estilos belgas, como Tripel
e Golden Strong Ale. Geralmente possui um tom dourado, brilhante (Figura 17).
INTERESSANTE
Para ser uma cerveja estilo trapista e obter o selo ATP, as cervejarias
precisam seguir as regras impostas pela Associação Internacional Trapista:
28
3.6 SOUR ALES
Sour Ales são cervejas que têm como principal característica o sabor ácido ou
azedo. Inclui uma variedade de estilos que têm essa característica em comum.
Entre esses estilos estão a Flanders Red Ale, a Oud Bruin e, também, as cervejas
da família Lambic, que são produzidas com técnicas de fermentação espontânea e
envelhecidas em barris de madeira (Figura 18).
29
FIGURA 19 – DUCHESSE DE BOURGOGNE
3.6.2 Lambics
É considerada a receita de cerveja mais antiga do mundo, pois ainda usa a
técnica tradicional antiga de fermentação natural ou fermentação espontânea ao invés
de serem inoculadas com variedades selecionadas, como é prática comum nas Ales
e Lagers. Os primeiros registros datam do século XIII. Essas são cervejas produzidas
obrigatoriamente nas cidades de Lambeek e Pajottenland, na Bélgica, inclusive com
selo de autenticidade.
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NOTA
O lúpulo utilizado no processo de produção de cervejas da família lambic
é um lúpulo envelhecido, ou seja, guardado por pelo menos um ano para
que perca todo o seu amargor. Seu objetivo na bebida é puramente como
um conservante.
IMPORTANTE
A mistura das duas levas de fermentação na produção da cerveja Gueuze
causa uma refermentação na própria garrafa da cerveja. Isso significa
uma intensa carbonatação, e por conta disso e da leve pressão causada,
as garrafas de Gueuze são normalmente vedadas com rolhas, o que lhe
confere um aspecto similar ao champanhe.
31
3.6.5 Faro Lambic
Esse estilo foi muito popular na Bélgica no século XIX, porém quase entrou em
extinção. Era produzida a partir de um blend de diferentes cervejas. Atualmente, a pouca
produção de faro consiste em uma lambic jovem com adição de açúcar.
A faro lambic é uma cerveja de cor âmbar, com boa formação de espuma. Os aromas
rústicos característicos das lambics estão presentes, acompanhados de notas adocicadas,
remetendo a caramelo. Apresenta um equilíbrio entre dulçor e acidez, com boa carbonatação.
DICAS
Mais informações sobre estilos de cerveja e suas características, acesse o
Guia da Brewers Association, de 2021: https://bit.ly/2W4NlTG.
4 SERVIÇO
A tradição atual da Escola Belga é utilizar a criatividade do mestre cervejeiro
para criar cada vez mais novas combinações de gostos e sabores, visando à inovação
nas sensações quando do consumo da cerveja.
A inovação nos estilos belgas é tão frequente que um mesmo estilo pode
apresentar as mesmas característisticas, porém com sabores diferentes, o que
torna mais difícil o estudo (um a um) dos mais de 1500 rótulos existentes na escola.
Considerando isso, abordaremos neste Subtópico as características gerais de serviço
mais recomendadas pelos especialisas em cervejas belgas.
4.1 TEMPERATURA
A temperatura de serviço é um dos fatores mais importantes a se considerar, pois é
essa que é capaz de prejudicar ou até mesmo acentuar a percepção de sabores.
32
QUADRO 2 – TEMPERATURA DE SERVIÇO DAS CERVEJAS BELGAS
ATENÇÃO
Temperaturas de 0 a 4 °C (muito gelada) geralmente são adequadas para
cervejas sem álcool e qualquer cerveja que tenha o objetivo de refrescar
mais do que de ser degustada.
Na Bélgica, cada estilo de cerveja tem o seu copo próprio, primeiro porque um
dos grandes prazeres degustativos é o visual, e segundo porque o tamanho do copo, a
abertura da boca e outras características influenciam diretamente na percepção do sa-
bor. Além disso, o tipo de copo influencia na formação e retenção de espuma, percepção
aromática e velocidade do escoamento do líquido.
Cada formato de copo tem uma função em relação à espuma, uns feitos com uma
preocupação maior para mantê-la a uma certa altura, outros nem tanto. Para o aroma, são
levados em consideração os desenhos dos copos que sejam mais adequados segundo o
fabricante, para desprender o bouquet da cerveja que se está degustando.
Uma taça semelhante a uma taça de champanhe é a taça preferida para servir
a cerveja lambic belga. A forma estreita ajuda a manter a carbonatação, ao mesmo
tempo que garante um aroma forte. Nesse tipo de copo é possível ver claramente as
bolhas de cerveja e a sua cor viva.
A taça Belga é ideal para cervejas que apresentam bastante espuma, como as
Strong Ales Belgas, por exemplo. O desenho baixo e elegante permite observar a evolução
da espuma. O corpo arredondado da taça captura os aromas, e a borda voltada para fora se
encaixa perfeitamente nos lábios e ajuda na sustentação da espuma.
33
Já o copo Weizen é ideal para cervejas do tipo Weizenbier (cervejas de trigo), tem
capacidade para receber todo o volume da garrafa de 500 ml, incluindo o fundo com
leveduras e a espuma abundante. A forma longa do copo possibilita a visualização do
líquido, e a boca larga se justifica pela grande intensidade aromática do estilo (DICAS, 2016).
Uma regra para quando não há muitas opções de copo é: quanto mais forte for o teor
de álcool, mais redondo deve ser o copo (ou seja, semelhante a um copo de vinho).
DICAS
Confira as principais opções de copos, taças e canecas no endereço:
https://bit.ly/3tWTy0p.
Após isso, o restante da cerveja deve ser servido com o copo em linha reta, isto é, em
um ângulo de 90º, até sua borda, deixando no máximo de 1 a 2 cm de espessura de espuma.
34
5 CURIOSIDADES
Na Bélgica são produzidos mais de 50 estilos diferentes de cerveja.
Bruges tem três cervejas da cidade: Straffe Hendrik, Brugse Zot e Bourgogne des
Flandres. Na Province of West Flanders, é produzida a cerveja trapista de Westvleteren
(Westvleteren 12), que já recebeu o título de melhor cerveja do mundo. Outras cervejarias
ao redor de Poperinge, a região do lúpulo, também estão entre as 50 melhores do mundo.
Segundo o relatório anual de cervejarias belgas em 2020, 70% das cervejas produ-
zidas na Bélgica foram destinadas à exportação (BELGIAN BREWERS, 2020). No país da Es-
cola Belga, é comum a utilização da cerveja para o preparo do prato além da harmonização.
35
A Belgian Beer Weekend é o maior evento cervejeiro da Bélgica, acontece
anualmente em setembro, em Bruxelas organizado pela Federação Nacional dos
Cervejeiros Belgas (National Federation of Belgian Brewers). É um fim de semana
dedicado às cervejas belgas. Cervejarias pequenas e grandes apresentam suas cervejas
na Grand-Place. O evento é gratuito, mas as degustações de cervejas são pagas.
O Zythos Beer Festival (ZBF) é um festival grátis, que acontece em abril, na Leuven,
a 25 km de Bruxelas. O ZBF é exclusivamente dedicado às cervejas belgas e conta com a
participação de cervejarias, empresas cervejeiras e as novidades das cervejas artesanais.
Para desfrutar da degustação, é preciso comprar um pacote inicial que inclui um copo, o
programa do festival, vários serviços e 10 fichas. O evento conta com visitantes de mais
de 30 países. Outros eventos menores também permitem desfrutar das cervejas belgas
como: bierpassie weekend, na Antuérpia; o North Sea Beer Festival, em Ostend; Poperinge
Bierfestival, em Poperinge; e o kerstbierfestival, festival de natal, em Essen.
36
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Uma das características marcantes das cervejas belgas é serem de alta fermentação,
possuírem amargor e, ao mesmo tempo, certa doçura.
37
AUTOATIVIDADE
1 O conjunto de tributos que tem como finalidade diferenciar um produto do outro é
chamado de:
a) ( ) Análise sensorial.
b) ( ) Características.
c) ( ) Harmonização.
d) ( ) Sensações.
2 Um dos estilos de cervejas belgas mais conhecidos é a Belgian Tripel, uma cerveja com
notas frutadas e com sabor amargo. Pensando na faixa de temperatura correta de serviço
do estilo da Belgian Tripel, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) 3 a 8 °C.
b) ( ) 8 a 12 °C.
c) ( ) 5 a 10 °C.
d) ( ) 14 a 18 °C.
3 As cervejas belgas são consideradas bebidas para paladares exigentes, que buscam
uma certa complexidade nas sensações, quando da degustação. Além dos sabores,
os estilos belgas se destacam:
4 De modo geral, ao servir uma cerveja, é necessário seguir algumas regras básicas. Cite
algumas das regras que se aplicam, inclusive, para as cervejas belgas.
5 A Escola de cerveja belga têm íntima ligação com a igreja católica , gracas aos monges que
foram seus principais produtores por muitos séculos. Ainda hoje, existem mosteiros que
se dedicam à produção de cerveja, sendo essas conhecidas como estilo trapista. Tendo
em vista que uma autêntica cerveja trapista recebe um “selo de autenticidade”, Authentic
Trappist Product, para proteger que o termo não seja associado a outros produtos, cite as
regras que as cervejarias devem seguir para ter uma autêntica cerveja estilo trapista.
38
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
GASTRONOMIA E A CERVEJA BELGA
1 INTRODUÇÃO
Os primeiros indícios da harmonização surgiram com a produção de vinhos em
meados do século XVII. Cada região produtora buscava trazer novas experiências aos
consumidores com suas comidas típicas. Nos tempos atuais, a harmonização foi esten-
dida para diversas bebidas, como caipirinhas, cachaças e até cervejas (WEIGL, 2020).
Harmonizar é fazer a junção entre alimentos e bebidas para que novas sensações
sejam sentidas. Um prato deve sempre contrastar com a bebida, e sua combinação en-
volve a análise minuciosa das caractetísticas dos produtos que participarão dessa junção.
2 HARMONIZAÇÃO
A harmonização da cerveja com o prato é facilitada quando se identifica os
ingredientes presentes na receita e as características base da cerveja, combinando-os
de forma que nenhum se sobreponha ao outro.
• Cervejas leves acompanham comidas leves, enquanto cervejas mais fortes, intensas e
encorpadas harmonizam melhor com comidas mais pesadas e gordurosas.
• Quanto mais escura a cerveja, mais escura deve ser a comida da harmonização.
Cervejas escuras recebem essa cor dos maltes escuros, que normalmente têm um
sabor mais tostado e algumas vezes mais adocicado, que combina bem com os
mesmos sabores das comidas bem assadas ou grelhadas.
• Quanto mais picante for a comida, mais lupulada e amarga deve ser a cerveja. O
lúpulo consegue reduzir bem o efeito das pimentas, permitindo sentir melhor os
sabores tanto do prato quanto da cerveja.
• Chocolates.
• Embutidos.
• Petiscos.
• Pratos principais.
• Queijos, entre outros.
40
QUADRO 3 – HARMONIZAÇÃO DE DIFERENTES PRATOS COM CERVEJAS BELGAS
ESTILOS / CERVEJAS
HARMONIZAÇÃO
BELGAS
Aves, pratos preparado com ervas como tomilho, co-
entro, manjericao, hortelã, alecrim, etc., molhos pes-
Belgian Tripel
tos; peixes gordurosos (mas não defumados) e vegetais
(brócolis, aspargos e couve-flor).
Witbier (Wit) Saladas, vinagretes, peixes e frutos do mar.
Belgian Dark Strong Ales Fondue com chocolate, chocolate meio amargo.
Belgian Strong Golden Ale Mexilhões, peixes fritos e queijos de alta maturação.
Logo, para o fondue de chocolate, que mistura a versão ao leite com meio
amarga, as cervejas Belgian Dark Strong Ale e a Gouden Carolus Classic harmonizam
bem. Por ser bem doce, o chocolate branco combina com uma cerveja mais ácida e que
tenha adição de frutas vermelhas, como a Fruit Beer. O chocolate ao leite, assim como o
branco, é um tanto adocicado, porém traz sabores mais próximos do toffee e de nozes,
e combina com uma cerveja Quadruppel.
41
Em geral, cervejas trapistas apresentam aromas muito complexos e maltes
claros. Notas herbáceas, condimentadas, florais e frutadas, principalmente cítricas, são
fortemente sentidas nesse estilo, criando um conjunto extremamente harmonioso. São
cervejas bem carbonatadas e com alto teor alcoólico, que harmonizam bem com pratos
gordurosos, sendo capaz de limpar o paladar.
DICAS
Mais opções de harmonizações de estilos de cervejas belgas podem
ser consultadas numa matéria da nutricionista Fabiana Panobianco:
https://bit.ly/3mHKFol.
42
4 HARMONIZAÇÃO COM QUEIJOS
De acordo com Jeremy Storton (2017), ao combinar queijos com cervejas, é
preciso considerar a força do sabor: queijos mais fortes devem harmonizar com cervejas
fortes e queijos mais fracos, com cervejas mais fracas.
Muçarela, Camembert,
Belgian Tripel, Fruit Beers, Witbier
Macios Catupiry, Brie e
Kriek e Lambic
Requeijão
Semi - macios Gouda Belgian Pale Ale
Parmesão e Grana
Duros Strong Ale
Padano
Cheddar, Suiço, Gruyere,
Semi-duros Belgian Ale, Witbier e Strong Ale
Emental e Provolone
Roquefort e Belgian Strong Ale, Belgian Dark
Azuis
Gorgonzola Strong Ale
FONTE: Adaptato de <https://www.brejas.com.br/cerveja-queijo.shtml>. Acesso em: 8 jul. 2021.
43
LEITURA
COMPLEMENTAR
CERVEJA PARA LEIGOS
Steve Ettlinger
Sofia Braga
Juliana França
44
O grão proporciona 5 características para a cerveja:
• Cor: a cor dos grãos usados para fazer a cerveja afeta diretamente sua cor.
• Sabor: o sabor da cerveja é, em um primeiro momento, o da cerveja maltada, embora
as características do lúpulo e da levedura tenham um segundo papel.
• Maltose: maltose é o termo usado para ao açúcares fermentáveis derivados do grão
maltado. A levedura converte estes açúcares em álcool e dióxido de carbono (CO2).
• Proteínas: As proteínas dos grãos ajudam a firmar e formar o colarinho (espuma).
• Dextrinas: As dextrinas são componentes do grão que ajudam a criar a textura (a
sensação de corpo ou de viscosidade) da cerveja.
Com o sempre crescente número de cervejas saborosas sendo feitas nas cervejarias
artesanais, somado ao bônus do aumento das cervejas importadas de todos os lugares,
os consumidores atuais encaram decisões monumentais toda vez que têm que fazer uma
escolha. As seções seguintes fornecem diretrizes para comprar, servir e degustar cerveja.
Comprando Cerveja
45
• Amargor: o amargor é essencial para o balanceamento do sabor da cerveja. Ele se
opõe à doçura do malte.
• Sabor: os lúpulos também têm sabores que nitidamente diferem do amargor, que se
somam à complexidade da cerveja .
• Aroma: o aroma picante dos lúpulos, que reflete seus sabores, é derivado de seus
óleos essenciais.
• Estabilidade: os lúpulos ajudam a dar estabilidade e conservação à cerveja; seus
ácidos beta evitam a contaminação por bactérias.
Servir e degustar cerveja são atividade que requerem diligência. Não saber
servir uma cerveja corretamente pode ter um efeito significativo no seu prazer de beber.
A seguir, algumas diretrizes para você desfrutar a cerveja adequadamente:
FONTE: ETTLINGER, S.; BRAGA, S.; FRANÇA, J. Cerveja para leigos. Rio de Janeiro: Editora Altabooks, 2013.
46
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Devido à complexidade das cervejas belgas, existe uma vasta combinação dessas
com pratos.
• As cervejas belgas devem contrastar com os pratos para uma boa harmonização.
47
AUTOATIVIDADE
1 Cervejas costumam ser harmonizadas com diferentes alimentos. Assim, assinale a
alternativa que possui alimentos que podem ser hamonizados com cervejas belgas.
2 Os estilos de cervejas Belgian Ale, Witbier e Strong Ale são mais indicados para queijos:
a) ( ) Witbier.
b) ( ) Belgian Blond Ale.
c) ( ) Lambic fruit.
d) ( ) Belgian Strong Ale.
48
REFERÊNCIAS
BASSOLI, M. Cervejando, harmonização cerveja e escola belga. O Defensor,
Taquaritinga, 1 de agosto de 2020. Disponível em: <https://bit.ly/2WY6Qh9>.
Acesso em: 9 jul. 2021.
BELGIAN BREWERS. Annual Report 2020. Brussels: Belgian Brewers, 2020. Dis-
ponível em: https://bit.ly/3oKcVZR. Acesso em: 17 ago. 2021
BONACCORSI, M. M. Guia de estilos de cervejas. St. Louis Park, MN: BJCP, 2015.
Disponível em: https://bit.ly/3Fx6U8Y. Acesso em: 16 ago. 2021.
BREWERS ASSOCIATION. 2021 beer style guidelines. Boulder, CO: Brewers As-
sociation, 2021. Disponível em: https://bit.ly/3Di78im. Acesso em: 16 ago. 2021
DE SMET, D. Tasting belgian beers: a beer lover’s manual. New York: Flanders State
of the Art, 2020.Disponível em: https://bit.ly/3uVOBp9. Acesso em: 17 ago. 2021.
DICAS da Mr. Beer: como servir cervejas especiais. Beer Art – Portal da Cerveja, [s.
l.], 31 ago. 2016. Disponível em: https://bit.ly/2YAeTRT. Acesso em: 16 ago. 2021.
ETTLINGER, S.; BRAGA, S.; FRANÇA, J. Cerveja para leigos. Rio de Janeiro: Edito-
ra Altabooks, 2013.
JACKSON, M. Guia ilustrado Zahar de cerveja. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2009.
SPIESS, S. Quem é Kuaska? O Caneco, [s. l.], 19 ago. 2016. Disponível em: <ht-
tps://bit.ly/3akuM1j>. Acesso em: 11 jul. 2021.
STORTON, J. Everything you need to know about pairing beer and cheese. Craft Beer.
com, [s. l.], 2 jun. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3oNL7UK. Acesso em: 16 ago. 2021.
49
50
UNIDADE 2 —
A ESCOLA AMERICANA E
SEUS CONCEITOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
51
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
52
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
ESCOLA AMERICANA
1 INTRODUÇÃO
Derivada da palavra em latim bibere (beber), a cerveja permanece com o seu
processo de elaboração inalterado durante séculos, mesmo com maior regulação e
controle. Embora exista uma flexibilidade em relação à escolha de diferentes matérias-
primas, a maioria das cervejarias (e cervejeiros) é consciente da importância de manter
a tradição na fabricação da bebida (VENTURINI FILHO, 2016).
2 HISTÓRICO
A produção e o consumo e bebidas alcóolicas é uma das atividades mais antigas
desenvolvidas pelo homem. Especificamente, a produção de cerveja, talvez a mais
popular de todas as bebidas, vem aprimorando técnicas ao longo dos anos em função da
necessidade do escalonamento produtivo (VENTURINI FILHO, 2016).
Em 1920, foi estabelecida a Lei Seca nos Estados Unidos, com o intuito de
controlar a vida privada dos trabalhadores, garantindo, assim, uma mão de obra mais
eficiente. Também conhecida como Ato de Proibição Nacional (ou Ato Volstead), a Lei
53
Seca foi instituída por meio da 18ª emenda da Constituição Americana, e proibia o
comércio e distribuição de qualquer bebida que possuísse um índice igual ou maior de
0,5% de álcool em sua composição (COSTA, 2019).
A Figura 1 ilustra oficiais americanos fazendo cumprir a Lei Seca, com o descarte
de toda bebida alcóolica produzida para comercialização. Na imagem, a cerveja contida em
barris está sendo vertida na rede de esgoto para evitar a sua distribuição.
FIGURA 2 – AL CAPONE
54
NOTA
A Figura 2 apresenta o mafioso Alphonse Gabriel, "Al" Capone, também
conhecido como Scarface. Ele liderou uma organização criminosa na cidade
de Chicago, que se dedicava a diversas atividades ilícitas, entre elas pontos
de apostas, casas de jogo, bordéis, clubes noturnos, destilarias e cervejarias,
contrabando e venda de bebidas alcoólicas. A história de Al Capone foi
retratada em filmes como Os Intocáveis (The Untouchables).
PERÍODO ACONTECIMENTOS
A indústria desperta novamente após a revogação da Lei Seca:
- Liberação de bebida com teores máximos de 3,2% de álcool.
- Os fabricantes de cerveja passaram a fornecer para o mercado atacadista,
que por sua vez, repassava ao comércio varejista.
- Manteve-se no mercado apenas as cervejarias com vantagem competitiva,
1933-1945
crescendo rapidamente as que dominavam a produção e distribuição em massa.
- Com a Primeira Guerra Mundial, houve a redução da produção de grão e com
isso o padrão do teor alcoólico da cerveja passou a ter o limite de 2,75%. No
entanto, o consumo per capita da bebida cresceu 50% entre 1940 a 1945, pelo
aumento da procura por soldados e população em geral.
O setor industrial permanece crescendo e se consolidando após a
Segunda Guerra Mundial:
- A produção total de cerveja continuou a crescer, mas em ritmo mais
1945-1980
lento do que o consumo per capita.
- As cinco maiores cervejarias americanas viram sua participação no
mercado nacional crescer de 19 para 75%.
55
- Cresce a venda de cerveja enlatada ou engarrafada, e cai a distribuição
por meio de torneiras em bares.
Crescimento contínuo, movimento de microcervejaria e dimensões
internacionais da indústria cervejeira:
- Produção cervejeira crescente, porém com consumo per capita menor
e estabilizado.
1980-2000
- Abertura de microcervejarias com inovações e resgates de estilos,
competindo pelo diferencial do produto.
- Negociações internacionais por parte das grandes cervejarias com o
intuito de explorar o mercado exterior.
PERÍODO ACONTECIMENTOS
Os primeiros dias de fabricação de cerveja na América:
- Imigrantes holandeses perceberam que o clima e o solo da região de
Nova Iorque eram favoráveis para a produção de lúpulo e malte - dois
ingredientes essenciais na elaboração da cerveja.
1650 -1800 - A cerveja era produzida e consumida de forma local, pois o armazena-
mento era dificultado pela falta de tecnologia. Por isso, normalmente a
cerveja era acondicionada em barris de madeira.
- Haviam pequenas cervejarias, no entanto, muitas famílias fabricavam a
sua própria bebida.
A fabricação de cerveja começa a expandir:
- Não há dados estatísticos anteriores a 1810, porém sabe-se que até
1860 a produção cresceu e manteve-se em pequena escala.
1800-1865
- Em 1860, a cervejaria Vassar, a qual foi fundada em 1797 em Poughkeep-
sie, Nova Iorque, passou a ser uma das maiores do país, com a produção
de 30.000 barris de cerveja.
A cerveja surge como uma indústria significativa:
- O aumento da industrialização e urbanização aumentou o acesso e a
demanda dos consumidores por bebidas alcóolicas.
- Métodos de conservação como a refrigeração e a pasteurização
ajudaram a estender a vida útil da cerveja.
- A comercialização de cerveja lager de estilo alemão disparou em relação
1865-1920
às demais.
- Em 1910, com o aumento da escala produtiva, a cerveja havia se tornado
uma das principais indústrias manufatureiras da América.
- Ao utilizar o transporte ferroviário para o escoamento da produção,
grandes empresas como a Pabst Brewing Company, de Milwaukee, e a
Anheuser-Busch, de St. Louis, tornaram-se cervejarias “remetentes”.
A proibição:
- Com a instituição da Lei Seca, muitas empresas se desfizeram de suas
1920-1933 fábricas e equipamentos, enquanto outras começaram a produzir cerveja
com menos de 0,5% de álcool para ganhar competitividade e manter sua
equipe de cervejeiros ativa.
56
- A produção de extrato ou xarope de malte foi uma das alternativas
encontradas por cervejarias, o qual tinha como finalidade principal o uso
em biscoitos, porém sendo usado também como insumo para fabricação
e cerveja artesanal.
- Blatz, Pabst e Anheuser-Busch empreenderam em veículos motorizados
para a logística da cerveja e em máquinas para engarrafamento, sendo
ativos importantes após a revogação.
- O aprendizado sobre o enlatamento e engarrafamento nesse período se
mostrou importante para a comercialização futura.
FONTE: Adaptado de Stack (2003)
ATENÇÃO
O uso de ingredientes especiais e a produção em pequena escala
são características das microcervejarias. Por conta disso, os produtos
oferecidos por esse tipo de negócio são comumente chamados de
“cervejas premium” ou “cervejas especiais”, e atendem consumidores
que buscam bebidas diferenciadas.
57
3 CULTURA E TRADIÇÃO DA ESCOLA AMERICANA
A criação de uma cultura do consumo da cerveja nos Estados Unidos se deu pela
influência dos imigrantes de países com forte consumo dessa bebida, como Grã-Bretanha,
Irlanda e Alemanha. Com o aumento da demanda por parte de soldados combatentes na
Guerra Civil, a cerveja passou a ser a bebida alcoólica mais vendida no país (STACK, 2003).
NOTA
O que é uma cerveja artesanal?
É toda cerveja produzida por uma cervejaria pequena e independente
com ingredientes de qualidade e métodos tradicionais. Os cervejeiros
artesanais são detalhistas e produzem cervejas tidas como muito
superiores às similares fabricadas em grande escala. Embora não
contem com o recurso dos líderes do mercado, são mais livres para
produzir pequenos lotes de cervejas sem substâncias químicas e
carbonatadas naturalmente – algo que as empresas maiores não
consideram comercialmente viável.
Os produtores de bebidas tiveram que se adaptar aos novos padrões dos clientes,
os quais estavam desacostumados com sabor, aroma e teores alcoólicos mais intensos.
As alterações após a Lei Seca envolveram a redução de sabores de maltes especiais e o
amargor, aumento da carbonatação e do volume produzido, bem como a diminuição da
quantidade de álcool. Dessas mudanças surgiu o estilo Standard American Lager, o qual
dominou o mercado cervejeiro nas décadas seguintes.
58
DICAS
As cervejarias artesanais dos Estados Unidos são representadas pela
Brewers Association. Além de regulamentar a produção da cerveja
em termos de segurança e qualidade, a associação divulga dados
estatísticos e financeiros, promove eventos e é responsável pela
atualização de um Guia de estilos da entidade. Para saber mais,
acesse: https://www.brewersassociation.org/.
59
NOTA
As cervejarias para gastronomia, ou Brewpub, apresentam a
produção da bebida direcionada para um restaurante específico.
Normalmente se encontra em anexo ao estabelecimento, ou
seja, funcionam no próprio espaço da fábrica, mostrando para
o consumidor o processo cervejeiro, apresentando a bebida em
barris, sem engarrafá-la (BECK, 2015).
Dados indicam que, no ano de 2012, 97% das cervejarias nos Estados Unidos foram
classificadas como artesanais. Além disso, há registros que, no mesmo ano, 1 milhão de
americanos produziram sua própria cerveja em casa. Embora ainda haja o domínio das
grandes companhias nas transações comerciais, verifica-se a tendência do aumento do
número de cervejarias artesanais (HUGHES, 2014).
De acordo com Cunha e Gurgel (2019), a Escola cervejeira americana é a mais re-
cente a ganhar reconhecimento, sendo notória a sua participação no mercado global. Tradi-
cionalmente, os Estados Unidos produzem malte e lúpulo com características muito espe-
cíficas. Uma maior quantidade de lúpulo proporciona às cervejas características de amargor,
sabor e aroma identificáveis, propriedades do estilo da Escola cervejeira norte-americana.
60
A maior parte das cervejas é remotamente inspirada na tradição
alemã das lagers claras e leves, embora cervejas escuras e fortes
América latina
possam ser ocasionalmente encontradas. O mercado é dominado
pela maior produtora do mundo em volume de cerveja - InBev.
Com uma cultura cervejeira forte, as lagers leves e efervescentes
Caribe
ganharam popularidade por serem consideradas "fáceis de beber”.
FONTE: Adaptado de Jackson (2010)
4 PRINCIPAIS NOMES
Ao longo da história cervejeira americana, muitos homens protagonizaram o
desenvolvimento da bebida, desempenhando papéis fundamentais no reconhecimento
atual da Escola. Buscando diferencial, as cervejas americanas da atualidade muitas vezes
combinam mais de um estilo, demonstrando tendência para a inovação.
De acordo com o Beer Institute (INDUSTRY, 2020), nomes como Patrick Henry,
Thomas Jefferson, Samuel Adams (um dos líderes revolucionários da Festa do Chá de
Boston) e James Madison promoveram vigorosamente a indústria cervejeira nas colô-
nias. George Washington operava uma pequena cervejaria em Mount Vernon, e durante a
Guerra Revolucionária, garantiu que suas tropas recebessem um litro de cerveja por dia.
Em sua predileção pela cerveja, esses grandes homens estavam apenas seguindo uma
tradição americana que já estava bem estabelecida. Assim que as colônias da Pensilvânia, Ver-
mont e Nova York foram fundadas, seus governadores estabeleceram cervejarias para fornecer
refrescos a seus súditos. Como a primeira delas foi construída em 1623, verifica-se que a prática
de saborear cerveja na América é mais antiga do que a própria América (INDUSTRY, 2020).
NOTA
A Festa do Chá de Boston (Tea Party Boston) refere-se ao momento em
que, vestidos como índios moicanos, opositores frente às medidas de
taxação de importação e restrição de comércio, impostas pelos Ingleses,
subiram nos navios da companhia Britânica das Índias Orientais
e derrubaram ao mar 342 caixas de chá. Esse episódio contribuiu
para fortalecer a insatisfação dos colonos americanos, acelerando o
processo de Independência dos Estados Unidos da América.
61
Desde 1844, Pabst Brewing Company vem construindo marcas e fazendo história
na indústria cervejeira americana. Jacob Best iniciou sua empresa em Milwaukee com
apenas 18 barris e, em 1872, e viu a companhia tornar-se a segunda maior cervejaria dos
Estados Unidos, sob a direção do Capitão Pabst (HISTORICAL, 2019). A Figura 4 ilustra a
grandiosidade da fábrica, com produção de cerveja em larga escala.
62
Há registros de que John Wagner tenha sido o primeiro a produzir cerveja Lager
nos Estados Unidos, na Filadélfia (Pensilvânia), em 1840. Sendo as Lagers mais leves
e refrescantes, as características da bebida diferenciavam-se das clássicas Ales, tão
valorizadas pelos europeus por serem mais encorpadas (LAW; GRIMES, 2016).
63
A prática da produção caseira de cerveja, proibida desde a Lei Seca, foi retomada
em 1979. Após sua liberação, ocorreu a Revolução das Cervejas Artesanais. Dessa forma,
os Estados Unidos tomaram de volta o seu lugar entre as grandes nações cervejeiras. E
algumas das características dessa revolução, como o uso de insumos locais e o desejo
constante dos norte-americanos de fazer tudo sempre maior, mais extremo e mais inovador
do que já existe, deram origem a novos estilos de cerveja e trouxeram à tona práticas
tradicionais pouco difundidas até então (MORADO, 2017).
64
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A história da cerveja na América foi iniciada por colonizadores europeus, e suas evo-
lução e diferenciação ocorreram por diversos fatores, inclusive climáticos e políticos.
65
AUTOATIVIDADE
1 A Constituição americana estabeleceu em sua 18ª emenda, a proibição da manufatura,
o comércio, o transporte, a exportação e a importação de bebidas alcoólicas. Essa lei
vigorou por 13 anos, foi considerada o maior fracasso legislativo de todos os tempos
nos Estados Unidos. Em relação à regulação de bebidas alcóolicas, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – V – V.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – F.
66
a) ( ) Fritz Maytag é um dos homens mais influentes na produção cervejeira artesanal
na atualidade.
b) ( ) Charlie Papazian ganhou notoriedade pelas suas contribuições no âmbito
industrial e artesanal.
c) ( ) John Wagner desempenhou um importante papel na luta contra a Lei Seca.
d) ( ) Adolphus Busch é considerado o precursor da cerveja artesanal estadunidense.
67
68
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
CERVEJAS AMERICANAS
1 INTRODUÇÃO
Entre uma vasta família de bebidas fermentadas a partir do amido de plantas,
geralmente grãos, eis que surge a cerveja pertencente a essa família (MOSHER, 2018). No
entanto, ela pode apresentar diferentes teores alcóolicos, texturas, aromas e sabores, a
depender dos insumos utilizados para a sua produção.
Considerando que cada país, região geográfica ou mesmo cada cidade pode ter
seu próprio estilo de cerveja, analisaremos, neste tópico, as características das cerve-
jas americanas e a maneira adequada de servi-las, bem como conheceremos algumas
curiosidades sobre elas.
2 CARACTERÍSTICAS
O processo de elaboração da cerveja envolve matérias-primas fundamentais, as
quais permitirão que, em doses certas e com o controle adequado do binômio tempo-tem-
peratura, as reações ocorram e, assim, seja gerado o produto com características próprias.
69
• Lúpulo: o Humulus lupulus é uma flor cônica de plantas trepadeiras, conforme ilustra
Figura 9. A planta é rica em óleos e resinas essenciais. Age como um conservante
natural, além de proporcionar aroma e sabor às cervejas.
FIGURA 9 – LÚPULO
70
FIGURA 10 – ESPECIARIAS E CONDIMENTOS
ATENÇÃO
A cor da cerveja não indica se ela é forte ou fraca. Ela é determinada pelos
tipos de malte na receita, o qual, por meio do processo de torrefação, tem
seu sabor, cor e aroma evidenciados.
71
FIGURA 11 – CÍRCULO DE AROMAS E SABORES, AGRUPANDO TERMOS DE CLASSE E DE PRIMEIRO NÍVEL
RECOMENDADOS EM DEGUSTAÇÃO DE CERVEJA
72
perene, ou com características semelhantes. Os lúpulos mais modernos podem
adicionar, ainda, características mais incomuns e experimentais, tais como frutas de
caroço (por exemplo, manga), bagas (berries) e melão (BONACCORSI, 2015).
NOTA
A sigla IBU (International Bittering Units) refere-se à unidade padrão para
medir lúpulos, ou seja, permite medir o amargor de uma cerveja com
uma escala correlacionada de 1 a 100. Quanto mais alto esse número,
maior é a concentração de compostos amargos na cerveja.
FONTE: PEROZZI, C.; BEAUNE. H. Cerveja em Casa. São Paulo: Tapioca, 2014.
Ale Lager
- A levedura fermenta no topo do fermentador
- A levedura fermenta no fundo do fermentador
sob temperatura relativamente alta (15,5 a 24
sob temperaturas relativamente baixas (1 a
°C), em um curto período de tempo (sete a oito
10 graus Celsius), em um longo tempo de
dias – ou menos).
fermentação (semanas a meses).
- Costumam ser mais aromáticas e conter
- Apresentam um sabor mais suave e
açúcar residual (o açúcar não é consumido
refrescante (as leveduras geram menos
de forma integral pela levedura durante o
subprodutos do que as Ales).
processo de fermentação).
FONTE: Adaptado de Perozzi e Beaune (2014)
73
3 SERVIÇO
O serviço de cerveja engloba aspectos diversos relacionados à experiência
do consumidor. De acordo com site Science of Beer (SERVIÇO [...], 2021), os principais
fatores a serem considerados são:
74
vejas, assim como treinamento da equipe e criação de harmonizações, é o sommelier
de cervejas. Ele é capaz de proporcionar uma experiência sensorial completa de de-
gustação de cervejas especiais, por conhecer as características dessas.
• Temperatura: cada estilo de cerveja apresenta características sensoriais distintas,
exigindo, assim, diferentes temperaturas para melhor servir. O Quadro 4 resume as
faixas de temperaturas adequadas para o consumo de cervejas.
4 CURIOSIDADES
Por ser uma bebida milenar, a cerveja tem em sua linha evolutiva inúmeras curio-
sidades em relação ao seu processo produtivo, assim como sua introdução e dissemina-
ção na sociedade mundial. Condenada por alguns pelo seu cunho alcoólico, é apreciada
por muitos que valorizam seus atributos sensoriais e seu poder de socialização. A cerveja
é frequentemente associada à roda de conversa, happy hour e comemorações.
Ela também ampliou a definição da bebida, com receitas experimentais, como a Uto-
pias, a qual já foi considerada a cerveja mais forte do mundo, apresentando 27% de álcool em
sua composição (JACKSON, 2010). Por meio da Figura 13, é possível observar que a cerveja Uto-
pias apresenta-se em embalagem diferenciada, evidenciando aspectos especiais da bebida.
75
FIGURA 13 – CERVEJA UTOPIAS
76
FIGURA 14 – MCSORLEY’S: O BAR MAIS ANTIGO E AINDA EM FUNCIONAMENTO NOS
ESTADOS UNIDOS
77
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
78
AUTOATIVIDADE
1 A cerveja é considerada uma bebida versátil, apresentando possibilidades de variação
conforme quantidade de insumos utilizados, sua proporção, grau de maltagem do
cereal, temperatura, tipo de fermentação, duração de todas as etapas, formas de
armazenamento e envase da bebida. Em relação aos componentes da cerveja,
assinale a alternativa CORRETA:
2 As papilas gustativas são receptores sensoriais que recebem estímulos que indicam
se o sabor é doce, amargo, ácido ou salgado. Em baixas temperaturas, elas geram
insensibilidade, tornando impossível apreciar as qualidades de determinados tipos de
cerveja. Da mesma forma, o calor também pode alterar as propriedades e a textura da
bebida. Sobre o serviço de cerveja, associe os itens, utilizando o código a seguir.
I- Temperatura morna.
II- Temperatura fresca.
III- Temperatura bem gelada.
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) III – I – II.
c) ( ) II – I – III.
d) ( ) III – II – I.
79
4 Embora seja percebida como característica de “cerveja quente” por alguns consumido-
res, entende-se que a espuma é importante para a manutenção de atributos sensoriais
da bebida, como a temperatura, o sabor e o aroma. Com base nos conhecimentos ad-
quiridos neste tópico, explique como ocorre a formação do colarinho da cerveja.
5 Caracterizada por ser uma planta trepadeira, com o cultivo melhor adaptado em regiões
de clima frio (como o hemisfério norte, por exemplo), o lúpulo pode ser utilizado para
fins ornamentais, embora seja amplamente usado na elaboração cervejeira. Neste
sentido, comente sobre a influência do lúpulo no sabor da cerveja.
80
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
GASTRONOMIA E A CERVEJA AMERICANA
1 INTRODUÇÃO
A utilização de bebidas alcoólicas na gastronomia é amplamente reconhecida
por cozinheiros e chefs de cozinha. Os atributos sensoriais das cervejas fazem com
que a bebida seja utilizada tanto na culinária como ingrediente em preparações e
complemento ou contraste de sabores e texturas de pratos diversos.
2 SUGESTÃO DE HARMONIZAÇÃO
A Gastronomia – do grego “estudo do estômago” – envolve os aspectos culturais
associados à culinária, às bebidas e aos materiais usados na alimentação. Reside na
área da hospitalidade, especialmente a partir do contexto da comensalidade, da qual faz
parte intrinsicamente (ROCHA, 2015).
81
Por ser influenciada pelo acesso de ingredientes, culturas culinárias e tradições
locais, a gastronomia pode ser constantemente modificada e, acima de tudo, evoluir. O
interesse pelo ramo vem crescendo por parte dos empreendimentos, assim como vem
aumentando o número de indivíduos que fazem refeições fora de casa.
As cervejas mais elaboradas passaram a ser vistas como uma boa opção de acom-
panhamento para pratos em restaurantes, assim como para receitas culinárias, proporcio-
nando aos consumidores experiências gastronômicas de fato, tornando uma bebida so-
fisticada e saborosa para ser consumida com uma refeição especial (SOUZA; LANG, 2014).
Existem três parâmetros (Quadro 6), relatados por Eugênio (2017), para a harmonização
de alimentos e cervejas, envolvendo combinações e características importantes.
82
da cerveja “limpa" da boca a gordura residual de
um queijo ou a picância de um prato apimentado,
preparando o paladar para continuar a degustação.
FONTE: Adaptado de Eugênio (2017)
A busca por uma harmonização adequada tem como intuito conservar as caracte-
rísticas dos pratos e das bebidas para que esses mantenham seus aspectos predominantes
ou para que eles não sejam sobrepostos e mascarados quando feita a combinação.
É uma experiência sensorial, única e pessoal, mas que segue certos padrões e
sugestões, já que existe uma base comum para cada sabor e aroma.
83
Para complementar o cardápio, pode-se ter parcerias com foodtruck, deliverys
ou até mesmo autorizando o cliente a trazer a sua própria comida (prática conhecida
nos Estados Unidos como BYOF – bring your own food) (FREITAS, 2021).
INTERESSANTE
Brewpubs, taproom, taphouse e tasting room têm em comum o fato
de que oferecem muitas taps (torneiras), servindo os mais variados
estilos de cerveja. Em geral, os Brewpubs são estabelecimentos anexos
a microcervejarias, cujo propósito principal é servir aos visitantes
as “cervejas da casa”, harmonizando com pratos preparados no
local. Os Tap Rooms também focam na cerveja “da casa”, mas com
cardápios mais reduzidos. Um exemplo é o Wooden Robot (Figura
17), localizado no estado da Carolina do Norte, oferecendo diversas
cervejas nas torneiras e apenas alguns petiscos para acompanhar
em seu menu. Tap Houses e Tasting Rooms não costumam se limitar a
uma cervejaria específica, ao contrário, vendem, normalmente, uma
grande variedade de cervejas frescas locais ou regionais.
84
Atualmente, é possível encontrar em alguns estabelecimentos cardápios com
porções reduzidas para degustação, assim como pequenos volumes de bebida para
experimentação, conforme ilustra a Figura 18.
85
IMPORTANTE
Garrett Oliver, famoso mestre cervejeiro norte-americano,
considera que a cerveja apresenta maior variedade de sabores
do que o vinho, permitindo a existência de mais possibilidades
de experimentação e sensações com a comida. Ele salienta que
existem cinco formas de pensar a produção, ou seja, cinco escolas
de cervejas: alemã, tcheca, inglesa, americana e belga. Essa
variedade gera diferentes estilos e combinações gastronômicas
interessantes, além de abrir espaço para a criatividade dos mestres
cervejeiros.
86
4 HARMONIZAÇÃO COM QUEIJOS
A harmonização de cervejas com diferentes tipos de queijos (Figura 20) apresenta
vantagens em relação a outros alimentos, considerando que, ao invés de contrastar, eles se
misturam, principalmente por serem ambos lentamente fermentados.
Segundo Mauad Filho (2019), como regra básica para manter a harmonia
sensorial, cervejas leves e refrescantes pedem queijos leves, enquanto queijos fortes
ficam bem acompanhados com cervejas encorpadas e amargas. O autor indica, para
harmonização de cervejas e queijos, as seguintes combinações:
• Queijos frescos: a leveza, a umidade e a sutileza dos queijos tipo minas frescal,
ricota e muçarela de búfala (conforme ilustra a Figura 21) pedem cervejas leves,
com fermentação Lager.
87
FIGURA 21– QUEIJO TIPO MUÇARELA DE BÚFALA
• Queijos com mofo branco: consumidos geralmente com geleia de frutas, os queijos
do tipo Brie (conforme ilustra a Figura 22) e Camembert combinam com cervejas de
boa acidez, ou aquelas que levam frutas em suas receitas.
• Queijos leves e ácidos: a acidez e o sal presentes no Cream cheese, queijo de cabra e
Mascarpone harmonizam com cervejas também ácidas e levemente adocicadas.
• Queijos com mofo azul: queijos com maiores teores de gordura e sal, assim como
sensação de ardência e sabor intenso, como, por exemplo, o Gorgonzola, Roquefort e
Stilton, exigem cervejas com boa estrutura e amargor. Essas propriedades da bebida
irão auxiliar na limpeza das papilas gustativas, proporcionando uma saborização mais
completa por parte do degustador/consumidor.
88
LEITURA
COMPLEMENTAR
BUDWEISER
A história
89
cervejaria passou a produzir uma versão da Budweiser sem álcool, anunciada como sendo
a cerveja tradicional, com mesmo sabor e corpo, só que sem a adição de álcool. Foi a forma
encontrada pela empresa de manter a marca ativa no mercado durante este período.
Nos anos seguintes, vários tipos de cervejas sob a marca Budweiser foram
introduzidos no mercado americano, como por exemplo, a primeira cerveja Ice (Bud Ice);
uma cerveja com apenas 99 calorias (Budweiser Select); uma cerveja que misturava
guaraná, cafeína e ginseng (Bud Extra); Chelada (cervejas com suco de tomate) e a Bud
Light com um toque de limão.
90
A marca sempre teve uma forte ligação com os esportes, principalmente ame-
ricanos. Isto começou em 1953 quando empresa ampliou sua estratégia de marketing
comprando o time profissional de beisebol do St. Louis Cardinals, caracterizando assim
o começo do seu envolvimento no universo dos esportes e das ligas profissionais. Hoje
em dia a Budweiser é patrocinadora de importantes ligas profissionais, como de futebol
americano (NFL), beisebol (MLB), basquete (NBA) e UFC (artes marciais mistas), além de
ter forte presença na NASCAR, principal categoria do automobilismo americano e ser
patrocinadora oficial da Copa do Mundo de Futebol da FIFA.
91
produção e venda de bebidas alcoólicas no país. Essa carroça, conduzida por Bill Wales,
desfilou pelas ruas da cidade em frente a milhões de espectadores, e depois de uma
pequena cerimônia, o governador do estado na época, Alfred E. Smith, foi presenteado
com uma caixa de Budweiser por sua luta para derrubar a proibição. Pouco depois, os
cavalos foram para a capital Washington, para entregar as primeiras caixas de Budweiser
para o então Presidente Franklin Delano Roosevelt.
Nos anos seguintes, os majestosos cavalos bretões, admirados por sua força
e beleza, apareciam conduzindo elegantes carruagens e carroças em eventos pelo
país afora com o objetivo de divulgar a marca Budweiser e a cervejaria. Com isso,
os cavalos se tornaram símbolo da Budweiser, aparecendo inclusive em inúmeras
campanhas publicitárias, a primeira em 1956 com direito a televisão. Atualmente eles são
transportados pelo país em caminhões monitorados e com suspensão e piso especiais
para aliviar o estresse da viagem nos animais.
A evolução visual
92
Aos poucos o tradicional símbolo foi ganhando um formato mais esticado e uma
nova tipografia de letra, adotada a partir da década de 1990. Nos últimos anos o logotipo
ganhou uma coroa dourada (afinal, BUD é “O Rei das Cervejas”) acima da tradicional
gravata e, em 2011, adotou uma identidade visual mais detalhada e com efeitos 3D.
Porém, em setembro de 2015, a marca resolveu voltar as suas raízes e apresentou uma
nova identidade visual. Perdeu a coroa, os detalhes, adotou uma nova tipografia de letra
(com pequenas mudanças em relação à anterior) e se tornou chapado e mais simples.
A nova imagem visual, que possuía muito mais vermelho do que as versões
anteriores, tinha como pela primeira vez destaque a “Bowtie” (gravata borboleta),
principal símbolo de identificação da marca e que até aquele momento só aparecia nos
rótulos das garrafas. Até então, só houve uma exceção em que a gravata da marca
apareceu na versão em lata: em maio de 2011, em uma edição limitada comemorativa ao
dia da independência (4 de julho), com a bandeira americana ao fundo.
Em 2013, com o slogan “as latas da Budweiser não têm mais barriga de cerveja”,
a marca apresentou para o mercado americano sua nova lata (em edição limitada)
com formato acinturado e inovador que remete a tradicional gravata borboleta em seu
logotipo. A nova embalagem, primeiramente disponível em alguns mercados americanos,
estava em processo de desenvolvimento de 2010. Em virtude do formato diferenciado, a
lata armazena um pouco menos de conteúdo – 330 mililitros ao invés de 355 mililitros.
Em 2016 a marca apresentou sua nova lata: mais limpa e minimalista, dando
mais destaque ao brasão histórico da Anheuser-Busch, com a cor prata ganhando mais
espaço que o vermelho - que ainda aparece e marca o visual clássico da Budweiser.
Além disso, é a primeira vez que as embalagens serão unificadas globalmente. Antes,
existiam variações de país para país.
93
A marca no mundo
Você sabia?
• A cerveja Budweiser possui teor alcoólico de 5%, exceto nos estados americanos
de Utah, Minnesota e Oklahoma, que devido às leis locais o teor é de apenas 3.2%.
• Cerveja do tipo Lager, Budweiser tem processo de produção apontado como um
dos mais caros do mundo. Em sua elaboração são utilizados chips de Beechwood
(madeira de faia) nos tanques de fermentação, o que garante um sabor marcante
no início e suave no final.
• Em sua composição a Budweiser utiliza arroz, que torna seu sabor mais leve e muito
menos amargo que o de outras cervejas.
• A Budweiser ocupa o posto de quarta cerveja mais consumida do mundo, atrás
apenas das chinesas Snow Beer e Tsingtao, além da Bud Light.
94
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Apesar de ser um tema abrangente e não haver padrões, algumas regras vistas neste
tópico facilitam a busca pela harmonia entre comida e cerveja. A harmonização pode
ocorrer por corte, contraste ou semelhança, de modo que as qualidades recíprocas
sejam ressaltadas.
95
AUTOATIVIDADE
1 (ENADE, 2018) É injusto reservar somente ao vinho toda a “brincadeira” da harmonização
com comida. Afinal, o vinho não possui uma variedade tão ampla de estilos quanto a
cerveja. O país que mais possui tradições em harmonizar cerveja com comida é a Bélgica.
Graças à sua enorme variedade de estilos, a harmonização com cervejas tornou-se há
muito tempo uma obsessão nacional. A partir das experiências dos belgas, hoje uma
miríade de chefs internacionais criam pratos especiais para harmonizar com um estilo
ou até mesmo com um rótulo de cerveja específico. Cada vez mais, há restaurantes
disponibilizando cartas de cervejas pensadas para a harmonização com as preparações.
Para se tirar maior proveito da cerveja harmonizada com o prato, devemos identificar os
ingredientes presentes na receita e as características básicas da cerveja, combinando-os
de três formas: por corte, contraste e semelhança.
FONTE: BELTRAMELLI, M. Cervejas, brejas e birras. 1. ed. São Paulo: Leya, 2012.
2 Como vimos neste tópico, queijos são alimentos com diversidade de sabores e texturas,
que apresentam amplo espectro de harmonização com bebidas, incluindo cervejas. O
tempo de maturação, grau de acidez e teor de sal influenciam no sabor dos queijos e,
consequentemente, na escolha da cerveja para acompanhamento que levará a um
equilíbrio sensorial. Sobre a harmonização de queijos com cervejas, associe os itens,
utilizando o código a seguir:
( ) Cervejas leves.
( ) Cervejas amargas.
( ) Cervejas frutadas.
96
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) I – II – III.
b) ( ) I – III – II.
c) ( ) II – I – III.
d) ( ) III – I – II.
3 A harmonização de pratos com bebidas visa promover uma combinação que leve
mais prazer ao paladar. Em relação à cerveja versus alimentação, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) V – V – V.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – V – F.
97
REFERÊNCIAS
AVELAR, L. B. Bebidas: conceitos fundamentais. São Paulo: Senac, 2021.
BECK, M. Três pontos cruciais para a “agenda 2015” da cerveja artesanal brasi-
leira. O Globo, Rio de Janeiro, 3 mar. 2015, Blogs. Disponível em: https://glo.
bo/30fLxsE. Acesso em: 29 jun. 2017.
BONACCORSI, M. M. Guia de estilos de cervejas. St. Louis Park, MN: BJCP, 2015.
Disponível em: https://bit.ly/3Fx6U8Y. Acesso em: 16 ago. 2021.
BREJAS. Cursos para degustar e aprender a fazer cerveja. Brejas, Notícias, [s. l.], 30
mar. 2010, Notícias. Disponível em: https://bit.ly/308o4cF. Acesso em: 13 ago. 2021.
BUDWEISER. History Clydesdales. Saint Louis, MO, c2020. Disponível em: ht-
tps://www.budweiser.com/company. Acesso em: 13 ago. 2021.
CUNHA, J. M. F.; GURGEL, M. Cerveja com design. São Paulo: Senac, 2019.
98
HUGHES, G. Cerveja feita em casa: tudo sobre os ingredientes, os equipamentos e as
técnicas para produzir a bebida em vários estilos. 1. ed. São Paulo: Publifolha, 2014.
JACKSON, M. Guia ilustrado Zahar: cerveja. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
NATCHELL, M.; ETTILINGER, S. Cerveja para leigos. Rio de Janeiro: Alta Books, 2013.
REGO, D. F.; SANTOS, J. A realidade por trás da lei seca. Intertemas, Presidente
Prudente, v. 16, n. 16, p. 1-13, 2020. Disponível em: https://bit.ly/2YA4Pbs. Aces-
so em: 13 ago. 2021.
99
VENTURINI FILHO, W. G. Bebidas alcoólicas. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2016.
WATSON, B. National beer sales & production data. Brewers Association, Stats
and Data, Boulder, CO, c2021. Disponível em: https://bit.ly/3v3CUN1. Acesso em:
13 ago. 2021.
100
UNIDADE 3 —
RECEITAS E PROCESSO
PRODUTIVO DAS ESCOLAS
BELGA E AMERICANA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
101
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
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102
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
CERVEJAS BELGAS
1 INTRODUÇÃO
Acadêmicos, neste tópico, abordaremos as principais propriedades das cervejas
da Bélgica, cujo processo produtivo iniciou-se na Idade Média. E como a cerveja é
caracterizada pelo uso de uma variedade de condimentos, que fornecem sabor à bebida
e a caracteriza como complexa.
Falaremos das características das cervejas Saison, Witbier, Belgian Pale Ale,
Lambic, Gueze e Fruit Lambic. Também abordaremos outras características como os
recipientes mais recomendados para os tipos de cerveja.
IMPORTANTE
Na Idade Média, os mosteiros tornaram-se centros de conhecimen-
to sobre agricultura, pecuária e certos artesanatos, incluindo cerveja.
Devido à contaminação e inviabilidade de se tomar água, os monges
podiam beber quantidades limitadas de sua bebida regional, no caso,
a cerveja. Nessa mesma época, ao sul da Europa, a bebida diária era
vinho, então os monges que lá viviam se concentravam no cultivo de
uvas e na produção de vinho, mas como o clima da região não favo-
recia a produção de vinho, os habitantes se voltavam para a produção
de cerveja. Sendo assim, podemos atribuir aos monges a transição da
produção doméstica de cerveja para uma atividade profissional.
103
A Escola Alemã prega a “lei da pureza”, rigor técnico e respeito à cerveja,
instituída há cerca de 500 anos, estabeleceu regras de fabricação que impulsionaram
o mercado cervejeiro e ajudaram a criar a identidade desse produto, hoje conhecido no
mundo inteiro. Além da Alemanha, também faz parte dessa escola a República Tcheca
(MICROCERVEJARIAS, 2016).
Essa Lei determinava que a cerveja só poderia ser produzida utilizando os ingredien-
tes básicos, água, malte de cevada e lúpulo. Por consequência desse fato, as cervejas da
Escola Alemã são caracterizadas pelo sabor menos amargo e mais maltadas (MORADO, 2017).
ATENÇÃO
Para inovar nesse segmento, os fabricantes de cervejas artesanais
priorizam a qualidade dos ingredientes e investem em insumos locais,
promovendo a identidade do produto e fortalecendo a região em que
estão instalados.
Os estilos mais famosos são: Witbier, Saison, Lambic, Gueuze, Bière de Garde,
Belgian Golden Strong Ale; e as trapistas: Trappist Single, Belgian Dubbel, Belgian Tripel
e Belgian Dark Strong Ale.
Devido à relevância das cervejas belgas, essas foram reconhecidas pela Unesco
como patrimônio intangível (MORADO, 2017).
Outro exemplo é a cerveja Deus Brut Des Flandres, que é produzida seguindo a
metodologia champenoise. Outro diferencial da Escola Belga é a preservação da cultura
cervejeira por meio da tradição milenar das abadias e mosteiros trapistas.
104
Atualmente, seis dos 11 mosteiros localizados na Bélgica produzem cervejas
trapistas. Em adicional, o número de abadias presentes na Bélgica que produzem
cervejas corresponde a 20 (OLIVER, 2012).
INTERESSANTE
Você sabia que as cervejas Belgas sofreram influência da cultura
francesa. Assim como o vinho francês sofreu influências das cervejas
Belgas? Isso mesmo, a cultura francesa motivou as cervejarias belgas
a desenvolverem bebidas com apelo gastronômico, favorecendo o
surgimento de diferentes estilos de cerveja, tais como: Belgian Ale,
Sour Ale, Strong Belgian Ale, as Spiced Beer e Specialty Beer.
• Levemente ácidas.
• Com características complexas e aromáticas.
• Usam temperos como ingredientes (coentro, anis, canela) e frutas.
• As mais famosas são a Witbier e a Saison. As características da cerveja Saison serão
descritas no Quadro 1.
Propriedade Características
Levemente ácida, complexa (excesso de temperos)
Sabor
aromática frutada (cítrico: limão e laranja).
105
Bodebrown Limoeiro, Clássica Tropical Stillwater Artisanal,
Marcas produzidas Invicta Saison à Trois, Urbana La Cocote des Jardins, Urbana
no Brasil Jabaquara Shake, Wäls 42, Seasons Celsons, Colombina
Saison o Pé Rachado, Das Bier Saison, O Motim Canudos.
Ellezelloise Saison, Fantôme Saison, Lefebvre Saison 1900,
Marcas vindas do
Saison Dupont Vieille Provision, Saison de Pipaix, Saison
exterior
Regal, Saison Voisin, Boulevard Tank 7 Farmhouse Ale.
FONTE: Adaptado de Morado (2017, p. 299-300)
IMPORTANTE
Na Bélgica, é tradição a produção de cerveja na zona rural, nos
mosteiros e abadias. Representando uma tradição milenar, que
referencia a época e preserva a cultura. Estima-se que existem
no mundo 11 mosteiros produtores de cerveja trapista, que é
a denominação das cervejas produzidas por monges. Dos 11
mosteiros, 6 estão na Bélgica, e além dos mosteiros, estima-se que
existam 20 abadias produtoras de cerveja neste país.
A principal característica das cervejas belgas é que utilizam trigo não maltado,
temperados com sementes de coentro e cascas de frutas cítricas (laranja). Essas cervejas,
após o envase, são utilizadas na sobremesa (MORADO, 2017). Outra característica dessas
cervejas é a coloração turva (Witbier), isso porque não são filtradas. Porém, quando
filtradas, dão origem às cervejas chamadas de Kristall, com características translúcidas,
o Quadro 2 mostra outras características (MORADO, 2017).
106
QUADRO 2 – CARACTERÍSTICAS DA CERVEJA WITBIER
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 4,5 a 5,5.
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 4,8 a 5,5.
107
As cervejas lambics são bebidas que utilizam o sistema antigo de fermentação que
ocorre com o fermentador aberto ao ar livre. Nesse sistema, os microrganismos são impregnados
nas paredes do fermentador, nas paredes dos barris e outras instalações da cervejaria.
ATENÇÃO
As garrafas de vidro são quase unanimidade quando se fala de
embalagem de cerveja artesanal, especialmente as de cor escura.
Porém, há profissionais que defendem o uso das latas para envazar
o líquido, pois elas podem ser recicladas com mais facilidade e
impedem a passagem de luz.
Dentre as características dessa cerveja, podemos citar a coloração que varia de ama-
relo claro à dourada, à medida que a bebida envelhece. Não é uma bebida carbonatada, não
produzindo espuma. O lúpulo adicionado é em pequenas quantidades, não influenciando no
sabor, somente no aroma. Porém, alguns cervejeiros acrescentam temperos (coentro), casca
de laranja e açúcar para suavizar a acidez e os aromas que são azedos. Após essas modifica-
ções, a cerveja passou a ser nomeada popularmente de cerveja faro (MORADO, 2017).
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 5 a 6,5.
Cor (SRM) 3 a 7.
108
IMPORTANTE
As garrafas de vidro são quase unanimidade quando se fala de
embalagem de cerveja artesanal, especialmente as de cor escura.
Porém, há profissionais que defendem o uso das latas para envazar
o líquido, pois elas podem ser recicladas com mais facilidade e
impedem a passagem de luz.
Algumas cervejas são produzidas mediante a mistura (blends) das cervejas Lambic
velhas e jovens, dessa mistura resulta a cerveja Gueze. Essa cerveja é chamada de “a Cham-
pagne de Bruxelas” por possuir efervescência, sendo necessário o uso de garrafas mais resis-
tentes, como as garrafas de espumantes. O Quadro 5 mostra as características dessa cerveja.
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 5 a 8.
Cor (SRM) 3 a 5.
As cervejas Lambic possuem alta acidez, uma das alternativas dos cervejeiros é
a adição de frutas durante a maturação, para transformá-la em cerveja com frutas (Fruit
Lambic), tornando-a mais apreciada.
109
QUADRO 6 – CARACTERÍSTICAS DE CERVEJA FRUIT LAMBIC
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 5 a 7.
Amargor (SRM) 3 a 7.
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 6 a 7,5.
Cor (IBU) 4 a 7.
110
Possui espuma branca e densa, mas não é persistente, o
Características sabor é uma mistura frutado-picante, proveniente do malte
belga com o malte doce, e terminação seca.
Backer Medieval, Blumenau Frida, Seasons Funhouse,
Marcas produzidas no Bierland Belgian Blond Ale, Saint Bier Belgian Golden Ale,
Brasil Gauden Blonde Ale, Fürst Frei Galdi, Bohemia Caá-Yari,
Three Monkeys Golden Ale.
Marcas vendidas no Affligem Blond, Grimbergen Blond, La Trappe Blond, Leffe Blond,
exterior Val-Dieu Blond.
FONTE: Adaptado de Morado (2017, p. 299)
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 4,8 a 6.
Cor (IBU) 3 a 5.
111
QUADRO 9 – CARACTERÍSTICAS DE CERVEJA BELGIAN DUBBLE
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 6 a 7,6.
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 7,5 a 9,5.
112
3.6 BELGIAN DARK STRONG ALE
As cervejas Belgian Dark Strong Ale são conhecidas como quadruple, por
possuírem propriedades mais intensas que as Belgian Tripel. Pois são mais maltadas,
coloração mais escura (âmbar ao marrom escuro) e menos frutadas e possuem espuma
densa e persistente. O Quadro 11 mostra as características dessa cerveja.
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 6 a 7,6.
4 COPOS RECOMENDADOS
O tipo de recipiente utilizado na etapa de degustação da cerveja tem uma grande
importância para os amantes da cerveja. “Na Bélgica, a regra é clara: se a cerveja é boa,
ela deve ser servida em um copo de cerveja à altura da sua grandeza” (ESCM, 2020, s. p.).
O ditado belga prega que cada cerveja deve possuir o seu copo, ou seja, as
cervejarias devem imprimir nos copos sua marca, conforme prega o ditado: À chaque
bière son verre, que significa “cada cerveja no seu copo”.
113
O copo no formato inadequado não permitirá o desenvolvimento correto da
espuma, contribuindo para desgaseificação imediata da cerveja e, consequentemente,
a alteração da experiência da degustação (ESCM, 2020).
NOTA
As cervejas trapistas representam um conjunto de cervejas criadas pelos
mosteiros trapistas, sendo que o termo “trapista” não possui licença
para uso comercial. As principais características das cervejas são: alta
carbonatação ocasionada pela segunda fermentação, que ocorre nas
garrafas, e características agressiva ou expressiva da levedura.
Ainda, segundo Barbosa (2018), a escolha do copo ideal ajuda a preservar e ressaltar
sabores e aromas da cerveja. Segundo ele, há uma variedade de copos, cada um tendo sua
combinação ideal de cerveja. Entre eles estão o caldereta, o tumbler, o copo cálice, entre outros.
114
Barbosa (2018) afirma que a caldereta é o copo tradicional do chope. Tendo o
topo largo, é ideal para o famoso colarinho (camada de creme espesso, assinatura do
chope no Brasil) (BARBOSA, 2018).
ATENÇÃO
As versões trapistas autênticas (mosteiros) tendem a ser mais
secas do que as versões de abadia, que podem ser mais doces
e encorpadas. Tradicionalmente, passam por uma segunda
fermentação na garrafa. Podem ser vistas como Belgian Dubbel mais
escuras, encorpadas e bem mais alcoólicas.
O copo cálice, por sua vez, é o copo ideal para as cervejas Trapista e Saison, por
conta de sua borda ampla, sendo o copo mais recomendado, também, para cervejas com
alto teor alcoólico, como a Leffe, a Chimay, a Westmalle e a Westvleteren. Ele vai bem para
beber uma Saison Dupont e, ainda, para algumas das mais emblemáticas cervejas belgas.
O objetivo “é justamente fazer com que a espuma desapareça um pouco mais rápido para
aproveitar melhor os aromas complexos dessas cervejas incríveis” (ESCM, 2020, s. p.).
5 RECEITAS
Neste subtópico, vamos descrever a receita de algumas cervejas belgas, todo
o procedimento será detalhado em quadro, bem como a quantidade de cada matéria-
prima, cada adjunto da cerveja e cada adjunto do malte. Veremos as receitas das
cervejas Belgian Blond Ale, Saison e Single (trapista).
115
QUADRO 12 – RECEITA DE CERVEJA BELGIAN BLOND ALE
116
QUADRO 13 – RECEITA DE CERVEJA SAISON
CERVEJA Saison
Uma cerveja rústica com aroma condimentado, final seco, bem
carbonatada e refrescante. De maneira geral, são pálidas (dourado a
DESCRIÇÃO
âmbar), com amargor, corpo e potência moderados, embora seja um estilo
bem abrangente: há versões escuras, mais leves ou até mais alcoólicas.
2000 g de Malte Pale Ale (9 EBC);
2000 g de Malte Munich I (12 EBC);
800 g de Trigo em flocos (3 EBC);
400 g de Malte Caramelo Pils (5 EBC);
20 g de Northern Brewer (8,5%);
Ingredientes 60 g de Tettnanger (8,5%);
20 g de Cardamomo;
40 L de água (Leve):
4 g de Sulfato de Cálcio;
4 g de Cloreto de Cálcio;
1 pacote de levedura Saison Ale.
MOSTURA: 15 L a 52 °C por 5 minutos com todos os maltes; 63 °C por 30
minutos; 69 °C por 30 minutos (ou até negativo no teste do iodo); 75-77 °C
por 10 minutos.
LAVAGEM: pelo menos 18 L a 75-77 °C, ou até reunir 23 L antes da fervura.
FERVURA: 60 minutos total. 20 g de Northern Brewer aos 60 minutos do
final da fervura; 35 g Tettnanger aos 20 minutos do final da fervura; 20 g
de Cardamomo aos 5 minutos do final da fervura; e 25 g de Tettnanger
aos 20 minutos do final da fervura.
Preparo
FERMENTAÇÃO/MATURAÇÃO: 7 dias a 24 °C; 7 dias (mínimo, idealmente 15
dias) a 1 °C (ou temperatura de geladeira comum: 4-6 °C).
CARBONATAÇÃO: Cerca de 2,5 volumes de CO2; primming com sacarose
(5 g/L) mantendo de 7-10 dias a temperatura ambiente. SUBSTITUIÇÕES:
Malte Pale Ale - qualquer malte até 9 EBC feito com cevada de duas fileiras
(2RS); Malte Munich I – Malte Vienna ou Munich Il (metade); Trigo em flocos
- Trigo não malteado ou Aveia; Norther Brewer - Hallertau Mittelfruh ou
Styrian goldings; Tettnanger - qualquer lúpulo nobre alemão.
Virtualmente, qualquer combinação de grãos e qualquer uso de
especiarias é aceitável nesse estilo. Se tiver acesso a qualquer um
dos mencionados aqui, troque sem medo para experimentação.
Dicas Como nos demais estilos belgas, a levedura é a estrela principal. Não
faça substituições, utilize apenas Saison ou Framhouse Ale - e nas
temperaturas ótimas de fermentação, 22-25°C, para garantir a elevada
atenuação e o perfil sensorial característico.
FONTE: Adaptado de Sinnatrah (2020, p. 22)
117
A receita da cerveja trapista, aquelas que são vendidas nos mosteiros, será
apresentada no Quadro 14, a Single, também chamada de Ekel, é a mais leve.
CERVEJA SINGLE
Nesse estilo estão presentes as características frutadas, próprias das
cervejas belgas. Os ésteres de frutas e condimentos estão bastante
DESCRIÇÃO
inseridos nesse estilo, em conjunto com perfis de lúpulo também
condimentados e com amargor em evidência.
3250 g de Malte Pilsen (4 EBC);
400 g de Aveia em Flocos (2 EBC);
250 g de Açúcar;
60 g de Hallertau Hersbrucker (3%);
50 g de Saaz (4%);
Ingredientes
40 L de água (Leve);
8 g de Sulfato de Cálcio;
8 g de Sulfato de Magnésio;
3 g de Cloreto de Cálcio;
1 pacote de levedura Trappist Ale.
MOSTURA: 12L a 45 °C por 5 minutos com todos os maltes; 52 °C por
10 minutos; 64 °C por 60 minutos (ou até negativo no teste do iodo);
75-77°C por 10 minutos.
LAVAGEM: pelo menos 12 L a 75-77 °C, ou até reunir 23 L antes da
fervura.
FERVURA: 90 minutos no total. 25 g de Hallertau Hersbrucker e 20 g de Saaz
aos 60 minutos do final da fervura; 10 g de Hallertau Hersbrucker e 10 g de
Saaz aos 30 minutos do final da fervura; e 25 g de Hallertau Hersbrucker e
Preparo 20 g de Saaz aos 5 minutos do final da fervura.
FERMENTAÇÃO/MATURAÇÃO: 7 dias a 22 °C; 7 dias (mínimo, idealmente 15
dias) a 1 °C (ou temperatura de geladeira comum: 4-6 °C).
CARBONATAÇÃO: Cerca de 2,5 volumes de CO2; primming com açúcar
branco comum (5 g/L), mantendo de 7-10 dias a temperatura ambiente.
SUBSTITUIÇÕES: Malte Pilsen - qualquer malte até 7 EBC feito com
cevada de duas fileiras (2RS); Aveia em Flocos – Aveia crua ou Trigo não
malteado (cru ou em flocos); Saaz e Hallertau Hersbrucker - qualquer
lúpulo nobre alemão; Trappist Ale - Belgian Ale.
Além de manter a temperatura de fermentação alta para possibilitar
o desejado perfil belga de fermentação, é necessário deixar a cerveja
Dicas com corpo baixo e lupulagem evidente. Foco na temperatura de
mostura para a geração mais elevada de açúcares fermentáveis, e no
uso de sacarose (açúcar) no final da fervura.
FONTE: Adaptado de Sinnatrah (2020, p. 25)
118
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
119
AUTOATIVIDADE
1 A Bélgica é chamada de o paraíso da cerveja, por ser um país que produz uma variedade
de estilos dessa bebida, proporcionando satisfação aos clientes. Com relação à produção
da cerveja belga, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) F – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) V – V – V.
3 Algumas cervejas belgas receberam nomenclaturas típicas de vinhos como: Grand Cru,
Réserve e Cuvée, que receberam essas denominações por consequência do local de
origem. Com base nos conhecimentos adquiridos sobre a produção e características
das cervejas belgas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) F – F – V.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – F – F.
d) ( ) V – V – V.
120
4 As cervejas Belgian Dubble são cervejas utilizadas em período de festas religiosas,
surgiram na idade média e possuem características complexas. Pensando em suas
características, disserte sobre a Belgian Dubble.
121
122
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
CERVEJAS AMERICANAS
1 INTRODUÇÃO
A Brewers Association é uma entidade que representa as cervejarias artesanais dos
Estados Unidos. Além de regular alguns itens de qualidade e segurança, a associação de-
termina aspectos que devem ser priorizados em uma fábrica (MICROCERVEJARIAS, 2016):
• Seleção criteriosa dos insumos, como lúpulo, malte, levedura e água, e características
fundamentais que cada um deles deve apresentar.
• Gerenciamento dos insumos sazonais: aqueles adicionados à cerveja para
diferenciá-la em seu sabor, como as frutas cítricas.
• Cuidados com a segurança no trabalho: uniformes de segurança e proteção em
espaços confinados ou resfriados.
• Controle de qualidade nos processos, garantindo a padronização e a qualidade do
produto.
• Higiene e tecnologia dos barris.
• Gerenciamento da sustentabilidade: reuso da água, utilização de energias renováveis
e reciclagem de resíduos sólidos.
123
A escola se destaca pela utilização de legumes, lúpulo e adjuntos locais como
abóbora, aveia, lúpulos americanos, entre outros. Em adicional, os cervejeiros possuem
total liberdade e criatividade para elaborar as suas receitas. Houve uma época em que nos
Estados Unidos era proibida a comercialização de bebidas alcoólicas. Isso aconteceu de
1920 a 1933, o período em que vigorava a Lei Seca (STACK, 2000).
Por esse motivo, criou-se um cenário favorável para o crescimento das grandes
cervejarias, que se transformaram em potências econômicas após 1940. Como exemplo,
analisando o mercado entre os anos de 1940 a 1980, das cinco maiores, verifica-se que
passou de 19 para 75% (STACK, 2000).
124
A história da cerveja artesanal nos Estados Unidos mostra que o crescimento da cerveja
artesanal foi atribuído a um grupo de homens visionários, que criaram um movimento em defesa
da cerveja puro malte: a cerveja forte e saborosa. Características que desafiavam as cervejas
mais vendidas e tradicionais da época, a cerveja tipo Lager (HINDY, 2015). Esse movimento
utilizou tecnologias inovadoras, atreladas a uma geração interessada em novas descobertas,
que realizou a adaptação das três escolas existentes (belga, britânica e germânica).
O movimento criado nos Estados Unidos, que posicionou a cerveja num nicho
de mercado, misturou ideais inovadoras com ingredientes locais e posicionou a cerveja
como “uma bebida nobre num mercado ávido por novas experiencias” (MORADO, 2017,
p. 412), espalhou-se por outros locais do mundo após uma década. Existe mais de 5 mil
cervejarias artesanais nos Estados Unidos, sendo que 2 mil são bares cervejarias. Cerca de
86% de toda a cerveja consumida nesse país é produzida localmente, e 14% é importada.
125
2.2.1 American Light Lager
As cervejas American Light Lager são cervejas claras, leves e refrescantes e
utilizam cerca de 40% de arroz ou milho como adjunto do malte. O Quadro 16 mostra as
caraterísticas dessa cerveja.
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 2,8 a 4,2.
Cor (IBU) 2 a 3.
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 4,2 a 5,3.
Cor (IBU) 2 a 4.
Amargor (SRM) 8 a 18.
126
Cervejas de sabor neutro, límpida, cor clara, refrescantes. Possuem
Características mais lúpulo, mais sabor, mais corpo e maior teor alcoólico que a
versão light.
Antarctica Pilsen, Skol, Brahma Chopp, Bohemia Pilsen, Polar
Export, Cintra, Dado Bier Lager, Schin, Primus, Glacial, Devassa
Bem Loura, Itaipava, Crystal, Lokal Bier, Bavaria Pilsen, Kaiser, Sol,
Marcas produzidas
Summer Draft, Cerpa Pilsen, Colônia Extra Lager, Belco Pilsen,
no Brasil
Tauber, Malta Pilsen, Burgman Lager, Malta Golden, Frevo, Conti
Bier, Fass, Bella, Bauhaus, Bamberg Pilsen, Opa Pilsen, Original,
Província Premium.
Marcas vindas do Budweiser, Coors Original, Grain Belt Premium Lager, Miller High
exterior Life, Pabst Blue Ribbon, Special Export.
FONTE: Adaptado de Morado (2017, p. 227-228)
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 4,2 a 5,6.
Marcas produzidas
Mutante Cream Ale, Urbana Cabra Macho, Lund Cream Ale.
no Brasil
Marcas vindas do Genesee Cream Ale, Liebotschaner Cream Ale, Little Kings Cream
exterior Ale, New Glarus Spotted Cow, Old Style, Sleeman Cream Ale.
127
2.2.4 American Wheat Beer
A cerveja American Wheat Beer é uma cerveja que usa o trigo como adjunto
do malte e possui aroma frutado ou floral. São provenientes das cervejarias artesanais
americanas e suas características contrastam com as cervejas alemãs de trigo, pois
essas possuem aroma de cravo ou banana, haja vista que essa cerveja foi desenvolvida
com base na cerveja Weissbier alemã. Possuem características variadas, mas podem
conter um sabor doce e serem moderadamente maltadas. O Quadro 19 apresenta todas
as características dessa bebida (MORADO, 2017).
Propriedade Características
Teor alcoólico (% v/v) 4 a 5,5.
Cor (IBU) 3 a 6.
3 COPOS RECOMENDADOS
A palavra “pint” não surgiu como nome de copo, mas como unidade de medida,
que, nos Estados Unidos, corresponde a 473 ml. Já na Inglaterra, de onde surgiu, a medida
é de 568 ml. Isso justifica os copos oficiais de algumas cervejas britânicas, como a London
Pride, serem muito maiores do que os americanos (VERSIGNASSI; WEBER, 2021).
128
FIGURA 2 – COPO SNIFTER
O topo do copo snifter, sendo estreito, ajuda a reter o buquê. A base larga e
arredondada serve para transferir o calor das mãos, o que volatiliza os aromas. É um copo
indicado para cervejas fortes, como as Imperial Stouts, cervejas que, quando geladas
demais, perdem o sabor e o interesse do degustador (VERSIGNASSI; WEBER, 2021).
A função do cálice é que você segura na base e a cerveja não esquenta. Como
é pequeno, cai bem com cervejas muito fortes, mas que, diferentemente das Imperial
Stouts, devem ser consumidas bem frias, como todas as Ales belgas, especialmente as
Quadrupels, que têm tanto álcool quanto o vinho (VERSIGNASSI; WEBER, 2021).
129
FIGURA 4 – TULIPA (DE VERDADE)
4 RECEITAS
Neste subtópico, mostraremos as receitas das cervejas americanas. O
tratamento da água também é recomendado antes do preparo da cerveja, conforme
descrito no tópico anterior. Descreveremos as receitas das seguintes cervejas: American
Brown Ale, India Black Ale e Sour Beer.
CERVEJA SINGLE
A American Brown Ale é uma releitura da cerveja inglesa Barley Wines.
Possui características intensas com maior quantidade de lúpulo, e
DESCRIÇÃO consequentemente nota-se a presença do lúpulo no amargor, sabor
e aroma. Possui maior teor alcoólico, corpo e complexidade, por esse
motivo, recomenda-se a degustação em pequenas quantidades.
Ingredientes
6650 g de Malte Pale Ale (7 EBC);
1350 g de Malte Caramelo ou Crystal 6OL (120EBC);
900 g de Malte Caramelo Pils (5 EBC);
Ingredientes
50 g de Malte Torrado Sem Casca III (900 EBC);
30 g de Warrior (15%);
95 g de Amarillo (9,2%);
40 L de água (Leve);
130
2 g de Sulfato de Cálcio;
4 g de Sulfato de Magnésio;
8 g de Cloreto de Cálcio;
1 g de Cloreto de Sódio;
4 pacotes de levedura American Ale.
MOSTURA: 22 L a 52 °C por 15 minutos com todos os maltes; 69 °C por 60
minutos (ou até negativo no teste do iodo); 75-77 °C por 10 minutos.
LAVAGEM: pelo menos 12 L a 75-77° C, ou até reunir 23 L antes da fervura.
FERVURA: 90 minutos total. 30 g de Warrior aos 60 minutos do final da
fervura; e 65 g de Amarillo aos 20 minutos do final da fervura.
FERMENTAÇÃO/MATURAÇÃO: 7 dias a 18 °C; 2 dias a 22 °C; 2 dias a 15
°C com adição de 30 g de Amarillo no DRY HOPPING; 7 dias (mínimo,
Preparo idealmente 15 dias) a 1 °C (ou temperatura de geladeira comum: 4-6 °C).
CARBONATAÇÃO: Cerca de 2,4 volumes de CO2; primming com sacarose
(5g/L), mantendo de 7-10 dias à temperatura ambiente.
SUBSTITUIÇÕES: Malte Pale Ale - Malte Pilsen ou qualquer malte até 7 EBC,
feito com cevada de duas fileiras (2RS); Malte Caramelo ou Cristal 60 L - Malte
Caramelo Munich II; Malte Torrado Sem Casca III - Cevada Torrada; Warrior -
qualquer lúpulo com elevado alfa ácido; Amarillo - qualquer lúpulo americano
com perfil sensorial cítrico.
Troque metade da quantidade de malte base (Pale Ale) por Malte de Trigo para
criar uma variacão simples do estilo conhecida como Wheat Wine. A carga de
maltes para atingir as altas densidades das Barley Wines costuma prejudicar
bastante a eficiência da extração de açúcar.
Tenha em mãos 0,5 - 1,0 kg de extrato de malte seco para fazer correções
Dicas
na densidade se for necessário na primeira vez que produzir a receita. Evite
utilizar sacarose para isso, pois reduzirá o corpo da cerveja, prejudicando o
enquadramento no estilo. Ajuste eficiência quando repetir a receita, ou utilize
técnicas avançadas como PARTIGYLE, ou DOUBLE MASH para conseguir
esse objetivo mais facilmente.
FONTE: Adaptada de Sinnatrah (2020, p. 7)
A cerveja India Black Ale é totalmente escura, também chamada de Black Ipa,
ou Cascadian Dark Ale. Vamos aprender a receita dessa bebida no Quadro 21.
131
QUADRO 21 – RECEITA DE CERVEJA INDIA BLACK ALE
132
SUBSTITUIÇÕES: Malte Pale Ale - Malte Pilsen ou qualquer malte feito
com cevada de duas fileiras (2RS); Malte Caramelo ou Cristal 120 L
- qualquer malte caramelo com pelo menos 80EBC; Malte Munich II -
Malte Munich I ou Vienna; SimCoe, Chinook e Azacaa - qualquer lúpulo
Americano ou da Oceania com perfil sensorial cítrico.
Existe a necessidade de restringir os aromas e sabores derivados da torra
de maltes nesse estilo de cerveja. Dessa forma, adicionar o Malte Torrado
em uma infusão a frio e utilizar entrega os melhores resultados no objetivo
Dicas principal, de obtermos O efeito de apenas tingir uma American IPA de preto.
Experimente também reduzir os maltes especiais e caramelo para (até
omiti-la completamente) focar ainda mais no lúpulo nesse tipo de cerveja;
ou acrescentar 5-8% de sacarose (final da fervura) para uma versão imperial.
FONTE: Adaptada de Sinnatrah (2020, p. 4-5)
133
ACIDIFICAÇÃO (SOUR KETTLE): Resfrie até 40-45 °C e mantenha nessa
temperatura; baixe o pH para 4,5 com ácido lático (5-10 mL); Coloque
1000 g de Malte não moído em um saco para grãos e infusione no mosto;
Borrife gás carbônico por 1-2 minutos e tampe a panela com filme plástico;
Aguarde de 12-48 horas até o pH atingir 3,5.
FERVURA: 60 minutos ao total. 22 g de Styrian Golding aos 60 minutos do
final da fervura; 10 g de Styrian Golding aos 30 minutos do final da fervura; e
40 g de Styrian Golding aos 10 minutos do final da fervura.
FERMENTAÇÃO/MATURAÇÃO: 7 dias a 18 °C; 3 dias a 22 °C; 7 dias (mínimo,
idealmente 15 dias) a 1 °C (ou temperatura de geladeira comum: 4-6 °C);
CARBONATAÇÃO: Cerca de 2,4 volumes de CO2; primming com sacarose
(5 g/L), mantendo de 7-10 dias à temperatura ambiente.
SUBSTITUIÇÕES: Malte Pilsen - Malte Pale Ale ou qualquer malte até 7EBC,
feito com cevada de duas fileiras (2RS); Malte de Trigo e Aveia - Trigo não
malteado; Magnun - qualquer lúpulo para atingir 5-10 IBUS.
Existem formas para acelerar ainda mais a acidificação do mosto
antes da fermentação primária. Se tiver acesso a culturas puras de
lactobacilos, acresce fazer a infusão com malte não moído. Se não tiver
acesso, 1-2 dias antes faça um starter de lactobacilos, colocando em
um Erlenmeyer de 2 L cerca de 500 g de malte não moído com 1 L de
Dicas
mosto a 1.030-1.040 - sem lupulagem – feito com extrato de malte
seco. Experimente também adicionar de 5-20% (em relação ao volume)
de polpas de frutas. Frutas tropicais são perfeitas harmonizações, mas
funciona muito bem com frutas vermelhas. A adição deve ser feita no
terceiro dia de fermentação.
FONTE: Adaptada de Sinnatrah (2020, p. 9)
134
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
135
AUTOATIVIDADE
1 O movimento criado nos Estados Unidos, que posicionou a cerveja num nicho de
mercado, misturou ideais inovadores com ingredientes locais e posicionou a cerveja
como uma bebida nobre num mercado ávido por novas experiências. Pensando na
cerveja American Light Lager, uma das principais cervejas americanas que conquistaram
o mercado, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V – F – F.
b) ( ) F – F – F.
c) ( ) V – V – V.
d) ( ) F – F – V.
136
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
PROCESSOS PRODUTIVO
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, falaremos do processo produtivo das cervejas belgas e
das cervejas americanas. Para finalizar, falaremos do processo de envase das cervejas.
Mostraremos um exemplo de produção de uma cerveja belga (Lambic) e de uma cerveja
americana (American Pale Ale).
O processo de sintetização da cerveja, por meio das leveduras, será descrito mais
adiante na Figura 5, e as etapas do processo produtivo serão descritas a seguir (MORADO, 2017):
137
• Quando atinge a temperatura ambiente, o mosto que foi exposto aos microrganismos é
acondicionado em barris de madeira que contêm microrganismos das produções anteriores.
• O mosto permanece acondicionado por até dois anos.
FIGURA 5 – ETAPAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE ÁCIDO LÁCTICO, ÁCIDO ACÉTICO E ETANOL POR
LEVEDURAS E BACTÉRIAS
A partir das cervejas Lambic, são produzidas outras cervejas, a mistura dessa
cerveja com framboesas na etapa da refermentação produz a Fruit Lambic. Por outro
lado, blends de cervejas Lambic produzem a cerveja Gueuze, que é caracterizada por
possuir acidez marcante e alta complexidade de sabor (MORADO, 2017).
138
2.2 CERVEJAS AMERICANAS
O processo produtivo de uma cerveja American Pale Ale foi descrito por Silva,
Toledo e Vargas (2015). O processo de fabricação será descrito na Figura 6.
FONTE: A autora
139
3 ENVASE
No momento em que a cerveja é envasada e embalada, seguindo para posterior
distribuição, ela deixa o ambiente controlado em que foi gestada e é exposta a um ambiente
cujas características fogem ao controle do cervejeiro. “A assepsia das instalações, dos
barris e das garrafas é fundamental para assegurar a qualidade e a estabilidade da cerveja
até chegar ao copo para ser degustada, uma vez que a bebida provavelmente percorrerá
um longo caminho até lá” (MORADO, 2017, p. 174).
INTERESSANTE
Na Bélgica, mais precisamente em Bruxelas, existe um Conselho de
Museus de Bruxelas, que é uma organização federativa com mais de
100 museus filiados. Como federação, o Conselho incentiva totalmen-
te mais de 100 museus de Bruxelas a melhorar e diversificar continu-
amente sua oferta. Comprometendo-se a prestar apoio aos museus,
facilitar a colaboração mútua e a sinergia, e promovê-los e representá-
-los ativamente por meio de projetos. Com isso, pretendem preservar
e solidificar a imagem de Bruxelas como uma cidade de museus entre
os habitantes locais, belgas e turistas de todo o mundo.
140
A carbonatação pode ocorrer de duas formas, por meio do priming, que representa
a adição de uma mistura contendo açucares fermentescíveis à cerveja, ou por meio da
adição de dióxido de carbono. O processo que ocorre por meio da adição do priming é
conhecido como carbonatação natural e a adição direta do dióxido de carbono é chamada
de carbonatação forçada. Na etapa de envase, é medido o teor de oxigênio, teor de dióxido
de carbono, a cor, aspectos da espuma e teste de pasteurização. Já na cerveja engarrafada
é determinado o teor de oxigênio dissolvido, o teor de dióxido de carbono, a turbidez e a cor.
141
LEITURA
COMPLEMENTAR
A HISTÓRIA MILENAR DA CERVEJA BELGA
Com mais de dois mil anos de história, existem hoje em dia centenas de cervejas
belgas diferentes, cada uma com as suas particularidades. A fermentação espontânea
nunca deixou de ser usada e o copo com que é servida é quase tão importante como o
que está lá dentro.
Período conturbado
Sabe-se também que a cerveja belga começou por ser feita em casa e por
mulheres, que passavam as receitas boca a boca. Na Idade Média, a produção passou
para as abadias e para as mãos dos monges, domínio este que só terminou no final do
século XVIII. A partir daí, as cervejeiras passaram por períodos conturbados. Durante a
Revolução Francesa muitas foram destruídas e o mesmo aconteceu durante a Primeira
Guerra Mundial. No final do conflito, das mais de três mil existentes, restavam apenas
cerca de 1500. A crise económica dos anos 30 e, depois, a Segunda Guerra Mundial
vieram agravar ainda mais a situação.
142
Volte-face
No final dos anos 60, deu-se um volte-face. A especial cerveja belga foi
redescoberta e, uma década depois, o guru britânico Michael Jackson colocou-a no
mapa mundial, revitalizando a economia em redor do setor. A cerveja belga manteve,
no entanto, as suas características únicas. Aliás, um aspeto a salientar na história
da cerveja na Bélgica é que, apesar de toda a influência germânica, os belgas nunca
seguiram a Reinheitsgebot, a lei que em 1516 ditou que, na Baviera, a cerveja só poderia
ser feita de malte de cevada, água e lúpulo. A levedura, essencial à fermentação, viria
a ser descoberta e incorporada nesta lei mais tarde. A estes ingredientes os belgas
continuaram a juntar ervas, especiarias, café, mostarda e até frutos.
Do norte ao sul
Quando falamos da cerveja belga, temos de falar das regiões do país. A cerveja
que é feita na parte norte, a Flandres, é diferente da que se faz no sul, na Valónia. Na
primeira, estão hoje situadas 60 por cento das cervejeiras do país, incluindo a gigante
AB InBEv, o maior aglomerado de cervejas do mundo. As cervejas desta região são ale
com um paladar ácido frutado, com pouco gás, de cor escura e de grande complexidade.
Foi assim no passado e é assim no presente.
Já na Valónia, região sul da Bélgica, a cerveja é outra. Falamos das pale ale (que
mais tarde evoluíram para as Saison), produzidas por agricultores a partir do início do
século XVII. Eram feitas apenas no inverno para não se estragarem. Cada agricultor tinha
a sua receita, mas os ingredientes mais comuns eram o trigo, o malte escuro de Viena, o
centeio, a aveia, o lúpulo floral, as ervas e as especiarias.
Fermentação mista
Fermentação espontânea
143
têm a particularidade de serem fermentadas por leveduras selvagens características
desta geografia e são produzidas apenas na primavera e no outono; já as Gueuze são
fruto da junção das Lambic envelhecidas com um lote mais jovem, fazendo com que
entrem novamente em fermentação.
Do copo à gastronomia
Abbey Ale
Foram feitas sempre por monges e um dos subtipos desta categoria, as trapistas,
ainda o são hoje em dia. São cervejas fortes de fermentação alta, tendo muitas vezes uma
segunda fermentação em garrafa, o que faz com que o sabor se desenvolva com o tempo.
As dubbel, as triple e as quadruple são outros exemplos que se inserem nas abbey.
Flemish Sour
Golden Strong
Nesta categoria, sobressai a marca Duvel, que tem no seu sabor muito do que
são as leveduras belgas, com notas de frutas e especiarias.
Lambic
144
Saison
Outrora, era feita apenas no inverno pelos agricultores da Valónia, e dada para
consumo no Verão aos trabalhadores sazonais das quintas (daí o seu nome). Inicialmente
de cor clara, originalmente tinham baixo teor de álcool e bastante gás.
Witbier
É uma cerveja turva feita de cevada e trigo que foi criada pelos monges
Hoegaarden’s e revitalizada por Pierre Celis em 1966. Ao seu sabor ácido foram
associados a casca de laranja e os coentros.
145
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As cervejas americanas American Pale Ale são produzidas utilizando três maltes e
dois lúpulos. Esse fato confere a essa bebida características marcantes, como sabor
e odor intensos.
146
AUTOATIVIDADE
1 A cerveja é uma bebida fermentada obtida em várias etapas, sendo que muitas delas
ocorrem na etapa final do processo, o envase. Sobre o envase da cerveja, assinale a
alternativa CORRETA:
3 A carbonatação pode ocorrer de duas formas, por meio do priming, que representa a
adição de uma mistura contendo açucares fermentescíveis à cerveja, ou por meio da
adição de dióxido de carbono. Com relação ao priming, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:
a) ( ) F – F – V.
b) ( ) V – V – V.
c) ( ) V – V – F.
d) ( ) F – F – F.
4 As cervejas Lambic são aquelas produzidas por meio da fermentação natural ou por
meio do uso de leveduras selvagens, características da Bélgica, mais especificamente de
Bruxelas. Disserte sobre as etapas de produção dessa cerveja.
5 A American Pale Ale é uma das cervejas mais consumidas nos Estados Unidos.
Disserte sobre o processo produtivo dessa cerveja.
147
REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. Os copos ideais para cada estilo de cerveja. Revista Exame. São Paulo,
3 ago. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3iQ2wrQ. Acesso em: 10 ago. 2021.
BONACCORSI, M. M. Guia de estilos de cervejas. St. Louis Park, MN: BJCP, 2015.
Disponível em: https://bit.ly/3Fx6U8Y. Acesso em: 16 ago. 2021.
JACKSON, M. Guia ilustrado Zahar: cerveja. São Paulo: editora ZAHAR, 2009.
VERSIGNASSI, A.; WEBER, M. Qual o melhor copo para cada cerveja? Superinte-
ressante. São Paulo, 4 maio 2021. Disponível em: https://bit.ly/3lut1Vn. Acesso
em: 10 ago. 2021.
148