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ESCOLA ESTADUAL JUVÊNCIO MARTINS FERREIRA

CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

Relatório de Estágio Supervisionado

Monitoramento na cultura da Soja

Luany Gonçalves Galdino

Unaí / MG
Novembro / 2022
2

ESCOLA ESTADUAL JUVÊNCIO MARTINS FERREIRA


CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

Fazenda Santo André

Monitoramento na cultura da Soja

Luany Gonçalves Galdino

Reimario Castro Rodrigo Pereira


Coordenador de Estágio Supervisor Técnico

“Trabalho apresentado em cumprimento às exigências acadêmicas parciais da


disciplina estágio supervisionado para a obtenção do certificado de Técnico
Agrícola”

Unaí / MG
Novembro / 2022
3

Dedico este trabalho primeiramente a


Deus, aos meus pais Pedro e Celma,
minha irmã Laisa e meu namorado
Leandro por toda dedicação e
compreensão ao longo do curso e pelo
incentivo à realização deste trabalho.
4

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por toda a força e perseverança durante o


curso e pela vitória de me formar no curso Técnico em Agropecuária.
Aos meus pais Pedro e Celma e minha irmã Laisa por todo apoio e pelo
incentivo na realização do curso e por nunca ter me deixado desistir.
Ao meu namorado Leandro pelo incentivo na realização deste trabalho.
A cada professor por todo o conhecimento passado durante o curso.
Aos meus colegas de turma por todo apoio e ajuda que me deram durante o
curso.
5

O sucesso nasce do querer, da


determinação e persistência em se chegar
a um objetivo. Mesmo não atingindo o
alvo, quem busca, vence obstáculos, no
mínimo fará coisas admiráveis. “José de
Alencar”
6

Resumo
O estágio realizado ocorreu na Fazenda Santo André localizada no município
de Bonfinópolis de Minas-MG, o estágio transcorreu em 47 dias, sendo realizado
apenas 06 horas por dia, totalizado 282 horas de estágio. No período do estágio
realizou-se o plantio, identificação de pragas e doenças e colheita na cultura da soja,
ocorreu também a pulverização da soja, para combater as pragas e doenças da
cultura, foram feitas aplicações de vários agrotóxicos, essas aplicações levaram a
ser feitas para que se pudesse evitar os prejuízos na cultura, em dias de aplicações
eram sempre feito uma visita um dia antes na lavoura, realizando a identificação de
pragas e doenças, para saber qual produto iria aplicar, as indicações dos produtos
sempre eram feitas pelos agrônomos da fazenda.

PALAVRA-CHAVE: Fazenda Santo André, estagio, soja


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ABSTRACT

The internship took place at Fazenda Santo André located in the municipality
of Bonfinópolis de Minas-MG, the internship took place in 47 days, being carried out
only 06 hours a day, totaling 282 hours of internship. During the internship, planting,
identification of pests and diseases and harvesting of soybeans were carried out,
soybean spraying was also carried out, to combat pests and diseases of the crop,
applications of various pesticides were made, these applications led to the made so
that damage to the crop could be avoided, on application days a visit was always
made to the field the day before, carrying out the identification of pests and diseases,
to know which product to apply, the indications of the products were always made by
the agronomists from the farm.

KEYWORD: Fazenda Santo André, stage, soybean


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Lista de Figuras
Figura 1- Fazenda Santo André............................................................................. 12
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Sumário

1. Introdução ....................................................................................................... 11

2. Caracterização da Organização local do Estagio ......................................... 12

2.1. Fazenda Santo André ..................................................................................... 12

3. Referencial Teórico ......................................................................................... 13

3.1. Soja .................................................................................................................. 13

3.1.1. Origem da Soja .......................................................................................... 13

3.1.2. Expansão da Soja no Brasil ..................................................................... 14

3.1.3. Cultivares da Soja ..................................................................................... 14

3.1.4. Estádio fenológicos da Soja..................................................................... 16

3.1.4.1. Estádios vegetativos ............................................................................. 16

3.1.4.2. Estádios reprodutivos ........................................................................... 18

3.1.5. Temperatura e Exigências Climáticas ..................................................... 19

3.1.6. Sistema Plantio Direto (SPD).................................................................... 21

3.1.7. Manejo do Solo.......................................................................................... 22

3.1.8. Plantio ........................................................................................................ 22

3.1.9. Profundidade ............................................................................................. 23

3.1.10. Época de semeadura ............................................................................. 23

3.1.11. Manejo das Pragas da soja ................................................................... 25

3.1.11.1. Amostragem e monitoramento da lavoura ....................................... 25

3.1.11.2. Principais Pragas da Soja .................................................................. 26

3.1.12. Doenças da soja .................................................................................... 36

3.1.12.1. Manejo de Doenças da Soja............................................................... 36

3.1.12.2. Principais Doenças da Soja ............................................................... 37

3.1.13. Plantas Daninhas da Soja ..................................................................... 42

3.1.13.1. Plantas daninhas e seu controle ....................................................... 42


10

3.1.13.2. Principais plantas Daninhas da soja ................................................. 44

3.1.14. Dessecação em pré-colheita da soja .................................................... 46

3.1.15. Colheita .................................................................................................. 47

4. Apresentação e análise das atividades ......................................................... 48

5. Considerações finais ...................................................................................... 52

6. Referencias ..................................................................................................... 53
11

1. Introdução

O presente estagio foi realizado na Fazenda Santo André, situada no


município de Bonfinópolis de Minas-MG. Com atuação na produção de soja e milho,
sendo a cultura que tive um maior contato foi a Soja. O presente relatório tem por
finalidade apresentar todas as atividades desenvolvidas durante o estágio do curso
Técnico em Agropecuária, da Escola Estadual Juvêncio Martins Ferreira.
A soja é uma cultura de grande importância econômica para o Brasil, sendo a
principal cultura do agronegócio brasileiro. Ela é uma planta originaria da região
denominada Manchúria, que fica no nordeste da China, é utilizada como alimento de
forma altamente difundida, tanto para humanos quanto para animais.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos
Estados Unidos, a primeira referência sobre a soja no Brasil foi na data de 1982, na
Bahia.
No decorrer do relatório iremos falar sobre a cultura da soja desde o plantio
até a colheita, como as cultivares de soja, principais pragas, doenças e plantas
daninhas da cultura.
Desta forma, busca-se melhorar a forma de assistência técnica ao campo
para promover melhor desempenho no indicador de produtividade e controle de
doenças e pragas da soja.
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2. Caracterização da Organização local do Estagio

2.1. Fazenda Santo André

O estágio foi realizado na fazenda “Santo André” localizada no município de


Bonfinópolis de Minas-MG, com o CEP 38.650-000.
A fazenda foi deixada de herança para a proprietária anterior, como ela não
gostava muito da área agrícola, acabou vendo a propriedade, hoje o proprietário da
fazenda se chama Jacobus Derks ele atualmente mora no estado de São Paulo, foi
começado a mexer na fazenda no dia 01 de janeiro de 2012, que está no comando
da fazenda e o gerente Rosemiro Sabino, que também é Técnico Agrícola, a
propriedade tem 1.900 hectares, sendo plantado somente 1.350/há, são plantados
dois tipos de culturas na fazenda 1.063/ha de soja e 287/há de milho, atualmente a
fazenda contem 06 funcionários, cada funcionário tem a sua função dentro da
propriedade.
Figura 1- Fazenda Santo André

Fonte: Google
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3. Referencial Teórico

3.1. Soja

3.1.1. Origem da Soja

A soja cultiva (Glycine max[L.] Merril) é originaria do leste da Asia, mais


precisamente do nordeste da China, região conhecida também como Manchúria
(Hymowitz, 1970). Considerada uma das culturas mais antigas, a soja chegou ao
Ocidente no final do século X e início do século XVI. Após seu surgimento na China,
a soja cultivada permaneceu no Oriente pelos dois milênios seguintes. Isso é
atribuído ao fato de a agricultura chinesa não ter sido levada a outras partes do
mundo (Harlen, 1975). Com o aumento de sua importância e do comércio, essa
leguminosa foi levada para o sul da China, a Coreia, o Japão e o sudeste da Ásia.
Na Europa, a soja foi plantada pela primeira vez em 1739, no Jardim Botânico
de Paris, e, em 1770, em Kew, na Inglaterra (Sediyama et al., 1985). Sua chegada
às Américas ocorreu entre o final do século XVII e o início do século XVIII, nos
Estados Unidos, na região da Pensilvânia (Piper; Morse, 1923). Nos 50 anos
seguintes, a soja foi introduzida em muitos jardins botânicos do Estado de
Massachusetts (Bonetti, 1981). Anos mais tarde, em 1882, uma soja de semente
amarela foi cultivada na Estação Experimental de Carolina do Norte. Por volta de
1880, a maioria das estações experimentais de agricultura realizava experimentos
com soja (Piper; Morse, 1923).
Ainda no século XIX, a soja tornou-se conhecida no Canadá, nas Filipinas, na
Argentina, no Egito e em Cuba (Sediyama et al.,1985). No Canadá, foi cultivada
inicialmente em pequena escala, como forrageira. Assim como na Inglaterra, a
maioria dos cultivares testados no Canadá precisava de um período luminoso maior
para completar seu ciclo.
D Utra, em 1882, fez o primeiro relato da soja no Brasil, na época cultivada na
Bahia. No entanto, os cultivares introduzidos, oriundos dos Estados Unidos, não
tiveram boa adaptação numa latitude em torno de 12ºSul (Sediyama; Teixeira;
Barros,2009). Em 1908, imigrantes japoneses introduziram a soja em São Paulo, em
latitude em torno de 22ºSul, cujas primeiras observações foram feitas no Instituto
Agronômico de Campinas (IAC) (Embrapa,1974; Sediyama et al.,1985). Nessa
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região, a soja apresentou melhor desenvolvimento que na Bahia (Sediyama;


Teixeira; Barros,2009).
Todavia, foi no Rio Grande do Sul que a soja encontrou condições climáticas
favoráveis a seu desenvolvimento, uma vez que eram semelhantes às de sua região
de origem, de onde esses cultivares foram trazidos. Sua introdução nas terras
gaúchas foi atribuída a E. C. Craig, então professor da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul UFRGS) (Santos,1988). Nas décadas seguintes, essa leguminosa
serviu como cultura experimental em algumas instituições de pesquisa e,
provavelmente, como planta hortícola entre os descendentes de imigrantes
japoneses (Bonetti,1981). Na década de 1960, a soja já era cultivada em todas as
regiões do Rio Grande do Sul (Conceição,1986). Com o sucesso obtido na Região
Sul e graças aos investimentos em pesquisas de fertilidade do solo e implantação
dos programas de melhoramento genético, a sojicultora pôde avançar rumo ao norte
do País.

3.1.2. Expansão da Soja no Brasil

A produção de grãos de soja em escala comercial teve início no Rio Grande


do Sul por volta de 1935. A Alemanha, em 1938, foi o primeiro país importador de
soja brasileira. Em 1941, a soja constava pela primeira vez nas estatísticas gaúchas,
com uma área cultivada de 702ha. A partir de 1950, essa leguminosa expandiu-se
para o Sudeste, o Norte e o Nordeste (Sediyama; Teixeira; Barros,2009). No Sul do
Brasil, ela era produzida unicamente com a finalidade de ser utilizada in natura na
alimentação de suínos. Na década de 1950, foi instalada no País a primeira indústria
de extração de óleo, com fins alimentícios, que passou a ser mais um atrativo à
cadeia produtiva da soja.

3.1.3. Cultivares da Soja

➢ Sistema Intacta
A soja Intacta também é um tipo de soja transgênica resistente ao
herbicida Glifosato, mas é produzida com tecnologias que permitem o controle das
principais lagartas que atacam a soja.
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Por isso, o cultivo da soja Intacta está associado à alta produtividade e à


redução do uso de defensivos agrícolas, reduzindo os custos de produção.
Porém, o uso dessa tecnologia exige que o agricultor adote algumas
práticas de cuidado para garantir a eficiência da semente.
Além de adotar o sistema de Manejo Integrado de Pragas (MIP), o
produtor que pretende utilizar sementes intactas também precisa plantar o refúgio e
fazer um bom manejo de plantas daninhas.
Vale lembrar que o agricultor pode cultivar diferentes tipos de soja Intacta,
sendo que a escolha deve se basear nos cultivares adaptados para a região de
cultivo.

➢ Soja RR
As cultivares de soja RR são produzidas com a tecnologia Roundup
Ready, que torna a planta tolerante à aplicação de herbicidas em função
da resistência ao Glifosato.
Ou seja, trata-se de uma soja transgênica resistente ao uso de herbicidas,
facilitando o controle químico de diferentes espécies de ervas daninhas na lavoura.
Por isso, o cultivo de soja RR é associado ao aumento da produtividade
da lavoura, à economia de recursos, à otimização da colheita, entre outros
benefícios.
Diante dessa capacidade, hoje em dia, as sementes de soja RR são as
preferidas dos agricultores e já representam mais de 96% dos cultivares disponíveis
no mercado.
Porém, o produtor precisa tomar cuidado durante a escolha da variedade
adequada para a sua região.

➢ Soja Convencional
A soja convencional é aquela que passa por um processo
de melhoramento genético natural, sem tecnologias de OGM’s (Organismos
Geneticamente Modificados). Apesar disso, ela pode apresentar alta produtividade e
resistência a pragas.
Afinal, esse tipo de semente tem recuperado espaço no mercado à
medida que são identificadas variedades de plantas daninhas e plantas
voluntárias resistentes aos defensivos agrícolas aplicados na lavoura.
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Além disso, o plantio de soja convencional também dispensa o


pagamento de royalties, o que reduz os custos de produção e atrai muitos
produtores.
Cabe ressaltar que existem várias opções de soja convencional
disponíveis no mercado. Por isso, o produtor também precisa usar um cultivar de
soja convencional compatível com as características de sua área de plantio.

3.1.4. Estádio fenológicos da Soja

O desenvolvimento da soja pode ser dividido em dois momentos


importantes: o período vegetativo (V), onde a planta está priorizando o seu
crescimento e acúmulo de reservas e o período reprodutivo (R) onde as flores se
desenvolvem e inicia-se a formação do produto de interesse: o grão.

3.1.4.1. Estádios vegetativos

O período vegetativo é subdivido e suas denominações podem ser com letras


seguidas do (V) ou números.
Após a semeadura da cultivar de soja, bem como os tratos culturais necessários,
como adubação potássica e o processo de embebição dessas sementes, dá-se
início ao processo germinativo e ao período vegetativo, fique atento:

➢ VE
Período de emergência da plântula, onde os cotilédones ficam acima do solo,
o que a caracteriza como germinação epígea. Neste momento, a presença de
pombas na área pode levar a uma redução do estande. É um período crítico também
ao ataque de patógenos e pragas de solo.

➢ VC
Cotiledonar, onde os cotilédones se encontram totalmente desenvolvidos e
completamente abertos, curvados para baixo e os bordos das folhas unifolioladas
não mais se tocam. Esse período pode durar de 3 a 10 dias. Período crítico também
ao ataque de patógenos e pragas de solo.
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➢ V1
Completo desenvolvimento das folhas unifolioladas e a primeira folha
trifoliolada com os bordos não mais se tocando. Caracterizado e identificado também
pelo primeiro nó. Nesta fase, os patógenos de solo e pragas como coleópteros
podem afetar o estabelecimento da cultura.

➢ V2
Pode ser definido como o segundo nó ou a segunda folha trifoliolada, em que
os bordos não mais se tocam. Do estádio V1 ao V2, é que se dá o início da
nodulação e o processo de Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN), portanto, neste
momento deve ser observado de 4 a 8 nódulos por planta. No estádio V2, o ataque
de pragas e doenças de solo também devem ser monitorados e a partir daqui inicia-
se o período de matocompetição, ou seja, plantas daninhas podem passar a
competir com a soja por recursos (água, nutrientes e espaço).

➢ V3 e V4
A planta apresenta 3 nós e a terceira folha trifoliolada já se encontra com os
bordos não mais se tocando e 4 nós e a quarta folha trifoliolada, com bordos não
mais se tocando, respectivamente. Neste período compreendido entre V3 e V4, a
presença de nódulos deverá aumentar onde serão observados no mínimo 10
nódulos por planta.

➢ V5
A planta apresenta 5 nós e, neste momento, define-se a partir de processos
fisiológicos, o potencial de nós que a planta poderá ter. Cada nó será responsável
por um ramo lateral, cujas vagens serão formadas, portanto, este período é
importante para definição do potencial da cultura.

➢ Vn
Enésimo nó, este é o estádio anterior ao surgimento de flores e entrada no
período reprodutivo.
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3.1.4.2. Estádios reprodutivos

➢ R1
Início do florescimento, ao menos uma flor aberta em qualquer parte da haste
principal.

➢ R2
Florescimento pleno e uma flor aberta em um dos 2 últimos nós do caule, com
folha completamente desenvolvida. No período compreendido entre R1 e R2, a
planta se encontra mais sensível ao ataque de insetos praga, portanto, o
monitoramento deve ser constante. A partir de R2, inicia-se a rápida acumulação de
matéria seca e de nutrientes na planta, sendo este, o período recomendado para
fazer a coleta de folhas para análise dos teores de nutrientes foliares e avaliação da
qualidade nutricional do solo.

➢ R3
Início do desenvolvimento das vagens, conhecido também como fase de
canivetinho, onde as vagens apresentam até 5 mm de comprimento. Este estádio é
de grande importância para a definição de componentes de rendimento da planta,
como número de vagens por planta. É também um período sensível às condições
ambientais, onde o estresse hídrico pode causar abortamento de vagens.

➢ R4
Vagens completamente desenvolvidas e apresentando cerca de 2 cm de
comprimento em um dos 4 últimos nós do caule, com folha completamente
desenvolvida. A partir desse estádio, até R5.5, ocorre rápida acumulação de matéria
seca pelas vagens.

➢ R5
Início da formação e rápido enchimento dos grãos, onde ocorre redistribuição
de matéria seca e nutrientes das partes vegetativas para os grãos. O estádio
fenológico da soja R5 é subdividido em 5 pontos, onde correspondem ao
enchimento dos grãos até atingirem seu tamanho potencial. Ataques de sugadores
como percevejos é um grande limitante para o potencial produtivo. Quando os
19

ataques são nos estádios iniciais de R5 pode não haver formação de grãos e nos
estádios mais tardios de R5 poderá ocorrer a redução do tamanho e peso dos grãos.
Além disso, condições de estresse também poderão reduzir o peso dos grãos.
✓ R5.1 – grãos perceptíveis ao tato, equivalente à 10% da granação;
✓ R5.2 – Granação de 11 a 25%;
✓ R.3 – Granação de 26 a 50%;
✓ R5.4 – Granação de 51 a 75%;
✓ R5.5 – Granação de 76 a 100%.

➢ R6
Grão verde ou vagem cheia, nesta fase o grão ocupa toda a cavidade da
vagem. O rápido amarelecimento das folhas (senescência) começa após este
estádio e continua acentuadamente até R8.

➢ R7
Início da maturação fisiológica dos grãos, neste período será observado ao
menos uma vagem madura, localizada na haste principal, com coloração marrom ou
palha. A maturidade ocorre quando se cessa o acúmulo de matéria seca. Nesta
fase, os grãos apresentam cerca de 60% de umidade e a partir daqui a umidade
tende a cair.

➢ R8
Maturidade completa: neste período 95% das vagens encontram-se maduras
e serão necessários cerca de 5 a 10 dias para que a umidade atinja 15% ou menos.

3.1.5. Temperatura e Exigências Climáticas

➢ Temperatura
A soja se adapta melhor às regiões onde as temperaturas oscilam entre 20ºC
e 30ºC sendo que a temperatura ideal para seu desenvolvimento está em torno de
30oC. A semeadura da soja não deve ser realizada quando a temperatura do solo
estiver abaixo dos 20oC, pois a germinação e a emergência da planta ficam
comprometidas. A faixa de temperatura do solo adequada para a semeadura varia
entre 20ºC a 30ºC, sendo 25oC a temperatura ideal para uma emergência rápida e
20

uniforme. Regiões com temperaturas menores ou iguais a 10oC graus são


impróprias ao cultivo da soja, pois nesses locais, tanto o crescimento vegetativo
quanto o desenvolvimento da soja é pequeno ou nulo. Por outro lado, temperaturas
acima de 40ºC têm efeito adverso na taxa de crescimento, provocam danos à
floração e diminuem a capacidade de retenção de vagens. Esses problemas são
acentuados com a ocorrência da falta de chuvas.
A maturação pode ser acelerada pela ocorrência de altas temperaturas. A
qualidade das sementes é afetada negativamente sob altas temperaturas e alta
umidade. Tempo quente associado a períodos de baixa umidade, predispõem as
sementes ao “enrugamento” e a danos mecânicos durante a colheita. Temperaturas
baixas na fase de maturação, associadas aos períodos chuvosos ou de alta
umidade, podem provocar atraso na data da colheita, bem como haste verde e
retenção foliar. O tombamento fisiológico, também conhecido como cancro de calor,
caracteriza-se por plântulas tombadas com lesão de estrangulamento do hipocótilo
no nível da superfície do solo e pela ausência de patógenos. Logo após a
emergência, quando as plântulas ainda estão em VE ou VC, temperaturas da
superfície do solo acima de 55ºC podem desestruturar as membranas das células e
desidratar os tecidos do colo da planta causando o tombamento fisiológico ou cancro
de calor.

➢ Exigências Climáticas
Dos fatores de produção agrícola, o clima figura como o de mais difícil
controle e de maior impacto sobre a obtenção de máximas produtividades. A
imprevisibilidade do clima confere às adversidades climáticas, o principal fator de
risco e de insucesso na exploração da agricultura. Os estresses abióticos, como a
seca, o excesso de chuvas, as temperaturas muito altas ou baixas, a baixa
luminosidade, etc., podem reduzir significativamente os rendimentos em lavouras e
restringir as áreas onde espécies comercialmente importantes podem ser cultivadas.
Certas adversidades climáticas, como a falta de água, podem, em alguns casos, ser
total ou parcialmente amenizadas, porém, não se pode cultivar economicamente
plantas não adaptadas ao clima.
21

3.1.6. Sistema Plantio Direto (SPD)

O SPD é um sistema conservacionista de manejo do solo, fundamentado na


mínima mobilização do solo, na sua cobertura permanente por culturas ou por seus
resíduos e pela adoção de modelos de produção diversificados, baseados na
rotação e consorciação de culturas. No Brasil, o SPD surgiu no início da década de
1970 a partir de experiências pioneiras de produtores do Paraná. No entanto,
apenas a partir do final da década de 1980 a sua adoção cresceu exponencialmente,
principalmente com o aprimoramento e o desenvolvimento de máquinas agrícolas
adaptadas ao sistema, bem como de novas tecnologias para o manejo químico e
cultural de plantas daninhas. Segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto na
Palha e Irrigação (FEBRAPDP), foram cultivados em 2019 no Brasil cerca de 33
milhões de hectares em SPD (FEBRAPDP, 2019), sendo o País com a maior área
de adoção desse sistema. É importante salientar, que o SPD é um sistema
complexo que se ampara em diversas premissas, dentre elas a semeadura direta,
ou seja, a operação de semeadura das culturas realizada sem preparo primário e
secundário de solo. Entretanto, para caracterizar o SPD e dispor de todos os
benefícios que esse sistema pode proporcionar, não basta somente realizar a
semeadura direta. Também se deve utilizar modelos de produção diversificados,
capazes de adicionar fitomassa suficiente para cobrir permanentemente o solo e
resultar em balanço positivo de carbono, incrementando assim o estoque de matéria
orgânica do solo. Conjuntamente, também devem ser adotadas práticas mecânicas
de controle da enxurrada, como semeadura em nível e uso de terraceamento.
Apesar do predomínio aparente do SPD em áreas de produção de soja no
Brasil, os modelos de produção adotados são, na maioria dos casos, pouco
diversificados. De forma geral, existe o predomínio de sistemas de sucessão de
culturas, sendo os mais comuns os de trigo e soja na região subtropical e milho 2ª
safra e soja na região tropical. Associado à ausência de sistemas de rotação de
culturas, ainda se utiliza periodicamente o preparo do solo com arados,
escarificadores e grades de discos. Assim, na realidade, existe uma adoção parcial
das premissas básicas do SPD e o predomínio de sistemas com baixa produção de
resíduos vegetais e mobilização periódica do solo. Em decorrência disso é comum
se observar áreas de produção de soja apresentando sintomas de degradação da
estrutura do solo, com a formação de camadas compactadas, encrostamento
22

superficial e perdas de solo, água e nutrientes por erosão, bem como aumento da
ocorrência e dos danos ocasionados por pragas, doenças e plantas daninhas. Deste
modo, é importante que o SPD seja utilizado de acordo com os seus princípios
básicos, visando diminuir a maioria desses problemas e proporcionar melhorias
significativas na conservação do solo e da água, bem como aumentar o
aproveitamento dos recursos e insumos como os fertilizantes, proporcionando
redução de custos, estabilidade de produção e melhoria das condições de vida do
produtor rural e da sociedade. Para que esses benefícios aconteçam, tanto os
agricultores quanto os responsáveis pela assistência técnica devem estar
predispostos a mudanças, conscientes de que o SPD é importante para alcançar
êxito e sustentabilidade na atividade agrícola.

3.1.7. Manejo do Solo

O manejo do solo consiste em um conjunto de operações e práticas


realizadas com o objetivo de propiciar condições de solo favoráveis à semeadura, ao
estabelecimento, ao desenvolvimento e à produção das plantas cultivadas, por
tempo ilimitado. O manejo do solo para a semeadura é a primeira e talvez a mais
importante operação a ser realizada. O mesmo compreende um conjunto de práticas
que, quando usadas racionalmente, resultam em alta produtividade das culturas com
baixos custos. Por outro lado, quando usadas de maneira incorreta, podem levar o
solo rapidamente à degradação física, química e biológica, diminuindo o seu
potencial produtivo.

3.1.8. Plantio

O plantio de uma lavoura deve ser muito bem planejado, pois determina o
início de um processo de cerca de 130 dias e que afetará todas as operações
envolvidas, além de determinar as possibilidades de sucesso ou insucesso da
lavoura. A densidade de plantio varia basicamente, com a cultivar, e com a
disponibilidade de água e nutrientes. Uma análise das cultivares disponíveis mostra
que a densidade recomendada pode variar entre 300.000 a 320.000 plantas por
hectare ou 30 a 32 plantas m-². Variações de 20% nesse número, para mais ou para
23

menos, não alteram significativamente o rendimento de grãos para a maioria dos


casos, desde que as plantas sejam distribuídas uniformemente, sem muitas falhas.
O cuidado com a distribuição de sementes nas fileiras, a profundidade de
plantio e o espaçamento entre fileiras são fatores determinantes para a obtenção da
máxima qualidade de plantio e seu efeito sobre as operações subsequentes e a
produtividade da lavoura. Nas épocas indicadas de semeadura, devem ser
empregados espaçamentos de 20 a 50 cm entre as fileiras. Trabalhos realizados
recentemente com alguns cultivares indicam aumentos de rendimento com o uso do
espaçamento de 20 cm, com população de plantas indicada e/ou quando a
semeadura é feita no final da época indicada. Em condições que favorecem a
ocorrência de acamamento de plantas, pode-se corrigir o problema, sem afetar o
rendimento, reduzindo-se a população em 20%. Por outro lado, quando a
semeadura é realizada tardiamente - no final da época indicada - sugere-se o
acréscimo de 20% na população de plantas, com vistas a compensar a redução de
estatura de planta em função do encurtamento do subperíodo vegetativo.

3.1.9. Profundidade

As plantas necessitam de espaço, no qual suas raízes podem penetrar


livremente em busca de água e de elementos necessários ao desenvolvimento da
planta. Seu sistema radicular é constituído de um eixo principal e grande número de
raízes secundárias concentradas, na maioria, a 15 cm de profundidade, mas com
expansões laterais que podem chegar a 1,80 metros. Desta forma, o desejável é que
o solo apresente profundidades superiores a 50 cm, principalmente quando
apresentarem percentuais de argila acima de 35%.
Os solos rasos em demasia, além de dificultarem o desenvolvimento das
raízes, possuem menor capacidade de armazenamento de água e estão sujeitos a
um desgaste mais rápido, devido à pouca espessura do perfil.

3.1.10. Época de semeadura

A época de semeadura determina a exposição das sementes e plantas de


soja às condições ambientais predominantes no período compreendido entre a
semeadura e a colheita, alterando a duração do ciclo de desenvolvimento, o porte
24

das plantas, a altura de inserção da primeira vagem, a ramificação, a área foliar, a


incidência de doenças e insetos- -praga e, por consequência, a produtividade e a
qualidade de grãos. A delimitação do período para cultivo da soja em cada município
brasileiro é definida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
por meio de portarias específicas para cada estado brasileiro, disponíveis para
acesso no site do Mapa (Brasil, 2018).
A definição da melhor época de semeadura da soja dentro do período
indicado deve ser fundamentada nas características de clima e solo da região, nos
sistemas de produção utilizados e nos atributos das cultivares. Salienta-se a
importância de considerar a interação entre as cultivares e o ambiente de produção.
Para uma determinada região, nem sempre as melhores cultivares para semeadura
no início do período indicado são as melhores para o final do período. Ou seja, é
necessário posicionar as cultivares nas épocas mais favoráveis à expressão do
potencial genético, de acordo com as informações das empresas obtentoras das
variedades. Adicionalmente, é fundamental considerar que, em geral, a soja está
inserida em sistemas de produção que envolvem outras culturas. Desse modo, as
culturas anterior e posterior à soja também influenciam na tomada de decisão sobre
a época de instalação da cultura. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil
é comum o cultivo da soja na safra e, em sucessão, o milho de segunda safra.
Nesse caso, a soja não pode ser semeada muito tarde, pois isso pode impossibilitar
o cultivo do milho em sucessão. O interesse em semear milho ou algodão na
segunda safra é um dos principais fatores que tem estimulado a semeadura da soja
no final do mês de setembro e início de outubro, considerada semeadura “no cedo”
em muitas regiões.
Em semeaduras realizadas logo no início do período indicado, denominadas
de semeaduras “no cedo”, pode haver problemas na emergência, em razão de
deficit hídrico e/ou baixa temperatura do solo. Nessa condição as plantas
apresentam menor porte, em decorrência da baixa disponibilidade de calor e
radiação solar no início do ciclo, a duração do ciclo de desenvolvimento é maior e há
maiores chances de perdas quanti e qualitativas na colheita, em razão da elevada
precipitação pluvial nessa fase. Se o objetivo da lavoura for a produção de
sementes, altos volumes de chuva na colheita podem reduzir drasticamente a
qualidade fisiológica do produto. Em semeaduras “no cedo”, o uso de cultivares com
tipo de crescimento indeterminado constitui-se em alternativa para que haja
25

adequado crescimento das plantas de soja, permitindo a obtenção de altas


produtividades de grãos.
Em semeaduras realizadas no final do período indicado, denominadas de
semeaduras “no tarde”, pode haver menor crescimento em altura das plantas e
maiores incidência e severidade de doenças na fase reprodutiva, principalmente
ferrugem-asiática, e maior incidência de insetos-pragas, como percevejos. Esse
agravamento de problemas fitossanitários no final do ciclo pode ocasionar perdas de
produtividade, da qualidade dos grãos/sementes e/ou aumento dos custos de
produção. Além disso, em semeaduras “na tarde” pode haver maiores perdas por
causa do deficit hídrico na fase reprodutiva e, em algumas regiões do Sul do Brasil,
em função de baixas temperaturas, inclusive geadas no começo de abril. A
semeadura da soja no tarde, principalmente no mês de dezembro, é comum em
regiões frias do Sul do Brasil em sucessão ao trigo, que geralmente é colhido no
final de novembro e início de dezembro. Nessa circunstância, especial atenção deve
ser dispendida na escolha de cultivares adaptadas a esse ambiente de produção.
Em geral, cultivares que apresentam menor sensibilidade ao comprimento do dia
e/ou que tenham tipo de crescimento indeterminado, são as mais adequadas à
semeadura tardia.
Para minimizar os riscos de perdas de produtividade por estresses e
escalonar as operações de semeadura, pulverizações e colheita, é indicada a
semeadura da soja em diferentes épocas dentro do mesmo empreendimento
agrícola. Para tal, é fundamental o posicionamento de cultivares adaptadas em cada
época de semeadura. Em empreendimentos pequenos, em que a colheita é
terceirizada, essa estratégia é difícil de ser implementada. Nesse caso, é indicada a
semeadura na época mais propícia à expressão do potencial genético da cultivar
utilizada, reduzindo os riscos de insucesso econômico.

3.1.11. Manejo das Pragas da soja

3.1.11.1. Amostragem e monitoramento da lavoura

O controle das pragas da soja deve ser realizado com base nos princípios do
“Manejo Integrado de Pragas”, que consiste na tomada de decisão de controle com
base na densidade de pragas, sua idade, e a intensidade do seu ataque e na fase
26

de desenvolvimento da soja, informações essas obtidas em inspeções


(amostragens) regulares na lavoura com esse fim (Corrêa-Ferreira, 2012).
Essas amostragens devem ser realizadas desde antes da semeadura e com
frequência mínima de uma amostragem/semana até o final do ciclo da cultura, sendo
indicado realizar amostragens mais frequentes quando a densidade da praga se
aproxima do nível de ação, que é o momento em que medidas de controle devem
ser aplicadas.
No caso das lagartas desfolhadoras, percevejos e vaquinhas, as amostragens
devem ser realizadas com o auxílio de um pano de batida, de cor clara que facilite a
visualização das pragas, preso em duas varas laterais. O pano deve ter 1,0 m de
comprimento (que corresponde à área amostrada), o qual deve ser usado em
apenas uma fileira de soja. A largura do pano pode ser variável dependendo da
altura da planta (em geral, recomenda-se entre 1,40 a 1,50 m de largura). As plantas
devem ser sacudidas vigorosamente sobre o mesmo, promovendo a queda dos
insetos para serem contados e anotados. Esse procedimento deve ser repetido em
vários pontos do talhão, considerando-se, como resultado, a média de todos os
pontos amostrados. Adicionalmente, em cada ponto, deve-se avaliar visualmente o
percentual de desfolha das plantas (Corrêa-Ferreira, 2012).
Especificamente para os percevejos, segundo Corrêa-Ferreira (2012) as
amostragens devem seguir as seguintes indicações:
➢ Amostrar nos períodos mais frescos do dia, quando os percevejos se
movimentam menos;
➢ Amostrar com maior intensidade nas bordas da lavoura, onde, em geral, os
percevejos iniciam seu ataque;
➢ Amostrar pelo menos uma vez por semana, e realizar amostragens mais
frequentes quando a densidade da praga se aproxima do nível de ação;
➢ Para fins de tomada de decisão sobre a necessidade de controle devem ser
quantificadas as ninfas grandes (maiores que 0,3 cm) somadas aos adultos das
diferentes espécies de percevejos-praga.

3.1.11.2. Principais Pragas da Soja

➢ Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis)


27

A lagarta-da-soja, na fase larval, passa por seis ínstares. A lagarta pequena


(até 10 mm) geralmente apresenta cor verde e possui quatro pares de propernas no
abdômen, duas delas vestigiais. Com isso, se locomove medindo palmos e, muitas
vezes, são confundidas com lagartas pequenas das falsas-medideiras. As lagartas
maiores do que 15 mm podem ser encontradas tanto nas formas verdes como
escuras e apresentam três linhas longitudinais brancas no dorso e quatro pares de
propernas abdominais, além de um terminal.
✓ Adultos
São mariposas de cor variável, do cinza-claro ao marrom-escuro, mas tendo
sempre presente uma linha diagonal de cor marrom-canela, unindo as pontas do
primeiro par de asas. Na face inferior do segundo par de asas, apresenta pequenos
círculos brancos, próximos da margem externa da asa. Ovipositam durante a noite,
ovos individualizados e de cor verde claro, colocados principalmente na face inferior
das folhas, mas também nos pecíolos e ramos da soja. As lagartas eclodem em três
dias e passam a se alimentar de folhas.
✓ Danos
No terceiro estádio, as lagartas já provocam perfurações nas folhas, mas
deixam as nervuras centrais e laterais intactas. O consumo foliar é muito pequeno
nos três primeiros estádios (lagartas até 10 mm). Do quarto ao sexto estádio, as
lagartas consomem mais de 95% do total de consumo foliar, que é de 100 a 120
cm2 por lagarta. Em altas populações, se não controlado, esse inseto pode provocar
desfolhas elevadas (> 30%), causando perdas de produtividade da cultura.

➢ Lagarta-das-vagens (Spodoptera frugiperda)


As lagartas totalmente desenvolvidas possuem 35 a 40mm de comprimento.
Apresentam pontos pretos denominados pináculos distribuídos, em pares, em cada
lado dos segmentos do corpo, cada um com uma seta longa. No último segmento
abdominal apresenta quatro pontos pretos distribuídos como os vértices de um
quadrado. A cabeça apresenta uma figura de um ípsilon invertido, mas essa
característica não é suficiente para confirmar a espécie. A fase larval transcorre em
duas semanas durante o verão e até quatro semanas no inverno.
✓ Adultos
Possuem envergadura de asas de 32 a 38 mm e apresentam dimorfismo
sexual. As asas anteriores são cinzas-amarronzadas nas fêmeas e nos machos são
28

mais escuras, com margens escuras e listras mais claras próximas da margem da
asa e com pontos brancos próximos do centro da mesma. As fêmeas não
apresentam um padrão de cor definido, sendo predominantemente cinzas. As asas
posteriores em ambos sexos são branco-prateadas, suas veias são evidentes, e sua
margem externa possui uma banda marrom e estreita próxima da borda. Os ovos
são sub-esféricos, colocados em camadas e são cobertos por escamas provenientes
do abdome da fêmea. Cada fêmea pode colocar até 1000 ovos.
✓ Danos
Pode atacar vagens e pode cortar plantas ao nível do solo. Esta espécie pode
provocar danos na soja Bt.

➢ Lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus)


O inseto conhecido popularmente como lagarta-elasmo ou broca-docolo
prefere solos arenosos e causa maiores problemas em períodos secos,
principalmente durante a fase de plântulas. As lagartas, que podem medir até 16
mm, possuem coloração de esverdeada a azulada, com faixas transversais marrom
ou marrom avermelhadas. Sua cabeça é pequena, de cor marrom-escura. A pupa se
forma no solo, próxima da base da planta.
✓ Adultos
São mariposas pequenas de cor cinza-amarelada, com cerca de 20 mm de
envergadura; as asas em repouso são dispostas paralelas à linha do corpo.
✓ Danos
A larva penetra na planta logo abaixo do nível do solo, cavando uma galeria
ascendente no caule; junto ao orifício de entrada, tece um casulo, e o cobre com
excrementos e partículas de terra. A planta pode morrer ou ficar debilitada,
facilitando sua quebra. Se o ataque for acentuado, aparecem falhas no estande da
lavoura.

➢ Mosca-branca (Bemisia sp.)


Estudos recentes indicam a predominância da mosca-branca biótipo B nas
lavouras de soja no Brasil. O biótipo B é mais agressivo, mas a distinção dos
biótipos A e B, com base na sua morfologia não é possível. As ninfas são
transparentes, ovais medem de 0,3 a 0,7 mm e as fases quiescentes são amarelo-
29

esbranquiçadas, cobertas por serosidade. Durante essa fase, os olhos do adulto em


formação são avermelhados.
✓ Adultos
Medem 1 mm de comprimento, possuem dois pares de asas brancas e o
corpo apresenta cor amarelada, coberto por cera pulverulenta. As populações
podem ser muito elevadas e, nessas ocasiões, quando as plantas de soja são
perturbadas, podem voar em grande número.
✓ Danos
As ninfas, principalmente as do biótipo B, ao se alimentarem, liberam grande
quantidade de substância açucarada. Essa substância favorece a formação do fungo
fumagina (Capnodium sp.), tornando as folhas pretas, que, ao receberem radiação
solar, se desidratam e caem. Esta espécie também é vetora da doença causada por
carlavírus. Seu controle é muito difícil, quando a densidade populacional é elevada.

➢ Percevejo-castanho (Scaptocoris spp.)


✓ Ninfas
São brancas e, nos últimos ínstares, os primórdios das asas são bem visíveis
e de cor amarelada. A presença desse percevejo no solo, independente da espécie,
é facilmente perceptível pelo odor característico e desagradável que exalam. Tem
alta capacidade de movimentação vertical no perfil do solo. Ninfas de todos os
tamanhos podem ser encontradas a mais de 1,20 m de profundidade, mas durante
os meses mais quentes e chuvosos concentram-se nos primeiros 20 cm do solo.
✓ Adultos
Têm coloração castanha, corpo convexo medindo entre 5 a 10 mm, com as
pernas anteriores adaptadas para cavar. Quando expostos à superfície esses
percevejos emitem um som estridente. Os adultos saem do solo em revoadas no
período chuvoso, com maior frequência de novembro a março. O acasalamento
ocorre no interior do solo e já foram observados adultos em cópula a mais de 1,5 m
de profundidade. No Brasil, o número de espécies e a sua distribuição geográfica,
ainda não são bem conhecidos.
✓ Danos
Adultos e ninfas sugam as raízes da soja, desde a fase de plântula até a
colheita, podendo causar decréscimo no rendimento. Quando o ataque ocorre na
fase inicial, as plantas atacadas podem morrer, resultando em falhas de estande na
30

lavoura. Ocorrem em reboleiras, e dentro destas, a densidade populacional pode


alcançar mais de 300 indivíduos/m2. No Cerrado, perdas no rendimento da soja
podem ocorrer a partir de populações entre 25 e 40 percevejos/m de fileira,
dependendo da fertilidade do solo. Devido a seu hábito críptico são insetos de difícil
controle.

➢ Tamanduá-da-soja (Sternechus subsignatus)


As larvas do tamanduá-da-soja ou bicudo-da-soja têm o corpo cilíndrico,
levemente curvado e sem pernas. A coloração do corpo é branca-amarelada e a da
cabeça é castanha-escura. Nas regiões frias, as larvas são hibernantes por até 10
meses e, nas regiões com invernos mais amenos, dependendo da disponibilidade de
alimento, pode haver emergência de adultos na entressafra. A fase de pupa ocorre
no solo.
✓ Adultos
São carunchos com cerca de 8 mm de comprimento, de coloração geral preta,
com listras amarelas, formadas por pequenas escamas, na parte dorsal do corpo
próximo à cabeça e nas asas duras.
✓ Danos
São causados pelos adultos que raspam e desfiam os tecidos do caule e
ramos, e pelas larvas que broqueiam as hastes das plantas formando uma galha
caulinar, composta de tecido modificado e quebradiço. O dano é irreversível, com
morte da planta, quando altas populações do adulto ocorrem na fase inicial da
cultura. Quando o ataque ocorre mais tarde e as larvas se desenvolvem no interior
das galhas, a planta pode quebrar, ocasionando perdas de rendimento.

➢ Ácaro-verde-da-soja (Mononychellus planki)


O ácaro-verde é a espécie mais frequente em soja no Brasil, porém é menos
agressiva do que os demais ácaros. Na maior parte dos casos ocorre em baixa
densidade, porém surtos populacionais podem ocorrer devido a estiagem e uso de
determinados agrotóxicos, como fungicidas e inseticidas piretróides, especialmente
quando pulverizados desde a fase vegetativa da soja. Ocorrem 3 fases ninfais, todas
de coloração verdeclaro, no primeiro instar possuem seis pernas e a partir do
segundo instar oito pernas. Entre cada instar ocorre uma fase quiescente, para a
troca de pele (ecdise).
31

✓ Adultos
São de coloração verde com as quatro pernas dianteiras de coloração
amarelo-ouro. A fêmea é elíptica e o macho é menor e tem forma de pêra, com a
porção anterior mais larga do que a posterior. Apresentam setas dorsais
relativamente mais curtas e mais largas em relação aos demais ácaros da soja.
Seus ovos são pouco brilhantes, com coloração que, com o passar do tempo, varia
de translúcida, creme a branco leitoso. Os ovos são depositados ao longo de toda a
folha, principalmente na face inferior e junto às nervuras. Produz pequena
quantidade de teia, utilizada para fixar os ovos na folha e no processo de dispersão
pelo vento.
✓ Danos
Seu ataque prejudica a atividade fotossintética da folha. Produzem
minúsculas pontuações cinzas-clara na folha que se concentram inicialmente na
face inferior e junto das nervuras e com o passar do tempo se distribuem por toda a
folha deixando-a com coloração acinzentada. Folhas de diferentes posições na
planta apresentam intensidade de ataque semelhante entre si, com tendência de
menores densidades no interior do dossel, pela ação de inimigos naturais. O ataque
é bem distribuído na lavoura, inicialmente as reboleiras são pouco definidas, mas
com o passar do tempo podem atingir grandes áreas com coloração acinzentada.

➢ Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)


O ácaro-rajado é a segunda espécie mais frequente em soja no Brasil,
habitualmente é mais agressiva do que o ácaro-verde, porém é muito sensível a
chuvas, predadores e patógenos. É notado em ataques intensos em soja, e, de
forma semelhante ao ácaro verde, é favorecido pela estiagem e uso de fungicidas e
inseticidas piretróides, especialmente quando pulverizados desde a fase vegetativa
da soja. As ninfas do ácaro-rajado são semelhantes às do ácaro-verde, porém
possuem coloração verde com duas manchas escuras dorso lateralmente na porção
anterior do corpo.
✓ Adultos
As duas manchas dorsolaterais típicas desta espécie são mais escuras nos
adultos, especialmente nas fêmeas. Eventualmente podem ocorrer fêmeas de
coloração laranja a vermelha. O formato do corpo da fêmea e do macho é
semelhante ao do ácaro-verde, porém apresenta setas dorsais mais longas e finas.
32

Seus ovos são brilhantes, com coloração que, com o passar do tempo, varia de
translúcida, creme a branco leitoso. Todas as fases do ácaro-rajado vivem em
colônias abrigadas sob teia que é produzida em grande quantidade na face inferior
das folhas.
✓ Danos
Seu ataque prejudica a atividade fotossintética da folha. Produzem
minúsculas pontuações cinzas-clara que evoluem rapidamente para manchas
contínuas acinzentadas na face inferior da folha, enquanto que na face superior
ocorrem manchas amareladas. Apresentam ataque concentrado em pequenas
manchas na folha. Folhas de uma mesma planta podem apresentar intensidades de
ataques muito diferentes entre si. Na lavoura são notadas pequenas reboleiras com
plantas intensamente atacadas, com aspecto amarelado. Em casos de ataque
intenso, reboleiras vizinhas podem se fundir formando grandes áreas atacadas,
podendo ocorrer queda prematura de folhas.

➢ Ácaros-vermelhos (Tetranychus ludeni, Tetranychus desertorum e


Tetranychus gigas)

As espécies de ácaros-vermelhos são muito semelhantes entre si. São pouco


frequentes em soja no Brasil e ocorrem associados às demais espécies de ácaros.
Considera-se que apresentem potencial de ataque semelhante ao do ácaro-rajado,
sendo igualmente sensíveis a chuvas, predadores e patógenos. Semelhante ao
ácaro-verde e ácaro-rajado, os ácaros-vermelhos são favorecidos pela estiagem e
uso fungicidas e inseticidas piretróides, especialmente quando pulverizados desde a
fase vegetativa da soja. As ninfas dos ácaros-vermelhos são semelhantes às do
ácaro-verde e ácaro rajado, porém possuem coloração vermelho-claro.
✓ Adultos
As fêmeas de ácaros vermelhos se assemelham às do ácaro-rajado na maior
parte de suas características, exceto por apresentarem coloração vermelha carmim.
Porém, com o passar do tempo elas podem passar para o vermelho escuro. Os
machos apresentam coloração vermelho-alaranjado.
✓ Danos
Os danos e características de ataque de ácaros vermelhos em soja se
assemelham aos do ácaro-rajado.
33

➢ Corós (Phyllophaga cuyabana, Liogenys spp., Plectris pexa e outros)


As larvas dos corós ocorrem no solo e são brancas, com três pares de pernas
torácicas. A coloração da cabeça varia com a espécie, mas em geral é marrom
amarelada ou avermelhada. As larvas passam por três ínstares e as espécies
rizófagas mais comuns podem atingir 35 mm de comprimento. Larvas de corós que
fazem galerias no solo podem medir 50 mm de comprimento. A fase larval de P.
cuyabana dura cerca de 8,5 meses, incluindo um período de diapausa de 4 a 5
meses, quando ficam inativas em câmaras, no solo.
✓ Adultos
Os adultos dos corós rizófagos mais comuns em soja, são besouros ovalados,
marrom avermelhados. Com comprimento variável conforme a espécie: 12 a 15 mm
(Liogenys sp.), 15 a 20 mm (Phyllophaga sp.) e 15 a 17 mm (Plectris sp.).
Apresentam hábitos noturnos e as revoadas geralmente ocorrem logo após o
crepúsculo. Adultos de P. cuyabana se agregam sobre a folhagem da lavoura para o
acasalamento. Em geral, cerca de 2 a 4 horas após o início da revoada, os adultos
retornam ao solo, onde colocam os ovos.
✓ Danos
As larvas consomem principalmente, as raízes secundárias, causando
redução do crescimento da planta, folhas amareladas e murchas. O ataque é em
reboleiras e quando ocorre na fase inicial da cultura, pode resultar em morte das
plantas. Quando o ataque é mais tardio, a soja produz menor número de vagens e
grãos, que, também, são menores nas plantas atacadas. Os adultos geralmente não
causam danos. Larvas de algumas espécies que fazem galerias e não se alimentam
de raízes vivas, são benéficas e, geralmente, não causam danos à soja. Os corós
benéficos podem ser diferenciados por “andarem de costas”, arrastando o dorso no
chão.

➢ Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens)


As lagartas são comumente denominadas falsas-medideiras, por se
deslocarem como que medindo palmos, são de cor verde-clara com listras
longitudinais brancas e pontuações pretas. A fase larval dura entre 14 a 20 dias. No
seu último estádio larval, atinge 40 a 45 mm de comprimento e a transformação para
34

a fase de pupa ocorre sob uma teia, em geral, na face ventral das folhas. Essa
lagarta pode ser confundida com a Rachiplusia nu que é mais frequente no Sul do
Brasil. Entretanto, C. includens apresenta a face interna de suas mandíbulas com
dois dentes.
✓ Danos
As lagartas consomem o parênquima foliar deixando as nervuras, conferindo
aos folíolos aspecto rendilhado. Esta espécie é de difícil controle, quando
comparada com a lagarta-da-soja. Com manejo inapropriado de suas populações,
há relatos de resistência a inseticidas.

➢ Lagarta enroladeira (Omiodes indicata)


A lagarta-enroladeira tem coloração verde-escura, aspecto oleoso e pode
medir de 12 a 15 mm, ao final do desenvolvimento. A pupa é marrom e permanece
no abrigo construído pela lagarta, nas folhas, até a emergência dos adultos.
✓ Adultos
São mariposas pequenas de coloração geral alaranjada, e apresenta três
listras escuras onduladas nas asas. Medem cerca de 18 mm de envergadura,
quando em repouso.
✓ Danos
A lagarta possui o hábito de enrolar ou de unir os folíolos da soja, através de
secreções, formando um abrigo onde passa a fase larval, alimentando-se do
parênquima das folhas e, assim, diminuindo a área foliar e a capacidade
fotossintética da planta. Normalmente ocorre com maiores densidades populacionais
no final do ciclo da soja, quando a perda de área foliar não mais afeta a
produtividade da cultura.

➢ Percevejo marrom (Euschistus heros)


O percevejo-marrom é, atualmente, o percevejo mais abundante na soja,
desde o Norte do Paraná ao Centro-Oeste e Norte do Brasil e já se encontra em
abundância também no Rio Grande do Sul. As ninfas, recém-eclodidas medem 1
mm e têm o corpo alaranjado e a cabeça preta, passam por cinco estádios de
desenvolvimento, até se transformarem em adultos; as ninfas maiores assumem
coloração que pode variar de cinza à marrom.
✓ Adultos
35

De cor marrom-escura, apresentam dois prolongamentos laterais, em forma


de espinhos, próximos à cabeça. Seus ovos, de cor amarelada, são normalmente
depositados nas folhas, em pequenas massas com cinco a sete ovos. Próximo a
eclosão, os ovos apresentam uma mancha rósea.
✓ Danos
Adultos e ninfas alimentam-se das vagens e grãos causando perdas de
rendimentos e afetando a qualidade da semente. Esta espécie provoca menos
sintomas de retenção foliar, em comparação com o percevejo verde e o percevejo-
verde-pequeno. Um aspecto importante a ser considerado antes de adotar medidas
de controle é a ocorrência de populações resistentes a inseticidas no país.

➢ Percevejo verde (Nezara viridula)


A ninfa do percevejo-verde apresenta coloração verde ou preta, com
diferentes manchas circulares brancas e pequenos pontos pretos distribuídos pelo
corpo, passa por cinco fases ninfais e completam o seu desenvolvimento em cerca
de 25 dias. Ao eclodirem, as ninfas, assim como as ninfas de E. heros e P. guildinii,
permanecem sobre os ovos.
✓ Adultos
Também conhecidos como fede-fede ou maria-fedida pelo cheiro que exalam
quando molestados, são totalmente verdes e com tamanho entre 12 e 15 mm. Os
ovos, de coloração amarelada, são depositados, preferencialmente, na face inferior
das folhas, em massas regulares com 50 a 100 ovos, com formato semelhante a
favos de colméia.
✓ Danos
Adultos e ninfas causam danos semelhante ao provocado pelos outros
percevejos, exceto, que sua capacidade de provocar hastes verdes é menor que a
de P. guildinii e maior que a de E. heros.

➢ Vaquinha-verde ou patriota (Diabrotica speciosa)


Dentre as espécies da família Chrysomelidae encontradas na cultura da soja
a mais comum é D. speciosa, chamada comumente de vaquinha-verde ou patriota.
A larva é de coloração amarela-pálida, tendo o tórax, a cabeça e as pernas torácicas
pretas. Desenvolvem-se no solo e, quando completamente desenvolvidas, medem
10 a 12 mm de comprimento e 1mm de diâmetro. O período larval dura
36

aproximadamente 23 dias. A fase pupal dura 17 dias e ocorre no solo, dentro de


câmaras.
✓ Adultos
Apresentam coloração geral verde com três manchas amarelas em cada asa
anterior, sua cabeça é avermelhada e medem entre 5 a 6 mm de comprimento. A
postura é feita com os ovos agrupados, sobre as partes subterrâneas da planta, e o
período de incubação dura em média oito dias.
✓ Danos
Os adultos alimentam-se de folhas e de brotos, e têm preferência pelas folhas
mais tenras. Ao se alimentar, realizam pequenos orifícios, porém têm pouca
capacidade de causar grandes desfolhas. Suas larvas se alimentam das raízes das
plantas e o seu controle, normalmente, não é necessário.

➢ Metaleiro (Megascelis sp.)


✓ Adultos
São insetos alongados, medem 3 a 4 mm, cujo tórax e abdômen apresentam
os lados paralelos, de cor verde metálico brilhante. Por esse motivo são conhecidos
vulgarmente como “metaleiros”. A parte anterior do tórax é mais estreita do que a
base do primeiro par de asas. Seus élitros apresentam pontuação pronunciada.
Antenas são longas, mas menores do que o corpo; nas fêmeas as antenas são
menores que nos machos.
✓ Danos
Provocam desfolha de forma irregular. Geralmente, são comuns no início do
cultivo da soja, mas de importância secundária.

3.1.12. Doenças da soja

3.1.12.1. Manejo de Doenças da Soja

Entre os fatores que impedem que a soja atinja todo o seu potencial de
produtividade estão as doenças, que podem afetar a cultura desde a germinação,
até o final do enchimento de grãos/sementes. Podem ser causadas por fungos,
37

bactérias, vírus e nematoides. A importância econômica de cada doença varia de


ano para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas de
cada safra. As perdas anuais de produção por doenças são estimadas em 15% a
20%; entretanto, algumas doenças podem ocasionar perdas de até 100%.
Para evitar perdas é importante que o planejamento da safra leve em
consideração as doenças mais comuns na região, a época da sua ocorrência, a
previsão climática e a infraestrutura da propriedade.
A escolha de uma cultivar resistente é a medida mais racional que o agricultor
pode adotar, pois o custo da semente é o mesmo e o menor uso de fungicidas
significa menores custos financeiro e ambiental. Deve-se evitar a introdução de
doenças na área usando-se semente certificada e, quando necessário, tratada com
fungicidas. O manejo correto do solo é fundamental para evitar condições que
favoreçam a incidência de doenças, principalmente aquelas causadas por fungos de
solo. A época de semeadura pode significar o menor ou maior número de aplicações
de fungicidas, em função da ocorrência da doença em relação ao estádio de
desenvolvimento das plantas. Os fungicidas devem ser usados da maneira correta,
com dose, época de aplicação e condições de aplicação que possibilitem o controle
efetivo dos patógenos, sem o risco de selecionar populações resistentes a eles. O
uso de fertilizantes, na dose correta e no momento adequado, contribui para o
equilíbrio nutricional da cultura e pode reduzir a incidência e a severidade de
doenças. Deve- -se evitar o cultivo sucessivo da mesma cultura sempre na mesma
área. Usando-se a rotação de culturas e a sucessão com outras espécies, o ciclo
dos patógenos é “quebrado”, podendo reduzir a incidência e/ou a severidade das
doenças.
Enfim, as doenças devem ser manejadas, o que implica em adotar medidas
necessárias para reduzir ao máximo a intensidade das mesmas e, assim, obter-se
redução de custos e, como consequência, alcançar maiores rendimentos.

3.1.12.2. Principais Doenças da Soja

➢ Antracnose (Colletotrichum truncatum)


✓ Sintomas
Pode causar morte de plântulas e manchas negras nas nervuras das folhas,
hastes e vagens. Pode haver queda total das vagens ou deterioração das sementes
38

quando há atraso na colheita. As vagens infectadas nos estádios R3-R4 adquirem


coloração castanho-escura a negra e ficam retorcidas; nas vagens em granação, as
lesões iniciam-se por estrias de anasarca e evoluem para manchas negras. As
partes infectadas geralmente apresentam várias pontuações negras que são as
frutificações do fungo (acérvulos).
✓ Condições de desenvolvimento
A antracnose é uma doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e
ocorre com maior frequência na região dos Cerrados, por causa da elevada
precipitação e das altas temperaturas. Em anos chuvosos, pode causar perda total
da produção, mas, com maior frequência, causa redução do número de vagens,
induzindo a planta à retenção foliar e à haste verde. Uso de sementes infectadas e
deficiências nutricionais, principalmente de potássio, também contribuem para maior
ocorrência da doença. Sementes oriundas de lavouras que sofreram atraso de
colheita, por causa de chuvas, podem apresentar índices mais elevados de infecção.
✓ Controle
Recomenda-se o uso de semente sadia, tratamento de semente, rotação de
culturas, espaçamento entre fileiras e estande que permitam bom arejamento da
lavoura e manejo adequado do solo, principalmente com relação à adubação
potássica.

➢ Podridão radicular de Phytophthora (Phytophthora sojae)


✓ Sintomas
Os sintomas podem ser encontrados em plantas de soja em qualquer fase de
desenvolvimento. Sementes infectadas podem apodrecer ou germinar lentamente,
resultando em morte de plântulas, que ficam com os hipocótilos com aspecto
encharcado e de coloração marrom. Em plantas adultas, os sintomas têm início com
a clorose de folhas e murcha de plantas. As folhas secam e mantêm-se presas à
haste. A haste e os ramos laterais exibem apodrecimento de coloração marrom-
escura, que circunda a haste e progride de baixo para cima na planta, a partir da
linha do solo, podendo atingir vários nós. Internamente, o córtex e os tecidos
vasculares tornam-se escuros.
✓ Condições de desenvolvimento
As condições climáticas ideais para ocorrência de falhas na emergência e do
tombamento em plântulas são temperaturas em torno de 25 ° C e elevada umidade
39

no solo durante a semeadura e a emergência. Solos compactados e semeadura


direta também aumentam a intensidade da podridão. O patógeno desenvolve
estruturas de resistência (oosporos), que permanecem viáveis em restos de cultura e
no solo por muitos anos. Em estádios mais avançados, os sintomas variam com o
nível de resistência/ tolerância da cultivar.
✓ Controle
Para evitar falhas na emergência, são indicados uso de cultivares resistentes
e melhoria das condições de drenagem do solo. Não há medidas de controle
recomendadas para plantas adultas.

➢ Oídio (Microsphaera diffusa)


✓ Sintomas
Microsphaera diffusa é um parasita obrigatório que se desenvolve em toda a
parte aérea da planta. Apresenta uma fina cobertura esbranquiçada, constituída de
micélio e esporos pulverulentos. Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração
branca do fungo muda para castanho-acinzentada e, em condições de infecção
severa, pode causar seca e queda prematura das folhas.
✓ Condições de desenvolvimento
A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta,
porém, é mais comum por ocasião do início da floração. Condições de baixa
umidade relativa do ar e temperaturas amenas (18 ° C a 24 ° C) são favoráveis ao
desenvolvimento do fungo.
✓ Controle
O método mais eficiente de controle é o uso de cultivares resistentes. O
controle químico pode ser utilizado por meio da aplicação de fungicidas.

➢ Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi)


✓ Sintomas
Podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Os
primeiros sintomas são caracterizados por minúsculos pontos (no máximo 1 mm de
diâmetro) mais escuros do que o tecido sadio da folha, de coloração esverdeada a
cinza-esverdeada, com correspondente protuberância (urédia), na página inferior da
40

folha. As urédias adquirem cor castanho- -clara a castanho-escura, abrem-se em um


minúsculo poro, expelindo os esporos hialinos que se acumulam ao redor dos poros
e são carregados pelo vento.
✓ Condições de desenvolvimento
O processo de infecção depende da disponibilidade de água livre na
superfície da folha, sendo necessárias no mínimo seis horas, com um máximo de
infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar. Temperaturas entre 18
° C e 26,5 ° C são favoráveis para a infecção. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha,
menor será o tamanho dos grãos e, consequentemente, maior a perda do
rendimento e da qualidade (grão verde). A ferrugem americana (P. meibomiae) é
reconhecida como de pouco impacto sobre o rendimento; P. pachyrhizi é mais
agressivo e pode causar perdas significativas.
✓ Controle
O controle químico com fungicidas formulados em mistura de diferentes
grupos químicos tem-se mostrado eficiente. O fungicida deve ser aplicado
preventivamente ou nos primeiros sintomas da doença. Deve-se realizar a
semeadura no início da época recomendada, utilizar preferencialmente cultivares
precoces e cumprir o vazio sanitário [eliminando plantas voluntárias de soja (guaxa
ou tiguera) na entressafra], para diminuir o inóculo na safra seguinte; evitar a
semeadura em safrinha. Cultivares resistentes estão disponíveis para algumas
regiões do Brasil, no entanto, não dispensam a utilização de fungicidas, uma vez
que populações virulentas podem ser selecionadas em decorrência da variabilidade
do patógeno.

➢ Mancha olho de rã (Cercospora sojina)


✓ Sintomas
Pode ser confundida com as manchas de Ascochyta e olho-de-rã. O fungo
pode infectar toda a parte aérea da planta, porém é mais comum na folha. A lesão
inicia-se por uma mancha circular, verde-clara e evolui para manchas arredondadas,
atingindo 3-5 mm de diâmetro. Na página superior da folha, as manchas apresentam
centro castanho-claro e margem castanho-escuro. Na página inferior, a coloração é
uniformemente castanho-escuro e, sob condição de alta umidade, apresenta pontos
brancos, como pequenos tufos de algodão, os quais constituem o micélio do fungo,
onde formam-se pequenas massas negras de esporos no centro das lesões.
41

✓ Condições de desenvolvimento
A doença tem início em reboleiras. É mais comum nos Cerrados. Os esporos
são disseminados pela ação da chuva e do vento.
✓ Controle
Em razão dos baixos níveis de ocorrência, não se recomendam medidas de
controle.

➢ Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum)


✓ Sintomas
Manchas aquosas que evoluem para coloração castanho-clara e logo
desenvolvem abundante formação de micélio branco e denso. O fungo é capaz de
infectar qualquer parte da planta, porém as infecções iniciam-se com frequência a
partir das pétalas caídas nas axilas das folhas e dos ramos laterais.
Ocasionalmente, nas folhas, podem ser observados sintomas de murcha e seca. Em
poucos dias, o micélio transforma-se em massa negra e rígida, o esclerócio, que é a
forma de resistência do fungo. Os esclerócios variam em tamanho, e podem ser
formados tanto na superfície quanto no interior da haste e das vagens infectadas.
✓ Condições de desenvolvimento
A fase mais vulnerável da planta vai do estádio da floração plena ao início da
formação das vagens. Alta umidade relativa do ar e temperaturas amenas
favorecem o desenvolvimento da doença. Esclerócios caídos ao solo, sob alta
umidade e temperaturas entre 10 ° C e 21 °C, germinam e desenvolvem apotécios
na superfície do solo. Estes produzem ascosporos que são liberados ao ar e são
responsáveis pela infecção das plantas. A transmissão por semente pode ocorrer
tanto por meio do micélio dormente (interno) quanto de esclerócios misturados às
sementes. Uma vez introduzido na área, o patógeno é de difícil erradicação.
✓ Controle
Evitar a introdução do fungo na área utilizando semente certificada livre do
patógeno. Efetuar tratamento de semente com mistura de fungicidas de contato e
benzimidazóis. Em áreas de ocorrência da doença, é necessário associar várias
estratégias: semeadura direta sobre palhada de gramínea, fazer a rotação/sucessão
de soja com espécies resistentes como milho, sorgo, milheto, aveia branca ou trigo;
eliminar as plantas hospedeiras do fungo; fazer adubação adequada; aumentar o
espaçamento entre linhas, reduzindo a população ao mínimo recomendado.
42

Aplicações de fungicidas podem ser realizadas no início do florescimento e durante


a floração.

➢ Nematoides de galhas (Meloidogyne incognita e M. javanica)


✓ Sintomas
Em áreas infestadas, ocorre em reboleiras, onde as folhas das plantas afetadas,
normalmente, apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras (folha
“carijó”). Às vezes, pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas, por
ocasião do florescimento, nota-se intenso abortamento de vagens e
amadurecimento prematuro. Nas raízes atacadas, observam-se galhas em número e
tamanho variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar de soja e da densidade
populacional do nematoide. A diagnose requer análise de amostras de solo e/ou
raízes, em laboratório de nematologia.
✓ Condições de desenvolvimento
Os nematoides causadores de galhas parasitam um grande número de espécies de
plantas. Graças a essa característica, esses organismos sobrevivem na maioria das
plantas daninhas, dificultando o controle. O ciclo de vida é muito influenciado pela
temperatura. A 25 ° C, o ciclo se completa em três a quatro semanas.
✓ Controle
Os métodos de controle mais eficientes são a rotação de culturas e a utilização de
cultivares resistentes. A rotação de culturas deve ser bem planejada, uma vez que a
maioria das espécies cultivadas multiplicam os nematoides de galhas. Por isso,
deve- -se fazer uma correta identificação da espécie de Meloidogyne e, se possível,
da raça ocorrente. Na rotação, é importante incluir espécies de adubos verdes,
visando recuperar a matéria orgânica e a atividade microbiana do solo. A semeadura
direta contribui para reduzir a disseminação.
3.1.13. Plantas Daninhas da Soja

3.1.13.1. Plantas daninhas e seu controle

Controlar plantas daninhas ajuda na manutenção de altos rendimentos, não


só na soja, mas em qualquer exploração agrícola. As plantas infestantes podem
interferir diretamente na produtividade, pela competição por recursos do ambiente,
43

ou indiretamente, pela redução do coeficiente técnico de colheita e o aumento do


percentual de impureza e de umidade dos grãos.
Vários métodos de controle podem ser utilizados para solucionar o problema
das plantas infestantes. Como as plantas daninhas possuem mecanismos eficientes
de multiplicação e dispersão, a prevenção na introdução de novas espécies na área
de produção é uma das melhores alternativas, especialmente nos dias atuais em
que os problemas com a resistência aos herbicidas têm aumentado. Entre as
práticas de prevenção estão o uso de sementes de boa procedência e a eliminação
dos primeiros focos de infestação. Uma colhedora que opera em diferentes áreas
também pode iniciar a contaminação por novas espécies, por isso sua limpeza é
uma importante forma de prevenção. Como a limpeza constante de máquinas nem
sempre é possível durante os períodos de colheita, é fundamental a observação
posterior da área para a retirada das novas espécies, antes que produzam
sementes.
Os métodos de controle químico, físico (manual ou mecânico) e cultural,
quando utilizados de forma integrada, permitem maior eficiência de controle do que
o uso isolado dos mesmos. O controle físico pode ser altamente eficiente, quando
utilizado para complementar o método químico. O controle cultural consiste na
utilização de técnicas de manejo da cultura ou qualquer ação que propicie melhor
desenvolvimento da soja, em detrimento da planta daninha. Envolve época,
densidade, espaçamento e uniformidade de semeadura, adubação calibrada, cultivar
adaptada, rotação de culturas e sistemas diversificados. O controle químico é
amplamente adotado por ser economicamente acessível, por reduzir a mão de obra
e por permitir aplicações com rapidez, quando comparado com a capina.
Para que a aplicação dos herbicidas seja segura, eficiente e econômica,
exigem-se técnicas adequadas na escolha e no uso dos herbicidas. O
reconhecimento prévio das comunidades infestantes predominantes nas áreas é
condição básica para a escolha adequada do produto. Os herbicidas têm sua
eficiência aumentada quando aplicados em condições que lhes são favoráveis, por
isso é fundamental que se conheça as especificações de cada produto, assim como
deve haver precisão na regulagem do pulverizador e observação das condições
climáticas.
44

3.1.13.2. Principais plantas Daninhas da soja

➢ Conyza spp. (Nomes comuns: buva, voadeira.)


Existem duas espécies de maior importância no Brasil que são Conyza
bonariensis e Conyza canadensis. São espécies anuais, herbáceas e eretas, de
caules densamente folhosos. Propagam-se por sementes. Os frutos são aquênios
que possuem uma estrutura denominada papilho piloso, o qual facilita sua dispersão
pelo vento. A raiz principal é pivotante. Biótipos de buva foram cientificamente
confirmados como resistentes ao herbicida Glyphosate no Brasil (Vargas et al.,
2007). C. bonariensis possui cerca de 40-120 cm de altura, nativa da América do Sul
(Lorenzi, 2000). A ramificação da parte superior do caule ultrapassa o topo da planta
e a inflorescência (Kissmann & Groth, 1999). As suas folhas apresentam margens
lisas ou minúsculos dentes. C. canadensis possui cerca de 80-150 cm de altura.
Suas folhas apresentam margens denteadas e os ramos da parte superior não
ultrapassam o topo. Possui uma ampla panícula terminal no ramo principal.

➢ Ageratum conyzoides (Nomes comuns: mentrasto, picãoroxo, erva-de-


são-joão.)
Planta anual, herbácea, com odor característico, ereta, ramificada, com caule
revestido de pelos alvos, de 30-80 cm de altura. Nativa da América tropical. O ciclo é
curto e podem ocorrer até três gerações por ano. Em condições adversas, essa
espécie pode florescer já com dois pares de folhas verdadeiras (Kissmann & Groth,
1999). O caule é normalmente ereto, ramificado e com ramos ascendentes. As
folhas são simples, pecioladas; as inferiores são opostas e as superiores podem ser
alternadas. O comprimento das folhas pode chegar a 10 cm por 5 cm de largura. A
cor do limbo é verde, sendo mais clara na face dorsal; existem glândulas que
encerram uma substância odorífera. A raiz principal é pivotante e as raízes
secundárias estão distribuídas mais na superfície do solo. Propaga-se
exclusivamente por sementes (Lorenzi, 2000). A dispersão dessas sementes ocorre
por meio do vento ou pela água, devido aos pelos que se prendem aos aquênios. É
uma planta daninha muito disseminada em todas as regiões agrícolas do País.
Infesta tanto lavouras anuais como perenes, hortas e terrenos baldios. Uma única
planta chega a produzir 40 mil sementes. É muito empregada na medicina caseira.
45

➢ Digitaria insularis (Nomes comuns: capim-amargoso, capim-açú, capim-


flexa.)
Planta perene, herbácea, entouceirada, ereta, rizomatosa, de colmos
estriados, com 50-100 cm de altura, nativa das regiões tropicais e subtropicais do
Continente Americano. Plantas desenvolvidas são evitadas pelo gado por serem
amargas. Assim, a espécie tende a ocupar cada vez mais áreas, diminuindo o valor
dos pastos. Os colmos são cilíndricos, com entrenós longos. As folhas possuem
bainhas longas. As panículas são grandes com 15-30 cm de comprimento. Cada
panícula é formada por 20-50 racemos, com 10-15 cm de comprimento, cobertos por
pelos sedosos de coloração amarelo-prateada (Kissmann & Groth, 1997). As
unidades de dispersão, chamadas de cariopse, possuem longos pelos que facilitam
o transporte pelo vento. Propaga-se por sementes e através de curtos rizomas. É
menos comum em solos cultivados com frequência, contudo, é uma das mais
importantes infestantes de áreas de semeadura direta de cereais no sul do País
(Lorenzi, 2000). Vegeta com grande vigor, formando touceiras que florescem
praticamente durante todo o verão. Tem grande facilidade de rebrotamento quando
cortada, queimada ou após o controle químico.

➢ Panicum maximum (Nomes comuns: capim-colonião, capim-colônia,


capim-guiné.)
Planta perene, robusta, entouceirada, de colmos com cerosidade branca nos
entrenós, originária da África (Lorenzi, 2000). Propaga-se por sementes e rizomas. É
uma planta cultivada como forrageira. Foi introduzida como pastagem na época da
escravatura. Há diversas variedades, de diferentes formas e portes. Os colmos são
simples ou ramificados, eretos e com até 3,5 m de altura, cilíndricos na parte
superior e achatadas na inferior, podendo chegar a 1 cm de espessura. As raízes
são fibrosas. As folhas são muito longas, em forma de lança e cor verde clara. As
unidades de dispersão são as cariopses envoltas pelas glumas, facilmente
carreadas pelo vento. O florescimento ocorre durante longo período, bem como a
maturação das cariopses. Os rizomas são curtos e robustos, dos quais se originam
novos colmos (Kissmann & Groth, 1997). Escapa facilmente ao cultivo e passa a
infestar beiras de estradas terrenos baldios e solos que antes foram pasto ou estão
próximos a estes. Interfere muito com as culturas infestadas devido a sua grande
capacidade competitiva.
46

➢ Nicandra physaloides (Nomes comuns: joá-de-capote, bexiga, balão.)


Planta anual, herbácea, ereta, ramificada, de caule glabro e fortemente
sulcado, com 40-200 cm de altura, originária da America do Sul (Região Andina). O
caule, em plantas grandes, é bastante grosso na parte inferior, podendo chegar a 5
cm de diâmetro. Nas partes novas, tem consistência carnosa e é fistuloso. As folhas
são alternadas ou geminadas, com pecíolo de até 5 cm de comprimento. O limbo
foliar é liso, de coloração verde-clara, com cerca de 15 cm de comprimento por 8 cm
de largura. As flores possuem corola campanulada de cor branca, azul clara ou
violácea. O fruto é chamado de solanídio globoso. As unidades de dispersão e
propagação são as sementes. Uma planta pode produzir até 1.000 sementes. A raiz
principal é pivotante e bastante desenvolvida (Kissmann & Groth, 2000). Apresenta
preferência por solos mais argilosos e úmidos. É muito frequente na Região Sul do
País, onde vegeta, principalmente, durante o verão. Sua ocorrência vem
aumentando no Centro-Oeste, Sudeste e Triângulo Mineiro. Seus tecidos contêm
alcaloides tóxicos.

3.1.14. Dessecação em pré-colheita da soja

A dessecação em pré-colheita da soja é uma prática que deve ser utilizada


somente com o objetivo de controlar as plantas daninhas ou uniformizar as plantas
com problemas de haste verde/retenção foliar.
Se essa prática for necessária, deve-se observar a época apropriada para
executá-la. Aplicações realizadas antes da cultura atingir o estádio reprodutivo R7
provocam perdas de produtividade. Esse estádio é caracterizado pelo início da
maturação, quando a planta apresenta uma vagem amarronzada ou bronzeada na
haste principal (Fehr; Caviness, 1977). Com a retirada do herbicida paraquate do
mercado, diquate continuará a ser a opção. Outra alternativa é o glufosinato de
amônio, entretanto com especificações que diferem de diquate as quais devem ser
observadas pelo usuário. Quando houver predominância de folhas largas,
principalmente corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), utilizar o diquate. Outra
alternativa é o glufosinato de amônio. Para evitar que ocorram resíduos no grão
47

colhido, deve ser observado o intervalo mínimo de sete dias entre a aplicação
desses produtos e a colheita da soja.
Não devem ser realizadas aplicações de glifosato no período de pré- -colheita
em campos de produção de sementes. Essa prática ocasiona problemas de
fitotoxicidade nas plântulas, resultando em redução do vigor, da germinação, no
comprimento das raízes primárias e aborto das secundárias (Tecnologias..., 2013).
Esse alerta é válido para as cultivares convencionais e transgênicas.

3.1.15. Colheita

A colheita constitui uma importante etapa no processo produtivo da soja,


principalmente pelos riscos a que está sujeita a lavoura destinada ao consumo ou à
produção de sementes. Essa etapa deve ser iniciada tão logo a soja atinja o estádio
de ponto de colheita (R8), segundo a escala fenológica de Fehr e Caviness (1977), a
fim de evitar perdas quantitativas e qualitativas de produto.
48

4. Apresentação e análise das atividades

O estágio foi realizado na Fazenda Santo André, localizada no município de


Bonfinópolis de Minas-MG, o estágio obrigatório teve início no dia 02 de janeiro de
2018 até o dia 08 de março de 2018, as atividades desenvolvidas no estágio me
permitiu a vivencia em campo, de todo o processo agronômico necessário para o
cultivo de grãos em lavouras, desde o plantio a colheita, desta forma toda a
participação necessária em todas as etapas do estágio me contribuiu significante
para a aquisição de experiencia pratica de toda a teoria aprendida dentro da sala de
aula. No decorrer do estágio tive uma boa noção sobre a cultura do milho, porem a
cultura que teve maior foco na fazenda é a soja onde teve uma maior cobrança
quanto do gerente da fazenda Rosemiro e do Agrônomo Rodrigo, as visitas do
agrônomo era todas as terças e quintas-feiras, as aplicações dos defensivos
agrícolas sempre eram feitas depois da visita do agrônomo.
No início da safra 17/18 estava realizando as atividades do estágio não
obrigatório, durante esse período foram entregadas sementes de soja juntamente
com o seu tratamento na propriedade, de acordo com a dose recomendada pelo
fabricante, e logo em seguida realizando a semeadura. O tratamento dessas
sementes era feito com os produtos dos fornecedores, sendo eles: inoculantes,
nematicidas, biofungicidas e enraizador. Esse tratamento só era feito quando as
sementes não possuíam tratamento próprio da indústria.
O gerente Rosemiro me informou que as cultivares de soja que era plantado
na fazenda era a Soja RR e a Intacta, o mesmo me informou que a Soja
Convencional ela se sairia melhor pois não teria a tecnologia que tem nas outras e
que ela não é plantada na fazenda pois o seu prejuízo é muito alto.
A semeadura da soja foi feita no sistema plantio direto, sendo realizado entre
o final de outubro e os primeiros 15 dias de novembro, dentro da época
recomendada pela cultura. Para a semeadura da cultura sempre era feito a
regulação manual da plantadeira, para que ocorra a distribuição das sementes de
acordo com a recomendação da sementeira, também ocorria a conferência das
sementes no solo, para ter uma maior garantia de um estande de plantas uniformes
e distribuídos, a palatabilidade está diretamente ligada a quantidade de plantas
sempre com o espaçamento entre elas correto por área, que tem a possibilidade de
alcançar a população de plantas sempre adequadas.
49

Eram sempre feitos as conferencias, foram abertas pequenas linhas e nessas


linhas são feitas a contagens de sementes para poder conferir se estavam caindo a
quantidade certa por metro desejada, esse processo era sempre repetido em 3
linhas diferente para garantia de uma maior uniformidade. A produção de grãos por
área sempre era determinada pelo número de plantas por área.
Logo após a semeadura foi feito o primeiro monitoramento na fazenda
juntamente com o agrônomo Rodrigo, para avaliar o desenvolvimento e o estádio
fenológico da cultura. Logo após a emergência da cultura, eram selecionados de 3 a
5 pontos para ser contabilizados a quantidade de plantas emergidas em 3 metros
para verificar a quantidade de plantas emergidas tinha ocorrido de acordo com a
recomendação da cultura.
Uns outros pontos bastantes observados durantes a visita do agrônomo
Rodrigo na propriedade, eram a presença de pragas, como a falsa medideira,
percevejo marrom, percevejo verde, doenças como a antracnose e as plantas
daninhas como trapoeraba. A partir dessa visita era possível alinhar com o produtor
a entrada do maquinário para realizar o manejo da cultura.
Inúmeras pragas, doenças e plantas daninhas, são capazes de aparecer em
lavouras ao logo do seu ciclo de desenvolvimento, podendo afetas as estruturas da
cultura e diminuindo a produtividade da mesma, o que tem uma maior utilização de
medidas de controle para evitar essas perdas.
Por meio dos fatores fitossanitários que tem na cultura da soja, acaba
impedindo todo o seu potencial de produtividade estão as doenças da cultura, essas
doenças são capazes de afetar toda a cultura desde a sua germinação até o final do
seu ciclo.
As pragas que tiveram uma maior incidência na propriedade na safra de 17/18
foram a Lagarta falsa-medireira (Chrysodeixis includens), Lagarta enroladeira
(Omiodes indicata), Percevejo marrom (Euschistus heros), Percevejo verde (Nezara
viridula), Vaquinha-verde ou patriota (Diabrotica speciosa), Metaleiro (Megascelis
sp.), Mosca branca (Bemisia tabaci), foi realizado no estágio também como é feito o
método do pano-de-batida este método desenvolvido nos Estados Unidos por Boyer
e Dumas (1963) foi comumente utilizado para amostrar a população de artrópodes
em soja, sendo considerado por Konga e Pitre (1980) como excelente método para
captura e avaliação de lagartas, besouro desfolhadores, percevejo (particularmente
as ninfas), além dos insetos predadores.
50

A doença que teve uma maior incidência na propriedade nessa safra foi as
Oídio “Erysiphe difusa”, Nematoide das galhas (Meloidogyne incognita e M. javanica)
e o Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum). A forma de controle da doença na
fazenda era o uso de cultivares resistentes é reconhecido como a pratica de manejo
mais eficiente para esta doença.
Através da visita técnica também foi visto algumas plantas daninhas da
cultura, como Trapoeraba (Commelina benghalensis), Capim-amargoso (Digitaria
insularis) e Buva (Conyza spp.)
A aplicação de adubo via foliar durante os estádios vegetativo e início do
reprodutivo nas plantas pode facilmente suprir as suas necessidades nutricionais,
fazendo com que tenham um aumento de produtividade significativo, além de
melhorar a qualidade e vigor de plantas (KOLOTA & OSINSKA, 2001). Na diagnose
foliar é importante determinar o nível crítico de cada elemento, que é definido como
a concentração do nutriente no tecido vegetal, acima do qual nenhum aumento
significativo na produção é esperado. Ao analisar os teores de nutrientes nas folhas
diagnósticos, deve-se comparar com os teores obtidos em um banco de dados,
separando-as em classes deficientes, suficientes e tóxicas (ROSSETTO, 2022).
Primeiramente antes de ser autorizado a entrada das maquinas agrícolas
para a colheita da soja, era feito uma vistoria na cultura com isso foi observado que
foi visto que 287/há está plantando de soja no estádio R5 que serio o início do
enchimento dos grãos, ou seja, são grãos com 3mm de comprimento em vagens
num 4 últimos nas hastes principais, com folha complementar desenvolvidas, já as
outras 776/ha estão no estádio R7 onde ocorre o início da maturação, ou seja, uma
vagem normal na haste principal com coloração de madura, ao completar o ciclo da
cultura, onde a cultura estava no estádio R7 foi feito a aplicação do dessecante
(herbicida). Esta técnica de dessecação possibilita antecipar a colheita da soja,
permitindo uma janela de plantio maior para a safrinha. A dessecação antecipava de
7 à 10 dias, isso variava de acordo com a quantidade de folhas verdes presente nas
plantas no momento da aplicação e do clima nos dias seguintes à aplicação. Os
produtos químicos utilizados eram o Paraquat ou Diquat.
Depois da aplicação do dessecante onde a cultura já estava no estádio R7, as
próximas visitas do agrônomo Rodrigo foram para identificar o teor de umidade do
grão. O valor ideal de umidade para início da colheita era de 14%, porém, outros
fatores eram levados em conta, como a quantidade de máquinas colhedoras
51

disponíveis, área a ser colhida, estado físico dos grãos, depois dessa analise era
feito a colheita da cultura.
52

5. Considerações finais

O estágio realizado foi de suma importância para a minha formação no curso


Técnico em Agropecuária, a partir dele foi possível conciliar e colocar em pratica o
que já tinha aprendido em sala de aula.
Realizar o acompanhamento da rotina da fazenda, conversar com os
funcionários, buscando sempre obter um conhecimento maior, experiências e
práticas que viesse me ajudar no meu estágio e na minha carreira como técnica.
53

6. Referencias

Tecnologias de Produção de Soja:


<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-
1.pdf> Acesso em: 05/10/2022
Manual de identificação de doenças da soja: <https://www.embrapa.br/en/busca-de-
publicacoes/-/publicacao/991687/manual-de-identificacao-de-doencas-de-soja>
Acesso em: 10/10/2022
Manual de identificação de pragas da soja: <https://www.embrapa.br/en/busca-de-
publicacoes/-/publicacao/991685/manual-de-identificacao-de-insetos-e-outros-
invertebrados-da-cultura-da-soja> Acesso em: 22/10/2022
Manual de identificação de plantas daninhas da soja:
<https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1019323/manual-de-
identificacao-de-plantas-daninhas-da-cultura-da-soja> Acesso em: 10/11/2022
Tecnologias de Produção de Soja:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/95489/1/SP-16-online.pdf>
Acesso em: 02/11/2022
Características da Soja:
<https://www.agrolink.com.br/culturas/soja/informacoes/caracteristicas_361509.html#
:~:text=O%20legume%20da%20soja%20%C3%A9,est%C3%A1gio%20de%20desen
volvimento%20da%20planta.> Acesso em: 28/10/2022
Identificação dos estágios fenológicos da soja:
<https://rehagro.com.br/blog/identificacao-dos-estadios-fenologicos-da-soja/>
Acesso em: 10/10/2022

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