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Pré-produção

Conteúdo atualizado em: 16/02/2022

Autor

Nair Helena Castro Arriel - Embrapa Algodão

Na parte de pré-produção, são abordados os elementos pertinentes ao cultivo do gergelim,


considerando-se os insumos, o sistema de cultivo, os principais aspectos socioeconômicos e as
características agronômicas da espécie, associadas às suas necessidades edafoclimáticas, como:
clima, solo e zoneamento agroclimático, métodos de irrigação e cultivares, além de
infraestrutura básica, como máquinas e equipamentos.

Importância socioeconômica

O gergelim apresenta ampla adaptabilidade às condições de clima quente, e possui bom nível de
resistência à seca e facilidade de cultivo. Suas sementes contêm cerca de 50% de óleo de
excelente qualidade, e sua torta contém elevado teor de vitamina B, características que o
transformam em uma excelente opção de diversificação agrícola e em um grande potencial
econômico, nos mercados nacional e internacional, com aplicações na indústria alimentícia,
para fabricação de pães, bolos, biscoitos e doces, e na oleoquímica, para fabricação de
margarinas, perfumes, lubrificantes, remédios, tintas, inseticidas, hidratantes, sabonetes, loções
de filtro solar e outros.

O cultivo de gergelim se desenvolve principalmente em sistemas de produção de pequena


escala, que utilizam mão de obra familiar, e normalmente é consorciado com milho, feijão ou
feijão macassar, servindo como fonte alternativa de renda e alimento.

A produção de gergelim no Brasil ainda é inferior à da maioria das oleaginosas cultivadas, tais
como soja, coco, dendê, amendoim, girassol e mamona. Porém, o cultivo de gergelim representa
uma excelente opção agrícola, ao alcance de pequenos e médios produtores, por exigir práticas
agrícolas simples e fáceis.

Na região Nordeste, a comercialização do gergelim é bastante pulverizada e de difícil


organização, principalmente por ser proveniente de pequenos agricultores, em cuja posse se
concentra a maior parte da produção. Nessa situação, o ideal é que os agricultores se organizem
em cooperativas e associações para fomentar o cultivo em comunidade, visando um
planejamento antecipado para uma maior eficiência e rentabilidade da exploração do gergelim.
A partir desse sistema de organização, é possível explorar a agregação de valores, seja por meio
da extração de óleo, seja pelo processamento dos grãos para uso na alimentação, pois existe um
mercado potencial em expansão para atender às indústrias oleoquímica e alimentícia.

Ao manterem-se os atuais níveis de produtividade regional, pode-se expandir a área cultivada e


abrir a possibilidade de conquistar parcela do mercado externo com o excedente de produção,
em virtude da alta cotação dessa oleaginosa no comércio internacional, garantindo ao Nordeste
e a outras regiões mais uma fonte de divisas. Em alguns países asiáticos, essa oleaginosa tem
importância econômica e social significativa.

Devido a preços compensadores, facilidade de cultivo e amplas possibilidades de bons


rendimentos constitui-se opção extremamente significativa para o semiárido nordestino, não só
por se constituir em mais uma alternativa de renda para o pequeno e médio produtor da região
mas, também, por existir no Brasil um mercado crescente nos setores de panificação e na
indústria de biscoitos e potencialidade do óleo do gergelim ser explorado de forma significante
no mercado nacional no consumo alimentar, fitoterápico e fitocosmético.

Relações com o solo

A cultura do gergelim caracteriza-se por apresentar um nível razoável de resistência às


condições de baixa umidade e fertilidade do solo, nas quais é possível obter uma produtividade
acima da média mundial (438 kg ha-1).

Cultivares

escolha correta da cultivar para um determinado ambiente é de grande importância para a


obtenção de uma boa produtividade. Entretanto, é comum os produtores de gergelim
reutilizarem suas próprias sementes para a formação da nova lavoura, prática que provoca
prejuízos, como a proliferação de doenças e a depreciação comercial dos produtos, além da
perda de produtividade e de uniformidade. As variedades de gergelim diferenciam-se em vários
atributos, como: altura, ciclo (de 70 a mais de 170 dias), coloração das sementes e tipo de
ramificação. As variedades de sementes de cor branca e/ou creme são as de maior valor
comercial, ao passo que as de cor preta têm demanda restrita, mas em ascensão no mercado
externo. A maioria das cultivares brasileiras apresentam ramificações e sementes de cor creme.

O programa de melhoramento genético do gergelim, da Embrapa Algodão, em Campina


Grande, PB, já viabilizou o desenvolvimento de cinco cultivares comerciais. As principais
características das cultivares de gergelim em distribuição no Nordeste são as seguintes:

Seridó 1: cultivar de porte alto (até 1,80 cm), ciclo tardio (130 – 140 dias), hábito de
crescimento ramificado, e semente de coloração creme e cinza, susceptível à mancha-angular e
à cercosporiose, a qual é indicada para o plantio em condições de sequeiro.
Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 1. Cultivar Seridó 1.

Cultivar CNPA G2: cultivar de porte mediano (até 1,60 m), ciclo médio (100 dias) e hábito de
crescimento ramificado. Apresenta três frutos por axila foliar e semente de coloração creme.
Possui tolerância à mancha-angular e susceptibilidade à cercosporiose. É recomendada para o
plantio de sequeiro e irrigado em todos os estados do Nordeste, devido à sua alta estabilidade
produtiva.

Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 2. Cultivar CNPA G2.

Cultivar CNPA G3: cultivar de porte médio (até 1,60 m), ciclo de 90 a 100 dias, hábito de
crescimento ramificado, e floração e maturação uniformes. Apresenta um fruto por axila e
semente de coloração creme. Possui resistência à mancha-angular e susceptibilidade à
cercosporiose e à macrophomina. É indicada para a região semiárida nordestina, onde a
mancha-angular é a principal doença da cultura.
Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 3. Cultivar CNPA G3.

Cultivar CNPA G4: cultivar de porte mediano (1,55 m), ciclo de 90 dias, hábito de crescimento
ramificado, com floração e maturação uniformes, um fruto por axila e sementes de cor creme,
com teor de óleo que varia de 48% a 50%. É tolerante à murcha-de-macrophomina, à mancha-
angular e à cercosporiose. É indicada para o cultivo na região Nordeste e no Cerrado de Goiás.

Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 4. Cultivar CNPA G4.

BRS Seda: cultivar de porte mediano, ciclo de 90 dias, com início da floração aos 30 dias após a
emergência, hábito de crescimento ramificado, haste de coloração verde, um fruto por axila, e
semente de coloração branca, com teor de óleo que varia de 50% a 52%. Apresenta potencial
para produzir até 2.500 kg ha-1, em condições ideais de cultivo. É tolerante à mancha-angular, à
cercosporiose e à murcha-de-macrophomina, e é indicada para o cultivo no Nordeste, Goiás,
Distrito Federal, Mato Grosso, São Paulo (precipitação de 400 mm a 850 mm) e Cerrado.

Foto: Nair Helena de C. Arriel

Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 1. Solo para cultivo de gergelim textura arenosa.

Características da planta

O gergelim possui uma grande diversidade de características morfológicas. Pode ser anual ou
perene; sua altura pode variar de 0,50 m a 3,00 m; seu caule é ereto, com ou sem ramificações e
com ou sem pelos; e seu sistema radicular é pivotante.
O gergelim se desenvolve bem em diversos tipos de solo, porém, a planta atinge um melhor
desenvolvimento em solos profundos, com profundidade de pelo menos 60 cm, bem drenados e
de boa fertilidade natural – francos do ponto de vista textural, desde franco-arenosos até franco-
argilosos. Os solos muito argilosos devem ser evitados, pois as plantas são extremamente
susceptíveis ao encharcamento, mesmo quando submetidas a curtos períodos de alagamento, e
em qualquer estádio do seu desenvolvimento. A planta tem preferência por solos de reação
neutra (pH próximo de 7,0), não tolera acidez elevada (pH abaixo de 5,5), nem alcalinidade
excessiva (pH acima de 8,0), e é extremamente sensível à salinidade e, especialmente, à
alcalinidade, em virtude do sódio trocável, que pode tornar-se tóxico ao metabolismo da planta,
dependendo da concentração.

Foto: Paulo de Tarso Firmino Figura 1. Alimentos produzidos à base de gergelim.

Foto: Paulo de Tarso Firmino Figura 2. Óleo de sementes de gergelim.

Manejo do solo e adubação

Manejo do Solo

O sucesso no estabelecimento do sistema de cultivo do gergelim requer um cuidadoso preparo


do solo, em virtude do pequeno tamanho de suas sementes e do lento crescimento das plântulas
nas primeiras semanas. Assim, a área de plantio deve estar bem preparada, para facilitar a
emergência das plântulas, promover o seu estabelecimento o mais rápido possível e evitar a
competição com as plantas daninhas, as quais prejudicam o desenvolvimento e o crescimento da
cultura.

Para o preparo do solo em áreas já cultivadas, não se recomenda o uso de grade aradora, pois,
com o uso contínuo desse equipamento, o solo fica sujeito ao processo de degradação.
Inicialmente, faz-se a trituração e a pré-incorporação dos restos de culturas anteriores e de
plantas daninhas, com grade leve ou niveladora. De 7 a 15 dias após a incorporação, faz-se uma
aração profunda, dependendo do tipo e da profundidade do solo, com o arado de aiveca; depois
disso, gradeia-se com grade simples.

Para solos rasos e pedregosos, deve-se usar arado de disco superficialmente, no máximo, a 10
cm de profundidade, ou usar somente uma grade de disco simples. Se o solo for profundo e sem
pedras, deve-se usar o arado de aiveca, efetuando-se, antes disso, a pré-incorporação dos
resíduos e, depois disso, o uso de grade de disco simples.

Deve-se respeitar a declividade natural do terreno, e as operações de preparo do solo devem ser
realizadas em um sentido perpendicular ao da declividade natural, evitando-se o sentido morro
abaixo, por deixar sulcos no terreno que facilitam o processo de erosão. Todas as operações
devem ser realizadas de forma a seguir curvas de níveis previamente alocadas sobre o terreno.
Em solos propensos à erosão, como é o caso de solos de cerrado, além das curvas de níveis,
devem ser feitos terraços em desnível, respeitando os parâmetros estabelecidos por um técnico

Rotação de culturas

A rotação de culturas é uma prática que, além de gerar benefícios para a produtividade,
promove a redução de pragas, tanto no gergelim, como nas demais culturas que entram no
esquema de rotação, auxilia no controle de ervas daninhas, reduz a erosão e mantém a matéria
orgânica no solo.

As culturas que normalmente são usadas em rotação com o gergelim são: algodão, milho, feijão,
soja, amendoim, mamona e sorgo. Exemplos de rotação são: feijão-gergelim, milho-gergelim e
mamona-amendoim-gergelim. No caso de rotação com uma leguminosa (soja ou amendoim),
isso permite a economia de alguns quilos de fertilizantes nitrogenados por hectare.

O sistema de cultivo consorciado é amplamente empregado por pequenos agricultores, uma vez
que estes, ao empregarem esse sistema, aproveitam ao máximo os já limitados recursos que
possuem. Além disso, esse sistema diminui o insucesso da lavoura, fornece maiores opções de
alimentos a esses agricultores e possibilita a eles uma maior eficiência do uso da terra e
conservação do solo.

O sistema de consórcio pode ser vantajoso desde que se levem em conta a configuração de
plantio, a população de plantas e a época relativa de plantio das espécies envolvidas. O gergelim
pode ser consorciado com várias culturas, dependendo da região, das condições climáticas e do
espaço físico, como, por exemplo, com: o algodão, a mamona, o milho, o sorgo, o amendoim, a
soja e variedades de Phaseolus. Além disso, existe a possibilidade de cultivar o gergelim em
consórcio com fruteiras (caju), árvores florestais ou palmeiras, com benefícios significativos
para o ecossistema.
Tratos culturais

Tratos culturais as plantas daninhas competem com a cultura principal em água, em luz e em
nutrientes. A intensidade da competição das ervas daninhas depende de vários fatores, como:
espécie, densidade, fertilidade do solo, disponibilidade de água e hábito de crescimento da
cultura em cultivo.

O gergelim é uma planta de crescimento inicial bastante lento, e os primeiros 45 dias depois da
emergência das plântulas são críticos para essa cultura, que deve ser mantida livre de plantas
daninhas nesse período. O preparo adequado do solo pode funcionar como um excelente método
de controle da vegetação daninha. Devem ser feitas de 2 a 3 capinas durante o ciclo da planta,
com enxada ou com cultivador.

Foto: Joffre Kouri Figura 1. Germinação da cultivar BRS Seda.

Controle químico de plantas daninhas Para o uso de herbicidas, devem-se levar em conta vários
fatores, tais como a composição textural do solo e o teor de matéria orgânica. Solos com baixo
teor de argila (menor que 15%) e com baixo teor de matéria orgânica (menos que 2%) devem
receber doses menores que os solos com elevado teor de argila (acima de 35%) e com elevado
teor de matéria orgânica (acima de 4%). É importante, também, conhecer os tipos de ervas
predominantes.

Herbicidas (diuron, pendimenthalin e alachlor) testados no gergelim são, em sua maioria, pré-
emergentes. O produtor deve preparar a área, plantar em solo úmido e, em seguida, aplicar o
herbicida. Os herbicidas Diuron e Pendimenthalin foram testados em pré-emergência, em solo
bruno-não-cálcico, de textura franco-arenosa; nessas condições, as dosagens de 0,50 kg (diuron)
+ 0,75 kg (pendimenthalin) do ingrediente ativo por hectare foram suficientes para um bom
nível de controle das plantas daninhas. Em solo do tipo Vertissol (solos de várzeas, com textura
argilosa, racham em períodos secos e são extremamente pegajosos quando molhados), de
textura argilosa, além dos herbicidas citados acima, usou-se o Alachlor. As seguintes dosagens
foram suficientes para um excelente nível de controle de plantas daninhas: 0,75 kg (diuron) +
1,25 kg (pendimenthalin) e 0,75 kg (diuron) + 1,44 kg (alachlor) do ingrediente ativo por
hectare. Nessas condições, o custo do controle químico foi, em média, 73% inferior ao custo da
capina manual, com enxada.
Formicida os prejuízos causados pelas formigas cortadeiras no gergelim são consideráveis, pois
cortam as folhas e ramos tenros, podendo destruir completamente as plantas na sua fase
inicialde desenvolvimento. O controle químico feito com iscas tóxicas granuladas é bastante
utilizado, mas deve ser evitado em dias chuvosos e solos úmidos. As iscas devem ser
distribuídas em porções ou dentro de porta-iscas, ao lado dos carreiros ativos. Alguns tipos de
formicidas encontrados no mercado: Isca Formicida ATTA-MEX, Isca Formicida Mirim, Isca
Mirenex, Formilin, Formirex, Formicida Birlane, etc.

Inseticida é necessário efetuar inspeções periódicas na área para identificar a presença de


pragas, pois uma vez fora de controle, dificilmente algum método, mesmo o químico, trará
resultados satisfatórios no seu combate. Na Tabela 1, encontram-se listados alguns produtos
químicos sugeridos para o controle das principais pragas do gergelim.

Plantio

O sistema de plantio do gergelim pode ser manual ou mecanizado, dependendo do tamanho da


área e do nível tecnológico da lavoura. A quantidade de sementes por hectare pode variar de 1,5
kg a 3,5 kg, de acordo com o espaçamento e a densidade de plantio.

Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 1. Espaçamento após desbaste.

A semeadura deve ser feita em sulcos rasos contínuos ou em covas rasas, à profundidade de 2
cm. Pode ser manual (com a ponta dos dedos), distribuindo-se em torno de 30 sementes/m, ou
com semeadora manual, feita com uma lata de 1 L ou similar, acoplada a uma haste de madeira,
com um furo no fundo, ajustado para liberar de 6 a 10 sementes por cova, de modo a gastar, em
média, 3 kg de sementes por hectar

Foto: Tarcísio Marcos de Sousa Gondim Figura 2. Semeadura realizada com a semeadora
manual para o plantio em covas.
Existe, também, uma semeadora simples para o plantio em sulcos, que foi desenvolvida por
produtores e oferece maior agilidade e precisão na distribuição das sementes. Ela é baseada em
equipamentos adaptados, que dispõem de mecanismos para abrir o sulco, distribuir as sementes
e fazer o aterramento. Nesse sistema, gastam-se, em média, 2 kg de sementes por hectare.

Foto: Nair Helena de Castro Arriel Figura 3. Semeadora simples para plantio de gergelim em
covas.

Para determinar a época de semeadura, deve-se levar em conta o ciclo da cultivar e do período
chuvoso da região, a fim de que a fase de colheita/secagem ocorra na estação seca. A incidência
de chuvas sobre as cápsulas abertas promove o enegrecimento das sementes.

Nos estados do Nordeste, recomenda-se o plantio após a definição da estação chuvosa, quando
ocorrem precipitações de pelo menos 40 mm a 50 mm, que possibilitam o preparo do solo e o
estabelecimento inicial das plântulas. Nas demais regiões do Brasil, especialmente no Centro-
Oeste e no Sudeste, onde o período chuvoso é bem definido, o gergelim pode ser usado como
primeira ou como segunda cultura, conforme o interesse do produtor.

Para que a semeadura mecanizada seja feita, podem-se usar máquinas de plantio destinadas a
sementes pequenas, como a cenoura, ou pode-se adaptar o disco cego, que normalmente vem
com as máquinas, fazendo-se 8 furos de 3/16 polegadas e calibrando-se a saída de 4 a 8
sementes.

Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 4. Plantio mecanizado.


Foto: Tarcísio Marcos de S. Gondim Figura 5. Plantio de sementes de gergelim em uma
plantadeira adaptada.

No plantio de cultivares ramificadas, recomenda-se um espaçamento de 0,80 m a 1,0 m entre as


fileiras e de 0,20 m entre as plantas. Para cultivares não ramificadas, recomenda-se usar um
espaçamento de 0,60 m a 0,70 m entre as fileiras, com 0,10 m entre as plantas. Para ser feita a
configuração de plantio em fileiras duplas, recomenda-se o espaçamento de 1,70 m entre as
fileiras duplas, de 0,30 m dentro da fileira e de 0,10 m entre as plantas.

Como o gergelim apresenta uma semente muito pequena e leve, normalmente se gastam mais
sementes que o necessário. Para que a população de plantas satisfaça as recomendações de
espaçamento e de densidade de plantio, que gira em torno de 100 mil plantas/ha, é necessário
fazer o raleamento ou desbaste, deixando as plantas mais vigorosas e retirando as excedentes. O
desbaste deve ser realizado em solo úmido e em duas etapas: inicialmente, quando as plantas
estiverem com 4 folhas, deixam-se 20 plantas por metro, e, quando as plantas alcançarem cerca
de 12 cm a 15 cm de altura, deixam-se 2 plantas por cova ou de 8 a 10 plantas por metro linear.
Para as cultivares não ramificadas, deixam-se de 12 a 15 plantas por metro linear.

Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 6. Operação de desbaste de plantas de gergelim.

lantação de gergelim: conheça as características, principais pragas e doenças da cultura, quais


são as condições para o plantio e muito mais

O gergelim é uma das principais oleaginosas do mundo. Ele foi introduzido no Brasil durante a
colonização portuguesa. Trata-se de uma cultura de fácil cultivo, que apresenta resistência à
seca.

Nos últimos anos, as áreas destinadas ao plantio dessa oleaginosa têm crescido
expressivamente. No Brasil, onde mais há plantação de gergelim é no estado do Mato Grosso.

Para cultivá-lo, é necessário saber as características da cultura e as condições ideais para


garantir boa produtividade. Além disso, é interessante saber as vantagens de se plantar gergelim.

Neste artigo, veja esses detalhes e conheça as principais pragas, doenças e plantas daninhas da
plantação de gergelim. Aproveite a leitura!

Índice do Conteúdo [Mostrar]


Características da planta do gergelim

O gergelim ou sésamo (Sesamum indicum) é uma espécie oleaginosa da família Pedaliaceae. O


ciclo dessa planta varia entre 90 e 130 dias.

O caule é ereto e tem entre 0,5 e 3,0 metros de altura. O caule pode ou não apresentar
ramificações, e o sistema radicular do gergelim é pivotante. As raízes secundárias alcançam
grandes profundidades, o que permite o aproveitamento da água armazenada no subsolo.

As folhas do gergelim são alternadas e opostas. Numa mesma planta, é possível encontrá-las em
diferentes formatos. Nas plantas adultas, as folhas localizadas na parte inferior são mais largas e
têm as bordas irregularmente dentadas.

As folhas da porção superior da planta são menores e têm formato lanceolado. As flores do
gergelim estão localizadas nas axilas das folhas. Pode haver entre 1 e 3 flores por axila foliar,
com cor branca ou rosada. Cada flor dá origem a um fruto com cerca de 50 sementes.

plantação de gergelim

Gergelim (Sesamum indicum)

(Fonte: Institute of Food and Agricultural Sciences – University of Florida)

O fruto do gergelim é uma cápsula de formato alongado, com entre 2 e 8 centímetros de


comprimento. Dependendo da variedade, o fruto pode se abrir de maneira espontânea quando as
sementes estiverem maduras, ou pode não se abrir ao atingir a maturação.

Vale ressaltar que o grau de frutos do gergelim que se abrem espontaneamente está relacionado
à colheita mecanizada.

plantação de gergelim

Frutos do gergelim (Sesamum indicum)

(Fonte: Institute of Food and Agricultural Sciences – University of Florida)

As sementes de gergelim são ricas em lipídeos e proteínas. Em média, elas contém 50% de óleo
de elevada qualidade nutricional. As sementes são bem pequenas, têm formato ovalado e são
levemente achatadas. Dependendo da cultivar, elas podem ser pretas, amarelas ou brancas.
O peso médio de mil sementes varia entre 2 e 4 gramas. Essa variação de peso ocorre em função
das características da cultivar e do ambiente em que as plantas se desenvolveram.

Principais pragas e doenças no cultivo de gergelim

A cultura do gergelim é suscetível ao ataque de várias pragas e doenças. É importante destacar


que a incidência severa de fatores bióticos reflete negativamente no desenvolvimento das
plantas e na produtividade final. Isso torna o manejo integrado de pragas necessário.

As principais pragas que atacam a plantação de gergelim são:

lagarta-enroladeira (Antigastra catalaunalis);

formiga saúva (Atta spp.);

cigarrinha-verde (Empoasca sp.);

mosca-branca (Bemisia tabaci);

pulgão (Aphis sp.).

As principais doenças dessa oleaginosa são:

mancha-de-cercospora (Cercospora sesami);

mancha-angular (Cylindrosporium sesami);

podridão-negra-do-caule (Macrophomina phaseolina);

murcha-de-fusário (Fusarium oxysporum).

mancha-de-alternária (Alternaria sesami);

podridão-do-colo (Sclerotium rolfsii);

mancha-bacteriana (Xanthomonas campestris);

filoidia (Phytoplasma asteris);

virose (Bean common mosaic virus – BCMV).

Interferência das plantas daninhas na cultura do gergelim

As plantas de gergelim apresentam crescimento inicial bastante lento. Esse fato faz com que a
fase inicial de desenvolvimento dessa oleaginosa seja sensível à presença de espécies invasoras.
As plantas daninhas competem com a cultura do gergelim por água, luz, espaço e nutrientes.
Assim, o manejo das espécies invasoras deve ser realizado com muito rigor nos primeiros 45
dias após a emergência das plântulas da plantação de gergelim.

Além disso, o manejo integrado das doenças e das pragas está diretamente relacionado ao
controle das plantas daninhas. Afinal, elas podem ser hospedeiras de diferentes pragas e
patógenos.

Como plantar gergelim?

O gergelim é uma cultura que pode ser explorada em sistemas solteiros ou consorciados, de
sequeiro ou irrigado. A época da semeadura dessa oleaginosa é determinada com base no ciclo
da cultivar e com o período de chuvas onde a lavoura será instalada.

Preparo do solo e adubação

O preparo de solo é realizado com operações de aração e gradagem. Como as sementes do


gergelim são pequenas e leves e a velocidade de crescimento inicial é lenta, é muito importante
que o solo esteja bem preparado.

Isso garante boas condições para a germinação e para o estabelecimento da lavoura. Para o
plantio do gergelim, as recomendações de calagem e adubação devem ser sempre orientadas
pela análise físico-química de solo.

Vale lembrar que o gergelim extrai muito nitrogênio, fósforo e potássio do solo. Ainda, essa
espécie pode ser cultivada de forma manual ou mecanizada.

Recomendações de semeadura na plantação de gergelim

Na semeadura realizada manualmente, a indicação é distribuir de 25 a 30 sementes por metro


linear, em sulcos ou covas. O consumo de sementes por hectare pode variar de 1,5 kg a 3,5 kg,
dependendo do espaçamento entre plantas e entre linhas adotado.

Para o plantio de cultivares de gergelim ramificadas, a recomendação de espaçamento varia de


80 cm a 100 cm entre fileiras, e 20 centímetros entre plantas.
Já para cultivares não ramificadas, o espaçamento é de 60 cm a 70 cm entre filas, e 10
centímetros entre plantas.

Densidade do plantio das cultivares de gergelim

É importante que as sementes de gergelim sejam plantadas a uma profundidade de 1 cm a 2 cm.


A densidade de plantio indicada para a plantação de gergelim é de 100 mil plantas/hectare. Para
isso, é preciso realizar dois desbastes, eliminando as plantas menos vigorosas.

O primeiro desbaste é feito quando as plantas apresentarem quatro folhas. Nesse caso, são
conduzidas 20 plantas/metro.

Já o segundo desbaste é realizado quando as plantas estiverem com aproximadamente 15


centímetros de altura. Aqui, o ideal é que se conduza de 8 a 10 plantas/metro.

Solo e clima adequados para o plantio de gergelim

O gergelim se desenvolve bem em solos de textura média e férteis. Outras características


desejáveis são boa drenagem do solo e boa profundidade.

Essa planta também tem preferência por solos com boa capacidade de retenção de água e pH
próximo da neutralidade, em torno de 7%. Além do mais, o gergelim não tolera encharcamento,
compactação do solo e salinidade.

De modo geral, condições de clima quente e seco favorecem o desenvolvimento dessa espécie.
As temperaturas ideais para o desenvolvimento do gergelim situam-se entre 25°C e 30°C.

A plantação de gergelim é pouco exigente em água. Porém, é importante que as chuvas sejam
bem distribuídas ao longo do ciclo da cultura. O plantio dessa oleaginosa é recomendado em
áreas com precipitação média anual variando entre 400 mm e 650 mm.

Durante o ciclo da cultura, 80% do total de chuva deve ocorrer até a fase do florescimento e, no
máximo, 20% durante a maturação dos frutos.
Chuvas em excesso e por longos períodos são prejudiciais para o crescimento das plantas de
gergelim, além de favorecer o aparecimento de doenças fúngicas. Chuvas intensas podem
provocar ainda o acamamento das plantas e queda das flores.

Foto: Nair Helena de C. Arriel Figura 1. Consórcio Gergelim Milho.

Foto: Joffre Kouri Figura 2. Consórcio Gergelim Algodão.

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