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Lula, o 9 de julho e a contrarrevolução

De fato, o que houve em 32 foi uma rebelião oligárquica contra a industrialização e o


avanço das conquistas trabalhistas promovidas por Getúlio Vargas

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Beto Almeida

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Lula-o-9-de-julho-e-a-contrarrevolucao/4/31324

É reconhecida a criatividade de Lula de fazer caracterizações políticas que alargam o imaginário popular
para a compreensão política, além de promover importantes quebras de paradigmas na  ardilosa
conceituação conservadora sobre eventos históricos, quando estes são falsificados de modo grosseiro,
invertendo seu real sentido histórico.

Lula surpreende positivamente ao declarar que o que o houve em 32, quando a oligarquia paulista se lançou
em armas  contra a Getúlio Vargas, foi uma contrarrevolução, nada a ver com uma revolução como querem
os conservadores.
De fato,  foi uma rebelião oligárquica  contra a industrialização e o avanço das conquistas trabalhistas. Lula
questiona, com uma frase, o que  toneladas de teses acadêmicas não lograram, fulminando o batismo 
daquele levante conservador de “revolução”, tal como se tentou crivar o golpe ditatorial de 64, como se
revolução fosse.
 
Em 32, o conservadorismo apelidou de "Revolução" um movimento armado feito para defender os
privilégios da oligarquia cafeeira, em conexão submissa aos banqueiros de Londres. Por isso é feriado
estadual em São Paulo, cuja capital é , provavelmente,  a única a não possuir uma Avenida Getúlio Vargas,
como nas demais, em homenagem ao presidente que mais avanços econômicos e sociais promoveu no
Brasil. 

Contrariando a ideia de um ”Brasil cordial”, em 32 houve  guerra civil. A desinformação conservadora, até
hoje predominante, sonegou aos brasileiros o direito de saber  que a classe operária paulista, solidária com
Vargas, contribuiu com a sua vitória “abastecendo” as forças militares da direita paulista com granadas e
balas contendo  apenas  areia.  Lembremos:  em 9 de julho de 32, Vargas já havia convocado as eleições
para o ano seguinte, para as quais foram instituídos o voto secreto e o direito das mulheres de votarem e de
serem votadas,  direito que a França só alcançou em 1945. Em 32, Vargas já havia iniciado a auditoria da
dívida externa brasileira, reduzida à metade.

Nesta guerra civil, em defesa da legalidade, estavam JK,  o Gonzagão, o Rei do Baião e um jovem
estudante de direito mineiro, mais tarde  presidente do Brasil:  Tancredo Neves, que em agosto de 54,
Ministro da Justiça,  propôs a Vargas a resistência armada ao golpe da UDN. Ainda hoje, o embate
ideológico de 1932 divide a política brasileira.
 
De um lado os defensores dos ideais da Revolução de 30, com seu programa de industrialização,
desoligarquização do Brasil, expansão dos direitos trabalhistas, política externa baseada na integração
latino-americana e independente dos  ditames imperiais. De outro, os ainda  defensores dos ideais do
Movimento de 32, críticos do protagonismo do estado nas políticas públicas,  hoje alinhados com  FHC ,
proclamador da necessidade de “acabar com a Era Vargas”. Por isso a importância de debater criticamente
esta data,  em sintonia com a sinalização feita por Lula.

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