INTERVENÇÃO À

ANTIGA PENSÃO PORTELA

_LOCALIZAÇÃO_

PENSÃO PORTELA

Figura 04. Mapa de Setorização do Centro Histórico de Oeiras .Fonte: IPHAN-PI, 2008

Figura 01. Fonte: http://g1.globo.com/pi/piaui/
O imóvel em questão fica localizado na cidade de Oeiras, estado do
Piauí. A cidade se distancia , ao sul, 300km de Teresina, a capital do
estado. Trata-se de uma cidade histórica no sertão do Piauí.
_HISTÓRICO DO MUNICÍPIO_
_A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO_
Por ser uma cidade histórica e tombada, Oeiras possui uma legislação própria no que diz respeito às intervenções arquitetônicas na cidade, sendo
essa fiscalizada e tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Optou-se por trabalhar com a Pensão Portela nos seguintes termos: Intervenção arquitetônica no terreno em que se encontram as ruínas do bem,
preservando-as e inserindo uma atividade diferente da original, a fim de manter a integridade das ruínas e ao mesmo tempo permitir que estas
tornem-se aptas para visitação. Levando em consideração que na frente de onde hoje encontram-se ruínas da Pensão Portela, existe um terreno
vazio, também propõe-se uma intervenção, dentro das diretrizes técnicas do IPHAN, uma nova construção que teria o uso de Hotel, a fim de com-
pensar a edificação que foi subtraída. É importante colocar, que esta não seria uma cópia da já existiu, mas sim uma construção feita com carac-
terísticas e materiais do seu próprio tempo.

_HISTÓRICO FOTOGRÁFICO DO BEM_

Figura 02. Fonte: http://g1.globo.com/pi/piaui/

2009 2012 2013 2018 2020
Encravada no sertão central do atual estado do Piauí, a cidade de Figura 05. Colagem de autoria própria, com fotografias de acervo pessoal e do IPHAN PI
Oeiras foi importante no processo de dominação e ocupação do inte-
rior do Brasil pelos conquistadores portugueses, sobretudo o ban- Segundo o Historiador e Escritor oeirense Júnior Vianna, a Pensão Portela foi construída no século XIX, abrigou a Escola Professor Rafael de
deirante Domingos Afonso Mafrense. Com a instalação da Freguesia Farias. Como umas das importantes edificações da cidade, abrigando na década de 1940 reuniões de intelectuais num movimento para a perma-
de Cabrobó, surge uma povoação a partir de algumas fazendas insta- nência do nome Oeiras na cidade, ainda segundo Júnior Vianna a Pensão hospedou o presidenciável Adhemar de Barros durante a campanha
ladas por Mafrense, uma dessas povoações denominada de Mocha, eleitoral de 1955. Funcionou como pensão entre os anos de 1932 e 1964, logo depois passou a residência até 2010, posteriormente passou por
cuja a capela estava vinculada a Freguesia de Cabrobó, porém em um processo de abandono, sofrendo sucessivos desmoronamentos durante os períodos chuvosos. Atualmente encontra-se num processo de liti-
1696 a povoação é elevada ao nível de freguesia com Nossa Senhora gioso envolvendo os membros da família Portela.
da Vitória como padroeira, em 1712 foi elevada à condição de vila.
A criação da Capitania de São José do Piauí, em 1758 através de
Carta Régia, a vila da Mocha foi designada como a sede do governo.
Somente em 1761 recebe os termos de cidade e passar a se chamar
Oeiras, em homenagem à terra natal do Primeiro Ministro português,
o Marquês de Pombal. A condição de capital da Capitania e depois
da Província do Piauí se deu até 1852, quando o Presidente da pro-
víncia José Saraiva transferiu a sede da para a Chapada do Corisco,
Teresina atualmente.
Por conta de seu passado pioneiro no processo de povoamento do
interior do Brasil, a cidade de Oeiras na década de 1940 a cidade
obteve o tombamento a nível nacional da Igreja Matriz de Nossa Se-
nhora das Vitórias, Palácio Episcopal e a Ponte Grande.
No ano de 2012 foi realizado o tombamento do conjunto urbano e Figura 06. Plantas Baixas do imóvel de 2012 e 2017.Fonte: IPHAN-PI
paisagístico de Oeiras, sendo 368 imóveis na área tombada e 733
imóveis na área de entorno.
_CRITÉRIOS DE INTERVENÇÃO CONFORME NORMATIVA DO IPHAN_
_A PENSÃO PORTELA_

Figura 03. Fonte: https://www.mppi.mp.br

Nesse contexto destacam-se s ruínas de um casarão localizado na

esquina das ruas Cônego João e Getúlio Vargas, portanto dentro da GRUPO:
área tombada, a edificação em destaque, pertencente à família Por- ANTÔNIO AUGUSTO TEIXEIRA Pós Graduação Lato Sensu em Patrimônio e Cidade
tela, foi usada como escola, residência e pensão, sendo mais co-
nhecida por este último uso. CAMILA FERREIRA DISCIPLINA: INSTRUMENTOS DE SALVAGUARDA 01/02
RAIMUNDO SILVA (NOVINHO) PROF.: ELANE COUTINHO
 INTERVENÇÃO À
ANTIGA PENSÃO PORTELA
_A CONCEPÇÃO ARQUITETÔNICA_
Figura 07. Proposta de intervenção.Fonte: Autoria do grupo
_DECISÕES ARQUITETÔNICAS E SUAS JUSTIFICATIVAS_
1. CONSOLIDAÇÃO DAS RUÍNAS:
Tendo em vista o atual estado de conservação da Pensão Portela, fica
claro, através das fotografias expostas, que devemos tratar o bem como
ruína. Já que no decorrer do tempo sua estrutura foi sendo desgastada
e hoje podemos contar apenas com algumas paredes, estas que
também estão subtraídas de sua totalidade. Para que as ruínas existen-
tes não sejam causadoras de desabamentos, propomos a conservação
das mesmas e para isso sua consolidação, que no nosso Estudo Preli-
minar, são estruturadas com tirantes metálicos.
Para justificar essa atitude recorremos ao teórico do restauro Jhon
Ruskin. Para Ruskin, a verdade das edificações em estado de ruínas,
estaria justamente na sua pátina e no envelhecimento explicito, e qual-
quer tipo de intervenção arquitetônica sobre elas poderia impedir que
a edificação demonstrasse sua realidade. Obedecendo essas premis-
sas, propomos uma intervenção física, a fim de estabilizar as paredes
restantes da Pensão Portela.
4. REAPROVEITAMENTO DE MATERIAIS E/OU UTENSÍLIOS EXISTEN-
TES:
Apesar de não termos realizado uma prospecção a fundo no terreno
onde encontram-se as ruínas, acreditamos que lá existam materiais
(como telhas, tijolos, utensílios, madeiramento) que não deva ser des-
cartado, podendo ser reutilizados tanto como material expositivo, ou
na reconstrução da nova pousada proposta. Par embasar essa nossa
escola, recorremos ao caso do arqueólogo e arquiteto Giacomo Boni,
que foi pioneiro em atividades de restauro arqueológico voltado para
arquitetura. Um de seus trabalhos notáveis diz respeito ao campanário
da Praça de São Marcos, que desmoronou por completo em 1902 e
Boni buscou fazer um processo de recolha e identificação do material
nos escombros a fim de catalogar o que merecesse ser conservado ou
reutilizado.
GRUPO:
ANTÔNIO AUGUSTO TEIXEIRA
CAMILA FERREIRA
RAIMUNDO SILVA (NOVINHO)
2. LIMPEZA DO TERRENO:
Para que seja possível intervir no terreno, é necessária a
remoção dos escombros existentes e da vegetação, essa
limpeza permitirá ver com clareza a real situação das
ruínas existentes. Como justificativa para tal atitude re-
corremos ao Alois Riegl, 1990, que diz que: “ conserva-
ção eterna não é possível, porque as forças da natureza,
em última instância, são mais fortes do que toda a inteli-
gência humana “.
5. CONSTRUÇÃO DA NOVA POUSADA NO TERRENO A
FRENTE:
Oeiras por ser uma cidade com tradição religiosa,
recebe durante a Semana Santa uma quantidade consi-
derável de visitantes, conforme relatos enquanto estive-
mos na cidade os equipamentos de hotelaria da cidade
encontram-se muitas vezes saturados. A fim de propor
algo que possa servir à essa necessidade, viu-se a pos-
sibilidade de construir no terreno em frente à Antiga
Pensão Portela, um hotel, nos moldes das diretrizes téc-
Pós Graduação Lato Sensu em Patrimônio e Cidade
DISCIPLINA: INSTRUMENTOS DE SALVAGUARDA
PROF.: ELANE COUTINHO
3.INTERVENÇÃO ARQUITETÔNICA NO BEM:
A intervenção arquitetônica surge da necessidade de utilizar o terreno da
Pensão Portela de forma que comungue com os interesses e necessidades
da cidade de Oeiras. Para isso, propõe-se ao fundo das ruínas a criação de
um Café/Bar.
Conforme a recomendação da Carta de Veneza de 1964, a respeito de inter-
venções para novos usos temos: “O programa atual da edificação deve ade-
quar-se à sua estrutura sem alterá-la substancialmente, com uso de técnicas
modernas que devem ser reconhecíveis.”; assim, surge a criação do anexo
que por sua vez tem como finalidade promover o reconhecimento e atrativi-
dade para com as ruínas, sem modificar a disposição das mesmas.
Ainda conforme o mesmo texto da Carta de Veneza, temos o: “Art.13 - Não é
permitida a realização de acrescentos que não respeitem todas as partes im-
portantes do edifício, o equilíbrio da sua composição e a sua relação com o
ambiente circundante. “Pensando nisso, optou-se por um anexo que dialo:-
gue sua volumetria, tectônica e cores com as ruínas.
PARTIDO + CONCEITO: CONSERVAÇÃO DAS RUÍNAS
02/02