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11.

º ano: síntese dos conteúdos de Educação Literária


Padre António Vieira, “Sermão de Santo António aos Peixes”: contextualização histórico-literária

1. O que significa a expressão “oratória barroca”?


A oratória é a arte de falar em público, também designada eloquência. O barroco é um período cultural
que abrange o século XVII, em Portugal, e que se caracteriza, em literatura, pela exuberância formal.
Quando utilizamos a expressão “oratória barroca”, estamos, geralmente, a referir o conjunto de sermões
(sermonário ou parenética) de Padre António Vieira, que foi o nosso mais eminente orador daquele
período.

2. Em que século viveu o Padre António Vieira?


Padre António Vieira foi um padre missionário da Companhia de Jesus que viveu no século XVII.

3. Quem é o Padre António Vieira?


Padre António Vieira é uma figura multifacetada que desempenhou, ao longo da sua vida, vários cargos:
professor, sacerdote, pregador régio, político, diplomata, missionário, defensor dos direitos dos índios,
dos cristãos-novos.

4. Em que contexto Vieira faz sermões?


Vieira é sacerdote e as suas capacidades de orador brilhante desenvolvem-se no contexto eclesiástico. A
fama dos seus sermões espalhou-se rapidamente em Lisboa e as pessoas com antecedência “lançavam
tapete” na Capela Real para marcarem lugar para o poderem ouvir.

5. Onde foi pregado o “Sermão de Santo António aos Peixes”?


O “Sermão de Santo António aos Peixes” foi pregado em S. Luís do Maranhão, Brasil, em 1654. Três
dias depois, Vieira será obrigado a embarcar para Lisboa em busca de apoio para a sua missão no
Maranhão, pois a sua pregação foi mal recebida no Brasil.

6. Há mais sermões com o mesmo título?


Vieira escreveu muitos sermões com o título “Sermão de Santo António”. Optamos por designar o sermão
que estudaste como “Sermão de Santo António aos Peixes” para o distinguir dos restantes.
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Objetivos da eloquência (docere, delectare, movere); intenção persuasiva e exemplaridade

1. Quais são os objetivos da eloquência?


Os objetivos da eloquência são designados comummente por três verbos latinos: docere, delectare e
movere que, neste contexto, significam: ensinar, deleitar e persuadir.

2. De que modo se relacionam os objetivos da eloquência com o sermão estudado?


Com este sermão, o orador pretende ensinar ao auditório o caminho da virtude, cativá-lo, através da
utilização expressiva de vários recursos, e influenciá-lo a mudar o rumo das suas ações.

3. Como se concretiza a intenção persuasiva e a exemplaridade no “Sermão de Santo António aos


Peixes”?
Para persuadir o auditório, o orador recorre a várias estratégias argumentativas: a enumeração de vários
argumentos de diferentes categorias, a referência a exemplos concretos, a utilização de vários recursos
expressivos diversificados, com especial ênfase para a alegoria dos peixes. Entre os mais relevantes

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podemos referir os argumentos de autoridade retirados da Bíblia escritos em latim e o recurso à vida
exemplar dos Santos da Igreja.

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Crítica social e alegoria

1. Quem pretende o orador atingir com a sua crítica?

Todos os que têm comportamentos eticamente condenáveis são alvo da crítica de Vieira. No caso
concreto deste sermão, o orador critica quase explicitamente o comportamento de abuso dos colonos em
relação aos indígenas.

2. Em que medida o recurso à alegoria é eficaz na estratégia argumentativa?


O recurso à alegoria é um dos aspetos mais originais deste sermão. A alegoria é dupla, uma vez que o
orador assume o papel do santo seu homónimo (cf. Santo António e Padre António Vieira) e, para além
deste aspeto, torna os peixes, agrupados segundo características humanas, os seus únicos interlocutores.
Este facto condiciona quer a argumentação quer a exemplificação de todo o sermão e contribui para o
efeito de deleite que se pretende causar no auditório.

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Linguagem, estilo e estrutura: visão global do sermão e estrutura argumentativa

1. Qual é a estrutura do “Sermão de Santo António aos Peixes”?


Este sermão está estruturado em seis capítulos. O capítulo I constitui o exórdio, os capítulos II e IV a
exposição, os capítulos III e V a confirmação e o capítulo VI a peroração. Assim, o sermão em Vieira
corresponde ao plano clássico com exórdio, desenvolvimento (com argumentação, demonstração,
confirmação) e peroração ou conclusão.

2. O que é o conceito predicável?


O conceito predicável é uma frase latina retirada da Bíblia que constitui o tema que serve de fio condutor
a todo o sermão.

3. Em que consiste a argumentação?


A argumentação consiste na organização estratégica de um conjunto de razões com o intuito de convencer
e persuadir.

4. Que tipo de argumentos conheces?


Existem vários tipos de argumentos: de autoridade, de quantidade, de qualidade, universais, proverbiais,
por analogia, de experiência, históricos,…

5. A que se destina a explicitação de argumentos e exemplos?


Os argumentos destinam-se a apoiar ou refutar a tese inicial e os exemplos sustentam a argumentação.

6. Por que razão dizemos que o sermão apresenta uma estrutura argumentativa?
O sermão é um género textual que apresenta uma estrutura específica e constitui um dos géneros maiores
da literatura barroca. O sermão, pelas suas marcas específicas, é um texto que apresenta uma estrutura
argumentativa. Assim, os argumentos, ou seja, um conjunto de razões que sustentam um ponto de vista,
são uma peça fundamental neste género de texto. Os argumentos devem ser desenvolvidos, de modo a

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verificar-se a sua validade, e devem ser confirmados por provas. A ornamentação do discurso permite a
amplificação dos argumentos.

7. O sermão apresenta marcas de género comuns a outros textos?


O sermão apresenta marcas de género comuns ao artigo de opinião, ao texto de opinião e ao debate, pois
todos estes géneros textuais recorrem à argumentação.

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O discurso figurativo: a alegoria, a comparação, a metáfora.

1. Qual é a importância do discurso figurativo no sermão analisado?


A alegoria e a metáfora têm um lugar de destaque na argumentação. A alegoria é um recurso expressivo
que consiste na expressão de uma ideia ou conceito através de uma representação figurativa, convocando-
se assim o plano literal e figurado. A eloquência não dispensa também a ironia e a sátira, poderosos
instrumentos de persuasão em todas as épocas.

2. Por que razão recorrerá o orador a tantos recursos expressivos, na elaboração do sermão?
Os recursos expressivos são um dos meios utilizados pelo orador para, por um lado, desenvolver os
argumentos expostos e, por outro, deleitar a audiência e captar a sua atenção, condição essencial à
persuasão e correção de comportamentos.

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Outros recursos expressivos: a anáfora, a antítese, a apóstrofe, a enumeração e a gradação

1. Qual é recurso expressivo presente quando duas frases são iniciadas pela mesma expressão?
O recurso expressivo presente quando duas frases são iniciadas pela mesma expressão designa-se anáfora.

2. Qual é o recurso expressivo utilizado quando está presente uma oposição semântica?
O recurso expressivo utilizado quando está presente uma oposição semântica designa-se antítese.

3. Quando o orador interpela um destinatário real ou fictício, a que recurso expressivo recorre?
O sujeito recorre a uma apóstrofe quando interpela um destinatário real ou fictício.

4. Em que consiste uma enumeração?


A enumeração é um recurso expressivo que consiste na designação sucessiva de elementos que mantêm
uma correlação lógica ou semântica.

5. Em que consiste uma gradação?


A gradação é um recurso expressivo em que um grupo de palavras, pela sua intensidade semântica,
amplifica ou diminui o significado de um elemento textual, assumindo uma direção ascendente
(progressiva) ou descendente (regressiva).

6. Qual é o recurso expressivo utilizado na frase: “Este é, peixes, em comum o natural, que em todos vós
louvo, e a felicidade, de que vou dou o parabém e não sem inveja.”?
Nesta frase, é utilizada uma apóstrofe.

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Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa: contextualização histórico-literária

1. Em que período histórico-literário se integra este texto dramático?


Esta obra integra-se no romantismo.

2. Qual é o século de implantação do romantismo em Portugal?


Em Portugal, o século XIX é o século romântico por excelência.

3. Qual é a situação política, em Portugal, no início do século XIX?


Em Portugal, no século XIX, vive-se um conflito entre absolutismo e liberalismo.

4. Que características específicas apresenta o romantismo na literatura?


O romantismo foi, ao mesmo tempo, um movimento de rutura com o classicismo e de inovação para a
arte. Na literatura, os escritores românticos valorizam o indivíduo e as suas emoções e redescobrem as
raízes culturais e históricas, assumindo-se como defensores de uma literatura nacional.

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A dimensão patriótica e a sua expressão simbólica; o Sebastianismo: História e ficção

1. Que época histórica de Portugal retoma a peça Frei Luís de Sousa?


Frei Luís de Sousa integra a ação no início do século XVII (1599), vinte e um anos após a Batalha de
Alcácer-Quibir (4 de agosto 1578) e o consequente desaparecimento do rei D. Sebastião.

2. Em que medida o Sebastianismo está presente nesta obra?


Ao longo da peça, o Sebastianismo está presente em múltiplos aspetos: nos receios de D. Madalena, nas
esperanças patrióticas de Maria, nos desejos mais profundos de Telmo e no confronto entre Manuel de
Sousa Coutinho e os governadores espanhóis.

3. Em que medida se cruzam na obra História e ficção?


Nesta obra, estão presentes algumas figuras históricas, no entanto o seu desempenho é essencialmente
ficcionado. No texto dirigido ao Conservatório Real, Garrett assinala: “Eu sacrifico às musas de Homero
não às de Heródoto: e quem sabe, por fim, em qual dos dois altares arde o fogo de melhor verdade!”

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Recorte das personagens principais, a dimensão trágica

1. Como podemos caracterizar D. Madalena?


D. Madalena de Vilhena é a suposta viúva de D. João de Portugal desaparecido na Batalha de Alcácer-
Quibir. Está casada em segundas núpcias com Manuel de Sousa Coutinho e é mãe de Maria. É uma
personagem angustiada e insegura que está constantemente aterrorizada com o possível regresso do
primeiro marido. Sente fortes remorsos, pois sentiu-se atraída por Manuel de Sousa Coutinho ainda
casada com D. João de Portugal. Sente-se inquieta e preocupada em relação à saúde da filha. É uma
personagem que representa o horror ao vazio familiar, à solidão, típicos da mentalidade do seiscentismo.

2. Como podemos caracterizar Manuel de Sousa Coutinho?


Manuel de Sousa Coutinho é o segundo marido de D. Madalena e pai de Maria. É uma personagem
íntegra que se rege por valores morais e patrióticos. Manifesta alguma preocupação relativamente à saúde
da filha. Apresenta uma relevante cultura livresca e forte sentimento religioso.

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3. Como podemos caracterizar D. Maria de Noronha?
Maria é filha de D. Madalena e de Manuel de Sousa Coutinho. É uma jovem curiosa, fantasiosa e
idealista. Anseia pelo regresso de D. Sebastião e pela libertação de Portugal do jugo de Castela.

4. Quem é Frei Luís de Sousa?


Frei Luís de Sousa é o nome que Manuel de Sousa Coutinho adota quando decide tornar-se frade, no final
da peça.

5. Como se pode relacionar a ação desta peça com o espaço descrito nas didascálias iniciais?
A ação de Frei Luís de Sousa decorre essencialmente em espaços interiores, em Almada: no Palácio de
Manuel de Sousa Coutinho, no Ato I, e no Palácio de D. João de Portugal, nos Atos II e III. Enquanto no
Ato I o espaço é familiar e agradável, no Ato II, domina um espaço opressivo, pouco iluminado e
inquietante. O Ato III tem lugar na capela do palácio, um espaço ainda mais reduzido e mais austero. Esta
progressão evidencia o “encurralamento” gradual das personagens.

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Linguagem, estilo e estrutura: caraterísticas do texto dramático; a estrutura da obra; o drama


romântico: características

1. Que características específicas apresenta o texto dramático?


O texto dramático apresenta um texto principal constituído por diálogo, monólogo ou apartes e um texto
secundário destacado, com indicações cénicas, designado por didascália. Os textos escritos para serem
representados estão, geralmente, divididos em atos, sempre que há mudança de cenário, e em cenas, de
acordo com a entrada ou saída das personagens do palco.

2. Qual é a estrutura de Frei Luís de Sousa?


Como é característico do texto dramático, Frei Luís de Sousa organiza-se em três atos, todos eles
subdivididos em cenas. O Ato I constitui o momento inicial de exposição do conflito que evolui até ao
final do Ato II, culminando com o reconhecimento do Romeiro por Frei Jorge. No Ato III, inicia-se a
resolução do conflito que termina com a catástrofe final.

3. Quais são as características da tragédia presentes nesta peça?


Esta peça, não sendo uma tragédia, apresenta algumas características deste género clássico. A tragédia
clássica apresenta um conflito que conduz as personagens a uma fatalidade ruinosa, tal como acontece
neste texto. Assim, em Frei Luís de Sousa encontramos alguns elementos que integram a tragédia
clássica: o desafio à ordem estabelecida (hybris), a presença implacável do destino (anankê), o
reconhecimento (anagnórise), a catástrofe final.

4. Quais são as características do drama romântico?


O drama romântico valoriza o homem como joguete das suas próprias paixões e analisa o mundo e as
relações sociais numa perspetiva próxima do cidadão comum. Apresenta momentos que provocam o riso
misturados com um clima emocional mais pessimista.

5. Por que razão Frei Luís de Sousa não é uma tragédia clássica?
Esta obra não é uma tragédia, uma vez que não apresenta todas as características específicas que este
género exige. A tragédia clássica apresenta três atos centrais acompanhados de um prólogo e de epílogo,
três protagonistas, o coro que anuncia ou comenta os acontecimentos e respeita a unidade de ação, de
tempo e de espaço.

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Alexandre Herculano, Lendas e Narrativas: “A Abóbada”: imaginação histórica e sentimento


nacional

1. Em que século viveu Alexandre Herculano?


Alexandre Herculano viveu no início do século XIX. Assim como Almeida Garrett, viveu na época
conturbada das guerras liberais.
2. Qual é o movimento literário em que este autor se enquadra?
Alexandre Herculano é considerado um autor romântico.

3. A obra Lendas e Narrativas é um romance?


Esta obra é constituída por uma série de narrativas breves, perfeitamente delimitadas e autónomas.

4. “A Abóbada” é uma obra ou uma parte de uma obra?


Esta obra não é um romance. Este texto é uma narrativa breve que integra a obra Lendas e Narrativas de
Alexandre Herculano.

5. Em que medida o texto de “A Abóbada” constitui uma exaltação do sentimento nacional?


O texto enquadra a ação na época da Dinastia de Avis, uma das casas fundadoras da nacionalidade, e
retoma uma figura histórica importante pelo exemplo ético que representou: o Mestre Afonso Domingues,
o arquiteto do Mosteiro da Batalha.

6. Por que razão se considera que, no texto “A Abóbada”, se conjuga história com imaginação?
Neste texto, conjuga-se história com imaginação, uma vez que se recupera um cenário e personagens do
passado (1401, início da segunda dinastia e construção do Mosteiro da Batalha) e esses acontecimentos
são ficcionados.

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Relações entre personagens; características do herói romântico

1. Quem é o protagonista de “A Abóbada”?


O protagonista de “A Abóbada” é Afonso Domingues.

2. Que características apresenta o protagonista que nos leva a considerá-lo um herói romântico?
Afonso Domingues é uma personagem que apresenta o perfil de herói romântico: é insubmisso,
inconformado, resiste à ordem social, afirma-se pela sua própria vontade e revela-se forte face aos
obstáculos que insiste em ultrapassar.

3. Que relação se estabelece no texto entre Afonso Domingues e Mestre Ouguet?


Entre estas duas personagens há uma relação de oposição.

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Linguagem, estilo e estrutura: a estrutura da narrativa.

1. Em quantas partes está estruturado o texto?


O texto “A Abóbada” está estruturado em cinco partes: I – O Cego; II – Mestre Ouguet; III – O Auto; IV
– Um Rei Cavaleiro; V – O Voto Fatal.

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2. Quais são as características mais marcantes da linguagem e estilo da obra?
Entre as principais características da linguagem e estilo da obra podemos salientar: o vocabulário técnico
do domínio da arquitetura e os vocábulos medievais; o pormenor descritivo e o visualismo da “cor local”;
a idealização das personagens e a conceção de herói; a reconstrução dos episódios históricos; a utilização
de várias formas de relato de discurso: o discurso direto e o discurso indireto.

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Recursos expressivos: a comparação, a enumeração, a metáfora e a personificação; o discurso


indireto

1. Qual é o recurso expressivo utilizado na seguinte frase?


“Desses dias, (…) em que os raios de Sol (…) se assemelham a um bando de crianças”?
O recurso expressivo utilizado é a comparação.

2. Qual é o recurso expressivo utilizado na seguinte frase?


“A concorrência era grande, porque os habitantes da Canoeira, de Aljubarrota, de porto de Mós e dos
mais lugares vizinhos, desejosos de ver tão curioso espetáculo, tinham deixado desertas as povoações
para vir povoar por algumas horas o ermo do mosteiro”?
O recurso expressivo utilizado é a enumeração.

3. Qual é o recurso expressivo que consiste na fusão de duas realidades diferentes que são assemelhadas,
atribuindo-se à primeira uma qualidade pertencente à segunda?
O recurso expressivo que consiste na fusão de duas realidades diferentes que são assemelhadas,
atribuindo-se à primeira uma qualidade pertencente à segunda designa-se metáfora.

4. Qual é o recurso expressivo utilizado na seguinte frase?


“As casas fechadas e reparadas contra injúrias do tempo eram as moradas dos mestres e artífices que
trabalhavam no edifício”?
O recurso expressivo utilizado é a personificação.

5. Qual é a forma de relato de discurso utilizada na seguinte frase?


“Feitas as vénias a el-rei, a Idolatria começou seu razoado contra a Fé, queixando-se de que ela a
pretendia esbulhar da antiga posse em que estava de receber cultos de todo o género humano, ao que a Fé
acudia com dizer que, ab initio, estava apontado o dia em que o império dos ídolos devia acabar, e que ela
Fé não era culpada de ter chegado tão asinha esse dia.”?
A forma de relato de discurso utilizada é o discurso indireto.

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Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra: deambulação geográfica e sentimento nacional; a


representação da Natureza; dimensão reflexiva e crítica

1. Qual é o contexto histórico-social em que a obra se enquadra?


A obra toma como “pretexto” uma viagem real a Santarém feita pelo autor, entre 17 e 22 de julho, de
1843, a convite do seu amigo Passos Manuel, na oposição, naquela altura. Vivia-se então o agitado
período cabralista.

2. Quais foram as condições iniciais de publicação da obra?

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Viagens na Minha Terra começaram a ser publicadas como folhetim na Revista Universal Lisbonense,
onde saíram os primeiros seis capítulos, sendo depois interrompida a publicação. Em 1845, voltou a ser
publicada em revista e, em 1846, a obra foi publicada em volume.

3. Esta obra é apenas um relato de viagem?


No primeiro capítulo, o narrador afirma que irá fazer uma viagem real de Lisboa a Santarém, mas realça
que a obra não será apenas o relato dessa viagem, pois “tudo quanto vir e ouvir, tudo quanto pensar e
sentir” será registado.

4. Que tipo de Natureza encontramos descrita nesta obra?


A Natureza descrita na obra é essencialmente romântica. Particularmente, no capítulo VIII e no capítulo
X, é-nos apresentada uma visão romântica da Natureza. Assim, a charneca ribatejana é definida pelo
vago, pelo pouco preciso e indefinido do pôr-do-sol, pela solidão e alheamento poético e paz interior. Por
sua vez, o Vale de Santarém é descrito como um cenário edénico, propício a histórias de amor e é lá que
terá lugar a novela da “Menina dos Rouxinóis”.

5. Que aspetos para além da viagem física são referidos pelo narrador?
Os temas abordados ao longo da obra são múltiplos: descrições de locais ou ambientes, como a da
charneca, a do Vale de Santarém, a de monumentos; transcrições de conversas, como a discussão entre
“ílhavos” e “campinos”, as conversas no café do Cartaxo, os diálogos com companheiros de viagem sobre
os mais diversos temas; considerações de carácter autobiográfico, de carácter político, filosófico, literário,
sobre a decadência do país, sobre os valores e a mentalidade burguesas, sobre as classes sociais, entre
outros.

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Personagens românticas (narrador, Carlos e Joaninha)

1. O narrador é uma personagem romântica?


O narrador apresenta-se como um homem interessado no seu tempo e com vontade de intervir
civicamente. Evidencia um forte pendor nacionalista e preocupação com a preservação do passado
histórico, à boa maneira romântica. Contudo, não se inibe de, ao longo da obra, criticar os estereótipos
românticos em voga e os exageros do teatro romântico.

2. Carlos é um herói romântico?


A carta de Carlos a Joaninha permite inferir as características de Carlos enquanto herói romântico. Carlos
define-se como um ser de exceção, dotado de excessos, o seu percurso é inverso ao de Frei Dinis (passa
do idealismo ao materialismo, de Adão natural transforma-se em Adão social); é um ser corrompido,
individualista, ama todas as mulheres, é incapacitado para o amor, é um herói fatal, pois causa a perdição
daqueles que o amam ou que o rodeiam.

3. Joaninha é uma heroína romântica?


Joaninha é uma heroína romântica, uma mulher-anjo. É pura, inocente, verdadeira.

4. Quais são os momentos fundamentais da novela?


Estes são os momentos fundamentais da história da “Menina dos Rouxinóis”:
 1833, Joaninha vive no Vale de Santarém com a avó cega;
 todas as sextas-feiras, Frei Dinis visita o vale;

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 Carlos, primo de Joaninha, que havia abandonado o vale em atitude de rebeldia para com Frei Dinis,
que suspeitava ser o assassino de seu pai e do de Joaninha, regressa ao vale, integrando as tropas liberais;
 Carlos reencontra Joaninha e apaixonam-se;
 Carlos escreve um poema em prosa aos olhos de Joaninha;
 Carlos começa a mentir (Adão social), enquanto Joaninha é espontânea e sincera;
 Carlos é ferido em combate, internado no Convento de S. Francisco, em Santarém e tratado por
Georgina, que amara em Inglaterra;
 Carlos tenta matar Frei Dinis, mas a avó impede-o, contando-lhe que ele é seu pai e que matara em
legítima defesa o marido da mãe e o pai de Joaninha;
 Carlos afasta-se e escreve uma carta justificativa a Joaninha;
 Carlos torna-se barão; Joaninha enlouquece e morre; Georgina ingressa num convento; da família
restam Frei Dinis e a avó.

5. Qual é o significado simbólico da novela no contexto da obra?


A novela traduz um trajeto existencial da ilusão para o desencanto, visto pelo narrador da viagem, a dez
anos de distância. É um trajeto do desencanto acerca do devir e da desilusão da História, como se a
materialização do ideal conduzisse inevitavelmente à sua degradação e isso se compreendesse apenas com
o passar do tempo.

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Linguagem, estilo e estrutura: estruturação da obra: viagem e novela; coloquialidade e digressão;


dimensão irónica.

1. O facto de a obra ter sido inicialmente publicada em folhetim terá influenciado o estilo adotado?
O facto de a obra ter sido pensada e escrita para folhetim (o folhetim era do agrado, sobretudo, de um
público burguês e, principalmente, feminino) implicou algumas marcas próprias da escrita jornalística: a
preocupação com a atualidade, os apelos ao narratário (leitor ou leitora, de acordo com o assunto), o
discurso em primeira pessoa de carácter subjetivo, o tom coloquial de conversa direta e amena com o
leitor, a ironia e a crítica, a introdução de uma novela sentimental, de modo a assegurar o interesse,
principalmente, das leitoras. Implicou ainda a elaboração em capítulos curtos com sinopses iniciais,
destinados à publicação periódica.

2. Qual é a estrutura da obra Viagens na Minha Terra?


A obra tem um total de 49 capítulos, alternando as sequências de “crónica de viagem” com as sequências
mais narrativas e ficcionadas da novela sentimental da “Menina dos Rouxinóis”.

3. O que significa dizer-se que Garrett adotou um estilo “digressivo”?


Tendo como pano de fundo a atualidade de 1843, o narrador faz constantes desvios ao assunto ou
assuntos abordados, adotando o posicionamento de conversa distendida com o interlocutor que lê o texto.
Assim, divaga, adota um discurso subjetivo que não se centra necessariamente no que vê na viagem que
realizou de Lisboa a Santarém, mas parte em digressão pelo que ouve, pensa e sente.

4. Que traços da linguagem e estilo da obra contribuem para a modernidade da obra?


São vários os fatores que contribuem para a modernidade da obra: o estilo digressivo; a coloquialidade; a
utilização irónica da dupla adjetivação (ex.: “barco sério e sisudo”); o ritmo variado, com alternância de
frases longas e de frases curtas, a frequente utilização de frases elípticas; a pontuação expressiva, o
recurso à interjeição, evidenciando as emoções do narrador; a seleção vocabular; a utilização de
expressões populares, de neologismos (ex.: “abrimento”), de empréstimos (ex.: “eu flartava”); o uso
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irónico de diminutivos (ex.: “boquinhas gravezinhas e espremidinhas pela doutorice”) ou de advérbios
(ex.: “a literatura …é toda excessivamente e absurdamente e despropositadamente espiritualista”); a
alternância de registos de língua diversificados; a utilização de sinestesias (ex.: “branco terso, duro e
marmóreo das ruivas”).

5. De que forma é que a novela se encaixa no relato da viagem real?


A novela é contada ao narrador por um companheiro de viagem, quando, chegados ao Vale de Santarém,
o narrador se interessa por uma casa e por uma janela. A partir do capítulo XI, o narrador intercala a
novela com as reflexões da viagem que continua a realizar.

6. Qual é a localização temporal da novela?


A novela localiza-se cerca de 10 anos antes da viagem que o narrador realiza, durante o período das lutas
liberais.

7. O mesmo capítulo da obra entrelaça viagem e novela?


O número de capítulos do relato de viagem é de 23 e os de novela 26. No entanto, encontramos por vezes
capítulos que participam nos dois níveis, como é o caso, por exemplo, do capítulo XIII. É frequente
encontrarmos esta contaminação que acentua o carácter híbrido da obra, que visa intervir criticamente na
atualidade de viagem e da escrita (1843).

8. Qual é o significado simbólico destas “viagens” e, no fundo, da obra?


No capítulo II, o narrador afirma que a “obra simboliza a marcha do progresso social” e faz referência à
alternância de dois princípios que governam o mundo: o espiritualista (protagonizada por D. Quixote de
La Mancha) e o materialista (encabeçada por Sancho Pança). Estas reflexões são retomadas no capítulo
XIII e aplicadas à realidade nacional: os frades, representantes do Absolutismo e espiritualistas,
substituíram os liberais, no poder, os barões, os homens endinheirados, materialistas que exploram os
mais fracos. Na perspetiva do narrador foi um erro os liberais não terem entendido os frades e os terem
substituído pelos barões. É deste modo que Garrett apresenta a sua visão crítica e desencantada do
liberalismo, apresentando o seu contraponto narrativo na novela.

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Recursos expressivos: a comparação, a enumeração, a interrogação retórica, a metáfora, a


metonímia, a personificação e a sinédoque

1. Em que consiste uma comparação?


A comparação é um recurso expressivo que estabelece uma relação de analogia entre dois termos que
surgem no texto ligados gramaticalmente por um elemento comparativo.

2. Em que consiste uma enumeração?


A enumeração é um recurso expressivo que consiste na designação sucessiva de elementos que mantêm
uma correlação lógica ou semântica.

3. Em que consiste uma interrogação retórica?


Uma interrogação retórica é um recurso expressivo que confere ênfase à questão.
Vale, frequentemente, por uma afirmação de polaridade contrária.

4. Quais são os recursos expressivos presentes na seguinte frase?

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“Desenhar caracteres e situações do vivo da natureza, colori-los das cores verdadeiras da história…isso é
trabalho difícil, longo, delicado, exige um estudo, um talento, e sobretudo um tato!...”?
Os recursos expressivos presentes na frase são a enumeração e a ironia.

5. Em que consiste uma metáfora?


A metáfora é um recurso expressivo que consiste na fusão de duas realidades diferentes, atribuindo-se à
primeira uma qualidade pertencente à segunda.

6. Em que consiste uma metonímia?


A metonímia é um recurso expressivo que se caracteriza pela atribuição a uma coisa do nome de outra.

7. Em que consiste uma personificação?


A personificação é um recurso expressivo que se caracteriza pela atribuição de propriedades humanas a
uma coisa, a um ser vivo ou a uma entidade abstrata.

8. Quais são os recursos expressivos presentes na seguinte frase?


“Santarém é um livro de pedra em que a mais interessante e mais poética parte das nossas crónicas está
escrita.”?
Os recursos expressivos presentes na frase são a metáfora na expressão: “Santarém é um livro de pedra” e
uma sinédoque, na medida em que, na obra, Santarém é a sinédoque de Portugal.

9. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte frase?


“Os campinos ficaram cabisbaixos; o público imparcial aplaudiu por esta vez a oposição, e o Vouga
triunfou do Tejo.”
O recurso expressivo presente na frase é uma metonímia.

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Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição: Sugestão biográfica (Simão e narrador) e construção do
herói romântico

1. Em que época viveu Camilo Castelo Branco?


Camilo viveu no século XIX, atravessou toda a época romântica e assistiu ao triunfo da escola realista.

2. Que circunstâncias da vida do autor terão dado origem à escrita da obra?


Esta obra terá sido escrita em 15 dias, aquando da permanência de Camilo na Cadeia da Relação do Porto,
por ter cometido adultério. A ideia de escrever a obra veio-lhe de ter consultado, na cadeia, o livro de
registos de entradas referente a um seu tio, Simão Botelho, que havia sido degredado para a Índia.

3. De que modo o narrador conferiu à obra um cunho biográfico?


Para acentuar o carácter verídico do seu relato, o narrador recorre à transcrição de documentos, à
referência a datas, à sua memória em relação às coisas da sua família, explicitando fontes.

4. Quais são os momentos fundamentais da narrativa passional?


Estes são os momentos fundamentais da narrativa:
 1779, antecedentes da família de Simão, infância e adolescência do herói;
 em 1803, Simão até aí rebelde, muda o seu comportamento por amor a uma vizinha, Teresa;
 o seu amor é clandestino, porque proibido pelas respetivas famílias que se odeiam;
 o pai de Teresa pretende casá-la com o seu primo Baltazar;

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 Teresa opõe-se à vontade do pai e prefere ingressar num convento;
 João da Cruz, amigo e protetor de Simão, tem uma filha, Mariana, que apesar de apaixonada por
Simão, possibilita a troca de correspondência entre os dois amantes;
 Simão mata Baltazar e entrega-se à justiça;
 Simão é preso e deportado para a Índia, na companhia de Mariana que, entretanto, perdera o pai;
 Teresa, encerrada num convento, morre ao ver Simão partir;
 Simão morre na viagem e Mariana suicida-se, lançando-se ao mar.

5. Quem é o protagonista da obra?


O protagonista da obra é Simão. Não é uma personagem marcada pelo destino, é alguém que escolhe o
seu destino e que não morre por amor, mas pela sua dignidade.

6. Simão é um herói romântico?


Simão apresenta várias características que permitem considerá-lo um herói romântico: é rebelde, marginal
e violento antes de amar; vive pelo sentimento e pelo instinto; é insatisfeito, buscando o absoluto da
justiça, do amor; é incompreendido e marginalizado pela sociedade; é um herói que causa a perdição
daqueles que o amam; é excessivo no amor e no ódio.

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A obra como crónica da mudança social; relações entre personagens; o amor-paixão

1. Como agruparias as personagens da obra?


As personagens da obra podem agrupar-se em dois grandes grupos opostos: os que se amam e os que se
odeiam.

2. O amor-paixão é o aspeto mais relevante da obra?


Os temas do amor e da morte estão presentes nesta obra. Simão vive por Teresa um amor intenso que o
transforma e que acaba por se metamorfosear em sofrimento. Por outro lado, o amor não correspondido
de Mariana por Simão é também determinante na obra: é um amor que regenera, protege e conduz à
morte. Contudo, para além da importância do amor-paixão, a obra apresenta uma vertente de observação
de costumes e de crítica social marcante.

3. Em que medida a obra surge como uma crónica da mudança social que se adivinha?
A narrativa passional é apenas um dos aspetos desta obra. Amor de Perdição deve ser lida como uma
obra, em que a observação de costumes e a crítica social adquirem um papel relevante de denúncia de
comportamentos autoritários dentro da família, de corrupção na justiça, de incumprimento dos preceitos
religiosos, nos conventos. Assim, muito mais do que uma novela passional, esta é uma obra de rutura com
a tradição e de anúncio da implantação, na sociedade portuguesa, dos novos valores da Revolução
Francesa.

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Linguagem, estilo e estrutura: o narrador; os diálogos; a concentração temporal da ação

1. Como caracterizas a linguagem utilizada na obra?


Em algumas situações a linguagem é culta, erudita, com períodos longos e sentenciosos e vocabulário
erudito, mas noutras é viva, popular, corrente e despojada, feita de períodos curtos, expressões populares
e castiças. Na realidade, predomina a linguagem concisa, com pouco recurso à adjetivação, semelhante à
linguagem cinematográfica.

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2. De que modo se verifica a concentração temporal na obra?
A narrativa é linear e é apresentada em ritmo rápido de 1779 a 1803. A partir do encontro entre Simão e
Teresa adquire um ritmo mais lento, mas próprio da novela. Não há, no entanto, praticamente ações
secundárias o que contribui para a concentração temporal da ação principal com sucessivas peripécias. Os
diálogos apresentados são concisos e há poucas descrições.

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Eça de Queirós, Os Maias: contextualização histórico-literária

1. Em que século viveu Eça de Queirós?


Eça de Queirós viveu no século XIX e pertenceu à designada Geração de 70.

2. Quais foram os momentos mais marcantes do percurso dos jovens que integraram a Geração de 70?
Os jovens que integraram a Geração de 70 e que tinham como objetivo difundir em Portugal os novos
ideais que circulavam na Europa, viveram a Questão Coimbrã, juntaram-se no Cenáculo e organizaram as
Conferências do Casino Lisbonense.

3. Que aspetos distinguem o realismo do naturalismo?


Estes dois movimentos literários escolheram como género privilegiado o romance. O realismo
caracteriza-se pela observação pormenorizada do real e aborda a vida urbana, as diferenças sociais, os
vícios sociais. O naturalismo aprofunda o estudo realista, analisa o percurso biográfico da personagem, a
influência da educação e da hereditariedade e investiga as causas do adultério, do alcoolismo, da opressão
social.

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A representação de espaços sociais e a crítica de costumes; espaços e seu valor simbólico e emotivo;
a descrição do real e o papel das sensações

1. De que modo se articula no romance o espaço físico e o espaço social?


O espaço físico em Os Maias é principalmente o espaço urbano de Lisboa, com ocasionais referências aos
então arredores: Benfica, Olivais e Sintra. No entanto, há episódios passados em ambiente rural: Santa
Olávia e outros em Coimbra. São feitas referências elogiosas a Paris e Londres. Verifica-se o predomínio
dos espaços interiores: casas, quartos, espaços de convívio, consultório e laboratório de Carlos. Podemos,
contudo, considerar que predomina, neste romance, o espaço social ao serviço da crónica de costumes,
onde circulam personagens-tipo. Assim, o espaço social da alta burguesia lisboeta, o da diplomacia, da
política, dos banqueiros, dos jornalistas é analisado ironicamente.

2. Por que razão o romance realista privilegia os espaços sociais?


O romance realista privilegia os espaços sociais para melhor analisar e retratar o real.
3. Que espaços sociais conheces a partir da leitura de Os Maias?
São vários os espaços sociais que conhecemos a partir da leitura da obra. O espaço mais importante é
Lisboa que por sua vez é sinédoque de Portugal, no entanto, há outros espaços que são descritos e
analisados: os jantares, as corridas, os saraus, o espaço público.

4. Há na obra espaços com valor simbólico e emotivo?


É possível encontrar na obra vários espaços com valor simbólico e emotivo: o Ramalhete e o seu jardim, a
Toca, a Avenida.

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Representações do sentimento e da paixão: diversificação da intriga amorosa (Pedro da Maia,


Carlos da Maia e Ega)

1. Por que razão poderemos dizer que a intriga amorosa na obra é diversificada?
N’Os Maias, encontramos vários pares amorosos que apresentam diferentes representações do sentimento
e da paixão. Pedro da Maia ama Maria Monforte, mas esta mantem uma relação adúltera com um
napolitano. Ega tem também uma relação de adultério com Raquel Cohen à semelhança da que Carlos
mantem com a condessa Gouvarinho. Por sua vez, Carlos ama Maria Eduarda, no entanto, a sua relação
será incestuosa.

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Características trágicas dos protagonistas (Afonso da Maia, Carlos da Maia e Maria Eduarda)

1. Quais são as personagens trágicas da obra?


Afonso, Carlos e Maria Eduarda são as personagens trágicas da obra. Cumpre-se, assim, o requisito da
tragédia clássica de que as personagens devem ser nobres e em número reduzido.

2. Que elementos da tragédia clássica encontramos na obra?


Na obra encontramos vários elementos trágicos: o desafio de Pedro e de Carlos, o sofrimento, os
presságios, a tensão crescente até ao clímax, o reconhecimento, a catástrofe.

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Linguagem, estilo e estrutura: o romance: pluralidade de ações, complexidade do tempo, do espaço


e dos protagonistas, extensão; visão global da obra e estruturação: título e subtítulo.

1. Como se distingue um romance de um conto?


O conto é uma narrativa breve com forte concentração temporal e espacial que se lê de um fôlego,
enquanto o romance apresenta uma pluralidade de ações que se cruzam, num tempo alargado e num
espaço descrito pormenorizadamente. O romance possibilita o acompanhamento do percurso biográfico
das personagens e o conto localiza-as num flash momentâneo.

2. Em que medida é que o título − Os Maias − e o subtítulo – “Episódios da vida romântica” − nos
permitem perspetivar a estrutura global da obra?
O título e o subtítulo do romance apontam para níveis diferentes da obra. Enquanto o título perspetiva a
história de uma família, o subtítulo estabelece uma visão mais alargada da sociedade portuguesa do
Portugal da Regeneração.

3. De que modo se estrutura a ação do romance?


O romance encerra duas intrigas: a principal e a secundária. A principal é protagonizada por Carlos e
Maria Eduarda, uma história de amores trágicos e incestuosos. A ação secundária, que condiciona a ação
central, tem como personagens principais Pedro da Maia, que se suicida, e Maria Monforte, que foge com
um amante, levando uma filha e deixando um filho aos cuidados do marido traído.

4. A ação do romance é narrada linearmente?


A ação do romance não é narrada linearmente. A ação começa em 1875, mas, de imediato, se faz uma
analepse até ao ano de 1820. Em ritmo rápido (em cerca de 85 páginas), são percorridos 55 anos, através
de uma criteriosa seleção de pequenas cenas e episódios significativos e da supressão de outros, através

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de elipses e resumos. No capítulo IV, retoma-se a ação central e o percurso de Carlos em Lisboa até ao
penúltimo capítulo da obra. O ritmo narrativo torna-se lento (dois anos em cerca de 590 páginas) com
inúmeras descrições e cenas dialogadas e com duas breves analepses: aquando da confissão de Maria
Eduarda a Carlos sobre o seu passado e aquando da leitura da carta de Maria Monforte. No último
capítulo, encontramos Carlos e Ega em Lisboa, 10 anos passados.

5. Que episódios da obra integram a crónica social da Lisboa do final do século XIX?
São vários os episódios da obra que integram a crónica social, abordando aspetos políticos, culturais e
sociais da Lisboa do final do século XIX: o episódio do Hotel Central, o episódio da Corrida de Cavalos,
o episódio do Sarau do Teatro da Trindade, o episódio do Passeio final.

6. Que tipos sociais conheceste nesta obra?


São vários os tipos sociais que surgem retratados na obra: Alencar, o poeta ultrarromântico; Gouvarinho,
o político incompetente; Jacob Cohen, o banqueiro; Rufino, o deputado retrógrado; Palma Cavalão, o
jornalista corrupto; Raquel Cohen, a mulher adúltera, …

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Recursos expressivos: a comparação, a ironia, a metáfora, a personificação, a sinestesia e o uso


expressivo do adjetivo e do advérbio; reprodução do discurso no discurso

1. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte expressão? “cabelos magnificamente negros”


Nesta expressão, está presente o uso expressivo do advérbio.

2. Qual é o recurso expressivo presente nesta frase?


“O venerável gato gostava de lamber com o seu vagar estúpido”.
Nesta expressão, está presente o uso expressivo do adjetivo.

3. Qual é o recurso expressivo presente na expressão “luz macia”?


Nesta expressão, está presente a sinestesia.

4. Qual é o recurso expressivo presente nesta passagem da obra?


“o morgadinho, o Eusebiozinho, uma maravilha muito falada naqueles sítios”
Nesta expressão, está presente a ironia.

5. Qual é o recurso expressivo presente nesta passagem da obra?


“sim, coitado, coitadinho, coitadíssimo!”
Nesta expressão, está presente a gradação.

6. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte frase?


“o conchego quente e um pouco sombrio dos estofos escarlates e pretos era alegrado pelas cores cantantes
de velhas faianças holandesas”
Nesta expressão, está presente a sinestesia.

7. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte frase?


“E à distância, sem cessar, o estalar alegre de foguetes morria no ar quente”
Nesta expressão, está presente a metáfora.

8. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte passagem?

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“Em 1858 Monsenhor Buccarini, Núncio de S. Santidade, visitara-o com ideia de instalar lá a Nunciatura,
seduzido pela gravidade clerical do edifício e pela paz dormente do bairro”.
Nesta expressão, utilizam-se os adjetivos expressivamente.
9. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte frase?
“mas nunca ele aprovara que Afonso se desfizesse de Benfica – só pela razão daqueles muros terem visto
tantos desgostos domésticos.”
Nesta expressão, está presente a personificação.

10. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte expressão?


“passou-lhe para os braços uma deliciosa cadelinha escocesa, de pelos esguedelhados, finos como seda e
cor de prata”?
Nesta expressão, está presente a comparação.

11. Qual é a forma de relato de discurso utilizada na seguinte frase?


“Dâmaso…conhecera a rapariga, a que dera as facadas, quando ela era amante do visconde da
Ermidinha… Se era bonita? Muito bonita. Umas mãos de duquesa… E como aquilo cantava o fado!”
Nesta frase utiliza-se o discurso indireto livre.

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Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires: caracterização das personagens e complexidade do


protagonista

1. Em que século viveu Eça de Queirós?


Eça de Queirós viveu no século XIX e pertenceu à designada Geração de 70.

2. Quem é Gonçalo Mendes Ramires?


Gonçalo Ramires é um fidalgo de província, bacharel em Direito, descendente de uma linhagem de
Ramires que remonta a tempos anteriores à independência de Portugal. Apesar da sua linhagem, vive
numa situação de penúria que o faz sofrer várias humilhações.

3. Que facto leva o fidalgo a escrever uma novela?


Gonçalo decide escrever uma novela histórica em que narra os feitos valerosos dos seus antepassados por
influência de um colega de Coimbra, o Castanheiro.

4. Qual é a importância da escrita da novela dentro do percurso de evolução da personagem?


A escrita da novela permite ao protagonista reviver a grandiosidade do passado como forma de superar as
humilhações do presente.

5. Qual é o desfecho do percurso do protagonista?


No final, Gonçalo parte para as colónias onde se torna empresário ativo e enriquece. Regressa regenerado,
dedicando-se a recuperar as suas terras e nome, pensando casar com uma rapariga das redondezas com
um bom dote e tornando-se assim digno dos Ramires que evocara na novela.

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O microcosmos da aldeia como representação de uma sociedade em mutação; o espaço e o seu valor
simbólico

1. Em que medida o microcosmos de Gonçalo tem um valor simbólico?

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No desfecho do romance, João Gouveia afirma a identificação de Gonçalo com Portugal, pela bondade,
pela generosidade, pelo desleixo, pela imaginação e exageros que o levam a mentir, mas também pela
capacidade demonstrada em regenerar-se e recuperar a grandeza dos seus heroicos antepassados: cada
geração de Ramires esteve profundamente ligada a acontecimentos grandiosos da História de Portugal, a
decadência iniciou-se a partir da subida ao trono dos Braganças.

2. Que elementos da obra apontam para a representação de uma sociedade em mutação?


É evidente o simbolismo do romance. Eça aspira a uma solução possível para regenerar o país da
decadência, da inatividade, do tédio. Portugal deveria partir para uma atividade válida pelo trabalho que
redime da fraqueza, nomeadamente desenvolvendo as colónias.

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História e ficção: reescrita do passado e construção do presente

1. Em que medida é que o romance cruza história e ficção?


O romance cruza a história fictícia de Gonçalo Mendes Ramires, que escreve a história dos seus
antepassados que se cruza com momentos emblemáticos da História de Portugal. Neste entrelaçar de
histórias, os factos históricos são reescritos e a história é revisitada através da ficção.

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Linguagem, estilo e estrutura: o romance: pluralidade de ações, complexidade do tempo, do espaço,


e dos protagonistas, extensão; estruturação da obra; ação principal e novela.

1. Como se distingue um romance de uma novela?


A novela é uma narrativa relativamente breve com alguma concentração temporal e espacial que se lê
rapidamente, enquanto o romance apresenta uma pluralidade de ações que se cruzam, num tempo
alargado e num espaço descrito pormenorizadamente. O romance, pela sua extensão e complexidade,
possibilita o acompanhamento do percurso biográfico das personagens e a novela fixa instantes
emblemáticos.

2. Como se estrutura a obra?


Este romance é uma obra dupla, narrando-nos, num primeiro nível a vida e acidentes de percurso do
protagonista, Gonçalo Ramires, e, num segundo nível, a história dos Ramires de outrora, narrada pelo
primeiro, e em contraste marcado entre a grandiosidade do passado e as humilhações do presente.

3. Como se entrelaçam os dois níveis do romance?


As vivências presentes de Gonçalo cruzam-se, através da escrita da novela, com a História de Portugal e
os antepassados Ramires. Entre estes dois níveis realça o contraste entre a dignidade e a valentia dos
antigos e a falta de dignidade e fraqueza de Gonçalo, em episódios que vão alternando entre os dois níveis
narrativos: romance e novela histórica.
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Recursos expressivos: a comparação, a hipérbole, a ironia, a metáfora, a personificação e o uso


expressivo do adjetivo e do advérbio; reprodução do discurso no discurso

1. Qual é o recurso expressivo presente nesta passagem?


“E então o Pereira, acercando mais a cadeira, cruzou no rebordo da mesa as mãos, que meio século de
trabalho na terra tornara negras e duras como raízes”
Nesta expressão, está presente a comparação.

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2. Qual é o recurso expressivo presente nesta passagem?
“A romântica Torre, cantada tão meigamente ao luar pelo Videirinha, quantos tormentos abafara!”?
Nesta expressão, está presente o uso expressivo do advérbio.

3. Qual é o recurso expressivo presente nesta passagem?


“a caleche aparatosa, com as manchas brancas das redes dos cavalos, mergulhou no silêncio e na
penumbra da estrada”?
Nesta passagem, está presente a metáfora.

4. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte passagem?


“O lívido dedo, o braço escanifrado na manga de casimira preta, cresciam por sobre o vale. – Além os
pastos… Adiante os centeios… Depois o bravio… − Tudo dele! ”?
Nesta expressão, está presente a hipérbole.

5. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte passagem?


“desde que o regimento se aquartelara em Oliveira, tratara logo Gracinha por tu e Gonçalo por primo,
com a intimidade especial que convém a sangues superiores. ”
Nesta expressão, está presente a ironia.

6. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte passagem?


“onde o sino lançara um repique de batizado”
Nesta expressão, está presente a personificação.

7. Qual é o recurso expressivo presente na seguinte passagem?


“esse afinco do Pereira em a arrendar, ele tão apertado, tão seguro…”?
Nesta expressão, está presente o uso expressivo do adjetivo.

8. Qual é a forma de relato de discurso utilizada na seguinte frase?


“O Pereira tirou da algibeira do colete a caixa de tartaruga, e sorveu detidamente uma pitada, com o carão
pendido para a esteira. Pois maior pena, mesmo para o Fidalgo. Enfim! Depois de palavra trocada… Mas
era pena, porque ele gostava da propriedade”
Nesta frase utiliza-se o discurso indireto livre.

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Antero de Quental, Sonetos Completos: a angústia existencial; configurações do Ideal

1. Em que século viveu Antero de Quental?


Antero de Quental viveu na segunda metade do século XIX.

2. Em que medida é que Antero foi uma figura marcante do seu tempo?
Antero foi uma figura marcante do seu tempo. Foi considerado o líder da Geração de 70 e notabilizou-se
enquanto poeta, filósofo, revolucionário e homem de ação.

3. Quais são as principais temáticas abordadas por Antero nos seus sonetos?
São várias as temáticas abordadas por Antero nos seus sonetos: o real e o ideal, a angústia existencial, o
apelo da transcendência.

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Linguagem, estilo e estrutura: o discurso conceptual; o soneto.

1. O que caracteriza o soneto anteriano?


O soneto para Antero é a forma lírica por excelência. Este género permite a conjugação perfeita entre
sentimento e ideia, aspeto que caracteriza o discurso conceptual anteriano. Assim, para Antero, o soneto
constitui “uma unidade perfeita” que se adequa à expressão de sentimentos, ao raciocínio matemático,
mas também à ânsia de Absoluto do poeta.

2. O que é um soneto?
O soneto é uma composição poética de origem italiana, constituída por catorze versos, distribuídos por
duas quadras e dois tercetos, rematados pela chave de ouro, geralmente composto em decassílabos.

3. Qual é o metro utilizado no soneto?


O verso do soneto é geralmente composto em decassílabos (versos com dez sílabas métricas).

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Recursos expressivos: a apóstrofe, a metáfora, a personificação

1. Qual é o recurso expressivo presente em “O sol, já alto e pleno, /Afugentou as larvas tumulares”?
Nesta expressão, está presente a personificação.

2. Qual é o recurso expressivo presente em “Ergue, pois, soldado do Futuro”?


Nesta expressão, está presente uma apóstrofe.

3. Qual é o recurso expressivo presente em “E dos raios de luz do sonho puro, / (…) faze espada de
combate”?
Nesta expressão, está presente uma metáfora.

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Cesário Verde, Cânticos do Realismo: a representação da cidade e dos tipos sociais; deambulação e
imaginação: o observador acidental; perceção sensorial e transfiguração poética do real

1. Que Lisboa descreve Cesário?


Cesário, nos seus poemas, descreve uma cidade industrializada com construções elegantes e bairros
modernos, com largos passeios públicos. É uma Lisboa com locais de convívio social e hábitos culturais,
mas também uma cidade onde vivem as classes trabalhadoras e onde a degradação social está presente.
Lisboa é ainda um local de confluência entre a vida urbana e o mundo rural.

2. Que tipos sociais povoam Lisboa?


Em Lisboa, cruzam-se burgueses, artistas, artesãos, comerciantes, bailarinas, engomadeiras, operários, …
Os novos heróis da cidade são agora os homens e mulheres que vivem nos quadros de quotidiano
doméstico, familiar e urbano fixados nos poemas.

3. Qual é a atitude que o sujeito assume nos seus poemas?


O sujeito poético assume uma atitude de deambulação e imaginação, nos seus poemas. Importa reter a sua
capacidade de descrever as paisagens e as gentes do seu tempo com distanciamento crítico. O sujeito é
um observador acidental que regista fragmentos de realidade, impressões sensoriais, recriando os
instantâneos observados.

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4. Por que razão Cesário é muitas vezes comparado a um pintor?
O poeta assemelha-se a um pintor ou a um fotógrafo na criação de instantâneos quase cinematográficos.
O sujeito parte do quotidiano trivial e, por ação da memória e dos sentidos, transfigura-o, tornando-o
surpreendente e inesperado.

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O imaginário épico (em “Sentimento dum Ocidental”): o poema; a estruturação do poema;


subversão da memória épica: o Poeta, a viagem e as personagens

1. Como se estrutura o longo poema “Sentimento dum Ocidental”?


O poema estrutura-se em quatro partes de onze quadras cada uma. Cada quadra é composta por um
primeiro verso decassílabo, seguido de três alexandrinos. O esquema rimático é constante, apresentando
rima interpolada e emparelhada.

2. Por que razão a primeira leitura do poema é bastante diferente de uma análise mais aprofundada?
Numa primeira leitura, o poema parece constituir um longo percurso por certas ruas e locais de Lisboa.
Uma leitura mais aprofundada permite-nos verificar que o ponto de vista do sujeito, que deambula,
constrói uma nova cidade, visionária, poética e épica.

3. Em que medida este poema constitui uma subversão da memória épica?


O poema “O Sentimento dum Ocidental” apresenta um sujeito progressivamente mais atento e que,
através da memória, se evade de uma cidade-prisão para o sonho de um futuro diferente. Neste poema, o
sujeito empreende uma viagem com novos heróis e constrói uma arte poética baseada na análise da
realidade.

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Linguagem, estilo e estrutura: estrofe, metro e rima.

1. Como podemos caracterizar, na globalidade, os poemas de Cesário Verde?


Cesário Verde apresenta, geralmente, poemas longos, com estrofes de quatro ou cinco versos. Recorre
predominantemente ao verso alexandrino.

2. Como podemos caracterizar o estilo de Cesário Verde?


Cesário Verde capta a realidade, fixando instantâneos, selecionando adjetivação abundante e anteposta,
recorrendo a nomes que trazem o trivial e o feio para o poema. Os seus poemas apresentam uma estrutura
narrativa, descrevendo o espaço ora real ora evocado.

3. Quais são os recursos expressivos mais utilizados nos seus poemas?


O sujeito recorre frequentemente à enumeração, à adjetivação expressiva, à sinestesia e a hipálages
sugestivas.

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Recursos expressivos: a comparação, a enumeração, a hipérbole, a metáfora, a sinestesia, o uso


expressivo do adjetivo e do advérbio

1. Qual é o recurso expressivo presente em “Como morcegos, ao cair das badaladas, / Saltam de viga em
viga os mestres carpinteiros”?
Nesta expressão, está presente a comparação.

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2. Qual é o recurso expressivo presente em “Se a minha amada um longo olhar me desse / Dos seus olhos
que ferem como espadas, / Eu domaria o mar que se enfurece / E escalaria as nuvens rendilhadas”?
Nesta expressão, está presente a hipérbole.

3. Qual é o recurso expressivo presente em “Estas [as formigas] mineiras negras, incansáveis”?
Nesta expressão, está presente a metáfora.

4. Qual é o recurso expressivo presente em “E houve talhadas de melão, damascos, / E pão de ló molhado
em malvasia”?
Nesta expressão, está presente a sinestesia.

5. Qual é o recurso expressivo presente em “De cócoras, em linha, os calceteiros, / Com lentidão, terrosos
e grosseiros”?
Nesta expressão, está presente o uso expressivo do adjetivo.

6. Qual é o recurso expressivo presente em “Eu tudo encontro alegremente exato”?


Nesta expressão, está presente o uso expressivo do advérbio.

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