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Estudo de caso: “Tudo uma questão de lealdade!


A Metal2Glass, S.A. é uma empresa do setor metalomecânico, com sete fábricas no país. A organização
continuava a crescer de forma significativa, fruto de avultados investimentos realizados, desde há vários
anos, quer em processos de fabrico inovadores, quer nos edifícios que albergavam os serviços e as
atividades fabris.

O Eng.º Manuel, Diretor de Investimentos da Metal2Glass, sempre pugnara pela independência do seu
setor relativamente ao da exploração. Tal era vantajoso, do seu ponto de vista, para a definição clara de
objetivos em tempo oportuno, o cumprimento eficaz de orçamentos e de prazos, a maior capacidade de
inovação, assim como para a economia de recursos associada à aquisição de estudos, construções e
novos equipamentos.

Devido à pandemia, à subida significativa das taxas de juro bancárias e à alteração de orientação
estratégica da empresa, a perspetiva era de um período longo sem novos investimentos de grande
monta. Nestas circunstâncias, a Administração decidiu que a atividade respeitante aos investimentos
seria integrada nas estruturas orgânicas das fábricas, extinguindo-se, pois, a Direção de Investimentos
liderada pelo Eng.º Manuel.

Toda a restruturação foi preparada e decidida durante a ausência do Eng.º Manuel em Praga, por uma
semana, numa visita a uma empresa checa potencialmente interessada em adquirir uma posição
acionista na Metal2Glass. A Eng.ª Tânia, administradora do pelouro financeiro, foi a grande
impulsionadora da medida, tendo nessa matéria recebido o apoio do Eng.º José, colaborador próximo do
Eng.º Manuel.

Na sequência desta reestruturação, cinco dezenas de pessoas (engenheiros, outros técnicos e pessoal
administrativo e auxiliar) foram transferidos da sede da empresa, em Oliveira de Azeméis, para as seis
fábricas da empresa espalhadas pelos concelhos limítrofes. Esta transferência foi levada a cabo sem que
tivesse sido atendido o Acordo de Trabalho, tendo gerado graves prejuízos pessoais e familiares para as
pessoas envolvidas, concomitantes com grande desmotivação e deterioração das relações de trabalho.

Face aos ressentimentos expressos pelas pessoas afetadas, a Administração respondeu com um
comunicado alegando que a medida se destinava a:

(1) Melhorar os níveis de racionalidade decisória;


(2) Reduzir custos;
(3) Salvar a empresa de uma possível falência.

Alguns empregados da empresa, especialmente os sindicalizados, alegaram que os reais objetivos eram
de outra natureza, designadamente a venda da empresa a uma multinacional do setor.

Que comentários lhe oferece o comportamento da Eng.ª Tânia? Se estivesse no seu lugar como
atuaria?

Como encara a atitude da Eng.º José? Que virtudes lhe parece terem estado ausentes da sua conduta?

Presuma que os argumentos da Administração eram genuínos e que a reestruturação contribuiu para a
melhoria da eficácia da empresa. Como avalia a decisão?

Quais são as normas dos códigos de ética e deontologia profissional que facultam orientações para o
estudo deste caso?
(adaptado de um caso prático apresentado na obra de A. Rego, J. Braga, Ética para Engenheiros, Lidel, 2017)

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