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O PSICÓLOGO, O SISTEMA DE JUSTIÇA E OS CASOS DE VIOLÊNCIA

INTRAFAMILIAR CONTRA O IDOSO

Introdução

A partir da distribuição da responsabilidade pelos papéis paternos e


maternos, bem como pelas ações dos filhos, parentes e demais familiares, o
presente trabalho visa refletir sobre os efeitos potenciais das diversas formas de
violência que podem ocorrer no intra -contexto familiar. Adicionalmente, o
envolvimento do psicólogo jurídico nas instâncias que ingressam no ordenamento
jurídico.
Embora bastante antigo, ainda há pouca consciência da ligação entre os
saberes gerados pela psicologia e direito e as práticas judiciárias no Brasil. A lei
brasileira nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, que regulamenta a profissão de
psicólogo e oferece programas de treinamento na área. O Decreto nº 53.464, de 21
de janeiro de 1964, documento que regulamenta a Lei nº 4.119, foi lançado dois
anos depois. As atribuições do psicólogo estão explicitadas no artigo 4º desta
portaria. Já considerando a atuação do Psicólogo Jurídico. Foram necessários anos
para consolidar o processo de regulamentação da profissão de psicólogo. Os
profissionais brasileiros começaram a protestar em favor da regulamentação no final
da década de 1940, mais ou menos na mesma época em que eram oferecidos os
primeiros cursos de especialização em psicologia jurídica. (EMILIO MIRA Y LÓPEZ,
2015).
Consanguíneas ou não, a família é um conjunto de indivíduos com vínculos
afetivos estabelecidos, segundo o Ministério da Saúde (2015). Este grupo se
encarrega de transmitir aos seus descendentes ideias de moral e tradições que
moldarão suas personalidades. Todo grupo familiar, deve-se enfatizar, é feito de
emoções ambíguas porque todo membro aspira ser reconhecido pela família de
alguma forma. A violência pode, assim, se desenvolver como um sintoma
significativo se o grupo familiar não estiver equipado para lidar com as tensões
arraigadas em sua própria constituição.
Em termos psicológicos, a família é o grupo social primário e mais
significativo da pessoa, influenciando e sendo influenciado por outros indivíduos,
segundo Range (2011). Há sempre algum grau de parentesco dentro de uma
família. As famílias normalmente têm um único sobrenome que foi transmitido de
ancestrais imediatos. A família é unida por inúmeros laços que podem sustentar os
padrões morais e materiais de seus membros por toda a vida e por várias gerações.
As famílias têm estruturas próprias, e hoje existem muitos tipos diferentes
de famílias, sendo as famílias nucleares e estendidas as mais tradicionais e as
famílias homoafetivas as mais novas. Na maioria das situações, há várias pessoas
morando na mesma casa, o que não oferece segurança e conforto adequados, e
muitas famílias sofrem com a pobreza e o abandono. Ou seja, a falta de
organização financeira acarreta diversos problemas para as famílias, como casos de
violência intrafamiliar e doméstica.
Buscamos compreender como as diversas formas de conflitos
intrafamiliares interferem na dinâmica familiar e qual é o papel do psicólogo jurídico
para auxiliar na resolução de conflitos e auxiliar os juízes na tomada de decisão
partindo da premissa de que o vínculo e a função familiar são de grande importância
para o desenvolvimento saudável da personalidade das crianças (crianças e
adolescentes).

Desenvolvimento

Rangé (2011) afirma que a violência, seja ela física, emocional ou psicológica,
existe nas famílias e pode levar a doenças psíquicas nos indivíduos. A violência é
definida como qualquer ato intencional ou inadvertido de agressão por parte do
agressor que resulte em lesão corporal, sofrimento emocional ou sofrimento
psicológico de outra pessoa (vítima).
Quando há violência intrafamiliar ou doméstica, muitas vezes o perpetrador é
um membro da família ou alguém ligado afetivamente às vítimas. causar danos ao
bem-estar e à liberdade da vítima, bem como à sua integridade física ou psíquica.
Esses são comportamentos que as pessoas que desempenham um papel parental
podem ter dentro e fora de casa. A maioria das vítimas dessa violência são crianças
e adolescentes que sofrem maus-tratos, incluindo abuso verbal e psicológico que
podem ser traumáticos para as vítimas, bem como abuso sexual.
Range (2011) afirma que a comunicação interpessoal e as habilidades
sociais são aspectos da vida humana porque as crianças se envolvem com outras
crianças e adultos que são semelhantes a elas desde o nascimento, criando
relações afetivas e sociais que são moldadas pelas normas culturais de seu
ambiente. O termo "interação" já existe há algum tempo e é usado em uma ampla
gama de ciências para descrever as interações e influências entre duas ou mais
pessoas. Portanto, a interação denota uma relação recíproca em que cada pessoa
tem o poder de alterar a si mesma e aos outros, bem como as estruturas sociais em
que vivem.
A mídia é a principal responsável pela ampla divulgação da ideia de
violência, principalmente no que diz respeito à ideia de violência física. Porém,
conforme consta na Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006, também discutimos a
violência patrimonial e a violência moral na atualidade (Maria da Penha). Todas as
formas reconhecidas de violência descritas no Código Penal podem ser
enquadradas na violência intrafamiliar e doméstica. O ECA- Estatuto da Criança e
do Adolescente (Lei nº 8.069/90) destaca que qualquer relação de abuso
estabelecida na esfera privada da família, envolvendo qualquer ação ou omissão
capaz de prejudicar a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento dos um ou mais
familiares, principalmente a criança e o adolescente, devem ser considerados
quando se fala desse tipo de violência.
A violência dentro da família preserva constantemente relações de poder
que podem ser utilizadas por alguém que exerce o papel de genitor ou mesmo por
alguém que não é consanguíneo com o sujeito subjugado, mas que possui algum
tipo de vínculo afetivo com ele. Neste momento, a violência doméstica se distingue
da violência intrafamiliar, pois esta pode envolver outras pessoas que visitam o
domicílio apenas ocasionalmente e não possuem vínculos afetivos estabelecidos,
abrangendo também todas as formas de violência (ECA - LEI nº 8.069/90).
Deve-se deixar claro que certos crimes, inclusive o abuso sexual, podem
atingir pessoas de todos os estratos socioeconômicos e que alguns abusadores
possuem pós-graduação, incluindo pós-doutorandos, médicos, advogados,
empresários e funcionários de diversos setores. O domínio econômico também é
utilizado para controlar as vítimas em casos como esses, a fim de manter o sigilo do
caso. Por causa disso, as histórias envolvendo indivíduos ricos são frequentemente
ocultas da mídia.
Particularmente em casos de abuso sexual intrafamiliar, onde a confiança e
o vínculo afetivo são prejudicados ou poluídos, sentimentos de pavor, raiva e
humilhação em relação aos agressores são frequentes em crianças e adolescentes
que sofreram abuso sexual.
Conclusão
Diante do exposto, constatou-se que apesar das diversas atividades em
andamento, a violência intrafamiliar e doméstica ainda é um assunto pouco
discutido em nossa cultura. É um assunto polêmico e complexo, pois atinge pessoas
extremamente próximas das vítimas, sendo este um dos principais motivos pelo
qual é frequentemente mantido em sigilo e, consequentemente, a sociedade
desconhece, o que pode ser a principal causa do impunidade de muitos
perpetradores.
Qualquer forma de agressão não tem preferência por raça, condição social
ou situação econômica e pode acontecer a qualquer momento. Pode ser
influenciado por coisas como alcoolismo, abuso de drogas, ressentimento,
problemas psicológicos, amor, ódio e conflitos interpessoais.
As vítimas de violência doméstica não só sofrem danos corporais, mas
também cicatrizes psicológicas muito profundas da violência que sofreram, traumas
que podem durar toda a vida. tendo suas bases emocionais totalmente destruídas
em muitas circunstâncias.
Embora a violência doméstica e intrafamiliar ocorra em todos os níveis
sociais, variáveis socioeconômicas como pobreza, analfabetismo e falta de
infraestrutura básica estão mais fortemente associadas à sua ocorrência. Com leis
importantes como a Lei Maria da Penha, o Estatuto do Idoso, o Estatuto da Criança
e do Adolescente e os Conselhos Tutelares e Delegacias de Defesa da Mulher, a
legislação brasileira é geralmente boa para casos de violência intrafamiliar e
doméstica.
A figura do psicólogo aparece hesitante nesse cenário. Devido ao número
limitado de especialistas que têm a oportunidade de atuar na área como psicólogos
jurídicos. O Judiciário tem um número limitado de vagas que não cobrem a maioria
das cidades brasileiras. Em cidades pequenas, é comum que as prefeituras
contratem psicólogos para realizar diversas tarefas, incluindo avaliações
psicológicas, laudos e laudos para subsidiar as decisões dos juízes das comarcas
pertinentes.

REFERÊNCIAS

BATISTA, M.N.; CARDOSO, H. F.; GOMES, JO. Intergeracionalidade familiar. Em:


Batsita. M.N. & Teodoro, M.L.M. (org). Psicologia de família: teoria, avaliação e
intervenção. Porto Alegre: Artimed, 2012.
BRASIL. “ECA” Estatuto da Criança e Adolescência. Lei, n° 8069, 13/07/90.
BRASIL, Estatuto do Idoso. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.
BRASIL, Maria da Pintalei 11.340 de 7 de agosto de 2006.
MIRA Y LÓPEZ, Emílio. Manual de psicologia jurídica. Campinas: Servanda, 2015
RANGÉ, Bernard. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais / organizador Bernard
Rangé. Porto Alegre: Artmed, 2011.
SILVA, D. M. P. Psicologia Jurídica no Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Casa do
Psicólogo, p.39, 2003.

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