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RESUMO
A cadeia produtiva do leite desperta um interesse especial pela sua capacidade
de estabelecer relações com outras cadeias produtivas, por sua relevância comercial e
por sua importância social. Tendo isto posto, buscou-se neste artigo analisar os elos
produtivos que constituem a cadeia produtiva do leite, procurando evidenciar os
principais pontos de referência desta atividade no Brasil, tendo como recorte o Estado
do Rio Grande do Sul, e na Argentina. Desta forma, o artigo propõe-se a descrever
algumas relações, semelhanças e diferenças das cadeias produtivas do leite no Brasil,
Rio Grande do Sul e Argentina. A pesquisa se concentrou na literatura existente e busca
de dados em órgãos oficiais e privados que atuam junto à atividade leiteira nas regiões
estudadas. Buscou-se igualmente destacar pontos comuns e relações com outras cadeias
produtivas alimentares. Conclui-se, dentre outros pontos, que tanto no Brasil como na
Argentina o elo do processamento industrial se constitui no mais forte dos elos da
cadeia e é em torno dele que gravita a cadeia, pois são as indústrias de processamento
que inovam, desenvolvem novos produtos e movimentam maiores recursos físicos e
econômicos.
Palavras-chave: Cadeia produtiva, leite, Brasil-Argentina.
INTRODUÇÃO
Para Brum (2012), as cadeias produtivas são vistas como “sendo uma sucessão de
operações de transformação separadas entre si por um encadeamento técnico”. Ainda no
mesmo autor, uma cadeia produtiva pode ser conceituada como um conjunto de relações
comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um
“fluxo de troca, situado de montante a justante, entre fornecedores e clientes”. (BRUM,
2012).
A cadeia produtiva, no conceito de Brum (2012), abrange quatro grandes áreas. A
primeira, são áreas relacionadas à produção, com os produtores de insumos, máquinas,
implementos e todos os serviços de apoio, que possibilitarão ao produtor de um bem
gerar sua produção por meio do uso de seus fatores de produção. Na sequência,
encontra-se o sistema produtivo, que irá utilizar estes insumos para realizar a produção
em si. Em terceiro lugar se tem a indústria de transformação da produção
(agroindústria), que transforma o produto bruto em condições de ser utilizado pelo
consumidor. Por fim, encontra-se o bloco de distribuição, que envolve ainda o atacado
e o varejo, além de diversos serviços de apoio que são necessários para propiciar a
comercialização do produto ao consumidor final. De forma resumida, o processo é uma
sequência de atividades que transformam uma commodity em um produto pronto para o
consumidor final.
Por sua vez, Hansen (2004) agrega ao debate a origem desta denominação “cadeia
produtiva”. Segundo ele, uma cadeia produtiva, palavra derivada do francês filière –
fileira –, pode ser conceituada como:
Uma sucessão de operações de transformações dissociáveis, capazes de ser
separadas e ligadas por um encadeamento técnico, um conjunto de relações
comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de
transformação, um fluxo de troca. Situado de montante a jusante, entre
fornecedores e clientes, um conjunto de ações econômicas que presidem a
valoração dos meios de produção e asseguram a articulação das operações
(HANSEN, 2004, p.28)
Para realizar uma comparação das cadeias lácteas nas regiões de Buenos Aires
(BA) e o Rio Grande do Sul é preciso uma noção dos cenários gerais das cadeias
agroalimentares (CAA) nos dois países. A motivação de uma análise comparativa
regional de países diferentes pode resultar em políticas, sistemas, tipos de apoio ou
regulamentações que um ou outro país ainda não contempla em sua cadeia.
Segundo Lódola, Brigo y Morra em o documento Cambios estructurales en las
actividades agropecuárias -Capitulo II- da CEPAL, identificou-se na Argentina 31
cadeias agroalimentares (CAA) que geram um valor agregado (VA) total maior do que
113 bilhões de pesos; exportações de quase US$ 27 bilhões e mais de 1.800.000 postos
de trabalho.
A respeito do VA das CAA, os autores destacam que 29% do total se gera no
Estado de Buenos Aires, seguido em ordem de importância por Santa Fé, Córdoba,
Entre Ríos, Mendoza y Tucumán. Em conjunto, tais Estados representam 82% do VA
agroalimentar no país.
Na indústria leiteira, o elo manufatureiro tem maior peso no VA em comparação
com a média das CAA, correspondendo aos seguintes valores: produção primária 47%;
processamento industrial 45% (gera a maior proporção de ingressos econômicos na
cadeia) e serviços 8% do VA total.
Porém, segundo os citados autores nas cadeias não só se agrega valor no percurso
do produto, de um elo para outro, como também se pode agregar valor no mesmo elo,
ou seja, dentro da etapa primária a transformação de um produto implica agregar valor
dentro do mesmo elo sem passar a outra etapa da cadeia. A tabela 2 ilustra esta
característica, ao integrar a cadeia do milho com todas as associadas a ela como a carne
suína, bovina, de frango e do leite.
Tabela 2: Integração CAA Milho com as CAA associadas (em peso argentino)
É interessante observar que para satisfazer a CAA Leite se produz um pouco mais
de 485 milhões de pesos equivalentes de toneladas de grãos de milho que se tornam, em
combinação com outros inputs próprios da cadeia, em 2,16 bilhões de pesos de VA
adicional (2,64 bilhões de pesos de VA total na CAA Leite menos 485 milhões de pesos
de input de grãos de milho).
A província de Buenos Aires é a principal geradora de VA no contexto do CAA
Leite com (43%). Santa Fé (30%) e Córdoba (21%) se colocam em segundo e terceiro
lugares. A fatia de VA do Leite no total das 31 CAA é de 12%, só sendo superada pela
Soja (26%) e pela Carne Bovina (14%).
Os órgãos do Estado relacionados à geração de conhecimento, informação,
certificação e atividades de apoio são principalmente dois. O Instituto Nacional de
Tecnología Industrial (INTI), com sua secretaria centralizada denominada Centro de
Lácteos, órgão dependente do Ministério de Indústria. Outra instituição importante é o
Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA), com programas
descentralizados em todo o país, sendo órgão dependente do Ministério de Agricultura.
Também existem ligações com universidades e empresas ou redes de laboratórios
(Redelac) dentro da cadeia, onde se fornecem informações e avanços (Mateos et al.,
2009).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BATALHA, Mário Otávio. Gestão agroindustrial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
PAULON, Miguel. O Capital Social na Cadeia do Leite. Rafaela, Santa Fé, 2010.
Disponível: http://www.inti.gob.ar/lacteos/pdf/pymes-lacteas/capital_social_Cad_Lac_
Miguel_Paulon_CIL.pdf> Acesso em: 10 dez, 2013.
PIRES, Fátima. Minas Gerais é o maior produtor de leite do Brasil. Rank Brasil. Dez,
2012.Disponívelem:<www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/06rp/Minas_Gerais_E
_O_Maior_Produtor_De_Leite_Do_Brasil>Acesso em: 28 ago, 2013.
PRESTES, Felipe. Cadeia do leite é a que mais evita o êxodo rural, mas requer
qualificação.Jornal Online Sul 21. Mai, 2013. Disponível em:
www.sul21.com.br/jornal/destaques/cadeia-do-leite-e-a-que-mais-evita-o-exodo-rural-
mas-precisa-de-qualificacao-11/>Acesso em: 28 ago, 2013.