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Andrade (2016, p.

249), pontua que “a história boliviana, desde sua


independência foi em grande parte uma trajetória em busca da soberania nacional, o
que significou em diferentes momentos iniciativas políticas pela reapropriação dos
recursos naturais para forjar um processo autônomo de desenvolvimento
econômico. Pode-se afirmar que a nacionalidade foi construída a golpes nas
camadas populares que se chocaram com os grandes proprietários estrangeiros”, ou
seja, a revolução boliviana nasceu desses processos, com momentos de
mobilização política e social intensa. Sabe-se que essa mobilização foi alimentada
pelo surgimento dos partidos de oposição. O Partido Operário Revolucionário
defendia a necessidade de uma revolução socialista sob a liderança de
trabalhadores operários como vanguarda da maioria nacional. Assim o golpe militar
transformou-se em revolução pois a população tomou o movimento para si, vitoriosa,
desejavam respostas rápidas para as suas reinvidicações, queriam a distribuição de
terras, a nacionalização da mineração do país, o fim do exército e o direito ao voto.
A questão da mineração foi um dos primeiro obstáculos a ser enfrentado pelo
novo governo. Em 1952, os operários e camponeses fundaram a Central Operária
Boliviana sob a liderança dos sindicatos mineiros, desde a sua fundação os
principais sindicatos e movimentos camponeses do país se dirigiram para a nova
central, que se transformou no grande centro popular da revolução boliviana, com
maior poder que o próprio governo.
A revolução boliviana conseguiu afastar a burguesia formada pelos
mineradores e fazendeiros, propondo uma revolução em que trabalhadores
operários e camponeses assumissem o poder, propondo a ocupação direta das
terras pelos camponeses, nacionalização de todas as minas pelo controle operário e
formação de um exército revolucionário.
Bernal (2017, p. 237), afirma que “El Salvador começou a década de 1950
com uma nova constituição surgida da chamada revolução de 1948, que iniciou um
projeto de modernização e reforma do país”, ou seja, a constituição abandonou os
postulados liberais e orientou a intervenção do Estado na economia, dando um
papel importante na implementação de políticas sociais. Se por um lado a indústria
foi promovida o que implicou a intervenção direta do Estado nas área de construção
civil, infra-estrutura, energia e educação, por outro lado apostaram na diversificação
da agricultura de exportação, obtendo bons resultados no mercado internacional.
Não é estranho, então, que foi na década de 1970 que a idéia de uma revolução da
esquerda pelo caminho armado assumirá a força. Com o passar daquela década
emergiram quatro organizações político-militares que desafiou o sistema político
predominante. eles começaram como pequenos grupos de radicais, organizados
como células de guerrilha urbana, mas les cresceram rapidamente e articularam-se
com êxito com um forte movimento popular, composto principalmente de
trabalhadores, estudantes e camponeses. Este vínculo efetivo entre organizações de
guerrilha e o movimento social é uma das chaves que explicam a força do projeto
revolucionário em El Salvador.

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