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Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR

ESTUDO DE CASO
atividade avaliativa
Professora: Patrícia Peroger
Disciplina: Altas Habilidades e Seperdotação
Acadêmicos: Daiana Martin;
Elizabeth Gonçalves;
Felipe Gleden;
Patrick Alves;
Tania Regina Barillari Gomes

G. menino 8 anos
Os pais solicitaram essa avaliação após a escola relatar comportamentos de
desatenção e agitação motora do aluno.
Durante o processo de avaliação foi cooperativo e dedicado para a
realização das atividades. Mostrou acentuada animação e motivação durante a
testagem.
Opinou e fez relações entre os testes e ficava preocupado e um pouco
irritado quando achava que não tinha acertado a resposta, verbalizando “gosto de
dar resposta perfeitinha”.
Manteve-se sentado durante a sessão, levantando poucas vezes entre as
atividades, mas em alguns momentos cantarolava dizendo: “não posso perder a
atenção”.
Apenas em uma atividade (de fluência verbal), andou pela sala enrolando a
camiseta com as mãos e dizendo: “deixa eu pensar, essa é difícil”.
Quando sentado, manteve-se balançando na cadeira e mexendo nos
materiais caso estivessem disponíveis em cima da mesa (lápis, borracha, régua).
Relatou sentir-se ansioso quando quer fazer algo que gosta e que, às vezes,
grita na escola quando dizem que ele errou uma resposta (e que ele acredita que
não errou).
Em contato com a escola, a professora relatou que existe uma dificuldade no
aspecto social. G. fez vínculo com um colega, mas às vezes se desentendem, pois
as preferências pelas brincadeiras variam muito.
Já com os demais colegas conversa e interage, mas é preciso mediar
algumas vezes, pois é impulsivo quando alguém o desafia ou não realizam o que
quer (como em jogos de competição) Nessa situação, fica muito agitado, usa
vocabulários inadequados e precisa de ajuda para se acalmar.
Questionário SNAP IV - desatenção e hiperatividade
Os pais não apontaram de forma significativa nenhum sintoma de
desatenção, assinalando quase todos os itens como “só um pouco” (8/9).
O mesmo questionário respondido pela escola pontuou positivo para
sintomas de desatenção (6/9), com os seguintes itens assinalados como bastante ou
demais:
1. não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros
por descuido nos trabalhos da escola,
2. tem dificuldade em manter a atenção em tarefas,
3. parece não estar ouvindo quando se fala com ele,
4. tem dificuldade para organizar tarefas e atividades,
5. evita ou não gosta de se envolver em tarefas que exigem esforço
mental prolongado,
6. distrai-se com estímulos externos.
Já para sinais de hiperatividade/impulsividade pontuou de forma significativa
(9/9) tanto no relato dos pais quanto da escola:
1. mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira,
2. sai do lugar na sala de aula ou outras situações em que se
espera que fique sentado,
3. corre de um lado para o outro ou sobe demais nas coisas em
situações em que isto é inapropriado,
4. tem dificuldade de brincar ou envolver-se em atividades de lazer
de forma calma,
5. não para ou frequentemente está a mil por hora,
6. fala em excesso,
7. responde a perguntas de forma precipitada,
8. tem dificuldade de esperar a sua vez,
9. interrompe os outros ou se intromete nas conversas.

Conforme relato da professora, G. é uma criança mais ativa que os demais


da sala e tem dificuldade em ficar mais que 10 minutos em silêncio. Ele precisa estar
o tempo todo em movimento: muda de posição na cadeira, senta-se de joelhos,
levanta várias vezes do lugar.
Porém, permanece concentrado quando está fazendo o uso da letra cursiva
para registros de suas atividades, a qual tem interesse desde o início das aulas.
O relato dos pais e da escola coincidem quanto a:
1. a criança apresenta menos comportamentos inadequados
quando interessada na tarefa,
2. sua fala excessiva ou interrupções condizem com sua
necessidade de compartilhar informações/mostrar que sabe a
resposta,
3. a criança aparece desatenta, mas sabe repetir instruções,
4. nivelamento acadêmico melhora o comportamento,
5. a criança fica completamente absorvida pela tarefa quando esta
é do seu interesse,
6. As interrupções em conversas são geralmente com o intuito de
corrigir erros dos outros.

outros comportamentos: - dificuldade em manter as amizades - crítica


exacerbada aos outros - boa autopercepção - rigidez cognitiva - insiste no seu ponto
de vista - fala acelerada - agitação motora - interrompe a fala da professora com
frequência (para acrescentar sobre o tema)

questões:

1) Quais perguntas fariam para investigar mais?


a) Quais atividades G. gosta de fazer?
b) Quais atividades a família gosta de fazer com G.?
c) G. tem contato com outras crianças fora do ambiente escolar?
d) Com quanto tempo G. começou a falar?
e) G. ou a família tem algum animal de estimação?
f) G. faz joga, ou faz uso de celular ou equivalente? Quanto tempo?
Desde que idade?

2) Quais hipóteses diagnósticas?


Com base nos resultados apresentados observa-se uma predileção as
condições de enquadramento para Altas Habilidades como aproximação ao efeito
teto para os índices compreensão verbal e organização perceptual do WISC-IV, bem
como um escore inferior ao desempenho apresentado por G. no índice velocidade
no processamento de informação.
Também se observa-se comportamentos que atendem os critérios
diagnósticos para Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade com predomínio
de apresentação dos sintomas hiperativo-impulsivo.
Há a possibilidade de um diagnóstico de dupla excepcionalidade, entretanto
sugerimos não fechar o diagnóstico de dupla excepcionalidade para ALtas
Habilidades TDAH hiperativo-impulsivo. Diante da predisposição de G. em que o
nivelamento acadêmico melhora o comportamento, sugerimos desta forma o
acompanhamento em psicoterapia por no mínimo seis meses antes que o
diagnóstico seja fechado.

3) Qual intervenção?
Psicoeducação com a família e com o G. sobre as condições de
excepcionalidades.
Trabalhar o treino em reconhecimento das emoções;
Psicoeducação com os pais sobre estilos parentais e a aplicação dos
diversos modos de parentalidade na vida cotidiana;
Aplicações práticas do reconhecimento de emoções em situações cotidianas
da vida real utilizando como recursos lúdicos cenas de filmes, desenhos e a própria
experiência de vida de G.;
Feedback para a família dos temas trabalhados e psicoeducação sobre o
reconhecimento das emoções na vida cotidiana;
Trabalhar com a flexibilidade cognitiva a partir de jogos e invenções de
histórias exemplo: jogos como Dungeons & Dragons;
Treino em habilidades sociais com a prática de role playing;
Sugestão para a escola e os professores adotarem práticas educativas que
tenham como meio de realização atividades colaborativas e cooperativas;
Reavaliação do quadro de TDAH após seis meses de acompanhamento em
psicoterapia;
Encaminhamento para Avaliação Médica Neuropediatra após seis meses de
acompanhamento em psicoterapia caso não ocorra remissão dos sintomas de TDAH
hiperativo-impulsivo;
Inserção num grupo esportivo ou equipe fora do ambiente escolar para
estímulo de sua socialização entre pares em outro ambiente.

4) Qual papel da escola? O que poderia ser feito no ambiente escolar?


Sugestão para a escola e os professores adotarem práticas educativas que
tenham como meio de realização atividades colaborativas e cooperativas;
Dado um diagnóstico, a escola deveria estar a par e se atualizar em
conhecer o quadro do G. para pedagogicamente estar preparada para dar o seu
melhor.

5) Qual papel da família?


A família tem o papel de realizar o papel de educação moral e afetiva dentro
de um estilo parental que proporciona as bases para a auto regulação de G. todavia
a família precisa ser orientada e capacitada frente algumas possibilidades de
enfrentamento de situações adversas como conflitos interpessoais entre G. e
professores, entre G. e colegas, desmotivação para frequentar a escola.
Cabe a família dar suporte incondicional a criança em todo o seu processo e
ir garantindo quanto possível que G. tenha recursos possíveis a seu favor. Pra tal, a
família precisa trabalhar em conjunto com os profissionais e instituições que G.
frequentar.

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