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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

Vinicius Merceis Silva e Rute Oliveira

Resumo sobre a obra: “Técnicas de comunicação escrita”.

FEIRA DE SANTANA
2022
Vinicius Merceis Silva e Rute Oliveira

Resumo sobre a obra: “Técnicas de comunicação escrita”.

Trabalho apresentado à disciplina


“Laboratório de pesquisa e produção
textual”, do curso de graduação de
Licenciatura em Matemática, como
requisito parcial do processo avaliativo da
disciplina.

Prof. Antônio Anilson Rodrigo da Silva

FEIRA DE SANTANA
2022
BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 8°. ed. São Paulo: Ática,
1990.

RESUMO:

O capítulo revela o diálogo entre uma secretária e o seu gerente, que desejava
viajar de trem às 8 da noite para o Rio de Janeiro, o gerente então escreve uma carta
para a sua secretária fazendo um pedido, o gerente pediu na carta que sua funcionária
comprasse uma passagem de trem para ele viajar até o Rio de Janeiro, mas erros
gramaticais fazem com que a secretária entenda a carta de outra maneira. A secretária
justifica os motivos de ter entendido a carta de uma maneira completamente diferente
da que o gerente queria, ela explicita que na carta, há um erro ortográfico grave, o
gerente escreveu “reservar” com “z” e não com “s”. Além disso, o gerente pecou a não
especificar o que queria, ele queria que a funcionária comprasse uma passagem em
uma cabine com leito, mas não foi direto na sua mensagem o que fez que a secretária
ficasse confusa. A secretária também aponta erros de sintaxe e de pontuação na carta
do gerente, o que gerou ambiguidades, ela se solidarizou com a forma que o gerente
escreveu e o deu uma lição, refazendo a carta e o ensinando a “escrever bem”.

A princípio, os segredos para escrever bem seriam : a) obedecer às regras


gramaticais, evitando erros de sintaxe, de pontuação, de ortografia, etc; b) procurar a
clareza, evitando palavras e frases obscuras ou de duplo sentido; c) agradar o leitor,
empregando expressões elegantes e fugindo de um estilo muito seco. Mas ao
examinar bem a história do gerente, percebe-se que há outros erros, que vão além
destes.
Em um trecho do diálogo o gerente faz a seguinte pergunta: “(...) Será que eu
escrevo tão mal assim? Meu bilhete está tão claro, tão simples...” Esse é o primeiro
tropeço do gerente, já que seu bilhete estava tão confuso que gerou ambiguidades,
para saber se uma mensagem está correta, precisa-se saber antes se a interpretação
de alguém sobre a mensagem é exatamente a forma como você queria que
interpretassem. Escrever bem é uma questão de sobrevivência, portanto se faz
necessário passar a mensagem que quer corretamente transpassando de forma
simples e direta o conteúdo para o leitor. Conclui-se então que: 1) Toda comunicação
escrita deve gerar uma resposta a uma determinada ideia que se tem em mente. 2)
A comunicação escrita será correta e eficaz se produzir uma resposta igualmente
correta. 3) Uma correta resposta é a que se espera, isto é, aquela que corresponde à
ideia ou necessidade que se tem em mente. 4) Para avaliar a eficácia de uma
comunicação escrita deve-se se ater a duas perguntas: a) Houve uma resposta? B) A
resposta condiz com a ideia ou necessidade que se deseja transmitir ao leitor?
Em outro trecho, o gerente pergunta: “Estava tudo tão claro, tão óbvio na minha
cabeça... será que a sua cabeça é assim tão diferente da minha...?” Este é o segundo
tropeço do gerente, pois com certeza há divergências entre os seus pensamentos e
os da secretária. Não é nenhuma novidade que cada indivíduo possui uma
organização de ideias particular a ele mesmo, a única forma do gerente repassar o
que queria para a cabeça de sua secretaria seria escrevendo bem.
Escrever bem é tornar comum o seu pensamento, a própria palavra
“comunicação” provém da palavra “comum”. É necessário ser transparente na sua
forma de explicitar um pensamento, para que outra “cabeça” consiga entender um
conteúdo a partir da sua. Porém, não basta se comunicar bem e tornar comum um
ideal, é necessário instigar o leitor a produzir uma resposta a partir da mensagem lida.
Em um trecho do diálogo, a secretária diz o seguinte: “Da próxima vez, se o
senhor quiser me deixar bem contente, o senhor poderia colocar um “por favor” ou um
“muito obrigado”, sabe, alguma palavrinha assim, só pra me agradar. A gente faz o
serviço com mais boa vontade. Quer ver como ficaria mais bonito?...”. Conclui-se que
faltou delicadeza, gentileza ao gerente. O que dificulta o processo de produzir uma
resposta no leitor. Elementos persuasivos deveriam ser inseridos no texto, para que
incitassem o leitor a corroborar com o pedido. Uma “suavidade” no texto pode possuir
uma função “lubrificante” tornando o texto gentil e aumentando a vontade de colaborar
do leitor. O terceiro segredo então, diz que escrever bem também é persuadir.
A comunicação escrita e eficaz está assentada em um tripé, deve-se saber
tornar um pensamento comum, produzir uma resposta e persuadir o leitor. De nada
adianta seguir todas as regras gramaticais e ter deixado um dos elementos desse tripé
escorregar.
Apesar da teoria, na prática há interferências que podem abalar esse tripé,
entre elas estão: a) Interferência física: dificuldade visual, má grafia de palavras,
cansaço, falta de iluminação, etc; b) Interferência cultural: palavras ou frases
complicadas e ambíguas, diferenças de nível social, etc; c) Interferência psicológica:
agressividade, aspereza, antipatia, etc. Na história anterior é possível detectar várias
dessas interferências, até por parte da própria secretária que não soube “responder”
corretamente aos erros do gerente e provocou um certo desespero no mesmo.
Denominamos ruídos as interferências de ordem física, cultural ou psicológica que
podem: a) Provocar o desabamento do tripé da comunicação; b) Levar o destinatário
da mensagem a produzir uma resposta “incorreta”, isto é, não esperada ou não
desejada pelo autor da mensagem. Para evitar interferências e ruídos, é preciso
conhecer a estrutura da comunicação, o seu mecanismo interno e o funcionamento
das peças que compõem tal mecanismo.

Em toda a história acima, houve 3 peças fundamentais: remetente, mensagem


e destinatário, deve-se compreender a função de cada uma dessas peças.
É normal conhecer a existência de um remetente e um destinatário quando o
assunto é comunicação, mas não é normal o conhecimento das suas reais funções,
que vão além de enviar uma carta e receber uma carta, respectivamente. O papel do
remetente é dar origem a comunicação, e incitar uma resposta no destinatário, que
por sua vez deve atender as expectativas, interpretando a resposta de forma correta,
conforme o desejado. Cabe ao remetente também: a) Verificar se o destinatário
entendeu a mensagem e está ciente da resposta que deverá produzir; b) Verificar, em
caso de resposta incorreta, quais os ruídos que impediram o destinatário de produzir
a resposta esperada ou desejada. Quando se escreve uma mensagem, o remetente
não deve pensar apenas em si mesmo, mas também no destinatário.
O destinatário não deve ficar de braços cruzados, tem de assumir o papel de
um leitor atento, procurando entender o conteúdo de forma correta e não se distrair
no processo, no processo de comunicação portanto, destinatário e remetente devem
assumir seus papéis para que ruídos e interferências sejam evitados.
Mentes humanas não são transparentes, há vantagens e desvantagens dessa
realidade, a desvantagem é que projetos e ideias brilhantes não podem ser
simplesmente repassados para os outros de forma simples e instantânea, devem ser
passadas através de uma mensagem, mas no quê consiste uma mensagem?
A mensagem resulta da associação de uma ou mais ideias a um determinados
estímulos físicos, ligada a um estimulo físico a ideia torna-se comum ao remetente e
ao destinatário. Duas etapas deveriam guiar a história: a) O gerente elabora uma ideia
e a associa à estímulos físicos (palavras escritas), formando a mensagem escrita para
a secretária; b) Ao ler a mensagem, a secretária capta os estímulos de natureza visual
(palavras escritas) e extrai a ideia que lhes foi associada.
A mensagem é constituída de um conjunto de unidades menores que associam
estímulos físicos a uma ideia, essas unidades são denominadas signos. O signo é a
unidade formada por um estimulo físico como (sons, letras, imagens, gestos, etc.) e
uma ideia. Possui duas faces, significante que é o estimulo físico e significado que é
a ideia. Num sistema de comunicação escrito, as palavras são os significantes e os
conceitos atrelados à ela são os significados, já no visual os símbolos são os
significantes, e os conceitos que se desejam representar com aqueles símbolos são
os significados. Resumo: a) A mensagem é constituída de uma ou mais unidades que
denominamos signo; b) O signo resulta da associação entre o significante (estímulo
físico) e o significado (ideia ou conceito). No ato comunicativo, as ideias do remetente
serão comuns ao destinatário, quando: a) O remetente transformar tais ideias em
mensagem, isto é, associá-las a estímulos físicos ou significantes, formando signos;
b) O remetente enviar a mensagem, constituída de signos, ao destinatário; c) O
destinatário receber os signos, captando os significantes e entendendo os significados
ou ideias a eles associados.
Passar uma mensagem transmitindo ideias através de signos permite o “tornar
comum”, porém, nem sempre o signo é interpretado de forma correta, para evitar isso
é necessário que a ligação entre significado e significante permaneça intacta no
decorrer de todo o processo comunicativo.
Para manter um signo instável, deve se haver um consenso em relação a um
determinado significante, pois ele é um código. Um código controla uma relação entre
um determinado signo e um determinado significado, e a partir se torna possível a
junção desses dois elementos em um signo, posteriormente.
O processo de ligar um significante a um determinado significado para depois
estabelecer um signo se chama codificação, o processo contrário, que cabe ao
destinatário já que ele interpreta o signo ligando um significante a tal significado, se
denomina decodificação. O processo de decodificação se faz decisivo no
entendimento do signo, se há uma decodificação errada, há um entendimento errado
do signo. Na maioria das vezes falhas na decodificação são decorrentes de falhas no
processo de codificação, cuja responsabilidade é do remetente.
O domínio do código é essencial para a eficácia do processo de
codificação/decodificação, se o destinatário não conhece o código a produção da sua
resposta pode não ser condizente com o desejado pelo remetente. No caso da
secretária e do gerente, o gerente poderia ter utilizado um código que estivesse mais
ao “alcance” do público.
Porém, o domínio do código não basta, é necessário que o código gere uma
resposta unívoca, não suportando ambiguidades na conexão entre significante e
significado, acontece nos casos onde há um código fechado.
A discussão entre o gerente e sua secretária se deu também porque o código
não era estável, se tratava de um código aberto, ou seja, o significante não possuía
apenas um significado, o que levou à resposta indesejada pelo gerente. Por exemplo:
no trecho da carta em que o gerente pede: “reservar um lugar à noite”, pode-se
decodificar o significado de maneiras diferentes, se quer um lugar específico ou
qualquer lugar? Quer que seja reservado um lugar no trem noturno ou quer que se
faça a reserva no período noturno? A flutuação do código permite mais de uma
descodificação.
A depender do contexto o uso de um código aberto só poderá gerar confusões,
ansiedade, desentendimentos, etc. Num ambiente administrativo por exemplo, deve-
se usar um código fechado, contextos profissionais não admitem ambiguidades.
Se os objetivos de comunicação não forem necessariamente precisos, pode-se
usar um código aberto a depender do contexto cultural, por exemplo: Em vez de dizer
que o aumento não será concedido, um empresário poderá declarar: “O assunto está
sendo estudado com carinho” Utilizando signos abertos justamente para causar
flutuações, confusão e até ambiguidade premeditada e irônica.
Com isso, se chega à duas condições necessárias para uma descodificação
eficaz: a) conhecimento do código; b) Utilização de códigos fechados (nos casos onde
se busca obter uma resposta clara e uniforme). Obs: são condições necessárias, mas
não suficientes.
No trecho onde o gerente diz: “Eu não entendo, francamente, eu não entendo:
todo mundo aqui na firma já está cansado de saber que eu não gosto de viajar de
avião, que eu só viajo de trem noturno, que sempre me reservam uma cabina com
leito, que eu adoro viajar em cabina com leito... poxa, mas onde foi que eu errei?” esta
estranha certeza do gerente foi uma das responsáveis pelo desentendimento. O
gerente desconsidera a possibilidade da secretária não ser experiente o suficiente e
não ter esse grau de conhecimento sobre a sua vida, algo que nunca deve-se ignorar,
já que são fatores que contam no processo de descodificação, essa experiência e
grau de conhecimento denomina-se repertório.
O repertório vem a ser toda uma rede de referências, valores e conhecimentos
históricos, afetivos, culturais, religiosos, profissionais, e científicos que se cultivam ao
decorrer da vida. Essas referências e valores variam de indivíduo para indivíduo, de
comunidade para comunidade. Assim, repertórios diferentes geram visões de mundo
diferentes, e consequentemente começam a surgir ruídos no processo de
descodificação.
É necessário conhecer o repertório do destinatário, para que se passe uma
mensagem clara e objetiva, provocando o entendimento correto. Na discussão, o
gerente desconsiderou a chance da secretária não entender o signo “lugar” como uma
”cabina com leito” e sim como ”qualquer lugar”, são esses desencontros que abrem
as portas da comunicação para ruídos.
É preciso se ater também a um ruído fatal, o estereótipo, que é uma espécie
de ideia solidificada para determinadas situações, os estereótipos podem ser
importantes em alguns casos da vida, pois contém uma prévia ideia sobre algo, mas
têm seus perigos pois podem distorcer o processo de comunicação já que se deduz
uma ideia particular mesmo em casos onde não se está presente no momento, para
comprová-la.
Eis a nova lista das condições necessárias a uma descodificação eficaz: a)
Conhecimento do código; b) Utilização de códigos fechados; c) Conhecimento do
repertório do destinatário; d) Conhecimento do repertório do contexto cultural ou
profissional com que se está lidando. Apesar de conhecer o repertório do destinatário
e do remetente, o processo de comunicação ainda não está garantido, pois o mesmo
precisa ser transportado por um... veículo.
Veículo pode ser definido como o objeto usado para transportar a mensagem
até o destinatário, no caso do gerente foi uma folha de papel em formato de ”bilhete-
rápido”. Há diferentes tipos de veículos, e a sua utilização depende de alguns fatores
como: a) Conteúdo e condições de emissão da mensagem; b) Objetivos do remetente;
c) Situação e contexto da comunicação entre remetente e destinatário; d) Condições
de recepção da mensagem. Em casos onde se quer alcançar o destinatário de forma
rápida pode-se usar um bilhete rápido, telegrama, etc. Em outras ocasiões pode-se
apelar para uma carta ou um ofício, há ainda casos onde deseja-se atingir um público
em grande quantidade, caso haja posição financeira suficiente se faz pertinente a
expansão de um comunicado através de grandes mídias jornalísticas.
A mensagem certa deve ser utilizada no veículo certo, seria difícil transpor uma
dissertação filosófica sobre o racismo em uma história em quadrinhos, sem usar as
adaptações necessárias. O veículo utilizado também deve se modificar de acordo com
as condições do destinatário, um cego não seria capaz de entender uma mensagem
contida num veículo como uma carta, por exemplo. Portanto, uma das últimas lacunas
para uma comunicação eficaz é o uso adequado do veículo. Note, no entanto, que
esse uso não é a última dessas lacunas, isso porque o terceiro segredo da
comunicação eficaz é torná-la atraente.

Se a mensagem não contiver alguns atrativos o leitor não será ”agarrado” e a


descartará. Faz-se necessário utilizar de alguns “ganchos” para pescar a atenção do
leitor.
Uma técnica bastante utiliza é “esfriar” o texto, se o texto possui uma linguagem
muito complicada e é muito extenso ele provoca um “aquecimento” no leitor que
resulta em um cansaço, se faz necessário a preferência por uma linguagem simples
e curta para gerar menos esforço no processo de descodificação e atrair o leitor.
O canadense Marshall McLuhan é o responsável pela teoria da “temperatura”
em comunicação, em seu livro ”Understanding Media” de 1964 ele divide os meios de
comunicações em dois: os quentes, que repassam informação de alto teor formal e
com uma grande frequência e os frios, que contém poucas informações, são menos
rigorosos e exigem menos esforço no processo de descodificação por parte do leitor.
Veículos quentes seria um livro técnico, enquanto um veículo frio seria uma revista
em quadrinho, o rádio, etc.
Apesar dos atrativos, as mensagens e veículos frios devem ser utilizados com
cuidado de acordo com o contexto, se um técnico de informática lhe pede um relatório
sobre oq aconteceu com um computador, é necessária uma linguagem técnica e
extensa, descrevendo com precisão os acontecimentos, seria inevitavelmente um
texto "quente". Agora, se o objetivo principal é fazer um convite para uma festa, seria
oportuno a utilização de alguns ganchos frios como atrativos, utilização de imagens,
textos decorados e curtos, tudo isso para atrair a atenção do leitor.
Outra forma de tornar um texto menos maçante é recorrer a elementos
visuais, como imagens, gráficos, etc. Esses ganchos visuais poupam o leitor da
dificuldade de descodificar um texto, aprimorando e tornando mais rápido o
processo.
Os vendedores costumam recomendar aos jovens iniciantes: se não podem
mostrar o produto ao cliente, não falem muito a respeito dele, já que um
emaranhado de informações só tende a dispersar a atenção, é válido substituir esse
emaranhado por alguns signos visuais, que também podem ser chamados de signos
icônicos. A vantagem se dá pois o signo icônico não depende tanto do conhecimento
de um código quanto o signo linguístico. A decodificação de um signo linguístico é
linear, o leitor descodifica linearmente a sequência de letras e sons que compõem o
significante verbal. A descodificação do signo icônico é contínua e global, pois a
imagem não se dispõe em sequência, mas de um modo contínuo e ininterrupto. A
descodificação do signo visual torna-se, portanto, muito mais rápida do que a do
signo linguístico.
Apesar de um texto linear precisar conter muitas informações para atingir o
seu real objetivo, mensagens lineares também podem conter algumas doses de
iconicidade, basta seguir algumas técnicas.
Primeira técnica: concisão e economia, uma boa técnica para diminuir a
linearidade de um texto é reduzir a sua redundância e prolixidade, é necessário que
a mensagem passe por um "enxugamento" e repasse apenas o necessário, autores
como Machado de Assis e Clarice Lispector eram mestres nessa arte.
Segunda técnica: planejamento coerente e objetivo à vista, muitas
mensagens escritas pecam pela mistura de assuntos, pela confusão de ideias e, pior
ainda, pela diluição do objetivo. Deve-se usar a pontuação de forma inteligente para
tornar o assunto mais claro e objetivo.
Terceira técnica: disposição visual ou leiaute, "leiaute" do inglês lay-out diz
respeito à disposição datilográfica. Para um leiaute mais objetivo o texto tem de ter
parágrafos e uma separação nítida de assuntos, afim de facilitar a descodificação da
mensagem. Convém planejar, portanto, a disposição visual ou o "leiaute" do texto,
buscando sempre: a) distribuição coerente de assuntos por parágrafos; b)
datilografia "limpa", com bom espaçamento; c) destaque para determinado assunto
ou questão por meio do uso de letras especiais, grifos etc; d) visualização de
seqüências com uma divisão em itens (I, II, III ou A, B, e etc); e) utilização de
gráficos, esquemas, desenhos etc. Com o gancho da iconicidade a mensagem se
torna eficaz. É comum no entanto, que a mensagem embora descrita corretamente
se apresenta "sem graça" e até mesmo "feia" ao leitor, temperá-la com alguns
elementos emotivos atrai a atenção do leitor. Ao utilizar expressões afetivas e
poéticas se lubrifica o processo de descodificação, inclusive com esses recursos,
que poetas como Manuel Bandeira comovem seus leitores. Trata-se de não "vender
barato" as informações que se devem comunicar, é necessário recheá-las de
emoção e poesia.
O gerente poderia recitar a seguinte poesia para a sua secretária:

Você,
que é meu anjo tutelar,
vá cedinho à estação ferroviária,
assim quo raiar a aurora de róseos dedos,
e compre uma passagem no trem das oito da noite
para a cidade do sol e das praias.
Não esqueça, grave em seu coração:
Se eu não for para o Rio de Janeiro,
Adeus cliente...
Adeus dinheiro...

Com um bilhete assim poético e afetivo, a secretária seria "pescada" pelo gerente.

Está caindo o preço do dólar!


Nevou no Rio de Janeiro!

Frases como essas geram ruídos, mas nesse caso não são ruins, pois geram
um espanto no leitor e chamam a sua atenção, publicitários e jornalistas trabalham
muito com esse tipo de gancho gerando signos ambíguos e inesperados, que fogem
do padrão.
O livro encerra os ganchos com um texto de um renomado escritor, Graciliano
Ramos, digno de todos os artifícios que a linguagem possui e que leva a um
objetivo: escrever bem.
Comentário crítico: Vinicius Merceis Silva

O livro trata de um assunto de extrema importância, porém, essa importância


é ainda maior para profissionais da área de licenciatura, pois do professor são
exigidas competências comunicacionais para se atingir os objetivos dentro de uma
sala de aula, uma comunicação assertiva por parte de um professor, afeta até
mesmo o desempenho escolar dos seus alunos.
Por vezes, é nos dada a impressão de que conhecemos totalmente a língua
portuguesa e temos domínio o suficiente para ministrá-la da maneira que queremos,
porém, a língua contém infinitos segredos e é quase impossível alcançar a perfeição
no uso da mesma, mas o livro apresenta muitas técnicas até então desconhecidas
por minha pessoa que auxiliam nesse processo de alcançar a “perfeição”.
Técnicas como esfriar o texto, ganchos atrativos, etc; nunca foram
apresentadas antes para mim, e possuem o seu devido valor de fato, já que mesmo
que nunca tenhamos ouvido falar de tais técnicas, percebemos a importância delas
na leitura que fazemos no dia-a-dia.
Todo profissional que deseja alcançar o próximo com o poder da palavra
deveria fazer leitura de tal obra, o modo com que é trabalhada as funções do
remetente e do destinatário nos informa que não o processo de envio de uma carta
não é algo simplório, mas há todo um estudo sobre quem está recebendo aquela
carta, quem está enviando e o modo com que aquela carta foi enviada.
Outra ideia do livro que me interessou, foi a que fez analogias entre um texto
linear e poemas, de forma a deixar o texto mais descontraído, para pessoas que
gostam de poesias essa analogia é bastante útil, já que não só a leitura do texto vai
se tornar mais prazerosa, mas também a produção, é melhor trabalhar com um
formato de texto que nos agrada, do que produzir um texto entediante e extenso.
Em breve resumo, o texto me apresentou técnicas que nunca antes tinha
escutado em minha vida, me ensinou sobre a importância de se escrever bem, e os
impactos de uma boa, e de uma ruim escrita. Ademais, recomendaria a obra para
todos aqueles que desejam mais do que escrever, mas causar um impacto com o
que escreve e atingir os seus verdadeiros objetivos.
Comentário crítico: Rute Oliveira

O livro Técnicas de Comunicação Escrita, de Izidoro Blikstein, é como


uma receita detalhada de como se deve escrever corretamente. A obra deixa claro
que a escrita deve ir além da obediência às regras gramaticais e evitação de erros
de sintaxe.
Segundo o exemplo que Blikstein trouxe no primeiro capítulo, onde o
gerente deixa um bilhete mal escrito e, consequentemente, é mal interpretado por
sua secretária, o faz definir a escrita como necessária à sobrevivência (ao invés de
luxo, exibicionismo ou ostentação esnobe de conhecimentos gramaticais).
A partir do ponto em que o gerente não consegue passar o que pensa para o
bilhete e o faz chegar de uma forma totalmente confusa e com múltiplos sentidos à
secretária, a mesma não reproduz corretamente a resposta do que lhe foi confiado e
prejudica o seu gerente. Dessa forma, aprendemos que ao escrever qualquer
mensagem ou texto, devemos, antes, nos atentar à resposta do destinatário; nos
colocar no lugar de quem irá ler e passar informações que condizem com o nosso
pensar, não deixando brechas para questionamentos ou diferentes formas de
compreensão que não deveriam existir.
Esse exemplo em específico tratado na obra é acompanhado de todo
detalhamento sobre o tripé da comunicação (produzir resposta, tornar o pensamento
comum e persuadir) e seus possíveis ruídos (físico, psicológico e cultural),
informações essenciais para nos guiar na formação de uma linguagem direta, com
respostas concretas e livres de desentendimentos.
Seguindo a mesma linha anterior, o autor define as peças mais importantes
para a comunicação: remetente, mensagem e destinatário. O que só afirma a
importância da definição de um caminho a ser seguido para chegar em uma
mensagem direta e livre de desentendimentos. O remetente - quem envia a
mensagem - deve sempre pensar na resposta do destinatário - quem a recebe. Isso
nos faz pensar duas vezes antes de enviar ou falar qualquer coisa: primeiro
pensamos na mensagem que queremos passar e, logo após, refletimos como o
outro irá captar a mesma, assim, geramos uma confiança muito maior tanto ao
transpassar quanto ao receber a devida mensagem. Ao analisar tal parte da obra, a
qual julgo - talvez erroneamente - mais importante, chegamos à conclusão que no
fim, para aprendermos a ser bons remetentes, devemos ser também um bons
destinatários.

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