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FAZENDA PÚBLICA

EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo

Sumário
Luciana Lima

Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
A Fazenda Pública em Juízo........................................................................................................... 5
1. Direito Processual Público......................................................................................................... 5
1.1. Matérias Abrangidas pelo Curso............................................................................................ 5
2. A Fazenda Pública em Juízo....................................................................................................... 6
2.1. Conceito e Abrangência........................................................................................................... 6
2.2. Capacidade Postulatória: a Advocacia Pública................................................................ 14
2.3. Advocacia Pública Federal. . ...................................................................................................15
2.4. Advocacia Pública Estadual..................................................................................................19
2.5. Advocacia Pública Municipal. . .............................................................................................. 33
2.6. Representação Judicial das Autarquias. . ........................................................................... 34
2.7. Representação Judicial do Legislativo............................................................................... 36
2.8. Responsabilidade do Advogado Público........................................................................... 37
3. Prerrogativas Processuais da Fazenda Pública.................................................................. 42
3.1. Fundamentos que Justificam as Prerrogativas Processuais da Fazenda Pública.... 43
3.2. Constitucionalidade das Prerrogativas Processuais da Fazenda Pública.................44
3.3. O Princípio da Isonomia no Processo Civil........................................................................ 45
4. Prerrogativas em Espécie.. ...................................................................................................... 45
4.1. Prazos Diferenciados.............................................................................................................46
4.2. Aplicação do Artigo 183 do CPC...........................................................................................46
4.3. Hipóteses de Não Aplicação do Prazo em Dobro............................................................ 50
4.4. Intimação da Fazenda Pública.. ........................................................................................... 56
Resumo.............................................................................................................................................60
Questões de Concurso.................................................................................................................. 66
Gabarito............................................................................................................................................94
Referências...................................................................................................................................... 95

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

Apresentação
Olá, futuro concursado! Tudo bem?
Meu nome é Luciana Lima, sou Procuradora do Banco Central, professora, especialista em
Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e
mestranda em Direito no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).
Fui aprovada em primeiro lugar para o concurso de advogado do Metrô-DF, também foi
aprovada e nomeada para o cargo de advogado da Terracap. Atualmente, sou Subprocurado-
ra-Chefe da Procuradoria Especializada em Processos Relevantes e Tribunais Superiores no
Banco Central do Brasil.
Desde 2012, quando tomei posse como Procuradora, atuo no contencioso. Portanto, há
um bom tempo, vivencio no dia a dia, as situações em que a Fazenda Pública é demandada.
Faz parte da minha rotina estudar, pesquisar e elaborar as mais diversas teses para defender
o interesse público.
Sou simplesmente apaixonada pelo que eu faço! Tenho certeza de que você também se
sentirá realizado ao ser aprovado(a) e nomeado(a) para exercer um cargo público de grande
relevância, em que sua atuação vai fazer a diferença em nosso País.
Meu objetivo como professora é demonstrar para os meus alunos a grandiosidade que há
nos estudos. Quando concurseira, eu já era mãe e não tinha tanto tempo e condições finan-
ceiras para estudar por um longo período, mas hoje estou aqui para te mostrar, na prática, o
quanto vale a pena se dedicar, ter disciplina e perseverar na busca pelos seus sonhos!
Eu e toda a equipe do GRAN estamos mais do que dispostos para te oferecer o máximo de
dicas, teorias e exercícios. A ideia é fazer um texto didático, de leitura prazerosa, com bastante
jurisprudência e direcionado para que você esteja preparado para fazer a prova e acertar as
questões de concurso das principais bancas do país.
Estudar o tema “A Fazenda Pública em juízo” é se aproximar do que será o seu trabalho
como concursado. Não apenas para quem quer seguir a carreira de procurador, mas também
defensoria e magistratura. Afinal, a Fazenda Pública é o maior litigante no Poder Judiciário. É
de extrema importância, portanto, que você domine os aspectos peculiares que envolvem a
presença de um ente público em juízo.
Como o tempo do concurseiro é precioso, a objetividade será o nosso guia! Assim, quanto
à legislação, evitarei comentar artigo por artigo, mas vou apontar os dispositivos mais impor-
tantes, que normalmente são cobrados em prova. As referências bibliográficas estarão presen-
tes ao final do livro digital. Diante disso, você terá um suporte caso queira se aprofundar para
as próximas fases do seu concurso. No fim do nosso material, há mais exercícios comentados
sobre o tema.
Dessa forma, teremos um conjunto de aulas para esgotar o seu edital no tocante aos as-
pectos relacionados à Fazenda Pública em Juízo, o que vai te levar à tão sonhada aprovação.

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Luciana Lima

Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Por favor: material
obrigatório! Então, fica ligado no GRAN. Estou esperando as dúvidas no Fórum do aluno!
Também deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões.
Um grande abraço!

Luciana Lima
e-mail: lucianalimar.professora@gmail.com
Instagram: @lucianalima.lr

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Luciana Lima

A FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO


1. Direito Processual Público
A expressão Direito Processual Público (ou Contencioso Judicial Administrativo) é relativa-
mente recente e serve para denominar a parte do direito processual em que a pessoa jurídica
de direito público figura como parte, seja no polo ativo ou passivo da demanda.
Ao introduzir esse termo, a doutrina pretendeu evidenciar que determinadas regras do pro-
cesso dizem respeito apenas às ações em que uma das partes é a Fazenda Pública.
O direito processual, como já se consagrou cientificamente, deve adequar-se às peculia-
ridades do direito material. No caso da Fazenda Pública, é fundamental sua submissão aos
princípios de direito público, como a presunção de legitimidade e autoexecutoriedade dos atos
administrativos, a supremacia do interesse público, impessoalidade, moralidade, eficiência, en-
tre outros.
Tais princípios não guardam pertinência com as demandas que envolvem apenas
particulares.
Em razão da própria atividade de tutelar o interesse público, a Fazenda Pública ostenta
condição diferenciada das demais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.
Quando a Fazenda Pública está em juízo, está defendendo o erário.
Dessa forma, o processo que envolve a Fazenda Pública deve estar apto a garantir seu re-
gime jurídico diferenciado, com objetivo maior de zelar pelo interesse público. Daí se falar em
regras processuais que lhe sejam apropriadas. Dessa forma, o Direito Processual Público nada
mais é do que a parte da ciência processual que estuda e regula os processos em que figura
como parte um ente público.

1.1. Matérias Abrangidas pelo Curso


Muito provavelmente você não irá encontrar no edital a matéria: “direito processual público”
ou “a Fazenda Pública em juízo”, uma vez que tais temas estão esparsos pelo seu edital em
diversos ramos do direito. Mas, aqui, você irá estudar essas matérias sob a perspectiva de um
ente público em juízo e essa é a grande sacada para sua aprovação!
Assim, nosso estudo abarca as seguintes matérias:
• Direito Processual Civil (Prerrogativas e prazos da Fazenda Pública, Representação ju-
dicial, Prescrição e decadência, Valores exigidos do Poder Público como réu, Interven-
ção anômala, Tutela provisória contra o Poder Público, Pedido de suspensão, Remessa
necessária, Execução contra a Fazenda Pública, Juizados especiais, Arbitragem com o
Poder Público);

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• Direito Constitucional (Remédios Constitucionais, Ação Popular, Reclamação Constitu-


cional, Desapropriação);
• Direito Administrativo (Improbidade Administrativa, Responsabilidade Civil do Estado,
Desapropriação);
• Direito tributário (Execução Fiscal e Medida Cautelar Fiscal).

2. A Fazenda Pública em Juízo


O que significa o termo Fazenda Pública?
De certo modo, esse termo nos remete à ideia de temas relacionados a finanças e a ar-
recadação. De fato, tradicionalmente, o termo Fazenda Pública está relacionado ao aspecto
financeiro do ente público, o erário.
Mas, o uso frequente da expressão Fazenda Pública acabou consagrando essa terminolo-
gia para designar a presença do ente público em juízo.
Fazenda Pública nada mais é do que a personificação do Estado. Nos processos em que
haja a presença de uma pessoa jurídica de direito público interno, esta pode ser designada
genericamente de Fazenda Pública, mesmo que a demanda não verse sobre matéria fiscal ou
financeira (CUNHA, 2021, p. 1).
Quando o Código de Processo Civil (CPC) utiliza o termo Fazenda Pública (e isso aconte-
cesse em muitos dispositivos, como veremos mais adiante) está a se referir à União, aos Esta-
dos, ao Distrito Federal, aos Municípios e às suas respectivas autarquias e fundações.
Tendo em vista que a Administração Pública é a guardiã do interesse público, ou seja, tem
a incumbência de bem administrar a coisa pública, é preciso que se lhe confiram condições
especiais para atuar da melhor e mais ampla maneira possível.
Como exemplo, temos o prazo em dobro para suas manifestações processuais e o benefí-
cio da intimação pessoal, previstos no artigo 183 do CPC.

2.1. Conceito e Abrangência


No Brasil, a organização da Administração Pública segue o molde delineado no Decreto n.
200/67, do qual se extrai a divisão em Administração Direta (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) e Administração Indireta (Autarquias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e
Sociedades de Economia Mista).
Presta atenção! A expressão Fazenda Pública identifica-se com as pessoas jurídicas de di-
reito público interno: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias
e fundações. Não abrange, portanto, as empresas públicas e as sociedades de economia mis-
ta, que são pessoas jurídicas de direito privado, e, por consequência, não integram o conceito
de Fazenda Pública.

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Vale destacar o artigo 41 do Código Civil que elenca as pessoas jurídicas de direito públi-
co interno:

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:


I – a União;
II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III – os Municípios;
IV – as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei n. 11.107, de 2005)
V – as demais entidades de caráter público criadas por lei.

As fundações públicas criadas pelo poder público para prestação de atividade essencial-
mente pública estão abrangidas pelo conceito de Fazenda Pública. Para a jurisprudência e para
a doutrina administrativista, as fundações públicas têm personalidade jurídica semelhante à
das autarquias, são equiparadas.
O mesmo acontece em relação às agências reguladoras e às executivas, que se constituem
pessoas jurídicas de direito público destinadas a desempenhar atividade pública e, portanto,
integram o conceito de Fazenda Pública.
Agências reguladoras são criadas por lei com personalidade jurídica própria para desem-
penhar uma tarefa normativa, podendo disciplinar questões nas quais a Administração Pública
exerça poder de polícia, como nos setores de energia elétrica, telecomunicações, recursos
hídricos, entre outros. As agências reguladoras têm esse mister de disciplinar uma atividade
específica (PEREIRA, 2003, p. 11).
Agências executivas são autarquias e fundações que celebram contrato de gestão com a
Administração Direta, com o objetivo de fixar metas de desempenho para a entidade, na forma
do art. 37, § 8º, da Constituição Federal.
Os consórcios públicos que sejam constituídos sob a forma de associações públicas tam-
bém integram o conceito de Fazenda Pública. A seguir, confira alguns julgados do Supremo
Tribunal Federal, o qual, em regra, considera que as prerrogativas da Fazenda Pública não se
estendem às empresas públicas e às sociedades de economia mista:

O Metrô-DF é empresa pública, regida pelo direito privado. Embora preste serviço de uti-
lidade pública, a empresa não desempenha serviço público essencial em sentido típico
ou de caráter monopolístico. O Metrô-DF desenvolve atividade econômica com a explora-
ção comercial de marcas, patentes, tecnologia e serviços técnicos especializados, com a
distribuição de dividendos, o que permite a penhora de seus bens. Vale ressaltar ainda
que há distribuição de lucros entre os acionistas da empresa. Diante desse contexto,
não há como se aplicar o regime de precatório para o Metrô-DF. (Rcl 29637 AgR/DF,
rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em
30/6/2020) (Info 984).

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RECURSO – APLICABILIDADE ESTRITA DA PRERROGATIVA PROCESSUAL DO PRAZO


RECURSAL EM DOBRO (CPC, ART. 188) – PARANAPREVIDÊNCIA – ENTIDADE PARAES-
TATAL (ENTE DE COOPERAÇÃO) – INAPLICABILIDADE DO BENEFÍCIO EXTRAORDINÁ-
RIO DA AMPLIAÇÃO DO PRAZO RECURSAL (...)
As empresas governamentais (sociedades de economia mista e empresas públicas) e
os entes de cooperação (serviços sociais autônomos e organizações sociais) qualifi-
cam-se como pessoas jurídicas de direito privado e, nessa condição, não dispõem dos
benefícios processuais inerentes à Fazenda Pública (União, Estados-membros, Distrito
Federal, Municípios e respectivas autarquias), notadamente da prerrogativa excepcio-
nal da ampliação dos prazos recursais (CPC, art. 188). Precedentes.
(AI 349477 AgR, Relator(a): Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julgado em 11/02/2003)
Não se submetem ao regime de precatório as empresas públicas dotadas de persona-
lidade jurídica de direito privado com patrimônio próprio e autonomia administrativa
que exerçam atividade econômica sem monopólio e com finalidade de lucro.
(RE 892727/DF, rel. orig. Min. Alexandre de Morais, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, Pri-
meira Turma, julgado em 7/8/2018) (Info 910).

DICA!
Leia e releia os julgados que estão na apostila. Procure me-
morizar os exatos termos em que eles foram redigidos, por-
que, em geral, é assim que as bancas cobram!!! Ademais, nas
provas de segunda fase, é muito importante para obter uma
maior pontuação que você responda exatamente como está
no espelho.

Sociedade de economia mista


NÃO SE INCLUEM NO CONCEITO
Empresas públicas

União

FAZENDA PÚBLICA Estados

Municípios

Distrito Federal

INCLUEM-SE NO CONCEITO Autarquias

Fundação pública

Consórcios públicos

Agências executivas

Agências reguladoras

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001. (CESPE/TCU/PROCURADOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO/2015) A sociedade de econo-


mia mista integrante da administração pública indireta possui prazo em dobro para recorrer,
por estar inserida no conceito de fazenda pública.

A sociedade de economia mista, pessoa jurídica de direito privado, integrante da administra-


ção indireta, não está inserida no conceito de Fazenda Pública, que comporta apenas a União,
os Estados, Distrito Federal e municípios, suas autarquias e fundações públicas. Portanto, não
goza do benefício do prazo em dobro previsto no artigo 183 do CPC.
Errado.

Agora vamos ver alguns casos específicos, que costumam ser objeto de cobrança
nas provas.

Conselhos de Fiscalização

Os conselhos de fiscalização de atividade profissional, segundo o STF (RE 683010 AgR,


Relator: Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em 12/08/2014, Processo Eletrônico
DJE 165, public. 27/08/2014), detêm natureza jurídica de autarquias, sendo, portanto, pessoas
jurídicas de direito público.
Por isso, algumas prerrogativas têm sido estendidas aos referidos conselhos pela jurispru-
dência do STJ, como a intimação pessoal na execução fiscal e os prazos especiais previstos
no art. 183 do CPC.

Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza jurídica de autarquias e, dessa


forma, possuem as prerrogativas processuais conferidas à Fazenda Pública.
(STJ. 2a Turma. AgRg no Ag 1388776/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
07/06/2011).

O PULO DO GATO
O fato de tais conselhos de fiscalização deterem, segundo o STF, a natureza de autarquia, não
confere aos que representam esses conselhos em juízo a condição de advogados públicos.

Isso porque, nos termos do art. 182 do CPC, a expressão advocacia pública está reservada
aos que representam as pessoas jurídicas de direito público que integram a administração
direta e indireta, o que não é o caso (ARAÚJO, 2020, p. 17).
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Assim também, o Supremo já decidiu que os pagamentos devidos, em razão de pronun-


ciamento judicial, pelos conselhos de fiscalização profissional não se submetem ao regime de
precatórios.
O tema foi julgado em regime de repercussão geral, ocasião em que se firmou a se-
guinte tese:

Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fisca-


lização (exs: CREA, CRM, COREN, CRO) não se submetem ao regime de precatórios.
(STF. RE 938837/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, Plenário,
julgado em 19/4/2017 (repercussão geral) (Info 861).

O argumento utilizado para tanto foi o seguinte: apesar de os conselhos profissionais pos-
suírem a natureza de autarquias especiais, não possuem orçamento ou recebem verba da
União Federal, não podendo ser submetidos às regras constitucionais referentes às finanças
públicas, o que inviabiliza a submissão deles ao regime de precatórios.

002. (QUADRIX/CREA-GO/ANALISTA ADVOGADO/2019) Os Conselhos de Fiscalização Pro-


fissional, em razão de dívidas reconhecidas judicialmente, não se submetem ao rito processual
de execução contra a Fazenda Pública.

Como dito, a questão foi decidida em regime de repercussão geral pelo STF no RE 938837/
SP, ocasião em que se pronunciou no sentido de que “Os pagamentos devidos, em razão de
pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscalização não se submetem ao regime de
precatórios”.
Certo.

Empresas Estatais

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

Com a expressão empresa estatal ou governamental designamos todas as entidades, civis ou co-
merciais de que o Estado tenha o controle acionário, diretamente ou por meio de outra entidade
da administração indireta, abrangendo a empresa pública, a sociedade de economia mista e suas
subsidiárias, além de outras empresas que não tenham essa natureza e às quais a Constituição faz
referência, em vários dispositivos, como categoria à parte (art. 37, XVII, 71, II, 165, §5º, II, 173, §1º).
(DI PIETRO, 2021, p. 553)

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A Constituição Federal determina a submissão das estatais ao mesmo regime jurídico das
empresas privadas (art. 173, §1º, II, e §2º da CF/1988). No entanto, a própria Constituição
também contém normas que derrogam parcialmente o direito privado, sujeitando as estatais
ao regime público, como, por exemplo, a submissão aos princípios da Administração Pública
(art. 37, caput, da CF/1988).
Como bem destaca, Di Pietro, tem-se que entender que as derrogações a esse regime são
apenas as que constam da própria Constituição. No silêncio desta, aplicam-se normas de di-
reito privado.
Assim, as estatais não podem usufruir das prorrogativas processuais não extensíveis a
seus pares no setor privado. Dessa feita, não possuem os benefícios previstos para a Fazen-
da Pública.
No entanto, há algumas exceções pontuais:

O PULO DO GATO
No julgamento do RE 220.906/DF, o STF consagrou o entendimento de que a Empresa Brasi-
leira de Correios e Telégrafos (ECT), por prestar serviço público da União (art. 21, X, da Cons-
tituição Federal) de forma exclusiva e em regime não concorrencial, deve ser equiparada à
Fazenda Pública.

A ECT é gerida pelo Decreto-Lei n. 509/1969, o qual dispõe em seu artigo 12:

Art. 12. A ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e equipamentos destinados
aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a imunidade tri-
butária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente
a foro, prazos e custas processuais.

Segundo o STF, o referido artigo foi recepcionado pela Constituição Federal. Dessa forma,
a ECT possui as prerrogativas processuais conferidas à Fazenda Pública, entre as quais os be-
nefícios concernentes a foro, prazos e custas processuais. Confira a ementa do julgado:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE


CORREIOS E TELÉGRAFOS. IMPENHORABILIDADE DE SEUS BENS, RENDAS E SERVIÇOS.
RECEPÇÃO DO ARTIGO 12 DO DECRETO-LEI N. 509/69. EXECUÇÃO. OBSERVÂNCIA DO
REGIME DE PRECATÓRIO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 100 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
1. À empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda
Pública, é aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços.
Recepção do artigo 12 do Decreto-lei n. 509/69 e não incidência da restrição contida no
artigo 173, § 1º, da Constituição Federal, que submete a empresa pública, a sociedade

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de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica ao regime pró-
prio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.
2. Empresa pública que não exerce atividade econômica e presta serviço público da
competência da União Federal e por ela mantido. Execução. Observância ao regime de
precatório, sob pena de vulneração do disposto no artigo 100 da Constituição Federal.
Recurso extraordinário conhecido e provido.
(RE 220906, Relator(a): MAURÍCIO CORRÊA, Tribunal Pleno, julgado em 16/11/2000, DJ
14-11-2002 PP-00015 EMENT VOL-02091-03 PP-00430, destaques acrescidos)

Depois desse julgado, o Supremo estendeu a outras estatais o regime de precatórios, des-
de que estejam presentes os seguintes requisitos:

Prestação de serviços públicos + regime não concorrencial

Olha só:

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Constitucional. Sociedade de eco-


nomia mista. Regime de precatório. Possibilidade. Prestação de serviço público próprio
do Estado. Natureza não concorrencial. Precedentes.
1. A jurisprudência da Suprema Corte é no sentido da aplicabilidade do regime de preca-
tório às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado
e de natureza não concorrencial.
2. A CASAL, sociedade de economia mista prestadora de serviços de abastecimento de
água e saneamento no Estado do Alagoas, presta serviço público primário e em regime
de exclusividade, o qual corresponde à própria atuação do estado, haja vista não visar à
obtenção de lucro e deter capital social majoritariamente estatal. Precedentes. 3. Agravo
regimental não provido. (RE 852302 AgR, Relator(a): Min. Dias Toffoli, Segunda Turma,
julgado em 15/12/2015, Processo Eletrônico DJe-037 DIVULG 26-02-2016 PUBLIC 29-02-
2016, destaques acrescidos)
É aplicável o regime dos precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de
serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial. STF. Plenário. ADPF
387/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/3/2017 (Info 858). É inconstitucional
determinação judicial que decreta a constrição de bens de sociedade de economia mista
prestadora de serviços públicos em regime não concorrencial, para fins de pagamento
de débitos trabalhistas. Sociedade de economia mista prestadora de serviço público não
concorrencial está sujeita ao regime de precatórios (art. 100 da CF/88) e, por isso, impos-
sibilitada de sofrer constrição judicial de seus bens, rendas e serviços, em respeito ao

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princípio da legalidade orçamentária (art. 167, VI, da CF/88) e da separação funcional dos
poderes (art. 2º c/c art. 60, § 4º, III). STF. Plenário. ADPF 275/PB, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 17/10/2018 (Info 920).

O que o Supremo estendeu às demais estatais prestadoras de serviço público em regime não
concorrencial foi apenas o benefício do pagamento por meio de precatórios (art. 100 da CF).
É diferente do caso dos Correios, em que o art. 12 da sua norma regulamentadora (Decreto-Lei
n. 509/1969), que foi recepcionado pela CF/1988, prevê a extensão das prerrogativas proces-
suais conferidas à Fazenda Pública, concernentes à imunidade tributária, direta ou indireta,
impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, foro, prazos e custas processuais.

003. (CESPE/PG-DF/PROCURADOR/2013) As sociedades de economia mista e as empresas


públicas exploradoras de atividade econômica não se sujeitam à falência nem são imunes aos
impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às suas finalidades essenciais
ou delas decorrentes.

As sociedades de economia mista e as empresas públicas exploradoras de atividade econômi-


ca não se sujeitam à falência, nem são imunes aos impostos sobre o patrimônio, a renda e os
serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes.
A sujeição, ou não, das empresas estatais à falência é objeto de grande controvérsia na doutrina.
Entre os autores administrativistas parece haver certa estabilidade no sentido de não se admi-
tir a falência das empresas estatais que prestam serviços públicos, em homenagem ao princí-
pio da continuidade.
Uma parte da doutrina administrativa, no entanto, entre eles, o professor Hely Lopes Meirel-
les, defende que a falência é cabível apenas às empresas estatais exploradoras de atividade
econômica, pois é preceito constitucional sua submissão ao regime próprio das empresas
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis e comerciais. Já as empresas esta-
tais prestadoras de serviços públicos, por conta do princípio da continuidade, não podem ter
decretada a sua falência.
Não obstante, para fins de concurso, devemos permanecer com a literalidade do art. 2º da
Lei de Falências (Lei n.11.101/2005), que expressamente prevê que “essa lei não se aplica às
empresas públicas e sociedades de economia mista”. Note que o dispositivo não faz distinção
entre empresas estatais prestadoras de serviços públicos e empresas estatais exploradoras
de atividade econômica.

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A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

Assim, ficamos com o seguinte posicionamento: nenhuma empresa pública ou sociedade de


economia mista, mesmo sendo exploradora de atividade econômica, está sujeita à falência.
Certo.

2.2. Capacidade Postulatória: a Advocacia Pública


A capacidade postulatória é um dos requisitos de validade dos atos processuais e consiste
na possibilidade de se postular em juízo.
A Fazenda Pública é representada em juízo por seus procuradores judiciais, titulares de
cargos públicos privativos de advogados regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do
Brasil, detendo, portanto, capacidade postulatória.
Os procuradores não precisam apresentar o instrumento de mandato (procuração) para
atuar em juízo, uma vez que mantém um vínculo legal com a Administração Pública.
Veja essa observação do Professor Leonardo da Cunha:

Na verdade, a Procuradoria Judicial e seus procuradores constituem um órgão da Fazenda Pública.


Então, o advogado público quando atua perante os órgãos do Poder Judiciário é a Fazenda Pública
presente em juízo. Em outras palavras, a Fazenda Pública se faz presente em juízo por seus procu-
radores.

Por isso, a doutrina diz que a Fazenda Pública é presentada em juízo pela Advocacia Públi-
ca, instituição reconhecida nos artigos 131 e 132 da Constituição Federal:

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo.
§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo
Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada.
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo far-se-á me-
diante concurso público de provas e títulos.
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procurado-
ria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o
ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica
das respectivas unidades federadas.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos
de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório
circunstanciado das corregedorias.

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A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

Quais os pontos mais importantes sobre a Advocacia Pública que você deve memorizar
sobre os artigos 131 e 132 da Constituição Federal???
• A representação dos entes públicos se dá por seus procuradores, com exceção dos Mu-
nicípios, os quais podem ser representados pelo prefeito ou procurador;
• A atuação da advocacia pública é privativa dos ocupantes de cargo público, acessível
mediante concurso;
• Os procuradores são advogados regularmente inscritos na OAB;
• O ingresso na carreira se dá mediante concurso público de provas e títulos;
• Adquire-se estabilidade após 3 anos de efetivo exercício e mediante avaliação de de-
sempenho;
• Os procuradores são advogados regularmente inscritos na OAB e não necessitam de
procuração para atuar, eis que possuem um vínculo legal com a Administração;

Nos termos do art. 182 do CPC, incumbe à Advocacia Pública, na forma de lei, defender e
promover os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
por meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de
direito público que integram a administração direta e indireta.
Como veremos a seguir, cada pessoa jurídica de direito público tem sua própria re-
presentação:

2.3. Advocacia Pública Federal


Antes da Constituição Federal de 1988, a União era representada em juízo pelo Ministério
Público Federal (MPF). O art. 129, IX, no entanto, proibiu expressamente essa representação:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.

Nesse contexto, o art. 29 do Ato de disposições constitucionais transitórias (ADCT) previu


a possibilidade de que os então membros do MPF pudessem optar, de forma irretratável, entre
as carreiras do MPF e da AGU:

ADCT, Art. 29. Enquanto não aprovadas as leis complementares relativas ao Ministério
Público e à Advocacia-Geral da União, o Ministério Público Federal, a Procuradoria-Ge-
ral da Fazenda Nacional, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, as Procuradorias e
Departamentos Jurídicos de autarquias federais com representação própria e os mem-
bros das Procuradorias das Universidades fundacionais públicas continuarão a exercer
suas atividades na área das respectivas atribuições.
(...)

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A Fazenda Pública em Juízo
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§ 2º Aos atuais Procuradores da República, nos termos da lei complementar, será facul-
tada a opção, de forma irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Federal e da
Advocacia-Geral da União.

A AGU é regulamentada pela Lei Complementar 73/1993 (Lei Orgânica da AGU), a qual é
de fundamental importância para quem vai prestar concurso para a advocacia pública federal.
O art. 2º da referida Lei dispõe que a AGU compreende:

I – órgãos de direção superior:


a) o Advogado-Geral da União;
b) a Procuradoria-Geral da União e a da Fazenda Nacional;
c) Consultoria-Geral da União;
d) o Conselho Superior da Advocacia-Geral da União; e
e) a Corregedoria-Geral da Advocacia da União;
II – órgãos de execução:
a) as Procuradorias Regionais da União e as da Fazenda Nacional e as Procuradorias da União e as
da Fazenda Nacional nos Estados e no Distrito Federal e as Procuradorias Seccionais destas;
b) a Consultoria da União, as Consultorias Jurídicas dos Ministérios, da Secretaria-Geral e das de-
mais Secretarias da Presidência da República e do Estado-Maior das Forças Armadas;
III – órgão de assistência direta e imediata ao Advogado-Geral da União: o Gabinete do Advogado-
-Geral da União

O Advogado-Geral da União representa o mais elevado órgão de assessoramento jurídico


do Poder Executivo, submetido à direta, pessoal e imediata supervisão do Presidente da Repú-
blica e possui status de Ministro de Estado.
Quais as regras para a nomeação do Advogado-Geral da União?
Estão no art. 131, § 1º da CF e no art. 3º da LC 73/93. Resumindo:
• Pode ser nomeado livremente pelo Presidente da República;
• Não precisa necessariamente integrar a carreira (pode ou não);
• Deve ser maior de trinta e cinco anos de idade;
• Deve ter notável saber jurídico e reputação ilibada.

Quem compõe a AGU?


• Advogados da União;
• Procuradores federais;
• Procuradores da Fazenda Nacional;
• Procuradores do Banco Central.

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A Fazenda Pública em Juízo
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Os Advogados da União são responsáveis pela representação judicial e extrajudicial, ativi-


dades de consultoria e assessoramento da Administração Direta, assim como, matéria residu-
al (que não seja das outras procuradorias)
Os procuradores federais representam as autarquias e fundações públicas, com exceção
do Banco Central do Brasil, que, apesar de ser uma autarquia federal, possui uma procurado-
ria própria.

DICA!
Recentemente, com a publicação da LC 179, em 24.02.2021, o
Banco Central adquiriu autonomia e passou a ser uma autar-
quia de natureza especial caracterizada pela ausência de vin-
culação a Ministério, de tutela ou de subordinação hierárquica.
Assim também, pela autonomia técnica, operacional, adminis-
trativa e financeira, pela investidura a termo e pela estabilidade
de seus dirigentes, durante seus mandatos.

Na execução da dívida ativa de caráter tributário e nas demais causas de natureza fiscal, a
União é representada pelos procuradores da Fazenda Nacional. São consideradas causas de
natureza fiscal ou tributária as relativas a:
• tributos de competência da União, inclusive infrações à legislação tributária;
• empréstimo compulsório;
• apreensão de mercadorias, nacionais ou estrangeiras;
• decisões de órgãos do contencioso administrativo fiscal;
• benefícios e isenções fiscais;
• créditos e estímulos fiscais à exportação;
• responsabilidade tributária de transportes e agentes marítimos;
• incidentes processuais suscitados em ações de natureza fiscal.

Além disso, cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) executar as dívidas de


FGTS, as multas por infração à CLT, as questões relativas à Imposto Territorial Rural – ITR e
multas penais não pagas. Em suma, o que a PGFN inscreve, ela cobra.

Não é vedado, ao Procurador da Fazenda Nacional que emitiu a certidão de dívida


ativa, atuar como representante judicial da Fazenda Nacional, na respectiva execução
fiscal. (REsp 1.311.899-RS, Rel. Min. Assusete Magalhães, Segunda Turma, julgado em
23/02/2021, Informativo 686 do STJ).”

O PULO DO GATO
As decisões do Tribunal de Contas da União devem ser executadas pela PGFN?

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A Fazenda Pública em Juízo
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As decisões dos Tribunais de Contas da União que ensejem condenação a administradores


públicos ao pagamento de multa ou ressarcimento de valores para a União devem ser executa-
das pela Advocacia-Geral da União e, não, pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.
É que tal título executivo não é objeto de inscrição em dívida nem se confunde com a cer-
tidão de dívida ativa, não viabilizando a propositura de execução fiscal. (CUNHA, 2021, pg. 9).

004. (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2012) Incumbe à AGU, diretamente ou mediante


órgão vinculado, exercer a representação judicial e extrajudicial da União, assim como as ativi-
dades de consultoria e assessoramento jurídico dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciá-
rio, no âmbito federal.

Conforme a literalidade do artigo 131 da Constituição Federal, a AGU representa judicial e ex-
trajudicialmente a União, ou seja, todos os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Mas
as atividades de consultoria e assessoramento jurídicos são apenas para o Poder Executivo.
Errado.

005. (CESPE/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO/2012) A CF estabelece expressamente que a re-


presentação da União, na execução da dívida ativa de natureza tributária, cabe à Procuradoria-
-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

Típica questão que cobra lei seca! Art. 131, §3º da CF. Cabe complementar que a Procuradoria-
-Geral da Fazenda Nacional é um órgão da AGU.
Certo.

006. (ESAF/PGFN/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL/2012) Sobre a organização


constitucional da Advocacia-Geral da União, é correto afirmar que
a) a Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei, as atividades de consul-
toria e assessoramento jurídico do Poder Legislativo.
b) na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procu-
radoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.
c) a Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação
pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal, dentre cidadãos maiores
de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
d) o ingresso nas classes iniciais das carreiras da Advocacia-Geral da União far-se-á, salvo no
caso de reaproveitamento de advogados integrantes dos quadros funcionais de autarquias ou
fundações extintas, mediante concurso público de provas ou de provas e títulos.

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e) a Advocacia-Geral da União é a instituição que representa judicialmente a União perante o


Supremo Tribunal Federal, salvo na matéria tributária onde esta representação cabe à Procura-
doria-Geral da Fazenda Nacional.

Dispõe o artigo 131, caput, da CF:

A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, represen-


ta a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do
Poder Executivo.

a) Errada. Dispõe o artigo 131, caput, da CF:

Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-


-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.

b) Certa. Letra fria da Lei! Artigo 131, § 3º, CF:

Artigo 131, §1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nome-
ação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber
jurídico e reputação ilibada.

c) Errada. A CF/88 não exige prévia aprovação do Senado:

Artigo 131, § 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição de que trata este artigo
far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.

d) Errada. Segundo o artigo 4º, inciso III, da Lei complementar n. 73/1993, cabe ao Advogado-
-Geral da União: representar a União junto ao Supremo Tribunal Federal.
Letra b.

2.4. Advocacia Pública Estadual


Os Estados são representados judicialmente pelos procuradores de Estados, organizados
em carreira, na qual o ingresso depende de concurso público de provas e títulos, com a partici-
pação da OAB em todas as suas fases.
Os procuradores do Estado:
• integram a Procuradoria-Geral do Estado, órgão componente da Administração direta
estadual, sendo uma carreira vinculada ao executivo;
• adquirem estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de de-
sempenho;

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• exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades fe-


deradas;
• são subordinados hierárquicos do governador (dependência funcional);
• o Chefe da instituição será definido na Constituição Estadual.

Não cabe ao governador a representação judicial do Estado. A citação do Estado deve operar-
-se na pessoa do Procurador-Geral do Estado.

O PULO DO GATO
Questões importantes sobre os Procuradores de Estado que já foram decididas pelo STF:
• Norma estadual pode estabelecer que os Procuradores de Estado gozem de autonomia
e independência funcional? Não. Essa previsão é inconstitucional pois violada o modelo
definido na Constituição Federal.

As Procuradorias de Estado, por integrarem os respectivos Poderes Executivos, não


gozam de autonomia funcional, administrativa ou financeira, uma vez que a administra-
ção direta é una e não comporta a criação de distinções entre órgãos em hipóteses não
contempladas explícita ou implicitamente pela Constituição Federal.
(STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020)
A Procuradoria-Geral do Estado é o órgão constitucional e permanente ao qual se confiou
o exercício da advocacia (representação judicial e consultoria jurídica) do Estado-mem-
bro (art. 132 da CF/88).
A parcialidade é inerente às suas funções, sendo, por isso, inadequado cogitar-se inde-
pendência funcional, nos moldes da Magistratura, do Ministério Público ou da Defensoria
Pública (art. 95, II; art. 128, § 5º, I, b; e art. 134, § 1º, da CF/88).
(STF. Plenário. ADI 1246, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/04/2019)

• Norma estadual pode estabelecer que os Procuradores de Estado gozem de inamovi-


bilidade? O Supremo também entende que não, pois a atuação dentro da carreira de
procurador de estado pode envolver relativa parcialidade e afinidade de ideias, dentro
da instituição e em relação à Chefia do Poder Executivo, sem prejuízo, da invalidação de
atos de remoção arbitrários ou caprichosos, os quais podem ser questionados judicial-
mente. Confira:

A garantia da inamovibilidade é instrumental à independência funcional, sendo, dessa


forma, insuscetível de extensão a uma carreira cujas funções podem envolver relativa
parcialidade e afinidade de ideias, dentro da instituição e em relação à Chefia do Poder
Executivo, sem prejuízo da invalidação de atos de remoção arbitrários ou caprichosos.
(STF. Plenário. ADI 1246, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/4/2019).

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A garantia da inamovibilidade conferida pela Constituição Federal aos magistrados, aos


membros do Ministério Público e aos membros da Defensoria Pública (artigos 93, VIII;
95, II; 128, § 5º, b; e 134, parágrafo único) não pode ser estendida aos procuradores de
estado.
Os princípios institucionais e as prerrogativas funcionais do Ministério Público e da
Defensoria Pública não podem ser estendidos às Procuradorias de Estado, porquanto as
atribuições dos procuradores de estado – sujeitos que estão à hierarquia administrativa
– não guardam pertinência com as funções conferidas aos membros daquelas outras
instituições.
(STF. Plenário. ADI 5029, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020).

• As Constituições Estaduais podem estabelecer foro por prerrogativa de função para os


procuradores do Estado? O STF já decidiu a questão e entendeu que não!

Mas por que, professora?? Vamos lá.

A Constituição Federal estabelece, como regra, com base no princípio do juiz natural e no
princípio da igualdade, que todos devem ser processados e julgados pelos mesmos órgãos
jurisdicionais.
Em caráter excepcional, o texto constitucional estabelece o chamado foro por prerrogativa
de função com diferenciações em nível federal, estadual e municipal.
Mas, a Constituição Estadual não pode ir além e estender o chamado foro por prerrogativa
de função àqueles que não foram abarcados pelo constituinte, uma vez que tal disposição se-
ria contrária ao Princípio da Simetria.
No julgamento da ADI 4870/ES, em 14/02/2020, o STF destacou que o constituinte deri-
vado decorrente (emendas à constituição estadual) deve observar mínima equivalência com
o modelo federal existente. Dessa forma, não é possível extrair da Constituição de 1988 a
possibilidade de instituir foro por prerrogativa de função, em especial, para os processos de
natureza cível, notadamente os de improbidade administrativa.
Confira a ementa do julgado:

É incompatível com a Constituição Federal norma de Constituição estadual que disponha


sobre nova hipótese de foro por prerrogativa de função, em especial relativo a ações des-
tinadas a processar e julgar atos de improbidade administrativa.
STF. Plenário. ADI 4870/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2020 (Info 1002).

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No mesmo sentido:

Constituição estadual não pode atribuir foro por prerrogativa de função a autoridades
diversas daquelas arroladas na Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 6501 Ref-MC/PA, ADI 6508 Ref-MC/RO, ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI
6516 Ref-MC/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/11/2020 (Info 1000).
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa
de função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE,
Defensores Públicos e Delegados de Polícia.
STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940)..

STF: Princípio da Unicidade Institucional da Representação Judicial e da


Consultoria Jurídica para Estados e Distrito Federal (ADI 825/AP, Inf. 921)

Pelo Princípio da Unidade Institucional, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal


serão os únicos responsáveis pela representação judicial e pela consultoria jurídica das res-
pectivas unidades federadas.
Ou seja, apenas um órgão pode desempenhar as funções de representação judicial e de
consultoria jurídica nos Estados e DF e este órgão é a Procuradoria-Geral do Estado ou Procu-
radoria-Geral do DF.
É importante lembrar que, nos termos do art. 175, §3º, da CF, mediante convênio firmado pe-
las respectivas procuradorias, os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso re-
cíproco para prática de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado.

CPC, Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


II – o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
§ 4º Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato pro-
cessual por seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas
respectivas procuradorias

CF, Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o
ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica
das respectivas unidades federadas.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é assegurada estabilidade após três anos
de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório
circunstanciado das corregedorias.

Sobre o alcance do Princípio da Unicidade o STF já decidiu que é inconstitucional lei estadual
que confira à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) competência para controlar os serviços jurídicos

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e para fazer a representação judicial de empresas públicas e sociedades de economia mista,


inclusive com a possibilidade de avocação de processos e litígios judiciais dessas estatais.

Essa previsão cria uma ingerência indevida do Governador na administração das empresas
públicas e sociedades de economia mista, que são pessoas jurídicas de direito privado.
O art. 132 da CF/88 confere às Procuradorias dos Estados/DF atribuição para as atividades
de consultoria jurídica e de representação judicial apenas no que se refere à administração
pública direta, autárquica e fundacional. (ADI 3536/SC, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado
em 2/10/2019 - Info 954).

O PULO DO GATO
Com base no Princípio da Unicidade, o STF decidiu questões que são importantíssimas, em
especial, para concursos de procuradorias estaduais.

Os Estados e o DF não podem criar procuradorias autárquicas como órgãos distintos da


PGE ou PGDF. O STF enfrentou a questão no julgamento da ADI 145/CE, que questionava diver-
sos dispositivos da Constituição do Estado do Ceará. A Constituição do Estado previa que o
Governador deveria encaminhar à Assembleia legislativa projetos de lei dispondo sobre a orga-
nização e o funcionamento da Procuradoria-Geral do Estado e das procuradorias autárquicas.
O Supremo decidiu que essa regra é inconstitucional. Isso porque a CF/1988 determina
que a representação judicial e a consultoria jurídica do Estado, incluídas suas autarquias e
fundações, deve ser feita pela PGE, nos termos do art. 132 da CF.
O art. 132 da CF/1988 consagra o chamado “princípio” da unicidade da representação ju-
dicial e da consultoria jurídica dos Estados e do Distrito Federal e, dessa forma, estabelece
competência funcional exclusiva da Procuradoria-Geral do Estado.
Na ocasião, destacou-se que a exceção prevista no art. 69 do ADCT da CF deixou evidente
que, a partir da Constituição de 1988, não se permite mais a criação de órgãos jurídicos distin-
tos da Procuradoria-Geral do Estado, admite-se apenas a manutenção daquelas consultorias
jurídicas já existentes quando da promulgação da Carta. Trata-se de exceção direcionada a
situações concretas e do passado e, por essa razão, deve ser interpretada restritivamente,
inclusive com atenção à diferenciação entre os termos “consultoria jurídica” e “procuradoria
jurídica”, uma vez que esta última pode englobar as atividades de consultoria e representa-
ção judicial.
Destaquei a parte mais importante da ementa. Confira:

EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Artigos e expressões da Constituição do


Estado do Ceará, promulgada em 5 de outubro de 1989, e de suas Disposições Consti-
tucionais Transitórias. Parcial prejudicialidade. Alteração substancial. Eficácia exaurida.
Mérito. (...)

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A previsão constitucional, também conhecida como princípio da unicidade da representa-


ção judicial e da consultoria jurídica dos estados e do Distrito Federal, estabelece compe-
tência funcional exclusiva da procuradoria-geral do estado. A exceção prevista no art. 69
do ADCT deixou evidente que, após a Constituição de 1988, não é mais possível a criação
de órgãos jurídicos distintos da procuradoria-geral do estado, sendo admitida apenas a
manutenção daquelas consultorias jurídicas já existentes quando da promulgação da
Carta. Trata-se de exceção direcionada a situações concretas e do passado, que, por
essa razão, deve ser interpretada restritivamente, inclusive com atenção à diferenciação
entre os termos “consultoria jurídica” e “procuradoria jurídica”, uma vez que essa última
pode englobar as atividades de consultoria e representação judicial.
(ADI 145, Relator(a): Dias Toffoli, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2018, Processo Eletrô-
nico DJe-162 DIVULG 09-08-2018 PUBLIC 10-08-2018).

Lei estadual não pode criar cargos em comissão para o desempenho das atribuições de
assessoramento jurídico no âmbito do Poder Executivo.
O modelo constitucional da atividade de representação judicial e consultoria jurídica dos
Estados exige a unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a criação
de órgãos jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da Admi-
nistração Pública Direta ou Indireta.
Por essas razões, o STF declarou a inconstitucionalidade de lei estadual que transfere es-
sas funções a ANALISTA do Poder Executivo estadual:

É vedada a atribuição de atividades de representação judicial e de consultoria ou asses-


soramento jurídicos a analista administrativo da área jurídica.
(ADI 5107, Relator(a): Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2018)
A atividade de assessoramento jurídico do Poder Executivo dos Estados deve ser exer-
cida por Procuradores do Estado, organizados em carreira, cujo ingresso depende de con-
curso público de provas e títulos, nos termos do art. 132 da CF/88.
Esse preceito tem como objetivo garantir a necessária qualificação técnica e independên-
cia funcional desses especiais agentes públicos.
Assim, é inconstitucional a norma que outorgue a ocupante de cargo em comissão ou de
função de confiança o exercício, no âmbito do Poder Executivo local, de atribuições ine-
rentes à representação judicial e ao desempenho da atividade de consultoria e de asses-
soramento jurídicos, pois tais encargos traduzem prerrogativa institucional outorgada,
em caráter de exclusividade, aos Procuradores do Estado.
(ADI 4261, Rel. Min. Ayres Britto, julgado em 02/08/2010)
(ADI 4.843/MC-ED-Ref, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 11/12/2014).

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A Fazenda Pública em Juízo
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Não pode o estado-membro, por meio de sua Constituição ou legislação, instituir procu-
radoria jurídica própria para universidade estadual.

Nesse ponto, houve recente mudança de jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.


O STF já entendeu que as universidades estaduais também poderiam criar e organizar procu-
radorias jurídicas, em razão de sua autonomia didático-científica, administrativa, financeira e
patrimonial (art. 207, caput, CF/88). Nesse sentido:

É constitucional lei estadual que preveja o cargo em comissão de Procurador-Geral da


universidade estadual. Esta previsão está de acordo com o princípio da autonomia uni-
versitária (art. 207 da CF/88). (ADI 5262 MC/RR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 27 e
28/3/2019, Info 935).

No entanto, no julgamento da ADI 5946/RR, de relatoria do Min. Gilmar Mendes, o Pleno do STF
alterou o entendimento, tendo se pronunciado no sentido de que é inconstitucional a criação
de Procuradoria própria em universidade estadual, por ofender a unicidade estabelecida pelo
art. 132 da CF. Confira o trecho do julgado, divulgado no Informativo 1.018 do STF:

Não pode o estado-membro, por meio de sua Constituição ou legislação, instituir procura-
doria jurídica própria para universidade estadual. O art. 132 da CF estabelece um modelo
de advocacia pública fundado no princípio da unicidade de representação judicial e de
consultoria jurídica dos estados e do Distrito Federal, exceção feita apenas às Procurado-
rias autárquicas e fundacionais que já existiam quando do advento da Constituição. Com
base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, declarou a inconstitucionalidade do
caput e dos parágrafos 1º, 3º, 4º e 5º do art. 154 da Constituição do estado de Roraima,
na redação dada pela EC 61/2018, e declarou a constitucionalidade do § 2º do art. 154
da Constituição do estado de Roraima, na redação dada pela EC 61/2018, vencidos os
ministros Edson Fachin e Carmen Lúcia.
ADI 5946/RR, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 21.5.2021, Info
1.018 do STF

No referido julgado, o STF também assentou que:

É inconstitucional emenda à constituição estadual que confere autonomia financeira e


orçamentária próprias de órgãos de Poder à universidade estadual.

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A Fazenda Pública em Juízo
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Exceções ao Princípio da Unicidade.


Exceção 1 – O art. 69 do ADCT foi uma exceção transitória ao princípio da unicidade orgâ-
nica da Procuradoria estadual:

ADCT, Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas separadas de suas Procu-
radorias-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulgação da Constituição, tenham
órgãos distintos para as respectivas funções.

Esta exceção foi prevista com o objetivo de garantir a continuidade dos serviços de re-
presentação e consultoria jurídicas que existiam na Administração Pública no período logo
em seguida à promulgação da CF/1988, quando algumas Procuradorias estaduais ainda não
estavam totalmente estruturadas. Em outras palavras, foi pensada como uma forma de evitar
lacunas e uma desorganização da Administração Pública. Vale ressaltar que só foram manti-
das as consultorias jurídicas que já existiam antes da CF.
Exceção 2 – é possível a criação de procuradorias vinculadas ao Poder Legislativo para
representação judicial da Assembleia Legislativa e ao Tribunal de Contas para a defesa de sua
autonomia e independência perante os demais Poderes, hipótese em que se admite a consul-
toria e assessoramento jurídico dos órgãos por parte de seus próprios procuradores, sem que
isso fira o Princípio da Unicidade orgânica dos Estados, desde que:
• 1) a atuação da Procuradoria para representação judicial da Assembleia Legislativa e do
Tribunal de Contas fique limitada à defesa das prerrogativas inerentes ao Poder Legis-
lativo;
• 2) a investidura se dê mediante concurso público. Não é permitido o aproveitamento de
titulares de outra investidura, uma vez que há o ingresso em outra carreira sem o con-
curso exigido constitucionalmente. (ADI 94, Rel.: Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgado
em 07/12/2011);
• 3) é vedada a atribuição de cobrança judicial de multas aplicadas pelo próprio tribunal
de contas (ADI 4070/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016).

Confira-se outro julgado bem esclarecedor:

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. REVOGAÇÃO E ALTERAÇÃO


SUBSTANCIAL DE PARTE DOS DISPOSITIVOS IMPUGNADOS. (...) PROCURADORIA DA
FAZENDA ESTADUAL. PRINCÍPIO DA UNICIDADE DA REPRESENTAÇÃO DOS ESTADOS:
INCONSTITUCIONALIDADE DE PREVISÃO DE ÓRGÃO E DE CARREIRA AUTÔNOMOS.
2. A jurisprudência desta Corte reconhece o princípio da unicidade institucional da
representação judicial e da consultoria jurídica para Estados e Distrito Federal, que são
atribuições exclusivas dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, independen-
temente da natureza da causa. A existência de consultorias jurídicas separadas de suas
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Procuradorias-Gerais ou Advocacias-Gerais somente é admitida se sua existência for


anterior à Constituição Federal (art. 69 do ADCT). Excetua-se a atividade de consulto-
ria jurídica das Assembleias Legislativas, que pode ser realizada por corpo próprio de
procuradores. Já a atividade de representação judicial fica restrita às causas em que a
Assembleia Legislativa ostentar personalidade judiciária, notadamente para a defesa de
suas prerrogativas institucionais frente aos demais poderes (ADI 1.557, Rel. Min. ELLEN
GRACIE). (...) 4. Ação direta de inconstitucionalidade parcialmente conhecida e, nessa
parte, julgada parcialmente procedente.
(ADI 825, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 25/10/2018,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-139 DIVULG 26-06-2019 PUBLIC 27-06-2019, destaques
acrescidos).

Exceção 3 – cargos efetivos de advogados no quadro administrativo do Poder Judiciário


com finalidade de assessoramento jurídico e postulatória, quando o objetivo for zelar pela in-
dependência funcional e as prerrogativas inerentes ao Poder (STF. Plenário. ADI 5024, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 20/09/2018).
Exceção 4 – Mandado ad judicia. Outra exceção ao princípio da unicidade é a permissão
para que o Chefe do Poder Executivo estadual possa contratar advogados privados em ques-
tões específicas, mesmo existente quadro organizado de procuradores:

Representação judicial não excludente da Constituição de mandatário ad judicia para


causa específica. Ao conferir aos procuradores dos Estados e do Distrito Federal a sua
representação judicial, o art. 132 da Constituição veicula norma de organização adminis-
trativa, sem tolher a capacidade de tais entidades federativas para conferir mandato ad
judicia a outros advogados para causas especiais. (Pet 409 AgR, rel. p/ o ac. min. Sepúl-
veda Pertence, j. 18-4-1990, P, DJ de 29-6-1990).

Em seu livro, Gilmar Mendes aborda o assunto: “Mesmo institucionalizada a Advocacia Pú-
blica, isso não exclui a possibilidade de o Estado constituir mandatário ad judicia para causas
específicas.” (2015, pg. 1.037).

007. (FCC/PGE-TO/PROCURADOR DE ESTADO/2018) A Constituição de determinado Estado


determina que as Secretarias de Estado serão assessoradas juridicamente por advogados de
livre nomeação e exoneração, cabendo-lhes o desempenho de atividade de consultoria jurídica,

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ao passo que a representação judicial da unidade federada será exercida por Procuradores do
Estado admitidos por concurso público e organizados em carreira.
Trata-se de norma estadual que se mostra: incompatível com a Constituição Federal, uma vez
que a consultoria jurídica e a representação judicial referidas devem ser exercidas por Procura-
dores do Estado admitidos por concurso público e organizados em carreira.

A questão está exatamente na linha da jurisprudência do Supremo, no sentido de que o modelo


constitucional da atividade de representação judicial e consultoria jurídica dos Estados exige
a unicidade orgânica da advocacia pública estadual, incompatível com a criação de órgãos
jurídicos paralelos para o desempenho das mesmas atribuições no âmbito da Administração
Pública Direta ou Indireta (no que se refere às autarquias e fundações públicas).
Certo.

008. (FUNCAB/EMDAGRO-SE/ADVOGADO/2014) De acordo com a jurisprudência constitu-


cional sobre a advocacia pública, é correto afirmar:
É inconstitucional norma estadual que autoriza ocupante de cargo em comissão a desempe-
nhar atribuições de assessoramento jurídico, no âmbito do Poder Executivo

Conforme já decidiu o STF, é inconstitucional a norma que outorgue a ocupante de cargo em


comissão ou de função de confiança o exercício, no âmbito do Poder Executivo local, de atri-
buições inerentes à representação judicial e ao desempenho da atividade de consultoria e de
assessoramento jurídicos, pois tais encargos traduzem prerrogativa institucional outorgada,
em caráter de exclusividade, aos Procuradores do Estado. (ADI 4261, Rel. Min. Ayres Britto,
julgado em 02/08/2010)
Certo.

009. (FUNCAB/ EMDAGRO-SE/ ADVOGADO/2014) De acordo com a jurisprudência constitu-


cional sobre a advocacia pública, é correto afirmar:
É defeso às assembleias legislativas a estruturação de Procuradorias Legislativas, por se tratar
de competência privativa do Poder Executivo.

É possível a criação de procuradorias vinculadas ao Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas,


para a defesa de sua autonomia e independência perante os demais Poderes, hipótese em
que se admite a consultoria e assessoramento jurídico dos órgãos por parte de seus próprios
procuradores. Nesse sentido: é constitucional a criação de órgãos jurídicos na estrutura de Tri-
bunais de Contas estaduais, vedada a atribuição de cobrança judicial de multas aplicadas pelo
próprio tribunal (STF. Plenário. ADI 4070/RO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016).
Errado.

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010. (INÉDITA/2021) É inconstitucional disposição da Constituição do Estado de Alagoas que


prevê garantia de inamovibilidade aos Procuradores Estaduais.

Segundo o STF, a autonomia conferida aos Estados pelo art. 25, caput da CF não tem o condão
de afastar as normas constitucionais de observância obrigatória. Assim, como a CF conferiu
a garantia de inamovibilidade apenas aos Magistrados, aos membros do Ministério Público e
aos membros da Defensoria Pública, esta não pode ser estendida aos Procuradores do Estado
por Constituição Estadual.

A garantia da inamovibilidade é conferida pela Constituição Federal apenas aos Magis-


trados, aos membros do Ministério Público e aos membros da Defensoria Pública, não
podendo ser estendida aos Procuradores do Estado.
Em síntese, a autonomia conferida aos Estados pelo art. 25, caput da Constituição Fede-
ral não tem o condão de afastar as normas constitucionais de observância obrigatória.
Precedentes. Ação direta julgada parcialmente procedente.
(ADI 291, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno, julgado em 07/04/2010,
DJe-168 DIVULG 09-09-2010 PUBLIC 10-09-2010 EMENT VOL– 02414-01 PP-00001)

Certo.

011. (INÉDITA/2021) É constitucional disposição da Constituição do Estado do Ceará que


prevê que o Governador deve encaminhar à Assembleia Legislativa projetos de lei dispondo
sobre a organização e o funcionamento da Procuradoria-Geral do Estado e das procuradorias
autárquicas.

A Constituição Federal estabeleceu um modelo de exercício exclusivo, pelos procuradores do


estado e do Distrito Federal, de toda a atividade jurídica das unidades federadas estaduais e
distrital – o que inclui as autarquias e as fundações -, seja ela consultiva ou contenciosa. A pre-
visão constitucional, também conhecida como princípio da unicidade da representação judicial
e da consultoria jurídica dos estados e do Distrito Federal, estabelece competência funcional
exclusiva da procuradoria-geral do estado.
Assim, conforme decidido pelo STF na ADI 145/CE, a Constituição do Estado, ao estabelecer
que o Governador do Estado deve encaminhar à Assembleia Legislativa projeto de lei dispondo
sobre a organização e o funcionamento da Procuradoria-Geral do Estado e das procuradorias
autárquicas, admite, de forma geral e para o futuro, a existência de órgãos jurídicos, no âmbito
das autarquias e fundações, distintos da Procuradoria-Geral do Estado, em clara afronta ao
modelo constitucional do art. 132 da Carta Federal.

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Ou seja: é inconstitucional lei estadual que prevê a criação de procuradorias autárquicas como
órgãos distintos da PGE

A Constituição Federal estabeleceu um modelo de exercício exclusivo, pelos procurado-


res do estado e do Distrito Federal, de toda a atividade jurídica das unidades federadas
estaduais e distrital – o que inclui as autarquias e as fundações -, seja ela consultiva ou
contenciosa. A previsão constitucional, também conhecida como princípio da unicidade
da representação judicial e da consultoria jurídica dos estados e do Distrito Federal,
estabelece competência funcional exclusiva da Procuradoria-Geral do estado. A exce-
ção prevista no art. 69 do ADCT deixou evidente que, após a Constituição de 1988, não
é mais possível a criação de órgãos jurídicos distintos da procuradoria-geral do estado,
sendo admitida apenas a manutenção daquelas consultorias jurídicas já existentes
quando da promulgação da Carta.
Trata-se de exceção direcionada a situações concretas e do passado, que, por essa
razão, deve ser interpretada restritivamente, inclusive com atenção à diferenciação entre
os termos “consultoria jurídica” e “procuradoria jurídica”, uma vez que essa última pode
englobar as atividades de consultoria e representação judicial. (...)
(ADI 145, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2018, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-162 DIVULG 09-08-2018 PUBLIC 10-08-2018, destaques acrescidos)

Errado.

MAIS ALGUNS JULGADOS IMPORTANTES PARA A SUA PROVA.


É incompatível com a Constituição Federal o entendimento de que o Governador do Esta-
do deve autorizar a propositura de ação de improbidade pela Procuradoria.
A 1ª Turma do STF deu parcial provimento ao recurso extraordinário para declarar incom-
patível com a Constituição Federal o entendimento de que o Governador do Estado deve auto-
rizar a propositura de ação de improbidade pela Procuradoria.
A exigência de autorização do Governador para a propositura de ação de improbidade viola
o princípio da impessoalidade (art. 37, caput, da CF/88).
O STF destacou que o interesse do ente público que a Procuradoria do Estado representa
não se confunde com o interesse do agente político que chefia o ente público. Nesse sentido,
quando o interesse público demanda (exige) a atuação da PGE – como ocorre, por exemplo,
no controle de legalidade exercido por meio da ação de improbidade – não pode a vontade do
Governador impedir essa atuação.

Para que o Procurador do Estado possa propor ação civil pública (ex: ação civil pública de
improbidade administrativa), não é necessária autorização do Govenador do Estado. No
entanto, é indispensável a anuência do Procurador-Geral do Estado.

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É incompatível com a Constituição Federal o entendimento de que o Governador do


Estado deve autorizar a propositura de ação de improbidade pela Procuradoria.
(ARE 1165456 AgR/SE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgado em 1º/9/2020 – Info 989).

É inconstitucional lei estadual que prevê que técnico superior em direito de autarquia será
responsável por exercer atribuições de representação jurídica da entidade.
O STF julgou inconstitucional lei estadual do Espírito Santo que criou o cargo de Técni-
co Superior do DETRAN (autarquia estadual), atribuindo a este, atribuições próprias dos
procuradores.
A declaração de inconstitucionalidade parcial do ato normativo abarcou as atribuições ju-
rídicas consultivas do cargo de Técnico Superior que eram privativas de Procurador do
Estado. Assim, o STF declarou inconstitucional as previsões de que o técnico superior seria
responsável por:
• representar a entidade “em juízo ou fora dele nas ações em que haja interesse da autar-
quia”;
• praticar “todos os demais atos de natureza judicial ou contenciosa, devendo, para tanto,
exercer as suas funções profissionais e de responsabilidade técnica regidas pela Ordem
dos Advogados do Brasil OAB”;
• “apresentar recursos em qualquer instância”, “comparecer às audiências e outros atos
para defender os direitos do órgão” e “promover medidas administrativas e judiciais para
proteção dos bens e patrimônio do DETRAN-ES”;
• “elaborar estudos de pareceres sobre questões jurídicas que envolvam as atividades do
DETRAN-ES; elaborar editais, contratos, convênios, acordos e ajustes celebrados pela
autarquia, com a emissão de parecer” devem ser exercidas sob supervisão de Procura-
dor do Estado do Espírito Santo.

Tais previsões violam o “princípio da unicidade da representação judicial dos Estados e do


Distrito Federal”, insculpido no art. 132 da CF/88.
Por outro lado, o STF entendeu como válido que esses servidores façam a atuação jurídica
no âmbito interno da autarquia, sobretudo em atividades de compliance, tais como conceber
e formular medidas e soluções de otimização, fiscalização e auditoria (exs: interpretar textos
e instrumentos legais, elaborar pareceres sobre questões jurídicas que envolvam as ativida-
des da entidade, elaborar editais, contratos, convênios etc.). Essas atribuições podem sim ser
exercidas pelos Técnicos Superiores do DETRAN, sem que isso ofenda o princípio da unicidade
da representação judicial, mas devem ser obrigatoriamente exercidas sob a supervisão de

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Procurador do Estado, por ser esta a interpretação que melhor prestigia o art. 132 da CF/88 e
a jurisprudência do STF. (ADI 5109 ED-segundos/ES, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 4/6/2020
– Info 980).
É inconstitucional emenda à Constituição Estadual, de iniciativa parlamentar, que trate
sobre as competências da Procuradoria-Geral do Estado. Isso porque esta matéria é de ini-
ciativa reservada ao chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, da CF/88).
O STF entende que se houver uma emenda à Constituição Estadual tratando sobre algum
dos assuntos listados no art. 61, § 1º, da CF/1988, essa emenda deve ser proposta pelo chefe
do Poder Executivo.
Assim, os projetos de lei que tratem sobre o regime jurídico dos servidores públicos ou a
respeito da estrutura e organização dos órgãos públicos são de iniciativa privativa do chefe do
Poder Executivo (art. 61, § 1º, II, “c” e “e”, da CF/88).
Dessa forma, é incabível que os Deputados Estaduais proponham uma emenda constitu-
cional dispondo sobre o regime jurídico dos servidores públicos, por exemplo (art. 61, § 1º, II,
“c”). Se isso fosse permitido, seria uma forma de burlar a regra do art. 61, § 1º, da CF/1988.
Em resumo, “matéria restrita à iniciativa do Poder Executivo não pode ser regulada por
emenda constitucional de origem parlamentar” (STF. Plenário. ADI 2.966, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, julgado em 06/04/2005).

Não existe iniciativa privativa para a propositura de emendas à Constituição Federal. A proibi-
ção de que emendas constitucionais tratem sobre as matérias do art. 61, § 1º da CF/88 só vale
para emendas à Constituição Estadual. Isso porque, o poder constituinte estadual é derivado,
portanto, cercado por limites mais rígidos do que o poder constituinte federal. A regra da sime-
tria é um exemplo dessa limitação. Por conseguinte, as Assembleias Legislativas se subme-
tem a limites mais rigorosos quando pretendem emendar as Constituições Estaduais. Assim,
se os Deputados Estaduais apresentam emenda à Constituição Estadual tratando sobre os
assuntos do art. 61, § 1º, da CF/88 eles estão violando a própria regra da Constituição Federal.

Nesse sentido, o informativo 826 do STF:

É possível que emenda à Constituição Federal proposta por iniciativa parlamentar trate
sobre as matérias previstas no art. 61, § 1º da CF/88.
As regras de reserva de iniciativa fixadas no art. 61, § 1º da CF/88 não são aplicáveis ao
processo de emenda à Constituição Federal, que é disciplinado em seu art. 60.
(ADI 5296 MC/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 18/5/2016)

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O PULO DO GATO
VEJA A DIFERENÇA ENTRE OS JULGADOS ACIMA E OS SEGUINTES:

Não há reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo para a deflagração de processo


legislativo de norma pela qual se definem critérios para nomeação do Procurador-Geral
do Estado e eventuais substitutos, como Subprocurador-Geral do Estado e Procurador do
Estado Corregedor. (ADI 4898, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 04/10/2019).

Segundo o STF, a reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo “não alcança matérias as
quais, delas cuidando, a Constituição da República emprestou alçada constitucional”. Ademais,
no § 1º do art. 25 da CF/1988 se estabelece que “são reservadas aos Estados as competências
que não lhe sejam vedadas por esta Constituição”, conferindo-se aos Estados competência re-
sidual para tratar de matéria sem regulação específica pela CF/1988
Assim, por um lado o art. 132 da CF trata, de forma geral, da advocacia pública dos Estados e
do DF, mas, não especifica os critérios para nomeação do Procurador-Geral do Estado e even-
tuais substitutos, o STF concluiu que não há reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo
nesse caso. A propósito:

Debate-se sobre uma estrutura de Estado criada pela própria Constituição da República
(art. 132, CF). Não preciso, para afastar o óbice da iniciativa legislativa, tecer comentários
quanto à diferença entre órgãos e agentes públicos. O que importa é que essa estrutura
estatal, vale dizer, de Procurador de Estado, é criada pela Constituição, que aliás, outor-
ga-lhe status de função essencial à Justiça. Não há falar em iniciativa privativa sobre
algo constitucionalmente criado. (ADI n. 2.581, DJe 15.8.2008, Relator: Ministro Maurício
Corrêa).

Por fim, quanto às procuradorias estaduais, cabe destacar que a Fazenda Estadual dispõe
de legitimidade para requerer a abertura de inventários (CPC, art. 616, VIII), devendo ser ouvida
sobre a declaração e avaliação de bens nesses processos (CPC, arts. 626, §4º, 629, 633, 634),
com a finalidade de fiscalizar o recolhimento de imposto de transmissão causa mortis (CPC,
art. 638).

2.5. Advocacia Pública Municipal


Na esfera municipal, não há previsão constitucional obrigatória da criação de procurado-
rias-gerais.
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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
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Assim, o art. 75, III, do CPC, dispõe que o Município será representado ativa ou passivamen-
te, por seu prefeito ou procurador.
Segundo Cunha, a representação do Município em juízo, em princípio, é atribuída ao pre-
feito. Tal representação somente se fará por procurador se a lei local criar esse cargo, com
função expressa de representação do ente político (2021, p. 12).
De acordo com o artigo 28, inciso I, do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), o exercício do
Mandato de Chefe do Poder Executivo é incompatível com a advocacia.
Por esta razão, não poderá o Prefeito atuar em defesa do Município em juízo, ainda que
seja advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
Logo, o prefeito pode receber a citação, mas deverá constituir advogado para representar o
Município, caso não haja cargo próprio de procurador judicial.

CPC, Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


III – o Município, por seu prefeito ou procurador;

012. (INÉDITA/2021) Os Municípios são obrigados a possuir Procuradorias Municipais, orga-


nizadas em carreira, mediante concurso público, para o desempenho das funções de represen-
tação judicial e consultoria jurídica.

A Constituição Federal não prevê que os Municípios instituam, de forma obrigatória, Procu-
radorias Municipais, organizadas em carreira, mediante concurso público, como no caso dos
Estados (art. 132, da CF). Nesse sentido, já se pronunciou o STF:

Não existe, na Constituição Federal, a figura da advocacia pública municipal. Os Municí-


pios não têm essa obrigação constitucional.
STF. Plenário. RE 225777, Rel. Min. Eros Grau, Rel. p/ Acórdão Min. Dias Toffoli, julgado
em 24/02/2011.
STF. 2ª Turma. RE 893694 AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 21/10/2016.

Errado.

2.6. Representação Judicial das Autarquias


Quanto à representação judicial das autarquias e das fundações públicas, em regra, a
própria lei que cria o ente público deverá estabelecer a responsabilidade por sua representa-
ção judicial.
Como, por exemplo, a Lei n. 9.650/1998, que estabeleceu a carreira de Procurador do Ban-
co Central.

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Quanto às demais autarquias no âmbito federal, a Lei n. 10.408/2002 atribuiu tal função à
Procuradoria-Geral Federal.
No âmbito estadual, distrital ou municipal, o STF já se pronunciou sobre a inconstituciona-
lidade da previsão de procuradorias autárquicas.
O artigo 69 do ADCT estabelece que:

Art. 69. Será permitido aos Estados manter consultorias jurídicas separadas de suas Procuradorias-
-Gerais ou Advocacias-Gerais, desde que, na data da promulgação da Constituição, tenham órgãos
distintos para as respectivas funções.

Conforme decidido pelo Supremo, a exceção prevista no art. 69 do ADCT da CF/1988 dei-
xou evidente que, a partir da Constituição de 1988, não se permite mais a criação de órgãos
jurídicos distintos da Procuradoria-Geral do Estado, admite-se apenas a manutenção daquelas
consultorias jurídicas já existentes quando da promulgação da Carta.
Trata-se de exceção direcionada a situações concretas e do passado e, por essa razão,
deve ser interpretada restritivamente, inclusive com atenção à diferenciação entre os termos
“consultoria jurídica” e “procuradoria jurídica”, uma vez que esta última pode englobar as ativi-
dades de consultoria e representação judicial.
Assim, o entendimento segundo o qual as Autarquias seriam representadas por procura-
dores autárquicos apenas deve ser mantido se – e somente se – a Autarquia tiver sido criada,
juntamente com seu quadro próprio de procuradores, antes da promulgação da Constituição
Federal de 1988.
Segundo a Corte Suprema, a Constituição Federal estabeleceu um modelo de exercício
exclusivo, pelos procuradores do Estado e do Distrito Federal, de toda a atividade jurídica das
unidades federadas estaduais e distrital – o que inclui as autarquias e as fundações -, seja ela
consultiva ou contenciosa.
A previsão constitucional, também conhecida como princípio da unicidade (que já falei
tanto!!!) da representação judicial e da consultoria jurídica dos estados e do Distrito Federal,
estabelece competência funcional exclusiva da procuradoria-geral do estado.
Transcreve-se a ementa do acórdão por ser bastante representativa:

EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Artigos e expressões da Constituição do


Estado do Ceará, promulgada em 5 de outubro de 1989, e de suas Disposições Constitucionais
Transitórias. Parcial prejudicialidade. Alteração substancial. Eficácia exaurida. Mérito.
Autonomia financeira do Ministério Público. Vedação de equiparação e vinculação remu-
neratória. Artigo 37, VIII, e art. 39, § 1º, da CF. Vedação de criação de procuradorias autár-
quicas. Artigo 132 da CF. Vício formal. Prerrogativa de propositura legislativa dos Poderes
Executivo e Judiciário. Procedência parcial do pedido(...) 5. O art. 152, parágrafo único,
da Constituição do Estado do Ceará, ao estabelecer que o Governador do Estado deve

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encaminhar à Assembleia Legislativa projeto de lei dispondo sobre a organização e o funcio-


namento da Procuradoria-Geral do Estado e das procuradorias autárquicas, admite, de
forma geral e para o futuro, a existência de órgãos jurídicos, no âmbito das autarquias e
fundações, distintos da Procuradoria-Geral do Estado, em clara afronta ao modelo consti-
tucional do art. 132 da Carta Federal. A Constituição Federal estabeleceu um modelo de
exercício exclusivo, pelos procuradores do estado e do Distrito Federal, de toda a ativi-
dade jurídica das unidades federadas estaduais e distrital – o que inclui as autarquias e
as fundações -, seja ela consultiva ou contenciosa. A previsão constitucional, também
conhecida como princípio da unicidade da representação judicial e da consultoria jurí-
dica dos estados e do Distrito Federal, estabelece competência funcional exclusiva da
Procuradoria-Geral do estado. A exceção prevista no art. 69 do ADCT deixou evidente
que, após a Constituição de 1988, não é mais possível a criação de órgãos jurídicos
distintos da procuradoria-geral do estado, sendo admitida apenas a manutenção daque-
las consultorias jurídicas já existentes quando da promulgação da Carta. Trata-se de
exceção direcionada a situações concretas e do passado, que, por essa razão, deve ser
interpretada restritivamente, inclusive com atenção à diferenciação entre os termos “con-
sultoria jurídica” e “procuradoria jurídica”, uma vez que essa última pode englobar as ati-
vidades de consultoria e representação judicial. (...)
(ADI 145, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2018, PRO-
CESSO ELETRÔNICO DJe-162 DIVULG 09-08-2018 PUBLIC 10-08-2018)

Por fim, vale lembrar que o teor da Súmula 644 do STF, que pode ser cobrado em prova!

Súmula n. 644, STF


Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a apresentação de instru-
mento de mandato para representá-la em Juízo.

Isso porque, como vimos, uma vez investidos no cargo ou função, os procuradores pú-
blicos adquirem o poder de representação pela só condição funcional, o que os desonera da
apresentação do instrumento de mandato.

2.7. Representação Judicial do Legislativo


As Câmaras e as Assembleias Legislativas são entes despersonalizados, constituindo ór-
gãos dos Municípios e dos Estados.
No entanto, possuem personalidade judiciária, a qual lhes autoriza atuar em juízo para
defender os seus interesses estritamente institucionais, relacionados ao funcionamento, auto-
nomia e independência do órgão.
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O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento neste sentido, por meio da


Súmula 525:

Súmula n. 525, STJ


A Câmara de vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judici-
ária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais.

Da mesma forma, certos atos do Poder Legislativo voltados às contratações públicas e


aos procedimentos administrativos necessitam de um parecer jurídico e exigem a atuação de
um advogado público.
Assim, o STF decidiu ser constitucional a criação de Procuradorias Legislativas tanto para
a defesa dos interesses peculiares que assegurem a autonomia ou independência do Poder
Legislativo frente aos demais poderes, como para análise de procedimentos jurídicos inter-
nos do órgão.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA N. 9, DE 12.12.96. LEI ORGÂNICA


DO DISTRITO FEDERAL. CRIAÇÃO DE PROCURADORIA-GERAL PARA CONSULTORIA,
ASSESSORAMENTO JURÍDICO E REPRESENTAÇÃO JUDICIAL DA CÂMARA LEGISLATIVA.
PROCURADORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERAL. ALEGAÇÃO DE VÍCIO DE INICIATIVA E
DE OFENSA AO ART. 132 DA CF.
(...)é a responsável pelo desempenho da atividade jurídica consultiva e contenciosa exer-
cida na defesa dos interesses da pessoa jurídica de direito público Distrito Federal. 4.
Não obstante, a jurisprudência desta Corte reconhece a ocorrência de situações em que
o Poder Legislativo necessite praticar em juízo, em nome próprio, uma série de atos
processuais na defesa de sua autonomia e independência frente aos demais Poderes,
nada impedindo que assim o faça por meio de um setor pertencente a sua estrutura
administrativa, também responsável pela consultoria e assessoramento jurídico de seus
demais órgãos. Precedentes: ADI 175, DJ 08.10.93 e ADI 825, DJ 01.02.93. Ação direita
de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente.
(ADI 1557, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 31/03/2004, DJ
18-06-2004 PP-00043 EMENT VOL-02156-01 PP-00033 RTJ VOL 00192-02 PP-00473)

2.8. Responsabilidade do Advogado Público


Quanto à responsabilidade do advogado público é preciso ter em mente que a posição da
jurisprudência é no sentido de legitimar e proteger o exercício legítimo da advocacia pública,
de modo que eventual responsabilização apenas ocorrerá no caso de demonstração de culpa
ou erro grosseiro.
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No julgamento do MS 24.631/DF, em 2008, o Supremo assentou esse entendimento:

Não cabe a responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer de natu-
reza meramente opinativa, salvo demonstração de culpa ou erro grosseiro. (MS 24631,
Relator(a): Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, julgado em 09/08/2007)

Posteriormente, o CPC de 2015 dispôs no art. 184:

Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com
dolo ou fraude no exercício de suas funções.

Como você pode observar, o CPC trouxe uma responsabilização menos extensa do que o
entendimento jurisprudencial do STF sobre a responsabilidade do parecerista. Afinal, enquanto
o Supremo fala em responsabilização por culpa ou erro grosseiro, o CPC/2015 dispõe que o
advogado público será responsável quando agir com dolo ou fraude.
Pois bem.
Isso gerou uma discussão doutrinária: o art. 184 do CPC aplica-se apenas para atuação
dos advogados públicos no âmbito do contencioso? Ou seria uma norma heterotópica, a qual,
embora contida no CPC, tem natureza de norma de direito material pertinente à responsabili-
dade civil e, nesse contexto, suplanta o entendimento do STF?
Para a maior parte da doutrina, inclusive, Guilherme Freire de Melo Barros, há uma dife-
renciação entre a responsabilidade do advogado público na atuação consultiva e na atuação
contenciosa.
Assim, o art. 184 do CPC, que fala em dolo ou fraude, aplica-se à atuação dos advogados
públicos no âmbito contencioso e a jurisprudência do STF (culpa ou erro grosseiro) refere-se à
responsabilização dos advogados públicos no âmbito consultivo.
Então, vamos entender bem como é o entendimento do STF, que foi consolidado em 2008
no julgamento do MS 24.631/DF, de Relatoria do Ministro Joaquim Barbosa, e depois confirma-
do em julgados mais recentes:

É possível a responsabilização de advogado público pela emissão de parecer de natureza


opinativa, desde que reste configurada a existência de culpa ou erro grosseiro. (STF. 1ª
Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18/9/2012 – Info 680, destaques acres-
cidos).

Naquele julgamento (MS 24.631/DF), o Supremo fez uma diferenciação entre os tipos de
pareceres e as respectivas consequências quanto à responsabilidade:

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PARECER

FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE

O administrador NÃO O administrador é obrigado O administrador é obrigado


é obrigado a solicitar o a solicitar o parecer do a solicitar o parecer do
parecer do órgão jurídico. órgão jurídico. órgão jurídico.

O administrador NÃO pode


O administrador pode
O administrador pode discordar da conclusão
discordar da conclusão
discordar da conclusão exposta pelo parecer.
exposta pelo parecer,
exposta pelo parecer, Ou o administrador decide
desde que o faça
desde que o faça nos termos da conclusão
fundamentadamente com
fundamentadamente. do parecer ou, então, não
base em um novo parecer.
decide.

RESPONSABILIDADE:
solidária entre o parecerista
e o administrador.
RESPONSABILIDADE: em RESPONSABILIDADE: em
Há uma partilha do
regra, o parecerista não tem regra, o parecerista não tem
poder de decisão entre
responsabilidade pelo ato responsabilidade pelo ato
o administrador e o
administrativo. administrativo.
parecerista.
Pode ser responsabilizado Pode ser responsabilizado
Logo, o parecerista
se ficar configurada a se ficar configurada a
responde solidariamente
existência de culpa ou existência de culpa ou erro
com o administrador pela
erro grosseiro. grosseiro.
prática do ato, não sendo
necessário demonstrar
culpa ou erro grosseiro.
Responsabilidade do advogado público:
• Contencioso – dolo ou fraude no exercício de suas funções (art. 184 do CPC);
• Consultivo – culpa ou erro grosseiro (jurisprudência do STF) Parecer vinculante – o pa-
recerista responde solidariamente com o administrador pela prática do ato, não sendo
necessário demonstrar culpa ou erro grosseiro.

Pareceres Normativos da Advocacia-Geral da União

(LC 73/93, artigos 39 a 44)


No âmbito da AGU, há a previsão dos pareceres normativos, os quais são aprovados pelo
Advogado-Geral da União, submetidos à aprovação do Presidente da República e vinculam
toda a Administração Pública Federal.

Art. 40. Os pareceres do Advogado-Geral da União são por este submetidos à aprovação do Presi-
dente da República.
§ 1º O parecer aprovado e publicado juntamente com o despacho presidencial vincula a Administra-
ção Federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados a lhe dar fiel cumprimento.

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A propósito, o STJ já decidiu que a conduta de advogado da União que emite pareceres
contrários ao parecer vinculante da Instituição indica possível falta funcional (LC, n. 73/93, art.
28, III), que pode ser examinada por meio de processo administrativo disciplinar. Confira-se:

Constitui justa causa, ou motivo determinante, hábil a ensejar a abertura de processo


administrativo disciplinar, a existência de indícios de manifestações jurídicas de membro
da Advocacia-Geral da União que se apresentem, de forma sistemática, contrárias a pare-
ceres normativos da AGU, aprovados pelo Presidente da República.
(MS 13.861/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
09/12/2009, DJe 22/03/2010)

Entenda bem os termos da decisão do STJ. Não é responsabilidade por mera divergência
de opinião. Trata-se de responsabilização do advogado público pelo descolamento de sua con-
duta frente as posições institucionais. Fora das hipóteses excepcionais de responsabilização,
a jurisprudência é no sentido de garantir o exercício legítimo da advocacia pública.
Como no caso do RHC 39.644/RJ, em que trancou ação penal, por ausência de elementos
mínimos capazes de respaldar o início da persecução criminal:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. ART. 89 DA LEI N.º 8.666/93.


PROCURADORES MUNICIPAIS. SIMPLES EMISSÃO E APROVAÇÃO DE PARECER JURÍ-
DICO OPINANDO PELA DISPENSA DE PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. IMUNIDADE DO
ADVOGADO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE QUALQUER ELEMENTO INDICIÁ-
RIO VÁLIDO. TRANCAMENTO. RECURSO PROVIDO.
1. Recorrentes denunciados juntamente com outros 10 corréus como incursos no art. 89,
caput, da Lei n.º 8.666/1993, pois teriam colaborado com dispensa indevida de licitação
para realização de obra pública, beneficiando a empresa contratada em R$ 21.607.812,96
(vinte e um milhões, seiscentos e sete mil, oitocentos e doze reais e noventa e seis cen-
tavos).
2. Resta evidenciada a atipicidade das condutas dos Recorrentes, uma vez que foram
denunciados apenas pela simples emissão e suposta aprovação de parecer jurídico, sem
demonstração da presença de nexo de causalidade entre a conduta a eles imputada e a
realização do fato típico.
3. O regular exercício da ação penal – que já traz consigo uma agressão ao status dignita-
tis do acusado – exige um lastro probatório mínimo para subsidiar a acusação. Não basta
mera afirmação de ter havido uma conduta criminosa. A denúncia deve, ainda, apontar
elementos, mínimos que sejam, capazes de respaldar o início da persecução criminal,
sob pena de subversão do dever estatal em inaceitável arbítrio. Ausente o requisito indici-
ário do fato alegadamente criminoso, falta justa causa para a ação penal.
4. Recurso provido para trancar a ação penal em tela somente em relação aos ora
Recorrentes.
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(RHC 39.644/RJ, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2013,
DJe 29/10/2013)
PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PREVARICAÇÃO. CRIME
CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL. EXCEPCIONALIDADE NA VIA ELEITA. FLAGRANTE ATIPICIDADE EVIDENCIADA.
DENÚNCIA INEPTA. RECURSO PROVIDO.
(...)
Decerto, a divergência de opinião na atividade consultiva não acarreta responsabilização
pessoal, salvo, repita-se, se demonstrado que o parecerista agiu dolosamente ou come-
teu erro grosseiro. 17. Evidenciada, de plano, a flagrante atipicidade das condutas e a
inépcia da exordial no tocante ao recorrente, deve ser trancada a ação penal, ressaltando-
-se a possibilidade de oferta de nova denúncia, desde que atendidos os requisitos do art.
41 do CPP e com fundamento em fatos novos. 18. A manifesta atipicidade das condutas
imputadas ao recorrente não conduz à conclusão de que os fatos reputadamente crimi-
nosos atribuídos aos corréus sejam igualmente atípicos, devendo, portanto, seja dado
prosseguimento à persecução penal para que sejam esclarecidos os eventos descritos
na peça acusatória. 19. Recurso provido para determinar o trancamento da Ação Penal
n. 19880-63.2016.8.10.0001, em curso na 7ª Vara Criminal da Comarca de São Luís/
MA, devendo, porém, ser mantida a persecução penal em relação ao demais réus. (RHC
82.377/MA, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 10/10/2017, DJe
18/10/2017)

013. (VUNESP/PREFEITURA DE SBC/ASSESSOR JURÍDICO/2018) É correto afirmar que o


membro da Advocacia Pública será civil
a) e solidariamente responsável quando agir com dolo ou culpa no exercício de suas funções.
b) e progressivamente responsável quando agir com culpa ou fraude no exercício de
suas funções.
c) e exclusivamente responsável quando agir com dolo, culpa ou fraude no exercício de
suas funções.
d) e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
e) e subsidiariamente responsável quando agir com dolo ou culpa no exercício de suas funções.

O teor do art. 184 do CPC responde essa questão:

Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com
dolo ou fraude no exercício de suas funções.
Letra d.

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
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3. Prerrogativas Processuais da Fazenda Pública


Para os entes abrangidos pelo termo Fazenda Pública, a lei prevê regras diferenciadas com
vistas a alcançar o equilíbrio e se adaptar às peculiaridades do ente público, a saber:
• Prazos Diferenciados (art. 183 do CPC);
• Intimação Pessoal (art. 183, §1º do CPC);
• Citação e revelia (art. 345, II do CPC);
• Remessa necessária (art. 496, do CPC);
• Despesas pagas apenas ao final do processo e hipóteses de isenção de pagamento.

Mas, seja sincero(a), quando você lê esse termo “prerrogativas processuais da Fazenda
Pública”, não sente algum incômodo? Normalmente, meus alunos questionam de imediato:

Professora, e o princípio da igualdade?

Bom, com certeza, você sabe que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, enuncia que
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)”. Então, seria legítimo
conferir prerrogativas processuais à Fazenda Pública?
Segundo Bandeira de Mello, a lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas
instrumento regulador da vida social que necessita tratar equitativamente todos os cidadãos
(MELLO, 2002, p. 10).
E aí, como ficam as prerrogativas previstas em lei em prol da Fazenda Pública?
É preciso ter mente – principalmente para você que será um(a) futuro(a) procurador(a) –
que para que se chegue a esse escopo de “tratar equitativamente todos os cidadãos”, o prin-
cípio da igualdade, longe de pretender conferir tratamento idêntico a todas as pessoas, entes,
sujeitos e organismos, leva em conta as diversidades de casa um.
Cunha lembra que se deve tomar como parâmetro a notória e antiga lição de Aristóte-
les, segundo o qual, a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais.
O que se deve pensar são nos critérios estabelecidos pela lei para separar pessoas em
grupos para fins de tratamento jurídicos diversos. É preciso indagar se o fator de discriminação
previsto em lei é tolerável, justificável.
Nessa medida, você chega a inevitável conclusão de que o princípio da igualdade se desti-
na ao próprio legislador, que não pode colocar na legislação discriminações intoleráveis ou que
atentem à razoabilidade (CUNHA, 2021, p. 22).
No tocante à Fazenda Pública, alguns autores falam, inclusive, em privilégios, mas não se
trata de uma boa definição e por quê?
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Os privilégios consistem em vantagens sem fundamento, as quais criam uma discrimina-


ção intolerável que contrasta com situações de desvantagens. No caso da Fazenda Pública,
as vantagens processuais contêm fundamento razoável, consubstanciado no fato de que a
Fazenda Pública tem a incumbência de bem administrar a coisa pública, de modo que a insti-
tuição de regras diferenciadas efetivamente ao princípio da igualdade, no sentido aristotélico.
Qual a mentalidade que você deve ter ao fazer a prova de um concurso para a advoca-
cia pública?

“quando a Fazenda Pública está em juízo, ela está defendendo o erário. Na realidade, aquele conjunto
de receitas públicas que pode fazer face às despesas não é de responsabilidade, na sua formação,
do governante do momento. É toda a sociedade que contribui para isso. [...] Ora, no momento em
que a Fazenda Pública é condenada, sofre um revés, contesta uma ação ou recorre de uma decisão,
o que se estará protegendo, em última análise, é o erário. É exatamente essa massa de recurso que
foi arrecadada e que evidentemente supera, aí sim, o interesse particular. Na realidade, a autoridade
pública é mera administradora.” (MORAES, 2000, p. 69)

3.1. Fundamentos que Justificam as Prerrogativas Processuais da


Fazenda Pública
Pode-se destacar os seguintes fundamentos que embasam as prerrogativas processuais
da Fazenda Pública.

a) Interesse Público Presente nos Litígios

A supremacia do interesse público constitui um dos alicerces de todo o direito público.


Maria Sylvia Zanela de Pietro destaca que:

A Administração não é titular do interesse público. Mas sua guardiã. Ela tem que zelar pela sua pro-
teção. Daí a indisponibilidade do interesse público.

Por ser a guardiã do interesse público, ou seja, em razão da própria atividade de tutelar o in-
teresse público, a Fazenda Pública ostenta condição diferenciada das demais pessoas físicas
ou jurídicas de direito privado.
Quando a Fazenda Pública está em juízo ela está defendendo o erário. Isso já seria o sufi-
ciente para demonstrar que a Fazenda Pública se apresenta em situação bastante diferenciada
dos particulares, merecendo um tratamento diverso daquele que lhe é conferido.
Para que a Fazenda Pública possa, contudo, atuar da melhor e mais ampla maneira possí-
vel, é preciso que se lhe confiram condições necessárias e suficientes para tanto.
Mas atenção querido concurseiro(a)!!! Cada vez mais se consolida o entendimento segun-
do o qual o princípio da supremacia do interesse público não é uma ideia fixa ou preconcebida,
devendo-se analisar o caso concreto. Segundo CUNHA, o interesse é público quando se refere
aos beneficiários da atividade administrativa, e, não, aos entes que a exercem.

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b) Complexidade da Estrutura Administrativa dos Entes Públicos

Como um bom concurseiro (a), você sabe que A administração atua pautada no ato admi-
nistrativo, que possui forma própria e precisa atender a determinados requisitos.
Desse modo, o trânsito de informações entre as repartições públicas, a comunicação dos
atos, as manifestações administrativas são naturalmente lentas.
Pense bem, quando um particular vai contratar um advogado, ele já aparece com seus do-
cumentos. É diferente para o advogado público.
Para a elaboração da defesa do Estado, o procurador encaminha pedidos de informações
a outros órgãos ou repartições e tudo tem que ser formalizado para fins de fiscalização e con-
trole dos agentes públicos. O resultado é que todo esse trâmite é naturalmente lento.
Assim, a obtenção de informação para elaboração da defesa do Estado leva mais tempo
para ocorrer do que no caso de particulares. Dessa forma, temos que reconhecer que a advo-
cacia pública precisa de mais tempo para coletar informações a fim elaborar adequadamente
sua defesa.

c) A Advocacia Pública Deve Atender todo o Contingente de Trabalho


Existente

Outro ponto é que a advocacia pública deve atender todo o contingente de trabalho exis-
tente. O advogado público não tem a opção de deixar de patrocinar determinadas causas por
não ter condições de atender ao contingente existente, nem as pode repassar a outra banca
de advogados.
Enfim, importante lembrar que a advocacia pública lida com o interesse público, eventual
deficiência de atuação desses órgãos reflete negativamente em toda a sociedade.

3.2. Constitucionalidade das Prerrogativas Processuais da Fazenda


Pública
Há na doutrina quem questione a constitucionalidade das prerrogativas processuais confe-
ridas à Fazenda Pública1. No entanto, o Supremo já se manifestou pela sua constitucionalidade :

O benefício do prazo recursal em dobro outorgado às pessoas estatais por traduzir prer-
rogativa processual ditada pela necessidade objetiva de preservar o próprio interesse
público, não ofende o postulado constitucional da igualdade entre as partes (RE 181.138/
SP, 1ª Turma, Rel. Ministro Celso de Mello, DJ 12/05/1995)”

1
Segundo Rafael Sirangelo de Abreu, as prerrogativas conferidas à Fazenda Pública são, em princípio, ilegítimas, pois dese-
quilibram posições processuais, podendo pontualmente, ser justificadas se, concretamente, forem necessárias para a con-
cretização do contraditório-influência no processo (Igualdade e processo: posições processuais equilibradas e unidade do
direito. São Paulo: RT, 2015.n. 2.1.1, p. 197)

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3.3. O Princípio da Isonomia no Processo Civil


No processo civil, o princípio da isonomia está relacionado à paridade de armas, ou seja,
o juiz deve conferir às partes igualdade de oportunidades, para que, exercendo o contraditório,
possam ter a chance de participar de seu convencimento, trazendo elementos necessários e
suficientes para demonstrar o acerto da respectiva tese ou defesa.

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculda-


des processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais,
competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.

O art. 7º do CPC é complementado pelo artigo 139, I, do mesmo Código, que dirige uma
obrigação ao juiz, no sentido de assegurar às partes igualdade de tratamento

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I – assegurar às partes igualdade de tratamento;

Assim, o CPC consagrou a incumbência do juiz de garantir o equilíbrio processual, proce-


dendo a adequações em situações excepcionais, com vistas a assegurar a igualdade material.
Dessa forma, as regras no processo que se apresentam diferenciadas visam, na verdade,
a alcançar o equilíbrio e adaptar-se às peculiaridades daquela parte que detém uma condição
diferenciada em relação às demais.
Por isso temos regras especiais, como por exemplo, a suspensão do processo pelo parto
ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável pelo processo constituir a úni-
ca patrona da causa (CPC, art. 313, IX); a previsão de se conferir um curador ao réu preso revel
citado por edital ou por hora certa, enquanto não for constituído advogado (CPC, art. 72, II);
regras especiais de competência territorial para beneficiar vulneráveis (CPC, art. 53, I, II e III, e);
tramitação prioritária de processos que tenham idosos ou portadores de doença grave como
parte ou interessado (CPC, art. 1.048).
Assim, considerando que o princípio da isonomia decorre dessa ideia de tratar igualmente
os iguais e desigualmente os desiguais, você viu que existem várias regras no CPC que con-
templam o tratamento desigual e nem por isso se fala em quebra do princípio da igualdade.
Do mesmo modo, as regras especiais conferidas à Fazenda Pública, em especial por esta
ser a guardiã do interesse público, não violam, mas, na verdade, concretizam o princípio da
isonomia no processo.

4. Prerrogativas em Espécie
Entre as prerrogativas da Fazenda Pública, vamos estudar primeiro: os prazos diferencia-
dos e a intimação pessoal.

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Tais prerrogativas são comuns à Fazenda Pública, ao Ministério Público e à Defensoria


Pública, constituindo um regime jurídico único desses entes, conforme dispõe os artigos 180,
183 e 186, do CPC, a seguir destacados:

Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá
início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º .
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações proces-
suais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações pro-
cessuais.
§ 1º O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos termos do art. 183, § 1º .

4.1. Prazos Diferenciados


Para que o processo atinja sua finalidade de resolução integral do mérito, é preciso que se
pratiquem vários atos dentro dos prazos previamente estabelecidos.
Segundo Leonardo da Cunha:

O processo constitui um conjunto de atos destinados a um resultado final, que é a solução integral
do mérito. É intuitivo, pois, que a noção de processo está ligada à ideia de tempo: cada ato processual
deve ser praticado num momento próprio, estando as partes sujeitas a prazos que devem ser obe-
decidos. (CUNHA, 2021, p. 32)

Os prazos são decisivos para o processo. Para a prática de cada ato processual, é fixado,
geralmente, um prazo, cuja desobediência gera preclusão.
Então, a preclusão nada mais é do que a perda da faculdade processual de praticar um ato
em virtude da inobservância de um prazo peremptório (próprio) (art. 223 do CPC)
É importante lembrar que o CPC de 1973 previa, em seu artigo 188, o prazo em quádruplo
para a Fazenda Pública contestar e em dobro para recorrer. Tal dispositivo trouxe algumas dú-
vidas quanto à sua aplicação, boa parte sanadas com o CPC de 2015, que em seu artigo 183,
estabeleceu o prazo em dobro para todas as manifestações processuais da Fazenda Pública:

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fun-
dações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processu-
ais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

4.2. Aplicação do Artigo 183 do CPC


a) Entes que Compõem o Conceito de Fazenda Pública

Quanto à aplicação do art. 183 do CPC, o primeiro ponto a se destacar é que ele se aplica
aos entes que compõe o conceito de Fazenda Pública, atuando tanto como parte quanto como
assistente ou interveniente.
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O dispositivo expressamente menciona a União, os Estados, o DF e os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público.
Cabe lembrar aqui também dos Correios, que, muito embora seja uma empresa pública,
goza do benefício do prazo em dobro previsto no art. 12 do Decreto-Lei n. 509/1969, o qual
foi recepcionado pela CF/1988, conforme decidido pelo STF no RE 220.906/DF, de relatoria do
Min. Maurício Corrêa, DJ de 14.11.2002.
Vale citar que o STJ também segue a mesma orientação:

PROCESSUAL CIVIL. ECT. ART. 188 DO CPC. PRERROGATIVA DE PRAZO EM DOBRO. APLI-
CABILIDADE.
1. A jurisprudência desta Corte firmou entendimento no sentido de que é aplicável a regra
constante do art. 188 do CPC à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, empresa
pública federal, entidade da Administração Indireta da União, criada pelo Decreto-Lei n.
509/69.
2. Precedente: AgRg no REsp 1.308.820/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe 10/06/2013.
Embargos de declaração acolhidos, com efeitos infringentes, para afastar a intempesti-
vidade do agravo regimental interposto às fls. 2.357/2.370, e-STJ e tornar nulo o acórdão
de fls. 2.407/2.410, e-STJ. Após a publicação, retornem os autos para a reapreciação do
agravo regimental da ECT de fls. 2.357/2.370, e-STJ.
(EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1416337/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe 06/05/2015)

b) Procedimentos

A prerrogativa do prazo em dobro aplica-se a qualquer procedimento, seja comum, seja


especial, igualmente à fase de cumprimento de sentença (com ressalva da impugnação) e ao
de execução (com a ressalva dos embargos). Também se aplica em caso de recurso adesivo.
Quanto a exceções mencionadas, lembre-se que: na impugnação ao cumprimento de sen-
tença, contra a Fazenda Pública, esta dispõe do prazo de 30 dias, conforme dispõe o art. 535,
do CPC. Assim também, na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será
citada para opor embargos em 30 dias (art. 910, do CPC).
Guarde o seguinte: a prerrogativa do prazo em dobro aplica-se a qualquer procedimento,
mas, toda vez que a lei dispuser de um prazo específico para o Poder Público, o benefício será
afastado. Confira-se:

CPC, Art. 183, § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de
forma expressa, prazo próprio para o ente público.

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c) Litisconsórcio

O art. 229 do CPC, dispõe o seguinte:

CPC, Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia
distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou
tribunal, independentemente de requerimento.

Proposta uma demanda em face da Fazenda Pública e, igualmente, em face de outra pes-
soa, tem-se um litisconsórcio passivo, com procuradores diferentes. Mas, nesse caso, a Fazen-
da Pública não se beneficia também da previsão do art. 229 do CPC.
Assim, as regras do art. 183 e 229 do CPC não são aplicáveis cumulativamente.
Lembrando que o prazo em dobro do art. 229 do CPC, também não se aplica quando o pro-
cesso for eletrônico, conforme o §2º do referido artigo.

d) Contagem em Dias Úteis, Feriados

Na contagem do prazo em dias para a Fazenda Pública, computam-se apenas os dias úteis,
seja o prazo legal, seja judicial.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente
os dias úteis.

A contagem do prazo em dias úteis somente se aplica aos prazos processuais, ou seja,
àqueles que são praticados dentro do processo. Assim, por exemplo, o prazo de 120 (cento e
vinte) dias para impetração do mandado de segurança não é processual, não sendo computa-
do apenas nos dias úteis, mas em dias corridos.
O Código não define o que são dias úteis. A definição é obtida por exclusão, o que não for
feriado, nos termos do art. 216 do CPC, será considerado dia útil.

Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos e
os dias em que não haja expediente forense.

e) Recesso

O art. 220 do CPC dispõe que se suspende o curso do prazo processual nos dias compre-
endidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
Nesse período, os atos são realizados normalmente. Apenas não correm os prazos. Os
que já tiveram início antes ficam suspensos, voltando a correr pelo período restante a partir do
primeiro dia útil após o dia 20 de janeiro. Durante esse período de suspensão também não se
realizam audiências e sessões de julgamento.

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Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro
e 20 de janeiro, inclusive.
§ 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do Mi-
nistério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão
suas atribuições durante o período previsto no caput.
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento.

Presta atenção no §1º do art. 220 do CPC! Ele pode ser cobrado em sua literalidade. O
dispositivo ressalva os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, da
Advocacia Pública, bem como os auxiliares da Justiça, no sentido de que todos exercerão suas
atividades normais nesse período.
Para Leonardo Carneiro da Cunha, a suspensão prevista no art. 220 do CPC não alcança os
prazos da Fazenda Pública, que correm normalmente no período ali mencionado, ressalvados
o recesso da Justiça Federal e os feriados existentes dentro do período (CUNHA, 2021, p. 39).
Mas essa posição é minoritária!
Em sentido contrário:
• A Resolução 244, de 2016, do CNJ prevê a suspensão dos prazos em todos os proces-
sos sem qualquer ressalva;
• Enunciado 32 do Fórum Nacional do Poder Público: “A suspensão dos prazos proces-
suais do período de 20 de dezembro a 20 de janeiro aplica-se à advocacia pública, sem
prejuízo das demais atribuições administrativas dos órgãos”;
• Enunciado 21 da I Jornada de Direito Processual Civil, do Conselho da Justiça Federal:
“A suspensão dos prazos processuais prevista no caput do art. 220 do CPC estende-se
ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública.”

Essa é a posição majoritária. Para sua prova, fique atento à literalidade do artigo, conside-
rando que ele não diz que os prazos correrão normalmente para a Fazenda Pública no recesso.
Mas que, ressalvadas as férias individuais e feriados, os advogados públicos exercerão suas
atribuições durante esse período previsto.

014. (CESPE/PGM/JOÃO PESSOA/PB/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/ 2018) Às advoca-


cias públicas municipais é garantido que o prazo para praticar ato processual será de dez dias,
desde que inexista previsão legal ou prazo determinado pelo juiz dispondo de outra forma.

Para compreender a questão, você deve ter em mente que o prazo para a prática de ato proces-
sual a cargo da parte é de 5 dias, salvo preceito legal em sentido diverso ou prazo determinado
pelo juiz.

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Art. 218, § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo
para a prática de ato processual a cargo da parte.

Ademais, deve considerar que os prazos de manifestação da Advocacia Pública em juízo


são em dobro, salvo quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio. Veja o que
diz o CPC:

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações proces-
suais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público.

Ora, se, não havendo determinação legal ou do juiz de maneira diversa, o prazo para prática de
atos processuais é de 5 dias, para a Fazenda Pública será em dobro, ou seja, 10 dias.
Certo.

4.3. Hipóteses de Não Aplicação do Prazo em Dobro


Não se aplica a regra do art. 183 do CPC quando há regra específica fixando prazo próprio.

Art. 183, § 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o ente público.

O PULO DO GATO
Vou destacar as hipóteses a seguir que costumam ser cobradas em prova!

a) Prazos para Impugnação ao Cumprimento de Sentença e para Embargos


à Execução pela Fazenda Pública

A execução contra a Fazenda Pública pode fundar-se em título judicial ou extrajudicial.


Quando o título for judicial, há cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública (arts. 534 e
535). Sendo extrajudicial, propõe-se a execução disciplinada pelo art. 910.
Nos termos do art. 535 do CPC, a Fazenda Pública é, no cumprimento de sentença, intima-
da para apresentar impugnação no prazo de 30 (trinta) dias.
Na execução fundada em título extrajudicial, o Poder Público é citado para embargar no
prazo de 30 dias.
Nos dois casos, há um prazo específico para a Fazenda Pública, logo não há conta-
gem em dobro.

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CPC, Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga,
remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, im-
pugnar a execução, podendo arguir:
CPC, Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor
embargos em 30 (trinta) dias.

b) Prazos Judiciais

Aqui nós temos divergências.


Para Leonardo da Cunha, o art. 183 do CPC, aplica-se, apenas, a prazos legais, não colhen-
do os prazos judiciais. Isso porque, nesses últimos, o juiz já fixa o prazo e, ao fixá-lo, leva em
conta que o destinatário é a Fazenda Pública.”
Para Guilherme de Freire Melo Barros, deve haver uma distinção entre prazos judiciais diri-
gidos a ambas as partes e aqueles específicos para o Poder Público.
Assim, se o despacho do juiz é genérico (digam ambas as partes em 5 dias), deve-se contar
o prazo em dobro para a Fazenda Pública. Mas, se o despacho é específico para o Ente Público
(comprove o Estado em 10 dias, o cumprimento da liminar), este prazo deve ser respeitado.
Veja bem: o §2º do art. 183 afasta a prerrogativa de prazo, “quando a lei estabelecer, de
forma expressa, prazo próprio”. Então, se o juízo estabelece um prazo específico para o Ente
Público, esse é o prazo que dispõe o ente para manifestação.
Nesse sentido, foi editado o enunciado 53 do Fórum Nacional do Poder Público (FNPP):
“Os prazos comuns fixados pelo juiz devem ser contados em dobro para a Fazenda Pública.”

DICA!
É bem improvável que esse ponto, que não é pacífico, seja
cobrado em prova objetiva. Mas, numa segunda fase, se for
concurso para procuradoria, você pode defender que o prazo
comum fixado pelo juiz deve ser contado em dobro, seguindo
o enunciado 53 do FNPP, o que será uma grande fundamenta-
ção a favor do Poder Público.

c) Prazos Em ações de Controle de Constitucionalidade

As ações que provocam o controle abstrato de constitucionalidade (ADI e ADC) perante o


Supremo Tribunal Federal estão disciplinadas na Lei 9.868/1999.
O Supremo já decidiu que não se aplica ao processo de controle concentrado de constitu-
cionalidade o art. 183 do CPC, contando-se os prazos de forma simples.
Confira-se:

Não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de constitucionalidade a norma


que concede prazo em dobro à Fazenda Pública.

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As prerrogativas processuais dos entes públicos, tal como prazo recursal em dobro e inti-
mação pessoal, não se aplicam aos processos em sede de controle abstrato.
Assim, a Fazenda Pública não possui prazo recursal em dobro no processo de controle
concentrado de constitucionalidade, mesmo que seja para a interposição de recurso
extraordinário.
(STF. Plenário. ADI 5814 MC-AgR-AgR/RR, Rel. Min. Roberto Barroso; ARE 830727 AgR/
SC, Rel. para acórdão Min. Cármen Lúcia, julgados em 06/02/2019 – Info 929).

O Supremo entende que a prerrogativa do prazo em dobro prevista no art. 183 do CPC/2015
tem incidência unicamente nos processos subjetivos, ou seja, que discutem situações con-
cretas e individuais, não se aplicando nos processos de controle concentrado de constitu-
cionalidade.
O processo de fiscalização abstrata de constitucionalidade configura típico processo de
caráter objetivo, destinado a viabilizar o julgamento, não de uma relação jurídica concreta, mas
de validade de lei em tese. Assim, não se justifica a incidência da prerrogativa.

d) Estado Estrangeiro

A questão foi apreciada pelo STJ. No caso concreto, o Estado estrangeiro defendeu que
gozaria das mesmas prerrogativas previstas no art. 188 do CPC de 1973 em virtude do princí-
pio da igualdade entre os Estados, previsto no art. 4º, V, da Constituição Federal. Além disso, o
Estado estrangeiro, no caso, alegou que mantinha as dificuldades típicas da burocracia admi-
nistrativa.
O STJ, no entanto, entendeu que o citado art. 4º da CF/1988 refere-se a princípios de rela-
ções internacionais.

O prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer, previsto no artigo 188 do
CPC, não se aplica ao Estado estrangeiro.
(Ag 297.723/SP, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado
em 08/06/2000, DJ 14/08/2000, p. 172)

Portanto, não se aplicam ao Estado estrangeiro as prerrogativas previstas no art. 183 do CPC.
Aqui é importante lembrar! Presta atenção! Compete ao STJ julgar os processos em que
forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município
ou pessoa residente ou domiciliada no País (art. 105, II, c, da CF/1988 e art. 1.027, II, b, do CPC)

e) Mandado de Segurança

No processo do mandado de segurança, a autoridade impetrada é notificada para prestar


informações, no prazo de 10 dias (art. 7º, I, da Lei 12.016/2009). Esse prazo é específico, por-
tanto, não é contado em dobro.
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Mas os prazos dos recursos em Mandado de Segurança sujeitam-se à regra do art.


183 do CPC.
A Lei 12.016/2009 prevê expressamente o recurso de apelação sem prazo específico, por-
tanto, se o recorrente for a Fazenda Pública, o prazo será em dobro.
Enfim, a Fazenda Pública, no processo do MS, desfruta da prerrogativa do prazo em dobro
para recorrer, aplicando-se o disposto no art. 183 do CPC.
Quanto ao recurso em pedido de suspensão de segurança, previsto no art. 15 da Lei
12.016/2009, há considerações específicas que serão abordadas no próximo tópico.

f) Agravo em Suspensão de Segurança

O recurso de agravo em pedido de suspensão de segurança é previsto de forma esparsa


em diferentes diplomas.
O art. 4º, § 3º, da Lei 8.437/1992, prevê “Do despacho que conceder ou negar a suspensão,
caberá agravo, no prazo de cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua
interposição.”
Assim também, o art. 15 da Lei 12.016/2009:

Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério
Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente
do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em decisão fundamen-
tada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem efeito suspensivo, no
prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.

Nesses casos, incide a prerrogativa do prazo em dobro em benefício da Fazenda Pública?


A questão já foi decidida pelo STF que entendeu que o prazo em dobro não se aplica ao
agravo interno em suspensão de segurança:

Ementa: RECURSO. Agravo regimental. Inadmissibilidade. Intempestividade reconhecida.


Pedido de suspensão de segurança pela Fazenda Pública. Contagem em dobro. Inadmis-
sibilidade. Recurso não conhecido. Precedentes. Não se conhece de agravo regimental
interposto a desoras em incidente de suspensão de segurança, que não admite conta-
gem em dobro do prazo recursal.
(SS 3740 AgR-segundo, Relator(a): CEZAR PELUSO (Presidente), Tribunal Pleno, julgado
em 29/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 30-04-2012 PUBLIC 02-05-
2012, destaques acrescidos)
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE SEGURANÇA. INTEMPESTIVIDADE.
INAPLICABILIDADE DE CONTAGEM EM DOBRO DO PRAZO RECURSAL. ART. 15 DA LEI N.
12.016/2009: CINCO DIAS. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA
PROVIMENTO.
(SS 4390 AgR-quinto, Relator(a): CÁRMEN LÚCIA (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em
05/02/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-037 DIVULG 26-02-2018 PUBLIC 27-02-2018)

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

No mesmo sentido, a jurisprudência da Primeira e Segunda Turma do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.


SUSPENSÃO DE SEGURANÇA. PRAZO EM DOBRO. ART. 188 DO CPC/73. INAPLICABI-
LIDADE. PRECEDENTES DO STF E DO STJ. 1. A jurisprudência deste Tribunal, em con-
sonância com o entendimento da Suprema Corte, afirma que não se aplica o disposto
no art. 188 do CPC/1973, que determina a aplicação do prazo em dobro para recorrer
quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público, aos pedidos de suspen-
são de segurança. Precedentes: AgInt. no AREsp 280.749/RN, Rel. Min. Gurgel de Faria,
Primeira Turma, DJe 6/2/2017 e AgR-AgR, na SL 586, Relatora. Ministra. Cármen Lúcia
(Presidente), Tribunal Pleno, DJe de 25/8/2017.
2. Agravo interno não provido.
(AgInt no REsp 1754306/CE, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, jul-
gado em 01/07/2019, DJe 02/08/2019, destaques acrescidos)
PROCESSUAL CIVIL. ENUNCIADO ADMINISTRATIVO 2/STJ. SUSPENSÃO DE LIMINAR.
MINISTÉRIO PÚBLICO. PRAZO EM DOBRO PARA RECORRER. ART. 188 DO CPC/1973.
INAPLICABILIDADE.
1. A Segunda Turma desta Corte, no julgamento do REsp 1.331.730/RS (Rel. Min. Herman
Benjamin, DJe de 23/5/2013), assentou que, “Em consonância com a jurisprudência
pacífica do Pleno do STF, no incidente de Suspensão de Segurança ou de Liminar não
se reconhece a prerrogativa da contagem de prazo em dobro para recorrer”. No mesmo
sentido: AgInt no AREsp 906.752/BA, Rel. Min. Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe
de 16/8/2017; e AgInt no AREsp 280.749/RN, Rel. Min. Gurgel de Faria, Primeira Turma,
DJe de 6/2/2017.
2. Esse entendimento foi reiterado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal no jul-
gamento da SL 586 AgR-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia (Presidente), Tribunal Pleno, DJe
de 25/8/2017.
3. Recurso especial não provido.
(REsp 1715501/DF, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, jul-
gado em 01/03/2018, DJe 07/03/2018, destaques acrescidos)

O entendimento do STF confirma o disposto no §2º do art. 183 do CPC. Ou seja, o prazo
para interposição de agravo interno contra a decisão do presidente do tribunal que indefere o
pedido de suspensão é específico da Fazenda Pública, não incidindo o benefício da contagem
em dobro (CUNHA, 2021, p. 44).

g) Ação Rescisória

Prazo para apresentação da defesa: na ação rescisória, o relator fixa um prazo entre 15 a
30 dias para que o réu apresente resposta (art. 970 do CPC).

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

Se a Fazenda Pública for ré na ação rescisória, o prazo fixado pelo Relator deverá observar
o art. 188 do CPC, de modo que será fixado entre 60 e 120 dias (STJ REsp 363.780/RS, Rel. Min.
Paulo Gallotti, 6ª Turma, julgado em 27/08/2002, DJ 02/12/2002, p. 379).
Prazo para ajuizamento: o direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do
trânsito em julgado da última decisão proferida no processo (art. 975 do CPC).
Segundo já decidiu o STF: não se pode estender a prerrogativa de prazo em dobro para a
propositura da ação rescisória (ADI 1753/DF E ADI 1910/DF)
Hipótese especial de prazo para ajuizamento da ação rescisória: o Art. 8º-C da Lei
6.739/1979, prevê o prazo de 8 anos para ajuizamento de ação rescisória nos processos que
digam respeito a transferência de terras públicas rurais.
O dispositivo destina-se a casos específicos de transferência de terras públicas rurais,
permitindo a revisão de decisões que consolidaram grilagens ou transferências ilegais de
bens públicos.

h) Contestação em Ação Popular

A ação popular é regida pela Lei 4.717/65, que dispõe em seu art. 7º, IV:

O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do


interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a todos os
interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do
decurso do prazo assinado em edital.

Trata-se de exceção que afasta a regra geral da prerrogativa o prazo em dobro para a Fa-
zenda Pública.

i) Juizados Especiais e Juizados Especiais da Fazenda Pública

A prerrogativa de prazos diferenciados para a Fazenda Pública não se aplica no procedi-


mento dos Juizados Especiais.
Com efeito, assim dispõe o art. 9º da Lei 10.259/2001, que disciplina os Juizados Espe-
ciais Cíveis e Criminais Federais:

Art. 9º Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas ju-
rídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para audiência de
conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta dias.

De igual modo, preconiza o art. 7º da Lei 12.153/2009, que dispõe sobre os Juizados Es-
peciais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos
Municípios:

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A Fazenda Pública em Juízo
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Art. 7º Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas pessoas jurí-
dicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para a audiência de
conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias.

015. (CESPE/PGM/JOÃO PESSOA/PB/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2018) Às advoca-


cias públicas municipais é garantido que o prazo para praticar ato processual será contado em
dobro, mesmo em se tratando de prazos próprios que sejam expressamente determinados na
legislação.

A questão exige conhecimento da lei seca. Assim, uma vez considerado o teor do art. 183, § 2º
do CPC, segundo o qual, “não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabe-
lecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público”, verifica-se o equívoco da questão.
Errado.

4.4. Intimação da Fazenda Pública


A intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo (art.
269 do CPC).
A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de suas respec-
tivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia
Pública responsável por sua representação judicial (art. 269, §3º do CPC).
A Fazenda Pública goza da prerrogativa de intimação pessoal em qualquer processo, inclu-
sive naqueles que tramitem nos juizados especiais.
Enunciado 29 do Fórum Nacional do Poder Público:

Aplica-se a intimação pessoal nos processos que tramitam sob o procedimento dos jui-
zados especiais, conforme o art. 183, §1º, do CPC.

Enunciado 7 do Fórum Nacional do Poder Público:

A prerrogativa de intimação pessoal da Fazenda Pública aplica-se a todos os casos em


que ela participe do processo, como parte, interessada ou amicus curiae.

A intimação será PESSOAL por carga, remessa ou meio eletrônico. Nos termos do art. 270
do CPC, as intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
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A intimação por meio eletrônico (Lei n. 11.419/2006, art. 5º) realizada em nome dos
advogados e procuradores e previamente cadastrados é tida como pessoal e se consi-
dera realizada no dia em que efetivada a consulta eletrônica ao seu teor ou no dia em que
escoado o prazo de 10 dias corridos para fazê-lo. (STJ. 3ª Turma REsp 1.574.008-SE, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/03/2019) Informativo 644 do STJ

Assim também, prevê o § 6º do art. 5º da Lei n. 11.419/2006 que as intimações feitas na


forma do referido artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para to-
dos os efeitos legais.
Presta atenção!!!! A intimação por meio eletrônico da Fazenda Pública não é a realizada no
Diário de Justiça eletrônico. Nesse sentido, o enunciado 8 do Fórum Nacional do Poder Público:

A intimação por meio eletrônico a que se refere o §1º do art. 183 do CPC não se realiza por Diário da
Justiça eletrônico, nem por e-mail.

Na mesma direção, o enunciado do Fórum Permanente de Processualistas Civis:

Para fins de contagem de prazo da Fazenda Pública nos processos que tramitam em autos eletrôni-
cos, não se considera como intimação pessoal a publicação pelo Diário de Justiça Eletrônico.

A Fazenda Pública é obrigada a manter cadastro nos sistemas de processo em autos ele-
trônicos, para recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencial-
mente por esse meio (CPC, arts. 246, §2º, e 1.050).
Segundo Cunha, não feito o cadastro, a intimação será efetuada pelo diário de justiça, per-
dendo a Fazenda Pública o direito à intimação pessoal (CUNHA, 2021, p. 52). Realmente, assim
já decidiu a Corte Especial do STJ:

INTERPOSIÇÃO APÓS O PRAZO LEGAL. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO RECURSAL EM


DOBRO. ARTIGOS 1.003, § 5º, 219 E 183 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
INTEMPESTIVIDADE. AGRAVO INTERNO NÃO CONHECIDO. 1. Uma vez descumpridas as
disposições do art. 1.050 c/c art. 246, §§ 1º e 2º, ambos do CPC/2015, não aproveita ao
ente público a prerrogativa processual da intimação pessoal. 2. É intempestivo o agravo
interno interposto fora do prazo em dobro concedido à Fazenda Pública para todas as
suas manifestações processuais, nos termos dos artigos 1.003, § 5º, 219 e 183 do Código
de Processo Civil.
3. Agravo interno não conhecido.
(AgInt no RE no AgInt no AREsp 1304601/CE, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, CORTE ESPECIAL, julgado em 24/09/2019, DJe 30/09/2019)

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O PULO DO GATO
Nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, o STF já decidiu que a Fazenda
Pública não goza da prerrogativa da intimação pessoal, pelos mesmos motivos que não se
beneficia do prazo em dobro.

Ou seja, o Supremo entende que a previsão do art. 183 do CPC tem incidência unicamente
nos processos subjetivos, ou seja, que discutem situações concretas e individuais, não se apli-
cando nos processos de controle concentrado de constitucionalidade.
O processo de fiscalização abstrata de constitucionalidade configura típico processo de
caráter objetivo, destinado a viabilizar o julgamento, não de uma relação jurídica concreta, mas
de validade de lei em tese. Assim, não se justifica a incidência das prerrogativas.

Ementa: Processo Constitucional. Agravo Regimental em Ação direta de inconstituciona-


lidade. Desprovimento.
1. As prerrogativas processuais dos entes públicos, tal como prazo recursal em dobro
e intimação pessoal, não se aplicam aos processos em sede de controle abstrato. 2.
Agravo regimental não provido.
(ADI 5814 MC-AgR-AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em
06/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 06-08-2019 PUBLIC 07-08-2019)

O STJ decidiu que é válida a intimação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT
realizada na pessoa do advogado cadastrado no sistema PJe. (REsp 1574008/SE, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/03/2019, DJe 15/03/2019)

Alguns pontos que o STJ destacou no julgado para você memorizar:


• O STF firmou o entendimento, a partir do julgamento do RE 220.907/RO (julgado em
12/06/2001, DJ de 31/08/2001), no sentido de que a ECT é empresa pública, prestadora
de serviço público sob regime de monopólio, que integra o conceito de Fazenda Pública;
• O art. 12 do Decreto-Lei 509/69 atribui à ECT os privilégios concedidos à Fazenda Pú-
blica no concernente, dentre outros, a foro, prazos e custas processuais, não fazendo
qualquer referência à prerrogativa de intimação pessoal;
• Em se tratando de processo eletrônico, prevê o § 6º do art. 5º da Lei 11.419/06 que as
intimações feitas por meio eletrônico aos devida e previamente cadastrados, inclusive
da Fazenda Pública, serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais;

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• Se o advogado, no momento em que ajuizou a ação, fez o cadastro em nome próprio,


não pode, posteriormente, alegar a nulidade da intimação realizada na sua pessoa, e
não na da entidade que representa, para se eximir da responsabilidade de acompanhar
o andamento do processo, a partir da consulta assídua ao sistema PJe.

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RESUMO
Direito Processual Público: ramo do direito processual em que a pessoa jurídica de direito
público figura como parte, seja no polo ativo ou passivo da demanda.
Fazenda Pública nada mais é do que a personificação do Estado. Nos processos em que
haja a presença de uma pessoa jurídica de direito público interno, esta pode ser designada
genericamente de Fazenda Pública, mesmo que a demanda não verse sobre matéria fiscal ou
financeira (CUNHA, 2021, p. 1).
A expressão Fazenda Pública identifica-se com as pessoas jurídicas de direito público in-
terno: União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas respectivas autarquias e fundações.
Não abrange, portanto, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, que são
pessoas jurídicas de direito privado, e, por consequência, não integram o conceito de Fazen-
da Pública.
As fundações públicas criadas pelo poder público para prestação de atividade essencial-
mente pública estão abrangidas pelo conceito de Fazenda Pública. O mesmo acontece em
relação às agências reguladoras e às executivas, que se constituem pessoas jurídicas de di-
reito público destinadas a desempenhar atividade pública e, portanto, integram o conceito de
Fazenda Pública. Os consórcios públicos que sejam constituídos sob a forma de associações
públicas também integram o conceito de Fazenda Pública.
Os Conselhos de Fiscalização Profissional detêm natureza jurídica de autarquias e, dessa
forma, possuem as prerrogativas processuais conferidas à Fazenda Pública. No entanto, o fato
de tais conselhos de fiscalização deterem, segundo o STF, a natureza de autarquia, não confere
aos que representam esses conselhos em juízo a condição de advogados públicos.
Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento judicial, pelos Conselhos de Fiscali-
zação (exs: CREA, CRM, COREN, CRO) não se submetem ao regime de precatórios.
No julgamento do RE 220.906/DF, o STF consagrou o entendimento de que a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), por prestar serviço público da União (art. 21, X, da
Constituição Federal) de forma exclusiva e em regime não concorrencial, deve ser equiparada
à Fazenda Pública.
A Fazenda Pública é representada em juízo por seus procuradores judiciais, titulares de
cargos públicos privativos de advogados regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do
Brasil, detendo, portanto, capacidade postulatória. Os procuradores não precisam apresentar
o instrumento de mandato (procuração) para atuar em juízo, uma vez que mantém um vínculo
legal com a Administração Pública.
A Advocacia-Geral da União (AGU) é a instituição que, diretamente ou através de órgão vin-
culado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei com-
plementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria
e assessoramento jurídico do Poder Executivo. A AGU é composta pelos advogados da União;
Procuradores federais; Procuradores da Fazenda Nacional; Procuradores do Banco Central.
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Os Advogados da União são responsáveis pela representação judicial e extrajudicial, ati-


vidades de consultoria e assessoramento da Administração Direta, assim como, matéria resi-
dual (que não seja das outras procuradorias). Os procuradores federais representam as autar-
quias e fundações públicas, com exceção do Banco Central do Brasil, que, apesar de ser uma
autarquia federal, possui uma procuradoria própria. Além disso, cabe à Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN) executar as dívidas de FGTS, as multas por infração à CLT, as ques-
tões relativas à Imposto Territorial Rural – ITR e multas penais não pagas. Em suma, o que a
PGFN inscreve, ela cobra.
O art. 29 do Ato de disposições constitucionais transitórias (ADCT) previu a possibilidade
de que os então membros do MPF pudessem optar, de forma irretratável, entre as carreiras do
MPF e da AGU.
As decisões dos Tribunais de Contas da União que ensejem condenação a administradores
públicos ao pagamento de multa ou ressarcimento de valores para a União devem ser execu-
tadas pela Advocacia-Geral da União e, não, pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. É
que tal título executivo não é objeto de inscrição em dívida nem se confunde com a certidão de
dívida ativa, não viabilizando a propositura de execução fiscal. (CUNHA, 2021, pg. 9).
As Procuradorias de Estado, por integrarem os respectivos Poderes Executivos, não gozam
de autonomia funcional, administrativa ou financeira, uma vez que a administração direta é una
e não comporta a criação de distinções entre órgãos em hipóteses não contempladas explícita
ou implicitamente pela Constituição Federal.
A garantia da inamovibilidade conferida pela Constituição Federal aos magistrados, aos
membros do Ministério Público e aos membros da Defensoria Pública (artigos 93, VIII; 95, II;
128, § 5º, b; e 134, parágrafo único) não pode ser estendida aos procuradores de estado.
Os princípios institucionais e as prerrogativas funcionais do Ministério Público e da Defen-
soria Pública não podem ser estendidos às Procuradorias de Estado, porquanto as atribuições
dos procuradores de estado – sujeitos que estão à hierarquia administrativa – não guardam
pertinência com as funções conferidas aos membros daquelas outras instituições.
É incompatível com a Constituição Federal norma de Constituição estadual que disponha
sobre nova hipótese de foro por prerrogativa de função, em especial relativo a ações destina-
das a processar e julgar atos de improbidade administrativa.
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa
de função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE, Defen-
sores Públicos e Delegados de Polícia.
Pelo Princípio da Unidade Institucional, os Procuradores dos Estados e do Distrito Fede-
ral serão os únicos responsáveis pela representação judicial e pela consultoria jurídica das
respectivas unidades federadas. Ou seja, apenas um órgão pode desempenhar as funções de
representação judicial e de consultoria jurídica nos Estados e DF e este órgão é a Procurado-
ria-Geral do Estado ou Procuradoria-Geral do DF.

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Nos termos do art. 175, §3º, da CF, mediante convênio firmado pelas respectivas procura-
dorias, os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar compromisso recíproco para prática de
ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado.
É inconstitucional lei estadual que confira à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) competên-
cia para controlar os serviços jurídicos e para fazer a representação judicial de empresas públi-
cas e sociedades de economia mista, inclusive com a possibilidade de avocação de processos
e litígios judiciais dessas estatais. Essa previsão cria uma ingerência indevida do Governador
na administração das empresas públicas e sociedades de economia mista, que são pessoas
jurídicas de direito privado.
Os Estados e o DF não podem criar procuradorias autárquicas como órgãos distintos da
PGE ou PGDF.
Lei estadual não pode criar cargos em comissão para o desempenho das atribuições de
assessoramento jurídico no âmbito do Poder Executivo.
Exceções ao Princípio da Unicidade previsto no art. 132 da CF/1988:
• Exceção 1: o art. 69 do ADCT foi uma exceção transitória ao princípio da unicidade orgâ-
nica da Procuradoria estadual;
• Exceção 2 – é possível a criação de procuradorias vinculadas ao Poder Legislativo para
representação judicial da Assembleia Legislativa e ao Tribunal de Contas para a defesa
de sua autonomia e independência perante os demais Poderes. Desde que; a atuação
da Procuradoria para representação judicial da Assembleia Legislativa e do Tribunal de
Contas fique limitada à defesa das prerrogativas inerentes ao Poder Legislativo; a inves-
tidura se dê mediante concurso público e é vedada a atribuição de cobrança judicial de
multas aplicadas pelo próprio tribunal de contas;
• Exceção 3 – cargos efetivos de advogados no quadro administrativo do Poder Judiciário
com finalidade de assessoramento jurídico e postulatória, quando o objetivo for zelar
pela independência funcional e as prerrogativas inerentes ao Poder;
• Exceção 4 – as universidades estaduais também podem criar e organizar procuradorias
jurídicas, em razão de sua autonomia didático-científica, administrativa, financeira e pa-
trimonial (art. 207, caput, CF/88).

É incompatível com a Constituição Federal o entendimento de que o Governador do Estado


deve autorizar a propositura de ação de improbidade pela Procuradoria.
É inconstitucional lei estadual que prevê que técnico superior em direito de autarquia será
responsável por exercer atribuições de representação jurídica da entidade.
É inconstitucional emenda à Constituição Estadual, de iniciativa parlamentar, que trate so-
bre as competências da Procuradoria-Geral do Estado. Isso porque esta matéria é de iniciativa
reservada ao chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, da CF/88).
Não há reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo para a deflagração de processo
legislativo de norma pela qual se definem critérios para nomeação do Procurador-Geral do

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
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Estado e eventuais substitutos, como Subprocurador-Geral do Estado e Procurador do Estado


Corregedor. Segundo o STF, a reserva de iniciativa do Chefe do Poder Executivo “não alcança
matérias as quais, delas cuidando, a Constituição da República emprestou alçada constitu-
cional”. Assim, por um lado o art. 132 da CF trata, de forma geral, da advocacia pública dos
Estados e do DF, mas, não especifica os critérios para nomeação do Procurador-Geral do Esta-
do e eventuais substitutos, o STF concluiu que não há reserva de iniciativa do Chefe do Poder
Executivo nesse caso.
A Fazenda Estadual dispõe de legitimidade para requerer a abertura de inventários (CPC,
art. 616, VIII), devendo ser ouvida sobre a declaração e avaliação de bens nesses processos
(CPC, arts. 626, §4º, 629, 633, 634), com a finalidade de fiscalizar o recolhimento de imposto
de transmissão causa mortis (CPC, art. 638).
Na esfera municipal, não há previsão constitucional obrigatória da criação de procurado-
rias-gerais. A representação do Município em juízo, em princípio, é atribuída ao prefeito. Tal
representação somente se fará por procurador se a lei local criar esse cargo, com função ex-
pressa de representação do ente político.
De acordo com o artigo 28, inciso I, do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/94), o exercício
do Mandato de Chefe do Poder Executivo é incompatível com a advocacia. Por esta razão,
não poderá o Prefeito atuar em defesa do Município em juízo, ainda que seja advogado regu-
larmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Logo, o prefeito pode receber a citação,
mas deverá constituir advogado para representar o Município, caso não haja cargo próprio de
procurador judicial.
A exceção prevista no art. 69 do ADCT da CF/1988 deixou evidente que, a partir da Cons-
tituição de 1988, não se permite mais a criação de órgãos jurídicos distintos da Procuradoria-
-Geral do Estado, admite-se apenas a manutenção daquelas consultorias jurídicas já existen-
tes quando da promulgação da Carta.
Responsabilidade do advogado público: contencioso – dolo ou fraude no exercício de suas
funções (art. 184 do CPC) e consultivo – culpa ou erro grosseiro (jurisprudência do STF). Se o
parecer for vinculante – o parecerista responde solidariamente com o administrador pela prá-
tica do ato, não sendo necessário demonstrar culpa ou erro grosseiro.
Constitui justa causa, ou motivo determinante, hábil a ensejar a abertura de processo admi-
nistrativo disciplinar, a existência de indícios de manifestações jurídicas de membro da Advo-
cacia-Geral da União que se apresentem, de forma sistemática, contrárias a pareceres norma-
tivos da AGU, aprovados pelo Presidente da República.
Fundamentos que justificam as prerrogativas processuais da Fazenda Pública: interesse
Público Presente nos Litígios, complexidade da Estrutura Administrativa dos Entes Públicos,
advocacia Pública deve atender todo o contingente de trabalho existente.
O benefício do prazo recursal em dobro outorgado às pessoas estatais por traduzir prer-
rogativa processual ditada pela necessidade objetiva de preservar o próprio interesse público,
não ofende o postulado constitucional da igualdade entre as partes.

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fun-


dações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações pro-
cessuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal. § 1º A intimação pessoal
far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
A prerrogativa do prazo em dobro aplica-se a qualquer procedimento, mas, toda vez que a
lei dispuser de um prazo específico para o Poder Público, o benefício será afastado.
As regras do art. 183 e 229 do CPC não são aplicáveis cumulativamente.
Na contagem do prazo em dias para a Fazenda Pública, computam-se apenas os dias úteis,
seja o prazo legal, seja judicial.
Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro
e 20 de janeiro, inclusive. Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os
juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os
auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput. Durante a
suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento.
A execução contra a Fazenda Pública pode fundar-se em título judicial ou extrajudicial.
Quando o título for judicial, há cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública (arts. 534
e 535). Sendo extrajudicial, propõe-se a execução disciplinada pelo art. 910. Nos termos do
art. 535 do CPC, a Fazenda Pública é, no cumprimento de sentença, intimada para apresentar
impugnação no prazo de 30 (trinta) dias.
Na execução fundada em título extrajudicial, o Poder Público é citado para embargar no
prazo de 30 dias. Nos dois casos, há um prazo específico para a Fazenda Pública, logo não há
contagem em dobro.
Enunciado 53 do Fórum Nacional do Poder Público (FNPP): “Os prazos comuns fixados
pelo juiz devem ser contados em dobro para a Fazenda Pública.”
Não se aplica ao processo objetivo de controle abstrato de constitucionalidade a norma
que concede prazo em dobro à Fazenda Pública. As prerrogativas processuais dos entes públi-
cos, tal como prazo recursal em dobro e intimação pessoal, não se aplicam aos processos em
sede de controle abstrato. Assim, a Fazenda Pública não possui prazo recursal em dobro no
processo de controle concentrado de constitucionalidade, mesmo que seja para a interposição
de recurso extraordinário.
Não se aplicam ao Estado estrangeiro as prerrogativas previstas no art. 183 do CPC.
No processo do mandado de segurança, a autoridade impetrada é notificada para prestar
informações, no prazo de 10 dias (art. 7º, I, da Lei 12.016/2009). Esse prazo é específico, por-
tanto, não é contado em dobro.
O prazo em dobro não se aplica ao agravo interno em suspensão de segurança.
Se a Fazenda Pública for ré na ação rescisória, o prazo fixado pelo Relator deverá observar
o art. 183 do CPC, de modo que será fixado entre 60 e 120 dias.
Não se pode estender a prerrogativa de prazo em dobro para a propositura da ação
rescisória.

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

Não se aplica o prazo em dobro na contestação em ação popular.


A prerrogativa de prazos diferenciados para a Fazenda Pública não se aplica no procedi-
mento dos Juizados Especiais.
A Fazenda Pública goza da prerrogativa de intimação pessoal em qualquer processo, inclu-
sive naqueles que tramitem nos juizados especiais.
Enunciado 29 do Fórum Nacional do Poder Público: Aplica-se a intimação pessoal nos
processos que tramitam sob o procedimento dos juizados especiais, conforme o art. 183,
§1º, do CPC.
Enunciado 7 do Fórum Nacional do Poder Público: A prerrogativa de intimação pessoal
da Fazenda Pública aplica-se a todos os casos em que ela participe do processo, como parte,
interessada ou amicus curiae.
A intimação por meio eletrônico (Lei n. 11.419/2006, art. 5º) realizada em nome dos advo-
gados e procuradores e previamente cadastrados é tida como pessoal e se considera realizada
no dia em que efetivada a consulta eletrônica ao seu teor ou no dia em que escoado o prazo de
10 dias corridos para fazê-lo.

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A Fazenda Pública em Juízo
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QUESTÕES DE CONCURSO
Advocacia Pública

016. (FCC/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO/2017) Ao disciplinar o Poder Judiciário, o Ministério Pú-


blico, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública, a Constituição Federal
I – garante a todas essas instituições autonomia administrativa e financeira, cabendo-lhes o
encaminhamento de suas propostas orçamentárias ao Chefe do Poder Executivo, dentro dos
limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
II – garante a todas essas instituições autonomia administrativa e funcional, a ser exercida nos
termos da lei.
III – garante a todas essas instituições a iniciativa legislativa privativa para propor ao Poder Le-
gislativo projeto de lei versando sobre a respectiva organização e funcionamento, observadas
as normas da Constituição Federal a esse respeito.
IV – veda ao Poder Executivo realizar ajustes nas propostas orçamentárias encaminhadas pelo
Poder Judiciário e pelo Ministério Público, ainda que seja para adequá-las aos limites previstos
na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
V – veda aos membros do Ministério Público o exercício da advocacia e aos membros da De-
fensoria Pública o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III
b) II e IV.
c) I e V.
d) V.
e) III e IV.

O item I está errado, porque o Poder judiciário (art. 99, § 1º, CF) o Ministério Público (art. 127,
§ 3º, CF), as Defensorias Públicas dos Estados e da União (art. 134, §§ 1º e 3º, CF) possuem
iniciativa de suas propostas orçamentárias, garantia que não foi atribuída à Advocacia Pública.
O Item II também está errado, uma vez que a Constituição não garantiu autonomia à Advoca-
cia Pública.
Quanto aos demais itens, a autonomia é assegurada – Judiciário (art. 99), o Ministério Público
(art. 127, § 2º) e as Defensorias Públicas da União, dos Estados e do Distrito Federal (art. 134,
§§ 2º e 3º), a quais contam com autonomia administrativa e funcional.
Errados também os itens III e IV, pois apesar de as propostas orçamentárias serem elabora-
das individualmente pelos Tribunais, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas, elas devem
respeitar a LDO, sendo encaminhadas aos respectivos chefes do Poder Executivo. Ao recebê-
-las, cabe a ele verificar se estão de acordo com a LDO e, em caso afirmativo, consolidam em

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A Fazenda Pública em Juízo
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um único documento que é enviado ao Poder Legislativo para apreciação. Caso as propostas
orçamentárias apresentadas pelo Judiciário, pelos Ministérios Públicos e pelas Defensorias
Públicas não estejam de acordo com a LDO, o Chefe do Poder Executivo pode proceder às
adequações necessárias para promover a consolidação da Lei Orçamentária Anual (LOA) para
posterior remessa ao Legislativo.
O item V está correto porque a Constituição veda que membros do MP e da Defensoria Pública,
fora do exercício das funções, exerçam a advocacia.
Portanto, errados os itens I a IV e correto apenas o V, sobra a alternativa d como a resposta
esperada pela Banca.
Letra d.

017. (CESPE/CEBRASPE/TJ-SE/JUIZ SUBSTITUTO/2008/ADAPTADA) A Constituição esta-


dual não pode conferir prerrogativa de foro aos procuradores de estado.

A Constituição Federal estabelece, como regra, com base no princípio do juiz natural e no
princípio da igualdade, que todos devem ser processados e julgados pelos mesmos órgãos
jurisdicionais. Em caráter excepcional, o texto constitucional estabelece o chamado foro por
prerrogativa de função com diferenciações em nível federal, estadual e municipal. Mas, a Cons-
tituição Estadual não pode ir além e estender o chamado foro por prerrogativa de função àque-
les que não foram abarcados pelo constituinte, uma vez que tal disposição seria contrária ao
Princípio da Simetria. Assim, conforme a jurisprudência do Supremo, a questão está certa.

É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que confere foro por prerrogativa


de função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do Estado, Procuradores da ALE,
Defensores Públicos e Delegados de Polícia.
STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940).

Certo.

018. (CESPE/CEBRASPE/TJ-SE/JUIZ SUBSTITUTO/2008/ADAPTADA) A defensoria pública


e as procuradorias estaduais têm autonomia funcional e administrativa.

Segundo o Supremo Tribunal Federal, a Constituição não assegurou independência funcional


ao advogado público, tal qual o fez para os membros do Ministério Público.

É inconstitucional norma que atribui à Procuradoria-Geral do Estado autonomia funcional


e administrativa, dado o princípio da hierarquia que informa a atuação dos servidores da
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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

Administração Pública. (ADI 291, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Tribunal Pleno,
julgado em 07/04/2010, DJe-168 DIVULG 09-09-2010 PUBLIC 10-09-2010 EMENT VOL-
02414-01 PP-00001)

Além disso, os Procuradores Estaduais não gozam da garantia de inamovibilidade sendo estes
subordinados hierárquicos do Chefe do Poder Executivo que poderá interferir na sua atuação.
Exatamente por isto, é inconstitucional a norma de Constituição Estadual que atribua autono-
mia funcional e administrativa à Procuradoria Estadual.
Constituição não assegura independência funcional ao advogado público, e o STF já estimou
contrária à Constituição norma estadual que o estabelecia. Não é válida a deliberação do cons-
tituinte estadual de conferir autonomia funcional e administrativa à Procuradoria-Geral do Es-
tado, como tampouco lhe é dado conferir aos membros da carreira a garantia da inamovibilida-
de. (MENDES, 2015, p. 1.037)
Quanto à defensoria pública, o art. 134, §§2º e 3º da CF/1988, assegurou às Defensorias Pú-
blicas da União, Estaduais e do DF autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e
subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.
Errado.

019. (CESPE/CEBRASPE/PGM/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2018) Com base na CF, assi-


nale a opção correta, acerca das funções essenciais à justiça.
a) Os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público gozam de vitaliciedade após dois
anos de exercício da função, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transita-
da em julgado
b) A unidade, a indivisibilidade e a independência funcional são princípios institucionais do
Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública.
c) O advogado-geral da União, chefe da Advocacia-Geral da União, é selecionado entre inte-
grantes da carreira maiores de trinta e cinco anos de idade e livremente nomeado pelo presi-
dente da República.
d) Às defensorias públicas é assegurada a iniciativa de leis que tratem da criação e da extinção
de cargos, da remuneração de servidores e da fixação do subsídio dos defensores públicos.
e) Aos membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública é vedado
o exercício de atividade político-partidária.

a) Errada. Tal garantia de vitaliciedade é garantida ao Ministério Público e não à Defensoria
Pública. Vejamos o art. 128, 5º, I, da CF/1988:

Art. 128. O Ministério Público abrange:


§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procu-
radores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público,
observadas, relativamente a seus membros:

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A Fazenda Pública em Juízo
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I – as seguintes garantias:
a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judi-
cial transitada em julgado;
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado
competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada
ampla defesa;
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37,
X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;

b) Errada. De fato, os princípios citados são institucionais da Defensoria Pública e do MP. En-
tretanto, na CF/88 não constam os princípios institucionais da Advocacia Pública. Observe que
enunciado pede a resposta com base na CF/88.
c) Errada. Não há a necessidade de ser integrante da carreira da Advocacia-Geral da União.
Vejamos o art. 131, §1º da CF/88:

§ 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo
Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e
reputação ilibada.

e) Errada. Na CF/88, tal vedação se aplica somente ao Ministério Público conforme dispõe o
art. 128, §5º, inciso II, alínea e:

II – as seguintes vedações:
e) exercer atividade político-partidária;

Confira o art. 134, §4º da CF/1988, o qual dispõe sobre a Defensoria Pública:

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orien-
tação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudi-
cial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do
inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a indepen-
dência funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96
desta Constituição Federal.

Veja o art. 96, inciso II:

Art. 96. Compete privativamente:


II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Po-
der Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que
lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d) a alteração da organização e da divisão judiciárias;

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Dessa forma, depreende-se que a Defensoria Pública poderá propor ao Poder Legislativo a ini-
ciativa de leis que tratem da criação e da extinção de cargos, da remuneração de servidores e
da fixação do subsídio dos defensores públicos.
Letra d.

020. (FCC/TJ-PR/JUIZ SUBSTITUTO/2017) Ao disciplinar o Poder Judiciário, o Ministério Pú-


blico, a Advocacia Pública e a Defensoria Pública, a Constituição Federal
I – garante a todas essas instituições autonomia administrativa e financeira, cabendo-lhes o
encaminhamento de suas propostas orçamentárias ao Chefe do Poder Executivo, dentro dos
limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
II – garante a todas essas instituições autonomia administrativa e funcional, a ser exercida nos
termos da lei.
III – garante a todas essas instituições a iniciativa legislativa privativa para propor ao Poder Le-
gislativo projeto de lei versando sobre a respectiva organização e funcionamento, observadas
as normas da Constituição Federal a esse respeito.
IV – veda ao Poder Executivo realizar ajustes nas propostas orçamentárias encaminhadas pelo
Poder Judiciário e pelo Ministério Público, ainda que seja para adequá-las aos limites previstos
na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
V – veda aos membros do Ministério Público o exercício da advocacia e aos membros da De-
fensoria Pública o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III
b) II e IV.
c) I e V.
d) V.
e) III e IV.

O item I está errado, porque o Poder judiciário (art. 99, § 1º, CF) o Ministério Público (art. 127,
§ 3º, CF), as Defensorias Públicas dos Estados e da União (art. 134, §§ 1º e 3º, CF) possuem
iniciativa de suas propostas orçamentárias, garantia que não foi atribuída à Advocacia Pública.
Novamente, não há autonomia à Advocacia Pública, o que torna errado o item II.
Quanto aos demais, a autonomia é assegurada – Judiciário (art. 99), o Ministério Público (art.
127, § 2º) e as Defensorias Públicas da União, dos Estados e do Distrito Federal (art. 134, §§
2º e 3º) contam com autonomia administrativa e funcional.
Errados também os itens III e IV, pois apesar de as propostas orçamentárias serem elaboradas
individualmente pelos Tribunais, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas, elas devem res-
peitar a LDO, sendo encaminhadas aos respectivos chefes do Poder Executivo. Ao recebê-las, cabe
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a ele verificar se estão de acordo com a LDO e, em caso afirmativo, consolidam em um único
documento que é enviado ao Poder Legislativo para apreciação. Caso as propostas orçamen-
tárias apresentadas pelo Judiciário, pelos Ministérios Públicos e pelas Defensorias Públicas
não estejam de acordo com a LDO, o Chefe do Poder Executivo pode proceder às adequações
necessárias para promover a consolidação da Lei Orçamentária Anual (LOA) para posterior
remessa ao Legislativo.
O item V é o único correto porque, de fato, a Constituição veda que membros do MP e da De-
fensoria Pública, fora do exercício das funções, exerçam a advocacia.
Portanto, errados os itens I a IV e correto apenas o V, sobra a alternativa d como a resposta
esperada pela Banca.
Letra d.

021. (CESPE/PGM/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2017) De acordo com o entendimento do


STF, são garantidas ao advogado público independência funcional e inamovibilidade.

O entendimento do STF é no sentido de que “A garantia da inamovibilidade é conferida pela CF


apenas aos magistrados, aos membros do Ministério Público e aos membros da Defensoria
Pública, não podendo ser estendida aos procuradores do Estado. [ADI 291, rel. min. Joaquim
Barbosa, j. 7-4-2010, P, DJE de 10-9-2010.]”
Errado.

022. (CESPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL/2013) A Advocacia-Geral da União tem por che-


fe o advogado-geral da União, de livre nomeação pelo presidente da República entre os inte-
grantes da carreira que tenham mais de trinta e cinco anos de idade, notável saber jurídico e
reputação ilibada.

Não é necessário que Chefe da AGU seja necessariamente integrante da carreira.


Conforme dispõe do art. 131, §1º da CF/1988: “A Advocacia-Geral da União tem por chefe o
Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos
maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.”
Errado.

023. (CESPE/AGU/QUESTÕES INÉDITAS/PROCURADOR/PG-DF/2019) A Advocacia-Geral


da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União,
judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre
sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico aos
poderes da República.

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O erro da assertiva está em dispor que a AGU presta atividade de consultoria a assessora-
mento jurídico aos poderes da República, o correto é apenas ao Poder Executivo, conforme a
literalidade do artigo 131, da CF/88:

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo.

Assim também, a LC 73/1993:

Art. 1º A Advocacia-Geral da União é a instituição que representa a União judicial e extrajudicialmente.


Parágrafo único. À Advocacia-Geral da União cabem as atividades de consultoria e assessoramento
jurídicos ao Poder Executivo, nos termos desta Lei Complementar.
Errado.

024. (CESPE/CEBRASPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL/2013) O Ato das Disposições


Constitucionais Transitórias assegurou o direito de opção, nos termos de lei complementar,
pela carreira da AGU aos procuradores da República que ingressaram nesse cargo antes da
promulgação da atual CF.

Para os Procuradores da República que ingressaram no cargo antes da promulgação da Cons-


tituição Federal, o ADCT assegurou a opção pela carreira de AGU ou pela permanência na car-
reira do Ministério Público.

Art. 29, § 2º Aos atuais Procuradores da República, nos termos da lei complementar, será facultada
a opção, de forma irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Federal e da Advocacia-Geral
da União.
Certo.

025. (CESPE/CEBRASPE/TJ-PA/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2012) Assinale a opção


correta acerca da organização administrativa da Advocacia-Geral da União e da Procuradoria-
-Geral da Fazenda Nacional:
a) Os denominados órgãos vinculados à Advocacia-Geral da União têm competência para re-
presentar, em juízo, a União.
b) A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão de direção superior da Advocacia-Geral da
União, é subordinada jurídica e administrativamente ao advogado-geral da União
c) O advogado-geral da União pode avocar quaisquer matérias jurídicas de interesse da insti-
tuição, tanto relativas à representação judicial quanto à extrajudicial.
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d) Compete à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional examinar previamente a legalidade de


contratos, acordos, ajustes e convênios que interessem ao Ministério da Fazenda, exceto os
relativos à dívida pública externa, cujo exame é de competência exclusiva do Senado Federal.
e) De acordo como a Lei Complementar n.º 73/1993, o advogado-geral da União tem a atribui-
ção de proferir decisão nas sindicâncias e nos processos administrativos disciplinares promo-
vidos pela Corregedoria-Geral e aplicar penalidades, inclusive a de demissão.

Para responder à questão, o candidato precisa ter conhecimento da letra da lei, no caso, a Lei
Complementar 73/1993. Vamos lá. Item por item.
a) Errada. Conforme art. 1º da LC 73/1993, é a própria AGU que representa a União, e não seus
“órgãos vinculados”.
b) Errada. Art. 2º, § 1º da LC 73/1993 – Subordinam-se diretamente ao Advogado-Geral da
União, além do seu gabinete, a Procuradoria-Geral da União, a Consultoria-Geral da União, a
Corregedoria-Geral da Advocacia-Geral da União, a Secretaria de Controle Interno e, técnica e
juridicamente (não administrativamente), a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Art. 12. Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional é administrativamente subordinado ao titular do


Ministério da Fazenda.

c) Certa. Art. 4º, § 2º da LC 73/1993 – O Advogado-Geral da União pode avocar quaisquer ma-
térias jurídicas de interesse desta, inclusive no que concerne a sua representação extrajudicial.
d) Errada. Art. 12, IV da LC 73/1993 – Compete à FGFN examinar previamente a legalidade dos
contratos, acordos, ajustes e convênios que interessem ao Ministério da Fazenda (atual Minis-
tério da Economia), inclusive os referentes à dívida pública externa, e promover a respectiva
rescisão por via administrativa ou judicial.
e) Errada. Art. 4º da LC 73/1993 – São atribuições do Advogado-Geral da União: XV – proferir
decisão nas sindicâncias e nos processos administrativos disciplinares promovidos pela Cor-
regedoria-Geral e aplicar penalidades, salvo a de demissão.
Letra c.

026. (CESPE/CEBRASPE/TJ-PB/JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO/2011/ADAPTADA) Ao con-


ferir aos procuradores dos estados e do DF a sua representação judicial, a CF veda expressa-
mente que tais entidades federativas confiram mandato ad judicia a outros advogados para
causas especiais.

A respeito, o STF já se pronunciou no sentido de que o Chefe do Poder Executivo estadual pode
contratar advogados privados em questões específicas, mesmo existente quadro organizado
de procuradores:

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
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Representação judicial não excludente da Constituição de mandatário ad judicia para


causa específica. Ao conferir aos procuradores dos Estados e do Distrito Federal a sua
representação judicial, o art. 132 da Constituição veicula norma de organização adminis-
trativa, sem tolher a capacidade de tais entidades federativas para conferir mandato ad
judicia a outros advogados para causas especiais.
[Pet 409 AgR, rel. p/ o ac. min. Sepúlveda Pertence, j. 18-4-1990, P, DJ de 29-6-1990.]

Em seu livro, Gilmar Mendes aborda o assunto: “Mesmo institucionalizada a Advocacia Públi-
ca, isso não exclui a possibilidade de o Estado constituir mandatário ad judicia para causas
específicas.” (2015, pg. 1.037).
Errado.

027. (CESPE/CEBRASPE/PREFEITURA DE IPOJUCA/PROCURADOR MUNICIPAL/2009)


Com relação ao exercício da advocacia e aos direitos conferidos aos advogados, julgue o
próximo item.
No exclusivo exercício da advocacia, o advogado tem imunidade profissional absoluta, não
podendo responder criminalmente por injúria, difamação ou desacato, nem mesmo cabendo
sanções disciplinares, perante a OAB, pelos excessos que cometer.

A imunidade profissional do advogado não é absoluta, o art. 7º, §2º Lei 8.906/1994 (Estatuto
da OAB) afirma que o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difama-
ção puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou
fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
Lembre-se ainda que na ADIN 1127-8, o STF suprimiu a expressão desacato, não fazendo parte
da imunidade do advogado.
A imunidade profissional é uma das prerrogativas para o advogado poder exercer com autono-
mia a sua função, por isso não pode ele responder penalmente pelas suas manifestações, pa-
lavras e atos que possam ser considerados ofensivos no exercício da advocacia (LÔBO, 2019).
Errado.

028. (CESPE/CEBRASPE/TRF-5ª/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2017) Um juiz federal deter-


minou que a União implantasse determinado direito do autor de ação judicial. A União, após
ser intimada da decisão por meio do advogado da União, não cumpriu a determinação judicial.
Nessa situação, o advogado da União, atuando no exercício de suas funções,
a) não poderá ser responsabilizado administrativamente, juntamente com a autoridade públi-
ca, pelo descumprimento de determinação judicial, mas poderá ser preso.
b) deverá ser preso pelo descumprimento de determinação judicial.
c) deverá ser responsabilizado judicialmente pelo descumprimento de determinação judicial.

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

d) deverá ser responsabilizado judicialmente, juntamente com a autoridade pública competen-


te, pelo descumprimento de determinação judicial.
e) não poderá ser responsabilizado judicialmente pelo descumprimento de determinação judi-
cial nem poderá ser preso.

O art. 38, inciso III da Lei 13.327/16, ao tratar dos membros da AGU, dispõe que:

Art. 38. São prerrogativas dos ocupantes dos cargos de que trata este Capítulo, sem prejuízo daque-
las previstas em outras normas:
III – não ser preso ou responsabilizado pelo descumprimento de determinação judicial no exercício
de suas funções;

Cabe ressaltar que em caso de dolo ou fraude no exercício de suas funções, o membro da Ad-
vocacia Pública será civil e regressivamente responsável, consoante art. 184 do CPC.
Letra e.

029. (CESPE/CEBRASPE/TJ-MA/JUIZ SUBSTITUTO/2013/ADAPTADA) É inconstitucional


regra estabelecida na constituição estadual segundo a qual a escolha do chefe da Procurado-
ria-Geral do estado ou da Advocacia-Geral do estado pelo governador deva recair, necessaria-
mente, sobre membro integrante da carreira, por se contrapor ao modelo federal, de observân-
cia obrigatória pelos estados-membros da Federação.

O STF já decidiu que a referida norma não é de reprodução obrigatória, de modo que é possível
que a Constituição de determinado Estado estabeleça que o Procurador-Geral do Estado seja
escolhido dentre membros da carreira.
O cargo de procurador-geral do Estado é de livre nomeação e exoneração pelo governador do
Estado, que pode escolher o procurador-geral entre membros da carreira ou não.
Mostra-se harmônico com a CF preceito da Carta estadual prevendo a escolha do procurador-
-geral do Estado entre os integrantes da carreira.
(ADI 2.581, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 16-8-2007, P, DJE de 15-8-2008)
Errado.

030. (CESPE/CEBRASPE/TJ-PI/JUIZ SUBSTITUTO/2012/ADAPTADA) A Advocacia-Geral da


União representa a União, judicial e extrajudicialmente, em litígios que envolvam todos os po-
deres da República, razão pela qual a CF a caracteriza como a instituição que presta atividades
de consultoria e assessoramento jurídico ao ente federativo federal, e não ao Poder Executivo.

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
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A questão cobra a literalidade do art. 131 da CF/1988:

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo.
Errado.

031. (CESPE/CEBRASPE/TJ-PI/JUIZ SUBSTITUTO/2012/ADAPTADA) De acordo com o


STF, no provimento do cargo de procurador-geral do estado ou de advogado-geral do estado, o
estado-membro está obrigado a observar o modelo federal estabelecido para o provimento do
cargo de advogado-geral da União.

O Supremo já decidiu que a referida norma não é de reprodução obrigatória, de modo que é
possível que a Constituição de determinado Estado estabeleça que o Procurador-Geral do Es-
tado seja escolhido dentre membros da carreira.
O cargo de procurador-geral do Estado é de livre nomeação e exoneração pelo governador do
Estado, que pode escolher o procurador-geral entre membros da carreira ou não.
Mostra-se harmônico com a CF preceito da Carta estadual prevendo a escolha do procurador-
-geral do Estado entre os integrantes da carreira.
(ADI 2.581, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 16-8-2007, P, DJE de 15-8-2008)
Errado.

032. (CESPE/AGU/PROCURADOR FEDERAL/2013) O Ato das Disposições Constitucionais


Transitórias assegurou o direito de opção, nos termos de lei complementar, pela carreira da
AGU aos procuradores da República que ingressaram nesse cargo antes da promulgação
da atual CF.

A questão cobra a literalidade do art. 29, § 2º do ADCT, segundo o qual:

Aos atuais Procuradores da República, nos termos da lei complementar, será facultada a opção, de
forma irretratável, entre as carreiras do Ministério Público Federal e da Advocacia-Geral da União.
Certo.

033. (CESPE/TJ-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO/2019) A respeito das funções essenciais à jus-


tiça, julgue o próximo item.
Compete à Advocacia-Geral da União exercer as atividades de consultoria jurídica e represen-
tação judicial dos Poderes Executivo, Legislativo e judiciário federais.
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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

Literalidade do art. 131 da CF/1988.

Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo.
Errado.

034. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2019) Dentre as funções essenciais à Justiça encontra-se a


Advocacia Pública. Sobre o assunto, assinale a alternativa que represente corretamente a ins-
tituição da Advocacia-Geral da União:
a) É instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como
expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a
promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos di-
reitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados.
b) É a instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial
e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua or-
ganização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder
Executivo.
c) É instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa
da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
d) É a instituição que tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente
da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação
de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois
anos, permitida a recondução

Questão que cobra a literalidade da Constituição Federal. Atenção para não se confundir. Va-
mos item por item.
a) Errada. Trata da Defensoria pública – Art. 134 CF.
b) Certa. Advocacia pública – Art. 131 CF.
c) Errada. Ministério público – Art. 127 CF.
d) Errada. Ministério público – Art. 127 § 1º CF.
Letra b.

Prerrogativas Processuais da Fazenda Pública

035. (CESPE/PGE-PE/PROCURADOR DO ESTADO/2018) O benefício da contagem em dobro


do prazo para manifestações da fazenda pública
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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
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a) se aplica no âmbito dos juizados especiais da fazenda pública.


b) não se aplica para a contestação em ação popular.
c) se aplica aos procuradores de sociedades de economia mista.
d) não se aplica aos procuradores de fundações de direito público.
e) se aplica cumulativamente ao benefício de prazo em dobro na multiplicidade de litisconsor-
tes com procuradores diversos em autos eletrônicos.

a) Errada. Determina o art. 7º, da Lei n. 12.153/09, que regulamenta os Juizados Especiais da
Fazenda Pública, que “não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processu-
al pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a
citação para a audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta)
dias”. Afirmativa incorreta.
b) Certa. Estabelece o art. 7º, §2º, IV, da Lei n. 4.717/65, que regulamenta a ação popular, que
“o prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento
do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a
todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for
o caso, do decurso do prazo assinado em edital”. Afirmativa correta.
c) Errada. Os procuradores de sociedades de economia mista não são advogados públicos,
não lhes sendo estendido o benefício da contagem do prazo em dobro. Afirmativa incorreta.
d) Errada. Os procuradores das fundações de direito público são advogados públicos, por isso
fazem jus ao benefício da contagem em dobro dos prazos processuais. Afirmativa incorreta.
e) Errada. Dispõe o art. 229, caput, do CPC/15, que “os litisconsortes que tiverem diferentes
procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para to-
das as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimen-
to”. O §2º do mesmo dispositivo legal, porém, determina que “não se aplica o disposto no caput
aos processos em autos eletrônicos”. Afirmativa incorreta.
Letra b.

036. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP/PROCURADOR MUNICI-


PAL/2018) O Código de Processo Civil traz em seu bojo algumas previsões e prerrogativas es-
pecíficas para a Fazenda Pública e também para integrantes da Advocacia Pública, dentre elas:
a) o membro da advocacia pública será civilmente responsabilizado quando agir de forma ne-
gligente no exercício de suas funções.
b) a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios têm prazo em quádruplo para apre-
sentar defesa.
c) a intimação dos membros da Advocacia Pública pode se dar por meio eletrônico.
d) os entes públicos são dispensados do pagamento de custas recursais, previsão esta que
não se aplica às suas autarquias.

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A Fazenda Pública em Juízo
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e) os entes públicos devem ser citados pessoalmente na pessoa de seus procuradores, sendo
vedada a citação por meio eletrônico.

a) Errada. Literalidade do art. 184 do CPC, segundo o qual “O membro da Advocacia Pública
será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas
funções.”
b) Errada. No CPC de 2015, o prazo da FP é apenas em dobro.
c) Certa. Art. 183, §1º do CPC, “A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio ele-
trônico.”
d) Errada. Autarquia também é considerada Fazenda Pública, então, está dispensada do pre-
paro.
e) Errada. Art. 246, §§ 1º e 2º do CPC:

Art. 246, § 1º Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas pú-
blicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos,
para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente
por esse meio.
§ 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às enti-
dades da administração indireta.
Letra c.

037. (VUNESP/PREFEITURA DE VALINHOS-SP/PROCURADOR MUNICIPAL/2019) A repre-


sentação judicial do Estado goza de prerrogativas processuais que objetivam proteger o patri-
mônio público. A respeito do tema, é correto afirmar:
a) a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias, fun-
dações e empresas públicas gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais.
b) a intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou publicação no Diário de Justiça eletrônico.
c) o reexame necessário é condição de eficácia da sentença proferida contra a Fazenda Públi-
ca Municipal de Valinhos se a condenação for inferior a 100 (cem) salários-mínimos
d) não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelece, de forma expres-
sa, prazo próprio para o ente público.
e) a Fazenda Pública goza de prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer.

a) Errada. Às empresas públicas não é conferida a prerrogativa da contagem do prazo em do-
bro, senão vejamos: “Art. 183, caput, CPC/15. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Muni-
cípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro

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para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação
pessoal”. Afirmativa incorreta.
b) Errada. Segundo o art. 183, §1º, do CPC/15, “a intimação pessoal far-se-á por carga, remes-
sa ou meio eletrônico”. Afirmativa incorreta.
c) Errada. A remessa necessária não tem cabimento quando o valor da condenação do Muni-
cípio for inferior a 100 (cem) salários-mínimos, senão vejamos:

CPC/2015, Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
I – proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autar-
quias e fundações de direito público;
II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a
remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária.
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na
causa for de valor certo e líquido inferior a:
I – 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito
público;
II – 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias
e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
III – 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fun-
dações de direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I – súmula de tribunal superior;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julga-
mento de recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência;
IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do pró-
prio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

d) Certa. É o que dispõe expressamente o art. 183, §2º, do CPC/15: “Não se aplica o benefício
da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente
público”.
e) Errada. A Fazenda Pública dispõe de prazo em dobro tanto para contestar quanto para recor-
rer. Vide comentário sobre a alternativa A.
Letra d.

038. (FCC/PGE-MT/PROCURADOR DO ESTADO/2016) Em 20/06/2016 (segunda-feira), foi


enviada à Procuradoria do Estado do Mato Grosso, por meio de portal próprio, intimação ele-
trônica de sentença de mérito contrária à Fazenda Pública. Diante desta situação hipotética,

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considerando o prazo para o recurso cabível e as prerrogativas da Fazenda Pública, o prazo


recursal é de
a) quinze dias úteis e terá início apenas depois de dez dias, contados a partir do envio da intima-
ção ao portal, caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.
b) quinze dias úteis e somente terá início com a intimação pessoal da Fazenda Pública, por
meio de oficial de justiça, uma vez que tal prerrogativa é assegurada pela lei.
c) quinze dias úteis e somente terá início quando o Procurador do Estado consultar o teor da
intimação eletrônica, independentemente de qualquer outro prazo.
d) trinta dias úteis e terá início apenas depois de dez dias, contados a partir do envio da intima-
ção ao portal, caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.
e) trinta dias úteis e somente terá início depois de vinte dias, contados a partir do envio da intima-
ção ao portal, caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.

Para responder à questão, você precisa ter conhecimento do o prazo para a interposição do
recurso de apelação; da existência de benefício de prazo para os entes públicos; e do termo ini-
cial da contagem do prazo quando a intimação para a prática do ato ocorre de forma eletrônica.
Dispõe o art. 1.003, §5º, do CPC/15, que “excetuados os embargos de declaração, o prazo para
interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias”. Este prazo, porém, quando
considerada a prática do ato processual por um ente público, deve ser contato em dobro, por
força do art. 183, caput, do CPC/15, que estabelece que “a União, os Estados, o Distrito Federal,
os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo
em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal”.
É preciso lembrar, ainda, que o CPC/15, passou a prever a contagem dos prazos processuais
somente em dias úteis, e não mais em dias corridos como ocorria na vigência do código pro-
cessual anterior. É o que dispõe o art. 219: “Na contagem do prazo em dias, estabelecido por
lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo
aplica-se somente aos prazos processuais”.
Por fim, no que diz respeito às intimações que ocorrem por meio eletrônico, o art. 5º, da Lei n.
11.419/06, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, determina que “as intima-
ções serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se cadastrarem... dispensan-
do-se a publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico. [...] §3º. A consulta referida nos §§
1º e 2º deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos contados da data do envio
da intimação, sob pena de considerar-se a intimação automaticamente realizada na data do
término desse prazo”.
Por isso, caso o Procurador não tenha, ele próprio, consultado se havia alguma intimação refe-
rente àquele processo, ela será considerada realizada dez dias corridos após. E, a partir desta
data, começará a contagem do prazo de trinta dias úteis para interpor o recurso.
Letra d.

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039. (FEPESE/PREFEITURA DE LAGES-SC/PROCURADOR/2016) Assinale a alternativa cor-


reta sobre a advocacia pública.
a) Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expres-
sa, prazo próprio para o ente público.
b) A Advocacia Pública não goza do benefício da intimação pessoal.
c) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios gozarão de prazo em dobro para con-
testar e em quádruplo para recorrer de todas as suas manifestações processuais, cuja conta-
gem terá início a partir da intimação pessoal.
d) O membro da Advocacia Pública não poderá ser responsabilizado civilmente, mesmo quan-
do demonstrado que agiu com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
e) Incumbe à Advocacia Pública, por meio da representação judicial, defender e promover os
interesses públicos, em todos os âmbitos federativos, unicamente das pessoas jurídicas de
direito público que integram a administração direta da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios.

a) Certa. É o que dispõe o art. 183, §2º, do CPC/15. Afirmativa correta.
b) Errada. Ao contrário do que se afirma, dispõe o art. 183, §1º, do CPC/15, que a advocacia
pública terá a sua intimação pessoal feita por carga, remessa ou meio eletrônico. Afirmativa
incorreta.
c) Errada. Dispõe o art. 183, caput, que “a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para
todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pes-
soal”. Afirmativa incorreta.
d) Errada. Dispõe o art. 184, do CPC/15, que “o membro da Advocacia Pública será civil e re-
gressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções”.
Afirmativa incorreta.
e) Errada. Dispõe o art. 182, do CPC/15, que “incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei,
defender e promover os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas
jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta”. Afirmativa incorreta.
Letra a.

040. (CESPE/CEBRASPE/PGM/JOÃO PESSOA-PB/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2018)


Às advocacias públicas municipais é garantido que
a) o prazo para recorrer de decisões inicie-se no dia útil seguinte ao da publicação do ato juris-
dicional, que deve ocorrer no diário oficial.
b) o prazo para recorrer será contado em dobro, e o para contestar, em quádruplo.
c) o prazo para praticar ato processual será contado em dobro, mesmo em se tratando de pra-
zos próprios que sejam expressamente determinados na legislação.

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d) o prazo para praticar ato processual será de dez dias, desde que inexista previsão legal ou
prazo determinado pelo juiz dispondo de outra forma.
e) o prazo para recorrer será computado a partir da juntada do mandado de intimação da parte
assistida pela advocacia pública aos autos.

a) Errada. Uma vez que o prazo para recorrer, no que diz respeito à Fazenda Pública não conta
do primeiro dia útil seguinte à publicação, até porque a Fazenda tem a prerrogativa da intima-
ção pessoal como marco para contagem de prazos, tudo conforme reza o art. 183 do CPC.
b) Errada. Uma vez que não há prazo em quádruplo, mas tão somente em dobro para a Fazenda
Pública, tudo conforme previsão do art. 183 do CPC.
c) Errada. Uma vez que ofende o expressamente consignado no art. 183, §2º, do CPC, isto é,
em dados casos, existindo previsão de prazo próprio, não há que se falar em prazo em dobro
para a Fazenda Pública.
d) Certa. Uma vez que representa a conjugação dos arts. 183 e 218, §3º, do CPC, de forma que
em se tratando da Fazenda Pública, salvo previsão legal ou determinação de juiz diversa, tem
prazo de 10 dias para manifestações gerais no processo.
e) Errada. Uma vez que o marco para contagem de prazo para recorrer não segue o previsto na
alternativa em comento, mas sim o comando do art. 183 do CPC.
Letra d.

041. (LEGALLE CONCURSOS/CÂMARA DE VEREADORES DE GUAÍBA-RS/PROCURA-


DOR/2017) Com relação aos prazos processuais definidos pelo Código de Processo Civil para
a Fazenda Pública manifestar-se judicialmente, analise as afirmativas e assinale V para a(s)
verdadeira(s) ou F para a(s) falsa(s).

( ) O Ministério Público gozará de prazo em quádruplo para manifestar-se nos autos, que
terá início a partir de sua intimação pessoal.
( ) Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o ente público.
( ) A intimação pessoal do membro da Advocacia Pública far-se-á por carga, remessa ou
meio eletrônico.

Qual é a sequência correta?


a) F; F; F.
b) F; F; V.
c) F; V; V.
d) V; V; F.
e) V; V; V.

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Luciana Lima

A questão cobra a literalidade do CPC.

Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá
início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º .
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações proces-
suais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público.

Apenas a primeira afirmativa está falsa, uma vez que, nos termos do art. 180 do CPC/2015, o
MP goza de prazo em dobro.
Letra c.

042. (FURB/PREFEITURA DE TIMBÓ-SC/ADVOGADO/2019) Considerando a disciplina pro-


cessual da Advocacia Pública, assinale a alternativa correta:
a) Os prazos processuais fixados para a Fazenda Pública praticar atos no processo são impró-
prios, já que a Fazenda Pública, quando se apresenta em juízo, ostenta a condição de parte,
de tal maneira que, não obedecido o prazo estabelecido, por força da supremacia do interesse
público, não haverá preclusão.
b) A intimação pessoal da Fazenda Pública pode ocorrer por meio eletrônico.
c) Os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de pra-
zo em quádruplo para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a
partir da intimação pessoal.
d) A intimação pessoal da Fazenda Pública não pode ocorrer por meio eletrônico, mas tão so-
mente pela remessa dos autos ao seu representante legal.
e) Os prazos judiciais para a Fazenda Pública são contados em dobro. Na contagem do prazo
em dias, o prazo será computado de forma contínua, não se interrompendo nem suspendendo
em dias sem expediente forense.

a) Errada. Ao contrário do que se afirma, os prazos processuais também devem ser respeita-
dos pela Fazenda Pública, sob pena de preclusão. Afirmativa incorreta.
b) Certa. Nesse sentido, dispõe o art. 183, do CPC/15: “A União, os Estados, o Distrito Federal,
os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo
em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da

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A Fazenda Pública em Juízo
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intimação pessoal. § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico. §
2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expres-
sa, prazo próprio para o ente público”. Afirmativa correta.
c) Errada. Vide comentário sobre a alternativa B. A prerrogativa a eles concedida é de conta-
gem do prazo em dobro e não em quádruplo. Afirmativa incorreta.
d) Errada. Vide comentário sobre a alternativa B. A intimação da Fazenda Pública poderá ocor-
rer por carga, remessa ou meio eletrônico. Afirmativa incorreta.
e) Errada. É certo que a Fazenda Pública faz jus, como regra, à prerrogativa da contagem dos
prazos em dobro. Na contagem do prazo, porém, serão considerados apenas os dias úteis,
nela não se computando, portanto, os dias sem expediente forense, senão vejamos: “Art. 219,
PC/15. “Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão so-
mente os dias úteis”; “Art. 216, CPC/15. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito
forense, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente forense”. Afirmativa
incorreta.
Letra b.

043. (UPENET/IAUPE/UPE/ADVOGADO/2019) No que diz respeito à Fazenda Pública em ju-


ízo, assinale a alternativa CORRETA.
a) Para a Advocacia Pública, a intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
b) As autarquias e fundações de direito público dos respectivos entes federados se submetem,
nas suas manifestações processuais, aos mesmos prazos das partes em geral.
c) O prazo para apelação no mandado de segurança será de 15(quinze) dias.
d) A prerrogativa do prazo em dobro aplica-se no âmbito do Juizado Especial da Fazen-
da Pública.
e) O prazo para recorrer será contado em dobro, e o para contestar, em quádruplo.

Mais uma vez, literalidade da lei. Vou mencionar os artigos item por item.
a) Certa. Nesse sentido dispõe o art. 183, §1º, do CPC/15, a respeito da advocacia pública: “A
intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico”. Afirmativa correta.
b) Errada. Os entes públicos, como regra, detêm a prerrogativa do prazo em dobro para as suas
manifestações processuais, senão vejamos: “Art. 183, caput, CPC/15. A União, os Estados, o
Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público
gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem
terá início a partir da intimação pessoal”. Afirmativa incorreta.
c) Errada. Vide comentário sobre a alternativa B. Se o prazo para interpor o recurso de apelação
é de 15 (quinze) dias (art. 1.003, §5º, CPC/15) – não havendo previsão de prazo específico para
a apelação em mandado de segurança para o ente público – este prazo deverá ser computado
em dobro em seu favor, sendo considerado o prazo de 30 (trinta) dias. Afirmativa incorreta.

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d) Errada. A Lei n. 12.153/09, que regulamenta o rito dos juizados especiais federais, dispõe
em seu art. 7º que “não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual
pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a ci-
tação para a audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta)
dias”. Afirmativa incorreta.
e) Errada. Tanto para contestar quanto para recorrer o prazo será contado em dobro para o ente
público. É o que dispõe o art. 183, caput, do CPC/15: “A União, os Estados, o Distrito Federal,
os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo
em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal”. Afirmativa incorreta.
Letra a.

044. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO ROQUE/ADVOGADO/2020) Assinale a alternativa cor-


reta sobre a Advocacia Pública.
a) O Município goza de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, nos
casos em que a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público, cuja con-
tagem terá início a partir da intimação pessoal.
b) A intimação do Município será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável
por sua representação judicial.
c) O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com
dolo, fraude ou culpa, em qualquer de suas modalidades, no exercício de suas funções.
d) A intimação pessoal da Advocacia Pública far-se-á apenas por carga ou remessa.
e) O instrumento de transação referendado pela Advocacia Pública é título executivo judicial.

a) Errada. Uma vez que o prazo é contado em dobro, como regra, ou seja, não é necessário que
a lei específica estabeleça essa norma (art. 183 do CPC).
c) Errada. Uma vez que o membro da Advocacia responde quando agir com dolo ou fraude
(culpa não). Vejamos o teor do art. 184 do CPC:

Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com
dolo ou fraude no exercício de suas funções.

d) Errada. O §1º do art. 183 determina:

Art. 183, § 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

e) Errada. Uma vez que o instrumento de transação referendado pela Advocacia Pública é título
executivo extrajudicial. Esse título pode tornar-se judicial se for homologado judicialmente.
Letra b.

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045. (VUNESP/PREFEITURA DE IBATÉ/PROCURADOR JURÍDICO/2019) Quanto às prerro-


gativas da Fazenda Pública e do Advogado Público, assinale a opção correta.
a) Não haverá remessa necessária quando não interposta apelação pelo órgão fazendário.
b) Se aplica o reexame necessário nas causas dos juizados especiais da Fazenda Pública.
c) Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer.
d) O membro da Advocacia Pública será civilmente responsável quando agir com culpa no
exercício de suas funções.
e) Não se aplica o duplo grau de jurisdição para confirmação de eficácia da sentença quando
a mesma estiver fundada em súmula de Tribunal Superior.

a) Errada. Mais à frente, estudaremos sobre a remessa necessária. Por enquanto, guarde que
quando não for interposta apelação pelo órgão fazendário, o juiz deve ordenar a remessa dos
autos ao tribunal, nos termos do art. 496, §1º.
b) Errada. Os juizados especiais da Fazenda Pública também serão objeto de aula futura. Con-
tudo, já é interessante você memorizar que nas causas regidas pelo rito dos Juizados Espe-
ciais da Fazenda Pública não se aplica a remessa (ou reexame) necessária (art. 11 da Lei
12.153/09).
c) Errada. Mais uma vez, cobra-se a disposição do CPC/1973. Mas como você já sabe, com o
novo CPC não existe mais o prazo em quádruplo!!!

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações proces-
suais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

d) Errada. Está em desacordo com o disposto no art. 184. Vejamos:

Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando agir com
dolo ou fraude no exercício de suas funções.

e) Certa. Conforme art. 496, §4º, inciso I, do CPC, o qual veremos mais à frente.
Letra e.

046. (CESPE/SERPRO/ADVOGADO/2013) Julgue o item seguinte, relativo à organização da


administração pública:
I – As autarquias não gozam das mesmas prerrogativas processuais outorgadas à fazen-
da pública.

As autarquias, por serem constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito público e inte-
grarem a Administração Indireta enquadram-se no conceito de Fazenda Pública e, exatamente
por isto, gozam de todas as prerrogativas processuais a elas aplicáveis.
Errado.

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047. (VUNESP/TJ-RO/JUIZ ESTADUAL/2019) Ao lado da advocacia privada, a Constituição


Federal reservou a três órgãos públicos a defesa, preventiva ou repressiva, de interesses juridi-
camente protegidos, tratando-os como essenciais à função jurisdicional do Estado. A respeito
do tema e sua disciplina processual, assinale a alternativa correta.
a) Em razão do interesse público envolvido, é obrigatória a intervenção do Ministério Público
nas ações indenizatórias propostas contra o Estado.
b) O membro da Advocacia Pública será civil e diretamente responsável quando agir com dolo
ou culpa no exercício de suas funções.
c) A intervenção do Ministério Público é necessária em todos os procedimentos de jurisdição
voluntária.
d) A intimação pessoal dos membros do Ministério Público e da Defensoria Pública far-se-á da
mesma forma prevista para os membros da Advocacia Pública.
e) O juiz determinará de ofício a intimação pessoal da parte patrocinada pela Defensoria Públi-
ca quando o ato processual depender de providência ou informação que somente o represen-
tado possa realizar ou prestar.

a) Errada. Uma vez que o parágrafo único do art. 178 determina: “A participação da Fazenda
Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.”
b) Errada. O art. 184 determina: Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressi-
vamente responsável quando agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
c) Errada. O Ministério Público deve intervir nos seguintes casos:

Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal
da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que
envolvam:
I – interesse público ou social;
II – interesse de incapaz;
III – litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção
do Ministério Público.

d) Certa. Conforme arts. 180, 183 e 186, §1º.


e) Errada. Referida intimação depende de requerimento da Defensoria Pública:

Art. 186, § 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal da parte
patrocinada quando o ato processual depender de providência ou informação que somente por ela
possa ser realizada ou prestada.
Letra d.

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A Fazenda Pública em Juízo
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048. (VUNESP/TJ-MT/JUIZ/2018) Para o Direito brasileiro, a Fazenda Pública, em razão da


atividade de tutela do interesse público, ostenta condição diferenciada das demais pessoas
físicas e jurídicas no processo, sendo correto afirmar que
a) assim como o Ministério Público e a Defensoria Pública, desfruta de prazo em dobro apenas
para recorrer e contestar.
b) a prerrogativa do prazo em dobro aplica-se no âmbito do Juizado Especial da Fazenda Pública.
c) o prazo fixado na Lei de Mandado de Segurança para apresentação de informações da auto-
ridade impetrada deve ser contado em dobro.
d) o prazo fixado no Código de Processo Civil para impugnação pelo ente público do cumpri-
mento da sentença deve ser computado em dobro.
e) o prazo para apelação do ente público no Mandado de Segurança será computado em dobro.

a) Errada. O Ministério Público e a Defensoria Pública (assim como a Fazenda Pública) dis-
põem de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais.
b) Errada. A prerrogativa de prazo em dobro não se aplica aos Juizados Especiais da Fazenda
Pública.

Lei 12.153/09, Art. 7º Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas
pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a citação para a
audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de 30 (trinta) dias.

c) Errada. O art. 183, §2º determina:

§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa,
prazo próprio para o ente público.

Assim, o prazo previsto para a apresentação de informações no mandado de segurança é con-


siderado um prazo próprio para o ente público, razão pela qual não é contado em dobro.
d) Errada. Pelas mesmas razões expostas na alternativa anterior. O prazo previsto no art. 535
é considerado próprio para o ente público.

Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remes-
sa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a
execução, podendo arguir.

e) Certa. apenas o prazo para informações no mandado de segurança é próprio. No caso de re-
cursos interpostos pela pessoa jurídica de direito público interessada, as regras do artigo 183,
caput, do CPC são aplicáveis, uma vez que não há disposição específica. Assim, a Fazenda
Pública dispõe de prazo em dobro para apresentar eventual recurso no procedimento de Man-
dado de Segurança (seja apelação, agravo de instrumento, agravo interno ou recurso especial/
extraordinário).
Letra e.

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049. (CEBRASPE/CESPE/PGE-PE/2018) A respeito da fazenda pública em juízo, julgue os


itens a seguir.
I – A participação da fazenda pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do MP
como fiscal da ordem jurídica nos autos.
II – Não se aplica a regra de contagem de prazos em dias úteis do novo diploma processual
civil para a oposição dos embargos à execução fiscal.
III – A suspensão dos prazos processuais no período de 20 de dezembro a 20 de janeiro não se
estende ao MP, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.

Item I correto, conforme art. 178, parágrafo único, do CPC: “A participação da Fazenda Pública
não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.”
Item II incorreto, uma vez que o art. 219 estabelece que os prazos processuais serão computa-
dos em dias úteis. Assim, considerando que o prazo para oposição dos embargos à execução
fiscal é um prazo processual, deve ser contado em dias úteis. Além disso, o art. 1º lei de exe-
cução fiscal (Lei n. 6.830/80) autoriza a aplicação subsidiária do CPC. Cabe ainda destacar, o
Enunciado n. 23 do FONEF (Fórum Nacional de Execução Fiscal):

Enunciado n. 23
Na execução fiscal, os prazos processuais deverão ser contados em dias úteis, nos
termos do art. 219 do CPC/2015 (Aprovado no II FONEF).

Item III incorreto. O §1º do art. 220 determina: “Ressalvadas as férias individuais e os feriados
instituídos por lei, os juízes, os membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da
Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça exercerão suas atribuições durante o período pre-
visto no caput. Isso não significa, porém, que a suspensão processual não será aplicada a eles.
O que esse dispositivo quer dizer é que eles devem permanecer exercendo suas atividades,
mesmo que os prazos processuais estejam suspensos. Por isso, o dispositivo faz ressalva à
situação de férias.
Letra a.

050. (IDECAN/IPC-ES/PROCURADOR PREVIDENCIÁRIO I/2018) Acerca do regime proces-


sual da Advocacia Pública no Código de Processual Civil, analise os itens abaixo.
I – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios gozarão de prazo em quádruplo para
todas as suas manifestações processuais;

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II – As autarquias e fundações de direito público dos respectivos entes federados se subme-


tem, nas suas manifestações processuais, aos mesmos prazos das partes em geral;
III – Para a Advocacia Pública, a intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio
eletrônico;
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):
a) Apenas I e II.
b) Apenas II e III.
c) Apenas I e III.
d) Apenas III.

Itens I e II incorretos pelas mesmas razões. Conforme já estudamos, os prazos são em dobro
(não mais em quádruplo), conforme art. 183 do CPC. Por isso, as autarquias e fundações de
direito público não se submetem, nas suas manifestações processuais, aos mesmos prazos
das partes em geral, já que fazem parte do conceito de Fazenda Pública e, portanto, aplicam-se
a elas a prerrogativa do art. 183.
Item III correto, conforme art. 183, §1º, do CPC.
Letra d.

051. (VUNESP/PREFEITURA DE REGISTRO-SP/ADVOGADO/2018) Pedro ingressa com


ação indenizatória, na Justiça Comum, contra um Município paulista. Nesse caso, de acordo
com o Código de Processo Civil, é correto afirmar que
a) o Município gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações Processuais, cuja
contagem terá início a partir da intimação pessoal do advogado público ou através da publica-
ção do ato no órgão oficial.
b) a intimação pessoal do advogado público far-se-á exclusivamente pela remessa dos autos.
c) o Município gozará de prazo em dobro para recorrer e prazo simples para as demais mani-
festações processuais.
d) a intimação pessoal do advogado público far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
e) a prerrogativa processual da Fazenda Pública da contagem em dobro do prazo processual
não se aplicaria se a ação indenizatória fosse intentada contra uma autarquia municipal.

a) Errada. O município tem a prerrogativa de intimação pessoal, a qual é incompatível com a
publicação no órgão oficial (intimação pelo Diário do Judiciário não é considerada intimação
pessoal). O §1º do art. 183 determina: “A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou
meio eletrônico.”
b) Errada. Pelas mesmas razões mencionadas acima, já que a intimação do advogado público
não deve ser feita exclusivamente por remessa dos autos, mas também por carga ou meio
eletrônico.
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c) Errada. O prazo para todas as manifestações processuais é, como regra, em dobro, nos ter-
mos do art. 183 do CPC.
d) Certa. Literalidade do art. 183, §1º do CPC.
e) Errada. Uma vez que autarquias municipais estão abrangidas pelo conceito de Fazenda Pú-
blica, razão pela qual o art. 183 do CPC deve ser aplicado a elas.
Letra d.

052. (UFMT/PREFEITURA DE VÁRZEA GRANDE-MT/PROCURADOR MUNICIPAL/2018) Em


vista das disposições contidas no novo Código de Processo Civil (Lei n.º 13.105/2015) aplicá-
veis aos advogados públicos, analise as afirmativas.
I – Ao advogado público, que deixar de cumprir decisão judicial, de natureza provisória ou final,
poderá o juiz aplicar multa, por ato atentatório à dignidade da justiça, de até vinte por cento do
valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.
II – O advogado público responde pela multa fixada pelo juiz, em virtude da inovação ilegal no
estado de fato de bem ou direito litigioso, sem prejuízo da apuração de eventual responsabili-
dade disciplinar pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
III – A percepção de honorários de sucumbência por advogados públicos depende de regula-
mentação legal.
IV – Após expirado o prazo, o advogado público será intimado para devolver o processo no
prazo de 3 (três) dias, sob pena de aplicação de multa, se for o caso, ao agente público respon-
sável pelo ato.
Estão corretas as afirmativas
a) I, II, III e IV.
b) III e IV, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
d) II e III, apenas.

Itens I e II incorretos. De fato, se a parte não cumprir os comandos judiciais ou inovar no estado
de fato de bem ou direito litigioso, sua conduta pode ser configurada como ato atentatório à
dignidade da justiça, ensejando a aplicação da multa. Porém, referida regra não se aplica aos
membros da Advocacia Pública. Vejamos:

Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de
todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
IV – cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar
embaraços à sua efetivação;
VI – não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.

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A Fazenda Pública em Juízo
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§ 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça,
devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao
responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da
conduta.
§ 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério
Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser
apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.

Item III correto, nos termos do art. 85, §19 do CPC: “Os advogados públicos perceberão hono-
rários de sucumbência, nos termos da lei.”
Item IV correto, conforme art. 234, §2º e §4º:

Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do Ministério


Público devem restituir os autos no prazo do ato a ser praticado.
§ 2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito
à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do salário-mínimo.
§ 4º Se a situação envolver membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia
Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato.
Letra b.

E aí, futuro concursado(a)?


Espero que tenha gostado e que esse material contribua para sua aprovação.
Esse é só o começo. Vamos em frente!!!
Qualquer dúvida e/ou sugestão, entre em contato comigo!
Um grande abraço!

Luciana Lima
e-mail: lucianalimar.professora@gmail.com
Instagram: @lucianalima.lr

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GABARITO
16. d
17. C
18. E
19. d
20. d
21. E
22. E
23. E
24. C
25. c
26. E
27. E
28. e
29. E
30. E
31. E
32. C
33. E
34. b
35. b
36. c
37. d
38. d
39. a
40. d
41. c
42. b
43. a
44. b
45. e
46. E
47. d
48. e
49. a
50. d
51. d
52. b

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FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO
A Fazenda Pública em Juízo
Luciana Lima

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, José Henrique Mouta. PEIXOTO, Marco Aurélio Ventura. Poder Público em juízo. 2ª
ed. rev. atual. Salvador: Editora JusPodivm, 2020.

CUNHA, Leonardo Carneiro da. A FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO. 18ª. Edição. Rio de Janeiro:
Forense, 2021.

BARROS, Guilherme Freire de Melo. PODER PÚBLICO EM JUÍZO PARA CONCURSOS. 8ª. Edição.
Salvador: Editora JusPodivm, 2018.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. DIREITO ADMINISTRATIVO. 33ª Edição. Rio de Janeiro: Editora
Forense, 2021.

DIDIER JR, Fredie. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL – VOLUME 1. 18ª. Edição. Salvador:
Editora JusPodivm, 2016.

MITIDIERO, Daniel; MARINONI, Luiz Guilherme. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL: COMENTADO


ARTIGO POR ARTIGO. São Paulo: RT, 2009.

MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. CURSO DE DIREITO CONSTITUCIO-
NAL. 10ª. Edição. São Paulo: Saraiva, 2015.

PEREIRA, Hélio do Valle. MANUAL DA FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO. Rio de Janeiro: Renovar,
2003.

MORAES, José Roberto de. Prerrogativas processuais da Fazenda Pública. In: SUNDFELD, Car-
los Ari; BUENO, Cassio Scarpinella (coords.) Direito Processual Público: a Fazenda Pública em
juízo, 2000, p. 69.

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Luciana Lima
Procuradora do Banco Central. Especialista em Direito Processual Civil pela PUC Minas, mestranda em
Direito pelo IDP. Leciona Direito Processual Civil na Universidade do Banco Central e a disciplina Fazenda
Publica em Juízo no Instituto Fórmula. Atualmente, ocupa o cargo de subprocuradora-chefe dos processos
relevantes do Banco Central. Foi advogada do Metrô-DF (aprovada em 1º lugar no concurso) e advogada
da Terracap-DF.

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