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Sociedade internacional

Breve análise sobre sociedade internacional.

Conceito

É o conjunto de sujeitos internacionais em continua convivência global,


relacionando-se e compartilhando interesses comuns e recíprocos através da
cooperação, o que demanda certa regulamentação. Denota-se que a
Sociedade Internacional não se confunde com Comunidade Internacional.

Sociedade internacional: é formada voluntariamente, onde há a soma de


interesses entres os participantes, todavia, esse influxo de interesse não é
orgânico, muito menos natural, mas sim político. As sociedades internacionais
são formadas por Estados soberanos, e justamente por serem dotados dessa
superioridade política em seus territórios surge o direito internacional para que
se realize a coexistência harmônica destes Estados e assim haja uma relação
de complementaridade entre eles (NASSER).

Comunidade internacional: consiste em agrupamentos formados naturalmente,


de viés orgânico, caracterizando um vínculo subjetivo e espontâneo, em que as
relações de trabalho se consubstanciam pela forte participação dos seus
semelhantes por se sentirem integrantes do grupo.

Na sociedade internacional, não existe este elemento de comunidade. O que


existe é uma sociedade de Estados e/ou organizações internacionais que
mantêm entre si relações mútuas baseadas em conveniência e interesse.

Características da sociedade internacional

Sociedade Internacional (no Direito Internacional Público Clássico):

Universal: Abrange todos os entes do globo terrestre;

Paritária: Uma vez que nela existe igualdade jurídica;

Aberta: Significa que qualquer ente que reúna determinadas características


pode se unir a sociedade Internacional.
Sociedade Internacional Contemporânea:

Universal: A universalização é caracterizada por um cenário internacional


caminhando para a unidade, marcado pela eliminação das fronteiras. Um bom
exemplo para essa tendência são os blocos econômicos (Mercosul, União
Europeia).

Novos atores internacionais: Os novos atores internacionais representam uma


nova ordem mundial, na qual não existem apenas sujeitos internacionais,
dotados de personalidade jurídica internacional; mas também pessoas que
apresentam papel de destaque no cenário internacional. Exemplo: ex-chefes
de estado, grupos terroristas.

Anarquia: A anarquia no cenário internacional representa a atual estrutura


harmônica, em que os Estados são soberanos e independentes. A atual
sociedade é anárquica, ou seja, marcada pela ausência de um poder central
que dite as regras, oriente e subordine os Estados.

Os sujeitos da sociedade internacional

São sujeitos de direito internacional público: Estados, organizações


internacionais intergovernamentais e indivíduos. Os atores incluem também as
ONGs e as multinacionais.

Os fundamentos da sociedade internacional

O direito internacional público se baseia no consentimento e vontade livre dos


Estados. A sociedade internacional tem características próprias, derivadas da
especial circunstância da soberania e independência de seus membros.

A Ordem Jurídica da Sociedade Internacional

Ordem jurídica é um conjunto de princípios e regras destinados a reger


situações que envolvam determinados sujeitos. Não pertence ao conceito de
ordem jurídica a ideia de centralização de poder, apesar de que essa ideia
certamente existe no direito interno dos Estados.

A inexistência de um poder centralizador no Direito Internacional gera a ideia


de que a ordem jurídica da sociedade internacional é descentralizada, uma vez
que nesse âmbito jurídico, diferentemente do sistema jurídico interno, não vai
existir uma centralização de poder nem uma autoridade com o poder de impor
aos Estados as suas decisões.

Assim, não existe ainda nenhum órgão com jurisdição geral capaz de obrigar
os Estados a decidirem de determinada maneira suas disputas. A participação
como parte de um conflito de um Estado em Tribunais Internacionais requer o
consentimento expresso dele, sem o qual os Tribunais não podem exercer
jurisdição sobre ele. Assim, as relações jurídicas internacionais se
desenvolvem em nível horizontal, o que evidencia o caráter das normas de
organização da sociedade internacional.

A subordinação, clássica da ordem interna, vai dar lugar à coordenação (ou


cooperação) na ordem internacional, motivo pelo qual a vontade e o
consentimento dos Estados ainda é o motor da sociedade internacional
contemporânea.

O fato de a ordem jurídica internacional ser horizontal, sem um poder central


autônomo, não significa que não exista, nesse plano do direito internacional,
um sistema de sanções, o que é visualizado na Organização das Nações
Unidas. O que ocorre é que essas sanções podem ser ditas como mais
imperfeitas do que as típicas do direito interno dos Estados. Apesar de ser
descentralizada, existem normas de conduta interna entre os sujeitos de DIP.
Mesmo ainda embrionárias, essas normas compõem uma ordem jurídica. Nada
depois da cena internacional, principalmente depois da criação da ONU em
1945, leva a crer ser incompatível o conceito de descentralização com a
existência de um sistema de normas capaz de gerenciar as atividades da
sociedade internacional.

A importância da sociedade internacional

A vida em sociedade é permeada de conflitos interpessoais, e na sociedade


internacional igualmente há tensões entre os atores, tendo em vista as
inúmeras disputas entre os sujeitos, uma vez que há diferenças e interesses
variados entre os mesmos. O Direito Internacional surgiu no momento da
assinatura do Tratado de Westfalia, em 1648, na Idade Moderna, no qual fora
reconhecida a Independência da Suíça e da Holanda. Embora boa parte dos
juristas reconheça a existência de um direito internacional apenas a partir da
Paz de Vestfália, marco histórico do Estado-nação moderno, é inegável que os
povos da Antiguidade mantinham relações exteriores: comerciavam entre si,
enviavam embaixadores, vinculavam-se por meio de tratados e outras formas
de obrigação, e assim por diante.

O desafio que o direito internacional hoje enfrenta, nesta era de risco e de


globalização, é o de construir, sobre os alicerces da soberania nacional e dos
direitos dos estados, uma nova ética global, assente nos direitos humanos, no
estado de direito constitucional e no direito penal internacional. Este é um
horizonte que já desponta: a do direito internacional como nova ética da
globalização.

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