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Olá!

Bem-vindos ao último módulo do


Curso de Inspeção Ante Mortem de Bovinos.

Módulo 04
Neste módulo vamos aprender sobre as
Síndromes Vesiculares e os procedimentos
que devem ser adotados nos
estabelecimentos de abate de bovinos na
detecção de animais com alterações
comportamentais ou neurológicas compatíveis
com Encefalopatia Espongiforme Bovina.
Inspeção Sanitária de Bovinos

O Médico Veterinário do Serviço de


Inspeção e demais envolvidos no abate de
bovinos devem estar atentos para a
detecção de casos suspeitos de
importantes doenças de ordem sanitária.

A lista de doenças de notificação obrigatória


é estabelecida pelo Ministério da
Agricultura e Pecuária, através da
Instrução Normativa no 50, de 24 de
setembro de 2013.
Inspeção Sanitária de Bovinos

A notificação imediata ao Serviço Veterinário Estadual de


ocorrências dessas doenças animais é de fundamental
importância para a proteção da pecuária nacional e da saúde
pública.

Muitas doenças podem causar sérios impactos na produção


animal e na saúde humana, e o diagnóstico rápido e a pronta
reação são essenciais para impedir a disseminação e permitir seu
controle ou erradicação.
Inspeção Sanitário de Bovinos

Vamos estudar os
procedimentos que deverão ser adotados
no caso de suspeita das Síndromes
Vesiculares em Bovinos e no caso de
suspeita de Encefalopatia Espongiforme
Bovina nos abatedouros frigoríficos!
Síndromes Vesiculares em Bovinos
DEFINIÇÃO
São um conjunto de doenças transmissíveis caracterizadas,
principalmente, por febre e surgimento de vesículas em regiões
específicas como boca, focinho, patas ou até em úbere.

Nessa categoria a doença mais conhecida é a Febre Aftosa,


sendo considerada uma das enfermidades mais contagiosas e de
maior impacto econômico na saúde animal, e a Estomatite
Vesicular, além de outras doenças confundíveis, que podem
apresentar lesões ulcerativas ou erosivas durante sua evolução
clínica.
Síndromes Vesiculares em Bovinos
SINAIS CLÍNICOS
Os principais sinais clínicos que podem ser observados são:
Febre alta de até 41°C

Presença de vesículas e bolhas íntegras


(fase aguda)

Salivação e claudicação

Erosões de coloração vermelho-vivo,


úmidas e sem sangramento

Morte súbita de animais

Fonte: Brasil. MAPA. Plano de ação para febre aftosa/Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília : MAPA/SDA/DSA, 2009; Coletânea de
imagens : lesões de febre aftosa e de outras doenças incluídas no sistema nacional de vigilância de
doenças vesiculares / Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa
Agropecuária. – Brasília : MAPA/SDA/DSA, 2009.
Síndromes Vesiculares em Bovinos
FASES DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA

Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano de contingência para febre
aftosa : níveis tático e operacional - declaração e gerenciamento da emergência zoossanitária
/Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília : MAPA/AECS, 2020.
Síndromes Vesiculares em Bovinos

Intervenções em emergências zoossanitárias, independente das


estratégias específicas a serem adotadas, visam conhecer a
dimensão do problema, buscando sua contenção ao menor
espaço territorial possível, com consequente redução dos
impactos econômicos e sociais.

Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano de contingência para febre
aftosa : níveis tático e operacional - declaração e gerenciamento da emergência zoossanitária
/Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília : MAPA/AECS, 2020.
Síndromes Vesiculares em Bovinos
PROCEDIMENTOS DE INTERVENÇÃO EM
EMERGÊNCIAS ZOOSSANITÁRIAS
a) identificação e intervenção nos focos, visando conter e eliminar
fontes de infecção;
b) investigação epidemiológica com inspeção em propriedades
com vínculo epidemiológico, buscando identificar a provável
origem do agente viral;
c) delimitação de espaço geográfico inicial para interdição e
intervenção, com proibição de movimentação de animais;
d) organização técnica e estrutural na gestão das atividades de
contenção e saneamento da ocorrência zoossanitária.

Fonte: Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Plano de contingência para febre
aftosa : níveis tático e operacional - declaração e gerenciamento da emergência zoossanitária
/Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília : MAPA/AECS, 2020.
Síndromes Vesiculares em Bovinos

Quando há suspeita da presença de síndrome vesicular dentro do


abatedouro frigorífico, o veterinário encarregado do serviço de
inspeção deverá suspender o abate imediatamente e acionar a
unidade veterinária local correspondente para realização da
colheita de material para testes laboratoriais.

Fonte: Brasil. MAPA. Plano de ação para febre aftosa/Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília :
MAPA/SDA/DSA, 2009.
Síndromes Vesiculares em Bovinos
NOTIFICAÇÃO IMEDIATA
Cabe ao Serviço de Inspeção:
1) Notificar o Serviço Veterinário Estadual (SVE), primeiramente
na área de jurisdição do estabelecimento.
2) Isolar os animais suspeitos e manter o lote sob observação
enquanto não houver definição das medidas epidemiológicas
de saúde animal a serem adotadas.
3) Determinar a imediata desinfecção dos locais, dos
equipamentos e dos utensílios que possam ter entrado em
contato com qualquer material que possa ter sido
contaminado.

Fonte: Decreto Estadual 2.197/2022.


Encefalopatia Espongiforme Bovina

A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB)


é conhecida popularmente como
“doença da vaca louca”.

Atualmente o Brasil se encontra em condição


sanitária de risco insignificante para a EEB. No
entanto, para manter essa condição são
necessárias ações de controle contínuas.
Encefalopatia Espongiforme Bovina
DEFINIÇÃO
As Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis - EET são um
grupo de doenças neurodegenerativas que acometem o sistema
nervoso central e são causadas pelo acúmulo de uma proteína
anormal, que tem como origem a alteração em uma proteína
normal do hospedeiro.

A principal via de contaminação é através da ingestão de


alimentos como farinhas de carne e ossos proveniente de
carcaças infectadas por essa proteína, denominada de príon.

Fonte:Brasil. MAPA. Encefalopatia espongiforme bovina – EEB : doença da vaca louca / Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília: MAPA/SDA,
2008
Encefalopatia Espongiforme Bovina
DEFINIÇÃO

A enfermidade de maior destaque entre as EETs é a


Encefalopatia Espongiforme Bovina. Sua caracterização clínica se
dá por alterações comportamentais ou neurológicas.

Fonte:Brasil. MAPA. Encefalopatia espongiforme bovina – EEB : doença da vaca louca / Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. – Brasília: MAPA/SDA,
2008.
Encefalopatia Espongiforme Bovina
SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos de EEB estão relacionados a alterações
neurológicas e comportamentais:
● Incapacidade de ficar em pé (decúbito) decorrente de causa
neurológica.
● Depressão.
● Hipersensibilidade ao toque, luz ou som.
● Movimentos excessivos e assimétricos das orelhas ou dos olhos.
● Vocalização excessiva.
● Tremores; excitabilidade.
● Marcha anormal (como ataxia dos membros pélvicos).

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Encefalopatia Espongiforme Bovina
SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos de EEB estão relacionados a alterações
neurológicas e comportamentais:
● Dificuldade em evitar obstáculos.
● Cabeça baixa.
● Ranger de dentes.
● Alterações posturais e locomotoras significativas (ex.: posição de
cão sentado) e resposta de pânico ou alerta excessivo.

Os principais sinais identificados na maioria dos casos de EEB


registrados mundialmente foram nervosismo, ataxia e hiperestesia.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Encefalopatia Espongiforme Bovina

Agora vamos falar sobre os


procedimentos a serem adotados pelos
estabelecimentos de abate de bovinos
em Santa Catarina.

Os bovinos destinados ao abate com alterações


comportamentais ou neurológicas compatíveis com
a Encefalopatia Espongiforme Bovina deverão ser
submetidos à colheita de amostra para diagnóstico
laboratorial de EEB.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB

Para Encefalopatia Espongiforme Bovina ficam definidos


procedimentos compulsórios de colheita de amostras de animais
com alterações comportamentais e neurológicas e de remoção e
destinação do Material de Risco Específico.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB

Os bovinos submetidos à colheita de amostra para diagnóstico


laboratorial de EEB deverão ser condenados na inspeção ante
mortem. As carcaças, órgãos e qualquer resíduo proveniente
desses bovinos são considerados impróprios para o consumo
humano ou para a alimentação animal e deverão ser
inutilizados.

Fonte: PORTARIA SDA Nº 651, DE 8 DE SETEMBRO DE 2022


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Procedimentos para coleta de amostra

As amostras deverão ser coletadas, acondicionadas e enviadas


ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Pernambuco
(LFDA/PE) - Unidade das Encefalopatias do MAPA ou a outro
laboratório que venha a ser autorizado pela SDA/MAPA.
Sendo necessário, estar acompanhadas do Formulário de
Colheita e Remessa de Amostras para Diagnóstico da EEB -
vigilância em estabelecimento de abate.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Procedimentos para remoção do MRE

A amostra a ser colhida é


representada pelo tronco
encefálico com a região do
óbex, conforme ilustração.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Colheita do tronco encefálico

O instrumento ideal para remoção do tronco encefálico é uma


colher modificada

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Colheita do tronco encefálico

A cabeça deve ficar apoiada em


uma superfície plana e estável com
a parte dorsal voltada para baixo.

Separe a dura-máter com o dedo


indicador e qualquer tecido
conjuntivo do tronco encefálico
antes de inserir a colher modificada

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Colheita do tronco encefálico

Insira a colher lentamente entre a


dura-máter e a superfície dorsal do
tronco encefálico, até que a junção
do cabo e da lâmina esteja
nivelada com os côndilos
occipitais.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Colheita do tronco encefálico

Quando a lâmina estiver inserida,


empurre-a firmemente no sentido
ventral e contra a crista esfenoidal
occipital e gire-a da esquerda para a
direita para romper qualquer tecido
conjuntivo ao redor. Para remover o
tronco encefálico, puxe a colher
caudalmente ao longo da superfície.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Colheita do tronco encefálico

O tronco encefálico deve ser


constituído por parte da medula
espinhal contendo o óbex,
estrutura em formato de “V” na
superfície dorsal do tronco
encefálico.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Acondicionamento, conservação e remessa

A etiqueta padrão deve ser protegida com saco plástico ou fita


adesiva transparente. As informações da etiqueta devem ser as
mesmas do Formulário de Colheita, que deve acompanhar a
amostra. Não deve haver divergência de dados. NÃO furar ou
grampear a embalagem primária.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Acondicionamento, conservação e remessa

Modelo de embalagem primária


com etiqueta padrão afixada na
parte externa e protegida com
fita transparente.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Acondicionamento, conservação e remessa
Acondicione a embalagem primária em
frasco plástico resistente e vedado para
evitar vazamentos.
O frasco plástico deve ser acondicionado
dentro de caixa isotérmica com gelo
reciclável, em quantidade suficiente para
manter a amostra resfriada ou congelada
(quando o transporte for superior a 24
horas).

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Acondicionamento, conservação e remessa

O formulário deve ser protegido


com saco plástico ou envelope e
anexado externamente sobre a
tampa da caixa isotérmica. Enviar
um formulário por amostra.
Importante: Não colocar os
formulários de encaminhamento
dentro da caixa de isopor.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB
Acondicionamento, conservação e remessa

Por fim, acondicionar em embalagem


terciária, caixa de papelão ou papel
cartão para proteção da caixa
isotérmica que deve ser identificada,
inserindo os símbolos de categoria da
amostra, risco biológico, assim como
os dados de endereço do laboratório.

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Inspeção Ante Mortem de Bovinos
ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA - EEB

Fonte: INSTRUÇÃO DE SERVIÇO CONJUNTA 001/2023 – DEINP/DEDSA


Neste módulo, aprendemos sobre os
procedimentos a serem adotados no caso de
suspeita de Síndromes Vesiculares e de
animais com alterações compatíveis com
Encefalopatia Espongiforme Bovina.

Se tiverem qualquer dúvida,


entrem em contato conosco.
Este foi o Curso de Capacitação em
Ante Mortem de Bovinos promovido pelo
DEINP-Cidasc.
Agradecemos a sua participação!
AUTORA
Mallu Jagnow Sereno
Médica Veterinária Oficial
Serviço de Inspeção Estadual
Departamento Regional de São Miguel do Oeste

REVISORES

Alexandre Cipriani Schwengber Flávia Klein


Médico Veterinário Oficial Médica Veterinária Oficial
Coordenador Regional do Serviço de Inspeção Estadual Coordenadora Estadual de Inspeção de Abatedouros
Departamento Regional de São Miguel do Oeste Frigoríficos de Bovinos e do Programa de Novilho Precoce
Departamento Estadual de Inspeção de POA

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