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PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E

VIGILÂNCIA DA ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME


BOVINA – PNEEB

Desde o início da epizootia de EEB no Reino Unido em 1986, o Brasil vem adotando medidas
sanitárias para prevenir a ocorrência da doença no país. A proibição da alimentação de
ruminantes com quaisquer alimentos contendo proteínas de origem animal (feed-ban) ocorre
desde 1996 e a notificação obrigatória da EEB e de outras doenças neurológicas progressivas
em ruminantes, desde 1997.

O Programa Nacional de Prevenção e Vigilância da Encefalopatia Espongiforme Bovina –


PNEEB, instituído pela Instrução Normativa 44, de 17 de setembro de 2013, é estruturado em
subprogramas, conforme a seguir:

1. Subprograma Controle de importação e monitoramento de bovinos importados

O subprograma de controle de importação visa prevenir a entrada do agente da EEB no País,


em observância às diretrizes da OMSA, mediante os seguintes procedimentos de:

a) controle da importação, no que concerne ao risco de veiculação do agente da EEB em


animais, seus produtos e subprodutos; e

b) monitoramento de bovinos importados, visando ao controle de localização, movimentação e


destinação desses animais.

Quando do recebimento de notificação de doença ou morte de bovino importado, o médico


veterinário do Serviço Veterinário Estadual deve comparecer à propriedade para investigar a
situação de saúde do animal e, realizar colheita de amostra para o diagnóstico de encefalopatia
espongiforme bovina (EEB). A amostra colhida para o diagnóstico de EET deve ser encaminhada
ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária-PE.

2. Subprograma de controle em estabelecimentos de abate de ruminantes

Este subprograma visa a redução de risco de eventual ingresso do agente da EEB na cadeia
abate/alimentação, mediante:

a) redução de risco de EEB mediante a retirada de Materiais de Risco Específicos (MRE) da


carcaça dos ruminantes. O Brasil considera como MER para bovinos e bubalinos: encéfalo,
olhos e medula espinhal de animais com idade igual ou superior a 30 meses de idade e íleo
distal (70 cm) em animais de qualquer idade. O MER deve ser removido, segregado e
inutilizado por meio de incineração e/ou aterro sanitário devidamente licenciado por Órgão do
Meio Ambiente;

b) realização de vigilância das Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis em ruminantes.

3. Subprograma de controle em estabelecimentos processadores de resíduos de origem


animal (graxarias)
Este subprograma visa mitigar o risco de presença do agente de EET nas farinhas de
ruminantes, mediante os seguintes procedimentos:

Redução de partículas a um tamanho máximo de 50 mm antes de ser submetida a tratamento


térmico;

Processamento em atmosfera saturada de vapor, em temperatura mínima de 133°C, por um


período mínimo de 20 minutos e a uma pressão absoluta de 3 bar;

Proibição da presença de MRE nestas farinhas.

4. Subprograma de controle da produção de alimentos para ruminantes em estabelecimentos


que os fabriquem e de produtos veterinários para uso em ruminantes

Este subprograma visa reduzir o risco de contaminação de alimentos para ruminantes ou


produtos veterinários para esses animais, com o agente da EEB, mediante os procedimentos
de:

a) inspeção e fiscalização dos estabelecimentos que fabricam alimentos destinados a


ruminantes e monitoramento dos seus produtos, para prevenir a contaminação com produtos
de origem animal proibidos; e

b) controle da produção, da comercialização e da utilização de produtos veterinários


destinados a ruminantes, para prevenir a contaminação com produtos de origem animal
proibidos.

5. Subprograma de controle de alimentos para ruminantes em estabelecimentos de criação


de ruminantes

Este subprograma visa prevenir a contaminação de alimentos destinados aos ruminantes com
produtos de origem animal proibidos (feed ban), principalmente em regiões com risco de
circulação e contaminação com Farinha de Carne e Ossos (acidental ou intencionalmente) ou
com produção de bovinos em sistema intensivo ou semi-intensivo.

São realizadas fiscalizações e a conscientização dos produtores rurais quanto à adoção de boas
práticas de alimentação dos ruminantes, com o fim de evitar o fornecimento de subprodutos
de origem animal proibidos e a contaminação cruzada dos alimentos na propriedade rural.

As propriedades com suspeita de alimentação de ruminantes com subprodutos de origem


animal proibidos são fiscalizadas, e os ruminantes que tiveram acesso ao material suspeito
devem ser identificados individualmente. Há previsão de coleta de material para análise
laboratorial. Em caso de resultado positivo para subprodutos de origem animal proibidos os
ruminantes identificados devem ser eliminados, mediante abate em estabelecimento
inspecionado e devidamente registrado sob inspeção oficial, com aproveitamento de carcaça e
remoção e destruição de material de risco para Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) ou
destruição na propriedade sob acompanhamento do Serviço Veterinário Oficial.

6. Subprograma de Vigilância das EET

O subprograma de vigilância visa à detecção precoce de eventual caso de EEB, mediante


procedimentos de:

a) notificação e investigação de doenças nervosas em ruminantes;

b) realização de testes para diagnóstico das EEB em subpopulações específicas de animais.


Todas as notificações de suspeita ou ocorrência de doença nervosa em ruminantes devem ser
atendidas, em observância do disposto na Instrução Normativa n° 50, de 2013. As suspeitas de
síndrome neurológica devem ser comunicadas imediatamente ao Serviço Veterinário Oficial,
que deverá atendê-las em até 24h da notificação. Durante a investigação, o veterinário deverá
observar os aspectos clínicos e epidemiológicos da ocorrência, para fundamentar a suspeita e
os procedimentos a serem adotados. Todas as amostras analisadas oriundas de animais
suspeitos para raiva, cujos resultados forem negativos, devem ser direcionadas para o
diagnóstico da EEB.

7. Subprograma de Controle e avaliação

Este subprograma visa consolidar os dados relativos aos subprogramas que compõem o PNEEB,
acompanhar a execução e avaliação da aplicação dos procedimentos estabelecidos para cada
subprograma nas UF, elaborar metas e indicadores, bem como estabelecer critérios para
identificação de áreas de risco para EEB e estratégias para aprimoramento das ações.

ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA – EEB


Introdução
As Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET) são doenças neurodegenerativas que
acometem toda a estrutura do Sistema Nervoso Central (SNC). Ocorrem em muitas espécies e,
após a instalação do quadro clínico, é invariavelmente fatal.

No grupo das EET, as enfermidades de destaque são:

• Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB): acomete bovinos e bubalinos, popularmente


chamada de “doença da vaca louca”. Foi diagnosticada pela primeira vez em 1986, no Reino
Unido. Há fortes evidências de que o surto foi amplificado e espalhado por toda a indústria
pecuária do Reino Unido por meio da alimentação de bezerros jovens com farinha de carne e
ossos bovinos infectados por príons.

• Scrapie ou Paraplexia enzoótica dos ovinos: afeta ovinos e caprinos.

• Doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD): acomete humanos, na maioria das vezes pessoas idosas
(média de 65 anos de idade), tem distribuição mundial e com incidência de cerca de um caso
por milhão de pessoas.

• Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD): também acomete humanos, porém em


contraste à forma clássica da CJD, afeta pessoas jovens (média de 29 anos de idade) e está
associada à ingestão de alimentos contaminados com o agente da Encefalopatia Espongiforme
Bovina clássica.

A EEB é uma enfermidade neurodegenerativa fatal e transmissível do SNC de bovinos e possui


longo período de incubação (2 a 8 anos, média de 5 anos).

AGENTE
O príon é derivado de uma proteína normal da membrana celular encontrada na maioria das
células do hospedeiro, mas com predominância no SNC. Essa proteína normal sofre uma
alteração da conformação espacial, se torna infecciosa e se replica nas células do SNC,
causando a doença.

O agente da EEB possui três tipificações conforme o peso molecular: o príon de peso molecular
considerado padrão, sendo o causador da EEB clássica (tipo C); o príon de peso molecular alto,
causador da EEB atípica tipo H (high) e o príon de peso molecular baixo, causador da EEB
atípica tipo L (low).

Situação epidemiológica
Doença ausente no país (última ocorrência: maio de 2019 - caso atípico do tipo H - MT)

ESPÉCIES SUSCETÍVEIS ENCEFALOPATIA ESPONGIFORME BOVINA (EEB)


Principalmente bovinos. Outras espécies (caprinos, ovinos, ruminantes silvestres exóticos,
felídeos, roedores, lêmures) podem ser susceptíveis natural ou experimentalmente, mas não
têm importância epidemiológica significativa. O homem pode desenvolver a doença (variante
de Creutzfeldt-Jakob) devido à ingestão de tecidos de animais infectados com o príon.

SINAIS CLÍNICOS E LESÕES


Doença neurológica fatal de bovinos adultos, caracterizada como uma encefalopatia
espongiforme transmissível. A doença é lenta e progressiva.

EEB clássica: alterações neurológicas como ataxia, hiperestesia, hipersensibilidade, tremores,


alterações comportamentais, agressividade, nervosismo ou apreensão, dificuldades posturais,
em manter-se em pé ou levantar-se, andar em círculos, movimentos oculares assimétricos.
Sinais inespecíficos como perda de peso corporal, bruxismo, queda da produção leiteira e
bradicardia.

EEB atípica: normalmente é assintomática, associada a bovinos caídos e/ou submetidos ao


abate de emergência. Maioria dos casos descritos em animais maiores de 8 anos.

Lesões post-mortem: não há lesões macroscópicas, exceto sinais de perda muscular em fases
mais avançadas. Lesões histopatológicas estão restritas ao SNC. Lesões simétricas, em geral,
bilaterais, com alterações espongiformes não inflamatórias. Uma característica da doença em
bovinos é a vacuolização neuronal e astrocitose (graus variáveis).

VIGILÂNCIA
Objetivos da vigilância:

· Prevenção da introdução

· Detecção precoce e eliminação de casos para evitar entrada do agente na cadeia alimentar

População-alvo da Vigilância: Bovinos e bubalinos (conforme categorias da vigilância definidas


na IN 18/2002 e Memo Circular 73/2012/SDA)

TRANSMISSÃO
EEB clássica: transmissão direta, via oral, por ingestão de subprodutos de origem de
ruminantes (principalmente farinha de carne e ossos) contaminados com o príon.

EEB atípica: ocorrência esporádica e espontânea.


A variante da doença de Creutzfeldt-Jakob em humanos foi associada à ingestão de tecidos de
animais infectados com o príon do Tipo C.

Período de Incubação: forma clássica: pelo menos 2 anos, podendo chegar a 10 anos. Forma
atípica: indeterminado.

CRITÉRIO DE NOTIFICAÇÃO
Notificação imediata ao SVO de qualquer caso suspeito (Categoria 2 da IN nº 50/2013).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Os sinais clínicos neurológicos compatíveis podem ser apresentados por várias doenças, como
raiva, infecção por herpesvírus, encefalites, doença de Aujeszky, febre catarral maligna ou
agravos não infecciosos como hipocalcemia, intoxicações, tumores, traumatismos,
poliencefalomalácia, entre outros.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Não há método de detecção da infecção em animais vivos. O diagnóstico confirmatório é
baseado na demonstração da proteína e alterações histopatológicas no sistema nervoso central
de animais suspeitos. Os testes usados atualmente para detecção do PrPsc são:

· ELISA (triagem de casos suspeitos)

· Imunohistoquímica (IHQ) (confirmação)

· Western Blot (WB) (confirmação e tipificação do príon PrPsc)

LABORATÓRIO RECOMENDADO
O diagnóstico de EEB deve ser em laboratório oficial de referência e a amostra deverá ser
enviada obrigatoriamente para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Pernambuco
(LFDA-PE).

ORIENTAÇÃO PARA COLHEITA DE AMOSTRAS


Procedimentos de colheita, acondicionamento e envio de amostras para diagnóstico de
doenças nervosas em ruminantes adultos (bovinos e bubalinos ≥ 24 meses) estão descritos no
documento disponível em http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sanidade-animal-e-
vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/raiva-dosherbivoros-e-eeb/
copy_of_PROCEDIMENTOSPARACOLETADEAMOSTRASSUSPEITASDERAIVAEEET.pdf

Partes anatômicas: tronco encefálico com a região do óbex (imprescindível) e fragmentos do


cerebelo (se possível) (Figura 1).

Meio de Conservação da amostra: refrigerada (2 a 8°C) se a amostra chegar em até 24 horas ao


laboratório, ou congelada (-20°C) se o período exceder 24 horas, conforme Memorando-
Circular n° 57/2018/DSA).

Acondicionamento: Em duplo ou triplo saco plástico resistente e vedado ou em frasco plástico


resistente, de boca larga e fechamento hermético, revestido por saco plástico vedado.
Identificar a embalagem.
Identificação da amostra: Individual, um frasco por animal. Todas as amostras enviadas ao
laboratório devem ser acompanhadas do FORM LAB além do FORM SN individual por animal,
com registro da respectiva categoria de vigilância.

Transporte: Em caixa isotérmica, contendo gelo reciclável, vedada e identificada, sendo a


embalagem terciária a caixa de papelão.

Figura 1 – Partes anatômicas para teste EET (Tronco encefálico na íntegra, com óbex e
fragmento do cerebelo)

DEFINIÇÃO DE CASO
Caso Suspeito de EEB : Animal susceptível que se enquadra em uma das categorias de
vigilância, exigindo diagnóstico laboratorial de EEB:

· Bovino e bubalino ≥ 2 anos com sinais clínicos de doença nervosa OU doença


crônica/caquetizante/depauperante OU decúbito/dificuldade de locomoção OU morte sem
sinais parentes; COM diagnóstico laboratorial negativo de raiva;

· Bovino e bubalino, ≥ 2 anos, com vínculo epidemiológico com caso de EEB;

· Bovino e bubalino ≥ 3 anos submetido ao abate de emergência ou condenado na inspeção


ante-mortem;

· Todos os bovinos ou bubalinos importados de país de risco para EEB, independentemente de


sinais clínicos e da idade.

Caso Provável de EEB: Caso suspeito com resultado laboratorial diferente de negativo no teste
de triagem ELISA.

Caso Confirmado de EEB: Caso provável com resultado positivo nos testes confirmatórios de
Imunohistoquímica ou Western Blot.

· Caso Confirmado de EEB Clássica: caso confirmado cujo teste WB identificou o príon PrPsc do
Tipo C.

· Caso Confirmado de EEB Atípica: caso confirmado cujo teste WB identificou o príon PrPsc do
Tipo L ou H.
Suspeita Descartada/Caso Descartado: caso suspeito ou provável que não atendeu aos critérios
de confirmação (negativo nos testes confirmatórios).

MEDIDAS A SEREM APLICADAS


Prevenção da introdução do agente no país através de controle de importação de animais e
produtos/subprodutos de ruminantes.

Prevenção da reciclagem e amplificação e mitigação de risco de exposição ao agente através


de: proibição de abate de bovinos importados de países de risco; proibição de uso de
subprodutos de origem animal na alimentação de ruminantes (feedban); remoção, segregação
e destruição de materiais de risco específico para EEB (MRE) nos estabelecimentos de abate de
ruminantes; e tratamento térmico de farinhas oriundas de ruminantes.

Notificação obrigatória e vigilância de doenças nervosas em ruminantes para detecção precoce


da doença/infecção.

Educação sanitária, conscientização dos produtores quanto ao feedban e notificação


obrigatória de casos suspeitos.

Medidas aplicáveis em focos de EEB: Interdição da propriedade de origem, rastreamento de


ingresso e egresso, investigação de vínculos epidemiológicos, identificação dos animais coortes
(nascidos um ano antes e após o nascimento do animal positivo à EEB clássica) com colheita de
amostras para diagnóstico laboratorial; proibição de entrada de produtos oriundos do animal
infectado na cadeia alimentar e produtiva.

PRAZO PARA ENCERRAMENTO DE FOCO / CONCLUSÃO DAS


INVESTIGAÇÕES
EEB atípica: desinterdição da propriedade e encerramento do foco se não houver outros casos
suspeitos ou prováveis. Conclusão da investigação após a comprovação de que não houve
entrada de material oriundo do animal infectado nas cadeias produtiva e alimentar.

EEB clássica: desinterdição da propriedade e encerramento do foco após resultado laboratorial


negativo para EEB nas amostras oriundas dos animais coortes ou expostos ao agente.
Conclusão da investigação após comprovação de que não há outros animais expostos e não
houve entrada de material oriundo do animal infectado nas cadeias produtiva e alimentar.

SITUAÇÃO DA EEB NO BRASIL E MUNDO


Na figura acima, é apresentado o mapa de status de classificação de risco para EEB dos países
membros da Organização Mundial de Saúde Animal.

A EEB clássica nunca foi registrada no Brasil. Contudo, já foram registrados 6 casos de EEB
atípica (tipo H) no país, as quais não interferem no status de risco para EEB junto à Organização
Mundial de Saúde Animal - OMSA, por terem ocorrência espontânea. Assim, o Brasil mantém o
reconhecimento pela OMSA como país de risco insignificante para a doença desde 2012.

O MAPA tem legislação específica (Instrução normativa MAPA 49, DE 15/09/2008), que em seu
artigo 3º proíbe a importação de ruminantes, seus produtos e subprodutos destinados a
quaisquer fins, de produtos de uso veterinário que contenham em sua composição insumos
oriundos de ruminantes e de produtos e ingredientes de origem animal destinados à
alimentação de animais, quando originários ou procedentes de países classificados na
categoria III. Por outro lado o Artigo 5º apresenta exceções à proibição, podendo ser
importados os seguintes produtos dos países de categoria III desde que atendidos os requisitos
sanitários: leite e produtos lácteos; sêmen e embriões de bovinos produzidos conforme
recomendado pela Sociedade Internacional de Transferência de Embriões; sebo desproteinado
(com impurezas insolúveis correspondendo, no máximo, a 0,15% do peso) e produtos
derivados do mesmo; farinha de ossos calcinados (sem proteínas ou gorduras); couros e peles;
gelatina e colágeno processados de acordo com o Código Sanitário para os Animais Terrestres
da OIE.

Essas exceções ocorrem porque a OMSA, em seu Código Terrestre, cita que:

Mercadorias seguras

Ao autorizar a importação ou trânsito das seguintes commodities derivadas de bovinos, as


Autoridades Veterinárias não devem exigir quaisquer condições relacionadas à EEB,
independentemente do risco de EEB apresentado pela população bovina do país , zona ou
compartimento exportador :

- leite e derivados;
- sêmen e embriões bovinos derivados in vivo coletados e manuseados de acordo com os
capítulos relevantes do Código Terrestre;

- couros e peles;

- gelatina e colágeno;

- sebo com teor máximo de impurezas insolúveis de 0,15% em peso e derivados deste sebo;

- fosfato bicálcico (sem vestígios de proteína ou gordura);

- sangue fetal.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 44, DE 17 DE SETEMBRO DE


2013
Art. 1° Institui o Programa Nacional de Prevenção e Vigilância da Encefalopatia Espongiforme
Bovina - PNEEB, nos termos desta Instrução Normativa.

Art. 2º O PNEEB tem como objetivos:

I - evitar a entrada do agente da encefalopatia espongiforme bovina - EEB no território


Nacional;

II - aplicar medidas de mitigação de risco, no intuito de evitar eventual reciclagem e difusão do


agente da EEB no país; e

III - manter um sistema de vigilância para detecção de animais infectados por encefalopatias
espongiformes transmissíveis - EET.

Art. 3º O PNEEB é composto por subprogramas com objetivos específicos, sendo:

I - subprograma de controle da importação e monitoramento de bovinos importados, que visa


à prevenção da entrada do agente da EEB mediante procedimentos de:

a) controle da importação, no que concerne ao risco de veiculação do agente da EEB em


animais, seus produtos e subprodutos; e

b) monitoramento de bovinos importados, visando ao controle de localização, movimentação e


destinação desses animais;

II - subprograma de controle em estabelecimentos de abate de ruminantes, que visa à


aplicação dos procedimentos de:

a) redução de risco de EEB mediante a retirada de materiais de risco específicos -- MRE da


carcaça dos ruminantes; e

b) realização de vigilância das EET em ruminantes;

III - subprograma de controle em estabelecimentos processadores de resíduos de origem


animal, que visa à aplicação dos procedimentos de redução de risco de EEB nesses
estabelecimentos;
IV - subprograma de controle da produção de alimentos para ruminantes em estabelecimentos
que os fabriquem e de produtos veterinários para uso em ruminantes, mediante
procedimentos de:

a) inspeção e fiscalização dos estabelecimentos que fabricam alimentos destinados a


ruminantes e monitoramento dos seus produtos, para prevenir a contaminação com produtos
de origem animal proibidos; e

b) controle da produção, da comercialização e da utilização de produtos veterinários


destinados a ruminantes, para prevenir a contaminação com produtos de origem animal
proibidos;

V - subprograma de controle de alimentos para ruminantes em estabelecimentos de criação de


ruminantes, mediante procedimentos de inspeção e fiscalização que visam prevenir a
contaminação de alimentos destinados a esses animais com produtos de origem animal
proibidos;

VI - subprograma de vigilância das EET, mediante procedimentos de:

a) notificação e investigação de doenças nervosas em ruminantes; e

b) realização de testes para diagnóstico das EET em populações específicas de animais;

VII - subprograma de controle e avaliação, mediante procedimentos de:

a) consolidação dos dados relativos aos subprogramas que compõem o PNEEB;

b) acompanhamento da execução e avaliação da aplicação dos procedimentos estabelecidos


para cada subprograma, no âmbito das unidades federativas e das Instâncias do Sistema
Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária;

c) elaboração de metas e indicadores do PNEEB, quando couber, e de um Plano de


Contingência para aplicação imediata em eventual introdução da enfermidade no país; e

d) estabelecimento de critérios para identificação de áreas de risco para EEB, assim como as
estratégias para aprimoramento de atuação da competente instância do Sistema Unificado de
Atenção à Sanidade Agropecuária, conforme os riscos identificados.

Art. 4º Os procedimentos relativos aos subprogramas constantes no art. 3º desta Instrução


Normativa são estabelecidos pelos respectivos órgãos competentes do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.

§ 1º A coordenação do PNEEB será exercida pelo Departamento de Saúde Animal da Secretaria


de Defesa Agropecuária - DSA/SDA, órgão do MAPA.

§ 2º Os órgãos do MAPA citados no caput deste artigo deverão enviar informações e dados
relativos as suas atividades, sempre que solicitados pela coordenação do PNEEB.

Art. 5° As três Instâncias do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária deverão


aplicar os procedimentos específicos citados no art. 4° desta Instrução Normativa, conforme
respectivos âmbitos de atuação.

Art. 6° A Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA é responsável por estabelecer estratégias


para a integração das instâncias intermediária e local do Sistema Unificado de Atenção à
Sanidade Agropecuária, no sentido de execução das ações de prevenção e vigilância da EEB em
tais instâncias, de maneira complementar e harmônica às ações do MAPA.

Art. 7° Os bovinos importados de que trata a alínea "b" do inciso I do art. 3º desta Instrução
Normativa deverão ser inseridos em banco de dados, atendendo requisitos e exigências de
controle, restrição de movimentação e de destinação, estabelecidos pelo Departamento de
Saúde Animal (DSA).

Parágrafo único. Os bovinos importados de país não considerado pelo MAPA como de risco
para EEB não serão alvo de controle oficial e estarão sujeitos a todos os procedimentos de
monitoramento aplicados por certificadora privada, se for o caso.

Art. 8º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 9° Fica revogado o Capítulo VIII da Instrução Normativa n° 17, de 13 de julho de 2006.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 8, DE 25 DE MARÇO DE 2004


Art. 1º Proibir em todo o território nacional a produção, a comercialização e a utilização de
produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua composição
proteínas e gorduras de origem animal.

Parágrafo único. Incluem-se nesta proibição a cama de aviário, os resíduos da criação de


suínos, como também qualquer produto que contenha proteínas e gorduras de origem animal.

Art. 2º Fica também proibida a produção, a comercialização e a utilização de produtos para uso
veterinário, destinados a ruminantes, que contenham em sua formulação insumos oriundos de
ruminantes.

Art. 3º Excluem-se da proibição de que tratam os artigos anteriores, o leite e os produtos


lácteos, a farinha de ossos calcinados (sem proteína e gorduras), e a gelatina e o colágeno
preparados exclusivamente a partir de couros e peles.

Parágrafo único. A critério da Secretaria de Defesa Agropecuária, mediante análise de risco,


poderão ser excluídos outros produtos e insumos.

Art. 4º Os rótulos e as etiquetas dos produtos destinados à alimentação de não ruminantes,


que contenham qualquer fonte de proteínas e gorduras de origem animal, exceto os produtos
mencionados no art. 3º desta Instrução, deverão conter no painel principal e em destaque, a
seguinte expressão: USO PROIBIDO NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES.

Art. 5º Os produtos destinados à alimentação de ruminantes estão sujeitos a análises de


fiscalização para a identificação dos ingredientes utilizados como fonte de proteína.

Art. 6º As Secretarias de Defesa Agropecuária e de Apoio Rural e Cooperativismo, em suas


respectivas áreas de competência, expedirão instruções complementares para os casos que
requeiram posterior regulamentação ou para os casos omissos.

Art. 7º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.


INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 17, DE 7 DE ABRIL DE 2008
Art. 1º Proibir em todo o território nacional a fabricação, na mesma planta, de produtos
destinados à alimentação de ruminantes e de não-ruminantes, exceto os estabelecimentos que
atenderem aos seguintes requisitos:

I - possua linhas separadas para a produção de produtos para a alimentação de ruminantes e


não-ruminantes, desde a recepção dos ingredientes ou matérias-primas até a entrada no
misturador;

II - esteja com as Boas Práticas de Fabricação (BPF) implementadas;

III - possua e aplique procedimentos validados para o controle de contaminação cruzada entre
os produtos destinados à alimentação de ruminantes e os produtos que contenham
ingredientes de origem animal em sua formulação, desde o recebimento até a sua expedição e
transporte; e

IV - ter programa de monitoramento por meio de análise de laboratório de, no mínimo, 10%
(dez por cento) dos lotes produzidos dos produtos para alimentação de ruminantes e tenha as
medidas corretivas descritas no caso de ocorrência de contaminação por ingrediente de origem
animal.

Parágrafo único. Excluem-se da proibição prevista neste artigo, os estabelecimentos que não
utilizam na composição de seus produtos, ingredientes (proteínas e gorduras) de origem
animal ou qualquer produto que os contenham, proibidos para uso na alimentação de
ruminantes, definidos em legislação específica.

Art. 2º É a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), em sua respectiva área de competência,


mediante análise de risco, responsável para conceder, aos estabelecimentos que atenderem os
requisitos previstos no art. 1º, a autorização da fabricação.

Art. 3º Os estabelecimentos registrados dispõem do prazo de até trezentos e sessenta e cinco


dias, para se adequarem aos termos desta Instrução Normativa, a contar da data da sua
publicação.

Art. 4º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

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