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Programa Nacional de Sanidade Suídea – PNSS

O Programa Nacional de Sanidade Suídea - PNSS concentra seus esforços nas doenças da lista
da Organização Mundial de Saúde Animal - OIE, que se caracterizam pelo grande poder de
difusão, consequências econômicas ou sanitárias graves e repercussão no comércio
internacional. Todo cidadão que suspeite da ocorrência de uma dessas doenças no território
nacional é obrigado a comunicar imediatamente o fato ao serviço veterinário oficial

As atividades do PNSS estão voltadas para a prevenção de doenças, para o reconhecimento,


manutenção e ampliação de zonas livres de doenças e na certificação e monitoramento de
granjas de reprodutores suídeos (GRSC). Estas atividades estão descritas no Regulamento
Técnico do PNSS, aprovado pela Instrução Normativa nº 47, de 18/6/2004, que prevê o
controle sanitário oficial a ser realizado nos estabelecimentos de criação de suídeos que
desenvolvam atividades relacionadas à produção, reprodução, comercialização, distribuição de
suídeos e material de multiplicação de origem suídea, bem como impedir a introdução de
doenças exóticas e controlar ou erradicar aquelas já existentes no Brasil.

Cabe ao MAPA as seguintes funções:

I - normatizar, implementar, controlar e avaliar a execução das atividades do Programa Nacional


de Sanidade Suídea, com vistas à vigilância, à profilaxia, ao controle e à erradicação de doenças
que afetam o plantel nacional de suídeos;

II - realizar fiscalizações e supervisões técnicas nos estabelecimentos de criação de suídeos;

III - realizar supervisões e auditorias técnicas nos serviços veterinários oficiais nas unidades
estaduais e municipais da federação;

IV - controlar a produção e qualidade das vacinas e produtos farmacêuticos aprovados pelo


Programa;

V - definir critérios para adoção de técnicas de diagnóstico, para a importação e utilização de


insumos e imunobiológicos;

VI - propor e acompanhar estudos epidemiológicos para criação e manutenção de zonas livres


de doenças;

VII - garantir a saúde dos suídeos em toda a cadeia produtiva e o controle higiênico-sanitário
dos plantéis;

VIII - propor a realização de eventos de capacitação técnica.

Doenças de notificação obrigatória


O Artigo 9º da I.N. 47/2004 indica a responsabilidade de todos os cidadãos sobre a
presença de casos suspeitos de doenças de notificação obrigatória:

Art. 9º Todo médico veterinário, proprietário, transportador de animais ou qualquer


outro cidadão que tenha conhecimento de suspeita da ocorrência de doença de suídeos de
notificação obrigatória deverá comunicar imediatamente o fato ao serviço veterinário oficial. O
proprietário deverá suspender de imediato a movimentação, a qualquer título, de suídeos,
seus produtos e subprodutos existentes no estabelecimento, até que o serviço veterinário
oficial decida sobre as medidas a serem adotadas.

A notificação da suspeita ou ocorrência de doença listada no Anexo da Instrução


Normativa n° 50/2013 é obrigatória para qualquer cidadão, bem como para todo profissional
que atue na área de diagnóstico, ensino ou pesquisa em saúde animal.

Também deverão ser notificadas no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas de seu
conhecimento, quando houver suspeita ou ocorrência de qualquer doença listada no Anexo
desta Instrução Normativa se:

I - ocorrer pela primeira vez ou reaparecer no País, zona ou compartimento declarado


oficialmente livre;

II - qualquer nova cepa de agente patogênico ocorrer pela primeira vez no País, zona ou
compartimento;

III - ocorrerem mudanças repentinas e inesperadas nos parâmetros epidemiológicos como:


distribuição, incidência, morbidade ou mortalidade de uma doença que ocorre no País,
Unidade Federativa, zona ou compartimento; ou

IV - ocorrerem mudanças de perfil epidemiológico, como mudança de hospedeiro, de


patogenicidade ou surgimento de novas variantes ou cepas, principalmente se houver
repercussões para a saúde pública.

A notificação também deverá ser imediata para qualquer outra doença animal que não
pertença à lista do Anexo desta Instrução Normativa, quando se tratar de doença exótica ou de
doença emergente que apresente índice de morbidade ou mortalidade significativo, ou que
apresente repercussões para a saúde pública.

As doenças de notificação obrigatória que podem acometer os suínos, conforme a IN


50/2013, são:

Lista 1: Doenças erradicadas ou nunca registradas no País, que requerem notificação


imediata de caso suspeito ou diagnóstico laboratorial:

-Encefalomielite por vírus Nipah

-Doença vesicular suína

-Gastroenterite transmissível

-Peste suína africana

-Síndrome reprodutiva e respiratória suína (PRRS)

-Triquinelose

Lista 2: Doenças que requerem notificação imediata de qualquer caso suspeito:

-Peste suína clássica

-Antraz (carbúnculo hemático)

-Doença de Aujeszky

-Estomatite vesicular
-Febre aftosa

-Raiva

Lista 3: Doenças que requerem notificação imediata de qualquer caso confirmado:

-Brucelose (Brucella suis)

-Paratuberculose

Dessas doenças, passaremos a estudar mais detalhadamente as que causam maiores


preocupações para a Suinocultura Nacional: Doença de Aujesky, Síndrome Reprodutiva
Respiratória dos Suínos (PRRS), Peste Suína Clássica (PSC) e Peste Suína Africana (PSA).

DOENÇA DE AUJESZKY
Situação epidemiológica: Doença presente no Brasil (última ocorrência: 2018, no PR)

AGENTE

Varicellovirus da família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae

ESPÉCIES SUSCETÍVEIS

Suínos (Sus scrofa) domésticos, silvestres e asselvajados, além de uma grande variedade de
mamíferos: bovinos, ovinos, caprinos, equinos, cães, gatos, coelhos e mamíferos silvestres,
todos considerados hospedeiros finais.

SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

Dependem da faixa etária dos suínos acometidos, estado imune do rebanho, via de infecção e
cepa viral.

Leitões de maternidade: Febre (42ºC), apatia, anorexia, hipersalivação, predomínio de sinais


nervosos como tremores, convulsões, incoordenação de membros posteriores (posição de cão
sentado), andar em círculos, movimentos de pedalagem, decúbito, opistótono, pêlos eriçados,
inapetência e morte de 1 a 5 dias. Mortalidade pode chegar a 100%.

Leitões em crescimento e terminação: Febre (42ºC), apatia, anorexia, atraso no crescimento,


predomínio de sinais respiratórios como espirros, tosse, descarga nasal, dispneia. Sinais
nervosos podem ser observados. Recuperação em 5 a 10 dias. Mortalidade de 1 a 2% ou maior
se houver infecções secundárias.

Suínos reprodutores: Febre (42ºC), anorexia, constipação, hipersalivação, falsa mastigação,


agalaxia, infertilidade e sinais respiratórios como espirros, tosse, descarga nasal, dispneia.
Incoordenação leve e paralisia de posterior são raros. Mortalidade de 1 a 2%. Matrizes
infectadas durante a gestação: retorno ao cio, abortos, natimortos, fetos mumificados e
nascimento de leitões fracos.

Suínos asselvajados: normalmente assintomáticos, podendo apresentar sinais respiratórios


leves.
Sinais clínicos em outros mamíferos: Sintomatologia nervosa associada a prurido intenso e
automutilação, motivo pelo qual a doença também é conhecida como “peste de coçar”. É letal,
com óbito de 2 a 3 dias após o aparecimento dos sinais clínicos.

VIGILÂNCIA

Objetivos da vigilância:

· Detecção precoce e erradicação da Doença de Aujeszky;

· Demonstração da ausência de circulação do vírus da DA e permitir o reconhecimento de


estados como livres de DA IN (08/2007).

População-alvo da Vigilância: Suínos de criações comerciais, de subsistência e asselvajados.

TRANSMISSÃO

O vírus é encontrado em todas as secreções e excreções do animal infectado e pode ser


transmitido pelas vias direta (contato entre animais, aerossóis e suas secreções e excreções,
sangue e sêmen) ou indireta (água, alimentos, fômites, trânsito de pessoas, equipamentos,
materiais, veículos, vestuários, produtos, alimentos de origem animal), entrando no organismo
por via oral e oro nasal. Transmissão transplacentária (vertical) e via inseminação artificial
(sêmen contaminado) são previstas.

Reservatórios: Suínos portadores assintomáticos (infecção latente). O vírus tem a capacidade


de estabelecer infecções latentes no hospedeiro que podem ser reativadas por condições
estressantes. Suínos infectados tornam-se portadores assintomáticos do vírus e fonte de
infecção para outros animais.

Período de Incubação: 2 a 6 dias.

CRITÉRIO DE NOTIFICAÇÃO

Notificação imediata ao SVO de qualquer caso suspeito (Categoria 2 da IN nº 50/2013).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Peste Suína Clássica (PSC), Peste Suína Africana (PSA), influenza suína, circovirose,
pasteurelose, meningite estreptocócica, pneumonia enzoótica, raiva, leptospirose,
hipoglicemia neonatal, intoxicação por sal e outras doenças que afetam o sistema nervoso,
respiratório ou reprodutivo dos suídeos.

PROVAS PARA DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

· Detecção de anticorpos pelo ensaio de neutralização viral.

· Detecção do RNA viral por RT-PCR em tempo real.

· Isolamento viral em linhagem celular.

ORIENTAÇÃO PARA COLHEITA DE AMOSTRA

Eutanasiar o (s) animal (ais) doente (s) e colher cérebro, baço, tonsilas, pulmão e fetos
abortados, sendo 50 gramas de cada órgão. Acondicionar separadamente em frascos ou sacos
plásticos, identificados.
Colher amostras de soro de suínos doentes ou convalescentes, no mínimo 2 ml por animal,
límpidas após centrifugação e acondicionar em tubos tipo Eppendorf.

Remeter as amostras congeladas.

Em nenhuma hipótese deve ser colhido e enviado um órgão de um só animal. Quanto maior o
número de animais coletados, maior a chance de um diagnóstico correto.

DEFINIÇÃO DE CASO

Caso suspeito: qualquer suíno que apresente sinais clínicos ou lesões compatíveis com DA,
notificado ao SVO.

Caso provável: constatação pelo SVO de suíno apresentando sinais clínicos ou lesões
compatíveis com a DA, ou com reação a teste laboratorial que indique a possível presença do
vírus da DA, exigindo adoção imediata de medidas de biossegurança e de providências para o
diagnóstico laboratorial.

Caso ou foco confirmado: registro, em uma unidade epidemiológica, de pelo menos um caso
que atenda a um ou mais dos seguintes critérios:

1) isolamento e identificação do vírus da DA em amostras de suínos, com ou sem sinais clínicos;

2) detecção de antígeno viral ou ácido ribonucleico específico do vírus da DA em amostras de


suínos, com ou sem sinais clínicos da doença;

3) detecção de anticorpos específicos do vírus da DA, que não sejam consequência da


vacinação, em amostras de suínos, com ou sem sinais clínicos da doença.

Suspeita Descartada: caso suspeito cuja investigação do SVO demonstrou não ser compatível
com DA.

Caso Descartado: caso provável que não atendeu aos critérios de confirmação de caso.

MEDIDAS A SEREM APLICADAS

Medidas aplicáveis em investigação de suspeitas/casos prováveis de Doença de Aujeszky:


Interdição da unidade epidemiológica, rastreamento de ingresso e egresso, investigação de
vínculos epidemiológicos, colheita de amostras para diagnóstico laboratorial, isolamento dos
animais.

Medidas aplicáveis em focos de Doença de Aujeszky: Despovoamento imediato,


despovoamento gradual ou erradicação por sorologia, a ser avaliado de acordo com a situação
epidemiológica. Desinfecção, vazio sanitário, utilização de animais sentinelas e comprovação
de ausência de circulação viral.

Estratégia de vacinação em resposta a foco somente após avaliação do DSA de acordo com a
situação epidemiológica.

Vacinação preventiva proibida.

Medidas detalhadas no Plano de Contingência para DA (IN MAPA 08/2007).

PRAZO PARA ENCERRAMENTO DE FOCO / CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES

Nas suspeitas descartadas a investigação pode ser concluída imediatamente.


Nos casos prováveis de DA a investigação pode ser encerrada após diagnóstico final negativo de
DA.

Um foco de DA somente será encerrado após a eliminação dos animais positivos e


comprovação de ausência de circulação viral, conforme Plano de Contingência para DA (IN
MAPA 08/2007).

Os casos omissos serão resolvidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento, como Instância Central e Superior.

PLANO DE CONTINGÊNCIA DA DOENÇA DE AUJESZKY


I - INTRODUÇÃO

1. Histórico

Em 1908, Carini teve a oportunidade de trabalhar com materiais de bovinos e cães acometidos
pela chamada "Peste de Coçar", provenientes de vários estados brasileiros. A doença aparecia
com certa freqüência, sendo considerada uma enfermidade de etiologia obscura. Somente em
1912, com a colaboração de Jezuíno Maciel, foi verificado que a "Peste de Coçar" nada mais era
do que a Doença de Aujeszky (DA), fato comprovado durante um surto ocorrido no município
de Araras, em São Paulo.

Desde 1934, por meio do Decreto no 24.548, a DA é uma enfermidade de notificação


obrigatória no Brasil, e passível de medidas de defesa sanitária animal. Em 1939, Carneiro &
Leme diagnosticaram a DA em ovinos e caprinos. No mesmo ano, Carneiro assinala a
ocorrência em suínos, por meio do Teste de Neutralização viral, durante um surto em bovinos.
O primeiro isolamento do VDA no Brasil data de 1947.

A partir de 2001, o Estado de Santa Catarina vem executando um programa de erradicação da


DA em suínos, com a participação da EMBRAPA Suínos e Aves, da Instância Intermediária do
Sistema de Atenção à Sanidade Agropecuária no estado (CIDASC), do laboratório público
credenciado (CEDISA), da Associação dos Criadores de Suínos do estado (ACCS), das
agroindústrias, e contando com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
e da Secretaria Estadual da Agricultura e Desenvolvimento Rural.

2. Justificativa

Nas últimas décadas, a suinocultura brasileira apresentou uma intensa tecnificação de suas
práticas de manejo, com o incremento da produção confinada e da movimentação de animais.
Esses fatores elevam o risco de ocorrência e disseminação de enfermidades no rebanho suídeo
nacional. Por mais rigorosas que sejam as medidas sanitárias de proteção adotadas por um
país ou uma região considerada como zona livre de uma doença, nunca se tem a segurança
absoluta, para que se consiga impedir a introdução ou reintrodução de um agente infeccioso.

Quando da ocorrência de uma enfermidade em um rebanho, as ações para o seu controle ou


erradicação deverão ocorrer de forma organizada, rápida e eficaz, objetivando minimizar o
impacto dos prejuízos dela decorrentes. Para isto, torna-se necessário manter os técnicos das
três Instâncias que compõem o Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária e o pessoal
de apoio atualizados e treinados, dispondo de equipamentos e materiais adequados, recursos
financeiros suficientes e facilmente disponíveis, como também, normas que possibilitem a
orientação dos procedimentos a serem adotados e o amparo legal necessário.
3. Objetivo

Este PLANO DE CONTINGÊNCIA contribui para orientar as ações e procedimentos para a


imediata notificação e confirmação de suspeitas de ocorrência da DOENÇA DE AUJESZKY (DA) e
para a implementação das medidas de defesa sanitária animal necessárias ao seu controle e
erradicação em todo o território nacional.

II - CARACTERIZAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS

Condições sanitárias mínimas

A estratégia de gestão zoossanitária deverá ser centrada na concepção e aplicação de medidas


que minimizem o risco da ocorrência de uma doença no país ou em uma zona livre.

Há necessidade da manutenção de várias atividades para que o risco de ocorrência da DA seja


desprezível e que, na eventualidade do aparecimento de um foco, que o mesmo seja
prontamente detectado e, de imediato, adotadas ações para o seu controle e erradicação. O
serviço veterinário oficial deve estar amparado nas condições a seguir relacionadas:

- estrutura operacional adequada;

- amparo legal para as ações, em legislação específica;

- recursos financeiros suficientes e disponíveis;

- recursos humanos, materiais e equipamentos suficientes e adequados;

- cadastro de estabelecimentos de criação e transportadores em constante atualização;

- pessoal treinado em emergência sanitária;

- Programa de Educação Sanitária que leve em consideração os hábitos de cada região;

- vigilância ativa nas explorações suinícolas comerciais e de subsistência;

- sistemas de informação que permitam a rápida adoção das medidas sanitárias;

- listagem atualizada dos locais de risco, tais como agroindústrias, abatedouros, lixões, fábricas
de ração, casas agropecuárias, rodoviárias, aeroportos, portos, correios e outros, de forma a
permitir uma efetiva fiscalização desses locais;

- supervisões e avaliações periódicas das atividades de saúde animal, visando o


aperfeiçoamento e a padronização das ações;

- atuação efetiva do Comitê Estadual de Sanidade Suídea;

- realização de inquéritos soroepidemiológicos periódicos para o monitoramento das zonas


livres de enfermidades;

- controle e fiscalização do trânsito de suídeos, seus produtos e subprodutos, produtos


patológicos, biológicos e materiais de multiplicação animal;

- vigilância sanitária nos portos, aeroportos, postos de fronteira e correios;

- controle e fiscalização dos pontos de concentração de suídeos;

- laboratórios de diagnóstico em condições de realizar os exames com a rapidez e eficiência


necessárias;
- fundos financeiros para as indenizações de rebanhos atingidos pelas medidas sanitárias e
destruição de coisas;

- combate sistemático ao abate clandestino;

- lavagem e desinfecção dos veículos transportadores de suídeos após o descarregamento nos


abatedouros, com fiscalização destas ações nos postos fixos e móveis de controle;

- proibição de presença de suídeos em lixões;

- controle da utilização de restos de alimentos para criação de suídeos;

- sistemas de identificação de suídeos que possibilitem a rastreabilidade;

- interação entre os serviços de inspeção e defesa sanitária animal, em suas diferentes


Instâncias;

- Interação com os órgãos ambientais e de extensão rural, colégios agrícolas, escolas rurais e
faculdades de ciências agrárias;

- interação com as secretarias municipais de agricultura e de saúde;

- interação com agroindústrias, cooperativas, sindicatos rurais, associações de produtores e


demais segmentos do agronegócio;

- suporte de órgãos e entidades ligadas à cadeia produtiva suídea e demais órgãos públicos
(Prefeituras, Polícia Militar, Secretaria da Fazenda e outros); e

- manutenção de estoque estratégico de vacinas.

III - EMERGÊNCIA SANITÁRIA

1. Definição

É um conjunto de ações sanitárias necessárias para impedir a disseminação e erradicar um foco


de uma enfermidade, no tempo mais curto possível e com um menor custo para o país. Essas
ações deverão ser executadas por um grupo de profissionais devidamente treinados em
emergência sanitária.

2. Equipe de emergência sanitária A equipe de emergência sanitária será constituída por meio
de ato legal, sendo composta por profissionais do serviço veterinário oficial, distribuídos nos
seguintes níveis de atuação:

- Coordenação geral;

- Coordenação de campo;

- Coordenação de laboratório;

- Coordenação administrativa/ financeira;

- Coordenação de comunicação e relações públicas; e

- Coordenação de assuntos jurídicos.

Para garantir a eficácia das ações implementadas pela equipe de emergência sanitária, este
grupo deve ser submetido a treinamentos técnicos e operacionais periódicos, na forma de
simulações de ocorrência de focos de enfermidades de suínos.
3. Responsabilidades da equipe de emergência sanitária

- Implementar a política de defesa sanitária animal determinada pelo Plano de Contingência;

- Requerer, se necessário, a colaboração de outros setores vinculados para a implementação


das ações;

- Reunir-se regularmente para o acompanhamento e avaliação de todos os aspectos


relacionados com as operações de campo;

- Requerer, se necessário, a assistência e cooperação técnica de consultoria nacional ou


internacional; e

- Designar um epidemiologista para assessorar o Coordenador de Campo.

4. Deveres e responsabilidades das Coordenações

4.1. Coordenação-Geral

a) Mobilizar e coordenar a equipe de emergência e outros profissionais necessários;

b) Envolver as instituições e entidades que participarão dos trabalhos; e

c) Instituir a comissão de avaliação e taxação, composta por um representante do setor


produtivo, um representante da Instância Central e Superior e um representante da Instância
Intermediária do serviço veterinário oficial.

4.2. Coordenação de Campo

a) Coordenar todas as operações diárias relacionadas com a emergência sanitária em nível de


campo e estratégias de atuação adotadas;

b) Designar e supervisionar as comissões de:

- Vigilância epidemiológica: responsável pelo sistema de informação, rastreamento, inspeção,


repovoamento, quarentena, trânsito de animais, instalação de postos fixos e móveis e controle
de locais de concentração de animais;

- Sacrifício sanitário, abate sanitário e destruição de coisas;

- Limpeza, desinfecção de instalações e veículos e outros procedimentos de biosseguridade;

- Controle de vacinas e vacinação;

- Comunicação e educação sanitária;

OBSERVAÇÃO: Aos chefes dessas comissões caberá a responsabilidade de dirigir e executar as


ações que correspondam às suas tarefas, a fim de alcançar os objetivos específicos das
mesmas.

c) Assegurar o apoio logístico às comissões;

d) Delimitar as áreas de proteção e vigilância;

e) Estabelecer os contatos com as autoridades e outros segmentos que possam prestar


assistência; e
f) Assegurar que todos os informes de campo sejam elaborados e submetidos, em tempo hábil,
à Coordenação-Geral.

4.3. Coordenação de Laboratório

a) Atuar junto à Coordenação de Campo, a fim de assegurar que as amostras sejam


adequadamente coletadas, processadas, identificadas, acondicionadas e remetidas.

4.4. Coordenação Administrativa e Financeira

a) Atuar junto à Coordenação-Geral, com a função de elaborar orçamentos, adquirir, distribuir


e garantir o abastecimento de materiais e serviços;

b) Coordenar e administrar a comissão de avaliação e taxação.

4.5. Coordenação de Comunicação e Relações Públicas

a) Atuar junto às Coordenações Geral e de Campo, obtendo informações e assegurando que as


mesmas cheguem aos meios de comunicação e às autoridades competentes de forma
apropriada.

4.6 Coordenação de Assuntos Jurídicos

a) Assessorar a Coordenação-Geral e a de Campo nos aspectos jurídicos e realizar todas as


tramitações legais inerentes à emergência sanitária.

IV - PROCEDIMENTOS OPERATIVOS NA ATENÇÃO VETERINÁRIA

1. Notificação de suspeita

- Todo médico veterinário, proprietário, transportador de suídeos ou qualquer outro cidadão


que tenha conhecimento de suspeita da ocorrência de DA ou doença com quadro clínico
similar, deverá comunicar o fato imediatamente à unidade do serviço veterinário oficial mais
próxima;

- A notificação poderá ser efetuada pessoalmente, por telefone, fax ou qualquer outro meio de
comunicação disponível.

2. Atenção à notificação

- Caso o notificante seja o proprietário ou responsável, o mesmo deverá ser informado da


proibição da movimentação de suídeos e outros animais, seus produtos e subprodutos, além
de pessoas e veículos, a partir do estabelecimento de criação suspeito, até que o serviço
veterinário oficial defina quais as medidas a serem adotadas;

- Registrar no livro de ocorrência da Unidade Local de Atenção à Sanidade

Agropecuária a notificação com data e hora;

- Reunir o máximo de informações sobre o estabelecimento de criação suspeito, como por


exemplo, a situação geográfica, barreiras naturais, vias de acesso, ficha cadastral, tipo de
criação de suídeos, população existente por espécie animal, ingresso e egresso de suídeos nos
últimos 30 (trinta) dias, dados produtivos, doenças anteriormente notificadas, atividades
exploradas em estabelecimentos vizinhos, abatedouros e estabelecimentos que comercializam
produtos e subprodutos de origem suídea;
- Comunicar a ocorrência ao superior imediato;

- Dispor dos materiais e equipamentos necessários para atendimento a foco, especificados


neste Plano de Contingência, e dos documentos Formulário de Investigação de Doenças - Inicial
(FORMIN), Termo de Visita a Granja de Suídeos (Anexo IV da Instrução de Serviço DDA nº 12A,
de 2002) e Auto de Interdição.

3. Visita ao estabelecimento de criação com suspeita de Doença de Aujeszky

a) Proceder à visita, em caráter prioritário, no máximo em 12 (doze) horas após a notificação,


adotando os seguintes procedimentos:

- Visitar primeiro o estabelecimento de criação com a suspeita, dirigindo-se diretamente à


sede, escritório ou administração, para colher informações junto ao proprietário ou
responsável. Evitar o ingresso do veículo oficial na propriedade;

- Trocar a roupa, utilizando, de preferência, roupas e materiais descartáveis para entrar nos
recintos com suídeos;

- Inspecionar primeiramente os suídeos aparentemente sadios;

- Proceder ao exame clínico dos suídeos doentes, com o auxílio do pessoal do serviço oficial ou
de particulares;

- Se a suspeita estiver fundamentada, preencher o FORM-IN e o Auto de Interdição;

- Se a suspeita não for fundamentada, preencher o Termo de Visita a Granja de Suídeos ou


similar existente na Instância Intermediária;

- Prescrever a nebulização das instalações com uma solução de um dos desinfetantes descritos
neste Plano de Contingência, uma vez ao dia, como forma de diminuir a pressão de infecção
dentro do estabelecimento de criação;

- Colher amostras e comunicar imediatamente à autoridade sanitária superior, a fim de que as


ações de emergência sejam prontamente iniciadas;

- Encaminhar o material colhido ao laboratório oficial ou credenciado mais próximo, para o


diagnóstico de DA.

IMPORTANTE: O laboratório destinatário deverá ser previamente comunicado sobre o envio do


material suspeito.

a) Colheita de Material:

- Sacrificar suídeos doentes e colher amostras de tecidos, preferencialmente cérebro, baço,


tonsilas e pulmão;

- Poderá ser colhido feto abortado, desde que acompanhado de outros materiais, de forma a
não mascarar o diagnóstico caso o aborto seja secundário à infecção pelo VDA;

- Os materiais deverão ser despachados ao laboratório nas seguintes condições:

. Enviar, no mínimo, 50 gramas de cada órgão em frascos coletores separados, devidamente


identificados por animal;
. Enviar também finos fragmentos de cérebro e pulmão conservados em solução de
formaldeído a 10% (formol);

. Todas as amostras colhidas devem estar listadas no FORMIN e cuidadosamente identificadas


com etiqueta ou esparadrapo escrito a lápis, impermeabilizados com fita adesiva transparente;

. Acondicionar as amostras em caixa isotérmica contendo gelo seco ou gelo reciclável e enviá-
las imediatamente ao laboratório. Se a previsão de chegada do material ultrapassar 24 (vinte e
quatro) horas, contadas a partir da colheita, o mesmo deverá ser congelado, exceto o material
conservado em formol.

- Para o diagnóstico sorológico, colher amostras de sangue de suídeos enfermos, de fêmeas


que recentemente sofreram abortos ou outros problemas reprodutivos, e daquelas fêmeas
cujos leitões apresentam sinais clínicos da DA;

- Se possível, o sangue deve ser dessorado ainda no estabelecimento de criação. As amostras


de soro devem estar límpidas, sem hemólise, com um mínimo de 2ml por animal. Os soros
devem ser congelados e enviados ao laboratório oficial ou credenciado;

- Toda e qualquer colheita de material suspeito deve ser acompanhada do FORM-IN;

- Providenciar a destruição das carcaças dos suídeos sacrificados para a obtenção das amostras,
por incineração ou queima seguida de enterramento;

- Prescrever a destruição, por incineração, ou queima seguida de enterramento, de todos os


animais mortos no estabelecimento de criação, bem como dos restos de partos e abortos.
Jamais permitir o fornecimento desses materiais para a alimentação de outros animais, tais
como cães e gatos;

- Na saída do estabelecimento sob suspeita, limpar e desinfetar os equipamentos e materiais


utilizados nos exames clínicos e nas colheitas de materiais, fazendo o mesmo com o veículo;

- Incinerar a roupa de trabalho, quando descartável. Quando a higienização da roupa e outros


materiais, ainda no estabelecimento de criação, não for possível, usar sacos plásticos para
acondicioná-los, providenciando sua lavagem e desinfecção o mais rápido possível;

- Como medida de precaução, todo o pessoal do serviço oficial e outras pessoas que tiveram
contato com o rebanho suspeito, bem como os funcionários do estabelecimento de criação,
não deverão ter contato com outros suídeos pelas próximas 48 (quarenta e oito) horas;

- Se o laudo laboratorial for negativo para a DOENÇA DE AUJESZKY, suspendese a interdição do


estabelecimento, mantendose a vigilância. O laboratório utilizará as amostras para o
diagnóstico diferencial, que orientará as medidas a serem adotadas.

V - PROCEDIMENTOS EXECUTADOS NA EMERGÊNCIA SANITÁRIA

Quando do recebimento do diagnóstico laboratorial positivo para DA, deverá ser acionada a
equipe de emergência para que seja executado o Plano de Contingência, com a adoção de
todas as medidas sanitárias e legais cabíveis.

1. Delimitação da zona de atuação

Uma vez determinado o foco primário, este deve ser georreferenciado segundo o Sistema
Geodésico de Coordenadas Geográficas, por meio de instrumento Global Position Sistem (GPS),
configurado para o Datum Horizontal "South América 1969 - SDA69", estabelecendo-se a
delimitação da zona de proteção e vigilância, que será constituída pela área circunvizinha ao
foco, com um raio mínimo de 5 (cinco) quilômetros a partir do foco, levando-se em conta
fatores geográficos e epidemiológicos.

Dependendo da densidade populacional de suídeos, de barreiras geográficas ou qualquer


outro fator que favoreça ou dificulte a disseminação do VDA, a extensão da zona de proteção e
vigilância pode ser alterada, a critério do serviço veterinário oficial.

A Coordenação-Geral solicitará a cooperação de entidades e órgãos (forças públicas de


segurança, prefeituras, entidades privadas e outros), visando assegurar o isolamento do foco,
reforçar medidas sanitárias preventivas e garantir a aplicação do Plano de Contingência.

No caso da constatação de DA em recinto de exposições, feiras, leilões e outras aglomerações


de suídeos, todo o local será considerado foco e serão aplicadas, no que couber, as medidas
sanitárias estabelecidas neste Plano de Contingência.

A Coordenação de Campo determinará, de imediato, as seguintes ações:

a) Estabelecimento da sede do escritório principal;

b) Estabelecimento das seguintes áreas de atuação:

- foco;

- zona de proteção e vigilância;

c) Instalação de postos fixos e móveis de fiscalização na zona demarcada;

d) Revisão da delimitação da zona demarcada, que poderá ser ampliada, de acordo com as
informações colhidas nas investigações complementares;

e) Instalação de placas de interdição e aviso em locais estratégicos;

f) Inspeção nos estabelecimentos de criação e abatedouros de suídeos existentes na zona


demarcada; e

g) Definição da composição das comissões para as ações de emergência.

2. Estratégias a serem aplicadas no foco e seus contatos diretos.

Levando-se em consideração fatores como tamanho, grau de segregação do rebanho,


estimativa de acometimento dos animais pela DA e risco de disseminação a outros
estabelecimentos, bem como de posse dos resultados da investigação soroepidemiológica
realizada, ou ainda de acordo com o disposto no Plano Estadual de Erradicação da DA aprovado
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, os estabelecimentos de criação
relacionados com a emergência sanitária poderão ser submetidos a uma ou mais das
estratégias de atuação descritas neste capítulo.

Os estabelecimentos de criação submetidos a qualquer uma das estratégias para erradicação


devem ter sua condição de livres de DA confirmada por meio da obtenção de duas sorologias
negativas consecutivas, em intervalos de dois meses, realizadas de forma independente para o
plantel e animais de engorda, seguindo a amostragem disposta na tabela a seguir. A primeira
sorologia deverá ser realizada logo após a parição do primeiro lote de reprodutoras
introduzido.
REBANHO ANIMAIS AMOSTRADOS

1 - 25 TODOS

26 -30 26

31 -40 31

41 - 50 35

51 - 70 40

71 - 100 45

101 - 200 51

201 - 1200 57

+ 1200 59

2.1 Despovoamento imediato

Nesta modalidade, o(s) estabelecimento(s) de criação envolvido(s) será(ão) saneado(s)


imediatamente, com sacrifício e abate sanitário de todo o rebanho suídeo existente,
independente da idade e do estado fisiológico das fêmeas do plantel, e repovoamento com
suídeos livres do VDA.

Essa estratégia poderá ser adotada em Unidades da Federação certificadas como livres da
enfermidade, bem como naquelas onde a vacina não é utilizada, ou que apresenta baixa
densidade populacional de suídeos.

Torna-se mais onerosa em curto prazo, necessitando de fundos indenizatórios com montantes
compatíveis, além do envolvimento de um grande aparato, porém minimiza as complicações
decorrentes de uma atuação mais em longo prazo.

2.1.1 Avaliação dos animais, produtos e materiais Os suídeos expostos, produtos, subprodutos
e materiais contaminados deverão ser previamente avaliados antes do sacrifício ou abate
sanitário.

A forma de avaliação dos animais para posterior indenização deverá ser normatizada pelo
Plano Estadual ou, no caso de este não existir, de acordo com a norma vigente, e será realizada
pela comissão correspondente, com os valores sendo registrados no Termo de Avaliação, no
qual se fará constar todos os critérios utilizados (idade, sexo, peso, estado fisiológico e outros).

Qualquer discordância sobre os valores atribuídos não será empecilho para a continuidade da
ação sanitária.

2.1.2 Sacrifício sanitário

a) Os suídeos acometidos de DA, seus contatos diretos, refugos, bem como aqueles leitões que
não possuem peso adequado para sofrer abate sanitário, serão submetidos ao sacrifício
sanitário no próprio estabelecimento de criação, recinto ou qualquer outro local adequado, a
critério do Coordenador de Campo, após avaliação dos mesmos e em prazo máximo de 24
(vinte e quatro) horas após o recebimento da ordem de matança expedida pela Comissão de
sacrifício e de destruição;
b) Para o sacrifício sanitário dos suídeos, deverá ser observado o que dispõe a legislação
específica;

c) Estas tarefas serão realizadas pela Comissão de Sacrifício e Destruição, dirigida por um
médico veterinário oficial;

d) Operacionalização:

- Notificação, por escrito, ao proprietário dos suídeos que serão destruídos, especificando
detalhes necessários para melhor andamento dos trabalhos;

- O sacrifício sanitário poderá ser realizado por membros das forças de segurança pública, com
posterior destruição por incineração ou queima seguida de enterramento. O método mais
aconselhável e geralmente mais prático é o enterramento;

- Os suídeos deverão ser sacrificados preferencialmente no interior das valas, e terão suas
cavidades abdominais abertas;

- Evitar qualquer movimento desnecessário dos suídeos e tomar precauções para impedir que
escapem durante a condução às valas;

e) Destruição dos suídeos sacrificados:

O local para se proceder à destruição dos suídeos sacrificados deverá ser escolhido
cuidadosamente, seguindo orientação do órgão ambiental. Deverão ser considerados fatores
como proximidade do foco, estrutura do solo, lençol freático, segurança com respeito às
instalações, plantações, ventos predominantes e isolamento da área a fim de evitar a presença
de curiosos;

f) Cremação

- Deverá ser feita uma vala rasa, com no máximo 1m de profundidade. Colocar uma camada de
lenha ou madeira grossa transversalmente, enchendo com palha, lenha fina ou carvão
embebidos em querosene ou óleo diesel;

- Os suídeos mortos serão alinhados sobre esta camada de lenha, alternando cabeça e cauda.
Deverão ser colocados mais madeira ou carvão embebidos em óleo diesel ou querosene sobre
e ao redor dos suídeos mortos. Usar uma tocha lançada a uma distância segura ou rastilho para
acender o fogo;

- Para queimar 250 (duzentos e cinqüenta) suídeos adultos, estima-se que são necessários em
torno de seis toneladas de carvão, ½ (meia) tonelada de lenha, 75 (setenta e cinco) litros de
óleo diesel e 45 (quarenta e cinco) quilos de palha ou lenha miúda;

g) Após a queima, faz-se o enterramento, mantendo monitoramento do serviço oficial durante


o processo:

- As valas devem ser construídas, de preferência, na direção dominante dos ventos, com 2,5m
de profundidade por 2,5m de largura e o comprimento dependerá do número de animais,
sendo que para cada cinco suídeos adultos é necessário 1,5m;

- Aconselha-se deixar uma descida de pouco declive, para que os suídeos entrem na vala. A cal
não deve ser utilizada, pois retarda o processo natural de decomposição que favorece a
inativação do vírus;
- Depois de coberta a vala, é recomendável cercar a área com tela de arame, a fim de evitar
que pequenos animais escavem o lugar;

- Deve-se efetuar semanalmente, a inspeção das valas e áreas vizinhas, até o repovoamento do
estabelecimento de criação.

OBSERVAÇÃO: Nos casos em que o órgão ambiental competente não permitir o enterramento
na propriedade, serão utilizados outros locais indicados pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.

2.1.3 Abate sanitário

a) Os suídeos sadios e contatos indiretos do mesmo estabelecimento de criação (foco) serão


submetidos a uma avaliação de risco, podendo ser encaminhados ao sacrifício sanitário ou ao
abate sanitário imediato, a critério do serviço veterinário oficial;

b) No caso de abate sanitário, os animais serão destinados a abatedouros de suídeos


reconhecidos pelo Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal.

c) O embarque dos suídeos deverá ser acompanhado pelo serviço veterinário ficial, que lacrará
o veículo de transporte e fará constar o número do lacre no documento de trânsito;

d) O serviço de inspeção do estabelecimento de destino deverá ser notificado com


antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas, de forma a permitir a adoção de medidas
previstas na legislação pertinente;

e) A destinação dos produtos oriundos do abate sanitário obedecerá à legislação vigente;

f) Na impossibilidade de abate sanitário em estabelecimentos reconhecidos pelo Sistema


Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, os animais sofrerão sacrifício sanitário
na propriedade, sob a fiscalização direta do serviço veterinário oficial.

2.1.4 Limpeza e desinfecção

a) Assim que uma sala ou instalação ficar sem animais, iniciar de imediato a limpeza seca, com
pá e vassoura, e proceder ao esvaziamento das valas coletoras de dejetos;

b) Todos os materiais (matéria orgânica, restos de ração e outros) oriundos dessa limpeza a
seco devem ser enterrados ou totalmente destruídos por incineração;

c) Providenciar a primeira limpeza úmida com água sob pressão:

- Usar lava-jato de alta pressão (1.000 a 2.000 libras);

- Molhar previamente a instalação com água, preferencialmente contendo um detergente (1 a


1,5 litros de solução por m2), para facilitar a remoção da matéria orgânica aderida às paredes e
pisos;

-Remover, desmontar e lavar os equipamentos (comedouros, bebedouros e outros);

- Lavar todas as superfícies da instalação (internas e externas, teto e paredes);

- Por último, lavar as valas coletoras de dejetos (internas e externas).

d) Realizar a primeira desinfecção (24 a 48 horas após, com a instalação totalmente seca):

- Utilizar pulverizador motorizado;


- Utilizar um dos desinfetantes listados neste Plano de Contingência, na diluição e forma de
preparo recomendada pelo fabricante para inativação de vírus;

- Molhar todas as superfícies das instalações e equipamentos, incluindo teto, paredes e valas
coletoras de dejetos, no volume de 400ml da solução desinfetante/ m2 de superfície, desde
que não haja recomendação em contrário na bula;

- Deixar as instalações com todas as portas, janelas e cortinas fechadas por 48 (quarenta e oito)
horas;

- Após esse período, abrir as janelas e cortinas para permitir a ação dos raios solares.

e) Segunda desinfecção (15 a 20 dias após a primeira):

- Utilizar desinfetante listado neste Plano de Contingência, com princípio ativo diferente
daquele utilizado para a primeira desinfecção, na diluição recomendada pelo fabricante para
inativação de vírus;

- Molhar todas as superfícies das instalações e equipamentos, incluindo teto, paredes e valas
coletoras de dejetos, no volume de 400ml da solução desinfetante/ m2 de superfície, desde
que não haja recomendação em contrário na bula;

- Deixar as instalações com todas portas, janelas e cortinas fechadas por 48 (quarenta e oito )
horas;

- Após esse período, abrir as janelas e cortinas para permitir a ação dos raios solares.

f) Dois dias após a segunda desinfecção é recomendável que o produtor faça a pintura das
instalações com cal virgem hidratada;

g) Como as instalações vão sendo ocupadas ao longo do tempo, um dia antes de alojar os
suídeos em uma sala ou instalação, orientar o produtor para fazer mais uma desinfecção,
utilizando desinfetante a base de hipoclorito de sódio.

2.1.5 Vazio Sanitário

a) O período mínimo em que o estabelecimento de criação deverá ficar vazio (sem nenhum
suídeo) é de 30 (trinta) dias;

b) Logo que o estabelecimento de criação for despovoado, e durante o período de vazio


sanitário, algumas ações devem ser providenciadas:

- Esvaziar as esterqueiras;

- Implantar um plano de combate sistemático aos roedores;

- Eliminar as sobras de insumos e restos de ração;

- Realizar limpeza ao redor das instalações, com remoção de lixo e entulhos;

- Fazer limpeza e manutenção da fábrica de ração.

c) De acordo com o disposto no Plano Estadual de Erradicação da DA, as Unidades Federativas


poderão prever a introdução de suídeos sentinelas no estabelecimento de criação, após o
término do período de vazio sanitário, que serão monitorados para comprovação da ausência
de atividade viral naquele ambiente. Os sentinelas deverão ser oriundos de GRSC ou de outro
estabelecimento comprovadamente negativo para DA, mediante a obtenção de duas sorologias
negativas consecutivas, com um intervalo de 14 (quatorze) a 21 (vinte e um) dias entre elas. O
número deverá corresponder a 5% da população que existia no foco ou, no mínimo, cinco
suídeos sensíveis com até 60 (sessenta) dias de idade. Estes animais deverão ser distribuídos,
de forma a abranger todas as dependências do estabelecimento de criação.

2.1.6 Repovoamento

a) O repovoamento do estabelecimento de criação somente será autorizado após vistoria do


serviço veterinário oficial, que procederá a uma análise do risco de reintrodução do VDA em
cada local a ser repovoado;

b) O repovoamento do estabelecimento de criação deverá ser efetuado apenas com animais


oriundos de GRSC;

c) Estabelecimentos de engorda devem ser repovoados com animais comprovadamente


negativos para DA;

d) Deverá ser incentivada a implementação de ações para melhorar a biosseguridade do


estabelecimento de criação, tais como isolamento com cerca perimetral ou cordão vegetal e
construção do carregador para os suídeos afastado das instalações, dentre outras.

2.1 Despovoamento gradual

Na metodologia de erradicação da DA por meio do despovoamento gradual de um


estabelecimento de criação identificado como foco, o rebanho suídeo existente deverá sofrer
abate sanitário dentro de um período máximo de 90 (noventa) dias, a contar do diagnóstico
inicial.

Essa estratégia é menos onerosa, mas exige um grande poder de organização e interação por
parte do serviço oficial e outros segmentos envolvidos na aplicação das medidas para a
erradicação. Poderá ser adotada, a critério do Plano Estadual, nas seguintes situações:

- Em unidades produtoras de leitões ou estabelecimentos de produção em ciclo completo onde


a prevalência do VDA é elevada;

- Em unidades de engorda de suídeos de ciclo contínuo de produção, com qualquer prevalência


de infecção pelo VDA, onde o sistema "todos-dentro, todos-fora" das instalações não é
aplicado;

- Em regiões de baixa densidade populacional de suídeos onde a DA foi detectada, mesmo com
baixa prevalência do VDA nos rebanhos;

- No aparecimento da doença clínica.

2.2.1 Avaliação dos animais, produtos e materiais

Os suídeos expostos, produtos, subprodutos e materiais contaminados deverão ser


previamente avaliados antes do sacrifício ou abate sanitário.

A forma de avaliação dos animais para posterior indenização deverá ser normatizada pelo
Plano Estadual ou, no caso de este não existir, de acordo com a norma vigente, e será realizada
pela comissão correspondente, com os valores sendo registrados no Termo de Avaliação, no
qual se fará constar de todos os critérios utilizados (idade, sexo, peso, estado fisiológico e
outros).
Qualquer discordância sobre os valores atribuídos não será empecilho para a continuidade da
ação sanitária.

2.2.2 Vacinação do rebanho

a) Deverá ocorrer uma vacinação massal do rebanho maior de sete dias de idade, até ser
completado o despovoamento do estabelecimento de criação, para evitar a disseminação da
doença clínica;

b) Caso o estabelecimento de criação pratique a vacinação contra DA, os leitões filhos de mães
vacinadas não deverão ser vacinados;

c) Os procedimentos para a vacinação deverão obedecer ao disposto na legislação vigente.

2.2.3. Sacrifício sanitário

a) Os suídeos acometidos de DA, seus contatos diretos, refugos, bem como aqueles leitões que
não possuem peso adequado para sofrer abate sanitário, serão submetidos ao sacrifício
sanitário no próprio estabelecimento de criação, recinto ou qualquer outro local adequado, a
critério do Coordenador de Campo, após avaliação dos mesmos e em prazo máximo de 24
(vinte e quatro) horas após o recebimento da ordem de matança expedida pela Comissão de
sacrifício e de destruição;

b) Para o sacrifício sanitário dos suídeos, deverá ser observado o que dispõe a legislação
específica;

c) Estas tarefas serão realizadas pela Comissão de Sacrifício e Destruição, dirigida por um
médico veterinário oficial;

d) Operacionalização:

- Notificação, por escrito, ao proprietário dos suídeos que serão destruídos, especificando
detalhes necessários para melhor andamento dos trabalhos;

- O sacrifício sanitário poderá ser realizado por membros das forças de segurança pública, com
posterior destruição por incineração ou queima seguida de enterramento. O método mais
aconselhável e geralmente mais prático é o enterramento;

- Os suídeos deverão ser sacrificados preferencialmente no interior das valas e terão suas
cavidades abdominais abertas;

- Evitar qualquer movimento desnecessário dos suídeos e tomar precauções para impedir que
escapem durante a condução às valas;

e) Destruição dos suídeos sacrificados

O local para se proceder à destruição dos suídeos sacrificados deverá ser escolhido
cuidadosamente, seguindo orientação do órgão ambiental. Deverão ser considerados fatores
como proximidade do foco, estrutura do solo, lençol freático, segurança com respeito às
instalações, plantações, ventos predominantes e isolamento da área a fim de evitar a presença
de curiosos;

f) Cremação
- Deverá ser feita uma vala rasa, com no máximo 1m de profundidade. Colocar uma camada de
lenha ou madeira grossa transversalmente, enchendo com palha, lenha fina ou carvão
embebidos em querosene ou óleo diesel;

- Os suídeos mortos serão alinhados sobre esta camada de lenha, alternando cabeça e cauda.
Deverão ser colocados mais madeira ou carvão embebidos em óleo diesel ou querosene sobre
e ao redor dos suídeos mortos. Usar uma tocha lançada a uma distância segura ou rastilho para
acender o fogo;

- Para queimar 250 (duzentos e cinqüenta) suídeos adultos, estima-se que são necessários em
torno de seis toneladas de carvão, ½ (meia) tonelada de lenha, 75 (setenta e cinco) litros de
óleo diesel e 45 (quarenta e cinco) quilos de palha ou lenha miúda;

g) Após a queima, faz-se o enterramento, mantendo monitoramento oficial durante o


processo:

- As valas devem ser construídas, de preferência, na direção dominante dos ventos, com 2,5m
de profundidade por 2,5m de largura e o comprimento dependerá do número de animais,
sendo que para cada cinco suídeos adultos é necessário 1,5m;

- Aconselha-se deixar uma descida de pouco declive, para que os suídeos entrem na vala. A cal
não deverá ser utilizada, pois retarda o processo natural de decomposição que favorece a
inativação do vírus;

- Depois de coberta a vala, é recomendável cercar a área com tela de arame, a fim de evitar
que pequenos animais escavem o lugar;

- Deve-se efetuar semanalmente, a inspeção das valas e áreas vizinhas, até o repovoamento do
estabelecimento de criação.

OBSERVAÇÃO: Nos casos em que o órgão ambiental competente não permitir o enterramento
na propriedade, serão utilizados outros locais indicados pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.

2.2.4 Abate sanitário

a) Para o despovoamento gradual por meio de abate sanitário do rebanho, em


estabelecimentos reconhecidos pelo Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem
Animal, deverão ser obedecidos os seguintes preceitos:

- Abate sanitário imediato das fêmeas não-gestantes, fêmeas até 60 (sessenta) dias de gestação
e leitoas de reposição;

- Castração imediata dos machos reprodutores, que deverão ser encaminhados ao abate
sanitário quando em condições, segundo a legislação vigente;

- Fêmeas em lactação deverão aguardar o desmame dos leitões, sendo enviadas para abate
sanitário assim que estiverem em condições, segundo a legislação vigente;

- Fêmeas gestantes com mais de 60 (sessenta) dias deverão aguardar o parto e o desmame dos
leitões, aplicando-se então o disposto no item anterior;

- Leitões em maternidade e creche deverão ser encaminhados ao abate sanitário quando


atingirem aproximadamente 23 (vinte e três) quilos de peso vivo;
- Leitões em fase de engorda deverão ser destinados ao abate sanitário quando atingirem o
peso adequado.

b) O embarque dos suídeos deverá ser acompanhado pelo serviço veterinário oficial, que
lacrará o caminhão transportador e fará constar o número do lacre no documento de trânsito;

c) O serviço de inspeção do estabelecimento de destino deverá ser notificado com


antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas, de forma a permitir a adoção de medidas
previstas na legislação pertinente;

d) A destinação dos produtos oriundos do abate sanitário obedecerá à legislação vigente;

e) Na impossibilidade de abate sanitário em estabelecimentos reconhecidos pelo Sistema


Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal, os animais sofrerão sacrifício sanitário
na propriedade, sob a fiscalização direta do serviço veterinário oficial.

2.2.5 Limpeza e desinfecção

a) Assim que uma sala ou instalação ficar sem animais, iniciar de imediato a limpeza seca, com
pá e vassoura, e proceder ao esvaziamento das valas coletoras de dejetos;

b) Todos os materiais (matéria orgânica, restos de ração e outros) oriundos dessa limpeza a
seco deverão ser enterrados ou totalmente destruídos por cremação;

c) Providenciar a primeira limpeza úmida com água sob pressão:

- Usar lava jato de alta pressão (1.000 a 2.000 libras);

- Molhar previamente a instalação com água, preferencialmente contendo um detergente (1 a


1,5 litros de solução por m2), para facilitar a remoção da matéria orgânica aderida às paredes e
pisos;

- Remover, desmontar e lavar os equipamentos (comedouros, bebedouros e outros);

- Lavar todas as superfícies da instalação (internas e externas, teto e paredes);

- Por último, lavar as valas coletoras de dejetos (internas e externas).

d) Realizar a primeira desinfecção (24 a 48 horas após, com a instalação totalmente seca):

- Utilizar pulverizador motorizado;

- Utilizar um dos desinfetantes listados neste Plano de Contingência, na diluição e forma de


preparo recomendada pelo fabricante para inativação de vírus;

- Molhar todas as superfícies das instalações e equipamentos, incluindo teto, paredes e valas
coletoras de dejetos, no volume de 400ml da solução desinfetante/ m2 de superfície, desde
que não haja recomendação em contrário na bula;

- Deixar as instalações com todas as portas, janelas e cortinas fechadas por 48 (quarenta e oito)
horas;

- Após esse período, abrir as janelas e cortinas para permitir a ação dos raios solares.

e) Segunda desinfecção (15 a 20 dias após a primeira):


- Utilizar desinfetante listado neste Plano de Contingência, com princípio ativo diferente
daquele utilizado para a primeira desinfecção, na diluição recomendada pelo fabricante para
inativação de vírus;

- Molhar todas as superfícies das instalações e equipamentos, incluindo teto, paredes e valas
coletoras de dejetos, no volume de 400ml da solução desinfetante/ m2 de superfície desde que
não haja recomendação em contrário na bula;

- Deixar as instalações com todas portas, janelas e cortinas fechadas por 48 (quarenta e oito)
horas;

- Após esse período, abrir as janelas e cortinas para permitir a ação dos raios solares.

f) Dois dias após a segunda desinfecção é recomendável que o produtor faça a pintura das
instalações com cal virgem hidratada;

g) Como as instalações vão sendo ocupadas ao longo do tempo, um dia antes de alojar os
suídeos em uma sala ou instalação, orientar o produtor para fazer mais uma desinfecção,
utilizando desinfetante a base de hipoclorito de sódio.

2.2.6 Vazio Sanitário

a) O período mínimo em que o estabelecimento de criação deverá ficar vazio (sem nenhum
suídeo) é de 30 (trinta) dias;

b) Logo que o estabelecimento de criação for despovoado, e durante o período de vazio


sanitário, algumas ações devem ser providenciadas:

- Esvaziar as esterqueiras;

- Implantar um plano de combate sistemático aos roedores;

- Eliminar as sobras de insumos e restos de ração;

- Realizar limpeza ao redor das instalações, com remoção de lixo e entulhos;

- Fazer limpeza e manutenção da fábrica de ração.

c) De acordo com o disposto no Plano Estadual de Erradicação da DA, as Unidades Federativas


poderão prever a introdução de suídeos sentinelas no estabelecimento de criação, após o
término do período de vazio sanitário, que serão monitorados para comprovação da ausência
de atividade viral naquele ambiente. Os sentinelas deverão ser oriundos de GRSC ou de outro
estabelecimento comprovadamente negativo para DA, mediante a obtenção de duas sorologias
negativas consecutivas, com um intervalo de 14 (quatorze) a 21 (vinte e um) dias entre elas. O
número deverá corresponder a 5% da população que existia no foco ou, no mínimo, cinco
suídeos sensíveis com até 60 (sessenta) dias de idade. Estes animais deverão ser distribuídos,
de forma a abranger todas as dependências do estabelecimento de criação.

2.2.7 Repovoamento

a) O repovoamento do estabelecimento de criação somente será autorizado após vistoria do


serviço veterinário oficial, que procederá a uma análise do risco de reintrodução do VDA em
cada local a ser repovoado;
b) Caso o risco seja identificado, o repovoamento deverá ser retardado, ou, a critério do Plano
Estadual, será efetuada a vacinação dos animais introduzidos no estabelecimento de criação;

c) O repovoamento do estabelecimento de criação deverá ser efetuado apenas com animais


oriundos de GRSC;

d) Estabelecimentos de engorda deverão ser repovoados com animais comprovadamente


negativos para DA;

e) Deverá ser incentivada a implementação de ações para melhorar a biosseguridade do


estabelecimento de criação, tais como isolamento com cerca perimetral ou cordão vegetal e
construção de carregador para os suídeos afastado das instalações, dentre outras.

2.3 Erradicação por sorologia

Na metodologia de erradicação da DA por sorologia, o estabelecimento de criação será


submetido a testes sorológicos periódicos, capazes de diferenciar se os títulos humorais são
decorrentes da infecção pelo VDA ou do processo de vacinação (no caso deste ser efetuado),
com eliminação gradual do plantel positivo.

Essa estratégia poderá ser adotada, a critério do Plano Estadual, naqueles estabelecimentos de
criação onde a prevalência da infecção pelo VDA seja baixa, ou naqueles estabelecimentos
infectados pelo VDA, sem manifestação da doença clínica. É bastante trabalhoso sob o ponto
de vista do manejo das vacinações, colheitas freqüentes de material para testes sorológicos e
capacidade laboratorial de diagnóstico.

2.3.1 Vacinação do rebanho

a) Deverá ser efetuada imediatamente vacinação massal do rebanho maior de sete dias de
idade, para evitar a disseminação da doença clínica, com suspensão ao final do processo, a
critério do serviço veterinário oficial;

b) Caso o estabelecimento de criação praticasse a vacinação contra DA, os leitões filhos de


mães vacinadas não deverão ser vacinados;

c) Os procedimentos para a vacinação deverão obedecer ao disposto na legislação vigente.

2.3.2 Realização de testes sorológicos do plantel

a) Deverá ser realizada colheita de material para sorologia em 100% do plantel, 30 (trinta) dias
após a identificação da infecção pelo VDA no rebanho, a ser contado a partir da data do
diagnóstico laboratorial inicial;

b) O plantel positivo para o VDA deverá ser isolado para imediato sacrifício sanitário, nos
moldes já descritos;

c) Os testes deverão ser repetidos em 100% do plantel, em intervalos de 60 (sessenta) dias,


seguindo-se o mesmo procedimento, até a obtenção de dois resultados sorológicos negativos
consecutivos;

d) Por ocasião da segunda colheita de material para testagem do plantel, deverá ser realizada
também uma colheita por amostragem, de acordo com tabela disposta neste Plano de
Contingência, do rebanho em engorda (no caso de existir), que também deverá apresentar
resultado negativo.
2.3.3 Avaliação dos animais

Os animais submetidos a sacrifício ou abate sanitário deverão ser previamente avaliados antes
do encaminhamento.

A forma de avaliação dos animais para posterior indenização deverá ser normatizada pelo
Plano Estadual ou, no caso de este não existir, de acordo com a norma vigente, e será realizada
pela comissão correspondente, com os valores sendo registrados no Termo de Avaliação, no
qual se fará constar todos os critérios utilizados (idade, sexo, peso, estado fisiológico, lucro
cessante e outros).

2.3.4 Sacrifício sanitário

a) Os suídeos acometidos de DA serão submetidos ao sacrifício sanitário no próprio


estabelecimento de criação, recinto ou qualquer outro local adequado, a critério do
Coordenador de Campo, após avaliação dos mesmos e em prazo máximo de 24 (vinte e quatro)
ehoras após o recebimento da ordem de matança expedida pela Comissão de sacrifício e de
destruição;

b) Para o sacrifício sanitário dos suídeos, deverá ser observado o que dispõe a legislação
específica;

c) Estas tarefas serão realizadas pela Comissão de Sacrifício e Destruição, dirigida por um
médico veterinário oficial;

d) Operacionalização:

- Notificação, por escrito, ao proprietário dos suídeos que serão destruídos, especificando
detalhes necessários para melhor andamento dos trabalhos;

- O sacrifício sanitário poderá ser realizado por membros das forças de segurança pública, com
posterior destruição por incineração ou queima seguida de enterramento. O método mais
aconselhável e geralmente mais prático é o enterramento;

- Os suídeos deverão ser sacrificados preferencialmente no interior das valas, e terão suas
cavidades abdominais abertas;

- Evitar qualquer movimento desnecessário dos suídeos e tomar precauções para impedir que
escapem durante a condução às valas;

e) Destruição dos suídeos sacrificados

- O local para se proceder à destruição dos suídeos sacrificados deverá ser escolhido
cuidadosamente, seguindo orientação do órgão ambiental. Deverão ser considerados fatores
como proximidade do foco, estrutura do solo, lençol freático, segurança com respeito às
instalações, plantações, ventos predominantes e isolamento da área a fim de evitar a presença
de curiosos;

f) Cremação

- Deverá ser feita uma vala rasa, com no máximo 1m de profundidade. Colocar uma camada de
lenha ou madeira grossa transversalmente, enchendo com palha, lenha fina ou carvão
embebidos em querosene ou óleo diesel;
- Os suídeos mortos serão alinhados sobre esta camada de lenha, alternando cabeça e cauda.
Deverão ser colocados mais madeira ou carvão embebidos em óleo diesel ou querosene sobre
e ao redor dos suídeos mortos. Usar uma tocha lançada a uma distância segura ou rastilho para
acender o fogo;

- Para queimar 250 (duzentos e cinqüenta) suídeos adultos, estima-se que são necessários em
torno de seis toneladas de carvão, ½ (meia) tonelada de lenha, 75 (setenta e cinco) litros de
óleo diesel e 45 (quarenta e cinco) quilos de palha ou lenha miúda;

g) Após a queima, faz-se o enterramento, mantendo monitoramento oficial durante o


processo:

- As valas devem ser construídas, de preferência, na direção dominante dos ventos, com 2,5m
de profundidade por 2,5m de largura e o comprimento dependerá do número de animais,
sendo que para cada cinco suídeos adultos é necessário 1,5m;

- Aconselha-se deixar uma descida de pouco declive, para que os suídeos entrem na vala. A cal
não deve ser utilizada, pois retarda o processo natural de decomposição que favorece a
inativação do vírus;

- Depois de coberta a vala, é recomendável cercar a área com tela de arame, a fim de evitar
que pequenos animais escavem o lugar;

- Deve-se efetuar semanalmente, a inspeção das valas e áreas vizinhas, até o repovoamento do
estabelecimento de criação.

2.3.5 Abate sanitário

a) Todos os suídeos identificados como portadores assintomáticos do VDA por ocasião dos
testes sorológicos deverão ser isolados para encaminhamento ao abate sanitário;

b) Animais infectados pelo VDA que, segundo a legislação vigente, não estão aptos a serem
encaminhados imediatamente ao abate sanitário, deverão ser submetidos ao sacrifício
sanitário de acordo com o disposto no item 2.3.4;

c) O embarque dos suídeos deverá ser acompanhado pelo serviço veterinário oficial, que
lacrará o caminhão transportador e fará constar o número do lacre no documento de trânsito;

d) O abate sanitário deverá ser efetuado em abatedouro de suídeos reconhecido pelo Sistema
Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal;

e) O serviço de inspeção do estabelecimento de destino deverá ser notificado com


antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas, de forma a permitir a adoção de medidas
previstas na legislação pertinente;

f) A destinação dos produtos oriundos do abate sanitário obedecerá à legislação vigente;

g) Na impossibilidade de abate sanitário em estabelecimentos reconhecidos pelo Sistema


Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal; os animais sofrerão sacrifício sanitário
na propriedade, sob a fiscalização direta do serviço veterinário oficial.

3. Investigação epidemiológica

Aliado às ações executadas no foco e em seus contatos diretos, será procedido um


rastreamento em nível de campo, e uma análise do trânsito de suídeos vivos e produtos que
possam veicular o VDA, com o objetivo de se fazer um diagnóstico de situação a partir da
identificação dos rebanhos expostos, de forma a se evitar a difusão da DA.

O trânsito de suídeos deverá ser avaliado como um potencial fator de difusão da doença.
Dependendo do que for apurado no levantamento do trânsito, o rastreamento poderá
demandar a intervenção de um grande número de pessoas, com cuidadosa e sistemática
coordenação.

O trabalho na emergência sanitária deverá ser efetuado por equipes específicas em cada zona
de atuação (foco e contatos diretos, zona de proteção e vigilância, e em outras áreas, quando a
investigação indicar). O rastreamento em áreas externas à zona de proteção e vigilância será de
responsabilidade das Instâncias Locais correspondentes.

Os médicos veterinários e outros profissionais autônomos vinculados ao campo, que praticam


suas atividades na zona demarcada, deverão ser comunicados sobre a existência da
enfermidade. Eles deverão fornecer ao serviço veterinário oficial a relação de todos os
estabelecimentos de criação visitados nos últimos sete dias.

Todos os abatedouros de suídeos existentes na zona de atuação, e aqueles que tiveram alguma
relação com o foco e seus contatos diretos, também poderão ser objeto de investigação
sorológica pelo serviço veterinário oficial.

3.1 Medidas a serem adotadas no foco e seus contatos diretos

a) Rastreamento

Uma completa investigação do trânsito de animais, pessoas, veículos, equipamentos, restos de


alimentos, dejetos, ração e outros insumos destinados ao estabelecimento de criação
identificado como foco e com origem a partir dele, no mínimo até os 30 (trinta) dias anteriores
ao início da manifestação clínica da DA ou do diagnóstico laboratorial, deverão ser rastreados,
objetivando-se identificar a origem do foco, bem como a sua possível difusão a outros
estabelecimentos de criação.

Os estabelecimentos de criação que receberam suídeos oriundos do foco deverão ser


considerados como suspeitos, sendo objeto das mesmas medidas tomadas no foco. Detalhes
como a data, o tipo de veículo, a rota, o destino e a exata localização deverão ser
determinados, a fim de assegurar rapidamente a identificação dos estabelecimentos de criação
expostos.

Deverão ser levantados os antecedentes de todas as pessoas que trabalharam ou visitaram o


estabelecimento de criação nesse período, sua relação com outros estabelecimentos de
criação, aglomerações de suídeos e abatedouros.

b) Restrições de trânsito

A interdição do foco e seus contatos diretos deverá permanecer até a finalização da estratégia
de erradicação aplicada, com exceção do trânsito de suídeos para abate sanitário imediato,
oriundo de estabelecimentos de criação onde não exista sinais clínicos no rebanho.

Quando o estabelecimento de criação não tiver capacidade de estoque suficiente, poderá ser
autorizada, a critério do serviço veterinário oficial, a transferência de leitões para engorda em
outro estabelecimento, desde que situado na mesma Unidade Federativa, onde os suídeos
ficarão sob supervisão até atingirem o peso de abate.
O trânsito de material de multiplicação animal (sêmen) também deverá ser proibido. Os
veículos que transportarem suídeos para o abate sanitário não deverão ser utilizados para
transportar ração ou insumos, assim como animais de reposição.

c) Investigação sorológica

Naqueles estabelecimentos de criação que receberam suídeos do foco, bem como naqueles
que lhe forneceram animais (exceto GRSC), se procederá à colheita de sangue do rebanho para
conhecimento da situação sanitária, utilizando-se a tabela disposta neste Plano de
Contingência, de forma a orientar sobre a escolha da melhor estratégia para a erradicação. Nos
estabelecimentos de criação que receberam suídeos do foco, essa amostragem deverá ser
dirigida, de forma a se obter amostras dos animais oriundos do foco.

d) Vacinação

A critério do Plano Estadual, poderá ser orientado a vacinação imediata dos suídeos do foco e
outros estabelecimentos de criação sob risco de contrair a infecção, segundo o protocolo de
vacinação disposto neste Plano de Contingência ou no Plano Estadual aprovado pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abatecimento, como Instância Central e Superior.

3.2 Medidas a serem adotadas na zona de proteção e vigilância

a) Recenseamento populacional

O serviço veterinário oficial realizará um recenseamento da população suídea existente em


todos os estabelecimentos situados na zona de proteção e vigilância, no período máximo de
sete dias após o estabelecimento da mesma.

Para isso, a equipe de rastreamento deverá visitar todas as propriedades situadas no raio
estabelecido, realizando um levantamento epidemiológico, por meio da aplicação de um
Questionário de Investigação Epidemiológica, disposto neste Plano de Contingência, com a
intenção de estabelecer dados populacionais atualizados, tipo de exploração de suídeos nos
estabelecimentos de criação e qualquer vínculo com a propriedade foco e seus contatos
diretos.

b) Inquérito soroepidemiológico

Todos os estabelecimentos de criação de suídeos existentes no interior da zona de proteção e


vigilância deverão ser objeto de um levantamento soroepidemiológico, baseado na colheita de
sangue do plantel e do rebanho em terminação, de forma independente, utilizando-se de
tabela disposta neste Plano de Contingência.

Na amostragem do plantel, recomenda-se colher material de 100% dos reprodutores machos


existentes. Para as fêmeas deverá ser realizada uma amostragem proporcional ao seu estado
fisiológico, baseada nos seguintes parâmetros: 70% das amostras de fêmeas em gestação, 20%
de fêmeas em lactação, 5% de fêmeas não-gestantes e 5% de leitoas de reposição não-
cobertas. Para amostragem do rebanho em terminação, deverão ser colhidas amostras de
todas as baias onde houver suídeos alojados.

Instruções para a colheita de sangue:

Colher um volume mínimo de 7ml de sangue por meio de punção da veia cava anterior ou
jugular de cada animal a ser amostrado, utilizando tubos e agulhas limpas e esterilizadas.
Utilizar um conjunto (uma agulha e um frasco) para cada amostra.
Logo após a colheita, manter os tubos em posição inclinada e local fresco, até que ocorra a
retração do coágulo. Centrifugar os tubos a uma velocidade mínima de 2.000rpm por um
período de cinco minutos. O soro obtido (no mínimo 2ml) não deverá apresentar sinais
evidentes de hemólise, sendo então transferido para frascos individuais de vidro esterilizados,
devidamente numerados e identificados, e congelados imediatamente. Preencher as
requisições para a remessa, embalar o material e acondicionar em caixas isotérmicas com gelo
seco ou gelo reciclável. Manter o soro congelado durante todo processo de envio ao
laboratório.

c) Controle do trânsito de suídeos

Na zona de proteção e vigilância, o período de interdição de qualquer estabelecimento de


criação será de, no mínimo, 21 (vinte e um) dias após a conclusão das operações de sacrifício
sanitário de suídeos infectados pelo VDA, com exceção do trânsito com destino ao abate
imediato, em veículo lacrado, sob controle do serviço veterinário oficial.

A restrição da circulação e do transporte de suídeos vivos e materiais de multiplicação animal


atingirá as vias públicas e privadas. Esta restrição não será aplicada para as seguintes situações:

- Trânsito mediante zona de proteção e vigilância, por meio de rodovia ou ferrovia, sem parada
ou descarregamento na mesma;

- Suídeos procedentes de fora da zona de proteção e vigilância e destinados diretamente a


abatedouro localizado nessa zona, desde que transportados em veículos lacrados pelo serviço
veterinário oficial, na origem ou nos limites da zona. Para o pleno atingimento das medidas de
restrição do trânsito na zona de atuação, deverão ser instaladas tantas barreiras fixas e móveis
quanto forem necessárias, em pontos estratégicos, a critério da Coordenação de Campo, de
modo a abranger todo veículo que circular pela área.

Essas barreiras deverão estar localizadas no perímetro da zona delimitada, devendo estar em
funcionamento em um prazo máximo de 12 (doze) horas depois de estabelecida a emergência.
O principal objetivo destes postos é assegurar o cumprimento das medidas referentes ao
trânsito de animais, material de multiplicação animal, veículos, pessoas e outros materiais que
possam veicular o VDA, tais como alimentos para animais, dejetos e efluentes originados de
qualquer estabelecimento de criação ou abatedouro situados na zona de proteção e vigilância.

As equipes que trabalharão nesses postos deverão ser compostas por representantes do
serviço veterinário oficial e das forças públicas de segurança, equipadas com meios de
comunicação permanente entre si e com a Coordenação de Campo, para garantir o
cumprimento das medidas sanitárias adotadas. Deverão ser elaborados relatórios de
ocorrências, destinados à Coordenação de Campo.

Somente será permitido o trânsito de veículos e equipamentos limpos e desinfetados, em


conformidade com procedimentos definidos pelo serviço veterinário oficial, após a inspeção
por funcionário oficial.

A permissão de saída de suídeos da zona de proteção e vigilância poderá ocorrer nas seguintes
circunstâncias:

- Direto para abatedouro

Ao final do período de investigação soroepidemiológica, o serviço veterinário oficial poderá


conceder autorização para retirada de suídeos diretamente para abatedouro de suídeos
reconhecido pelo Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal; de preferência
situado o mais próximo possível da zona de proteção e vigilância, desde que atendidas as
seguintes condições:

- Transporte em veículos desinfetados e lacrados, acompanhados do documento de trânsito


animal com a rota determinada no verso;

- Comunicação à autoridade sanitária responsável pelo abatedouro, no mínimo, com 24 (vinte


e quatro)h de antecedência, de modo que possam ser tomadas as medidas previstas em
legislação;

- O veículo e os equipamentos utilizados no transporte dos suídeos devem ser imediatamente


lavados e desinfetados, sob a orientação do médico veterinário oficial.

- Para estabelecimentos de criação dentro da zona de proteção ou vigilância Decorrido o


período de 21 (vinte e um) dias após a conclusão das operações de sacrifício sanitário de
suídeos infectados pelo VDA, o serviço veterinário oficial poderá conceder autorização para a
retirada de suídeos de estabelecimento situado na zona de proteção e vigilância, diretamente
para outro estabelecimento de criação na mesma zona, desde que observadas as seguintes
condições:

- Transporte em veículos lacrados, acompanhados do documento de trânsito animal;

- Limpeza e desinfecção dos veículos e equipamentos utilizados no transporte dos suídeos,


após cada operação.

d) Manutenção das medidas:

As medidas aplicadas na zona de proteção e vigilância serão mantidas até que tenham sido
executadas as estratégias de erradicação estabelecidas pelo Plano Estadual ou por este Plano
de Contingência, e realizado um inquérito soroepidemiológico abrangendo os
estabelecimentos de criação considerados de risco, situados dentro ou fora da zona de
proteção e vigilância, sem o registro de ocorrência de atividade viral.

A critério do Plano Estadual, poderá ser feito um monitoramento em nível de abatedouro, em


reprodutores de descarte ou animais de abate.

Este inquérito será realizado quando decorridos, pelo menos, 30 (trinta) dias da conclusão das
operações de sacrifício ou abate sanitário dos suídeos infectados pelo VDA nos
estabelecimentos de criação afetados, de acordo com amostragem definida em tabela deste
Plano de Contingência.

VI - PROCEDIMENTOS PARA VACINAÇÃO CONTRA A DA

A vacinação dos suídeos é um importante instrumento para o controle da manifestação clínica


da DA nos focos submetidos a qualquer uma das estratégias de erradicação da enfermidade,
bem como naqueles estabelecimentos de criação considerados sob risco de adquirir a infecção.

As vacinas não previnem a infecção pelo VDA, porém diminuem o impacto econômico da
doença. A vacinação reduz e previne a manifestação dos sinais clínicos, por meio da diminuição
da intensidade e duração da eliminação do agente; da redução da invasão dos tecidos; do
aumento da dose viral necessária para infectar os vacinados; e também por induzir a uma
menor invasão dos tecidos (impede transmissão transplacentária); além de reduzir a excreção
do agente a partir dos suídeos infectados. Tudo isso acaba contribuindo para a redução da
incidência da DA em estabelecimentos de criação que praticam a vacinação.

Em um estabelecimento de criação de suídeos, as vacinas deverão sempre ser utilizadas por


um período de tempo determinado, até que o rebanho seja considerado fora de risco, e sob
controle do serviço veterinário oficial. Existem testes sorológicos que permitem diferenciar a
presença de anticorpos oriundos da infecção pelo vírus de campo daqueles induzidos pela
vacinação.

O Plano Estadual de Controle e Erradicação da DA de cada Unidade da Federação deverá


apresentar a estratégia de utilização da vacina em seu âmbito de atuação. Quando a Unidade
Federativa não possuir um Plano Estadual, deverá ser obedecido o esquema de vacinação
proposto a seguir:

- Vacina Inativada:

Plantel: vacinar 3 (três) vezes ao ano. Cada vacinação deve ser realizada no prazo máximo de 1
(uma) semana, independente do estado fisiológico das fêmeas do plantel;

Leitoas e machos de reposição: fazer a primeira dose da vacina na chegada dos suídeos e a
segunda com 2 (duas) a 4 (quatro) semanas após (dependendo da recomendação do fabricante
do produto).

Estas vacinações deverão ser realizadas durante o período de quarentena ou isolamento na


granja, antes de introduzir os suídeos no rebanho.

IMPORTANTE: Não aplicável em estabelecimentos de criação interditados.

- Vacina Viva Atenuada (naquelas Unidades Federativas onde seu uso é previsto pelo Plano
Estadual aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, como Instância
Central e Superior):

Leitões: aplicar uma única dose com 9 (nove) a 14 (quatorze) semanas de idade.

Leitões vacinados não devem, sob hipótese alguma, ter outro destino final que não o abate.

Se a atuação emergencial em foco incluir a vacinação, aplicar a vacina em todos os suídeos do


rebanho maiores de sete dias de idade, seguindo-se da estratégia adotada para a erradicação
da doença.

No caso do uso emergencial de vacina contra DA em zona livre, esta perderá seu status
sanitário, que só poderá ser alcançado novamente quando forem atendidas as condições
definidas pela legislação federal vigente e pelo Código Sanitário dos Animais Terrestres da
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

As normas para o controle da comercialização de vacinas contra a DA pelo serviço veterinário


oficial deverão obedecer à legislação vigente. Somente poderão ser utilizadas vacinas contra a
DA licenciadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, como Instância
Central e Superior.

VII - PROCEDIMENTOS EM ABATEDOUROS

O abate sanitário de suídeos envolvidos na emergência sanitária será realizado exclusivamente


em abatedouro reconhecido pelo Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem
Animal, sendo que os produtos oriundos não poderão ser submetidos à exportação.
O serviço de inspeção do estabelecimento de destino deverá ser comunicado com
antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas, de forma a permitir a adoção das medidas
previstas na legislação pertinente.

O veículo transportador deverá estar lacrado na origem pelo serviço veterinário oficial, com
conferência antes do descarregamento dos animais.

O abate sanitário de suídeos encaminhados a partir da emergência sanitária deverá ser


realizado conforme a legislação vigente.

VIII - CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA DE AUJESZKY

ETIOLOGIA

1. Características do agente etiológico

DNA vírus da família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirus.

Seu envelope viral possui em sua superfície estruturas glicoprotéicas, entre as quais se destaca
a gE, importante por sua implicação no desenvolvimento de vacinas marcadas e de técnicas de
diagnóstico sorológico que permitem diferenciar entre animais infectados e vacinados.

Possui um único tipo antigênico, embora existam cepas virais que produzam de forma
predominante quadros respiratórios ou nervosos da doença.

Uma importante característica do agente é sua capacidade de permanecer em estado de


latência (infecção subclínica) em gânglios sensoriais de sistema nervoso (trigêmio) e no tecido
linfóide das tonsilas de suídeos.

A condição de latência do agente torna o suídeo uma fonte de disseminação viral durante toda
a vida.

2. Reação à ação física e química

Temperatura: Inativação quase instantânea quando exposto a condições de ressecamento,


principalmente na presença direta de raios solares.

Na temperatura de 20°C, o vírus pode ser infeccioso e transmitido por moscas até por 6 (seis)
horas.

Em descargas nasais e saliva sob temperatura de 25°C, o vírus é inativado em 1 (um) dia sobre
roupas e botas; 4 (quatro) dias sobre diversos equipamentos e materiais (concreto, plástico,
ferro) existentes no estabelecimento de criação; 3 (três) dias no alimento peletizado; 2 (dois)
dias na farinha de carne e 4 (quatro) dias na cama de maravalha.

pH: Inativado dentro de 7 (sete) dias em pH < 4,3 ou pH > 9,7.

Produtos químicos: Sensível a solventes de gorduras, como éter e clorofórmio.

Desinfetantes: Inativado por desinfetantes à base de hipoclorito de sódio, amônia quaternária,


peroxigênio e iodóforos.

Sobrevivência: Sobrevive bem em ambientes frios, porém não sujeitos a flutuações de


temperatura.

É estável em pH entre 6 a 8, em ambiente úmido e com temperatura estável.


Sobrevive por 2 (dois) dias em lagoas anaeróbicas, e por até 4 (quatro) dias em água não-
clorada a 25°C.

Sobrevive por 7 (sete) horas no ar com umidade de 55% ou mais, em solo rico em umidade e
em matéria orgânica

EPIDEMIOLOGIA

3. Hospedeiros

O vírus possui uma ampla variedade de hospedeiros, porém os suínos e javalis são os únicos
hospedeiros naturais do vírus da Doença de Aujeszky (VDA). Animais silvestres podem estar
infectados e servir de reservatório.

Bovídeos, ovinos, caprinos, canídeos, gatos, eqüídeos, coelhos, ratos e camundongos são
susceptíveis. Nessas espécies a doença é terminal, com período de incubação curto (3 dias) e
morte entre 48 (quarenta e oito) a 72 (setenta e duas) horas após manifestação dos sintomas
nervosos (prurido com tendência à automutilação).

Relatos em humanos não são suficientemente documentados.

4. Transmissão (direta e indireta)

. Introdução de suídeos infectados;

. Contato direto entre animais (secreções nasais, saliva, excretas, sangue, leite);

. Mucosa vaginal e prepucial (monta natural);

. Sêmen (contaminação no momento da colheita);

. Via aerógena (aerosóis suspensos, vento até pelo menos 3 quilômetros);

. Água, ração, fômites, equipamentos e cama contaminados;

. Infecção transplacentária (congênita);

. Restos de partos e abortos; e

. Propagação por pessoas e veículos.

5. Fontes de vírus

A eliminação do VDA tem início cerca de 7 (sete) a 10 (dez) dias após a infecção.

. Sangue e todos os tecidos, secreções e excreções de animais doentes e mortos;

. Leitões infectados congenitamente;

. Suídeos que sofrem reativação do estado de latência do vírus devido a condições adversas de
ambiente ou outras fontes de estresse;

. Animais infectados introduzidos no estabelecimento de criação;

. sêmen contaminado utilizado para inseminação artificial;

. Ração e cama de animais de estabelecimento de criação não controlado;


. suídeos silvestres e taiassuídeos (cateto, queixada, porco-do-mato e caititu) reservatórios do
VDA; e

. Outras vias de infecção descritas no item 2.

DIAGNÓSTICO

O período de incubação da doença é de 2 (dois) a 6 (seis) dias.

6. Diagnóstico clínico

O aparecimento dos sinais clínicos depende da faixa etária dos suídeos afetados; do grau de
exposição deles ao agente etiológico (nível de segregação do rebanho); da dose viral
infectante; da cepa viral; e do nível de imunidade dos animais.

. Leitões em maternidade (1 a 21 dias de idade):

- Febre (41ºC), anorexia, apatia;

- Tremores, ataxia, hipersalivação;

- Convulsões epileptiformes, movimentos de pedalagem, nistagmo e opistótono;

- Paralisia de posteriores (posição de cão sentado); andar em círculos;

- Vômito e diarréia;

- Não reagem à antibioticoterapia;

- Morte dentro de 24 a 36 horas;

- Em fêmeas infectadas próximas ao parto, os leitões nascem fracos, com sinais clínicos
imediatos; e

- Mortalidade de lactentes próxima a 100%.

. Leitões em creche (21 a 63 dias de idade):

- Apatia, anorexia e febre (41 - 42ºC);

- Sinais respiratórios: espirros, descargas nasais e dispnéia, evoluindo para tosse


severa;

- Animais com sinais nervosos semelhantes aos de lactentes invariavelmente morrem;

- Refugagem; e

- Recuperação dentro de 5 (cinco) a 10 (dez) dias, com mortalidade geralmente não


excedendo 10%.

. Suídeos em engorda (63 dias de idade até o abate):

- Apatia, anorexia e febre (41 - 42ºC);

- Espirros, descargas nasais, tosse severa, respiração difícil, principalmente quando os


animais são forçados a se movimentar;

- Sinais respiratórios atingem morbidade próxima a 100%;


- Baixa mortalidade (1 - 2%) em casos não complicados por infecção bacteriana
secundária;

- Sinais nervosos esporádicos;

- Retardo no crescimento; e

- Recuperação dentro de 6 (seis) a 10 (dez) dias.

. Reprodutores (fêmeas e machos):

- Anorexia e febre (até 42ºC);

- Agalaxia;

- Constipação;

- Movimentos de falsa mastigação e hipersalivação;

- Sinais reprodutivos: abortos, retorno ao cio, natimortos e mumificados;

- Sinais respiratórios semelhantes aos de animais em engorda;

- Falhas reprodutivas não atingem 20% do plantel;

- Eventuais sinais nervosos: leve incoordenação ou paralisia do trem posterior;

- Mortalidade baixa (1 - 2%); e

- Infertilidade.

Lesões macroscópicas

Muitas vezes não se observam lesões macroscópicas. No caso de haver, observa-se


principalmente:

- Focos de necrose amarelados no baço e fígado;

- Focos de necrose hemorrágica nos linfonodos e tonsilas;

- Consolidação pulmonar com áreas disseminadas pelos diversos lobos;

- Conjuntivite; e

- Placentite necrótica.

7. Diagnóstico diferencial

. Influenza suína;

. Pneumonia enzoótica;

. Pasteurelose suína;

. Peste suína clássica;

. Meningite estreptocócica;

. Hipoglicemia neonatal;

. Intoxicação por sal;


. Leptospirose;

. Outras causas de abortos; e

. Outras encefalomielites virais.

8. Diagnóstico laboratorial

. Identificação do agente:

- Isolamento viral a partir de leitões doentes ou de órgãos e tecidos como cérebro, baço,
tonsilas, pulmão e fetos abortados; e

- Reação em cadeia de polimerase (PCR), capaz de demonstrar a presença do DNA viral, a partir
de cérebro, baço, tonsilas, pulmão, fetos abortados ou amostra de sêmen.

. Provas sorológicas:

- Ensaio Imunoenzimático (ELISA triagem e ELISA diferencial para gE); e

- Teste de neutralização viral (VN).

. Histopatologia: para o diagnóstico diferencial, a partir de amostras de cérebro e pulmão


conservados em solução de formaldeído a 10% (formol).

Naqueles estabelecimentos sem sinais clínicos, nos quais se pretende investigar a presença da
infecção pelo VDA a partir de amostras de soro sanguíneo coletados por amostragem (segundo
tabela disposta neste Plano de Contingência), os testes sorológicos deverão ser direcionados
àquelas fêmeas cujas leitegadas apresentarem sinais compatíveis com a DA.

PREVENÇÃO E CONTROLE

Não existe tratamento específico contra a Doença de Aujeszky.

- Aplicação das medidas descritas no Plano de Contingência em focos de DA;

- Vigilância soroepidemiológica ativa para identificação de estabelecimentos de criação livres


de DA;

- Erradicação da infecção por despovoamento completo e imediato nas regiões onde a


vacinação é proibida;

- Vacinação massal do rebanho e erradicação da infecção por despovoamento gradual, em um


prazo máximo de 90 (noventa) dias, naqueles rebanhos cuja sorologia por amostragem indique
prevalência maior que 10% ou em estabelecimentos de criação com manifestação da doença
clínica;

- Vacinação massal do rebanho e erradicação dos animais soropositivos após exames


bimestrais de 100% do plantel, naqueles rebanhos cuja sorologia por amostragem indique
prevalência da infecção menor ou igual a 10%;

- Reposição do plantel apenas com suídeos provenientes de Granja de Reprodutores Suídeos


Certificada (GRSC);

- Introdução de leitões para engorda a partir de estabelecimentos de criação livres do VDA;


- Quarentena, com realização de testes sorológicos em animais oriundos de estabelecimentos
de criação com situação sanitária desconhecida para a DA;

- Controle de roedores;

- Tratamento de produtos e subprodutos de origem animal;

- Controle de animais silvestres; e

- Educação sanitária

Síndrome reprodutiva e respiratória dos Suínos (PRRS)


Situação epidemiológica: Doença nunca registrada no Brasil

AGENTE

Arterivirus da família Arteviridae.

Sorotipos/Subtipos: PRRSV-1 e PRRSV-2. Cada genótipo é subdividido em inúmeros subtipos


virais.

ESPÉCIES SUSCETÍVEIS

Suínos (Sus scrofa) domésticos ou asselvajados.

SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

A manifestação clínica pode variar de subclínica a doença reprodutiva (reprodutores) ou


respiratória severa (leitões em crescimento e terminação).

Suínos reprodutores: anorexia, febre (40 a 42°C), letargia, morte, andar em círculos, falhas
reprodutivas, abortos na fase final da gestação, natimortos, leitões mumificados e nascimento
de leitões fracos que logo morrem. Em alguns casos, as porcas podem apresentar cianose de
abdômen, vulva e orelhas.

Leitões de maternidade: nascimento de leitegadas de tamanho variável, aumento das taxas de


natimortos, leitões mumificados, abortos e leitões nascidos fracos. Alguns leitões apresentam
edema de pálpebra, diarreia, tremor congênito e debilidade. A mortalidade perinatal pode ser
alta.

Leitões em crescimento e terminação: anorexia, letargia, febre (40 a 42°C), retardo no


crescimento, pelos eriçados, petéquias, cianose na pele e orelhas, aumento de infecções
secundárias e das taxas de mortalidade e sinais clínicos respiratórios como dispneia.

Exame post mortem: aumento pulmonar, pulmão mosqueado ou bronzeado, hemorragia


pulmonar, hemorragia e focos de necrose no fígado, edema e aumento de linfonodos. Em
porcas: endometrite, miometrite e lesões placentárias. Em fetos abortados e porcos
natimortos: arterite e hemorragia do cordão umbilical.

VIGILÂNCIA
Objetivos da vigilância:

• Detecção precoce e erradicação da PRRS.

População-alvo: suínos de criações comerciais, de subsistência e asselvajados.

TRANSMISSÃO

O vírus pode ser transmitido pelas vias direta (contato oronasal entre os animais, aerossóis,
secreções, excreções, sangue e sêmen) ou indireta (água, alimentos, instalações, fômites,
trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos e vestuários e moscas). A transmissão
transplacentária (vertical) e a transmissão por meio da inseminação artificial (sêmen
contaminado) são importantes na epidemiologia da doença.

Suínos infectados no período pré-natal ou pós-natal, ainda que não apresentem sinais clínicos,
podem excretar o vírus por longos períodos (> 200 dias).

Período de incubação: 14 dias.

CRITÉRIO DE NOTIFICAÇÃO

Notificação imediata ao SVO de qualquer caso suspeito (doença da Categoria 1 do anexo da IN


nº 50/2013).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Peste suína clássica (PSC), peste suína africana (PSA), Doença de Aujeszky (DA), circovirose,
parvovirose, influenza suína, leptospirose e infecções pelo enterovírus suíno e citomegalovírus.

O diagnóstico diferencial deve ser considerado para avaliação do quadro clínico e


epidemiológico. O diagnóstico laboratorial deve priorizar a confirmação ou a exclusão das
doenças-alvo da vigilância.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Detecção do agente ou do ácido nucleico:

• RT-PCR em tempo real

• Isolamento viral

ORIENTAÇÃO PARA COLHEITA DE AMOSTRA

Considerando que as amostras também serão submetidas ao diagnóstico laboratorial de PSC e


PSA:

Colher amostras de sangue de suínos com sinais clínicos ou convalescentes para obtenção de
soro (2mL) e amostras de sangue total com EDTA (5mL).

Realizar a eutanásia dos animais com sinais clínicos e colheita de amostras dos seguintes
órgãos: tonsilas (amígdalas), baço, linfonodos, pulmão e porção distal do íleo (20 a 50 gramas
de cada órgão). Acondicionar os órgãos separadamente em frascos ou sacos plásticos
identificados.

Quando possível deve ser realizada a colheita de amostras de lavagem brônquio-alveolar e de


fetos abortados e natimortos.
As amostras devem ser enviadas ao LFDA-MG preferencialmente refrigeradas, quando a
previsão de chegada ao laboratório for de até 48 horas, após a colheita do material. Caso
contrário, as amostras devem ser enviadas congeladas, preferencialmente a -80°C.

Devido à grande variação individual dos quadros virológicos e imunológicos de PRRS, quanto
maior o número de animais com sinais clínicos amostrados, maior a chance de um diagnóstico
conclusivo. Não se recomenda a colheita de amostras de apenas um único animal.

DEFINIÇÃO DE CASO

Caso suspeito de PRRS:

1. suíno (doméstico ou asselvajado) com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PRRS,
associados ou não ao aumento das taxas de mortalidade.

Caso provável de PRRS:

1. suíno com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PRRS constatados pelo SVO; OU

2. resultado positivo em teste de PCR em amostra de vigilância ativa para PRRS.

A constatação de caso provável de PRRS exige adoção imediata de medidas de biosseguridade


e de providências para o diagnóstico laboratorial para a exclusão ou a confirmação da doença.

Caso confirmado de PRRS (foco):

1. isolamento e identificação do vírus da PRRS em amostras procedentes de um ou mais suínos


com ou sem sinais clínicos da doença; OU

2. identificação de antígeno viral ou ácido nucleico específico do vírus da PRRS em amostras


procedentes de um ou mais suínos com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PRRS; ou
epidemiologicamente vinculados a um caso confirmado de PRRS.

OBS 1: o primeiro caso/foco de PRRS no Brasil deve ser confirmado com isolamento seguido de
sequenciamento genético.

OBS 2: em um foco de PRRS confirmado, todos os suínos com sinais clínicos compatíveis com
PRRS serão considerados casos confirmados.

Suspeita descartada: caso suspeito não classificado como caso provável de PRRS após
investigação clínico-epidemiológica realizada pelo SVO.

Caso descartado: caso provável que não atendeu aos critérios de confirmação de caso após a
investigação oficial.

MEDIDAS A SEREM APLICADAS

A vacinação é proibida no Brasil, e a ocorrência de um foco de PRRS configura uma situação de


EMERGÊNCIA ZOOSANITÁRIA, sendo necessária a adoção de medidas sanitárias para impedir a
disseminação da doença e eliminar o foco imediatamente.

Medidas aplicáveis em investigação de casos prováveis de PRRS em suínos de criação comercial


ou subsistência: interdição da unidade epidemiológica, rastreamento de ingresso e egresso,
investigação de vínculos epidemiológicos, colheita de amostras para diagnóstico laboratorial,
isolamento dos animais.
Medidas aplicáveis em focos de PRRS em suínos de criação comercial ou subsistência:
eliminação de casos e contatos na unidade epidemiológica, destruição das carcaças,
desinfecção, utilização de animais sentinelas e comprovação de ausência de circulação viral,
vigilância dentro da zona de contenção e proteção.

Medidas aplicáveis em caso de foco de PRRS em suínos asselvajados: intensificação das ações
de vigilância na população de suínos asselvajados e nos estabelecimentos de suínos de criação
comercial ou subsistência, da mesma região, ampliando-se também a comunicação de risco
para intensificação de medidas de biosseguridade.

PRAZO PARA ENCERRAMENTO DE FOCO / CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES

Nas suspeitas descartadas de PRRS, a investigação deve ser concluída imediatamente.

Nos casos prováveis de PRRS, a investigação deve ser encerrada após diagnóstico conclusivo
negativo para PRRS.

Um foco de PRRS somente será encerrado após a eliminação dos suínos existentes e
comprovação de ausência da infecção viral nos estabelecimentos de criação comercial ou
subsistência.

PESTE SUÍNA CLÁSSICA (PSC)


Situação epidemiológica

Doença ausente nas zonas livres de PSC (última ocorrência: 1998, em SP).

Doença presente na zona não livre de PSC (detecção clínica nos estados do Ceará, Piauí e
Alagoas, em 2018 e 2019, e no estado do Piauí, em 2020 e 2021).
AGENTE

Pestivirus da família Flaviviridae.

ESPÉCIES SUSCETÍVEIS

Suínos (Sus scrofa) domésticos ou asselvajados.

SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

Forma aguda: febre (40,5 a 42°C), apatia, anorexia, letargia, animais amontoados, conjuntivite,
lesões hemorrágicas na pele, cianose (orelhas, membros, focinho e cauda), paresia de
membros posteriores, ataxia, sinais clínicos respiratórios e reprodutivos (abortos). A morte
pode ocorrer de 5 a 14 dias após o início dos sinais clínicos, podendo chegar a 100% em leitões.

Forma crônica: mortalidade menos evidente, prostração, apetite irregular, apatia, anorexia,
diarreia, artrite, lesões de pele, retardo no crescimento, repetição de cio, problemas
reprodutivos, produção de leitegadas pequenas e fracas, recuperação aparente, com posterior
recaída e morte.

Forma congênita: nascimento de leitões com malformações, tremor congênito e debilidade.


Pode haver leitões clinicamente normais, porém, com viremia persistente, sem resposta imune
e que atuam como fonte de infecção para outros suínos, sem detecção de anticorpos no
diagnóstico indireto (testes sorológicos). As taxas de mortalidade podem apresentar-se
ligeiramente acima da mortalidade normal esperada.

Exame post mortem: hemorragias em múltiplos órgãos, esplenomegalia, aumento dos


linfonodos, pneumonia lobular e úlceras necróticas em forma de botão na mucosa do trato
gastrointestinal.
VIGILÂNCIA

Objetivos da vigilância:

Zonas livres de PSC:

• Detecção precoce e erradicação da PSC;

• Demonstração de ausência de infecção do vírus da PSC. Zona não livre de PSC:

• Detecção de casos de PSC para eliminação de focos;

• Descrição da situação epidemiológica da PSC, para avaliação e definição de estratégias de


controle e erradicação da doença.

População-alvo: suínos de criações comerciais, de subsistência e asselvajados.

TRANSMISSÃO

O vírus pode ser transmitido pelas vias direta (principalmente por contato oronasal entre os
animais, aerossóis, secreções, excreções, sangue e sêmen) ou indireta (água, alimentos,
fômites, trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos, vestuários, produtos e
alimentos de origem animal).

O fornecimento de restos de alimentos contaminados com o vírus aos suínos, sem tratamento
térmico, é a forma de introdução da doença mais comum em países ou zonas livres.

A transmissão transplacentária é importante, gerando leitões infectados, mas clinicamente


sadios, que disseminam o vírus.

Período de incubação: de 2 a 14 dias.

CRITÉRIO DE NOTIFICAÇÃO

Notificação imediata ao serviço veterinário oficial (SVO) de qualquer caso suspeito (doença da
categoria 2 do anexo da IN nº 50/2013).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Peste suína africana (PSA), doença de Aujeszky (DA), síndrome reprodutiva e respiratória dos
suínos (PRRS), circovirose, salmonelose, pasteurelose, parvovirose, diarreia viral bovina (BVD),
leptospirose, erisipela, infecções por Streptococcus suis, Glaesserella parasuis e intoxicação por
cumarínicos.

O diagnóstico diferencial deve ser considerado para avaliação do quadro clínico e


epidemiológico. O diagnóstico laboratorial deve priorizar a confirmação ou a exclusão das
doenças-alvo da vigilância.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Detecção de anticorpos:

• Ensaio imunoenzimático (ELISA)

• Teste de neutralização viral (VN)

Detecção do agente ou do ácido nucleico:


• RT-PCR em tempo real

• Isolamento e identificação viral

ORIENTAÇÃO PARA COLHEITA DE AMOSTRA

Colher amostras de sangue de suínos com sinais clínicos ou convalescentes para obtenção de
soro (2mL) e amostras de sangue total com EDTA (5mL).

Realizar a eutanásia dos animais com sinais clínicos e colheita de amostras dos seguintes
órgãos: tonsilas (amígdalas), baço, linfonodos, pulmão e porção distal do íleo (20 a 50 gramas
de cada órgão). Acondicionar os órgãos separadamente em frascos ou sacos plásticos
identificados.

As amostras devem ser enviadas ao LFDA-MG preferencialmente refrigeradas, quando a


previsão de chegada ao laboratório for de até 48 horas após a colheita do material. Caso
contrário, as amostras devem ser enviadas congeladas, preferencialmente a -80°C.

Devido à grande variação individual dos quadros virológicos e imunológicos de PSC, quanto
maior o número de animais testados, maior a chance de um diagnóstico conclusivo. Portanto,
deve-se priorizar a colheita de amostras do maior número possível de animais com sinais
clínicos, evitando-se amostrar apenas um único animal.

DEFINIÇÃO DE CASO

Caso Suspeito de PSC:

1. suíno (doméstico ou asselvajado) com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSC,
associados ou não ao aumento das taxas de mortalidade.

Caso provável de PSC:

1. suíno com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSC constatados pelo SVO; OU

2. resultado positivo em teste de RT-PCR em amostra de vigilância ativa para PSC.

A constatação de caso provável de PSC exige a adoção imediata de medidas de biosseguridade


e de providências para o diagnóstico laboratorial para a exclusão ou a confirmação da doença.

Caso confirmado de PSC (foco):

1. isolamento e identificação do vírus da PSC em amostras procedentes de um ou mais suínos


com ou sem sinais clínicos da doença; OU

2. identificação de antígeno viral, excluindo cepas vacinais, ou ácido nucleico específico do


vírus da PSC em amostras procedentes de um ou mais suínos com sinais clínicos ou lesões
compatíveis com PSC; ou epidemiologicamente vinculados a um caso confirmado de PSC; ou
com indícios de exposição ao vírus da PSC; OU

3. detecção de anticorpos específicos do vírus da PSC, que não sejam consequência da


vacinação ou de infecção por outro Pestivirus, em amostras de um ou mais suínos com sinais
clínicos ou lesões compatíveis com PSC; ou epidemiologicamente vinculados a um caso
confirmado de PSC; ou com indícios de exposição ao vírus da PSC.

OBS 1: o primeiro caso/foco em zona livre de PSC deverá ser confirmado com isolamento e
identificação do vírus.
OBS 2: em um foco de PSC confirmado, todos os suínos com sinais clínicos compatíveis com
PSC serão considerados casos confirmados.

Suspeita descartada: caso suspeito não classificado como caso provável de PSC após
investigação clínico-epidemiológica realizada pelo SVO.

Caso descartado: caso provável que não atendeu aos critérios de confirmação de caso após a
investigação oficial.

MEDIDAS A SEREM APLICADAS

Medidas aplicáveis em investigação de casos prováveis de PSC em suínos de criação comercial


ou de subsistência: interdição da unidade epidemiológica, rastreabilidade de ingresso e
egresso, investigação de vínculos epidemiológicos, colheita de amostras para diagnóstico
laboratorial e isolamento dos animais.

Medidas aplicáveis em focos de PSC em suínos de criação comercial ou de subsistência:


eliminação de casos e contatos na unidade epidemiológica, destruição das carcaças,
desinfecção, utilização de animais sentinelas e comprovação de ausência de circulação viral,
zonificação e vigilância dentro da zona de contenção e proteção.

Nas zonas livres de PSC, a vacinação é proibida. Porém, poderá ser aplicada em resposta a foco,
somente após avaliação e autorização do DSA, de acordo com a situação epidemiológica
verificada na investigação oficial. As medidas estão detalhadas no Plano de Contingência para
PSC (IN MAPA 27/2004).

Na zona não livre de PSC, as medidas serão adotadas de acordo com a situação epidemiológica
da doença com vacinação prevista nas estratégias de controle, mediante avaliação e
autorização do DSA.

Medidas aplicáveis em caso de foco de PSC em suínos asselvajados: intensificação das ações de
vigilância na população de suínos asselvajados e nos estabelecimentos de suínos de criação
comercial ou subsistência, da mesma região, ampliando-se também a comunicação de risco
para intensificação de medidas de biosseguridade.

PRAZO PARA ENCERRAMENTO DE FOCO / CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES

Nas suspeitas descartadas de PSC, a investigação deve ser concluída imediatamente.

Nos casos prováveis de PSC, a investigação deve ser encerrada após diagnóstico conclusivo
negativo para PSC.

Nas zonas livres de PSC, um foco de PSC somente será encerrado após a eliminação dos suínos
existentes e comprovação de ausência da infecção viral nos estabelecimentos de criação
comercial ou subsistência, conforme o Plano de Contingência para PSC (IN MAPA 27/2004).

A Instrução Normativa 27 de 20/04/2004 instituiu o PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA PESTE


SUÍNA CLÁSSICA que apresentaremos ipsis litteris neste material:

PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA PESTE SUÍNA CLÁSSICA


I. DEFINIÇÕES
1. Estabelecimento de criação: locais onde são mantidos ou criados suídeos para qualquer
finalidade.

2. Foco: estabelecimento de criação ou qualquer outro local onde foi constatada a presença de
um ou mais suídeos acometidos de PSC.

3. Interdição: proibição do ingresso e egresso de suídeos num estabelecimento de criação, para


qualquer finalidade, bem como de produtos ou subprodutos suídeos ou materiais que possam
constituir fonte de transmissão da doença, a critério do serviço veterinário oficial.

4. Laboratório oficial: laboratório pertencente à rede do Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento.

5. Matadouro: estabelecimento utilizado para abate de animais destinados ao consumo


humano ou outras finalidades e que são submetidos à inspeção veterinária oficial.

6. Médico veterinário credenciado: profissional credenciado pelo serviço veterinário oficial, de


acordo com legislação específica.

7. Médico veterinário oficial: profissional do serviço veterinário oficial.

8. Peste Suína Clássica (PSC): doença transmissível causada por um pestivírus que acomete
suídeos.

9. Plano de Contingência: conjunto de procedimentos e decisões emergenciais a serem


tomados no caso de ocorrência inesperada de um foco, com o objetivo de controlar e erradicar
o agente da PSC o mais rápido possível, reduzindo ao máximo as perdas produtivas e
econômicas decorrentes.

10. Proprietário: qualquer pessoa, física ou jurídica, que seja possuidora, depositária ou que a
qualquer título mantenha em seu poder ou sob sua guarda um ou mais suídeos.

11. Quarentena: É a restrição do trânsito e a observação de grupos de animais aparentemente


sadios, expostos ao risco de contágio e que, nesse momento, não têm contato direto com os
animais infectados.

Seu propósito é evitar o possível contágio em cadeia da doença para outros animais não
diretamente expostos.

12. Sacrifício sanitário: operação realizada pelo serviço veterinário oficial quando se confirma a
ocorrência de PSC e que consiste em sacrificar todos os animais do rebanho, enfermos,
contatos e contaminados e, se preciso, outros rebanhos que foram expostos ao contágio por
contato direto ou indireto com o agente patogênico, com a destruição das carcaças, por
incineração ou enterramento.

13. Serviço veterinário oficial: órgão oficial de defesa sanitária animal federal, estadual ou
municipal.

14. Suídeo: qualquer animal do gênero Sus (suíno e javali).

15. Suídeo acometido de PSC: qualquer suídeo no qual foram oficialmente constatados
sintomas clínicos ou lesões compatíveis com a PSC, com diagnóstico comprovado por meio de
exame laboratorial.
16. Suídeo suspeito de estar acometido de PSC: qualquer suídeo que apresenta sintomas
clínicos ou lesões compatíveis com PSC ou, ainda, reação a teste laboratorial que indique a
possível presença da PSC.

17. Zona externa de vigilância: área estabelecida pelo serviço veterinário oficial, ao redor da
zona interna de proteção, com um raio mínimo de 10 (dez) km a partir do foco.

18. Zona interna de proteção: área circunvizinha a um foco cujos limites serão estabelecidos
pelo serviço veterinário oficial, levando em conta fatores geográficos e epidemiológicos, com
um raio mínimo de 3 (três) km.

19. Zona livre de PSC: zona em que a ausência da doença tenha sido demonstrada segundo as
recomendações do Código Zoossanitário Internacional da Organização Mundial de Sanidade
Animal - OIE.

II - INTRODUÇÃO

1. Histórico

As atividades de combate à Peste Suína Clássica - PSC foram iniciadas em zonas selecionadas
prioritariamente segundo a importância econômica da região produtora de suídeos e a
existência de condições epidemiológicas favoráveis para a obtenção de zonas livres, com o
propósito final de erradicação da doença no Território Nacional.

O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Peste Suína Clássica foi implantado em


1992, inicialmente em municípios contíguos pertencentes aos estados do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná. De forma progressiva, o Programa foi estendido aos outros municípios
desses três estados e, posteriormente, aos demais estados brasileiros.

Em 4 de janeiro de 2001, por meio da Instrução Normativa nº 1, o Ministro de Estado da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento declarou a região formada pelos Estados do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,
Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Distrito Federal como Zona
Livre de Peste Suína Clássica.

2. Justificativa

Por mais rigorosas que sejam as medidas sanitárias de proteção adotadas por um país, região
ou zona livre de uma doença, não se tem a garantia absoluta da não introdução ou
reintrodução do agente infeccioso.

Na atualidade, em decorrência dos avanços tecnológicos, intensificou-se o trânsito


internacional de pessoas, animais, materiais de multiplicação animal, produtos e subprodutos
de origem animal, aumentando o risco da disseminação de doenças entre os países.

Quando uma doença é introduzida em um país, ou zona até então livres, as ações a serem
adotadas objetivando a sua erradicação deverão ocorrer de forma enérgica, rápida e eficaz.
Para isto, torna-se necessário manter uma organização adequada, pessoal treinado, respaldo
legal, equipamentos e materiais adequados e fundos financeiros suficientes.

A Peste Suína Clássica é classificada como doença da lista A da Organização Mundial de


Sanidade Animal - OIE e sua ocorrência acarreta graves conseqüências ao bem estar animal, à
produção suinícola, às exportações de animais e seus produtos e ao meio ambiente.
Esta enfermidade é altamente transmissível, apresenta grande poder de difusão e especial
gravidade, que pode estender-se além das fronteiras nacionais, trazendo prejuízos
socioeconômicos e sanitários graves, dificultando ou impossibilitando o comércio internacional
de animais e produtos de origem animal.

3. Objetivo

Orientar as ações e procedimentos para a precoce e imediata notificação e confirmação de


suspeitas de Peste Suína Clássica no Território Nacional, adotando as medidas de defesa
sanitária, visando a sua erradicação, no menor espaço de tempo, e à retomada da condição
sanitária de livre da PSC. Para se alcançar este objetivo, torna-se imprescindível dispor de um
PLANO DE CONTINGÊNCIA que estabeleça, passo a passo, todas as medidas sanitárias
necessárias.

III. CARACTERIZAÇÕES EPIDEMIOLÓGICAS

1. Condições sanitárias mínimas

Na maioria dos países, a estratégia de gestão zoossanitária predominante é centrada na


concepção e aplicação de medidas que minimizam o risco de introdução ou reintrodução de
doença em país ou zona livre.

Há a necessidade da manutenção, de forma eficaz, de várias atividades para que o risco da


reintrodução da PSC seja mínimo e que, na eventualidade do aparecimento de foco, o mesmo
seja prontamente detectado e, de imediato, adotadas ações para a sua erradicação.

O serviço veterinário oficial deve estar amparado nas condições a seguir relacionadas:

- Estrutura operacional adequada;

- Recursos financeiros suficientes;

- Amparo legal para as ações, em legislação específica;

- Recursos humanos e materiais, equipamentos para uma efetiva vigilância epidemiológica e


atenção veterinária;

- Pessoal treinado em emergência sanitária, com ênfase em PSC;

- Programa de Educação Sanitária permanente e eficaz para que haja uma efetiva participação
da comunidade. O criador deve estar consciente e motivado para as ações desenvolvidas,
conhecendo a importância de cada uma delas;

- Sistema de identificação de suídeos para que o rastreamento, ação fundamental para a gestão
de emergências sanitárias, seja realizado com êxito;

- Proibição da criação de suídeos em lixeiras públicas;

- Controle da utilização de restos de alimentos para criação de suídeos;

- Interação entre os Serviços Oficiais de Inspeção Federal, Estadual, Municipal e de Defesa


Sanitária Animal, visando à troca imediata de informações, quando houver suspeita de PSC;

Sistema de informação que permita a adoção oportuna de medidas sanitárias para prevenção e
controle das doenças animais;
- Intercâmbio de informações sanitárias entre os departamentos sanitários das
empresas/cooperativas integradoras, médicos veterinários credenciados, da iniciativa privada e
o serviço veterinário oficial;

- Vigilância ativa na suinocultura independente, inclusive nas criações de subsistência;

- Cadastro atualizado dos criadores de suídeos e de transportadores;

- Apoio de órgãos e entidades ligados à cadeia produtiva suídea e órgãos públicos (Prefeituras,
Polícia Militar, Secretaria da Fazenda e outros);

- Listagem atualizada dos locais de risco: agroindústrias, matadouros, lixões, laticínios, fábricas
de ração, casas agropecuárias, rodoviárias, aeroportos, portos, curtumes e outros;

- Monitoramento e avaliação permanentes das atividades de sanidade animal, visando garantir


a padronização das ações;

- Acompanhamento oficial efetivo das atividades sanitárias adotadas nas Granjas de


Reprodutores Suídeos Certificada - GRSC;

- Fundos financeiros para as indenizações de rebanhos sacrificados e destruição de coisas;

- Lavagem e desinfecção dos caminhões transportadores de suídeos, após o descarregamento


nos matadouros, com fiscalização destas ações nos postos fixos e móveis de fiscalização do
trânsito de animais, produtos e subprodutos;

- Atuação efetiva do Comitê Estadual de Sanidade Suína;

- Realização de inquéritos soroepidemiológicos periódicos para a manutenção da Zona Livre de


PSC;

- Controle e fiscalização do trânsito de suídeos, seus produtos e subprodutos, produtos


patológicos e biológicos;

- Vigilância sanitária nos portos, aeroportos, postos de fronteira e collis posteaux;

- Controle e fiscalização dos pontos de concentração de suídeos;

- Requisitos sanitários atualizados para autorização de importação de suídeos, materiais de


multiplicação animal (sêmen e embriões), de produtos e subprodutos de origem suídea;

- Laboratórios de diagnóstico de PSC em condições de realizar os exames com a rapidez e


eficiência necessárias;

- Manutenção de estoque estratégico de vacinas contra a PSC.

2. Situações epidemiológicas

O sistema de defesa sanitária animal baseia sua atuação de acordo com o nível de risco
sanitário existente, caracterizando as suas ações em cada situação:

2.1. RISCO I

- Ausência de focos de PSC nos últimos 12 meses;

- Atendimento a todas as condições mínimas;

- Situação em que se encontram os estados que formam a zona livre de PSC.


2.2. RISCO II

- Ausência de focos de PSC nos últimos 12 meses;

- Atendimento a todas as condições mínimas;

- Caracterizada pela identificação de riscos sanitários internos e/ou externos que podem levar
ao ressurgimento da PSC.

Nessa situação, dependendo de análise de risco, o serviço veterinário oficial poderá declarar
estado de emergência sanitária animal e deverão ser mantidas todas as ações quando da
situação de risco mínimo, devendo-se intensificar aquelas relacionadas com:

- Vigilância epidemiológica;

- Investigação sorológica;

- Controle e fiscalização de locais de aglomeração de animais;

- Controle e fiscalização do trânsito intra-estadual por meio das equipes volantes;

- Controle e fiscalização do ingresso de animais, materiais de multiplicação animal, produtos,


subprodutos de origem suídea, pessoas e equipamentos nos portos, aeroportos e postos de
fronteira;

- Controle e fiscalização da entrada de aeronaves, barcos e veículos terrestres originários do


exterior;

- Intercâmbio de informações sanitárias entre países.

2.3. RISCO III

- Caracterizado pelo aparecimento de focos de PSC - EMERGÊNCIA SANITÁRIA.

IV. EMERGÊNCIA SANITÁRIA

É um conjunto de ações sanitárias com objetivo de impedir a disseminação da doença e


erradicar o foco de PSC, em tempo mais curto possível e com menor custo para o País. Estas
ações deverão ser executadas por um grupo de profissionais treinados em emergências
sanitárias.

V. EQUIPE DE EMERGÊNCIA SANITÁRIA

A equipe de emergência sanitária deverá ser constituída, por meio de ato legal, por
profissionais do serviço veterinário oficial federal e estadual e será composta, no mínimo, por:

- Coordenação-geral;

- Coordenação de campo;

- Coordenação de laboratório;

- Coordenação administrativa/financeira;

- Coordenação de comunicação e relações públicas;

- Coordenação de assuntos jurídicos.

1. Responsabilidades da equipe de emergência sanitária


- Implementar a política de defesa sanitária animal determinada pelo Plano de Contingência;

- Requerer, se necessário, a colaboração de representação de outros setores vinculados com a


erradicação, devendo reunir-se regularmente para o acompanhamento e avaliação de todos os
aspectos relacionados com as operações de campo;

- Requerer, se necessário, a assistência e cooperação técnica de consultoria nacional ou


internacional;

- Designar um epidemiologista para assessorar o Coordenador de Campo.

2. Deveres e responsabilidades das Coordenações

2.1. Coordenação-Geral:

a. Mobilizar e coordenar a equipe de emergência e profissionais necessários;

b. Envolver as instituições e entidades que participarão dos trabalhos;

c. Instituir a comissão de avaliação e taxação: composta por um representante do Setor


Produtivo, um representante do serviço veterinário oficial federal e de um representante do
serviço veterinário oficial estadual.

2.2. Coordenação de Campo:

a. Coordenar todas as operações diárias relacionadas com a emergência no campo e


estratégias de atuação adotadas;

b. Designar e supervisionar as comissões de:

- Vigilância epidemiológica: responsável pelo sistema de informação, rastreamento, inspeção,


utilização de animais sentinelas, repovoamento, quarentena, trânsito de animais, instalação de
postos fixos e móveis e controle de locais de concentração de animais;

- Sacrifício e destruição;

- Limpeza, desinfecção de instalações e veículos e outros procedimentos de biossegurança;

- Comunicação e educação sanitária.

OBS: Aos chefes dessas comissões caberá a responsabilidade de dirigir e executar as ações que
correspondam as suas tarefas, a fim de alcançar os objetivos específicos das mesmas.

c. Assegurar o apoio logístico às comissões;

d. Delimitar as áreas de proteção e vigilância e instalação de postos fixos e móveis;

e. Estabelecer os contatos com as autoridades e outros segmentos locais que possam prestar
assistência ou estar vinculados ao setor suinícola;

f. Assegurar que todos os informes de campo sejam elaborados e submetidos, em tempo hábil,
à Coordenação-Geral.

2.3. Coordenação de Laboratório:

Atuar junto à Coordenação de Campo, a fim de assegurar que as amostras sejam


adequadamente recolhidas, processadas, identificadas, acondicionadas e remetidas.
2.4. Coordenação Administrativa e Financeira:

Atuar junto à Coordenação-Geral, com a função de elaborar orçamentos, adquirir, distribuir e


garantir o abastecimento de materiais e serviços.

Coordenar e administrar a comissão de avaliação e taxação.

2.5. Coordenação de Comunicação e Relações Públicas:

Atuar junto às Coordenações Geral e de Campo, fornecendo informações e assegurando que as


mesmas cheguem aos meios de comunicação e às autoridades competentes de forma
apropriada.

2.6. Coordenação de Assuntos Jurídicos:

Assessorar as Coordenações Geral e de Campo nos aspectos jurídicos e realizar todas as


tramitações legais inerentes à emergência sanitária.

VI. PROCEDIMENTOS OPERATIVOS NA ATENÇÃO VETERINÁRIA

1. Notificação de suspeita

- Deverá ser mantido um sistema permanente de informações, para que as suspeitas de


ocorrência de doenças sejam notificadas e atendidas prontamente;

- Todo médico veterinário, proprietário, transportador de animais ou qualquer outro cidadão


que tenha conhecimento de suspeita da ocorrência de PSC ou doença com quadro clínico
similar fica obrigado, de acordo com a legislação vigente, a comunicar o fato, imediatamente, à
unidade do serviço veterinário oficial mais próxima;

- A notificação poderá ser efetuada pessoalmente, por telefone, fax ou qualquer outro meio de
comunicação disponível.

2. Atenção à notificação

- Caso o notificante seja o proprietário ou responsável, o mesmo deverá ser informado da


proibição de movimentação de suídeos, seus produtos e subprodutos existentes na
propriedade, até que o serviço veterinário oficial defina quais as medidas a serem adotadas;

- Registrar no livro de ocorrência da Unidade Local a notificação com data e hora;

- Reunir o máximo de informações sobre o estabelecimento de criação suspeito, como por


exemplo: situação geográfica, barreiras naturais, vias de acesso, ficha cadastral, tipo de
estabelecimento de criação, estabelecimentos vizinhos, população suídea existente, ingresso e
egresso de animais nos últimos 30 (trinta) dias, dados produtivos, doenças anteriormente
notificadas, abatedouros e estabelecimentos que comercializam produtos e subprodutos de
origem suídea;

- Comunicar à chefia sanitária imediata;

- Dispor dos materiais e equipamentos necessários para atendimento a foco e dos documentos
FORM-IN, Termo de Visita a Granja de Suídeos e Auto de Interdição.

3. Visita à propriedade com suspeita de PSC


a. Proceder à visita, em caráter prioritário no máximo em 12 horas após a notificação,
adotando os seguintes procedimentos:

- Visitar primeiro o estabelecimento de criação com a suspeita, dirigindo-se diretamente à


sede, escritório ou administração, para colher informações junto ao proprietário ou
responsável. Evitar o ingresso do veículo oficial na propriedade;

- Trocar a roupa, utilizando, de preferência, roupas e materiais descartáveis para entrar nos
recintos dos animais;

- Preencher o Termo de Visita a Granja de Suídeos;

- Proceder ao exame clínico dos animais doentes, com o auxílio de pessoal oficial ou particular,
o mínimo necessário, evitando mudar de lugar ou agrupar animais susceptíveis;

- Observar o estabelecimento e examinar clinicamente os animais aparentemente sadios;

- Se a suspeita for evidente e fundamentada, preencher o FORM-IN e Auto de Interdição,


colher amostras e comunicar imediatamente à autoridade sanitária imediata, a fim de que as
ações de emergência sejam iniciadas imediatamente;

- Encaminhar o material colhido ao laboratório:

Laboratório de Apoio Animal - LAPA/RECIFE

Endereço: Rua Dom Manoel de Medeiros, s/nº

Dois Irmãos - Campus UFPE

CEP: 52171 - 030

RECIFE - PE

TELEFONE: (081) 3441-6311

IMPORTANTE: Deverá ser informado imediatamente ao LAPA/Recife o número do


conhecimento aéreo, número do vôo e hora de chegada do material.

b. Colheita de Material

- Colher amostras de sangue dos animais doentes e de animais sadios, para possibilitar uma
comparação de títulos de anticorpos para o vírus da PSC. Para o diagnóstico sorológico, devem
ser enviados ao laboratório soros límpidos, sem hemólise, com um mínimo de 3 ml por animal.
Os soros devem ser congelados e enviados imediatamente ao Laboratório de Apoio Animal -
LAPA - Recife/PE;

- Sacrificar animais doentes e colher amostras de tecidos, preferencialmente amídalas (tonsilas


palatinas), baço, gânglios faríngeos e mesentéricos e porção distal do íleo, nas seguintes
condições:

* Enviar, no mínimo, 20 gramas de cada órgão;

* Enviar os fragmentos dos órgãos em sacos plásticos separados, devidamente identificados


por animal;
* Acondicionar as amostras sob refrigeração e enviá-las imediatamente ao LAPA -Recife/PE. Se
a chegada prevista do material ao Laboratório não for possível nas 48 horas após a colheita, o
mesmo deverá ser congelado;

* Todos os materiais colhidos devem estar listados no FORM-IN e cuidadosamente


identificados com etiqueta ou esparadrapo escrito a lápis, impermeabilizados com fita adesiva
transparente.

- Toda e qualquer colheita de material suspeito deve seguir as normas do LAPA - Recife/PE e
sua remessa ser acompanhada do FORM-IN e de memorando de encaminhamento do material
e solicitação dos exames, constando o número e tipo de amostras enviadas;

- Providenciar a destruição (enterramento ou cremação) das carcaças dos animais sacrificados


para obtenção das amostras;

- Na saída do estabelecimento suspeito, limpar e desinfetar os equipamentos e materiais


utilizados nos exames clínicos e nas colheitas de materiais, fazendo o mesmo com o veículo.
Incinerar a roupa de trabalho descartável;

- No caso do resultado laboratorial negativo para a PSC, suspende-se a interdição do


estabelecimento, mantendo-se a vigilância epidemiológica ativa por 21 dias. As amostras serão
utilizadas para diagnóstico diferencial, que orientará as medidas a serem adotadas.

VII. DETERMINAÇÃO DA ZONA AFETADA E MEDIDAS SANITÁRIAS A SEREM ADOTADAS NO FOCO


DE PSC

No momento do recebimento do diagnóstico laboratorial positivo para PSC ou se a suspeita for


evidente e fundamentada, deverá ser acionada a equipe de emergência para que seja
executado o Plano de Contingência, com a adoção de todas as medidas legais necessárias.

No caso da constatação de PSC em recinto de exposições, feiras, leilões e outras aglomerações


de suídeos, todo o recinto será considerado foco e serão aplicadas, no que couber, as medidas
sanitárias estabelecidas neste Plano de Contingência.

A Coordenação-Geral solicitará a cooperação de entidades e órgãos públicos (polícia militar,


prefeituras e outros) visando assegurar o isolamento do foco, reforçar medidas sanitárias
preventivas e garantir a aplicação do Plano de Contingência.

A Coordenação de Campo determinará, de imediato, as seguintes ações:

a. Estabelecimento da sede do escritório principal;

b. Estabelecimento das seguintes áreas de atuação:

- Foco;

- Zona interna de proteção;

- Zona externa de vigilância.

c. Instalação de postos fixos e móveis de fiscalização na zona afetada;

d. Revisão da delimitação da zona afetada, podendo ampliála, de acordo com as informações


colhidas nas inspeções/investigações;

e. Instalação de placas de interdição, em locais estratégicos;


f. Inspeção nos estabelecimentos de criação, matadouros de suídeos existentes nas zonas
interna de proteção e externa de vigilância;

g. Definição da composição das comissões para as ações de emergência.

VIII. PROCEDIMENTOS A SEREM EXECUTADOS NA EMERGÊNCIA SANITÁRIA

1. Medidas no foco

1.1. Avaliação dos animais, produtos e materiais

Os animais expostos, produtos e materiais contaminados deverão ser previamente avaliados


antes do sacrifício e destruição.

A avaliação será realizada pela comissão correspondente e os valores serão registrados no


Termo de Avaliação, do qual se farão constar todos os critérios utilizados (raça, idade, sexo,
identificação, peso e outros).

Qualquer discordância sobre os valores atribuídos não será empecilho para a continuidade da
ação sanitária.

1.2. Sacrifício sanitário

a. Os suídeos acometidos de PSC e os seus contatos diretos serão submetidos ao sacrifício


sanitário no próprio estabelecimento de criação, recinto ou qualquer outro local adequado, a
critério do Coordenador de Campo, após avaliação dos mesmos e em prazo máximo de 24
horas após o recebimento da ordem de matança expedida pelo Departamento de Defesa
Animal - DDA;

b. Os suídeos contatos indiretos do mesmo estabelecimento de criação (foco) serão


submetidos a uma avaliação de risco, podendo ser encaminhados ao sacrifício sanitário ou
abate sanitário.

No caso de abate sanitário, os animais contatos serão destinados a matadouros com inspeção
federal ou estadual, a critério do serviço veterinário oficial.

c. Para o sacrifício sanitário dos suídeos, deverá ser observado o que dispõe a Legislação
específica;

d. Estas tarefas serão realizadas pela Comissão de Sacrifício e Destruição, dirigida por um
médico veterinário oficial, impedindo a assistência de curiosos e com a presença da polícia
militar;

e. Operacionalização:

- Notificação, por escrito, ao proprietário dos animais que serão destruídos, especificando
detalhes necessários para melhor andamento dos trabalhos;

- O sacrifício será realizado por membros das forças armadas ou segurança pública, com
posterior destruição por enterramento e/ou cremação. O método mais aconselhável e
geralmente mais prático é o enterramento;

- A operação deverá ser programada de tal modo que a Comissão de Sacrifício e Destruição
chegue ao local quando terminados os preparativos preliminares;
- Para matar os animais doentes e seus contatos, pode-se utilizar arma de fogo, calibre 22,
disparando na região craniana ou outro método adequado. Os animais deverão ser sacrificados
dentro de valas e suas cavidades abdominais deverão ser abertas;

- Evitar qualquer movimento desnecessário dos animais e tomar precauções para impedir que
escapem durante a condução às valas.

1.3. Destruição dos animais sacrificados

O local para se fazer a destruição dos animais sacrificados deve ser escolhido cuidadosamente,
seguindo orientação do órgão de proteção ambiental. Deve-se levar em conta fatores como
condição do solo, proximidade do foco, segurança com respeito às instalações, plantações,
ventos dominantes e isolamento da área a fim de evitar a presença de curiosos.

1.3.1. Cremação

a. Deverá ser feita uma vala rasa, com no máximo 1 m de profundidade. Colocar uma camada
de lenha ou madeira grossa transversalmente, enchendo com palha, lenha fina ou carvão
embebidos em querosene ou óleo diesel;

b. Os animais mortos serão alinhados sobre esta camada de lenha, alternando cabeça e cauda.
Deverão ser colocados mais madeira ou carvão embebidos em óleo diesel ou querosene sobre
e ao redor dos animais mortos. Usar uma tocha lançada a uma distância segura ou rastilho para
acender o fogo;

c. Para cremar 250 suídeos adultos, estima-se que são necessários em torno de 6 toneladas de
carvão, tonelada de lenha, 75 litros de óleo diesel e 45 quilos de palha ou lenha miúda;

d. Após a cremação, faz-se o enterramento, mantendo monitoramento oficial durante o


processo.

1.3.2. Enterramento

a. As valas devem ser construídas, de preferência, na direção dominante dos ventos, com 2,5 m
de profundidade por 2,5 m de largura e o comprimento dependerá do número de animais,
sendo que para cada 5 suídeos adultos são necessários 1,5 m. Os animais mortos deverão ser
colocados lado a lado, alternando cabeça e cauda;

b. Aconselha-se deixar uma descida de pouco declive, para que os animais entrem na vala. A
cal não deve ser utilizada, pois retarda o processo natural de decomposição que favorece a
inativação do vírus;

c. Depois de cobertas as valas, é recomendável cercar a área com malha de arame, a fim de
evitar que pequenos animais se aproximem e escavem o lugar;

d. Recomenda-se efetuar, pelo menos semanalmente, a inspeção das valas e áreas vizinhas, até
o repovoamento do estabelecimento.

1.4. Limpeza e Desinfecção

São ações de grande importância para assegurar a inativação de um agente infectante em um


estabelecimento e, em conseqüência, deter a disseminação da doença. Fundamentam-se em
uma desinfecção preliminar, seguida de limpeza e lavação completas e, finalmente, uma
desinfecção definitiva. O material recolhido nas instalações, após a primeira desinfecção,
deverá ser totalmente destruído, por meio do enterramento ou cremação.
Em seguida ao sacrifício e enterramento ou cremação, devese desinfetar as máquinas, os
equipamentos e materiais utilizados pelas pessoas que realizaram os trabalhos, com um dos
seguintes produtos:

a. Fenol a 3%;

b. Iodóforos fortes 1% em ácido fosfórico;

c. Cresol;

d. Hidróxido de sódio a 2%;

e. Formalina a 1%;

f. Carbonato de sódio ( 4% anidro ou 10 % cristalino, com 0,1 % de detergente);

g. Detergentes iônicos e não iônicos;

1.5. Vazio Sanitário, introdução de sentinelas e repovoamento

a. Vazio sanitário

É o tempo compreendido entre o término da limpeza e desinfecção e a introdução de suínos


sentinelas, visando à destruição natural do agente infeccioso no meio ambiente. A duração
desta etapa será de, no mínimo, 10 (dez) dias. Durante este período, poderão ocorrer outras
desinfecções.

b. Introdução de suídeos sentinelas

- A limpeza, desinfecção e vazio sanitário não garantem totalmente a destruição do vírus da


PSC em um estabelecimento afetado. Em decorrência deste fato, autoriza-se o ingresso, sob
estrito controle, de animais susceptíveis para a comprovação da ausência de atividade viral
naquele ambiente;

- A introdução de suídeos sentinelas no foco em processo de erradicação será iniciada após o


término do vazio sanitário e aplicação de outras medidas previstas neste Plano de
Contingência. Deverá ser iniciada com 5% da população que existia no foco ou, no mínimo, 5
suídeos sensíveis com até 60 dias de idade.

Estes animais deverão ser distribuídos, de forma a abranger todas as dependências do


estabelecimento de criação;

- Os suídeos sentinelas deverão ter nascido e permanecido em granjas reconhecidas


oficialmente livres de PSC. No caso de suídeos nascidos e criados em estabelecimentos de
criação de situação sanitária distinta, deverão ser submetidos a controle sorológico individual e
não poderão demonstrar a presença de anticorpos específicos para o vírus da PSC;

- Os suídeos sentinelas deverão ser identificados com brincos e serão submetidos a controle
sorológico individual, aos 15 e 30 dias, contados a partir da data de introdução, com vistas à
detecção de anticorpos específicos para o vírus da PSC;

- Os suídeos sentinelas permanecerão na propriedade até o recebimento do segundo laudo


laboratorial, com resultados negativos.
Durante este período, semanalmente, os animais deverão ser submetidos a exames clínicos,
com medição de temperatura corporal, devendo ser mantidas as medidas de limpeza e
desinfecção para as pessoas que entrem ou saiam do estabelecimento de criação.

c. Controle dos animais sentinelas

- Se algum suídeo sentinela apresentar resultado sorológico positivo, todos os demais serão
sacrificados, devendo ser reiniciado o processo de limpeza, desinfecção, vazio sanitário e,
novamente, introdução de sentinelas;

- Se os resultados dos exames sorológicos dos animais sentinelas forem negativos, estes
deverão ser encaminhados ao abate em frigorífico com inspeção federal ou estadual, iniciando-
se, em seguida, o processo de repovoamento.

d. Repovoamento

O repovoamento do estabelecimento de criação somente será autorizado após o recebimento


dos resultados da segunda sorologia dos suídeos sentinelas, com resultados negativos. Após
este período, o estabelecimento será desinterditado.

2. Rastreamento Epidemiológico

Com a confirmação do foco, deve-se efetuar um rápido e efetivo rastreamento no campo e


estudar o trânsito de animais, produtos e subprodutos de origem suídea, com o objetivo de
obter o controle da situação com a determinação da origem do foco. O rastreamento é
necessário para possibilitar a identificação dos rebanhos expostos, a fim de evitar a difusão da
doença.

Deverá ser efetuado por equipe específica em cada zona (interna de proteção e externa de
vigilância) e em outras áreas, quando a investigação indicar. O rastreamento nestas outras
áreas será determinado pelo Coordenador de Campo e será de responsabilidade da Unidade
Local correspondente.

Dependendo do levantamento de trânsito, o rastreamento poderá demandar a intervenção de


um grande número de pessoas, com cuidadosa e sistemática coordenação.

Serão rastreados:

a. Os antecedentes relativos à origem do foco, bem como a sua possível difusão a outros
estabelecimentos e municípios nos 30 (trinta) dias anteriores ao início da doença, com a
investigação de trânsito de animais, pessoas, transportes de produtos, feiras, matadouros e
compradores que tenham tido contato com o estabelecimento infectado antes das restrições
definidas.

b. Quanto ao trânsito de suídeos, material de multiplicação animal, produtos e subprodutos de


origem suídea:

- Se a infecção já está no estabelecimento há algum tempo, imediatamente depois de


confirmado o diagnóstico e junto com o início das ações de erradicação, deve-se obter do
proprietário e seus subordinados toda informação possível, relacionada com a movimentação
de suídeos, seus produtos e subprodutos, dejetos, equipamentos do estabelecimento de
criação, veículos, restos de alimentos, pessoas, animais domésticos e outras relevantes;
- Determinar a data, o tipo de trânsito e o destino com exata localização, a fim de assegurar
rapidamente a identificação dos estabelecimentos de criação expostos;

- Registrar no mapa do município, com detalhes, o trânsito ocorrido envolvendo os


estabelecimentos de criação existentes.

c. Quanto aos matadouros e indústrias de derivados:

- Realizar o rastreamento de produtos e subprodutos de origem animal frescos, resfriados ou


congelados.

O trânsito deve ser avaliado por análise de risco como um potencial fator de difusão da
doença.

d. Os médicos veterinários e profissionais autônomos vinculados ao campo, que praticam suas


atividades na zona infectada, deverão ser comunicados da existência da enfermidade. Eles
deverão fornecer ao serviço veterinário oficial a relação de todos os estabelecimentos de
criação visitados nos últimos 7 (sete) dias.

3. Medidas a serem adotadas na zona interna de proteção

- Proibir o trânsito de suídeos procedentes de estabelecimentos localizados nesta zona e o


trânsito de materiais que possam estar contaminados, tais como alimentos para animais e
dejetos com origem na zona interna de proteção;

- Proceder imediatamente ao rastreamento epidemiológico;

- Permitir somente o trânsito de veículos e equipamentos limpos e desinfetados, em


conformidade com procedimentos definidos pelo serviço veterinário oficial, após a inspeção
por funcionário oficial;

- O trânsito de animais de outras espécies de estabelecimentos de criação situados na zona


interna de proteção, assim como o ingresso de animais nesses mesmos estabelecimentos de
criação, somente poderá ser realizado com a autorização do serviço veterinário oficial.

3.1. Ações a serem desenvolvidas:

3.1.1. Interdição:

Na zona interna de proteção, o período de interdição de qualquer estabelecimento de criação


será de até 21 (vinte e um) dias após conclusão das operações preliminares de limpeza e
desinfecção do foco. Os animais poderão ser destinados ao abate, sob análise de risco e
controle do serviço veterinário oficial.

No processo de interdição, a quarentena poderá ser:

- Quarentena completa: é a restrição total do trânsito de animais, durante um período mínimo


de 21 (vinte e um) dias;

- Quarentena atenuada: é a restrição seletiva do trânsito de animais, produtos e subprodutos.


Geralmente, aplica-se de acordo com as diferenças de susceptibilidade, conhecidas ou
supostas e por razões econômicas justificadas.

3.1.2. Recenseamento populacional


O serviço veterinário oficial deverá realizar um recenseamento da população suídea existente
em todos os estabelecimentos situados na zona, no período máximo de 7 (sete) dias após o
estabelecimento da mesma.

a. Controle do Trânsito de Suídeos e Material de Multiplicação Animal

- Restrição de circulação, transporte de suídeos e material de multiplicação animal em vias


públicas ou privadas. Esta restrição poderá não ser aplicada para as seguintes situações:

* Trânsito por meio da zona interna de proteção, por meio de rodovia ou ferrovia, sem parada
ou descarregamento na mesma;

* Suídeos procedentes de fora da zona interna de proteção e destinados diretamente a


matadouro localizado nessa mesma zona, desde que transportados em veículos lacrados na
origem pelo serviço veterinário oficial.

- Restrição do trânsito de animais de outras espécies oriundos de estabelecimentos situados na


zona interna de proteção.

- Proibição de retirada de suídeos e material de multiplicação animal de qualquer


estabelecimentos de criação, até 21 (vinte e um) dias após a conclusão das operações
preliminares de limpeza e desinfecção no foco. Os animais poderão ser destinados ao abate
sob a análise de risco e controle do serviço veterinário oficial.

3.1.3. Trânsito de produtos e subprodutos de origem suídea e outros materiais

Somente será permitido o trânsito de veículos e equipamentos limpos e desinfetados em


conformidade com os procedimentos definidos pelo serviço veterinário oficial, após a inspeção
por funcionário oficial.

Proibição do trânsito de materiais que possam estar contaminados, tais como alimentos para
animais, dejetos e chorume originados da zona interna de proteção, de qualquer
estabelecimento de criação ou matadouro.

3.1.3.1. Permissão de saída de suídeos

- Direto para matadouro

Ao final do período de rastreamento epidemiológico e após análise de risco, o serviço


veterinário oficial poderá conceder autorização para retirada de suídeos diretamente para
matadouro sob inspeção federal ou estadual, de preferência situado na zona interna de
proteção ou externa de vigilância, desde que atendidas as seguintes condições:

* Inspeção de todos os suídeos no estabelecimento de criação;

* Exame clínico dos suídeos destinados ao abate imediato, incluindo a medição da temperatura
de alguns animais escolhidos a critério do médico veterinário oficial;

* Identificação dos animais pelo médico veterinário oficial, utilizando brincos ou outro sistema
de identificação aprovado;

* Transporte dos animais em veículos desinfetados e lacrados, acompanhados da Guia Trânsito


Animal - GTA, com identificação da rota no verso da mesma;

* Comunicação à autoridade sanitária responsável pelo matadouro;


* Na chegada ao matadouro, os suídeos provenientes da zona interna de proteção devem ser
mantidos isolados e abatidos no final da matança. Durante a inspeção ante e post-mortem, a
autoridade sanitária deve procurar sinais e lesões relativos à presença da infecção pelo vírus da
PSC;

* O veículo e os equipamentos utilizados no transporte dos suídeos devem ser imediatamente


lavados e desinfetados, sob a orientação do médico veterinário oficial.

- Para estabelecimentos de criação dentro da zona interna de proteção

Decorrido o período de 21 (vinte e um) dias após a conclusão das operações preliminares de
limpeza e desinfecção no foco e sob análise de risco, o serviço veterinário oficial poderá
conceder autorização para a retirada de suídeos de estabelecimento situado na zona interna de
proteção, diretamente para outro estabelecimento de criação na mesma zona, observadas as
seguintes condições:

* Inspeção de todos os suídeos do estabelecimento de criação;

* Exame clínico, antes do embarque, dos suídeos a serem retirados, incluindo a medição da
temperatura de alguns animais, escolhidos a critério do médico veterinário oficial;

* Identificação dos suídeos pelo médico veterinário oficial, utilizando-se brincos ou outro
sistema de identificação aprovado;

* Limpeza e desinfecção dos veículos e equipamentos utilizados no transporte dos suídeos,


após cada operação.

3.1.4. Manutenção das medidas:

As medidas aplicadas na zona interna de proteção serão mantidas até que tenham sido
executadas as ações estabelecidas e realizado um inquérito sorológico, abrangendo todas os
estabelecimentos de criação da zona. Este inquérito será realizado decorridos, pelo menos, 30
(trinta) dias da conclusão das operações preliminares de limpeza e desinfecção no foco, de
acordo com amostragem a ser definida pelo Departamento de Defesa Animal do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento - DDA/MAPA, sem que tenham sido detectados
anticorpos específicos para o vírus da PSC.

4. Medidas a serem adotadas na zona externa de vigilância

4.1. Ações a serem desenvolvidas:

4.1.1. Interdição:

Na zona externa de vigilância, o período de interdição de qualquer estabelecimento de criação


será de até 10 (dez) dias após conclusão das operações preliminares de limpeza e desinfecção
do foco. Os animais poderão ser destinados ao abate sob a análise de risco e controle do
serviço veterinário oficial.

No processo de interdição, a quarentena poderá ser:

- Quarentena completa: é a restrição total do trânsito de animais, durante um período mínimo


de 10 dias;
- Quarentena atenuada: é a restrição seletiva do trânsito de animais, produtos e subprodutos.
Geralmente, aplica-se de acordo com as diferenças de suscetibilidade, conhecidas ou supostas,
e por razões econômicas justificadas.

4.1.2. Recenseamento populacional

O serviço veterinário oficial deverá realizar um recenseamento da população suídea existente


em todos os estabelecimentos situados na zona, no período máximo de 7 (sete) dias após o
estabelecimento da mesma.

4.1.3. Trânsito de animais, produtos, subprodutos de origem suídea e outros materiais

- Restrição de circulação, transporte de suídeos e materiais de multiplicação animal em vias


públicas ou privadas. Esta restrição poderá não ser aplicada para as seguintes situações:

* Trânsito por meio da zona externa de vigilância, por meio de rodovia ou ferrovia, sem parada
ou descarregamento na mesma;

* Suídeos procedentes de fora da zona externa de vigilância e destinados diretamente a


matadouro localizado nessa mesma zona, desde que transportados em veículos lacrados na
origem pelo serviço veterinário oficial.

- Restrição do trânsito de animais de outras espécies oriundos de estabelecimentos situados na


zona externa de vigilância.

- Proibição de retirada de suídeos, seus produtos e subprodutos e material de multiplicação


animal de qualquer estabelecimento de criação, até 7 (sete) dias após a conclusão das
operações preliminares de limpeza e desinfecção no foco. Os animais poderão ser destinados
ao abate sob a análise de risco e controle do serviço veterinário oficial.

4.1.3.1. Permissão de saída de suídeos

- Direto para Matadouro

O serviço veterinário oficial poderá conceder autorização para retirada de suídeos diretamente
para matadouro sob inspeção federal ou estadual, de preferência situado na zona interna de
proteção ou na zona externa de vigilância, desde que atendidas as seguintes condições:

* Inspeção de todos os suídeos do estabelecimento de criação;

* Exame clínico dos suídeos destinados ao abate imediato, incluindo a medição da temperatura
de alguns animais escolhidos a critério do médico veterinário oficial;

* Identificação dos suídeos pelo médico veterinário oficial, utilizando brincos ou outro sistema
de identificação aprovado;

* Transporte dos suídeos em veículos desinfetados e lacrados, acompanhados da GTA com


identificação da rota no verso da mesma;

* Comunicação à autoridade sanitária responsável pelo matadouro;

* Na chegada ao matadouro, os suídeos devem ser mantidos isolados e abatidos no final da


matança.

Durante a inspeção ante e post-mortem, a autoridade sanitária deverá procurar sinais e lesões
relativos à presença da infecção pelo vírus da PSC;
* O veículo e os equipamentos utilizados no transporte dos suídeos devem ser imediatamente
lavados e desinfetados sob a orientação do médico veterinário oficial.

- Para estabelecimentos de criação situados na zona externa de vigilância:

Decorrido o período de 10 (dez) dias após a conclusão das operações preliminares de limpeza e
desinfecção no foco e sob análise de risco, o serviço veterinário oficial poderá conceder
autorização para a retirada de suídeos de estabelecimento situado na zona externa de
vigilância, diretamente para outro estabelecimento de criação na mesma zona, observadas as
seguintes condições:

* Inspeção de todos os suídeos do estabelecimento de criação;

* Exame clínico, antes do embarque dos suídeos, incluindo a medição da temperatura de


alguns suídeos, escolhidos a critério do médico veterinário oficial;

* Identificação dos suídeos pelo médico veterinário oficial, utilizando-se brincos ou outro
sistema de identificação aprovado;

* Limpeza e desinfecção dos veículos e equipamentos utilizados no transporte dos suídeos,


após cada operação.

4.1.4. Manutenção das Medidas

As medidas aplicadas na zona externa de vigilância serão mantidas até que tenham sido
executadas as ações estabelecidas e realizado um inquérito sorológico, abrangendo todos os
estabelecimentos de criação da zona. Este inquérito será realizado decorridos, pelo menos, 15
(quinze) dias da conclusão das operações preliminares de limpeza e desinfecção no foco, de
acordo com amostragem a ser definida pelo Departamento de Defesa Animal, do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento - DDA/MAPA, sem que tenham sido detectados
anticorpos específicos para o vírus da PSC.

5. Procedimentos em Matadouros

a. Recebimento de animais da zona interna de proteção - já descrito na zona interna de


proteção.

b. Recebimento de animais da zona externa de vigilância - já descrito na zona externa de


vigilância.

c. Achados suspeitos de PSC - no caso de constatação no exame ante-mortem de sinais clínicos


ou achados de lesões compatíveis com a PSC, na linha de abate, o médico veterinário
responsável pela inspeção sanitária do matadouro aplicará as seguintes medidas:

- Notificação imediata ao serviço veterinário oficial para que o mesmo proceda à realização de
investigação epidemiológica;

- Abate imediato de todos os suínos existentes no matadouro e colheita de material pra


diagnóstico laboratorial;

- Colheita de material de carcaças com lesões suspeitas de PSC e envio ao laboratório;

- Destruição, sob controle oficial, de todas as carcaças e miúdos de modo a evitar a propagação
da PSC.
Poderá haver um aproveitamento condicional, após análise de risco do serviço veterinário
oficial. Nesse caso, os produtos ficarão impedidos de serem destinados à exportação;

- Lavagem e desinfecção das instalações e equipamentos, incluindo os veículos transportadores


dos suídeos afetados, sob vigilância do médico veterinário responsável pela inspeção sanitária
do matadouro, em conformidade com as normas do serviço veterinário oficial;

- A reintrodução de suídeos para abate em matadouro no qual tenha sido registrada a


ocorrência de PSC somente poderá ser realizada decorridas pelo menos 24 (vinte e quatro)
horas da finalização das operações de limpeza e desinfecção.

6. Postos fixos e móveis de fiscalização

São utilizados com o objetivo de circunscrever uma zona de emergência, com a utilização de
controle de trânsito e desinfecção, evitando-se a difusão da PSC.

O principal objetivo destes postos é assegurar o cumprimento das medidas dispostas


referentes ao trânsito de animais, produtos, subprodutos, material de multiplicação animal,
veículos, pessoas e outros materiais que possam veicular o agente entre cada uma das áreas.

Serão estabelecidos no perímetro de cada uma das zonas delimitadas, devendo estar em
funcionamento em um prazo máximo de 12 (doze) horas depois de estabelecida a emergência.

As equipes que trabalharão nesses postos deverão ser compostas por representantes do
serviço veterinário oficial e das forças públicas de segurança, equipadas com meios de
comunicação permanente entre si e com a Coordenação de Campo, para garantir o
cumprimento das medidas sanitárias adotadas.

7. Vacinação contra PSC

a. Em situação excepcional, configurado o risco de disseminação da doença, após estudo da


situação epidemiológica e a critério do serviço veterinário oficial, poderá ser autorizado o uso
emergencial da vacina, mediante um plano específico aprovado pelo DDA, que inclua:

- A extensão e a delimitação da área geográfica em que será efetuada a vacinação;

- As categorias e a quantidade estimada de suínos a vacinar;

- A duração da vacinação;

- As medidas aplicáveis ao transporte dos suínos e respectivos produtos;

- A identificação dos suínos vacinados, no caso de vacinação em estabelecimentos de criação


localizados em zona livre, para posterior sacrifício sanitário;

- Supervisão e acompanhamento da vacinação pelo serviço veterinário oficial.

b. No caso do uso emergencial de vacina contra PSC em zona livre ou em parte do território de
uma zona livre, esta perderá a condição de livre, que só poderá ser alcançada novamente
quando forem atendidas as condições definidas no Código Zoossanitário Internacional da OIE.

c. Somente poderão ser utilizadas vacinas contra a PSC registradas no MAPA, produzidas sob o
controle do serviço veterinário oficial.
PLANO ESTRATÉGICO BRASIL LIVRE DE PSC
A carne suína é a segunda proteína animal mais consumida do mundo, estando atrás somente
dos pescados. Em terceiro lugar vem a carne de frango e, em quarto, a bovina. Apesar de não
ser consumida por parte significativa da população mundial por motivos religiosos, o consumo
de carne suína tem crescido e apresenta boas perspectivas para o Brasil no mercado
internacional.

O Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína. Produziu mais de 3,9
milhões de toneladas em 2018 - cerca de 3% da produção mundial - e exportou
aproximadamente 650 mil toneladas (10% do total mundial em volume). Atualmente, o Brasil
exporta quase 19% de sua produção para mais de 70 países, com grande potencial de
crescimento no mercado internacional.

A suinocultura brasileira, com um plantel de matrizes suínas em torno de 2 milhões de cabeças,


produziu 40 milhões de suínos para abate em 2018. Neste mesmo ano, a movimentação
financeira de toda cadeia produtiva de suínos foi de, aproximadamente, R$ 150 bilhões,
gerando um milhão de empregos diretos e indiretos e posicionando-se como uma das
atividades econômicas mais importantes do agronegócio. O Setor ainda apresenta forte
crescimento e boa competitividade no mercado internacional devido à boa qualidade e
inocuidade do produto, aliadas a baixos custos de produção.

A manutenção e a abertura de mercados para a carne suína brasileira são fundamentais para a
viabilidade econômica da atividade e dependem, além dos padrões de qualidade e
competitividade, sobretudo do fortalecimento da condição sanitária da suinocultura e da
capacidade de certificação dos serviços veterinários. Entre as doenças mais relevantes para o
comércio internacional de produtos suínos, a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE),
destaca a febre aftosa, a peste suína africana (PSA) e a peste suína clássica (PSC).

A PSC traz prejuízos sanitários e socioeconômicos graves, principalmente pelas perdas diretas e
pelas restrições comerciais impostas a produtos oriundos de áreas não livres da doença. Sua
presença em parte expressiva do território nacional é um fator que ameaça a posição do país
no mercado internacional e traz dificuldades e limitações para as comunidades locais que tem
na criação de suínos uma alternativa de fonte alimentar e de renda.

A credibilidade e a competitividade do Brasil no mercado internacional de produtos de origem


suína estão diretamente relacionadas à qualidade e confiança conferidas pelos controles
sanitários e medidas de vigilância adotadas. Os países importadores exigem comprovações
cada vez mais objetivas e seguras da situação sanitária do país exportador em relação aos
agentes patogênicos de interesse Assim, os controles para manutenção da zona livre (ZL) de
PSC devem ser rigorosos para evitar uma reintrodução da doença e, como consequência, seus
graves impactos econômicos e sociais.

Embora atualmente a ocorrência dos focos da doença no Brasil esteja limitada à zona não livre
(ZnL), caso ocorra seu ingresso na ZL, o impacto econômico, de acordo com estimativas
realizadas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em 2018, pode variar de
R$ 1,3 a R$ 4,5 bilhões, considerando diferentes cenários. Desta forma, a imediata intervenção
na ZnL é de fundamental importância para a redução do risco de reintrodução do vírus da PSC
na atual ZL da doença, buscando prevenir prejuízos relacionados às perdas diretas e às
restrições de acesso a mercados, decorrente da perda do reconhecimento internacional da
situação sanitária do Brasil em relação à doença.

Com esse objetivo, no início do presente ano, foi constituído grupo de trabalho (GT) por meio
da Portaria SDA nº 40, de 19 de março de 2019, que revisou as principais estratégias propostas
e debateu as alternativas de intervenção na ZnL de PSC. O trabalho contribuiu para elaboração
do presente Plano Estratégico para erradicação da PSC no Brasil.

Histórico de ocorrências e intervenções no Brasil

No Brasil, as primeiras descrições da doença datam de 1888, com alta difusão em suínos de
Minas Gerais e São Paulo. No século passado, quando a suinocultura iniciou o processo de
intensificação com o confinamento de animais, a PSC era fator limitante à produção, devido às
altas taxas de morbidade e mortalidade.

Na década de 1940, quando surto de PSC atingiu a região de divisa entre São Paulo e Paraná, o
Governo Federal desenvolveu o primeiro programa oficial em saúde animal no país, com a
vacinação voluntária dos suínos. Em 1979, com o objetivo de elevar os índices vacinais para o
controle da doença, foi instituído o controle oficial da produção de vacinas contra PSC, a
vacinação compulsória e a exigência do atestado de vacinação para o trânsito e o abate de
suínos.

Em 1978, ocorreu o ingresso do vírus da PSA no Brasil e, em 1980, foi instituído em todo o
Território Nacional o Programa de Combate à Peste Suína, visando a erradicação da PSA, por
meio da identificação e destruição de todos os suínos positivos e seus contatos em focos da
doença, associada ao controle da PSC, mediante vacinação.

Como resultado da primeira etapa do Programa, foi possível o reconhecimento nacional da


área livre de PSA nos estados da Região Sul, por meio de ato declaratório, em setembro de
1983. A segunda etapa do Programa, iniciada em 1984, buscou a erradicação da PSC no sentido
sul – norte, consistindo na primeira aplicação do princípio da regionalização no país. Também
foram implementados projetos de educação em saúde animal e de vigilância epidemiológica
para as doenças hemorrágicas dos suínos, baseados no controle da movimentação de suínos,
na fiscalização de produtores e revendedores de vacinas, atendimento a suspeitas, eliminação
de focos, vigilância em propriedades e na certificação sanitária de granjas de reprodução livres
de PSA e controladas para PSC. O trabalho em parceria com o setor privado obteve êxito e, em
1984, o Brasil foi declarado livre de PSA.

Em 1992, foi implantado o Programa de Controle e Erradicação da PSC. A estratégia inicial do


Programa foi a delimitação de três áreas distintas com estratégias diferenciadas de vacinação
contra a PSC (Figura 02): Área I – sem vacinação; Área II – com vacinação obrigatória; Área III –
com vacinação voluntária. Com base no avanço na luta contra a doença, em 1994 a
regionalização foi atualizada conforme Figura 03.

Em decorrência dos avanços obtidos no controle da PSC nas principais áreas produtoras de
suínos do Brasil, em 1998 a vacinação foi proibida em todo o território nacional e, em 2000, foi
realizado estudo soroepidemiológico envolvendo 14 unidades da Federação, com objetivo de
avaliar a transmissão do vírus da PSC e apoiar o reconhecimento de área livre da doença no
país.
O resultado deste trabalho foi o reconhecimento nacional de livre de PSC para a região
composta pelos estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo,
Tocantins e o Distrito Federal. Esse reconhecimento nacional foi ampliado em 2009, com
inclusão do estado de Rondônia, e em 2013, com a incorporação do estado do Acre e dois
municípios do estado do Amazonas, acompanhando a composição geográfica e os controles da
zona livre de febre aftosa com vacinação, reconhecida pela OIE.
A partir de 2014, a OIE passou a incluir a PSC na lista de doenças avaliadas pela Comissão
Científica para Doença dos Animais, com vistas ao reconhecimento do status sanitário de país
ou zona livre da doença por aquela Organização. Neste sentido, o MAPA encaminhou à OIE
pleitos para reconhecimento de ZL de PSC, que foram oficialmente reconhecidas em 2015 e
2016.

Este processo de reconhecimento internacional de ZL priorizou as regiões de maior relevância


para produção e exportação de suínos e seus produtos e acompanhou a evolução da ZL de
febre aftosa alcançada até 2014. Atualmente, cerca de 82% do rebanho suíno brasileiro
encontram-se em ZL de PSC, envolvendo, aproximadamente, 50% do território nacional.

Atualmente, a condição zoossanitária da doença no Brasil, segundo a OIE, está constituída


pelas seguintes zonas (Figura 04):

• duas ZL: uma constituída pelos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina; e
outra pelos estados do Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Tocantins e
os Municípios de Guajará, Boca do Acre, sul do Município de Canutama e sudoeste do
Município de Lábrea, pertencentes ao estado do Amazonas;

• uma ZnL: formada pelos estados de Alagoas, Amapá, Amazonas (exceto região
pertencente à ZL), Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e
Roraima.

Dessa forma, desde 2016, o Programa Nacional de Sanidade dos Suínos (PNSS) trabalha em
duas linhas: a) manter a condição zoossanitária nas ZL; e b) evoluir no processo de erradicação
da doença na ZnL, buscando o reconhecimento de todo o país como livre de PSC. Trata-se de
objetivos associados, uma vez que a erradicação da doença na ZnL contribui para a garantir o
status sanitário na ZL.
A partir de 2016, o objetivo de erradicação da PSC foi inserido no Plano Plurianual 2016- 2019
do Governo Federal e algumas iniciativas foram estabelecidas no âmbito do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como a instituição, pela Secretaria de Defesa
Agropecuária (SDA), de um GT visando a elaboração de estratégia para erradicação da doença
em estados da Região Nordeste (Portaria SDA nº 25, de 5 de abril de 2016).

O referido GT apontou diretrizes para implantação do programa de controle e erradicação da


PSC, incluindo propostas de revisão de atos normativos, manuais técnicos e programas de
capacitação. Também recomendou a adoção de ações específicas visando o melhor
conhecimento sobre os sistemas de produção predominantes e a condição epidemiológica da
doença na região, de forma a permitir a definição de estratégias de intervenção adequadas às
realidades locais.

No entanto, até o final de 2018, a concreta implantação do programa não foi priorizada.
Algumas das estratégias propostas foram iniciadas, como a fortalecimento dos programas
estaduais de sanidade suína, incluindo a elaboração e aplicação do manual de procedimentos
de vigilância e ações de educação sanitária, além da capacitação do quadro técnico dos
serviços veterinários estaduais (SVE) para execução de ações previstas no PNSS, principalmente
quanto à atenção a casos suspeitos de doenças da síndrome hemorrágica dos suínos.

Como consequência da melhoria do sistema de vigilância na região, em outubro de 2018 foi


confirmado caso da doença no estado do Ceará e, a partir de então, foram registrados 67 focos
de PSC, distribuídos em 28 municípios nos estados de Alagoas, Ceará e do Piauí, resultando na
eliminação de, aproximadamente, 6.500 suínos, pertencentes a mais de 750 produtores.

A doença vem causando significativos impactos sociais e econômicos, além de preocupações


com sua possível reintrodução na ZL. Até final de julho de 2019, os custos com indenização aos
produtores e com a operação do SVO ultrapassaram o valor de 1,5 milhão de Reais.
. Região contemplada pelo Plano

A região considerada abrange toda a ZnL de PSC e representa cerca de 50% do território
brasileiro, onde se encontra, aproximadamente, 18% do rebanho suíno nacional, distribuído
em mais de 300 mil estabelecimentos rurais, predominantemente de pequenos produtores
familiares. A região inclui 11 UF, que apresentam características produtivas, sociais, econômicas
e ambientais diversas, o que aumenta o desafio para o desenvolvimento das ações necessárias
ao controle e erradicação da PSC. Embora em menor número, a região também possui granjas
de produção tecnificada que serão também diretamente beneficiadas pela redução do risco de
ocorrência da PSC e o fim das restrições ao comércio de seus produtos.

A suinocultura nessa região representa importante fonte de renda e de proteína animal para as
populações locais, sobretudo, para os pequenos produtores rurais em situação de
vulnerabilidade socioeconômica, que praticam, em sua maioria, a criação de suínos de forma
extensiva. Nesse sistema de criação, os animais ficam soltos, sem maior preocupação com a
produtividade. Animais de diferentes categorias são criados e manejados de forma conjunta,
dificultando o controle sanitário ou zootécnico.

As características produtivas, sociais, econômicas e ambientais aumentam o desafio para o


desenvolvimento das ações necessárias ao controle e à erradicação da PSC. Conhecer e analisar
aspectos da suinocultura local auxilia os técnicos no entendimento dos problemas sanitários,
fornecendo subsídios para o desenvolvimento de estratégias específicas de enfrentamento do
problema. Um bom diagnóstico situacional, incluindo detalhada caracterização das condições
das criações e das relações comerciais é importante para um planejamento efetivo e para o
direcionamento e gestão de ações com objetivo de erradicar a PSC. Neste aspecto, um tema
relevante referese à necessidade de melhoria na qualidade da informação disponível, subsídio
básico para o planejamento e a implantação das ações de intervenção. É reconhecida a
deficiência de cobertura e atualização das informações sobre os estabelecimentos de criação
de suínos, especialmente em sistemas de produção não tecnificada.

Os estados da ZnL apresentam um pequeno número de estabelecimentos de abate de suínos


com inspeção oficial. Essa realidade reforça a importância da vigilância para PSC considerar os
locais de abate clandestino de suínos, caracterizados como pontos de risco e demandando
especial atenção por parte do SVE.

O problema da PSC na ZnL é real e desafiador para o SVO brasileiro. Nos últimos quinze anos
foram registrados 95 focos de PSC, conforme demonstrado na Tabela 02. Apesar da adoção de
medidas sanitárias para eliminação desses focos, vários fatores contribuíram para que as ações
não fossem suficientes para reduzir ou eliminar a prevalência da doença na ZnL.

Um dos principais fatores para o sucesso de qualquer estratégia de intervenção contra a PSC na
região passa pelo fortalecimento dos SVO dos estados envolvidos. No período de 2016 a 2018,
os SVE das UF envolvidas foram avaliados no âmbito do Programa de Avaliação e
Aperfeiçoamento da Qualidade dos Serviços Veterinários (Quali-SV), por auditorias do
Departamento de Saúde Animal (DSA/SDA), apresentando resultados não satisfatórios, que
demandam adequações e investimentos para viabilizar a execução das ações previstas. O
Quali-SV avalia quatro elementos essenciais ou fundamentais, respaldados pela OIE:

1. recursos humanos, físicos e financeiros para conseguir meios e reter os profissionais com
competências técnicas e capacidade de liderança;
2. autoridade, capacidade técnica e operacional para enfrentar temas novos e atuais com base
em princípios científicos;

3. interação com as partes interessadas para obter informações confiáveis e atualizadas e


fornecer programas e serviços adequados; e

4. capacidade de certificação para acesso a mercados por meio de conformidade com as


normas existentes e a implementação de conceitos como a harmonização das normas,
equivalência, zoneamento etc.

A avaliação do Quali-SV visa medir o desempenho destes quatro elementos essenciais para um
serviço veterinário de qualidade, avaliando uma série de competências para cada um dos
elementos, em uma escala de cinco níveis de avanço. O nível de avanço 1 indica a pior
condição, enquanto o nível 5 representa a condição ótima, onde além de cumprir com as
recomendações, o SVE desenvolve inovações e melhorias de forma continuada. Para o item
avaliado ser considerado como adequado, espera-se um nível de avanço 4. Os resultados da
avaliação Quali-SV nas UF envolvidas, sintetizados por meio de um indicador de qualidade, que
representa a média ponderada dos índices obtidos em cada item avaliado, segundo os
elementos considerados. Como observado, o indicador variou entre 2,0 e 2,7 nas UF avaliadas,
com ênfase na implantação das ações para PSC. Os valores estão bem abaixo de um nível
esperado de adequação, demonstrando clara necessidade de aportes técnicos e orçamentários
visando a melhoria de qualidade dos SVE na região, com vistas à implantação do PNSS.

Objetivo

Erradicar a PSC na ZnL do Brasil, reduzindo as perdas diretas e indiretas causadas pela doença e
gerando benefícios pelo status sanitário de país livre da doença.

3.2. Justificativas

Como informado, a PSC causa graves perdas diretas, associadas à morbidade e mortalidade de
suínos, além da queda de produtividade e fertilidade, agregando custos à produção e impactos
econômicos à sociedade. Também produz perdas indiretas difusas, relacionadas aos custos dos
programas de controle e erradicação e restrições de acesso a mercados de suínos e seus
produtos quando originários ou procedentes de áreas com a doença, tanto no âmbito nacional
como internacional.

Em áreas onde a PSC é endêmica, as perdas diretas associadas à mortalidade de suínos podem
chegar à 13,5%, conforme estimativas feitas em Honduras. No México, em estudo de avaliação
dos impactos econômicos da PSC, foi considerado que a doença causava perdas por diminuição
da fertilidade em 10%, incluindo abortos e repetições de cio, aumento médio de 3% de
nascidos mortos e 2% de fetos mumificados, aumento de 5% de mortalidade na maternidade,
de 3% ao desmame, de 2% na engorda e de 20 dias a mais no período de engorda, totalizando
um custo de U$ 226,10/fêmea.

Desta forma, os produtores de suínos que convivem com a PSC em seus rebanhos, sofrem
perdas diretas bastante relevantes. Essas perdas se dão principalmente em segmentos da
sociedade em situação de vulnerabilidade social e econômica, nos quais a criação de suínos
representa a única fonte de proteína animal ou a principal fonte de renda familiar.

É esperado que a erradicação da PSC viabilize o crescimento, a estruturação e a modernização


da cadeia da suinocultura na região envolvida, que representa um importante mercado
consumidor, além de agregar valor à produção de grãos da região do MATOPIBA e atrair
investimentos na indústria de alimentos com o fim das restrições de mercado de suínos e seus
produtos.

O avanço no controle e erradicação da PSC na ZnL possibilitará o fortalecimento das


capacidades do SVO em desenvolver outros programas sanitários e a vigilância das doenças
animais, além de salvaguardar a atual ZL e as exportações brasileiras de produtos suínos.

A erradicação da PSC no país também contribuirá para melhoria da imagem e acesso a


mercados dos produtos pecuários nacionais, considerando tratar-se de uma doença erradicada
na maioria dos países desenvolvidos, incluindo todos os principais exportadores de carne
suína. Apesar do princípio de zonificação preconizado pela OIE e pela Organização Mundial do
Comércio (OMC), alguns mercados estabelecem restrições a países com áreas infectadas pela
PSC.

Estratégias

Como base de sua estratégia, o Plano proposto visa promover o fortalecimento do SVO e do
sistema de vigilância para as doenças dos suínos, incluindo a implantação de um programa de
vacinação sistemática contra a PSC de forma regionalizada.

Regionalização

Em virtude da ampla área geográfica da ZnL, que abarca diferentes realidades


socioeconômicas, ambientais e epidemiológicas, mostra-se necessária uma intervenção de
forma regionalizada. Para definição das regiões e respectivas estratégias, foram consideradas
informações sobre a distribuição e características produtivas, as relações comerciais existentes,
o histórico de ocorrência da doença e a contiguidade geográfica. Como resultado dessa análise,
foi proposta a subdivisão da ZnL em três regiões, considerando a possibilidade de eventuais
ajustes em decorrência de avaliações ao longo da execução do Plano Estratégico (Figura 10):

• Região I: Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do


Norte. Nesta Região há focos ativos de PSC em Alagoas, Ceará e Piauí, sendo desconhecida a
situação das demais UF. Há grande probabilidade de a infecção estar presente nas demais UF,
haja vista a estreita interrelação de animais e produtos de risco para disseminação do vírus,
associada à deficiência e dificuldade no controle de trânsito de animais.

• Região II: Amapá e parte do Pará, representada pelas mesorregiões do Marajó,


Metropolitana de Belém, Nordeste e pela microrregião de Paragominas. Nesta Região, houve a
detecção do vírus da PSC em 2009, em Afuá e Chaves, PA, e Macapá, AP, com a realização de
ações de eliminação de foco. As campanhas de vacinação ocorreram somente no estado do
Amapá, com duração e cobertura vacinal aquém do preconizado. As investigações
epidemiológicas conduzidas nos dois estados não permitiram detectar a origem dos focos.

• Região III: Amazonas (exceto região pertencente à ZL), Roraima e parte do Pará,
constituída pelas mesorregiões do Baixo Amazonas, Sudoeste e Sudeste (exceto microrregião
de Paragominas). Nesta Região, não há registro de ocorrência da PSC nos últimos 15 anos.
Entretanto, é necessária uma melhor caracterização do sistema produtivo de suínos e sobre a
condição epidemiológica da doença, pois a falta de informações e de ações consistentes de
vigilância não oferecem garantias de ausência da infecção. Estudos epidemiológicos específicos
deverão ser realizados para apoiar a avaliação de transmissão viral na Região.
A regionalização proposta busca a aplicação de diferentes estratégias para o controle e a
erradicação da PSC, com base nas avaliações epidemiológicas, nas características e na dinâmica
da suinocultura local, no engajamento de autoridades do segmento público e do setor privado
e nos recursos financeiros e humanos disponíveis.

Elaboração dosPlanos Estaduais

Para que o Plano consiga atingir seus objetivos é necessário que cada UF elabore seu próprio
Plano com base em características próprias de vigilância epidemiológica e perfil agroprodutivo.

Para isso as Equipes Gestoras estaduais deverão ter como base o Plano nacional e estabelecer
sua metodologia de trabalho para cada ação a ser desenvolvida.

Cada ação deverá possuir um detalhamento para a sua execução, que incluirá minimamente os
seguintes itens: responsáveis, atores, localização (onde será executada a ação), total dos
recursos, fonte do recurso, cronograma, indicadores, metas e atividades de monitoramento e
avaliação.

Os Planos Estaduais deverão ser enviados para a Equipe Gestora Nacional para conhecimento,
monitoramento e avaliação durante a execução do Plano nas UF.

Caso uma UF atinja a meta de 90% de cobertura vacinal e de propriedades em duas campanhas
consecutivas (para as regiões onde está prevista a vacinação), e a vigilância demonstrar
ausência da doença clínica, a UF poderá pleitear o ingresso na fase de consolidação e iniciar o
processo de reconhecimento como livre de PSC, caso haja possibilidade geográfica e
socioeconômica de separação das demais UF pertencentes à respectiva Região.
PESTE SUÍNA AFRICANA (PSA)
Situação epidemiológica

Doença erradicada e ausente no Brasil (última ocorrência: 1981, em Pernambuco).

AGENTE

Asfivirus da família Asfarviridae.

ESPÉCIES SUSCETÍVEIS

Suínos (Sus scrofa) domésticos ou asselvajados e suídeos silvestres (família Suidae).

SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

Forma hiperaguda: mortalidade súbita, podendo não haver a manifestação de sinais clínicos,
febre alta (40,5 a 42°C) e extremidades cianóticas, com evolução rápida e mortalidade que
pode chegar a 100% dos animais afetados.

Formas aguda e subaguda: febre (40,5 a 42°C), anorexia, letargia, animais amontoados,
conjuntivite, vômito, diarreia inicialmente mucoide, evoluindo para diarreia sanguinolenta,
extremidades cianóticas, lesões hemorrágicas na pele, dispneia, abortos, paresia de membros
posteriores, ataxia, convulsão e a morte pode ocorrer de 7 a 10 dias após o início dos sinais
clínicos. As taxas de mortalidade podem variar de 30 a 100%.

Forma crônica: perda de peso, febre (40,5 a 42°C), necrose ou úlceras na pele, artrite,
pericardite e sinais clínicos respiratórios. A evolução dos sinais clínicos é lenta, de 2 a 15 meses,
e as taxas de mortalidade são baixas.

Exame post mortem: lesões hemorrágicas em múltiplos órgãos, esplenomegalia congestiva,


edema mesentérico no cólon adjacente à vesícula biliar e aumento de linfonodos.

VIGILÂNCIA

Objetivos da vigilância:

• Detecção precoce e erradicação da PSA.

População-alvo: suínos domésticos de criações comerciais e de subsistência, asselvajados e


suídeos silvestres.

TRANSMISSÃO

O vírus pode ser transmitido pelas vias direta (principalmente por contato oronasal entre os
animais, aerossóis, secreções, excreções, sangue e sêmen) ou indireta (água, alimentos,
fômites, trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos, vestuários, produtos e
alimentos de origem animal).

O fornecimento de restos de alimentos contaminados com o vírus aos suínos, sem tratamento
térmico, é a forma de introdução da doença mais comum em países ou zonas livres.

Vetores: carrapatos do gênero Ornithodoros e moscas dos estábulos (Stomoxys calcitrans).

Período de incubação: 4 a 19 dias.

CRITÉRIO DE NOTIFICAÇÃO
Notificação imediata ao serviço veterinário oficial (SVO) de qualquer caso suspeito (doença da
categoria 1 do anexo da IN nº 50/2013).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Peste suína clássica (PSC), doença de Aujeszky (DA), síndrome reprodutiva e respiratória dos
suínos (PRRS), circovirose, salmonelose, pasteurelose, parvovirose, diarreia viral bovina (BVD),
leptospirose, erisipela, infecções por Streptococcus suis, Glaesserella parasuis e intoxicação por
cumarínicos.

O diagnóstico diferencial deve ser considerado para avaliação do quadro clínico e


epidemiológico. O diagnóstico laboratorial deve priorizar a confirmação ou a exclusão das
doenças-alvo da vigilância.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Detecção do agente ou do ácido nucleico:

• PCR em tempo real

• Isolamento e identificação viral

ORIENTAÇÃO PARA COLHEITA DE AMOSTRA

Colher amostras de sangue de suínos com sinais clínicos ou convalescentes para obtenção de
soro (2mL) e amostras de sangue total com EDTA (5mL).

Realizar a eutanásia dos animais com sinais clínicos e colheita de amostras dos seguintes
órgãos: tonsilas (amígdalas), baço, linfonodos, pulmão e porção distal do íleo (20 a 50 gramas
de cada órgão). Acondicionar os órgãos separadamente em frascos ou sacos plásticos
identificados.

As amostras devem ser enviadas ao LFDA-MG preferencialmente refrigeradas, quando a


previsão de chegada ao laboratório for de até 48 horas após a colheita do material. Caso
contrário, as amostras devem ser enviadas congeladas, preferencialmente a -80°C.

Devido à grande variação individual dos quadros virológicos e imunológicos de PSA, quanto
maior o número de animais testados, maior a chance de um diagnóstico conclusivo. Portanto,
deve-se priorizar a colheita de amostras do maior número possível de animais com sinais
clínicos, evitando-se amostrar apenas um único animal.

DEFINIÇÃO DE CASO

Caso Suspeito de PSA:

1. suíno (doméstico, silvestre ou asselvajado) com sinais clínicos ou lesões compatíveis com
PSA, associados ou não ao aumento das taxas de mortalidade.

Caso provável de PSA:

1. suíno com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSA constatados pelo SVO; OU

2. resultado positivo em teste de PCR em amostra de vigilância ativa para PSA.

A constatação de caso provável de PSA exige a adoção imediata de medidas de biosseguridade


e de providências para o diagnóstico laboratorial para a exclusão ou a confirmação da doença.
Caso confirmado de PSA (foco):

1. isolamento e identificação do vírus da PSA em amostras procedentes de um ou mais suínos


com ou sem sinais clínicos da doença; OU

2. identificação de antígeno viral ou ácido nucleico específico do vírus da PSA em amostras


procedentes de um ou mais suínos com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSA; ou
epidemiologicamente vinculados a um caso confirmado da PSA; ou com indícios de exposição
ao vírus da PSA.

OBS 1: o primeiro caso/foco de PSA no Brasil deve ser confirmado com isolamento e
identificação do vírus, seguido de sequenciamento genético.

OBS 2: em um foco de PSA confirmado, todos os suínos com sinais clínicos compatíveis com
PSA serão considerados casos confirmados.

Suspeita descartada: caso suspeito não classificado como caso provável de PSA após
investigação clínico-epidemiológica realizada pelo SVO.

Caso descartado: caso provável que não atendeu aos critérios de confirmação de caso após a
investigação oficial.

MEDIDAS A SEREM APLICADAS

A ocorrência de um foco de PSA no Brasil configura uma situação de EMERGÊNCIA


ZOOSANITÁRIA, sendo necessária a adoção de medidas sanitárias para impedir a disseminação
da doença e eliminar o foco imediatamente.

Medidas aplicáveis em investigação de casos prováveis de PSA em suínos de criação comercial


ou de subsistência: interdição da unidade epidemiológica, rastreabilidade de ingresso e
egresso, investigação de vínculos epidemiológicos, colheita de amostras para diagnóstico
laboratorial e isolamento dos animais.

Medidas aplicáveis em focos de PSA em suínos de criação comercial ou de subsistência:


eliminação de casos e contatos na unidade epidemiológica, destruição das carcaças,
desinfecção, utilização de animais sentinelas e comprovação de ausência de circulação viral,
zonificação e vigilância dentro da zona de contenção e proteção.

Medidas aplicáveis em caso de foco de PSA em suínos asselvajados: intensificação das ações de
vigilância na população de suínos asselvajados e nos estabelecimentos de suínos de criação
comercial ou subsistência, da mesma região, ampliando-se também a comunicação de risco
para intensificação de medidas de biosseguridade.

PRAZO PARA ENCERRAMENTO DE FOCO / CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES

Nas suspeitas descartadas de PSA, a investigação deve ser concluída imediatamente.

Nos casos prováveis de PSA, a investigação deve ser encerrada após diagnóstico conclusivo
negativo para PSA.

Um foco de PSA somente será encerrado após a eliminação dos suínos existentes e a
comprovação de ausência da infecção viral nos estabelecimentos de criação comercial ou
subsistência.
PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA PESTE SUÍNA AFRICANA
A PSA é uma doença viral hemorrágica, de alta letalidade, que afeta exclusivamente suínos
domésticos, selvagens ou asselvajados, ocasionando grandes impactos econômicos e sociais
nos países afetados. A PSA não pode ser distinguida de outras doenças hemorrágicas com base
apenas nos sinais clínicos e não representa risco à saúde pública.

As ações de prevenção para a PSA são baseadas em medidas sanitárias rigorosas, com
destaque para a restrição da movimentação de animais e produtos de risco e o fortalecimento
das medidas de biosseguridade nas granjas de suínos. Não há vacina disponível e nem
tratamento. A detecção precoce de casos suspeitos e a imediata notificação ao SVO são
fundamentais para viabilizar a rápida resposta para contenção e erradicação da PSA,
minimizando os prejuízos causados.

A PSA foi descrita pela primeira vez em 1921, no Quênia, como uma nova doença com alta
mortalidade em suínos europeus recentemente importados. Posteriormente, a PSA foi relatada
em vários países da África subsaariana, onde o vírus é mantido em um ciclo que envolve suínos
selvagens africanos e carrapatos do gênero Ornithodoros ou em um ciclo envolvendo suínos
domésticos, com ou sem a participação de carrapatos.

A primeira ocorrência de PSA fora do continente africano se deu em Portugal, em 1957,


próximo de Lisboa. Uma segunda introdução da doença, em 1959, disseminou-se por toda a
Península Ibérica e, durante anos, vários países europeus e americanos sofreram surtos de PSA,
causados principalmente pela movimentação de produtos contaminados. Com o tempo, esses
surtos foram erradicados, exceto na ilha da Sardenha (Itália), onde a doença é endêmica desde
1978.

No Brasil, o vírus da PSA foi introduzido em 1978 por meio de sobras de alimentos de bordo de
voos procedentes de Portugal e Espanha. O foco índice (e primário), detectado no Rio de
Janeiro, caracterizou-se por alta virulência e letalidade. A partir daí a doença disseminou-se
pela movimentação de animais infectados e produtos contaminados, resultando em outros 230
focos, sendo a última ocorrência de PSA registrada em 1981, em Pernambuco. As medidas
adotadas pelo SVO brasileiro permitiram a erradicação da doença e o País foi declarado livre
em 1984.

A PSA permaneceu restrita ao continente africano e a Sardenha desde a sua erradicação na


Espanha (1995) e em Portugal (1999). Entretanto, em 2007, houve a reintrodução do vírus no
continente europeu pela Geórgia, na região do Cáucaso, provavelmente devido ao descarte
inadequado de carne suína contaminada de um navio atracado no porto de Poti.
Posteriormente, focos da doença foram registrados em outros países do leste e sudeste
europeu, tendo os javalis como principal fator de disseminação da PSA.

Em 2018, a PSA foi observada na Europa Ocidental, especificamente na Bélgica, e em 2020 na


Alemanha, onde foram detectados centenas de javalis infectados, elevando o risco de
disseminação da doença pelo continente.

Ainda em 2018, o vírus foi detectado em suínos no leste da China e, a partir de 2019, a doença
disseminou-se no sudeste asiático, causando preocupação mundial.

Finalmente, em 2021, depois de 40 anos sem a ocorrência da doença nas Américas, a PSA foi
identificada na República Dominicana e no Haiti. A OMSA e a FAO têm desenvolvido
cooperação e ações conjuntas para apoiar os países na contenção e erradicação da PSA e
constantemente atualizam a situação epidemiológica da doença no mundo.

2. OBJETIVOS, PRINCÍPIOS, ESTRATÉGIAS E BASE LEGAL

2.1. Objetivos

De forma geral, independente das estratégias a serem adotadas, os objetivos iniciais da


resposta emergencial à PSA visam conhecer a dimensão do problema, buscando sua contenção
ao menor espaço territorial possível, com consequente redução dos impactos econômicos e
sociais.

Especificamente, os objetivos da resposta emergencial à PSA são:

a) identificar, conter e eliminar os focos de PSA;

b) erradicar a PSA;

c) implementar uma gestão de risco eficaz para permitir a continuidade das atividades
agropecuárias.

Alcançar esses objetivos permitirá a retomada da normalidade da cadeia produtiva e da


condição zoossanitária do País tão rapidamente quanto possível, evitando desestabilizar a
produção de alimentos e a economia regional ou até mesmo nacional.

2.2. Princípios

O controle e a erradicação da PSA baseiam-se nos seguintes princípios epidemiológicos:

a) interromper a produção e disseminação do vírus da PSA por suínos infectados;

b) impedir o contato entre suínos suscetíveis e o vírus da PSA;

c) reduzir o número de suínos suscetíveis sob risco direto de infecção;

d) interromper a transmissão do vírus da PSA por vetores;

e) evitar que o vírus da PSA se estabeleça em populações de suínos asselvajados.

2.3. Estratégias

Na ausência de vacinas, a principal estratégia para controle e erradicação da PSA em países


livres fundamenta-se na rápida identificação e eliminação de animais infectados e seus
contatos diretos e indiretos, associada à restrição da movimentação na área de emergência.

A estratégia de eliminação deve priorizar os rebanhos clinicamente afetados dentro dos focos
para suprimir a multiplicação do vírus e, em seguida, alcançar os rebanhos sabidamente
expostos ou com evidências claras de vínculo epidemiológico (de tempo, local ou exposição).

Devido à possível persistência do vírus da PSA no ambiente, deve-se estabelecer uma


estratégia de descontaminação e vazio sanitário dos locais (instalações) onde houve
confirmação de ocorrência da doença, assim como descontaminação de veículos e
equipamentos, com o objetivo de evitar a disseminação do vírus.

A restrição da movimentação de animais e de mercadorias consideradas de risco para PSA,


conforme o Código Sanitário para os Animais Terrestres (Código Terrestre) da OMSA, deve vir
acompanhada de controles eficazes nos postos fixos e equipes volantes de fiscalização do
trânsito.

A investigação epidemiológica deve rastrear todas as propriedades vinculadas ao foco por


contato direto ou indireto desde, pelo menos, 30 dias antes do aparecimento dos primeiros
sinais clínicos. A investigação epidemiológica com suas ramificações deve ser realizada
imediatamente para se delimitar a área de emergência zoossanitária, na qual deve-se
estabelecer a interdição de todas as propriedades com animais suscetíveis.

Dentro da área de emergência zoossanitária, devem ser definidas áreas de risco


epidemiológico diferenciado (perifocal, vigilância e proteção) e estabelecidas estratégias de
vigilância específicas, considerando as rotas de trânsito, a implantação de postos fixos, a
distribuição das equipes de fiscalização volante e das equipes de vigilância. A área de
emergência deve evoluir com objetivo de atender o conceito de zona de contenção
estabelecido pela OMSA.

Pode-se lançar mão da eliminação preventiva de rebanhos sadios, definidos por proximidade
ou vínculo epidemiológico, conforme avaliação do SVO, para diminuir a quantidade de animais
suscetíveis na área de emergência zoossanitária e controlar temporariamente a dispersão do
vírus até que as medidas de destruição de prováveis fontes de infecção tenham sido capazes de
suprimir o agente viral na área.

Como se observou na Europa e em algumas regiões da Ásia, a transmissão do vírus da PSA


parece depender em grande parte da densidade populacional dos javalis e da interação com os
sistemas de produção suína e os níveis da biosseguridade. Desta forma, o conhecimento e bom
manejo de suínos selvagens ou asselvajados, baseados em estimativas populacionais, e uma
boa coordenação entre os Serviços Veterinários e as autoridades ambientais são necessários
para prevenir e controlar a PSA de maneira exitosa. Dependendo da situação epidemiológica,
os programas de controle devem considerar também a participação de carrapatos
Ornithodoros como vetor biológico.

Entre outros temas que devem ser considerados na definição das estratégias de intervenção
destacam-se as questões relativas à indenização dos proprietários - e a respectiva
disponibilidade de fundos de indenização – e atividades de educação e comunicação social.

Em resumo, a aplicação prática dos princípios de controle e erradicação da PSA implicará a


adoção de um conjunto de estratégias e medidas que operam ao mesmo tempo ou
consecutivamente, e que visam:

a) eliminar as fontes do vírus, por sacrifício sanitário:

i. eutanásia de todos os animais infectados ou potencialmente infectados;

ii. descarte de animais mortos e descarte ou tratamento de outras mercadorias e fômites


potencialmente contaminados, observando as regras de biossegurança; e

iii. limpeza e desinfecção e, se pertinente, desinsetização de instalações e outros locais ou


fômites, como veículos, materiais e equipamentos;

b) rastrear animais infectados e potencialmente infectados, além de mercadorias ou fômites


contaminados, por investigação epidemiológica;

c) impedir a propagação da doença, por:


i. restrição da movimentação de animais, mercadorias e fômites;

ii. reforço da biosseguridade;

iii. vacinação (quando disponível) ou abate seletivo de animais sob risco;

iv. controle de reservatórios e vetores; e

v. comunicação e conscientização pública

Deve-se reconhecer, que podem haver desafios significativos para controlar e erradicar a PSA,
dependendo das características epidemiológicas da epizootia. Existem vários fatores que
influenciam as estratégias de controle e erradicação da PSA, sendo alguns favoráveis e vários
desfavoráveis:

a) fatores favoráveis:

i. o suíno é a única espécie doméstica suscetível;

ii. os sinais clínicos são indicadores proeminentes de sua possível presença;

iii. os humanos não são suscetíveis.

b) fatores desfavoráveis:

i. é uma doença altamente contagiosa;

ii. não há vacina ou tratamento disponível;

iii. o vírus pode permanecer viável por prolongados períodos em fômites e nos tecidos de
suínos infectados, produtos à base de carne e processados;

iv. os carrapatos do gênero Ornithodoros transmitem o vírus;

v. cepas de baixa virulência do vírus podem dificultar sua detecção clínica;

vi. as populações de suínos asselvajados são suscetíveis;

vii. existe grande variação na biosseguridade das criações de suínos, desde criações de
subsistência até aquelas com alta tecnologia.

Dessa forma, a definição das estratégias e a tomada de decisão quanto às ações para controle e
erradicação da PSA devem ser compartilhadas entre o MAPA e o SVE, e devem considerar:

a) as características da atividade pecuária dos estabelecimentos afetados;

b) os sistemas de produção agropecuária predominantes na área de emergência;

c) as densidades das espécies domésticas e selvagens (ou asselvajadas) envolvidas;

d) a presença de reservatórios ou vetores naturais;

e) a rapidez de detecção do caso primário e a expectativa de dispersão da doença;

f) o número de contatos dos animais inicialmente infectados;

g) as características específicas do subtipo do vírus relacionado com a epizootia;

h) a existência de barreiras físicas naturais;


i) a estimativa da extensão geográfica e da duração da epizootia;

j) os recursos humanos e financeiros disponíveis para as atividades;

k) a capacidade laboratorial para realização de testes;

l) a opinião pública e valores sociais, incluindo questões relacionadas ao bem-estar animal;

m) os fatores econômicos (custo-benefício pela perda de produção ou de mercado versus custo


de erradicação para restituição do status anterior).

2.3.1. Temas envolvidos com a definição das estratégias

Na sequência, são destacados três temas diretamente envolvidos com a definição das
estratégias a serem adotadas na emergência zoossanitária e que devem ser de amplo domínio
pelos profissionais envolvidos nos processos de decisão: restituição da condição zoossanitária
internacional; uso da vacinação de emergência e implantação de zona de contenção.

Entre outros temas que devem ser considerados na definição das estratégias de intervenção
destacam-se as questões relativas à indenização dos proprietários dos animais e respectiva
disponibilidade de fundos de indenização, o que será abordado mais à frente neste
documento.

2.3.1.1. Restituição da condição zoossanitária internacional

Apesar de a OMSA não conceder reconhecimento oficial à condição de livre de PSA, o Brasil,
como país membro, pode autodeclarar o país, uma zona ou um compartimento como livre de
PSA, com base nos Artigos 15.1.4 e 15.1.5 do Código Terrestre.

Os parceiros comerciais avaliarão todas as autodeclarações do Brasil quanto à condição de livre


de PSA, tanto após uma ocorrência, quanto para quaisquer atividades de zonificação que
possam ocorrer durante a emergência. Os parceiros comerciais determinarão se devem
suspender ou modificar as restrições comerciais com base nas informações fornecidas pelo
Brasil.

No caso de ocorrências em país ou zona livre de PSA, devem ser avaliadas as regras
internacionais para restituição da condição zoossanitária acordadas pelos países membros e
publicadas no Código Terrestre. Em sua edição de 2021, o Código apresenta no Artigo 15.1.7 as
seguintes condições para restituição da condição zoossanitária para PSA:

a) o status será restaurado três meses após a desinfecção do último estabelecimento infectado,
desde que:

i. o sacrifício sanitário tenha sido implementado e, caso haja suspeita ou confirmação do

envolvimento de carrapatos4 na epidemiologia da infecção, na sequência tenham sido


utilizados suínos sentinelas por dois meses nos estabelecimentos infectados; e

ii. a vigilância tenha sido realizada de acordo com o Capítulo 15.1.31. do Código Terrestre com
resultados negativos;

b) caso contrário, aplicam-se as disposições da seção 2 do Artigo 15.1.4, a saber:

i. todos os critérios descritos no Artigo 15.1.3 são atendidos;


ii. a vigilância foi estabelecida de acordo com os Artigos 15.1.28. a 15.1.33 durante os últimos
três anos;

iii. nenhum caso de infecção pelo vírus da PSA foi detectado nos últimos três anos; este
período pode ser reduzido para 12 meses se a vigilância tiver demonstrado que não há
evidência da presença ou envolvimento de carrapatos Ornithodoros;

iv. as mercadorias de suínos são importadas de acordo com os artigos pertinentes do Capítulo
15.1.

2.3.1.2. Vacinação de emergência

Até o momento, não existe vacina com eficácia comprovada contra a PSA, apesar de resultados
promissores com vacinas em desenvolvimento em diferentes países.

O Código Terrestre define vacinação de emergência como “...programa de vacinação aplicado


como resposta imediata a um foco ou ao aumento de risco de introdução ou surgimento de
uma doença” (Artigo 4.18.2).

A chave para decidir acerca do uso da vacinação de emergência depende da capacidade de


estimar a taxa de dispersão da doença e a taxa de contato entre os animais suscetíveis. Quando
disponível, a vacinação de emergência representa importante instrumento técnico para conter
a disseminação de doenças de curso agudo e de alta transmissibilidade. A decisão pelo seu uso,
entretanto, requer avaliação criteriosa das questões operacionais envolvidas e de suas
consequências econômicas, o que deve ser considerado pelas autoridades estaduais e federais.

2.3.1.3. Zona de contenção

Em 2007 foi incorporado o conceito de zona de contenção à 16ª edição do Código Terrestre da
OMSA, representando um recurso particular do conceito de zoneamento, definido atualmente
e de forma geral como:

“zona infectada definida dentro de um país ou zonas previamente livres que inclui todos os
casos confirmados ou suspeitos que estão epidemiologicamente vinculados, e na qual se
aplicam medidas de controle de movimentação, biosseguridade e sanitárias para impedir a
propagação e erradicar a infecção ou infestação”.

Esse recurso reforça a relevância da abordagem geográfica no atendimento às emergências


zoossanitárias e representa uma importante estratégia para reduzir os impactos econômicos e
sociais decorrentes da suspensão do reconhecimento de todo o país ou zona livre de PSA, uma
vez que a suspensão poderá ficar restrita à zona de contenção.

O Código Terrestre da OMSA disponibiliza em seu Capítulo 4.4 diretrizes gerais sobre
zonificação e compartimentação e orientações específicas para a PSA no Capítulo 15.1, com
destaque para o artigo 15.1.6, intitulado “Estabelecimento de uma zona de contenção em um
país ou uma zona livre de PSA”.

Entre os tipos de zonas previstos pela OMSA, no caso específico do objetivo deste plano de
contingência, destacam-se, os conceitos de zona infectada, zona de proteção e zona de
contenção.

Conforme o Artigo 4.4.7 do Código Terrestre, a implantação de uma zona de contenção deve
estar baseada em uma resposta rápida, prevista em um plano de contingência, incluindo:
a) apropriado controle da movimentação de animais e de produtos e subprodutos de risco5
para a doença em específico (- Produtos e subprodutos de risco: carne ou produtos à base de
carne de animais infectados; cadáveres, vísceras e demais despojos de suínos infectados;
maravalha ou outro material (serragem, palha, casca de arroz, ...) utilizado como piso nas baias
de suínos infectados; outros objetos e materiais potencialmente contaminados com o vírus da
PSA.);

b) investigação epidemiológica para demonstrar que todos os focos estão relacionados


epidemiologicamente e contidos dentro dos limites da zona de contenção;

c) aplicação do sacrifício sanitário ou de outra estratégia de controle emergencial buscando a


erradicação da doença;

d) procedimentos de identificação da população suscetível na zona de contenção que permita


sua adequada separação do restante da população;
e) incremento da vigilância passiva e específica (Capítulo 1.4 do Código) no restante do país ou
zona, de forma a demonstrar a ausência de infecção ou infestação;

f) medidas sanitárias e de biosseguridade, incluindo vigilância e controle contínuos da


movimentação de animais e de outros produtos e subprodutos de risco dentro e fora da zona
de contenção, para evitar a propagação da infecção ou infestação para o resto do país ou zona
livre.

Inicialmente, o status de livre do país ou zona onde ocorreram focos de PSA é suspenso,
podendo ser restabelecido independentemente das disposições do Artigo 15.1.7, uma vez que
a zona de contenção esteja claramente estabelecida.

Segundo a OMSA, para que uma zona de contenção seja considerada efetivamente
estabelecida é necessário demonstrar uma das seguintes condições:

a) ausência de novos casos da doença na zona de contenção durante, pelo menos, dois
períodos de incubação (período de incubação do vírus da PSA em Sus scrofa é de 15 dias)
contados a partir da eliminação do último caso detectado; ou

b) a zona de contenção está constituída por uma zona interior (zona infectada), na qual os
casos podem continuar a ocorrer, e uma zona exterior (zona sem casos), separando a zona
interior do restante do país ou zona livre, e na qual não tenham ocorrido novos casos por, pelo
menos, dois períodos de incubação após a implementação das medidas de controle descritas
acima.

Se houver ocorrência de um caso da infecção ou infestação para o qual a zona de contenção foi
estabelecida, quer na zona de contenção, conforme opção “a”, quer na zona sem casos,
conforme opção “b”, o resto do país ou zona perde o status de livre.
Entre as medidas aplicadas na zona sem casos, destacam-se a intensificação da vigilância do
trânsito e a identificação e rastreabilidade animal, para assegurar que animais na referida zona
estejam claramente separados de outras subpopulações.

Em complemento às diretrizes gerais apresentadas para constituição da zona de contenção, no


caso específico da PSA, o Artigo 15.1.6 do Código Terrestre estabelece que o programa de
vigilância deve considerar a presença e o papel potencial dos carrapatos do gênero
Ornithodoros e de suínos selvagens ou asselvajados e quaisquer medidas em vigor para evitar
sua dispersão.
Diante do exposto, no caso de ocorrência de foco de PSA em país ou zona livre, os responsáveis
pela intervenção de campo devem buscar a implantação da zona de contenção, em uma das
duas modalidades descritas anteriormente (“a” ou “b”), de forma a reduzir rapidamente os
prejuízos socioeconômicos envolvidos. No caso do Brasil, no que diz respeito a doenças
transmissíveis, trata-se de recurso altamente recomendável, independente de exigências
internacionais ou da OMSA. Sua não utilização requer justificativa embasada tecnicamente,
uma vez que pode demonstrar descontrole da situação zoossanitária em curso.

4. Eliminação de focos

Esse é um ponto crítico de todo o trabalho de erradicação. Envolve um conjunto de atividades


complementare-se sequenciais e que, portanto, devem ser realizadas de forma programada e
independente em cada foco identificado: avaliação e taxação; eutanásia de animais; destruição
de carcaças, coisas e construções; limpeza e desinfecção de instalações e equipamentos; vazio
sanitário; introdução de animais sentinelas e repovoamento.

Também devem ser incluídas atividades de investigação epidemiológica, considerando


avaliação clínica e sorológica, para melhor conhecimento acerca da dispersão do agente viral,
fornecendo parâmetros para trabalhos futuros de intervenção e investigação de
infecção/transmissão viral.

Uma representação esquemática do fluxo das atividades consideradas na eliminação de focos


está disponível na Figura 10, destacando que a introdução de sentinelas não é uma atividade
obrigatória, devendo sua utilização ser definida pela Coordenação-Geral do COEZOO.

Figura: Fluxo das principais atividades para eliminação de focos.

As equipes responsáveis por estas atividades devem seguir de forma criteriosa as


recomendações de biosseguridade (Anexo 09) e obedecer aos intervalos de descanso/vazio
sanitário para contato com outros rebanhos de animais suscetíveis livres da doença.

Dependendo do cenário epidemiológico, deve-se avaliar a necessidade de criar um grupo de


controle de vetores e de suínos asselvajados, dentro das atividades de mitigação dos riscos de
difusão da doença, a partir dos focos identificados.

Na sequência, são apresentadas, de forma resumida, recomendações sobre cada uma das
principais atividades envolvidas na eliminação dos focos. Reforçando que leituras
complementares, como as indicadas no item 1.1 deste Plano de Contingência, são de
fundamental importância na preparação das equipes de trabalho.

4.4.1. Avaliação e taxação

Tem como objetivo estabelecer os valores dos animais, seus produtos e subprodutos e demais
bens destruídos como consequência das ações de emergência zoossanitária, para
embasamento do processo legal de indenização do produtor.
Como regra central, a eliminação de animais ou destruição de bens deve vir acompanhada de
um adequado programa de indenização, que deve ser claramente comunicado desde o início
das ações de eliminação de focos para evitar rumores e desconfianças.

A devida indenização é fundamental para encorajar os produtores a notificar precocemente as


suspeitas de doença ao SVO, facilitando as investigações epidemiológicas e a contenção da
doença, e desestimular atitudes inadequadas, tais como esconder ou movimentar os animais
para outras propriedades, abater os animais para consumo próprio ou venda. Embora um
programa de indenização possa parecer dispendioso, ele irá economizar dinheiro ao encorajar
a notificação precoce.

O trabalho deve ser realizado por comissão nomeada por ato do Superintendente Federal de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento da respectiva UF (Anexo 08), constituída por um médico
veterinário do serviço federal, um representante do governo estadual e um representante do
setor produtivo. A chefia dos trabalhos de cada comissão é de responsabilidade do médico
veterinário do serviço oficial federal, conforme estabelecido pela Lei no 569, de 21 de
dezembro de 1948 (alterada pela Lei no 11.515, de 28 de agosto de 2007, e regulamentada
pelo Decreto no 27.932, de 28 de março de 1950).

As atividades de sacrifício dos animais e destruição de bens somente podem ser executadas
após avaliação pela Comissão, sendo de fundamental importância que os profissionais
envolvidos estejam em prontidão para realizar o trabalho a qualquer momento. De forma a
não ocorrer prejuízo e atrasos nos trabalhos de eliminação das fontes de infecção, a partir da
declaração de emergência zoossanitária, deve ser nomeado um número adequado de
comissões de avaliação, com seus respectivos suplentes.

A avaliação deve seguir valores, padrões e critérios acordados com a Coordenação dos
trabalhos de Campo, citadas as fontes e referências. Todos os membros das comissões criadas
devem ser conhecedores dos procedimentos legais envolvidos e ter experiência e familiaridade
na atividade.

A avaliação dos animais deve ser realizada, preferencialmente, no local onde se encontram,
com base nos valores de mercado (publicados por instituições do setor) frente a características
raciais, genéticas, finalidade econômica, sexo, idade e outros elementos, a critério da comissão.
Não se deve considerar o estado físico dos animais decorrente da enfermidade.

Em relação às coisas ou construções, a avaliação é feita por estimativa das despesas (valor de
mercado) que, a critério da comissão, são necessárias à reposição de objetos ou reconstrução
de instalações.

Após o estabelecimento dos valores, a comissão de avaliação deve lavrar os autos de avaliação
(Anexo 10, para animais, e 11, para coisas e construções), contendo o montante a indenizar e
os critérios aplicados, servindo de base para o processo legal de indenização do proprietário.

Vale reforçar que a rapidez com que se realiza a indenização dos produtores pelos animais e
demais bens destruídos é um dos fatores determinantes do êxito das medidas de saúde animal
adotadas. Não se justifica o atraso ou a suspensão da eutanásia de animais ou destruição de
bens devido a eventuais discrepâncias entre os valores constantes dos autos de avaliação e os
valores desejados pelo produtor, que tem garantido o direito de recorrer posteriormente na
justiça, se considerar o valor abaixo do esperado, bem como os governos estadual e federal, se
considerar o valor acima.
Após o sacrifício sanitário e a destruição de coisas e construções, as equipes responsáveis
devem lavrar os autos de sacrifício e destruição (Anexo 12, para animais, e 13, para coisas e
construções) que servirão de base para o processo legal de indenização dos proprietários.

Atenção específica deve ser dirigida aos procedimentos de ressarcimento e indenização, uma
vez que envolvem recursos dos governos federal ou estadual ou da iniciativa privada, cuja
utilização deve ser devidamente comprovada.

Como destacado, a disponibilidade de recursos para indenização e os procedimentos para sua


realização são elementos importantes para definição da estratégia de intervenção a ser
adotada na emergência zoossanitária. Existem vários elementos e diferentes atos normativos,
dos Governos Federal e Estaduais, que devem ser considerados.

Algumas possibilidades, com base na legislação em vigor e considerando acordos e parcerias


entre os governos Federal e Estaduais, estão resumidas no fluxo apresentado na Figura 11,
destacando-se, entretanto, que o esquema apresentado não impede a possibilidade de as
indenizações ocorrerem exclusivamente pelos fundos (privado ou público) quando disponíveis
e com recursos suficientes para absorver os custos.

4.4.2. Depopulação

Esta atividade deve ser coordenada por médico veterinário do SVO.

As principais referências para condução desta atividade são o Capítulos 7.6 do Código Terrestre
da OMSA, a Resolução CFMV n° 1.000, de 11 de maio de 2012, considerando o disposto no
Artigo 11 do Capítulo II, e a publicação Eutanásia de Suínos em Granjas (MAPA, 2019).

A eutanásia dos animais em cada estabelecimento rural somente poderá ser iniciada após
finalizada a avaliação pela Comissão de Avaliação. Sua realização também deve ser precedida
da definição da forma e local de destino e de destruição dos cadáveres, vísceras e demais
despojos, contando com toda a estrutura necessária para o deslocamento desse material.

O trabalho também deve ser coordenado com as atividades de investigação epidemiológica,


que envolvem a inspeção clínica e colheita de amostras de soro sanguíneo.

A escolha do método de eutanásia deve considerar as referências apresentadas anteriormente


e, sempre que possível, ocorrer na seguinte ordem:

• animais com sinais clínicos de PSA;

• animais que tiveram contato direto com animais clinicamente afetados; e

• demais animais.

A eutanásia deve ocorrer em local o mais próximo possível de onde se encontram os animais e,
ao mesmo tempo, o mais próximo possível de onde os cadáveres, vísceras e demais despojos
serão destruídos, considerando as condições geográficas e fundiárias da área, o esforço para
movimentação dos animais ou das carcaças e os riscos de disseminação da doença, sempre
contando com parecer e, quando disponível, acompanhamento dos órgãos de meio ambiente.

Quando, na área de emergência zoossanitária, houver disponibilidade de abatedouros


frigoríficos ou unidades de beneficiamento de produtos não comestíveis (“graxarias”), uma
opção a ser considerada pelos gestores da emergência é o envio dos animais para eliminação e
destruição nesses estabelecimentos, sob acompanhamento do SVO. Para tanto, é importante
dispor, previamente, de informações sobre a capacidade e as condições dos estabelecimentos
localizados na região interditada e garantir condições adequadas de transporte e desinfecção
para evitar a disseminação da doença.

No caso de a eutanásia dos animais envolver o uso de armas de fogo, deve contar com apoio
de profissionais capacitados, com destaque para os órgãos públicos de segurança ou defesa.
Tendo em vista a natureza impactante das atividades a serem realizadas, a equipe deve ser
formada por pessoal com destreza e preparo psicológico adequado, devendo contar com apoio
do Serviço de Saúde da Coordenação Administrativa e Financeira. Por razões de segurança,
somente poderão acompanhar ou estar presentes no local de eutanásia pessoas autorizadas
pelo médico veterinário responsável pelos trabalhos, cuja presença seja imprescindível.

Após a eliminação dos animais, a equipe deve lavrar o auto de sacrifício sanitário (Anexo 12)
que servirá de base para o processo legal de indenização do produtor.

No caso de animais de comprovado valor zootécnico, dependendo da avaliação epidemiológica


e das condições de biosseguridade do estabelecimento, podem ser adotados procedimentos
diferenciados como alternativa ao sacrifício sanitário, desde que não se trate de animais
infectados ou que representem alto risco de difusão ou manutenção do agente viral.

O Quadro 03 apresenta os métodos recomendados para eutanásia de suínos. Por segurança,


todos os métodos devem ser seguidos da sangria para garantir que a morte do animal ocorra
rapidamente, uma vez que pode haver falha mesmo nos métodos irreversíveis, assegurando
que a morte ocorra pela perda de sangue (choque hipovolêmico). Outros métodos ou
adequações aos métodos recomendados abaixo poderão ser avaliados, considerando as
condições da emergência e os aspectos de bem-estar animal.

Quadro 03. Métodos para eutanásia de suínos por categoria de peso vivo (PV).

*Métodos simples que necessitam de um segundo procedimento para provocar a morte do


animal.

** Não mais aceito na Europa.


4.4.3. Investigação epidemiológica nos focos

O trabalho deve ser realizado em conjunto pelos setores de eliminação de focos e de análise e
informe epidemiológico, integrantes das Coordenações de Operações de Campo e de
Planejamento, respectivamente.

À equipe de investigação cabe obter dados e informações para melhor investigação do foco,
incluindo a inspeção clínica dos animais sacrificados, a presença de carrapatos e a colheita de
amostras para testes laboratoriais, buscando maior conhecimento sobre a dispersão do agente
viral. Para otimizar o manejo dos animais, de preferência, o trabalho deve ser associado às
atividades de avaliação ou de eutanásia.

O ideal é que todos os animais suscetíveis sejam examinados e submetidos à colheita de


amostras de soro sanguíneo e de exemplares de carrapatos, quando detectados. Cada animal
deve ser classificado quanto à presença de sinais clínicos e à presença de carrapatos. Caso não
seja possível realizar o exame e colheita de amostras em todos os animais do foco, o trabalho
poderá ser realizado por amostragem, com seleção aleatória dos animais, de forma
representativa para todos os lotes ou outras estruturas de segregação dos animais, conforme
parâmetros a serem definidos pela Coordenação de Planejamento.

Esse trabalho permitirá conhecer com maior precisão a incidência clínica e de soropositivos nos
rebanhos afetados. Especialmente para os animais doentes, prever a colheita de quantidade
expressiva de soro sanguíneo para composição de banco de amostras de animais soropositivos,
para emprego pelos laboratórios de referência na elaboração de soros controle e realização de
estudos de sensibilidade e especificidade dos testes laboratoriais.

A padronização das atividades é de grande importância para o alcance dos resultados e, para
tanto, a equipe deve dispor de roteiros e formulários de investigação, bem como de material
adequado para colheita e acondicionamento de amostras.

As informações geradas são de uso exclusivo do SVO para o melhor conhecimento sobre a
epidemiologia da doença, não cabendo seu uso como elemento para questionamento sobre a
ocorrência da doença ou para efeitos de indenização.

4.4.4. Destinação de carcaças e materiais de risco

O descarte das carcaças de muitos animais será uma operação dispendiosa, onde os custos irão
variar conforme o método escolhido. Cada método utilizado também resultará em custos
indiretos para o meio ambiente, a economia local, os produtores e a indústria pecuária. Desta
forma, além das considerações de biossegurança, os tomadores de decisão precisam estar
cientes dos impactos econômicos, sociais, ambientais e estéticos dos diferentes métodos de
descarte.

A escolha do(s) método(s) de descarte deve basear-se nas condições locais, na capacidade e
velocidade de resultado exigidas e nas condições necessárias para a inativação do agente
patogênico. Independentemente do método escolhido, é muito importante seguir as regras de
biossegurança durante o manuseio, transporte e processamento dos animais mortos, com o
objetivo de não favorecer a disseminação do vírus.

Entre os métodos de eliminação de carcaças de animais mortos previstos no artigo 4.13.6 do


Código Terrestre da OMSA destacam-se:
a) Enterro: neste método, animais mortos inteiros são enterrados e cobertos pelo solo. Pode
ser realizado na propriedade ou em outro local aprovado (aterro sanitário). Pode não inativar
todos os agentes patogênicos, mas é relativamente rápido, eficaz e evita movimentações de
animais ou carcaças.

b) Cremação: este sistema aberto de queima dos animais mortos pode ser realizado no local
sem a necessidade de transporte das carcaças. No entanto, leva um longo período e não tem
como verificar a inativação de agentes patogênicos, podendo haver disseminação de partículas
provenientes de combustão incompleta. Além disso, como o processo à vista, pode haver falta
de aceitação do público.

c) Compostagem: é um processo natural de decomposição biológica que ocorre na presença de


oxigênio. Na primeira fase, a temperatura da pilha de compostagem aumenta, os materiais
orgânicos se decompõem em compostos relativamente pequenos, os tecidos moles se
decompõem e os ossos amolecem parcialmente. Na segunda fase, os materiais restantes,
principalmente ossos, se decompõem totalmente em um húmus marrom escuro ou preto
contendo principalmente bactérias não patogênicas e nutrientes vegetais. Pode não inativar
todos os agentes patogênicos, além de ser um processo demorado e que exige maior controle
de acesso ao local.

Reciclagem: trata-se de um sistema fechado para tratamento mecânico e térmico de tecidos


animais que conduz a produtos esterilizados e estáveis, tais como gordura animal e proteína
animal seca (farinha). A tecnologia existe em instalações dedicadas, registradas como unidades
de beneficiamento de produtos não comestíveis (“graxarias”). Produz uma inativação efetiva de
todos os agentes patogênicos com exceção dos príons. Mesmo assim, o material resultante não
pode ser destinado à alimentação animal. Deve ser avaliada a viabilidade de transportar
carcaças sem riscos de disseminar o vírus a outros locais.

e) Incineração em locais dedicados: partes de animais podem ser completamente queimados e


reduzidos a cinzas, muitas vezes em conjunto com outras substâncias (como lixo municipal ou
lixo hospitalar). Ocorre inativação efetiva de agentes patogênicos, incluindo esporos. A
incineração em instalações fixas é totalmente contida e tem algumas vantagens do ponto de
vista ambiental, pois os exaustores podem ser equipados com câmaras de pós-combustão para
queimar completamente os gases de hidrocarbonetos e partículas da câmara de combustão
principal. Também deve ser avaliada a viabilidade de transportar carcaças sem riscos de
disseminar o vírus a outros locais.

No Brasil, historicamente, as principais opções para destino das carcaças dos animais
sacrificados em emergências zoossanitárias são o enterro ou a cremação, ou uma associação
entre as duas.

No caso de enterro, as valas sanitárias deverão estar devidamente disponíveis, e, no caso de


cremação, o local deve estar devidamente preparado e o material a ser utilizado como
combustível, à disposição. A definição do local de destino das carcaças e materiais de risco
deve contar com parecer dos órgãos de meio ambiente, sendo recomendável que os planos
estaduais contenham as possíveis destinações, de acordo com a classificação dos resíduos.

A vala sanitária é o lugar onde se realiza o enterro das carcaças, podendo ser também o local
onde se realiza a eutanásia dos animais. De forma geral, é composta de duas partes: a rampa
de acesso e a vala sanitária propriamente dita. A rampa de acesso é uma inclinação de
aproximadamente 10 m de comprimento, que permite o ingresso da pá mecânica e dos
animais. A vala sanitária é o lugar mais profundo, destinado à eliminação (eutanásia) e
posterior enterro sanitário.

As dimensões recomendadas para a vala sanitária são de 3,5 a 4,0 m de profundidade por 3,0
m a 5,0 m de largura e um comprimento que se determina pelo número dos animais
comprometidos. Para cálculo do comprimento (C) da vala sanitária utiliza-se o seguinte cálculo:
C = S/L x n, onde S = superfície, L = largura e n = número de suínos adultos/5. Portanto,
considerando a largura da vala de 3,0m, a superfície igual a 1,5m2 por animal e o total de 250
suínos adultos, o comprimento da vala sanitária seria:

Comprimento para 250 suínos adultos = 1,5 m2 / 3,0 m x (250/5) = 25 m (sem contar com a
rampa de acesso)

Com base nas experiências obtidas na emergência zoossanitária ocorrida em Mato Grosso do
Sul, 2005, recomenda-se que a vala não contemple mais de 700 unidades animais (1 unidade
animal = 450 kg).

A vala deve ser escavada em forma de talude (paredes inclinadas) para evitar possíveis
desmoronamentos. Cravam-se estacas demarcatórias levando em conta que, para obter uma
largura da vala de 3,0 m, escavada em talude, a largura de superfície deve ser de 5,0 m. O piso
da vala deve ter uma inclinação que alcance a profundidade de 4 m nos 10 m finais, sendo
conveniente marcar o ponto, a partir do qual, o piso da vala deve alcançar os 4 m de
profundidade. A terra deverá ser depositada a uma distância não inferior a 1,5 m das bordas da
vala, de forma a facilitar o deslocamento dos atiradores.

A opção de eutanásia dos animais no interior da vala sanitária dependerá muito das
características de docilidade dos animais, observadas as referências da OMSA e do CFMV
citadas anteriormente.

Os animais devem ingressar na vala sanitária em grupos não maiores de vinte para o caso de
suínos adultos. A pá mecânica localiza-se na boca de acesso à vala com o fim de bloquear a
saída dos animais. O lento deslocamento da pá mecânica permite que os animais se movam
até o extremo mais profundo da vala. Em todo o momento devem se evitar gritos e ruídos
desnecessários já que eles alteram inutilmente a tranquilidade dos animais.

Um equipamento básico formado por uma pá escavadora de 3,0 m cúbicos e uma


retroescavadeira de 2,0 m cúbicos é o mais recomendado. Para construir uma vala de 50 m de
comprimento, são requeridas cerca de 14 horas de trabalho (um dia e meio), dependendo
principalmente das características do solo. Deve-se considerar que, a partir dos 50 m de
comprimento da vala, a velocidade do progresso da escavação diminui, uma vez que a
retroescavadeira deve recuar para jogar a terra ao exterior.

O local mais adequado para a destinação das carcaças dos animais sacrificados é dentro do
próprio estabelecimento de localização dos animais, no setor onde se alojam os animais
enfermos e contatos. Entretanto, é necessário que o lugar reúna determinadas condições:

• distância de centros povoados (segurança e discrição);

• retirado das instalações permanentes do estabelecimento (casas, currais, galpões, banheiros,


mangueiras etc.);

• de fácil acesso para veículos e maquinaria pesada;


• terreno sem maiores dificuldades para escavação;

• águas subterrâneas a uma profundidade superior aos 8 metros;

• distância de cursos de água superficiais (rios, lagoas, córregos etc.);

• subsolos sem aquedutos, gasodutos e oleodutos; e

• dispor de uma superfície proporcional ao número de animais comprometidos na emergência.

Caso seja necessário o enterro em outro local, torna-se conveniente a eliminação in loco e o
posterior traslado dos restos (adotar estritas medidas de biosseguridade) a um lugar que reúna
as condições requeridas para o enterro sanitário. Os cadáveres deverão ser transportados até o
lugar de seu enterro em caminhão basculante, adotando procedimentos para evitar a saída de
fluídos.

Dependendo do local disponível para abertura das valas sanitárias, deve-se avaliar, com os
profissionais dos órgãos de meio ambiente, a conveniência de aplicar mantas de
impermeabilização, visando a proteção de lençóis freáticos.

No interior da vala, funcionários indicados pelo SVO deverão realizar a evisceração, bem como
a abertura da cavidade torácica no espaço intercostal, com a finalidade de evitar a formação de
gases que provoquem o estufamento/aumento de volume da vala sanitária após o enterro das
carcaças. Não deverão ser utilizados cal e outros produtos químicos que possam retardar o
processo natural de decomposição que favorece a inativação do agente viral.

Com a finalidade de obter um melhor aproveitamento do espaço físico da vala, após a abertura
das cavidades dos animais sacrificados, com a pá mecânica acomodam-se os restos deles. A
vala também deve ser utilizada para destinação de materiais e restos orgânicos oriundos da
limpeza dos estabelecimentos de contenção dos animais (baias, piquetes etc.), observadas as
normas e recomendações dos órgãos ambientais

Uma vez finalizada a eliminação da totalidade dos animais e materiais de risco para a PSA,
completa-se o enterramento, evitando a excessiva compactação já que isso favorece a
formação de gretas ou rachaduras por onde possam emergir gases produto da decomposição
orgânica.

O centro da vala deve ter altura de pelo menos 0,50 m superior que a borda, facilitando o
escoamento de água e evitando formação de poças. Depois de cobertas as valas, é
recomendável cercar a área com redes ou telas de arame, adentrando, no mínimo, 30 cm no
solo, a fim de evitar que animais se aproximem e comecem a escavar o local.

No caso de se optar pela cremação, o local deve ser escolhido cuidadosamente, levando em
consideração os ventos dominantes, a proximidade de outras instalações e cultivos e o
isolamento, a fim de evitar a presença de curiosos. Deve-se fazer o possível para que os odores
que se desprendem molestem o mínimo possível os vizinhos e a comunidade em geral.

A vala para cremação deve ter em torno de 1,0 m de profundidade e 3,0 m de largura. O
comprimento dependerá do número de animais. Deve-se assegurar que todos os cadáveres,
colocados lado a lado, caibam na vala para serem queimadas de uma vez. É conveniente fazer a
cada 2,0 m, um canal interruptor transversal, de 0,70 m de largura, que comece no nível do
solo e desça até chegar à mesma profundidade da vala principal. Coloca-se uma cama de lenha
ou madeira grossa, transversal à vala, que deve ser preenchida com palha, lenha fina ou
carvão, empapados em querosene ou óleo diesel. Pneus velhos ajudam na combustão e
convém ter como reserva para ir estimulando o fogo.

Os cadáveres dos animais são alinhados acima da cama, alternando cabeça e patas. Procurar
manter os canais interruptores abertos, a fim de utilizá-los para carregar lenha ou carvão e
assim manter um bom fogo. Estima-se que cerca de 6 toneladas de carvão, 1/2 tonelada de
lenha, 75 litros de diesel e 45 kg de palha ou lenha miúda são necessários para queimar 250
cadáveres de suínos. Os suínos queimam muito bem pela gordura corporal e não necessitam
de tanto material combustível. Logicamente, todas estas estimativas variam segundo as
condições do local. Após o término da cremação, a vala deve ser coberta com terra, mantendo-
se as recomendações para o uso de valas para enterro.

Recomenda-se verificar, com pelo menos uma periodicidade semanal, o estado da vala
sanitária por um período a ser definido pelo COEZOO. Medidas devem ser tomadas no caso de
se encontrar anormalidades como rompimento das cercas de proteção, presença de fissuras ou
presença de roedores e cachorros, entre outros possíveis problemas. Devem ser colhidas as
coordenadas geográficas dos locais das valas sanitárias ou de cremação.

Após o trabalho, devem ser cumpridas estritamente as normas de limpeza e desinfecção de


veículos, materiais e pessoal.

4.4.5. Descontaminação

O trabalho é iniciado após a eliminação dos animais, com a limpeza e desinfecção de todas as
instalações, veículos, materiais e equipamentos que tiveram contato com os suínos.

O procedimento de desinfecção depende, em cada caso, de uma variedade de circunstâncias


como a estrutura dos estabelecimentos, os lugares aos quais tiveram acesso os animais
doentes, a quantidade de dejetos, a natureza dos produtos que se consideram contaminados,
entre outros.

O fator de maior importância para assegurar a inativação de um agente viral em uma


propriedade infectada, consiste na realização de uma desinfecção preliminar, seguida de
limpeza e lavagem completa e posterior desinfecção definitiva.

Deve-se levar em conta que praticamente todas as substâncias utilizadas nas desinfecções são
tóxicas, em maior ou menor grau. Dessa forma, devem ser tomadas as medidas adequadas
para proteger a saúde, como o uso de equipamentos de proteção individual adequados à
tarefa, incluindo máscaras que evitem a inalação dos produtos químicos.

Destaque especial deve ser dado a todo equipamento e maquinário utilizado nos trabalhos de
abertura das valas e de sacrifício dos animais. A limpeza e desinfecção deve ser desenvolvida
minuciosamente por se tratar de objetos que estiveram em contato direto com animais
enfermos e podem veicular o vírus de forma mecânica. Portanto, prévio à saída do local onde
se efetuou a eutanásia e o enterro/cremação, os veículos e maquinarias utilizadas devem ser
convenientemente higienizadas e desinfetadas.

No caso das indumentárias, quando descartáveis devem ser incineradas in loco, com os restos
enterrados nas valas sanitárias. As vestimentas não descartáveis devem ser adequadamente
ensacadas para seu traslado até o lugar de lavagem, desinfecção e esterilização.

A relação dos principais desinfetantes recomendados para a PSA e as orientações gerais sobre
o trabalho de desinfecção encontram-se disponíveis nos Anexos 14 e 15.
Caso não haja possibilidade de uma desinfecção efetiva e rápida, o material contaminado,
equipamentos e instalações devem ser destruídos. Secreções e excreções dos animais devem
ser enterradas, incineradas ou submetidas à compostagem.

Caso seja confirmada a presença de vetores carrapatos, o foco deve ser tratado com produtos
acaricidas além da limpeza e desinfecção.

4.4.6. Encerramento

O trabalho deve ser realizado sob responsabilidade de médico veterinário do serviço oficial e
inclui as fases de vazio sanitário; introdução de animais sentinelas; e repovoamento da área
saneada - propriedade ou unidade epidemiológica.

O vazio sanitário tem início após a conclusão das atividades de limpeza e desinfecção de
instalações e equipamentos. Sua duração deve ser de, pelo menos, 30 dias.

Nesse período, a propriedade/unidade epidemiológica deve ser objeto de uma vigilância


especial para garantir a ausência de animais suscetíveis à PSA. É importante que todos os
limites da propriedade/unidade epidemiológica sejam percorridos, para avaliação das
condições da cerca. Quaisquer irregularidades devem ser corrigidas, de forma a evitar o
ingresso de animais das propriedades vizinhas.

Após o término do período de vazio sanitário, e a critério do COEZOO, podem ser introduzidos
animais sentinelas na propriedade/unidade epidemiológica.

Os animais deverão proceder de propriedades livres da doença e, antes do ingresso na


propriedade/unidade epidemiológica, deverão ser avaliados quanto à presença de anticorpos
para PSA, participando apenas animais soronegativos e sem qualquer indício de doença
hemorrágica. Também deve ser observada a presença de carrapatos.

Além das características sanitárias dos animais sentinelas, outras questões importantes devem
ser consideradas: origem dos animais; responsáveis pelos custos de aquisição e tratamento dos
animais; responsáveis pelo transporte dos animais; e destino dos animais após o encerramento
da atividade. A tomada de decisão pelo uso dos animais sentinelas deve ser feita logo após o
início dos trabalhos de eliminação de focos, de forma que haja tempo hábil para seleção e
preparação deles.

A quantidade de animais sentinelas dependerá do tamanho, manejo, topografia e número de


animais que normalmente são criados na propriedade/unidade epidemiológica (sugestão: 5%
da população habitual da propriedade, recomendando-se, pelo menos, cinco animais).

Todos os animais deverão ser identificados com duplo brinco ou chip eletrônico. Deverão
permanecer na propriedade/unidade epidemiológica por pelo menos dois períodos de
incubação da PSA (≈ 30 dias), sendo inspecionados diariamente, com colheitas de amostras de
soro sanguíneo aos 15 e 30 dias da introdução. Os animais deverão ter livre acesso às áreas
expostas à contaminação pelo vírus da PSA.

Quando ocorrer comprovação de PSA nos animais sentinelas, o caso deverá ser devidamente
notificado e todos os animais deverão ser eliminados, reiniciando o processo de eliminação do
foco.

Ao final do trabalho, caso os resultados laboratoriais e de inspeção clínica não indiquem a


presença do vírus da PSA, os animais sentinelas poderão formar parte da população da
propriedade/unidade epidemiológica ou proceder ao abate com inspeção oficial e com destino
ao consumo doméstico, conforme a definição acordada no início dos trabalhos. Também deve
ser observada a presença de carrapatos.

Nestas condições, e desde que atendidos os aspectos mínimos de biosseguridade, poderá ser
permitido o repovoamento da propriedade/unidade epidemiológica, com 20% de sua
população original. Estes animais serão controlados durante 60 dias, com inspeções semanais
do SVO, e ao término do período, o proprietário estará liberado para o repovoamento total.

4.5. Controle da movimentação

O trabalho envolve o gerenciamento de postos fixos e equipes volantes de fiscalização, com


objetivo de controlar o trânsito de animais, produtos e subprodutos de risco, incluindo a
movimentação de pessoas e veículos que possam carrear o agente viral, buscando, dessa
forma, evitar a disseminação do vírus da PSA para outras áreas sem ocorrência da doença.

Em termos gerais, as equipes volantes de fiscalização atuarão de forma complementar às ações


de vigilância, tendo como principal objetivo auxiliar os postos fixos na fiscalização da
movimentação e trânsito irregular por pontos ou caminhos pouco utilizados, bem como a
coibição do trânsito entre propriedades rurais sem prévia autorização.

As equipes volantes poderão ser, a qualquer momento, requisitadas para escoltar o transporte
de veículos de animais vivos para o abate em abatedouros frigoríficos ou transporte de
qualquer outro tipo de produto ou subproduto devidamente autorizado pelo SVO.

É imprescindível que todos os postos de fiscalização estabelecidos mantenham sinalizações de


alerta visíveis, pelo menos, a 150 metros em ambos os sentidos com placas contendo termos
como “FISCALIZAÇÃO SANITÁRIA – PARADA OBRIGATÓRIA”. Da mesma forma, as equipes
volantes deverão possuir equipamentos mínimos para funcionamento: cones, placas de
sinalização, barracas tipo tenda de rápida montagem e desmontagem, mesas, cadeiras, entre
outros.

Caso os postos fixos que envolvam a realização de desinfecção tenham que ser colocados em
rodovias ou estradas com alto fluxo de movimentação de veículos, devem ser tomadas
medidas para instalação de arcolúvios ou rodolúvios, ou outra forma que garanta a perfeita
desinfecção dos veículos sem que haja prejuízo com congestionamentos. Nestes casos, é
importante consultar o órgão ambiental a respeito da destinação dos efluentes resultantes
desse processo.

Recomenda-se que, tanto as equipes que trabalharão nos postos fixos como as equipes
volantes, sejam compostas por, no mínimo, dois servidores do SVO e dois policiais. Estas
atividades poderão ser exercidas por técnicos de nível médio, previamente orientados.

Casos específicos são representados pelos postos fixos implantados no acesso aos focos,
garantindo o cumprimento da interdição estabelecida. Nestes locais deverão ser fortalecidas as
medidas de biosseguridade de limpeza e desinfecção de veículos, pessoas e equipamentos.

Toda comunidade deve ser orientada de forma clara e objetiva sobre a situação sanitária de
emergência zoossanitária instalada, esclarecendo os riscos de dispersão do agente viral e as
medidas de proibição ou restrição na movimentação dos animais, pessoas, materiais e
equipamentos entre as diferentes áreas delimitadas. Para isso é fundamental que o Setor de
Comunicação Social atue rapidamente, esclarecendo à sociedade acerca das ações que
deverão ser adotadas.

4.6. Vigilância Epidemiológica

Ação de fundamental importância nas atividades de emergência zoossanitária, tendo em vista


que o objetivo básico de todo o trabalho é identificar precocemente o risco e eliminar
potenciais fontes de infecção.

Nessas atividades participam muitos profissionais que devem realizar a vigilância e


inspeção em todos os estabelecimentos rurais que possam abrigar animais suscetíveis
à PSA localizados na área de emergência. As
• realizar o rastreamento e a investigação nos estabelecimentos com vínculo epidemiológico
(de tempo, local ou exposição) com os focos de PSA, visando a rápida contenção da doença;
• realizar a investigação clínica e epidemiológica nos estabelecimentos com animais ou
produtos de risco para a PSA localizadas na área de emergência, incluindo a presença de
carrapatos;
• garantir a detecção precoce, o adequado atendimento a casos suspeitos de doença
hemorrágica e a adequada colheita de material para diagnóstico laboratorial;
• buscar elementos que levem à identificação do caso primário e a origem do(s) foco(s); a
definição do grau de difusão da doença; e a definição das estratégias de controle e eliminação
da doença;
• demonstrar, mediante registros e mapas, a efetividade das ações de vigilância durante a
erradicação da doença; e
• realizar ações de educação e comunicação nas propriedades inspecionadas, visando
assegurar a cooperação e participação da comunidade para evitar a difusão da doença e obter
a rápida erradicação. • coordenar a distribuição das equipes de campo de acordo com as
diferentes áreas de risco epidemiológico;
• gerenciar o cumprimento das metas de investigação epidemiológica, incluindo a frequência
de inspeção às propriedades rurais, de acordo com as diferentes áreas de risco
epidemiológico;
• buscar a identificação de casos prováveis ou confirmados de doença hemorrágica;
• assegurar que o preenchimento dos formulários de investigação seja completo, acurado e
claro; e garantir o adequado registro de todas as atividades e sua inclusão no sistema de
informação;
• assegurar que as equipes de vigilância cumpram com as atividades e procedimentos de
investigação epidemiológica previstos, incluindo medidas de biosseguridade e de orientações
aos produtores rurais sobre as medidas de prevenção e de restrição impostas na área de
emergência zoossanitária; e
• avaliar e propor adequações para as atividades de investigação na área interditada.

Como regra geral em emergências para PSA, a investigação de propriedades no perifoco deve
prever vistorias a, pelo menos, a cada três dias a fim de detectar precocemente o
aparecimento de sinais clínicos de PSA. A mesma equipe de vigilância poderá vistoriar mais de
uma propriedade desde que pertencente à mesma área e na ausência de sinais clínicos
compatíveis com a PSA nos suínos inspecionados e que os cuidados com a prevenção e
biosseguridade sejam tomados.
As vistorias no perifoco iniciarão pelas propriedades vizinhas aos focos e deverão ser bem
detalhadas, sendo dirigidas principalmente à inspeção e exame clínico de animais, investigação
de possíveis movimentações de animais, produtos, subprodutos e pessoas associadas aos
focos detectados.
A vigilância nas propriedades da área perifocal deve prosseguir até, pelo menos, 15 dias após a
conclusão das atividades de limpeza e desinfecção na última propriedade infectada da área.
A investigação deve contemplar todos os itens constantes no Manual, além de outras
informações relevantes para o estabelecimento de possíveis vínculos epidemiológicos. Deve-se
obter informação sobre as populações de animais existentes por espécies e sua localização
dentro da propriedade, bem como sobre os ingressos e egressos (regulares ou não) de animais
suscetíveis ou pessoas nos últimos 30 dias anteriores à comunicação.
A anamnese é fundamental para a rápida contenção da emergência sanitária e detecção
precoce de focos vinculados e deve ser minuciosa, considerando todos os possíveis fatores de
risco e possibilidades de vínculos com os focos existentes.
Casos em que a anamnese indique possibilidade de existência de animais com sinais clínicos
compatíveis com doenças hemorrágicas ou vínculos com focos já confirmados, devem ser
reforçadas as medidas de biosseguridade antes de se proceder ao exame dos animais. Nestes
casos, deve-se realizar a inspeção e exame clínico diretamente aos animais situados em locais
onde foram observados casos suspeitos pelos responsáveis pelo rebanho, de preferência, no
mesmo lugar em que se encontram. Para cumprir com este objetivo, solicitar a colaboração de
pessoal oficial ou particular mínimo necessário, evitando movimentações e mistura de animais
suscetíveis.
No caso de observar lesões compatíveis com PSA, deverão ser seguidos os procedimentos
descritos na ficha técnica de PSA e demais documentos publicados pelo DSA, priorizando as
ações para colheita de amostras para diagnóstico e reforço nas medidas de interdição e
biosseguridade. A equipe deve, após os devidos procedimentos de colheita de amostras e de
biosseguridade, encerrar os procedimentos no lote afetado e retornar diretamente ao
COEZOO para entrega das amostras e registros aos setores responsáveis.
A intensidade da inspeção deve ser determinada pelo chefe do setor de vigilância em acordo
com a Coordenação de Planejamento. Em pequenos rebanhos, mesmo que a entrevista inicial
não revele indícios de sinais clínicos de doença hemorrágica, é recomendável que se realize o
exame clínico de todos os animais.
Em propriedades com grande número de animais e onde a entrevista inicial não revelou
elementos que indiquem a ocorrência de sinais clínicos compatíveis com doença hemorrágica
ou vínculo epidemiológico (de tempo, local ou exposição) com os focos, deve-se proceder a
uma vistoria geral dos animais da propriedade e realizar o exame clínico detalhado em uma
amostra representativa do rebanho. Animais amostrados devem ser escolhidos aleatoriamente
a partir do rebanho total, dando preferência aos alojados na “enfermaria”.
Detalhes do número de animais a serem incluídos na amostra e exame clínico em cada
propriedade serão fornecidos juntamente com as informações das propriedades, de acordo
com recomendações da Coordenação de Planejamento. Como recomendação inicial, todos os
animais suscetíveis devem ser examinados.
Entretanto, diante da impossibilidade operacional para inspeção completa do rebanho, o
número de animais para exame, deve considerar parâmetros estatísticos de nível de confiança,
prevalência mínima esperada de animais doentes nas propriedades e níveis de sensibilidade da
inspeção clínica. O veterinário da equipe de vigilância deve, ainda, realizar uma análise geral
considerando o tamanho e características de cada propriedade, o tipo de manejo, a
quantidade de lotes e sua distribuição, de forma a otimizar a seleção dos animais para exame
clínico.
Casos em que não seja possível prender os animais de um rebanho, pode ser necessário
examinar e coletar amostras de animais soltos, mediante o uso de laços, cachimbos e outras
medidas de contenção. Nos casos em que seja difícil a recaptura numa data posterior, animais
amostrados devem ser identificados e separados do rebanho até que os resultados dos testes
laboratoriais sejam recebidos.
Durante a vistoria geral, todos os animais que apresentem alguma alteração de saúde ou
comportamento devem ser priorizados para a realização de exame clínico e colheita de
amostras.
Ao final das atividades na propriedade, deve-se complementar os esclarecimentos e
orientações aos responsáveis pelos rebanhos sobre a emergência zoossanitária, os
procedimentos para a notificação de suspeitas, as medidas de biosseguridade e a previsão da
próxima vistoria na propriedade. Deixar telefones e endereços para contato, além de folhetos
educativos sobre a PSA, quando disponíveis.
A vigilância também deve incluir outros estabelecimentos como recintos de eventos com
aglomeração de animais e plantas frigoríficas.
Os eventos com aglomeração de animais (exposições e feiras) representam grande risco para a
disseminação da PSA e suas realizações em áreas próximas à emergência sanitária devem ser
cancelados tão logo se confirme o primeiro caso da doença (interditando-se aqueles já em
andamento).
A vigilância nesses estabelecimentos deve buscar dados (mapas de entrada e saída) e
relatórios de fiscalização dos eventos ocorridos nos últimos 30 dias, além de realizar
entrevistas com os responsáveis pela organização, realização e fiscalização dos eventos.
Nos estabelecimentos de abate de suínos, a vigilância deve levantar informações e relatórios
da inspeção ante e post mortem dos últimos 30 dias e entrevistar o responsável técnico e os
responsáveis pela fiscalização. O rastreamento de expedições de produtos e subprodutos
considerados de risco deve ser realizado para evitar o risco da disseminação da doença e
eventual destinação ao mercado internacional de produtos de áreas próximas aos focos.
Outras localidades importantes são aquelas representadas por áreas de preservação e áreas
florestais, públicas e privadas, ou outras que mantenham suínos asselvajados. O SVO não tem
jurisdição direta sobre algumas dessas áreas, de forma que as instituições responsáveis pelo
controle delas devem ser rapidamente comunicadas e demandadas para colaboração e
atuação conjunta nas atividades de vigilância.
Para uma melhor análise de riscos, devem ser levantadas, junto aos responsáveis pela área,
informações quanto às espécies existentes, densidade, hábitos, distribuição e possíveis
contatos com as espécies domésticas. Caso haja confirmação de casos em suínos asselvajados,
uma meticulosa avaliação deve ser conduzida em conjunto com técnicos responsáveis pela
área, visando analisar potenciais riscos de disseminação da doença e adoção de medidas.
Deve ser destacado que o controle populacional de suínos asselvajados, além de difícil,
envolve aspectos legais e de preservação ambiental que exigem integração com os órgãos
ambientais e os agentes de manejo populacional. As ações devem priorizar a eliminação de
contato de suínos domésticos com suínos asselvajados e medidas de biosseguridade quando
da entrada e saída de pessoas e veículos nessas áreas.
Um ponto importante para as atividades de vigilância veterinária, trata-se do registro das
atividades de vigilância. As atividades das equipes de vigilância e informações resultantes das
investigações devem ser devidamente registradas em formulários e em sistemas
informatizados, visando a rápida demonstração da cobertura da vigilância sobre os
estabelecimentos e possibilitar tomada de decisões por parte do COEZOO.
A campo, os registros deverão ser feitos em formulários de atendimento individual,
contemplando apenas as informações estritamente necessárias, para evitar perda de tempo.
Na primeira inspeção ao estabelecimento deverá ser preenchido um formulário com dados
mais completos da propriedade e dos produtores, visando atualizar informações cadastrais,
detectar possíveis movimentações irregulares e subsidiar possíveis ações de indenizações.
Para as vistorias de acompanhamento, deverão ser empregados formulários mais
simplificados, registrando a data, horário de ingresso, número da inspeção e registro da
condição zoossanitária do rebanho, além do registro de outras informações consideradas de
relevância pela equipe de vigilância epidemiológica. O sistema de controle das informações
deverá prever a elaboração, identificação e disponibilização dos formulários para as equipes
de vigilância.
Em casos nos quais a inspeção resulte em um caso provável ou confirmado de PSA, os registros
da investigação clínica e epidemiológica deverão ser feitos nos documentos de atendimento a
ocorrências zoossanitárias em vigor, seguindo as instruções do respectivo manual do SIZ.
4.8. Controle de vetores biológicos e suínos asselvajados
Como se observou na Europa e em algumas regiões da Ásia, a transmissão do vírus da PSA
parece depender em grande parte da densidade populacional dos javalis e da interação com os
sistemas de produção suína e os níveis de biosseguridade.
Desta forma, o conhecimento e bom manejo da população de suínos asselvajados, além de
uma boa coordenação entre os SVO e as autoridades ambientais, são necessários para
prevenir e controlar a PSA de maneira exitosa.
Dependendo da situação epidemiológica, os programas de controle e erradicação também
devem considerar a participação de carrapatos do gênero Ornithodoros, que são os únicos
hospedeiros artrópodes naturais conhecidos para o vírus da PSA e que podem agir como
reservatórios e vetores biológicos.
4.8.1. Vetores biológicos
Além da transmissão direta ou por produtos, subprodutos e fômites, o vírus da PSA também
pode ser transmitido por carrapatos do gênero Ornithodoros. No Brasil, existem diferentes
espécies (O. talaje, O. rostratus, O. brasiliensis, e O. nattereri) que, eventualmente, podem
participar na transmissão do vírus da PSA
Havendo confirmação da ocorrência de PSA no País, deve-se avaliar, com auxílio de
especialistas em acarologia, sobre a possibilidade de carrapatos do gênero Ornithodoros
estarem envolvidos na epidemiologia da doença na área de emergência. Nesse caso, os
especialistas ajudarão a determinar as medidas de controle mais apropriadas a serem
adotadas nos focos.
Se houver suspeita da presença de carrapatos em um foco, os locais de permanência dos
suínos, bem como as áreas circunvizinhas, deverão ser alvo de inspeção física e captura de
exemplares para identificação de possíveis vetores competentes.
Se for confirmada a presença de vetores carrapatos, devem ser adotados os seguintes
procedimentos:
● testar os exemplares coletados para confirmar ou não a presença do vírus da PSA;
● estabelecer medidas adicionais de vigilância acarológica, manejo e controle de carrapatos no
foco e arredores;
● incorporar a aplicação de produtos acaricidas durante as atividades de limpeza e desinfecção
do foco.
4.8.2. Suínos asselvajados
4.8.2.1. Suspeita de PSA em suínos asselvajados
Deve-se suspeitar da ocorrência de PSA em populações de suínos asselvajados em duas
situações:
a) quando a PSA foi detectada em suínos domésticos ou
b) quando a PSA não foi detectada em suínos domésticos, mas mortalidade incomum ou sinais
da doença são observados em suínos asselvajados.
a) Quando a PSA foi detectada em suínos domésticos.
Nesse cenário, suspeita-se de PSA em suínos asselvajados na área de emergência se houver:
● mortalidade incomum ou sinais clínicos sugestivos da doença em suínos asselvajados;
● evidências de que suínos asselvajados estiveram presentes em um foco durante o período
em que a doença foi introduzida ou estava ocorrendo;
● evidências de que pessoas em contato com o foco tenham contato com suínos asselvajados
e vice-versa (ex. proprietários e funcionários de granjas que são caçadores de suínos
asselvajados).
● outras evidências epidemiológicas.
Devem ser obtidas informações sobre a presença ou não de suínos asselvajados na área de
emergência zoossanitária, para avaliar o seu possível papel na ocorrência e propagação da
doença. As investigações no foco devem incluir a avaliação de sinais ou evidências de que os
suínos asselvajados estão envolvidos na incursão da doença.
As agências de meio ambiente (federal e estaduais), polícias ambientais, especialistas, agentes
de manejo populacional, representantes de comunidades rurais e produtores da região devem
ser imediatamente consultados para informar se populações de suínos asselvajados estão
presentes na área de emergência zoossanitária. Também podem ser utilizadas metodologias
participativas e realizadas inspeções de campo para fornecer evidências adicionais sobre a
presença ou não de suínos asselvajados próximos às criações domésticas onde a doença foi
detectada.
Para delimitação da “zona de investigação de suínos asselvajados”, alguns fatores chaves
devem ser considerados, tais como: o tamanho da população de suínos asselvajados, sua
distribuição, o habitat circundante e a existência de barreiras geográficas.
Deve haver uma busca ativa por carcaças de suínos asselvajados na “zona de investigação de
suínos asselvajados”, realizada pelo SVO ou por equipes capacitadas pelo mesmo.
Se, naturalmente, não forem encontradas carcaças suficientes, os suínos asselvajados deverão
ser rastreados e abatidos por agentes de manejo populacional, previamente capacitados pelo
SVO para atuação em áreas emergências zoossanitárias, e as carcaças testadas a fim de
determinar se a PSA está presente. O uso de cães deve ser evitado ou até mesmo proibido na
busca ativa em área de foco ou de investigação.
Todos os suínos asselvajados abatidos ou encontrados mortos dentro da “zona de investigação
de suínos asselvajados” devem ser apresentados ao SVO para necropsia, colheita de amostras
e testes laboratoriais.
Em determinadas circunstâncias, deve ser considerada a introdução de certos controles sobre
as criações de suínos na “zona de investigação de suínos asselvajados” para reduzir o risco de
propagação de doenças para as populações domésticas ou para outras áreas. Tal decisão
dependerá da situação epidemiológica e será baseada em aconselhamento especializado.
A “zona de investigação de suínos asselvajados” não deve ser suspensa até que a PSA tenha
sido descartada ou confirmada em suínos asselvajados, com base em análises epidemiológicas
e considerando o tamanho da população selvagem, sua estrutura local, o número e resultados
laboratoriais das amostras colhidas.
b) Quando a PSA não foi detectada em suínos domésticos, mas mortalidade incomum ou sinais
da doença são observados em suínos asselvajados.

É recomendável que os SVE tenham cadastro, lista ou outro registro dos controladores que
abatem suínos asselvajados no estado, para incluí-los na investigação sobre mortalidade e
sinais de doenças nesses animais. O SIMAF/IBAMA pode ser usado para acessar os
controladores.

Nessa situação, se as carcaças estiverem disponíveis, elas devem ser examinadas e, quando
possível, amostras devem ser colhidas para testes laboratoriais. Os produtores e demais
envolvidos devem ser estimulados a notificar imediatamente ao SVO qualquer mortalidade
observada em populações de suínos asselvajados, bem como sinais clínicos sugestivos da
doença observados nesses animais.

Após as investigações iniciais, que podem incluir o levantamento das bases de dados
existentes, novas ações podem ser necessárias para confirmar ou não a presença da doença e
uma “zona de investigação de suínos asselvajados” deve ser delimitada, conforme visto
anteriormente.

4.8.2.2. Ocorrência de PSA em suínos asselvajados


Uma vez que a PSA afete uma população de suínos asselvajados, há o risco de dispersão da
doença em áreas mais amplas e da sua introdução em criações domésticas. Além disso,
controlar, erradicar e demonstrar a ausência da doença nessas populações asselvajadas é uma
tarefa bem mais complexa do que em criações domésticas.

Havendo confirmação laboratorial da presença do vírus da PSA em suínos asselvajados, deve


ser delimitada uma “zona de controle de suínos asselvajados”, cujo tamanho será determinado
com base em aconselhamento especializado e nas circunstâncias locais.

As medidas a serem adotadas na “zona de controle de suínos asselvajados” objetivam, na


medida do possível, evitar a dispersão da PSA além da localização atual e controlar/erradicar a
doença na população de suínos asselvajados.

Essas medidas devem ser discutidas e avaliadas em conjunto com especialistas Grupo de
Assessoramento Técnico (GAT) do “Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do
Javali no Brasil” e podem incluir:

● reforço da fiscalização e verificação das condições de biosseguridade nos estabelecimentos


de criação de suínos domésticos;

● suspensão temporária de colheitas em lavouras e outras movimentações na área;

● fornecimento de alimento para manter os animais asselvajados na área;

● suspensão das atividades de captura e abate durante os estágios iniciais;

● cercamento de áreas para limitar a movimentação de suínos asselvajados;

● restrição do acesso público às áreas infectadas;

● busca ativa e destruição - no local - de carcaças para remover material infeccioso ou


potencialmente infeccioso do ambiente;

● captura e abate de suínos asselvajados de áreas circunvizinhas para reduzir a densidade


populacional, priorizando o uso de armadilhas de captura e ceva para evitar a propagação da
doença;

● exame clínico, necropsia e colheita de amostras (soro sanguíneo, sangue total e órgãos) para
testes laboratoriais de suínos asselvajados capturados ou abatidos;

● captura e abate com o intuito de realizar o controle populacional direcionado para


eliminação do foco;

● confecção de valas ou locais para incineração segura dos despojos do abate dos asselvajados;

● orientação sobre o deslocamento de agentes do manejo e veículos nas áreas de foco;

● disponibilizar estrutura para desinfecção de veículos, roupas, fômites e utensílios usados por
agentes do manejo.

Quando necessário, os suínos asselvajados mortos poderão ser transportados para locais de
destino adequado das carcaças, desde que sejam adotadas medidas que visem impedir a
disseminação do vírus da PSA mediante autorização ou acompanhado pelo SVO.
Quando as criações de suínos domésticos não apresentarem condições de biosseguridade que
garantam isolamento de populações asselvajadas, poderão ser adotadas as seguintes ações,
sujeitas a análise do SVO:

● depopulação, com possibilidade de repovoamento após a contenção do foco nos suínos


asselvajados;

● vigilância clínica-epidemiológica na população doméstica com sorologia por amostragem.

Entre as principais medidas de biosseguridade, destacam-se:

● manter os suínos domésticos em locais abrigados e isolados de forma a evitar o contato com
suínos asselvajados;

● evitar o contato de suínos domésticos com material, objeto ou utensílio exposto a população
de suínos asselvajados;

● realizar desinfecção no local de entrada de pessoas e animais nas instalações dos suínos
domésticos;

● proibir o acesso aos suínos domésticos de pessoas que tiveram contato direto ou indireto
com suínos asselvajados, carcaças ou outro material potencialmente contaminado, devendo-se
respeitar um vazio sanitário de, no mínimo, 24 horas;

● destruir carcaças de suínos asselvajados encontrados mortos;

● destruir ou desinfetar qualquer objeto ou utensílio que tenha sido exposto a material
potencialmente infectado;

● evitar acúmulo ou exposição de alimentos que possam atrair os suínos asselvajados.

A “zona de controle de suínos asselvajados” será suspensa após conclusão das ações de
erradicação da doença. No entanto, a vigilância deve continuar na área por pelo menos 24
meses após o último caso de PSA em suínos asselvajados, a fim de apoiar o pleito de
recuperação do status de livre da doença.

5. CONCLUSÃO

A fase de conclusão das ações de emergência zoossanitária significa a demonstração pelo SVO
de todo o trabalho realizado, dos resultados obtidos e da efetividade destas ações. Essa
demonstração deve ser realizada de forma oficial e científica, por meio de relatório técnico
circunstanciado, assegurando-se de que todas as informações declaradas e ações realizadas
possam ser devidamente comprovadas ou auditadas por meio de formulários ou documentos
adequadamente registrados.

É necessário, portanto, que o referido relatório comece a ser planejado já no início das
atividades, por meio da organização e compilação das informações resultantes de cada ação da
fase de emergência zoossanitária. A responsabilidade de sua elaboração deve ser
compartilhada principalmente entre a Coordenação-Geral do COEZOO e a Coordenação de
Planejamento, com apoio do DSA.

Caso haja interesse por parte do País em implantar uma zona de contenção, segundo os
padrões estabelecidos pela OMSA, relatório preliminar deve ser elaborado contemplando as
recomendações presentes no Código Terrestre, com destaque para os Artigos 4.4.7 e 15.1.6.
Como mencionado, o reconhecimento da zona de contenção tem grande potencial para reduzir
os prejuízos advindos das restrições impostas à exportação, especialmente para países com
significativos excedentes de produção suinícola. Dessa forma, uma vez implantada a zona de
contenção, em uma das modalidades previstas, as autoridades veterinárias devem
disponibilizar à OMSA relatório descrevendo o atendimento às condições estabelecidas, para
reconhecimento oficial.

Após erradicação da doença da área afetada, utilizando-se ou não a estratégia de implantação


de zona de contenção, deve ser elaborado relatório técnico para demonstrar o trabalho
realizado e os resultados obtidos para contenção e eliminação de focos de PSA em um país ou
zona livre da doença, contemplando, pelo menos, os seguintes pontos:

● caracterização geográfica e agroprodutiva da área de emergência, com descrição detalhada


de seus limites e das medidas de controle adotadas para assegurar a separação com a área não
interditada;

● informações gerais sobre as atividades de vigilância conduzidas na área de emergência, pelo


menos nos últimos dois anos, de forma a demonstrar que se trata de uma introdução da
doença;

● cronologia dos eventos a partir do atendimento à suspeita, considerando a confirmação da


doença (incluindo detalhes sobre o diagnóstico realizado) e as ações iniciais de intervenção;

● detalhamento do trabalho de eliminação de todos os focos registrados;

● resultado da investigação epidemiológica sobre a provável origem da doença, sobre vínculo


epidemiológico entre os focos registrados e sobre as análises de dispersão, com destaque para
avaliação da movimentação animal considerando toda a área de emergência;

● descrição de toda a estrutura e recursos humanos e financeiros utilizados na contenção e


eliminação da doença; detalhando especialmente a estratégia e atividades de vigilância
conduzidas na área de emergência (total e frequência de inspeção às propriedades rurais, força
de trabalho, entre outros itens); e

● descrição detalhada do estudo epidemiológico conduzido para avaliar indícios de infecção ou


de transmissão do vírus da PSA na área de emergência, informando os padrões científicos e
testes laboratoriais utilizados, com especial atenção para demonstração do nível de
sensibilidade obtido pelo sistema de vigilância adotado.

Glossário

▪ Biosseguridade: conjunto de procedimentos que visam prevenir e controlar ou mitigar, de


forma direta ou indireta, os riscos de introdução de agentes etiológicos e da ocorrência de
doenças que possam ter impacto na saúde animal.

▪ Agente de Manejo Populacional (Controlador): indivíduo inscrito previamente no Cadastro


Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras dos Recursos
Ambientais, na categoria “Uso de Recursos Naturais”, descrição “Manejo de fauna exótica
invasora no IBAMA e, controlado pelo Exército brasileiro quanto ao manuseio e utilização de
arma de fogo.
▪ Desastre: resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um
ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais e consequentes
prejuízos econômicos e sociais (Decreto nº 7.257, de 4/8/2010).

▪ Estado de calamidade pública: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e
prejuízos que impliquem o comprometimento substancial da capacidade de resposta do poder
público do ente atingido (Decreto nº 7.257, de 4/8/2010).

▪ Estado de emergência: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e


prejuízos que impliquem o comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder
público do ente atingido (Decreto nº 7.257, de 4/8/2010).

▪ Estado de emergência zoossanitária: situação epidemiológica que indique risco iminente de


introdução de doença exótica no País, ou haja risco de surto ou epidemia de doença já
existente (Decreto n° 8.133, de 28/10/2013).

▪ E-Sisbravet: ferramenta eletrônica de apoio, no âmbito do Sistema Nacional de Informação


Zoossanitária (SIZ) e do Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias
(SISBRAVET), que trata da gestão da informação epidemiológica sobre ocorrências
zoossanitárias e das investigações realizadas pelo Serviço Veterinário Oficial.

▪ Eutanásia: indução da cessação da vida animal, por meio de método tecnicamente aceitável e
cientificamente comprovado, observando os princípios éticos (Resolução CFMV nº 1000, de
11/5/2012).

▪ Unidade epidemiológica: grupo de animais com relação epidemiológica definida e com


probabilidades semelhantes de exposição a um determinado patógeno, de acordo com a
caracterização realizada pelo Serviço Veterinário Oficial. Pode ser constituída por uma ou mais
propriedades rurais contíguas, parte de uma propriedade rural ou grupo de animais suscetíveis
à doença compartilhando o mesmo ambiente ou sob práticas de manejo e condições de
biosseguridade comuns.

▪ Vínculo epidemiológico: indício de exposição ao agente patogênico ou contato com casos


prováveis ou confirmados de uma doença, indicando a possibilidade de transmissão entre
animais susceptíveis, identificado e constituído pelo Serviço Veterinário Oficial. As medidas de
saúde animal conduzidas pelo Serviço Veterinário Oficial se aplicam a todos os
estabelecimentos integrantes de um vínculo epidemiológico.

▪ Sacrifício sanitário: representa a estratégia para eliminar um foco, realizada sob controle do
Serviço Veterinário Oficial, que consiste na execução das seguintes atividades:

a) eutanásia dos animais infectados ou suspeitos de terem estado infectados no rebanho e,


quando necessário, em outros rebanhos que tenham sido expostos à infecção por contato
direto com esses animais ou indireto com o agente patógeno causal;

b) destinação dos animais mortos ou dos produtos de origem animal, segundo o caso, por
transformação, cremação, enterro ou por qualquer outro método aceito pela autoridade
veterinária; e

c) limpeza e desinfecção dos equipamentos, materiais e instalações onde os suínos tiveram


contato por meio dos procedimentos definidos e aceitos pela autoridade veterinária.
Suínos asselvajados: Sus scrofa, incluindo javali europeu em todas as formas, linhagens, raças e
diferentes graus de cruzamento com suíno doméstico vivendo em vida livre, sem interferência
humana.

Procedimentos de biosseguridade

As medidas de biosseguridade devem ser rigorosas durante as atividades de vigilância e


atendimento a suspeitas de doenças hemorrágicas. No presente anexo são destacados, de
forma complementar ao Manual de Investigação de Doenças dos Suínos, alguns procedimentos
de biosseguridade para adoção pelas equipes de vigilância.

Equipamentos e materiais necessários para procedimentos de biosseguridade:

1. Visando melhor organização do material e facilitar a desinfecção, os materiais devem ser


colocados em caixas ou sacos plásticos resistentes, etiquetados e fechados, destacando:

a. equipamento de proteção individual (EPI): macacões, luvas látex descartáveis, luvas de


borracha resistentes e botas de borracha de cano alto.

b. fitas adesivas;

c. desinfetantes;

d. sacos plásticos grandes, o ideal é que se disponha de pelo menos de 2 cores distintas para
transporte de material de descarte ou destinados à desinfecção;

e. escovas e baldes resistentes para desinfecção e tambores ou baldes para transporte de água;

2. Medidas gerais para prevenção da contaminação:

a. evitar andar desnecessariamente por áreas potencialmente contaminadas;

b. evitar contato direto com materiais, superfícies e veículos potencialmente contaminados;

c. antes de colocar o EPI checar que esteja sem rasgos ou furos;

d. não carregar itens como: cigarros, balas, alimentos, bebidas etc.

3. Precauções que devem ser tomadas para minimizar a contaminação dos equipamentos:

a. quando colher amostras, colocar as caixas e instrumentos em um saco limpo antes de


colocá-los nos veículos; e

b. as amostras colhidas devem ser devidamente acondicionadas e colocadas em sacos que


permitam desinfecção externa antes de serem transportadas.

Procedimentos sugeridos para entrada em propriedades:

Parar o veículo em um ponto seguro, seco e limpo de preferência próximo à porteira/portão,


evitando entrar caso seja propriedade de suínos de subsistência. No caso de propriedades
comerciais, entrar com o carro até próximo aos galpões, mas mantendo certa distância e
escolhendo local seco e limpo.

Vestimenta do equipamento de proteção individual:

1. colocar o macacão. O uso de macacões descartáveis é recomendado;


2. colocar as botas de borracha;

3. colocar luvas descartáveis. Também é recomendável dispor de luvas de borracha mais


resistentes para as atividades de inspeção clínica dos animais.

Sugestões para procedimentos na propriedade:

1. Confira todo o material antes de entrar. Muitos itens são desnecessários (como bolsas e
chave, entre outros) e devem ser mantidos no carro. Tire o relógio, anéis, pulseiras, colares etc.
e deixe no veículo. Telefones celulares, câmera fotográfica e aparelho de GPS devem ser
colocados em sacos plásticos individuais e lacrados para permitir posteriores limpeza e
desinfecção.

2. Enquanto estiver trabalhando na propriedade deve se evitar comer, fumar ou beber.

Preparando para sair da propriedade:

1. Aproveite as instalações de lavagem da fazenda para remover ao máximo a sujeira visível dos
materiais utilizados e botas.

2. Após os procedimentos de inspeção clínica e colheita de amostras, os profissionais devem


separar todos os itens não descartáveis, os quais deverão ser lavados com água, sabão e escova
e, em seguida, desinfetados e guardados em sacos específicos de não-descartáveis, lacrados e
desinfetados novamente sobre a borda da área limpa, antes de serem colocados no veículo.

3. Itens descartáveis usados devem ser colocados em sacos plásticos de material descartável
para destruição. Materiais perfurantes ou cortantes devem ser colocados em dispositivos
específicos ou garrafas “pet” antes de serem colocados nos sacos de lixo.

Saindo da propriedade:

Em suspeita descartada: não é necessário procedimentos específicos de biosseguridade.

Em caso provável, adotar os seguintes procedimentos:

1. Limpe e desinfete as caixas de materiais, ensaque os equipamentos e os transfira para o


veículo.

2. A remoção dos equipamentos de biosseguridade pessoal deve ser em ordem, visando


proteger contra a exposição a materiais potencialmente infecciosos. Recomenda-se a adoção
dos seguintes pontos:

a. limpar e desinfetar os sacos dos celulares, câmeras e GPS;

b. limpar e desinfetar as botas de borracha e as luvas com escova, incluindo as solas;

c. limpar e pulverizar o macacão reaproveitável com desinfetante, ou mergulhá-lo em balde


com solução desinfetante, e em seguida colocá-lo em saco limpo. No caso de macacão
descartável, retirá-lo com cautela para não ter contato com a parte externa e colocá-lo em saco
com materiais descartáveis;

d. retirar as luvas, cuidando para não tocar as mãos na parte externa, e colocá-las no saco de
materiais descartáveis. Caso sejam luvas de borracha reaproveitáveis, elas devem ser lavadas,
desinfetadas e colocadas nos sacos junto com o macacão reaproveitável;
e. fechar os sacos plásticos contendo as amostras, equipamentos, botas e macacões usando
fita adesiva;

f. colocar os sapatos;

g. limpar e desinfetar mãos, pulsos e braços;

h. despejar os restos de desinfetante nas rodas do veículo;

i. colocar os sacos com materiais não descartáveis e de lixo desinfetados externamente no


carro (porta-malas ou carroceria); e

j. desinfetar as rodas, pedais e piso do veículo antes de deixar a propriedade.

3. Ao retornar da propriedade, providenciar:

a. destino adequado para o material descartável com risco biológico;

b. limpeza e desinfecção dos materiais reutilizáveis; e

c. banho e troca de roupas.

Relação de desinfetantes para PSA

1. Monopersulfato de potássio

Preparação: dissolver o pó em água para que atinja solução indicada pelo fabricante. Enquanto
a solução permanecer na cor rosa, a solução estará ativa por até 5 dias.

Tempo de contato: 10 minutos até secagem natural. Após, enxaguar.

Método de aplicação: pulverização, aspersão de gotículas e imersão.

Indicações: equipamentos em geral de uso na alimentação e dessedentação animal, celeiros,


currais, estábulos, equipamentos e utensílios, instalações de criação de suínos, veículos de
transporte de animais, veículos transportadores de suínos e calçados impermeáveis.

Limitações de uso: não misturar com substâncias alcalinas, pois o produto trabalha um pH de
2,5 para uma solução a 1%.

2. Peróxido de hidrogênio

Preparação: diluir em água na proporção 1:64.

Tempo de contato: 5 minutos.

Método de aplicação: pulverização, aspersão, pedilúvio e imersão. Pode ser usado em


superfícies com sujidades de matéria orgânica.

Precaução: ao aplicar o desinfetante em ambientes fechados, recomendam-se botas, luvas e


máscara.

Indicações: instalações, pessoas e animais, veículos, vestuários, utensílios, couros, peles, ossos,
fenos e palhas.

3. Hipoclorito de sódio
Preparação: fazer diluição para atingir 0,3% (3 ppm). Adicionar hipoclorito de sódio à água;
nunca adicione água ao hipoclorito de sódio.

Tempo de contato: 15 minutos, mantendo a superfície sempre úmida durante o tempo de


contato, podendo haver reaplicação sempre que necessário para tal.

Método de aplicação: as superfícies devem ser previamente limpas removendo matéria


orgânica com uso de detergente e posterior secagem. Pulverização ou aspersão até a superfície
ficar úmida.

Indicações: equipamentos em geral de uso na alimentação e dessedentação animal, celeiros,


currais, estábulos, equipamentos e utensílios, instalações de criação de suínos, veículos de
transporte de animais, veículos transportadores de suínos e calçados impermeáveis.

Precauções: as pessoas que diluem e/ou misturam soluções de hipoclorito de sódio devem
usar macacões e luvas impermeáveis e óculos de proteção. Evite vapores respiratórios,
desocupe áreas mal ventiladas o mais rápido possível e não retorne até que os odores tenham
se dissipado. Pessoas em uma área que não pode ser adequadamente ventilada ou em que
vapores de hipoclorito de sódio não podem ser evitados devem usar um respirador com um
cartucho de vapor orgânico (VO) com qualquer combinação de filtro N, R ou P; ou um
respirador de purificador de ar alimentado com cartucho de vapor orgânico (VO) e filtro HE de
combinação; ou uma máscara de gás com um botijão de vapor orgânico. As pessoas que
utilizam produtos de hipoclorito de sódio de 12,0% e 12,5% devem, além disso, ter
prontamente disponível uma estação de lavagem ocular e chuveiros de emergência.

4. Ácido cítrico

Preparação: diluição a 3%.

Tempo de contato: 15 minutos.

Método de aplicação: as superfícies devem ser previamente limpas removendo matéria


orgânica com uso de detergente e posterior secagem. Pulverização ou aspersão até a superfície
ficar úmida.

Indicações: equipamentos em geral de uso na alimentação e dessedentação animal, celeiros,


currais, estábulos, equipamentos e utensílios, instalações de criação de suínos, veículos de
transporte de animais, veículos transportadores de suínos e calçados impermeáveis.

Precauções: Corrosivos. Causa danos irreversíveis nos olhos. Evite contato com olhos, pele e
roupas. Use protetor de olhos (óculos, escudo facial ou óculos de segurança) e luvas resistentes
a produtos químicos durante

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a aplicação. Prejudicial se engolido ou inalado. Evite respirar vapor ou névoa. Use somente com
ventilação adequada. Lave bem com água e sabão após o manuseio. Remova roupas
contaminadas e lavar roupas antes de reutilizar. Não misture/use com alvejante, produtos
clorados ou removedor de manchas pois podem resultar em vapores irritantes.

5. Timol

Diluição: 0,05%.

Tempo de contato: 15 minutos.


Método de aplicação: realizar limpeza antes da aplicação. Pulverização ou aspersão até a
superfície ficar úmida.

Precauções: pode ser irritante e corrosivo, dependendo da concentração e tempo de


exposição.

Indicações: desinfecção de superfícies de equipamentos, rampas de acesso, pisos, rodolúvio e


pedilúvio.

6. Dicloro-S-Triazinetrione de sódio

Diluição: 1076 ppm.

Tempo de contato: 30 minutos.

Método de aplicação: remover toda a matéria orgânica, realizar limpeza da superfície com
sabão ou detergente e realizar enxágue. Deixar a solução aplicada agir até secagem natural,
mantendo os ambientes bem ventilados. Após secagem, realizar nova limpeza das superfícies
com água e sabão e outra secagem natural.

7. Iodophor

Diluição: Desinfecção preventiva contra o vírus (pedilúvios, pulverização de galpões, pocilgas,


vagões, veículos e lavagem de equipamentos): geralmente, o modo de preparo é 1 litro para
cada 100 litros de água (1%), podendo haver variação conforme o fabricante.

Não é tóxico, corrosivo ou irritante para a pele, quando utilizado nas dosagens recomendadas.

Precauções: Não usar o produto misturado a inseticidas fosforados ou clorados. Para o iodo, o
antídoto é o Tiossulfato de sódio, na dose de 100 mL a 5% por via oral. Evitar contato direto
com a pele. Caso isto ocorra, lavar o local com bastante água corrente limpa. Se houver
irritação persistente, procurar um médico, levando a embalagem do produto. Informação para
uso médico: o produto contém iodo em meio ácido.

8. Amônia quaternária

O uso de desinfetantes à base de amônia quaternária a 800 ppm quando aplicados em


superfícies de plástico, concreto ou aço por 10 minutos reduzem a carga viral de PSA em 3,8 log
a 4,8 log, desde que não haja sangue ou suco de carne sobre estas.

9. Hidróxido de sódio e de cálcio

Muitos solventes como o hidróxido de sódio (NaOH) e de cálcio (Ca(OH)2) (1% a 4°C por 150
segundos) são capazes de inativar o vírus, rompendo o envelope lipídico, resultando na
redução da carga viral inicial em quatro vezes.

Observação: Como a eficácia dos ácidos e dos álcalis como viricidas depende de seu pH, é
importante que não se misturem. As superfícies tratadas com um tipo não devem ser
submetidas à ação de outro, a menos que se intercale uma lavagem com água. Nunca use soda
de lavar e um ácido para desinfetar o mesmo artigo.
PLANO INTEGRADO DE VIGILÂNCIA PARA PSC, PSA E PRRS
O Brasil vem implementando zonas livre de PSC desde 1982. A partir de 2001 passou a
reconhecer como livres 14 Unidades da Federação, ampliando nos anos seguintes chegando a
considerar como livres a zona formada pelo Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e os Municípios de Guajará, Boca do
Acre, sul do município de Canutama e sudoeste do município de Lábrea, pertencentes ao
Estado do Amazonense.

A partir de 2014, a OIE passou a reconhecer o status de países ou zonas livres de PSC.
Buscando-se, de forma gradativa, o reconhecimento internacional da zona livre do Brasil, em
2015 foi concedido aos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina pela OIE como zona livre
de PSC. Em 2016 as demais localidades já reconhecidas nacionalmente como livres também
obtiveram o reconhecimento oficial pela OIE como zona livre de PSC. O estado do Paraná
obteve o reconhecimento oficial pela OIE como zona livre independente de PSC em maio de
2021 (FIGURA 1). Desta forma, a zona livre de PSC no país possui três subdivisões.

Considerando a manutenção da condição de livre para PSC dos estados e municípios


participantes da zona livre (ZL), foi implantado o Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos
Suínos para a vigilância de PSC, ampliando o escopo de doenças-alvo para a PSA e a PRRS e
redefinindo os componentes do sistema de vigilância. O Plano foi delineado inicialmente para
as três doenças, mas pode ser aplicado e adaptado para outras, considerando alterações na
situação epidemiológica, demandas relacionadas ao comércio, interesses dos setores público e
privado e disponibilidade de recursos.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de carne suína, com um rebanho de mais de 40
milhões de animais, abastece o mercado nacional com cerca de 80% dessa produção e exporta
o restante, sendo o quarto maior exportador mundial desta proteína. A suinocultura brasileira
possui condição sanitária bastante favorável por ser considerada livre de doenças
economicamente muito importantes que ocorrem em várias partes do mundo, notadamente a
Peste Suína Africana (PSA) e a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS) e por
possuir uma vasta zona livre de Peste Suína Clássica (PSC).

A manutenção desta condição sanitária no Brasil garante menores custos de produção e


vantagem competitiva no acesso a mercados internacionais.

Entretanto, o crescente trânsito internacional de pessoas, o comércio internacional de animais


e produtos, a intensificação da produção pecuária e outros fatores contribuem para um
aumento dos riscos de introdução e disseminação de doenças cujos impactos sociais,
econômicos e ambientais podem ser extremamente altos. Além disso, diante dos crescentes
riscos sanitários, os parceiros comerciais exigem evidências cada vez mais robustas para a
certificação dos animais e produtos comercializados. Ademais, as condições para certificações
de zonas livres de doenças estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA)
baseiam-se em princípios técnicos e científicos, que estão em contínuo avanço.

Nesse sentido, a vigilância representa a principal atividade em saúde animal que permite a
detecção precoce de doenças animais emergentes e reemergentes, viabilizando o controle e a
erradicação eficiente, bem como a certificação de zonas livres de doenças, sustentando o
acesso dos sistemas produtivos ao comércio nacional e internacional.

Este Plano integrado de vigilância revisa a primeira versão, publicada em 2021 e executada
2021 e 2022, pelo Departamento de Saúde Animal (DSA), vinculado à Secretaria de Defesa
Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para a
vigilância de PSC, PSA e PRRS.

O Plano foi delineado inicialmente para as três doenças, mas pode ser aplicado e adaptado
para outras, considerando alterações na situação epidemiológica, demandas relacionadas ao
comércio, interesses dos setores público e privado e disponibilidade de recursos. Os resultados
satisfatórios e os aprendizados obtidos no 1º ciclo do plano de vigilância permitem promover
adequações e melhorias para o 2º ciclo.

O Plano integrado de vigilância de doenças de suínos foi desenvolvido pelo Serviço Veterinário
Oficial (SVO) em colaboração com os setores da iniciativa privada, representando o
compromisso em manter e melhorar a vigilância animal implantada no Brasil.

2. CONTEXTO ATUAL DAS DOENÇAS NO BRASIL (PSC, PSA e PRRS)

2.1 Peste Suína Clássica (PSC)

O processo de reconhecimento internacional de zonas livres (ZL) do vírus da PSC priorizou as


regiões de maior relevância para produção e exportação de suínos e seus produtos.
Atualmente, cerca de 83% do rebanho suíno brasileiro encontra-se em ZL do vírus da PSC,
envolvendo, aproximadamente, 50% do território nacional. A condição zoossanitária da doença
no Brasil, reconhecida pela OMSA, está constituída da seguinte forma:

• três zonas Livres: uma constituída pelos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina;
outra pelos estados do Acre, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Tocantins e os
municípios de Guajará, Boca do Acre, sul do município de Canutama e sudoeste do município
de Lábrea, pertencentes ao estado do Amazonas; e outra formada pelo estado do Paraná.

• uma zona não Livre (ZnL): formada pelos estados de Alagoas, Amapá, Amazonas (exceto
região pertencente à ZL), Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte e Roraima.

O PNSS trabalha em duas linhas: manter a condição zoossanitária nas ZL e evoluir no processo
de erradicação do vírus da PSC na ZnL, buscando o reconhecimento de todo o país como livre.
Os objetivos são associados, uma vez que a erradicação do vírus da PSC na ZnL contribui para
garantir a condição sanitária na ZL.

2.2 Peste Suína Africana (PSA)

A PSA foi introduzida no Brasil em 1978, no município de Paracambi no estado do Rio de


Janeiro. As investigações realizadas à época revelaram que os suínos do estabelecimento
caracterizado como foco índice se infectaram pela ingestão de sobras de comida servida a
bordo de aviões procedentes de Portugal e da Espanha, países onde grassava a doença.

A última ocorrência de PSA no Brasil foi registrada no município de Moreno, estado de


Pernambuco, em novembro de 1981. As medidas aplicadas pelo SVO brasileiro permitiram a
erradicação da doença em todo seu território e a declaração de país livre de PSA em 1984,
porém com alto custo para o país.

A partir de 2018, a PSA ingressou e se dispersou amplamente nos continentes asiático e


europeu, chegando ao continente americano em 2021. O MAPA, os Órgãos Estaduais de
Sanidade Agropecuária (OESA) e os setores privados da suinocultura têm desenvolvido e
reforçado ações que evitem o ingresso da PSA no Brasil e que possam mitigar os impactos
econômicos e sociais no caso de introdução da doença.

A realização da vigilância direcionada à PSA é uma das formas de cumprir os objetivos do


“Plano de Ação para Prevenção da PSA que busca elencar, organizar e orientar as ações
prioritárias, definir responsabilidades, identificar os principais obstáculos e os recursos
necessários para fortalecer a prevenção e a vigilância da doença para manutenção da condição
sanitária do Brasil como país livre de PSA.

2.3 Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS)

A PRRS foi descrita inicialmente nos Estados Unidos em 1987, na Europa em 1990 e logo após
na Ásia.

A PRRS causa alta mortalidade em suínos recém-nascidos e desmamados, baixa taxa de


concepção em rebanhos de reprodutores, aumento na taxa de aborto, natimortos e
nascimento de leitões fracos, acarretando enormes perdas econômicas aos produtores.

Pela experiência de países com suinocultura altamente especializada, nos quais houve entrada
da doença, foram notadas características muito preocupantes da PRRS, como alta taxa de
difusão, falta de vacinas eficientes e incapacidade de medidas estritas de biosseguridade em
evitar a contaminação de granjas livres. O vírus da PRRS já foi identificado em importantes
países produtores de suínos, sendo endêmico em vários deles.

No Brasil, a PRRS nunca foi registrada e trabalhos científicos publicados, analisando diversos
estratos da cadeia produtiva de suínos no Brasil, sempre demonstram a ausência de anticorpos
ou RNA para o vírus da PRRS. Neste sentido, o Brasil adota rigorosos controles de importação
de suínos para reprodução e material genético, com vistas a mitigar o risco de introdução desta
doença em território nacional.

Dada a importância dos impactos econômicos e sociais no caso de introdução da PRRS no


Brasil, se faz necessário fortalecer o sistema de prevenção, vigilância e resposta a uma possível
detecção da doença.

3. DESCRIÇÃO DAS DOENÇAS E DEFINIÇÕES DE CASOS

3.1. Peste suína clássica

3.1.1. Caso Suspeito de PSC

1. suíno (doméstico ou asselvajado) com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSC,
associados ou não ao aumento das taxas de mortalidade.

3.1.2. Caso provável de PSC

1. suíno com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSC constatados pelo SVO; ou

2. resultado positivo em teste de RT-PCR em amostra de vigilância ativa para PSC.


3. A constatação de caso provável de PSC exige a adoção imediata de medidas de
biosseguridade e de providências para o diagnóstico laboratorial para a exclusão ou a
confirmação da doença.

3.1.3. Caso confirmado de PSC

1. isolamento e identificação do vírus da PSC em amostras procedentes de um ou mais suínos


com ou sem sinais clínicos da doença; ou

2. identificação de antígeno viral, excluindo cepas vacinais, ou ácido nucleico específico do


vírus da PSC em amostras procedentes de um ou mais suínos com sinais clínicos ou lesões
compatíveis com PSC; ou epidemiologicamente vinculados a um caso confirmado de PSC; ou
com indícios de exposição ao vírus da PSC; ou

3. detecção de anticorpos específicos do vírus da PSC, que não sejam consequência da


vacinação ou de infecção por outro Pestivirus, em amostras de um ou mais suínos com sinais
clínicos ou lesões compatíveis com PSC; ou epidemiologicamente vinculados a um caso
confirmado de PSC; ou com indícios de exposição ao vírus da PSC.

OBS 1: o primeiro caso/foco em zona livre de PSC deverá ser confirmado com isolamento e
identificação do vírus.

OBS 2: em um foco de PSC já confirmado, todos os suínos com sinais clínicos compatíveis com
PSC serão considerados casos confirmados.

3.2. Peste suína africana

3.2.1. Caso suspeito de PSA

suíno (doméstico, silvestre ou asselvajado) com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSA
associados ou não ao aumento das taxas de mortalidade.

3.2.2 Caso provável de PSA

1. suíno com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSA constatados pelo SVO; ou

2. resultado positivo em teste de PCR em amostra de vigilância ativa para PSA.

A constatação de caso provável de PSA exige a adoção imediata de medidas de biosseguridade


e de providências para o diagnóstico laboratorial para a exclusão ou a confirmação da doença.

3.2.3. Caso confirmado de PSA

1. isolamento e identificação do vírus da PSA em amostras procedentes de um ou mais suínos


com ou sem sinais clínicos da doença; ou

2. identificação de antígeno viral ou ácido nucleico específico do vírus da PSA em amostras


procedentes de um ou mais suínos com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PSA; ou
epidemiologicamente vinculados a um caso confirmado da PSA; ou com indícios de exposição
ao vírus da PSA.

OBS 1: o primeiro caso/foco de PSA no Brasil deve ser confirmado com isolamento e
identificação do vírus seguido de sequenciamento genético.

OBS 2: em um foco de PSA já confirmado, todos os suínos com sinais clínicos compatíveis com
PSA serão considerados casos confirmados.
3.3. Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos suínos - PRRS

3.3.1. Caso suspeito de PRRS

1. suíno (doméstico ou asselvajado) com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PRRS,
associados ou não ao aumento das taxas de mortalidade.

3.3.2. Caso provável de PRRS

1. suíno com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PRRS constatados pelo SVO; ou

2. resultado positivo em teste de PCR em amostra de vigilância ativa para PRRS.

A constatação de caso provável de PRRS exige adoção imediata de medidas de biosseguridade


e de providências para o diagnóstico laboratorial para a exclusão ou a confirmação da doença.

3.3.3. Caso confirmado de PRRS

1. isolamento e identificação do vírus da PRRS em amostras procedentes de um ou mais suínos


com ou sem sinais clínicos da doença; OU

2. identificação de antígeno viral ou ácido nucleico específico do vírus da PRRS em amostras


procedentes de um ou mais suínos com sinais clínicos ou lesões compatíveis com PRRS; ou
epidemiologicamente vinculados a um caso confirmado de PRRS.

OBS 1: o primeiro caso/foco de PRRS no Brasil deve ser confirmado com isolamento seguido de
sequenciamento genético.

OBS 2: em um foco de PRRS já confirmado, todos os suínos com sinais clínicos compatíveis com
PRRS serão considerados casos confirmados.

4. PROPÓSITOS E JUSTIFICATIVAS

A situação da PSC na ZnL do País, a ocorrência da PRRS nos principais países produtores de
suínos, o aumento da disseminação da PSA na Ásia, Europa e outras partes do mundo e sua
reintrodução no continente americano aumentam a preocupação com a possível introdução e
disseminação dessas doenças no Brasil ou na zona livre, no caso da PSC.

A rápida detecção de uma eventual introdução dessas doenças é essencial para o sucesso das
ações de resposta a emergências, o controle e erradicação do foco, com objetivo de
recuperação rápida da condição sanitária. Essa detecção precoce pode ser dificultada pelas
semelhanças dos quadros clínicos com outras doenças presentes nos sistemas de produção.
Faz-se necessário atualizar os conhecimentos dos produtores, tratadores e técnicos do setor
privado sobre as doenças, bem como fortalecer a interação com o SVO para assegurar uma
detecção rápida e precisa de doenças.

Os componentes de vigilância ativa de PSC, PSA e PRRS, na atual zona livre de PSC, têm grande
relevância para demonstrar a ausência das doenças, visando a certificação para comércio de
suínos e seus produtos do Brasil aos mais diversos mercados. Sua realização de forma contínua
e com níveis adequados de sensibilidade também permite identificar o surgimento ou
mudanças em fatores de risco e a adoção de medidas de gestão que promovam a mitigação,
além do direcionamento eficiente de recursos para áreas e setores estratégicos.
Os dados padronizados e auditáveis do sistema de vigilância devem ser capazes de suportar
processos de análises de risco e avaliações do próprio Plano integrado de vigilância, de forma a
auxiliar a definição de políticas sanitárias e estratégias de curto, médio e longo prazo do PNSS.

Assim, o DSA, após revisão dos procedimentos em vigor, propõe um Plano integrado de
vigilância para PSC, PSA e PRRS visando fortalecer a vigilância e a resposta às emergências para
estas doenças, além de otimizar o uso de recursos empenhados, com o propósito principal de
proteger a suinocultura e a economia nacional da ocorrência das doenças mencionadas e de
seus impactos econômicos e sociais, além de garantir a certificação para acesso a mercados.

5. OBJETIVOS

Este documento descreve um Plano integrado de vigilância que se baseia nas metodologias de
diagnóstico atualmente disponíveis e visa atingir os seguintes objetivos:

Objetivo 1: fortalecer a capacidade de detecção precoce de casos de PSC, PSA e PRRS. A


detecção precoce de casos suspeitos de PSC, PSA e PRRS, seguida do atendimento imediato e
preciso às notificações, constitui a base da vigilância passiva e da preparação e resposta a
emergências.

Ademais, as notificações e investigações de casos suspeitos, realizadas de forma precoce e


consistente, oferecem uma sólida base de dados de ausência das doenças que contribui para a
avaliação situacional no início de um eventual surto e para evidenciar a ausência das doenças
investigadas.

Este Plano integrado de vigilância amplia o escopo da vigilância de casos suspeitos, buscando
detectar não somente a síndrome hemorrágica dos suínos, tendo como alvo a PSC e a PSA, mas
também quadros compatíveis com a PRRS.

Outro aspecto importante é que essas investigações, aliadas aos demais componentes de
vigilância, mantêm em atividade as ações e a capacidade dos sistemas de informação
zoossanitária, de colheita e envio de amostras, de laboratórios e de gestão de emergências,
condições essenciais para uma adequada resposta em caso de ocorrências de algum caso
confirmado, quando a demanda é súbita e volumosamente aumentada.

Objetivo 2: demonstrar a ausência de infecção da PSC, PSA e PRRS nas populações de suínos
domésticos e asselvajados.

Os dados gerados pelo sistema de vigilância para PSC, PSA e PRRS, em suínos domésticos e
asselvajados, devem ser capazes de certificar a condição de zonas livres fornecendo suporte
contínuo às confirmações de condição sanitária junto à OMSA e aos parceiros comerciais. Esse
suporte poderá ser obtido a partir dos dados provenientes da execução das atividades
previstas neste Plano, sem necessidade de estudos e amostragens adicionais.

A contínua busca ativa (clínica e laboratorial) das doenças alvo, em setores de maior risco da
cadeia produtiva, também contribui para aumentar as chances de detecção precoce de casos
ou de reações sorológicas compatíveis com ocorrência de transmissão viral.

A princípio, considerando a ausência de casos na América do Sul e as características da PSA, o


componente de vigilância sorológica para demonstração da condição de livre da doença não
será executado. Havendo qualquer alteração relevante na situação epidemiológica da PSA na
região, a amostragem da vigilância sorológica para PSC e PRRS passa a ser testada também
para PSA.

8. DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO-ALVO

O presente Plano integrado de vigilância de doenças dos suínos deverá, inicialmente, ser
aplicado em toda área geográfica da zona livre de PSC do Brasil (RS, SC, PR, AC, BA, DF, ES, GO,
MG, MS, MT, RJ, RO, SE, SP, TO e os municípios de Guajará, Boca do Acre, sul do município de
Canutama e sudoeste do município de Lábrea, pertencentes ao estado do AM).

Este Plano fundamenta-se na caracterização da população de suínos do Brasil, separada em


três distintas partes assim denominadas: Suinocultura Tecnificada, Suinocultura Não
Tecnificada e População de Suínos Asselvajados. Tal divisão encontra-se detalhada abaixo:

SUINOCULTURA TECNIFICADA: representa o conjunto de criações feitas por produtores


tecnificados, ou seja, que incorporam os avanços tecnológicos em genética, nutrição, sanidade,
biosseguridade e que fazem o acompanhamento dos índices zootécnicos de sua produção.
Nesse grupo encontram-se empresas de genética, grandes e médias agroindústrias,
suinocultores integrados, cooperados e independentes que acessam os principais canais de
processamento e distribuição da cadeia produtiva.

Nesse grupo encontram-se estabelecimentos das categorias:

• Granja de Reprodutores Suínos Certificada (GRSC): estabelecimento que cumpre


integralmente os requisitos estabelecidos para certificação de atendimento a padrões
diferenciados de biosseguridade e certificados como livre das doenças especificadas;

• Unidade Produtora de Leitões (UPL): envolve as fases de cobertura, gestação, maternidade,


creche e, por vezes, central de inseminação de uso exclusivo;

• Creche e wean to finish: estabelecimento que recebe os leitões desmamados da UPL para
criá-los apenas na fase de creche ou até estarem prontos para envio ao abate;

• Terminação: estabelecimento que recebe suínos com a finalidade de engorda para posterior
envio ao abate;

• Ciclo Completo (CC): estabelecimento predominante entre as suinoculturas independentes.


Esse modelo engloba todas as fases da produção, ou seja, o mesmo estabelecimento
contempla desde a chegada de leitoas destinadas à reprodução até o fim da terminação.

SUINOCULTURA NÃO TECNIFICADA: o conjunto de criações de produtores não tecnificados, que


não incorporam os avanços tecnológicos (sobretudo em genética, nutrição, sanidade e
biosseguridade) e para os quais a produção de suínos é destinada ao consumo próprio
(subsistência) ou ao comércio local ou microrregional (comercial), acessando de forma limitada
alguns canais de processamento e distribuição da cadeia produtiva.

Constituem essa população:

• Suinocultura Não Tecnificada de Subsistência: estabelecimentos em que a produção de


suínos é destinada ao consumo próprio;
• Suinocultura Não Tecnificada de Comércio Local: estabelecimentos que, em regra, são de
pequeno porte e destinados ao comércio local, acessando de forma limitada alguns canais de
processamento e distribuição da cadeia produtiva.

POPULAÇÃO DE SUÍNOS ASSELVAJADOS: animais da espécie Sus scrofa, que inclui o porco
doméstico (Sus scrofa domesticus), suas diferentes formas, raças e linhagens, o javali-europeu
(Sus scrofa scrofa) e todos os diferentes graus de cruzamento entre estas subespécies em vida
livre, ou seja, vivendo em condição selvagem.

Nota: As espécies Tayassu tajacu e o Tayassu pecari, conhecidos popularmente como cateto e
queixada, respectivamente, pertencem à família Tayassuidae, que apesar de serem conhecidas
popularmente como porcos-do-mato, não pertencem à família Suidae e, portanto, não são alvo
deste Plano.

10. COMPONENTES DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA

Cada componente do sistema de vigilância compreende uma atividade utilizada para investigar
um ou mais perigos na população-alvo. O conjunto dos componentes ou atividades de
vigilância capazes de produzir dados sobre a condição da doença em particular, ou sobre a
condição de uma população específica, constitui um sistema de vigilância.

Este Plano fundamenta-se nas diretrizes propostas pela OMSA e pela Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) em vários de seus documentos, notadamente o
“Código Sanitário dos Animais Terrestres e o “Manual de Provas de Diagnóstico e Vacinas” da
OMSA , e o “Manual para Vigilância de Doenças Baseada em Risco”, da FAO.

Levando em consideração as diversidades regionais, o Plano integrado de vigilância para PSC,


PSA e PRRS buscou estabelecer um programa com melhor eficácia e custo-benefício, em
especial no que diz respeito à existência de riscos diferenciados de ocorrência da doença nas
diferentes regiões e nos diversos tipos de produção e regiões do País.

O Plano integrado de vigilância é composto por cinco componentes abaixo listados:

1. vigilância sorológica baseada em risco

2. inspeções em estabelecimentos de criação

3. investigações de casos suspeitos

4. inspeção em abatedouros

5. vigilância sorológica em suínos asselvajados

Tendo em vista a disponibilidade de material científico para fundamentação e a alta


previsibilidade e controle do SVO sobre as ações do Plano, foi possível estabelecer o nível
esperado de sensibilidade e a probabilidade de ausência das doenças alvo em relação ao
componente “Vigilância sorológica baseada em risco”. Para os demais componentes, há
carência de elementos que viabilizem uma análise quantitativa prévia e completa de suas
contribuições. Apesar disso, é importante ressaltar que a execução satisfatória de todos os
componentes, de acordo com o preconizado neste Plano, é essencial para que o sistema de

vigilância atinja a sensibilidade esperada e a abrangência mais completa possível da população


de suínos.
De acordo com o Código Terrestre “as estratégias de vigilância empregadas para determinar a
condição da PSA devem ser adaptadas à situação (...) a abordagem utilizada deve levar em
conta a presença de suínos selvagens ou asselvajados, a presença de carrapatos do gênero
Ornithodoros, e a presença de PSA em países ou zonas adjacentes”.

Uma vez que a PSA não se encontra presente na América do Sul há mais de 30 anos, os
componentes “Vigilância sorológica baseada em risco” e “Vigilância sorológica em suínos
asselvajados” não incluem testes direcionados a essa doença na rotina. No entanto, a vigilância
de casos suspeitos de síndrome hemorrágica, oriundas de quaisquer componentes, serão
testadas tanto para PSC como para PSA, no intuito de promover a detecção precoce de
eventual ocorrência de PSA.

A realização de testes para PSA ou mudanças na estratégia de amostragem, fica na


dependência de avaliações quanto às possíveis alterações dos riscos da ocorrência da PSA no
Brasil ou região.

10.1. COMPONENTE 1 – VIGILÂNCIA SOROLÓGICA BASEADA EM RISCO

O desenho amostral deste componente é calculado e otimizado em função do risco para a PSC
e as informações abaixo explicam esse processo. Apesar de não ser o objetivo primário do
componente, testes sorológicos serão concomitantemente realizados para a PRRS e
interpretados à luz dos mesmos métodos de avaliação, fornecendo resultados que alcancem
uma sensibilidade satisfatória.

Para fins de caracterização e delineamento do plano amostral, a zona livre de PSC foi dividida
em três áreas geográficas (Figura 3). Para cada uma dessas áreas foi elaborado um plano de
amostragem em que foram consideradas diferentes probabilidades de ausência prévia de PSC,
de acordo com o histórico e avaliações do sistema de vigilância aplicado anteriormente e
proximidade com áreas não livres de PSC.

De maneira a calcular as sensibilidades do componente em cada área, foram selecionados


grupos de maior risco com base na categoria “tipo de estabelecimento”.

Em sequência, foram definidos, para cada área geográfica, os números de estabelecimentos e


suínos a serem amostrados, de modo que a sensibilidade do componente da vigilância se
mantivesse acima de 95% e que a probabilidade de ausência de PSC na área, caso todas as
amostras resultem negativas aos testes diagnósticos, se mantivesse acima de 99%.
10.1.1. Probabilidade de ausência das doenças (Áreas 1, 2 e 3)

Áreas Geográficas: diante da ampla diversidade de ecossistemas, sistemas produtivos,


realidades sociais e particularidades geográficas que influenciam a aplicação do sistema de
vigilância, a área correspondente às zonas livres de PSC foi dividida em três áreas, conforme
apresentado na Figura 3, visando adequação às realidades e desafios epidemiológicos.

Para cada uma das três áreas geográficas, o componente de vigilância foi delineado
separadamente, aplicando-se diferentes níveis de “Prior”, ou seja, as probabilidades de
ausência prévia da doença. Estes diferentes níveis foram estabelecidos de acordo com o
histórico e avaliações do sistema de vigilância anteriormente praticado. Quanto mais intensivo
e validado o sistema de vigilância anterior, com resultados satisfatórios na população, maior é
essa probabilidade considerada.

• Área 1: composta pelos estados da Região Sul (PR, SC e RS), que concentram a maior parte da
suinocultura industrial do País, com 50,6% da população suína. Nesta Região predomina a
produção tecnificada em sistema de integração. As últimas ocorrências de PSC foram em 1997.
Nesta área, o sistema de vigilância foi primeiramente estruturado e alcançou resultados
bastante robustos na avaliação de demonstração de ausência da infecção nos rebanhos suínos.

Tal condição permite que, de maneira ainda conservadora, seja utilizado o valor de 90% para
probabilidade de ausência da PSC.

• Área 2: formada pelas unidades federativas da Região Sudeste e parte da Região Centro-
Oeste (SP, MG, ES, RJ, GO, DF e MS), com cerca de 23% da população suína. Nesta região há
significativa produção de suínos em sistemas tecnificados de forma integrada, mas predomina
a presença de produtores independentes. A proporção de sistemas de produção não
tecnificados é maior que na Região I. Nesta Área 2, as últimas ocorrências de PSC foram em
1998. A Área 2 também tem longo histórico de vigilância para PSC com resultados satisfatórios,
porém menos robustos e consistentes que os da Área I. Logo, para esta área foi estimada uma
probabilidade de ausência de 70%.

• Área 3: formada pelos estados limítrofes com a ZnL de PSC (AC, RO, MT, TO, BA e SE, além dos
municípios de Guajará, Boca do Acre, sul do município de Canutama e sudoeste do município
de Lábrea, pertencentes ao estado do AM, com 11% da população suína. Nesta Área 3, há
presença de sistemas de produção tecnificados, integrados e independentes, assim como
maior proporção de sistemas de produção não tecnificados, sejam eles comerciais ou não. As
últimas ocorrências de PSC foram em 1995. Nesta Área também há um sistema de vigilância
para PSC com muitos anos de atividades e resultados favoráveis, porém com fragilidades em
algumas UF. Para a Área 3 foi estabelecida uma probabilidade de ausência da PSC de 50%, valor
utilizado quando se desconhece a situação epidemiológica. Essa decisão foi tomada em vista
das divisas com a ZnL e à maior proporção de sistemas de produção não tecnificados.

Cabe destacar que estas probabilidades prévias poderão ser reajustadas para valores
superiores, de acordo com os resultados da execução dos componentes deste Plano integrado
de vigilância. Alcançando-se as metas para os indicadores estabelecidos e não se detectando
casos das doenças, estes ajustes podem ser realizados, implicando em reduções nos planos
amostrais das referidas áreas.

10.1.2. Risco Atribuído aos Tipos de Estabelecimentos

Os estabelecimentos de criação de suínos tiveram seus riscos categorizados conforme suas


características.

Tal categorização considerou a heterogeneidade dos estabelecimentos de criação de suínos e


do consequente impacto que as práticas de manejo, sanidade e biosseguridade exercem no
risco de introdução ou disseminação de doenças como a PSC.

O risco atribuído a cada tipo de estabelecimento da suinocultura tecnificada foi embasado na


“Estimativa de Riscos Relativos para Introdução de PSC” (MOTA, A.L.A.A, 2016), que também
seguiu as diretrizes propostas pelo “Manual para Vigilância de Doenças Baseada em Risco”, da
FAO. Entre os tipos principais de estabelecimentos, foram selecionados quatro para comporem
o sistema de vigilância sorológica.

• Granjas de Reprodutores Suínos Certificadas (GRSC): Esse tipo de estabelecimento, apesar de


ser a categoria de estabelecimentos com a maior biosseguridade e menor risco de ocorrência
de PSC, foi introduzido no componente uma vez que o teste para PSC é um requisito para
certificação de qualquer GRSC. Esses estabelecimentos possuem vinculação, direta ou indireta,
com toda cadeia de produção e, assim, a garantia da ausência de PSC e PRRS nesse tipo de
estabelecimento é de grande relevância para o setor. Dessa forma, o Risco atribuído às GRSC é
1.

• Unidades Produtoras de Leitões (UPL): Este tipo de estabelecimento representa o setor


integrado da cadeia de produção e que apresenta a maior concentração de suínos adultos. O
Risco atribuído a este tipo de estabelecimento é 3,4.

• Estabelecimentos de ciclo completo (CC): Os estabelecimentos de ciclo completo são


identificados como aqueles com maior risco entre as suinoculturas tecnificadas. Isso se deve,
entre outros fatores, a uma menor adesão às medidas sanitárias e de biosseguridade. O Risco
atribuído a este tipo de estabelecimento é 4,5.
• Estabelecimentos de Suinocultura Não Tecnificada de Comércio Local: Representam um tipo
de estabelecimento de alto risco e, portanto, responsáveis por grande contribuição à
sensibilidade do sistema de vigilância devido à precariedade das condições de biosseguridade e
seu potencial de infecção e disseminação em relação à PSC, principalmente quando é realizado
o comércio.

Considerando que não há referências científicas no país sobre o tema, o Risco atribuído a este
tipo de estabelecimento foi de 7.

Os estabelecimentos dos tipos “Creche” e “Terminação” não foram incluídos na amostragem


devido ao menor risco atribuído a essas categorias e, principalmente, à expectativa de se
encontrar somente animais jovens. Esses animais possuem menor tempo de possível exposição
aos agentes patogênicos, caso estes estejam presentes, e, portanto, menores chances de
apresentarem reações imunológicas ou presença dos agentes investigados. Além disso, creches
e terminações são alojadas e esvaziadas aproximadamente a cada 45 dias (creches) e 90 dias
(terminações), e após cada retirada de animais são realizados manejo de limpeza, desinfecção
e vazio sanitário.

Os estabelecimentos de suinocultura não tecnificada de subsistência não foram priorizados


para colheita de amostras por serem considerados de menor risco em relação aos de
suinocultura não tecnificada de comércio local.

10.1.3. Amostragem

A vigilância soroepidemiológica tem o objetivo de apoiar a certificação de ausência de


transmissão do vírus da PSC e da PRRS. Uma amostragem baseada em risco, cujo alvo são
rebanhos e indivíduos com maior probabilidade de serem infectados, é mais apropriada, pois
fornece um nível melhor de probabilidade da ausência da doença, ao ser comparada com uma
amostra representativa do mesmo tamanho.

O desenho amostral foi definido no intuito de maximizar a probabilidade de detecção de PSC.


Por esse motivo, seleciona estabelecimentos dentre os 4 tipos escolhidos, refletindo a
distribuição nas 3 áreas e estados. Conforme descrito anteriormente, apesar do modelo ser
baseado nas características da PSC, as amostragens também serão satisfatórias para a
comprovação da ausência de PRRS e, caso seja necessário, também para a PSA.

Foram considerados, como parâmetros epidemiológicos, a prevalência mínima de


estabelecimentos infectados de 1%, a prevalência em animais dentro de um rebanho infectado
de 15%, a sensibilidade dos testes sorológicos (ELISA) de 94,4% e para a PCR de 99,0%. A
especificidade do sistema diagnóstico é tratada como 100%, considerando as investigações
complementares clínica, laboratorial e epidemiológica visando a confirmação de casos pelo
SVO. O número de amostras foi calculado de modo a satisfazer uma sensibilidade mínima para
o sistema de vigilância de 95% e probabilidade de ausência de PSC de 99%.

As GRSC seguirão a legislação vigente para certificação com definição da amostragem a ser
procedida.

Quanto à temporalidade do Plano Integrado de Vigilância, as amostragens em suinocultura


tecnificada e não tecnificada de comércio local devem ser distribuídas em todos os meses do
ano, podendo sofrer variações, conforme indicadores da Tabela 6 (Indicadores para avaliação
da representatividade Temporal), mas não se concentrando em poucos meses, de forma a
garantir a representatividade temporal dos componentes.
10.1.4. Caracterização dos estabelecimentos amostrados

A relação dos municípios com os estabelecimentos a serem amostrados será indicada


anualmente pelo DSA, em conjunto com o OESA de cada UF. No entanto, ao selecionar o
estabelecimento, o técnico do OESA responsável pela colheita deverá se certificar de que este
possui as características necessárias para se enquadrar na categoria “tipo de estabelecimento”
que foi indicada pelo DSA.

As UF que desenvolverem estudos para identificação de áreas ou de propriedades de maior


risco poderão agregar estas informações para subsidiar a seleção das propriedades a serem
amostradas.

10.2. COMPONENTE 2 – INSPEÇÕES EM ESTABELECIMENTOS DE CRIAÇÃO

Neste componente, as inspeções clínica e de índices zootécnicos devem ser direcionadas a


outros estabelecimentos em que não foi realizada a vigilância sorológica, com presença de
fatores de risco para a introdução, manutenção ou disseminação do vírus da PSC, PSA e PRRS.

A vigilância de inspeções em estabelecimentos de criação de maior risco é de grande


importância, pois propicia a atualização de informações do estabelecimento e dos rebanhos
suínos, além da interação do SVO com os responsáveis pelo manejo dos suínos para o
desenvolvimento de ações de educação em saúde animal.

Complementarmente, e de forma não dirigida, outras inspeções e fiscalizações do SVO em


estabelecimentos com suínos, com distintos propósitos, podem ser consideradas na produção
de dados e informações sobre a vigilância da doença. Novamente, as UF que desenvolverem
estudos para identificação de áreas ou de propriedades de maior risco poderão agregar estas
informações para subsidiar a seleção das propriedades a serem inspecionadas. Esses estudos
poderão ser realizados por cada UF em parceria com instituições de ensino e pesquisa e
validados pelo DSA.

Quanto à temporalidade, as inspeções devem ser distribuídas em todos os meses do ano,


podendo sofrer variações, conforme indicadores da Tabela 6 (Indicadores para avaliação da
representatividade Temporal), mas não se concentrando em poucos meses, de forma a garantir
a representatividade temporal dos componentes.

10.3. COMPONENTE 3 – INVESTIGAÇÕES DE CASOS SUSPEITOS

A investigação de casos suspeitos, em suínos domésticos ou asselvajados, é a forma mais


comum e a mais importante do sistema de vigilância. A notificação por parte dos criadores,
demais profissionais da cadeia suinícola e agentes de manejo populacional de suínos
asselvajados devidamente instruídos e sensibilizados acerca dos sinais das doenças é
fundamental para detecção precoce de focos.

Os procedimentos padronizados pelo DSA, tanto o fluxo de notificações e registros de


informações zoossanitárias, quanto os procedimentos técnicos para os atendimentos de casos
suspeitos e diagnósticos laboratoriais de PSC, PSA e PRRS, estão disponíveis no “Manual do
Sistema Nacional de Informações Zoossanitárias – SIZ” e nas fichas técnicas de cada doença”.

No caso de a notificação de suspeita ser considerada caso provável de PSC, PSA ou PRRS por
um médico veterinário oficial (MVO), deve-se proceder à interdição imediata do
estabelecimento e registro no e-Sisbravet. A investigação clínica e epidemiológica de casos
prováveis deve ser complementada com testes laboratoriais executados pelo LFDA para a
confirmação ou descarte dos casos, conforme apresentado nas fichas técnicas das doenças.
Quando da ocorrência de casos prováveis ou confirmados em suínos asselvajados, não haverá
interdição do estabelecimento.

Em situações em que ocorra a confirmação de casos de PSC, PSA ou PRRS, as ações deverão
seguir o estabelecido nos respectivos planos de contingência.

10.4. COMPONENTE 4 – INSPEÇÃO EM ABATEDOUROS

Os objetivos da inspeção em estabelecimentos de abate são direcionados principalmente para


a saúde pública, como garantir a segurança, a inocuidade e a qualidade higiênico-sanitária dos
produtos de origem animal, além de mitigar os riscos de transmissão de doenças ou
contaminação por resíduos. A representatividade dos dados de abate possui limitações e tem
grande viés de amostragem, o que limita a interpretação dos dados produzidos para ações em
saúde animal, destacando que:

• Os suínos enviados para abate em estabelecimentos sob inspeção oficial são considerados
uma amostragem tendenciosa por diversos motivos, desde comerciais e geográficos, até
epidemiológicos, sanitários e sazonais, não sendo representativa da população geral.

• Os suínos enviados para abate tendem a ser mais jovens e mais saudáveis que o resto da
população, exclui ou sub-representa animais muito jovens, mal desenvolvidos ou com alguma
doença.

• As doenças que causam alta mortalidade são subestimadas nos abatedouros, já que os
animais nem chegam a ser abatidos.

• ocorre no final da cadeia, portanto, é uma detecção tardia dentro do sistema de vigilância.

Assim, os dados de abates têm limitada validade para avaliação de doenças que apresentem
lesões de difícil detecção ou cuja ocorrência reduza a probabilidade de envio de animais para o
abate, mas os grandes volumes de animais envolvidos e a padronização dos procedimentos de
inspeção animal ante e post mortem para a detecção precoce de casos suspeitos das doenças
alvo oferecem uma contrapartida, tornando este componente relevante para o sistema de
vigilância.

As inspeções realizadas na rotina podem detectar a presença de sinais clínicos e lesões


patológicas e direcionar ações de vigilância nos estabelecimentos de origem dos suínos.

A vigilância em estabelecimentos de abate é comumente interpretada como uma forma de


vigilância ativa.

As principais vantagens são: a) baixo custo, haja vista que os suínos já são inspecionados para
outras finalidades; b) grande número de suínos inspecionados; c) fornecimento constante de
dados; d) permite a coleta de dados e materiais, em poucos abatedouros, de um grande
número de estabelecimentos rurais de origem dos suínos e com método padronizado para
detectar sinais clínicos e patológicos, sendo em geral mais específica que as observações dos
proprietários; e e) é uma forma de monitorar os demais componentes do sistema de vigilância,
pois caso existam falhas de detecção em nível de campo, nessa última fase é possível fazer a
detecção de casos prováveis da doença.

Em caso de detecção de lesões compatíveis com PSC, PSA e PRRS o serviço de inspeção oficial
deve comunicar o serviço de saúde animal para realizar a investigação clínica e epidemiológica.
10.5. COMPONENTE 5 – VIGILÂNCIA SOROLÓGICA EM SUÍNOS ASSELVAJADOS

São considerados neste componente do sistema de vigilância o porco doméstico ou o javali


(Sus scrofa) em todas as suas formas, linhagens, raças e seus diferentes graus de cruzamento,
vivendo em vida livre na condição selvagem, sem supervisão e controle humano.

A coleta de dados sobre os suínos asselvajados e sua correlação com as populações domésticas
é de suma importância para que se possam tomar ações do SVO no sentido de evitar o ingresso
da PSC, PSA e PRRS e a resposta rápida em caso de introdução. Os suínos asselvajados têm
importância epidemiológica na manutenção da PSC, PSA e PRRS como reservatório para o vírus
e possíveis fontes de infecção para os suínos de criação doméstica.

Granja de Reprodutores Suídeos Certificada (GRSC)


As Granjas de Reprodutores Suídeos Certificadas (GRSC) são aquelas que comercializam,
distribuem ou mantem reprodutores suínos para multiplicação animal e que atendem
integralmente às disposições básicas e específicas estabelecidas para a certificação.

Considerando a importância econômica da suinocultura e a necessidade de manter um nível


Sanitário adequado nas granjas que comercializam, distribuam ou mantenham reprodutores
suínos para multiplicação animal, a fim de evitar a disseminação de doenças e assegurar níveis
desejáveis de produtividade, foi publicada a Instrução Normativa nº 19 em 15 de fevereiro de
2002 (alterada pela Instrução Normativa nº 11, de 06 de abril de 2020), que aprova as normas
a serem cumpridas para certificação de granjas de reprodutores suídeos.

A comercialização e distribuição, no Território Nacional, de suídeos destinados à reprodução,


assim como a sua participação em exposições, feiras e leilões, somente serão permitidas
àqueles procedentes de GRSC. As entidades mantenedoras de animais com finalidade de
multiplicação animal deverão obedecer aos requisitos previstos nas IN 19/2002 e IN 11/2020.

Granja de reprodutores suídeos certificada (GRSC): é a granja que atende integralmente às


disposições básicas e específicas estabelecidas para a certificação. As granjas terão sua
certificação baseada no monitoramento sorológico e na sua classificação sanitária previstos na
legislação, que inclui fatores relacionados à biosseguridade e à sanidade dos rebanhos.

A certificação é obrigatória para as doenças: Peste Suína Clássica, Brucelose, Tuberculose,


Doença de Aujeszky, Sarna e livre ou controlada para Leptospirose. A critério do proprietário da
granja de reprodutores, poderá ser requerida a certificação opcional de livre para quaisquer
das seguintes doenças: Rinite Atrófica Progressiva, Pneumonia Micoplásmica,
Pleuropneumonia Suína e Disenteria Suína.

NORMAS PARA A CERTIFICAÇÃO DE GRANJAS DE REPRODUTORES SUÍDEOS

1. DAS DEFINIÇÕES

1.1. Para efeito destas Normas, considera-se:

1.1.1. Suídeo: qualquer animal do gênero Sus sp;


1.1.2. Suídeos de reprodução: suídeos mantidos em uma granja e utilizados para a
multiplicação da espécie;

1.1.3. Entidades mantenedoras de materiais de multiplicação de suídeos: centrais de


inseminação artificial e unidades disseminadoras de genes;

1.1.4. Granja de reprodutores: estabelecimento ou propriedade onde são criados ou


mantidos suídeos para a comercialização ou distribuição, cujo produto final seja destinado à
reprodução;

1.1.5. Granja de reprodutores suídeos certificada (GRSC): granja que atenda integralmente às
disposições básicas e específicas estabelecidas para a certificação. As granjas terão sua
certificação baseada no monitoramento sorológico e na sua classificação sanitária previstos
nessa Instrução Normativa;

1.1.6. Proprietário: qualquer pessoa, física ou jurídica, que mantenha em seu poder suídeos
cujo produto final seja destinado à reprodução;

1.1.7. Serviço oficial: o órgão de defesa sanitária animal federal, estadual ou municipal;

1.1.8. Médico veterinário oficial: o profissional do serviço oficial;

1.1.9. Médico veterinário credenciado: o profissional credenciado pelo serviço oficial, de


acordo com o Decreto Lei nº 818, de 5 de setembro de 1969;

1.1.10. Responsável técnico: médico veterinário, indicado pelo proprietário, responsável pelo
cumprimento das condições estabelecidas nestas Normas;

1.1.11. Laboratório oficial: laboratório pertencente à rede do Ministério da Agricultura,


Pecuária e Abastecimento, na área animal;

1.1.12. Laboratório oficial credenciado: laboratório pertencente à instituição pública que


recebe, por delegação de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
ato de credenciamento;

1.1.13. Produção de reprodutores: tem como finalidade principal ou produto principal futuros
reprodutores machos e fêmeas;

1.1.14. Produção de reprodutores em ciclo completo: granja produtora de suídeos para


reprodução, envolvendo todas as fases em prédios, numa mesma área geográfica;

1.1.15. Sítio 1: unidade produtora de leitões, envolvendo as fases de cobrição, gestação,


maternidade, desmame e, dependendo da empresa, a creche e central de inseminação de uso
exclusivo;

1.1.16. Sítio 2: unidade que recebe os leitões do sítio 1 para criá-los na fase de creche, creche
e crescimento ou apenas crescimento até a entrega para reprodução;

1.1.17. Sítio 3: unidade que recebe os suídeos do sítio 2 para criá-los até o momento da
entrega para reprodução;

1.1.18. Monitoria sanitária: são formas sistemáticas e periódicas de constatar, qualificar e


quantificar o nível de saúde de granjas de reprodutores para determinada doença ou infecção;
1.1.19. Grau de vulnerabilidade: conjunto de normas destinadas a evitar a introdução de
agentes patogênicos na granja de reprodutores;

1.1.20. Biossegurança: desenvolvimento e implementação de normas rígidas para proteger o


rebanho de suídeos contra a introdução e disseminação de agentes infecciosos na granja de
reprodutores;

1.1.21. Dados zootécnicos: conjunto de parâmetros de produtividade de uma granja de


reprodução, que permite caracterizar e avaliar o seu desempenho produtivo;

1.1.22. Quarentenário: local onde se mantém em isolamento e observação animais


recémadquiridos, aparentemente sadios, para realização de testes diagnósticos ou medidas
profiláticas destinadas a evitar a introdução de agentes patogênicos em granjas de
reprodutores.

2. DAS CONDIÇÕES BÁSICAS

2.1. As condições básicas a serem atendidas pelas granjas de reprodutores de suídeos,


objetivando a certificação oficial das mesmas, são as seguintes:

2.1.1. Estar registrada no setor competente do Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento e manter um sistema de registro que permita a identificação dos animais e da
ascendência genética dos mesmos.

2.1.2. Possuir cadastro junto ao Serviço Oficial da jurisdição onde esteja localizada, bem como
um registro zoossanitário completo (nascimentos, mortes, diagnóstico de doenças,
tratamentos, programa de vacinação e monitoria sanitária dos suídeos de reprodução), com as
informações relativas a todos os suídeos alojados e que deverão estar à disposição do Serviço
Oficial;

2.1.3. Adotar práticas de biossegurança contra a introdução de agentes patogênicos e para


evitar a disseminação ou exacerbação de doenças na granja de reprodutores;

2.1.4. Possuir assistência médico-veterinária e responsável técnico, que a representará junto ao


serviço oficial, notificando as ocorrências de ordem sanitárias e dados zootécnicos, por meio
de relatório técnico trimestral enviado ao Serviço Oficial, ou de imediato, no caso de doenças
de notificação imediata. Caberá ao responsável colher materiais para os exames laboratoriais e
realizar exames clínicos de rebanho, bem como implantar programa de limpeza e desinfecção e
de vacinações, mantendo protocolos dessas medidas e das demais atividades de controle de
saúde anotados, de acordo com o estabelecido nestas Normas, supervisionado pelo serviço
oficial;

2.1.5. A colheita de material para exames laboratoriais, inoculação de tuberculina e sua leitura
com o fim de monitoria sanitária das granjas para certificação e recertificação deverá ser
executada sob supervisão direta do Serviço Oficial, sendo os custos dos exames às expensas do
proprietário;

2.1.6. O ingresso de suídeos para reposição e material de multiplicação animal na granja de


reprodutores certificada somente poderá ocorrer quando procederem de GRSC e certificada
pelo menos para as mesmas doenças opcionais.
2.1.7. A certificação terá validade de seis meses, prazo que poderá ser ajustado, a critério do
Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária (DSA/SDA), e
disponibilizado no endereço eletrônico do MAPA, considerando a situação epidemiológica das
doenças de certificação, e será concedida, em modelo próprio, pelo serviço oficial, com base na
apresentação dos resultados dos exames clínicos de rebanho e laboratoriais, realizados em
laboratórios oficiais ou oficiais credenciados e, no caso da tuberculose, na apresentação dos
resultados das provas diagnósticas realizadas pelo responsável técnico da granja e na
comprovação do atendimento das demais exigências estabelecidas nestas Normas;

2.1.8 Os suídeos em trânsito deverão estar acompanhados por documento oficial de trânsito e
de cópia do certificado de GRSC, autenticada por servidor oficial;

2.1.9. A certificação poderá ser suspensa a qualquer momento pelo serviço oficial, motivada
pelo não atendimento de quaisquer das determinações estabelecidas nestas Normas ou a
pedido do interessado.

3. DAS CONDIÇÕES ESPECÍFICAS

3.1.As condições sanitárias e de biossegurança a serem atendidas pelas granjas de


reprodutores de suídeos para a certificação são:

3.1.1. Dispor de cerca periférica com entrada única e sistema de desinfecção para o ingresso de
pessoas ou veículos;

3.1.2. Possuir embarcadouro/desembarcadouro localizado junto à cerca periférica;

3.1.3. Dispor de um livro de visitas, identificando a última data e local de visitas a outras
granjas de suídeos, laboratórios, matadouros-frigoríficos ou outros locais com a presença de
suídeos, sendo de 24 horas o período mínimo de vazio sanitário;

3.1.4. Dispor de um sistema de desinfecção para a introdução de materiais e equipamentos na


granja;

3.1.5. Possuir vestiário com paredes e pisos impermeáveis, com banheiro, chuveiro e vestuário
para o pessoal da granja de reprodutores e visitantes;

3.1.6. Utilizar água de fonte conhecida, que não seja de cursos naturais, para o abastecimento
da granja, com reservatórios protegidos, limpos e desinfetados, no mínimo, a cada seis meses;

3.1.7. Dispor de licença do órgão ambiental estadual competente, com relação ao tratamento e
destino dos dejetos;

3.1.8. Dispor de um sistema adequado, aceito pelo órgão oficial competente, para destino de
cadáveres e restos de partos (natimortos, mumificados, placentas);

3.1.9. As granjas de reprodutores de dois sítios de produção deverão cumprir, em ambos os


sítios, todos os requisitos exigidos para certificação, independente se os sítios estão localizados
na mesma propriedade ou não;

3.1.10. As granjas de três sítios de produção deverão cumprir todos os requisitos para
certificação nos sítios 1 e 3, sendo que no sítio 2, deverão cumprir apenas as condições de
biossegurança, independente se os sítios estão localizados na mesma propriedade ou não.
3.1.11. Nas granjas de reprodutores de 2 ou 3 sítios, em caso de suspeita de qualquer uma das
doenças objeto de certificação destas Normas, em qualquer um dos sítios de produção, a
critério do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, deverão ser solicitados
exames, nos demais sítios, de acordo com a amostragem definida nestas Normas, inclusive fora
da data prevista de recertificação, podendo ser suspensa a certificação dos sítios de produção,
até o resultado dos exames.

3.2. A granjas de reprodutores de suídeos certificadas, cumpridos os itens anteriores, serão


avaliadas para uma classificação inicial e reavaliadas anualmente, quanto ao grau de
vulnerabilidade das mesmas à entrada de agentes patogênicos, conforme a tabela 1.

3.2.1. Classificação das granjas quanto ao grau de vulnerabilidade a patógenos externos:

a) granja "A": bem protegida - de 0 a 5,0 pontos, desde que não tenha nenhum critério
com pontuação 2 ou 3;

b) granja "B": vulnerabilidade baixa - até 8,0 pontos, desde que não tenha nenhum
critério com pontuação 3 e não se enquadre como granja "A";

c) granja "C": vulnerabilidade moderada - de 8,0 a 12,0 pontos, desde que não se
enquadre como granja "B";

d) granja "D": altamente vulnerável - com 13,0 ou mais pontos.

3.2.2. Na avaliação do grau de vulnerabilidade para Centrais de Inseminação Artificial, o item 3,


constante na tabela 1, não será aplicado.

3.3. Dos níveis sanitários da GRSC

3.3.1. Toda granja de suídeos certificada deverá ser livre de peste suína clássica, doença de
Aujeszky, brucelose, tuberculose, sarna e livre ou controlada para leptospirose.

3.3.2. As condições a ser atendidas para a Peste Suína Clássica - PSC - são as seguintes:

3.3.3. Realizar provas sorológicas, com intervalo de seis meses ou por outro prazo definido pelo
DSA/SDA, disponibilizado no endereço eletrônico do MAPA, por meio de teste ELISA,
utilizando-se kit registrado no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, devendo os
soros que apresentar resultados suspeitos ou positivos ser submetidos a provas
complementares diferenciais, por meio de testes de neutralização, incluindo os diferenciais
para Diarreia Bovina a Vírus.

3.3.4. A granja de reprodutores terá cumprido as condições sorológicas para PSC se todos os
testes forem negativos. No caso de positividade, devem ser aplicadas as medidas estabelecidas
nas normas de profilaxia da peste suína clássica, aprovadas pelas Normas vigentes.

3.3.5. As condições a ser atendidas para a Doença de Aujeszky são as seguintes:

3.3.5.1. Não proceder à vacinação dos suídeos alojados na granja de reprodutores.

3.3.5.2. Realizar provas sorológicas, com intervalo de seis meses ou por outro prazo definido
pelo DSA/SDA e disponibilizado no endereço eletrônico do MAPA, por meio de teste ELISA,
utilizando-se kit registrado no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento devendo os
soros que apresentar positividade ser submetidos ao teste de neutralização.

3.3.5.3. A granja de reprodutores terá cumprido as condições sorológicas para doença de


Aujeszky se todos os testes forem negativos. No caso de positividade, a certificação será
suspensa e a sorologia deverá ser repetida em 100% do plantel de reprodutores, com intervalo
de 30 e 60 dias. No caso de ser mantida a positividade, a granja perderá a certificação.

3.3.6. Para a brucelose, devem ser realizadas provas sorológicas, com intervalo de seis meses
ou por outro prazo definido pelo DSA/SDA e disponibilizado no endereço eletrônico do MAPA,
utilizando o antígeno acidificado tamponado ou outro aprovado pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento e indicado para o caso, devendo os soros reagentes ser submetidos a
provas complementares do 2- mercaptoetanol ou fixação de complemento.

3.3.6.1. A granja de reprodutores terá cumprido as condições sorológicas para a brucelose se


todos os testes forem negativos. No caso de positividade, a granja terá sua certificação
suspensa, eliminando os positivos e retestando o plantel, na sua totalidade em até 30 dias.
Persistindo a positividade, a granja perderá a certificação.

3.3.7. Para a tuberculose, deverão ser testados reprodutores machos e fêmeas, por
amostragem, conforme tabela do item 3.3.11.1, com intervalo de seis meses ou por outro
prazo definido pelo DSA/SDA e disponibilizado no endereço eletrônico do MAPA, em prova
comparativa com tuberculina PPD bovina e PPD aviária.

3.3.7.1. A leitura deverá ser feita 48 horas após, com uso de régua milimétrica, medindo-se o
diâmetro maior da reação. A interpretação do teste será dada com base no rebanho,
considerando a média aritmética das reações superiores a 0,5 cm.

3.3.7.2. A granja terá cumprido as condições exigidas para tuberculose se todos os animais
forem negativos para PPD bovina ou se houver reação positiva, desde que a média do diâmetro
das reações à PPD bovina seja inferior à média do diâmetro das reações à PPD aviária.

3.3.7.3. A granja será considerada positiva para tuberculose se a média do diâmetro das
reações à PPD bovina for maior que a média diâmetro das reações à PPD aviária. Neste caso, a
certificação será suspensa, devendo ser aplicadas medidas de saneamento.

3.3.7.4. No caso da média do diâmetro das reações à tuberculina PPD aviária ser maior que a
média das reações à tuberculina PPD bovina, a granja será considerada infectada por
micobactérias do Complexo avium. Neste caso, a granja não perderá a certificação e deverá ser
implantado, no estabelecimento, um programa de controle.

3.3.7.5. Em caso de dúvidas na interpretação das reações às tuberculinas, a granja perderá,


temporariamente, a certificação até que seja concluído o diagnóstico, baseado em provas
laboratoriais de identificação das micobactérias envolvidas.

3.3.8. Para a Leptospirose, as granjas terão duas opções:

3.3.8.1. Nas granjas de reprodutores consideradas livres de Leptospirose, será obrigatório o


controle sorológico, devendo ser realizadas provas sorológicas de micro aglutinação, com
intervalo de seis meses ou por outro prazo definido pelo DSA/SDA e disponibilizado no
endereço eletrônico do MAPA. Os soros devem ser testados frente aos sorovares L. canicola, L.
grippothyphosa, L. hardjo, L. icterohaemorrhagiae, L. pomona, L, bratislava e, apresentando
resultados negativos.
3.3.8.2. A critério da autoridade sanitária competente , poderão ser acrescentados outros
sorovares.

3.3.8.3. As granjas de reprodutores consideradas controladas para Leptospirose, pelo uso de


vacina, deverão conter no Certificado a expressão "Granja vacinada para Leptospirose",
devendo a vacina a ser utilizada conter todos os sorovares constantes no item 3.3.8.1.

3.3.9. Para a sarna, será utilizado o exame de raspado de pele, com intervalo de seis meses ou
por outro prazo definido pelo DSA/SDA e disponibilizado no endereço eletrônico do MAPA, de
5 reprodutores e 5 suínos de terminação, identificados pelo veterinário oficial, por meio de
exame clínico, como potenciais portadores de sarna. Todos deverão apresentar resultados
negativo.

3.3.9.1. Caso positivo, a certificação será suspensa, devendo ser providenciada a erradicação,
por meio de tratamento medicamentoso, elaborado e implantado pelo responsável técnico.

3.3.10. As granjas que não cumprirem integralmente as condições mencionadas nestas Normas
perderão a condição de Granjas de Reprodutores Suídeos Certificada.

3.3.11. As granjas serão certificadas após a realização de dois testes negativos consecutivos
com intervalo de dois a três meses, para todas as doenças previstas nesta Instrução.

3.3.11.1.No primeiro teste, será examinado 100% do rebanho de reprodutores. Na


amostragem para o segundo teste e monitoramentos posteriores, será utilizada a tabela 2. Em
se tratando de granjas novas, que forem povoadas com o acompanhamento do Serviço Oficial,
por animais provenientes de granjas já certificadas, não haverá necessidade da colheita de
100% do plantel, bastando obedecer à tabela 2.

4.DOENÇAS DE CERTIFICAÇÃO OPCIONAL

A critério do proprietário da granja de reprodutores, o mesmo poderá requerer junto ao


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a partir de junho de 2002, a certificação
opcional de livre para quaisquer das doenças abaixo:

4.1. Rinite Atrófica Progressiva (RAP):

4.1.1. A granja de reprodutores será considerada livre de RAP se:

- Não for constatada a presença de Pasteurella multocida D toxigênica em 3 exames


consecutivos iniciais, com intervalo de 30 dias. Deverão ser coletados suabes nasais e de
amídalas de 30 leitões com 8 semanas de idade que não estejam sob regime de antibióticos.
Os suabes deverão ser acondicionados em meio de transporte (0,5 ml) e mantidos a 4oC. No
laboratório, os suabes serão semeados em meio seletivo agar 8HPG, agar sangue e colocados
de volta no meio de transporte. Este será agitado em vortex e, com as suspensões obtidas, será
formado um pool de cinco animais (0,10ml x 5 = 0,50ml), que será inoculado em camundongo.
Após 7 dias, os camundongos serão sacrificados para tentativa de isolamento de P. multocida.
As amostras de P. multocida serão submetidas a um teste para identificação de sua
toxigenicidade, através de teste ELISA, soroneutralização em células ou PCRs.

- Não for constatado lesões nos cornetos nasais com graduação superior a 1, pelo
método de avaliação visual (na escala de 0 = ausência de lesão; 1 = leve desvio da normalidade;
2 = lesão moderada e 3 = lesão grave), em 3 exames consecutivos iniciais, com intervalo de 30
dias. Os exames deverão ser realizados em um grupo de, no mínimo, 30 suínos com cinco a seis
meses de idade.

4.1.2. Para manutenção da certificação, estes exames deverão ser repetidos, uma única vez, a
cada 6 meses, com todos os resultados negativos.

4.2. Pneumonia Micoplásmica (PM)

4.2.1.A granja de reprodutores será considerada livre de Pneumonia Enzoótica se:

- Não for constatada a presença de Mycoplasma hyopneumoniae em 3 exames


sorológicos consecutivos iniciais, com intervalo de 30 dias, de 30 leitões com mais de 10
semanas de idade. Se houver sorologia positiva e ausência de lesões ao abate, os animais vivos
com sorologia positiva deverão ser submetidos à lavagem bronquial e colheita de material para
PCR - NESTED e/ou cultivo de Mycoplasma hyopneumoniae.

- Não for constatada lesões pulmonares de PM em 3 exames consecutivos iniciais de


matadouro, com intervalo de 30 dias, de 30 suínos com 5 a 6 meses de idade. Caso lesões de
PM sejam encontradas, as mesmas deverão ser submetidas a exames de histopatologia,
seguido de teste de imunoperoxidase ou imunofluorescência para Mycoplasma
hyopneumoniae.

4.2.2. Para manutenção da certificação esses exames deverão ser repetidos, uma única vez, a
cada 6 meses, com todos os resultados negativos.

4.3. Pleuropneumonia Suína (PPS)

4.3.1. A granja de reprodutores será considerada livre de PPS se:

- Não for constatada a presença de sorotipos patogênicos de Actinobacillus


pleuropneumoniae em 3 exames consecutivos iniciais, com intervalo de 30 dias, pelo teste Elisa
polivalente, em 30 leitões com 13 ou mais semanas de idade. Dos animais positivos, caso não
houver lesões de PPS no exame de matadouro, coletar secreções ou fragmentos de amídalas e
submetê-los a exames bacteriológicos direto em meio seletivo, aplicando o processo de
separação imunomagnética para isolamento do Actinobacillus pleuropneumonia, ou submeter
ao teste de PCR.

- Não for constatada a presença de lesões de PPS em 3 exames consecutivos iniciais,


com intervalo de, no mínimo, 30 dias, de 30 suínos entre 5 a 6 meses de idade. Caso seja
observada alguma lesão sugestiva de PPS, estas deverão ser encaminhadas para tentativa de
isolamento e sorotipagem de Actinobacillus pleuropneumoniae.

4.3.2. Para manutenção da certificação esses exames deverão ser repetidos, uma única vez, a
cada 6 meses com todos os resultados negativos.

4.4. Disenteria Suína (DS)

4.4.1. A granja de reprodutores será considerada livre de DS se:


- Não for constatada a presença de Brachyspira hyodysenteriae em 3 exames consecutivos
iniciais, com intervalo de 30 dias, através de exames laboratoriais, de um pool de fezes de 6
suínos por baia, colhidas de 6 diferentes baias de suínos em crescimento. As fezes serão
submetidas ao exame de imunofluorescência direta e confirmada por PCR. A certificação será
mantida através de exames semestrais de um pool de fezes de 6 suínos, colhidas em 6
diferente baias de suínos em crescimento.

4.4.2. Para manutenção da certificação esses exames deverão ser repetidos, uma única vez, a
cada 6 meses com todos os resultados negativos.

4.5. As GRSC, em relação às doenças de certificação, constantes nos itens 4.1, 4.2, 4.3, 4.4
serão classificadas em quatro níveis:

a) Nível 1: livre das quatro doenças opcionais;

b) Nível 2: livre de pelo menos duas doenças opcionais;

c) Nível 3: livre de uma doença opcional;

d) Nível 4: sem doença opcional certificada.

5. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

5.1. A critério do DSA/SDA, disponibilizado no endereço eletrônico do MAPA, poderão ser


incluídas novas enfermidades para certificação, e as orientações de testes de diagnóstico e
demais procedimentos serão fornecidas por manuais específicos publicados pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

5.2. As penalidades advindas do não cumprimento das normas disciplinadas nesta Instrução
Normativa estão previstas em legislação da Defesa Sanitária Animal, independente da perda da
certificação.

5.3. Os casos não previstos nesta Instrução Normativa serão resolvidos pelo Departamento de
Defesa Animal.

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