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O urso-polar (nome cientí co: Ursus maritimus), também conhecido como

urso-branco, é uma espécie de mamífero carnívoro da família Ursidae


encontrada no círculo polar Ártico. Ele é o maior carnívoro terrestre
conhecido e também o maior urso, juntamente com o urso-de-kodiak, que
tem aproximadamente o mesmo tamanho. Embora esteja relacionado com o
urso-pardo, esta espécie evoluiu para ocupar um estreito nicho ecológico,
com muitas características morfológicas adaptadas para as baixas
temperaturas, para se mover sobre neve, gelo e na água, e para caçar focas,
que compreende a maior porção de sua dieta.
A espécie está classi cada como "vulnerável" pela União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), com oito das
dezenove subpopulações em declínio. Entre as ameaças que atingem o urso
estão o desenvolvimento da região com a exploração de petróleo e gás
natural, contaminação por poluentes, caça predatória e efeitos da mudança
climática no habitat. Por centenas de anos, o urso-polar tem sido uma gura
chave na vida cultural, espiritual e material dos povos indígenas do Ártico,
aparecendo em muitas lendas e contos desses povos.

Nomenclatura e taxonomia
A espécie foi descrita como Ursus maritimus por Constantine John Phipps, 2º
Barão de Mulgrave, em seu livro "A voyage towards the North Pole"
publicado em 1774.[3] (a) Em 1825, John Edward Gray cunhou o termo
genérico Thalarctos(b) para o urso-polar levando em conta as diferenças na
coloração, formato do crânio, número de pré-molares e nos hábitos.[4] A
taxonomia da espécie passou por mudanças ao longo dos anos, com uma
corrente de pesquisadores sustentando que a espécie merecia gurar em um
gênero distinto, sendo assim utilizando o binômio Thalarctos maritimus,[5][6][7][8]
enquanto outro grupo continuava a usar a combinação original da espécie,
fazendo com que a mesma permanecesse no gênero Ursus.[9][10][11][12][13] A
controversa posição taxonômica da espécie só foi estabilizada na década de
1990, quando análises genéticas, especialmente de sequências de DNA
mitocondrial, comprovaram o parentesco entre o urso-pardo e o urso-polar.[14]
[15]

Filogenia do urso-polar

A logenia obtida a partir do DNA


mitocondrial coloca o urso-polar dentro do
clado do urso-pardo, fazendo com que o
mesmo se torne para lético (colchete verde).
A logenia obtida do DNA nuclear posiciona
o urso-pardo e polar como grupos-irmãos.
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Ursus americanus

Ursus arctos

Ursus arctos

Ursus arctos "ABC"

Ursus maritimus

DNA nuclear

Ursus americanus

Ursus arctos

Ursus maritimus

O estudo do ADN mitocondrial revelou que o urso-pardo era para lético em


relação ao polar, com os animais do arquipélago de Alexander
(especialmente os indivíduos das ilhas Admiralty, Baranof e Chichagof), no
sudeste do Alasca, mais próximos aos ursos-polares do que do restante dos
ursos-pardos.[16] Pesquisas subjacentes corroboraram estes resultados e
sugeriram que os espécimes presentes no arquipélago Alexander
representavam os descendentes que originaram o urso-polar.[15][17][18] Um
estudo divergente estipulou os indivíduos da Irlanda como prováveis
descendentes da linhagem polar.[19] Em 2012, um estudo analisando ADN
nuclear colocou o urso-polar fora do clado do urso-pardo, restaurando a
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mono lia de ambas as espécies.[20] Híbridos férteis entre ursos-polares e
pardos são conhecidos em cativeiro,[21] entretanto, são extremamente raros
na natureza.[18] Em 2006, um animal híbrido foi morto no extremo sul da ilha
Banks, no ártico canadense, e apresentava características mistas como a
pelagem branca intercalada com manchas castanhas, garras longas, face
côncava e uma corcova. Exames de DNA con rmaram que o híbrido
provinha de uma mãe urso-polar e um pai urso-pardo.[22][23]
O urso-polar é uma espécie monotípica, não sendo reconhecida nenhuma
subespécie.[24] No passado alguns pesquisadores reconheciam a existência
de subespécies e até de várias espécies de ursos-polares, como Theodor
Knottnerus-Meyer, que em 1908 descreveu quatro novas espécies e uma
nova subespécie, e Alexei Andreevich Byalynitsky-Birula que em 1932
reconhecia um espécie com três subespécies.[25] T. H. Manning entre 1959 e
1966 realizou uma investigação morfométrica em diversos espécimes
coletados em diferentes partes da área de distribuição e determinou não
haver qualquer diferença que justi casse múltiplas espécies, como também,
que entre os espécimes estudados todos pertenciam a uma única
subespécie atual.[25] Em 1998, Dale W. Rice reconheceu duas subespécies,
Ursus maritimus maritimus para as populações do Atlântico e Ursus
maritimus marinus para as do Pací co, baseado no tamanho do crânio.[26]
Entretanto, a subdivisão do urso-polar em duas subespécies não têm
justi cativa.[27] Uma subespécie fóssil, Ursus maritimus tyrannus, foi
identi cada por Björn Kurtén em 1964, baseada em uma única ulna
encontrada em Kew Bridge, Londres, datada do Pleistoceno.[9] Entretanto,
uma reanálise feita por pesquisadores do Museu de História Natural de
Londres concluiu que o espécime de Kew é na verdade um variedade de
Ursus arctos.[28]
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Híbrido de urso polar/pardo taxidermizado exposto no Rothschild Museum, Tring,
Inglaterra.
O registro fóssil do urso-polar é bem escasso, e sua história evolutiva não é
muito bem conhecida.[28] O registro mais antigo para a espécie é uma
mandíbula datada de 130 000 a 110 000 anos, encontrada em Prince
Charles Foreland, Svalbard, em 2004.[28] Outros achados subfósseis são
conhecidos da Groenlândia, Noruega, Suécia, Dinamarca e Canadá. Dos
exemplares provenientes do sul da Escandinávia, seis foram datados de um
período entre 12 500 e 10 500 a.p. sugerindo fortemente que a distribuição
do urso-polar foi in uenciada pela variação climática durante o Pleistoceno
Superior e o Holoceno Inferior e que ele apresentava uma distribuição mais
meridional que no Presente.[29] A análise morfométrica da mandíbula de
Svalbard, quando comparada com exemplares de ursos-pardos e de ursos-
polares atuais e de outros restos subfósseis encontrados, demonstram que o
espécime têm as mesmas características que os animais atuais e que
possivelmente tratava-se de um macho adulto.[28] A descoberta desta
mandíbula con rma que o urso-polar já era uma espécie distinta a pelo ou
menos 110 000 anos.[18] O tempo de divergência entre as duas linhagens
varia entre os pesquisadores e a metodologia utilizada. Kúrten, com base no
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estudo do material subfóssil, sugeriu uma origem tardia para o urso-polar,
estipulando que a espécie tenha evoluído entre 70 e 100 mil anos.[9] Estudos
moleculares de relações evolutivas entre as espécies atuais diferem
consideravelmente no tempo de divergência entre o urso-polar e o urso-
pardo. Alguns pesquisadores corroboraram uma origem recente entre 70 000
e 100 000 anos,[30] enquanto outros chegaram a períodos mais antigos como
entre 2 e 3 milhões de anos (Ma),[31] entre 1 e 2 Ma,[17] entre 1 e 1,5 Ma,[32]
1,320 Ma,[33] entre 1,170 Ma e 660 000 ,[34] e 600 000.[20]

Distribuição geográfica e habitat

Indivíduo sob gelo utuante na baía de Wager (Parque Nacional Ukkusiksalik, Nunavut,
Canadá).
O urso-polar é encontrado no círculo polar ártico e áreas continentais
adjacentes. A área de distribuição inclui territórios em cinco países:
Dinamarca (Groenlândia), Noruega (Svalbard), Rússia, Estados Unidos
(Alasca) e Canadá.[1] Os limites meridionais de sua distribuição são
determinados pela disposição anual do gelo utuante e do gelo permanente
durante o inverno. A espécie têm sido registrada ao norte até 88º e ao sul até
a ilha St. Matthew e ilhas Pribilof, no mar de Bering, e baía de James e ilha
de Terra Nova, no Canadá.[35] Avistamentos esporádicos são relatados em
Berlevåg na Noruega continental e nas ilhas Kurilas no mar de Okhotsk.[26]
Além disso, animais errantes ocasionalmente chegam na Islândia.[1]
Na décadas de 1960 e 1970, os pesquisadores começaram a obter
informações sobre a estrutura das populações de urso-polar dispersas por
todo o Ártico e sobre a movimentação realizada pelos mesmos.[36] Em 1993,
durante o encontro da "IUCN's Polar Bear Specialist Group", a primeira
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tabela o cial da situação dessas populações foi formalizada com
reconhecimento de quinze subpopulações.[37] Em 2009, um total de dezenove
subpopulações foram reconhecidas.[38] Estes grupos reconhecidos devido a
uma delidade sazonal a algumas áreas em particular, são geneticamente
similares,[39] não havendo evidências de que algum grupo tenha evoluído
separadamente por períodos signi cativos de tempo.[36]
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