Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
a imagem e a fotografia
como registro
Introdução
Muito tem sido dito sobre a fotografia. Falas que defendem que ela vale mais
do que mil palavras. Se isso for verdade, a fotografia, ou melhor, dizendo, a
imagem estampada na película tem muito a nos dizer sobre uma dada situação
e sobre a educação.
De fato, uma fotografia pode ser usada como uma metodologia auxiliar
na pesquisa. Junto com um referencial teórico freireano, as metodologias de
pesquisa-ação e multirreferencial, a fotografia pode agregar mais valor ao nosso
olhar educativo. Vejamos como.
Para que a compreensão do conteúdo deste capítulo seja satisfatória, é
importante a leitura do texto de Elisabeth P. Oliveira Transler o ambiente
escolar: a fotografia na visão de crianças da educação infantil, disponível no
sítio <http://www.ufpel.tche.br/cic/2009/cd/pdf/CH/CH_01214.pdf>. Nesse
texto, Oliveira demonstra como é possível utilizar a fotografia como ferramenta
de pesquisa e aprendizado em uma aplicação prática na educação.
Esperamos que, ao final deste capítulo, você seja capaz de compreender
a utilização da fotografia como uma metodologia de pesquisa e auxilio na
construção de uma visão pedagógica.
nos diz muito sobre o que se desejou transmitir sobre a época, sobre os costumes
e as perspectivas.
É como Oliveira (2007, p. 211) destaca
As imagens visuais não têm o mesmo estatuto do texto escrito,
mas é necessário observá-las como um diferente, como um inter-
locutor privilegiado do texto escrito, compartilhado no texto
cultural, com suas especificidades materiais e formais e história
própria. Muitas pesquisas na área da História têm avançado
nesse campo, elaborando o que poderíamos chamar de uma
história da visualidade.
Saiba mais
Você sabia que as cores tem uma informação sobre a pessoa? Quando al-
guém utiliza certa roupa com um determinado tipo de cor, ele está transmi-
tindo informação, desejos, ansiedades. Quando desenvolver sua pesquisa
de campo no estágio, atente para isso. Poderá encontrar outras informa-
ções importantes no livro de Luciano Guimarães, intitulado A cor como
informação: a construção biofísica, linguística e cultural da simbologia das
cores, publicado pela editora Anna Blume, em 2000.
O que essa imagem nos diz? Pense em você estagiando nessa sala e olhando
para esses alunos que aparecem na fotografia. Perceba os detalhes da foto, os
modos de se sentar, arrumar-se e manter-se em sala de aula e o que cada um
deles transmite a você. Perceba detalhes do ambiente escolar. O que você não
vê nessa foto? Como ela se encaixa no espaço educativo? Essas são algumas
questões que você poderá utilizar para fazer a imagem “falar”.
Vamos tentar responder às questões? Bem, olhando a fotografia, diríamos
que esses jovens estão em um espaço educativo formal, ou seja, uma escola. Por
que dizemos isso? Pela disposição das cadeiras na classe de aula, um atrás do
outro. Como eles se portam? Basicamente como todo aluno que está “copiando”
matéria do quadro, em silêncio, ou silenciado, dependendo do contexto de
observação. E o que dizer da disciplina nessa escola, o que a fotografia lhe
transmite? Se você disse que a forma de disciplina da escola parece ser mais
branda, acertou, já que temos os jovens trajando roupas das mais variadas
e, até o uso presença de um boné por um deles, mas o que não vemos nessa
fotografia? Não vemos a parede pichada. O que isso lhe diz? Isso pode denotar
a presença de uma gestão cuidadosa com o espaço coletivo e, que, por ser
atuante, consegue ter a comunidade como aliada na preservação da escola.
Esses detalhes que emanam da fotografia permitem que você, pesquisador
do ato educativo, perceba detalhes que não seriam percebidos de outro modo.
Esses “novos” dados permitem uma análise mais ampla do fato educativo
observado. É claro que, com o auxílio de anotações e observações realizadas,
essa análise deverá ser mais profunda, com aplicações de teorias pedagógicas
ao que é visto.
Reflita
Em qual lugar você acha que essa fotografia foi tirada? Será que foi em
uma escola? Se for, era da zona urbana ou rural? O que ela tem a lhe di-
zer? Que detalhes não estão explícitos e podem dar a você uma percepção
mais aprofundada? O que é relevante nessa foto?
Esse percurso descrito por Vergara (2006) exige que o pesquisador adote
uma atitude de “imersão” permanente no ambiente, regado a um “estranhamento”
com o espaço à sua volta e envolto em constantes “questionamentos” sobre a
realidade que se apresenta.
Saiba mais
Observe que essa metodologia se encaixa muito bem com as que vimos
anteriormente, pesquisa-ação e multirreferencialidade. Ela complementa o
“olhar” que você, acadêmico de Pedagogia em processo de conclusão de
estágio, deverá exercitar.
Mas lembre-se de que algumas situações, se não forem registradas assim que
ocorrem, podem perder-se, já que é improvável que sejam repetidas (VERGARA,
2006). Dessa forma, a atenção é essencial no processo de captação de uma
determinada realidade.
Você viu, neste capítulo, que a fotografia poderá ser utilizada como um
importante instrumento de conhecimento da realidade escolar, pois, por meio
dela, observamos diversos elementos na forma em que se constrói o ambiente,
transmite informações sobre a época, os costumes e as perspectivas.
Agora que já temos a nossa opção teórica definida, as nossas opções
metodológicas mais claras, vamos colocar os nossos conhecimentos em prática.
É hora de iniciarmos nossa primeira inserção prática no campo de estágio.
Lembre-se de que a nossa inserção será em uma realidade não formal.
Referências
BATISTA, L. J. C. Fotografia: instrumento de pesquisa em educação. In: I Jornada
Latino-Americana e II Colóquio Brasileiro da AFIRSE – Association Francophone
Internationale de Recherche Scientifique en Education. Anais... Brasília: 4-7 set.
2003, p. 1-15.
GURAN, M. Linguagem fotográfica e informação. Rio de Janeiro: Gama filho,
2002.
OLIVEIRA, M. C. M. Sobre as (im)possibilidades da fotografia como fonte
primária em História da Educação. In: PÔRTO JR., Gilson (Org.). História do
tempo presente. Bauru: Edusc, 2007.
VERGARA, S. C. Métodos de pesquisa em administração. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2006.
Anotações