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Nosso Projeto Integrador vai nos guiar, caso você se permita, por três processos simultâneos:
De tudo o que você já viu em seu universo, qual foi a menor coisa? Um grão de areia? Um pixel? Uma cabeça de
alfinete? Lembra-se das famigeradas aulas de química e as cadeias de carbono da adolescência? E das aulas de
Biologia, onde falávamos das partes das células, como os ribossomos, as citoplasmas e as mitocôndrias? Tudo era tão
distante da minha realidade, pois eu não conseguia imaginar nenhuma dessas nanoestruturas inseridas na minha
vida. Tipo, nunca eu tinha visto uma cadeia de carbono no dia a dia e nem uma molécula formando uma estrutura de
DNA. Sinceramente, a única coisa que me fazia algum sentido era que cada coisa, por menor que seja, é formada por
partes ainda menores.
Caminhando mais por esse túnel do tempo, voltei para Se olharmos com calma para a Língua Portuguesa, o que
a minha sala de aula do Ensino Médio e consegui ouvir também poderia ser aplicado a qualquer idioma,
vagamente a professora de Literatura falar sobre a propomos que ela possa ser vista por muitos ângulos, mas
“parte pelo todo”, que parece ser uma lógica presente três deles nos interessam bastante:
em muitas, ou quase todas as frentes do
conhecimento humano. Partimos do grande até chegar
no menor possível, ou da menor parte até formar o a) a Cultura, como ela é usada nas relações entre as
todo completo. Em Língua Portuguesa chamamos esta pessoas que pertencem ao mesmo universo;
figura de linguagem de metonímia. Você se lembra b) como sua Gramática é constituída de maneira a dar
disso? Faz todo o sentido, não? Olha que incrível, um sentido formal a esta troca de informações entre
Exatas, Biológicas e Humanas podem participar de seres humanos;
pensamentos metodológicos parecidos em sua c) o significado das palavras e de onde elas vêm, como
construção. foram constituídas, que chamamos de Linguística.
Nossos estímulos culturais vão interferir na maneira com que a Gramática é formada e como
ela acaba se transformando ao longo dos anos, entre grupos diferentes, e ao mesmo tempo,
num processo de dupla alimentação, ela muda as relações culturais. Afinal, as palavras vão
dar inputs e outputs nas relações.
Dica de Leitura
Se você também acha esse assunto fascinante, recomendo esta
entrevista com o linguista Paul Henry:
França (1884)
Atualmente
Egito (2500 a.C.) A primeira referência do termo não tinha
nenhuma ligação com as questões salariais. No
entanto, registros históricos confirmam que no
Egito, cerca de 2.500 anos antes de Cristo, os
trabalhadores que construíam a pirâmide de
Paris (Séc. XIX) Khéops já se revoltavam e paravam de trabalhar
quando não estavam contentes. Na época, os
operários cruzaram os braços por várias razões,
não necessariamente salariais. Certa vez, a
paralisação foi provocada porque os patrões
diminuíram – e depois suprimiram totalmente –
o alho que era colocado no almoço das equipes.
Paris (Séc. XVII)
Homens desempregados se reuniam para procurar
ocupação em uma praça pública cujo piso era
formado por grava, um tipo de areia. Isso mostra
que a greve não foi inventada pelos franceses.
Mesmo assim, a expressão “fazer greve” nasceu em
Paris. O termo vem do nome de uma praça (place de
la Grève) nas margens do rio Sena. O local foi
batizado assim por causa de um tipo de areia grossa,
chamada “grava”, presente na região. No século XVII,
era nessa praça que os homens desempregados se
Fig. 1 – Place de la Grève em gravura reuniam em busca de trabalho e “fazer greve”
de Matthaus Merian (1645) significava procurar emprego.
Paris (Séc. XIX)
O mesmo lugar anteriormente ocupado
por desempregados, agora é ocupada por
profissionais que não aceitam as condições
trabalhistas. Mas no século XIX, essa
mesma praça começou também a atrair
pessoas que protestavam contra as más
condições de trabalho e se tornou, de uma
certa forma, símbolo das reivindicações
trabalhistas.
Fig. 2 – Place de la Grève (1756)
França (1884)
Fig. 4: O ponto sobre o plano 1 parece maior do que sobre o plano 2. A relatividade entre a percepção
visual do ponto nos planos se dá pela relação entre figura e fundo.
Também podemos pensá-lo em sua relação com outros
pontos. Dependendo de sua aplicação em determinados
espaços visuais, um conjunto de pontos pode
representar diferentes elementos. Quanto mais pontos
em um determinado espaço, ou plano, a sensação de
ocupação é maior, e de maneira contrária, quanto
menor o número de pontos em um lugar a percepção da
dispersão é acentuada.
Pare para refletir como Wassily Kandinsky trabalhou até chegar em suas composições
finais. Foram linhas e formas usadas ao mesmo tempo, umas relacionadas às outras, de
maneira a criar uma composição visual. O resultado final é o mais importante, como
usamos cada uma dessas técnicas para criar um todo — lembre-se da metonímia —, e
não necessariamente cada um dos elementos.
Vamos ser sinceros. Apenas incluímos alguns
elementos aos nossos layouts para dar um gosto
estético visual, não obrigatoriamente para construir
um significado racional. Daí vem a dificuldade de
criar e compor. Mas é importante você sempre ter
em mente que, com muito esforço e exercício,
podemos dominar essa relação significativa dos
elementos de nossas composições. Esse é o segredo
para sempre chegarmos a resultados instigantes!
Agora você deve estar sedento de ir para a
experiência de criar, de pôr a mão na massa e ver
como as linhas se comportam em seus trabalhos.
Mas, antes que você comece a sua própria viagem
pela arte, quero te apresentar a mais uma
referência que julgo interessante: o Tate Museu.
Apesar de trabalhar com linhas, sua distribuição
de elementos constituiu formas que viraram uma
marca tão consistente. Veja, pontos trabalhando
juntos por um significado maior, que viraram
formas e que deram uma identidade a uma
instituição cultural!
Simples e fantástico, como toda criação deve ser. E qual o porquê de mostrar isso neste
momento? Pare e olhe a marca do Brand New, lá em cima no site, um logotipo
completamente montado por linhas. Linhas e mais linhas, que podem formar letras, que se
juntam em famílias tipográficas, que possuem estética, que vão transmitir significados às
palavras. Qual será a tipografia usada na palavra greve? Ou será grava?
Seção 4
Alfabetismo visual: as formas
Wucius Wong (2001), autor muito conhecido por seu trabalho em
linguagem visual, ao dialogar sobre o uso das formas nos trabalhos
gráficos propõe que todos os elementos de uma determinada
composição estão associados, estruturados, a partir de seu
ordenamento. Dessa maneira, considere que cada pequena coisa
inserida em seu layout está subordinada às outras partes que formam
o todo (ops, será que novamente estamos retomando as
metonímias?).
Childish Gambino surpreendeu, como um soco no estômago, representacional e o simbólico, por trazer temas reais
o mundo com o videoclipe de This is America. O artista realizados por meio da música e das cenas recriadas
estadunidense mostrou que o american way of life foi com uma mistura de abstração entre situações que
construído sobre desigualdade, segregação e muitos túmulos nos trazem sentimentos como mensagens, que não
e que, mesmo estando em ruínas, ainda o assistimos e são tão concretos. A cada nova mensagem que
admiramos comendo pipoca, como a uma série da Netflix. Os captamos, uma nova dimensão significativa se abre
movimentos de cunho racial o aplaudiram de pé e, por em nossa interpretação, indo mais além do primeiro
semanas, a discussão viajou o mundo: afinal, será que as plano (representacional) e alcançando as mensagens
contas realmente estão pagas e que vivemos uma realidade que o artista quis transmitir (simbólico). E o melhor?
mais justa? O que fazer com o que já foi construído, se os Ambos planos conversam diretamente, reforçando a
símbolos e signos desta repressão toda já foi enraizado na ideia de que o entretenimento que consumimos
Costumamos brincar que o brasileiro deve ser estudado pela NASA, de tão peculiar. Somos criativos por
natureza e lutadores pela sobrevivência. Queria ver o Childish assistindo à nossa releitura de seu clip. Será
que ele conseguiria pegar todo o simbolismo da coisa? Enjoy it!
Vamos relembrar os conceitos básicos da Linguagem Visual que vimos ao longo da Unidade? Associe cada conceito à sua definição:
Gramática Verbal
A _____________ é formada por pequenas estruturas, como verbos, pronomes e preposições. Cada uma delas tem seu valor na montagem das frases, que por sua vez formam os
parágrafos que vão dando forma aos textos. E os textos já constituídos formam ideias, que influenciam pessoas e influenciam reflexões.
Pensamento Visual
O _______________ é construído por pontos, linhas, formas e planos, que ao serem combinados vão ganhando novos contornos, educando pessoas, fazendo pensar, transformando
seus significados. E nós, seres humanos gregários, vamos ao poucos, desde de nossas infâncias, aprendendo a ler cada uma dessas informações para atribuirmos sentidos.
Ponto
A base para toda construção gráfica é o _______, que basicamente é a menor partícula possível na linguagem visual. Por meio dele as demais coisas são criadas, como a linhas, as
formas e os planos. Ele é o menor elemento, mas que formará todos demais que conseguimos imaginar.
Valor Tonal
O interessante é que neste caso os pontos vão determinar um __________, se é mais claro ou escuro em relação aos demais elementos inseridos em uma moldura. Por mais estranho
que pareça, enxergamos o mundo e as imagens que nos envolvem por meio de planos, que falaremos mais para frente.
Moldura
Contudo, temos que saber que cada ponto, ou elemento, colocado em uma determinada ______________ está em relação aos demais inseridos no mesmo espaço e que a
mensagem visual vem desta relação. Tamanhos, formas, cores e texturas vão marcar está relação fazendo com que tenhamos a sensação de proximidade, dispersão e movimento.
Textura
Os pontos também possuem esta característica de trazerem __________ as superfícies. Particularmente quando penso em textura vem na hora a ideia sensação tátil, de algo que
posso tocar, contudo em alfabetismo visual pensamos nas _________ que servem para serem vistas, que nos dão a sensação do tátil com os olhos. Quase uma mudança de sentidos.
Pense que ____________ tem um aspecto tridimensional, que são as ranhuras, que ao serem demonstradas no bidimensional acabam operando com sombras e iluminação.
Referências Bibliográficas
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
WONG, Wucius. Princípios de Forma e Desenho. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
VAZ, Adriana e SILVA, Rossano. Fundamentos da Linguagem Visual. São Paulo: Intersaberes, 2016.
Unidade 2
Projeto Integrador 1
(Parte 2)
Objetivos da Unidade Seções
Elementos da Linguagem
Visual
Elementos da linguagem visual: Introdução
Os componentes básicos que consideramos para a constituição de
qualquer imagem está apoiada em duas fincas: forma e conteúdo.
Usamos uma forma, que no nosso caso é visual, para transmitirmos uma
mensagem, que tecnicamente chamamos de conteúdo. Ambos andam
sempre de mãos dadas e dialogam o tempo todo. Não há um conteúdo
sem forma, pois ele é completamente dependente de uma maneira de ser
abordada. Por outro lado, qualquer imagem, por mais simplificada e única
que seja, traz em si um conteúdo. Inclusive, até um ponto, uma cor, uma
corda, um pequeno elemento já é em si um conteúdo a ser interpretado.
Gosto muito da definição que Dondis nos traz sobre composição, pois nos
faz parar e pensar sobre como estamos montando nossa mensagem, de
como estamos relacionando elementos na intenção de contar uma
história ou mensagem.
Ainda, para a autora, existe uma quarta forma que complementa a tríade conteúdo, forma e artista, que seria a
percepção visual de quem a recebe. Se por um lado estudamos as teorias possíveis para uma formação consistente
na criação de linguagens visuais, por outro não podemos descartar que há um receptor que está imerso em uma
série de questões subjetivas e de leituras de mundo que influenciam diretamente o olhar dele. O grande desafio
então se ancora em como desenvolver mensagens que atinjam pessoas ou grupos específicos que estão imersos em
repertórios diferentes. Digo isso pois seus repertórios inclusive visuais marcarão a maneira com a qual você
perceberá fenômenos gerais.
No fundo, temos que compreender que só vemos aquilo que conseguimos ver, que estamos maduros e preparados
para tal, pois as mensagens que nos tocam são aquelas que ao entrarem em nossos repertórios conseguem acessar
aquela pastinha dos sentidos. Somos seres que necessitam de percepções para criar sentidos emocionais, positivos e
negativos.
Nosso sistema cognitivo, ou nossa inteligência não funciona de maneira retardada, com atrasos, pelo contrário,
seu movimento se realiza imediatamente, de forma espontânea. Como assim? A partir do momento em que
tenho contato com um conceito, pode ser verbal imagético ou de qualquer outra natureza, espontaneamente
desencadeamos uma série de percepções que marcará o significado que atribuimos ao fenômeno. E mesmo
quando paramos para pensar sobre as sensações que recebemos imediatamente nossa semiose começa a
desencadear outros significados que vão compor nossas percepções e conclusões.
Nas artes, uma vez que a base é subjetiva e emocional, propomos que a criação é mais livre da obrigatoriedade
do receptor, afinal o conceito da obra está sendo construída no desejo e nas proposições do artista que são
compreendidas e assimiladas por quem as vê. Já no design a grande estrutura está em construir uma mensagem
direta e de fácil compreensão pelo receptor, afinal quem tem que responder a ideia transmitida é quem vai
utilizar o produto criado. Dessa maneira, um cartaz tem como finalidade instruir o leitor de quais direções ele
deve seguir caso seja de seu interesse.
Composição é o meio de controlar a reinterpretação de uma mensagem visual por parte de quem a recebe. O
significado se encontra tanto no olho do observador quanto no talento do criador. O resultado final de toda
experiência visual, na natureza e, basicamente, no design, está na interação de polaridades duplas: primeiro, as
forças do conteúdo (mensagem e significado) e da forma (design, meio e ordenação); e em segundo lugar, o efeito
recíproco do articulador (designer, artista e artesão) e do receptor (público). Em ambos os casos, um não pode se
separar do outro. A forma é afetada pelo conteúdo; o conteúdo é afetado pela forma. A mensagem é emitida pelo
criador e modificada pelo observador. (DONDIS, 2007: p.132)
Dessa maneira, o designer tem um limite em suas criações que será dada pela necessidade de ter uma mensagem central.
O processo criativo não é solto, pelo contrário, totalmente focado. E como fazer isso? Se temos tantas possibilidades
visuais dadas ao nosso universo gráfico, como imagens e tipografias, como definir a melhor escolha para transmitir uma
mensagem? Não é tão simples responder a essa pergunta, mas de maneira bastante simplista pense como o seu leitor
entenderia seu produto. Se o leitor é jovem e amante de hip-hop qual seria a tipografia que melhor se encaixaria ao
universo dele? As letras mais gordas e coloridas que lembram a cidade podem ser uma opção interessante, ou aquelas
serifadas que nos lembram um pouco as góticas podem ser compreendidas com mais facilidade pelos skatistas, afinal já
são utilizadas pelas bandas ouvidas por eles.
Os mais velhos, terceira idade, possuem uma necessidade de tamanhos maiores de letras para facilitar a leitura com suas
vistas enfraquecidas, mas para um público letrado geral um tamanho menor dará conta das necessidades. Uma imagem
menos abstrata que retrata com mais realidade uma cena, é de mais fácil compreensão por pessoas com baixa
escolaridade, vide as cartilhas infantis. Já as abstrações atingem um público especialmente letrado que compreenderá
sensações e sentimentos. Um cartaz para um público jurídico tem que ser mais sério e direto, para publicitários mais
coloridos e festivos. O público guiará nossas escolhas, não o nosso gosto pessoal.
Prêmio MCB
Link: https://mcb.org.br/pt/premiados/cartazes/
Realmente não acreditamos que gosto não se discute, afinal gosto traz em si uma série de questões que sempre
valem a pena ser discutidas. Padrões de gosto estão associados a formação da pessoa, de subjetividades e
coletividades que foram constituídas ao longo da vida.
Cada escolha pressupõe uma série de outros conceitos que estão enraizados dentro da pessoa que merecem e
devem ser pensados. Veja, quando entramos na discussão dos pixadores muitos pensamentos e opiniões são
engatilhadas, mas devemos questionar o quanto paramos para estudar a função estética e social que ali está
inserida. Da mesma maneira, séries como RuPaul e Pose, que tratam das estéticas drag queen dividem os
interlocutores, pois operam com cores e materiais extravagantes. Será que é só uma questão de gosto? Será que
temos padrões e condicionamentos sociais associados ao belo e ao feio? Tudo isso serve para nos perguntarmos: o
meu gosto é o do meu público? Quem deve ser agradado eu ou meu consumidor? Pense nisso.
Você conhece a Bienal do Design Gráfico?
Em 2019, a Bienal da Associação dos Designers
Gráficos do Brasil completa 30 anos. Nesta
caminhada sempre teve a belíssima função de
premiar os trabalhos que foram julgados como mais
consistentes e bem estruturados tanto nos quesitos
estéticos, quanto de aplicabilidade. Já temos o
shortlist dos ganhadores online, contudo a
exposição ficará aberta até o final de novembro, em
Curitiba. Para aguçar um pouco a sua curiosidade,
escolhemos alguns trabalhos aleatórios para
demonstrar que forma e função são a base de todo
o bom design.
A Marca do Velhaco
Devaneio do Velhaco - StudioBah - Porto Alegre - RS
A Marca do Velhaco
Devaneio do Velhaco - StudioBah - Porto Alegre - RS
Associação - Brasileira de Linguística (ABRALIN),
Estúdio Guayabo - Belo Horizonte, – (MG)
Associação - Brasileira de Linguística (ABRALIN),
Estúdio Guayabo - Belo Horizonte, – (MG)
Associação - Brasileira de Linguística (ABRALIN),
Estúdio Guayabo - Belo Horizonte, – (MG)
Associação - Brasileira de Linguística (ABRALIN),
Estúdio Guayabo - Belo Horizonte, – (MG)
Seção 2
Técnicas da linguagem
visual
Técnicas da linguagem visual
Segundo Dondis (2007) dentro da comunicação visual
podemos considerar diversas técnicas que nos ajudam a
construir o significado das peças gráficas. Cada uma delas
possui uma natureza diferente que ajuda a ressaltar
aspectos únicos de cada composição. A partir do domínio
das mesmas conseguimos visualizar os pontos de
polaridade, de força compositiva, que constituirá a
mensagem.Sem contar que a linguagem visual aplicada
pode potencializar forças de determinadas peças gráficas,
enquanto que outras vão trabalhar conceitos mais
dispersos.
Técnicas da linguagem visual (Parte 1)
Sem contar que a linguagem visual aplicada pode potencializar forças de determinadas peças gráficas, enquanto que
outras vão trabalhar conceitos mais dispersos. Técnicas e linguagens podem ser combinadas, trabalhadas em união
ou contradição, então dificilmente encontraremos apenas uma agindo sozinha em um determinado contexto gráfico.
Como são inúmeras técnicas e abordá-las todas pode ser bastante cansativo e improdutivo, pois não conseguiríamos
conhecê-las todas em sua profundidade e aplicá-las com força visando ao melhor resultado gráfico. Portanto,
elencamos as principais e algumas delas serão detalhadas durante o capítulo. Fique atento pois será um momento
bem interessante onde ligamos as técnicas a referências visuais muito importantes no design gráfico e na
publicidade. Quase matar dois coelhos numa cajadada só.
Equilíbrio X Instabilidade
O equilíbrio vem da extrema necessidade humana de organizar elementos visuais de maneira a transmitir
organização, harmonia e continuidade. Quase que estamos falando sobre calma e exatidão. Seu oposto é a
instabilidade, que faz o chão balançar e deixa as composições menos óbvias. É dar um toque visual de
desconforto ao olhar, que gera movimento, que nos demonstra uma energia, que traz a impressão de que nada
está fixo. Um é o balé, o outro o funk. Um é o clássico, o outro o contemporâneo.
X
Equilíbrio X Instabilidade
Equilíbrio Instabilidade
Como o próprio nome diz, a simetria é ter os dois lados com o mesmo peso visual, enquanto que a assimetria
consegue aplicar um movimento diferente, traz uma quebra na mensagem óbvia para um salto diferente de
percepção. Os lados iguais de uma determinada imagem remetem à harmonia de algo, sem dar um foco
principal a nada, já a diferença entre as polaridades trará pontos de apoios ao olhar. Nada será igual novamente
é a mensagem assimétrica.
X
Simetria X Assimetria
Simetria Assimetria
Marcas que transmitem confiança Dois lados diferentes, duas sensações únicas
Regularidade X Irregularidade
Favorecimento da unidade sequencial, ordem baseada em princípios e regras. Seu oposto é a criação de imagens
em movimento, sem uma lógica racional. Enquanto um preza pela unidade, o seu oposto pela quebra. Vemos na
obra de Kiko Farkas, o primeiro representante do design brasileiro nesta seção, que ao mesmo tempo que o
designer sabe lidar com a regularidade para transmitir a mensagem, a irregularidade surge quase como parte do
contexto sequencial. A quebra salta aos olhos e o artista apenas a aplica em seu layout. Muitas vezes a
irregularidade não é pensada previamente, como em um jogo de racionalidade aplicada, mas mais sendo
maturada e desenvolvida na aplicação criativa.
X
Regularidade X Irregularidade
O equilíbrio vem da extrema necessidade humana de organizar
elementos visuais de maneira a transmitir
Regularidade
organização, harmonia e
Irregularidade
continuidade. Quase
Kiko Farkas
que estamos falando Kiko Farkas
sobre calma e exatidão.
Seu oposto é a instabilidade,
O próximo elemento é óbvio que faz Oo chão
próximo balançar
elemento parece óbvio e deixa as
Simplicidade é contar um fato, uma história, com poucos ou apenas um único elemento que seja limpo, claro e
direto. Talvez seja o conceito mais próximo do que chamamos de minimalista. Sua oposição, a complexidade,
traz elementos com muitos detalhes implorando pela atenção de leitor para cada um deles. Ambos são
emissores, cada um à sua maneira. O mínimo chama atenção e o complexo pode dispersar. Mas, afinal, quem
traz em si a mensagem mais forte? Quem sabe atingir melhor o público? O que se lê em cada uma? Esta é a
grande sacada, cada técnica pode ser usada para chamar atenção para aspectos mais importantes de uma
determinada coisa, enquanto na simplicidade o foco fica concentrado, na complexidade a mensagem pode ser
exatamente esta, de muitas coisas sem uma âncora principal.
X
Simplicidade X Complexidade
O equilíbrio vem da extrema necessidade humana de organizar
elementos visuaisSimplicidade
de maneira a transmitir organização, harmonia e
Complexidade
Por Economia entendemos uma composição que não necessita de muitos elementos para construir sua
mensagem, aquilo que está sendo transmitido para o público-alvo escolhido. Trata-se de um sem-número de
elementos, ângulos, polaridades por conta da massa de informações. Se seu pensamento foi que uma imagem
profusa é também complexa, você acertou, afinal as técnicas acabam funcionando juntas em uma mesma
direção.
Economia X Profusão
elementos visuaisMoema
de Cavalcanti
maneira a transmitir organização, harmonia e
Neville Brody
Pense bem, o mínimo, por definição, é algo que na composição está bem diminuto em função do todo, enquanto
que o exagero toma proporções gigantescas. Um é mais tímido e retraído, já o outro faz questão de se mostrar
bem grande. Cada composição cumpre uma função e uma maneira própria de transmitir sua mensagem, afinal
aquilo que é gigante de fato chama muita atenção para si, mas não necessariamente consegue transmitir algo
mais extenso, com mais detalhes e conceitos. O minimalismo possivelmente entregará mais informações em
contextos mais simplificados, detalhados e concentrados.
Minimização X Exagero
O equilíbrio vem da extrema necessidade humana de organizar
elementos visuaisMinimização
de maneira a transmitir Exagero
organização, harmonia e
continuidade. Quase que estamos falando sobre calma e exatidão.
Chip Kidd Massimo Vignelli
Técnicas da linguagem
visual
Técnicas da linguagem visual
Vamos dar continuidade às técnicas de linguagem visual e gostaria de animá-los que por mais cansativo que
pareçam, será proveitoso aprender e conhecer grandes referências do design, por mais que sejam binômios de
conceitos em contraposição que lembram listas de afazeres (aquelas que costumamos assinalar com um check).
Preferiu-se essa jogada (técnica + personalidade conhecida), para que você possa crescer em direções distintas ao
mesmo tempo. Escolhemos a dedo os designers que fizeram a história da nossa área, reconhecidos mundialmente,
para que você tenha repertório e referências suficientes para os próximos trabalhos. Acreditamos no seu potencial.
Atividade X Estase
Atividade está completamente relacionada ao ato de colocar alguma coisa em movimento, ou de montar
composições que trazem a noção de colocar em exercício, tirar de uma situação de inércia e fazer rodar, virar,
andar etc. E o estase, em sua oposição, fica parado, concentrado em uma única posição. Ele está, permanecerá,
e pronto.
Atividade X Estase
Equilíbrio X Instabilidade
Atividade Estase
Um único elemento sendo aplicado que contenha todas as explicações necessárias para que o meu público
compreenda minha mensagem. Equilíbrio harmônico e delicado, em contraposição à fragmentação de
elementos que formam uma polaridade única. A fragmentação não pode ser lida pelas partes, mas sua função
vai trazendo a tônica da mensagem visual.
Unidade X Fragmentação
Equilíbrio X Instabilidade
Unidade Fragmentação
Tudo que é previsível já está dado, já sabemos o que vem depois e como vem. Está óbvio e de maneira bastante
simples de compreender. Já o espontâneo é aquilo que não esperamos, não há um planejamento prévio. Ser
espontâneo é estar dotado de um movimento não esperado, de um ritmo contagiante que não é o que o
receptor espera naquele momento.
Previsibilidade X Espontaneidade
Equilíbrio X Instabilidade
Previsibilidade Espontaneidade
Segundo Dondis (1997) sutileza é a técnica que serve para estabelecer uma distinção apurada, que foge da
obviedade e da firmeza de propósito. Delicada e de extremo requinte. Já a ousadia é, como o próprio nome diz,
algo que não estamos esperando, audaciosa, segura e cheia de confiança. Máxima visibilidade aplicada.
Sutileza X Ousadia
Equilíbrio X Instabilidade
Sutileza Ousadia
Neutralidade é não provocar o observador de maneira direta e perturbadora, mas deixá-lo construir seu
entendimento de maneira tranquila e respeitosa. Já a ênfase é gritar bem alto “a mensagem está aqui para ser
lida” e ainda complementar “saia do seu lugar de calma e venha me ler, é este meu objetivo”. Enquanto um
deixa tudo muito tranquilo o outro chega para movimentar uma única polaridade do layout, enfatizando aquela
mensagem.
Neutralidade X Ênfase
Equilíbrio X Instabilidade
Neutralidade Ênfase
Transparência é deixar que o elemento visual seja translúcido e que o receptor veja o que tem atrás. É um
revelar não revelando. Deixo ver aquilo que importa. Na opacidade nada passa, ficamos presos na percepção
dada, na cor sobre cor, sem que haja cor e elementos sendo perpassados por outros.
Transparência X Opacidade
Equilíbrio X Instabilidade
Transparência Opacidade
Como o próprio nome diz, exatidão é quando a imagem utilizada traz em si uma noção de realidade, daquilo que
vemos transportado para as peças gráficas. Já a distorção opera em criações imagéticas que nos lembram a
realidade, mas estão com suas formas transformadas para aumentar o foco na ilusão, no olhar fora do mundo
percebido, a exemplo do quadro “Abaporu” (1928), de Tarsila do Amaral.
Exatidão X Distorção
Equilíbrio X Instabilidade
Exatidão Distorção
elementos visuais
vê.
de maneira a transmitir organização, harmonia e
continuidade. Quase que estamos falando sobre calma e exatidão.
Seu oposto é a instabilidade, que faz o chão balançar e deixa as
composições menos óbvias. É dar um toque visual de desconforto ao
olhar, que gera movimento, que nos demonstra uma energia, que
traz a impressão de que nada está fixo. Um é o balé, o outro o funk.
Um é o clássico, o outro o contemporâneo.
Planura X Profundidade
A imagem sem profundidade, aquela que é completamente bidimensional e sem nenhum recurso para mostrar a
grossura do objeto, é o plano. Seu oposto é a profundidade, que traz o objeto em três dimensões.
Planura X Profundidade
Equilíbrio X Instabilidade
Planura Profundidade
Linguagem visual bi e
tridimensional
Linguagem visual bi e tridimensional
As sombras podem ser de três tipos, elas podem variar em tamanho, direção e posição:
• Sombra contida no próprio objeto;
• Sombra projetada;
• Sombra própria e projetada.
Photoshop
Linguagem visual bi e tridimensional
Para aqueles que querem se aprofundar no Photoshop, encontramos os mesmos recursos nos
ajustes que colocamos nas imagens tratadas, como mostra o manual do software. Link:
As sombras podem ser de três tipos, elas podem variar em tamanho, direção e posição:
• Link:
Sombra contida no próprio objeto;
https://helpx.adobe.com/br/photoshop/using/adjust-shadow-highlight-detail.html
• Sombra projetada;
• Sombra própria e projetada.
Representações das sombras
As sombras podem ser feitas por meio de hachuras, que são uma série de traços mais finos ou grossos colocados de
maneira justaposta para traduzir áreas mais escuras. Também, podemos utilizar o Pontilhismo, que já vimos na
Unidade 1, e as áreas de sombreados, por meio de uso de manchas maiores e mais escuras em áreas específicas.
Estes três modos conseguem alcançar uma qualidade muito boa, dependendo apenas do domínio da técnica.
Perspectiva
1) a cavaleira, que é o resultado de uma projeção cilíndrica oblíqua. O objeto está com uma das faces paralelas ao plano de
representação.
Perspectiva isométrica
2) a isométrica, os eixos x, y e z têm a mesma inclinação em relação ao plano vertical. As projeções dos eixos formam entre
si ângulos de 120. Nenhum dos planos ficam diretamente paralelos ao plano da representação, mas estão em leve rotação,
como vemos o exemplo.
Perspectiva icônica
3) a icônica, é a projeção que dá origem a desenhos correspondentes à visão humana. A perspectiva cônica permite prever
a sensação visual que realmente se tem ao observar o objeto representado, a partir de determinado ponto de vista.
Perspectiva nos Softwares
No desenho geométrico o mais comum é usar um, dois, três e quatro pontos de fuga, mas podemos utilizar muitos mais
pontos quando necessários. Softwares como o Adobe Illustrator e o Adobe Photoshop nos dão os grids isométricos (com
pontos de fuga) já prontos para serem utilizados, afinal são os mais próximos de como olhamos o mundo. Demos uma
passada pelos termos técnicos do desenho geométrico e não na aplicação em si, pois não é o objetivo da disciplina, mas
podemos refletir sobre como a perspectiva é utilizada no design, arte e audiovisual.
Perspectiva na fotografia
O interessante de dominar a técnica não é ficar presa a ela, mas usá-la a favor da mensagem que você pretende
transmitir. Não importa se é na arte, no cinema, na fotografia, no design, em todos eles podemos manipular o que
transmitiremos ao nosso espectador sabendo que cada perspectiva sobre a imagem passa um determinado significado
visual e subjetivo.
Linguagem visual: diferenças e aplicações
Se já é interessante comparar diretores e olhares, imagine quando as linguagens visuais são diferentes, mas a história
é a mesma. As adaptações de histórias em quadrinhos conhecidas para o cinema está sendo muito utilizada, ora
apresentando elementos interessantes e positivos, ora nos dando até susto com as adaptações ruins e que distorcem
o original. Veja o caso de Lanterna Verde (2011) e do Quarteto Fantástico, ambos supercriticados por suas produções
que fogem da qualidade original do HQ.
O Rei Leão e Fantástica Fábrica de Chocolate
Fora a mudança de suportes, do HQ para a tela, temos também adaptações de uma mesma história contada em
linguagens visuais diferentes, tratadas especialmente pelo uso da tecnologia, como o Rei Leão, cujo original está em
animação tradicional e o novo foi inteiro criado em action live. Ou, ainda mais antiguinha, podemos nos lembrar da
primeira versão de A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971), que foi um case de sucesso da tecnologia usada na
época, tendo em vista a nova versão com Johnny Depp (2017). Observe como até a construção do trailer de uma
mesma história aborda maneiras diferentes de representar as mesmas cenas. Inclusive a mudança de cor é chocante,
na versão mais recente as cenas são construídas por cores extremamente vibrantes, trazendo muito mais fantasia e
alegria em comparação com a anterior. Por outro lado, só de visualizar que na década de 1970 estavam sendo
produzidas ficções como esta, com histórias fantasiosas tão bem representadas, ficamos absurdamente boquiabertos
com a criatividade humana. Por sinal, sugerimos ver a cena do elevador, na qual ele voa saindo do prédio por uma
cúpula de vidro. Fantástica, melhor do que a versão high tech.
O Código da Vinci
Por último, vale citar um dos textos clássicos de romance policial, O Código da Vinci, de Dan Brown (2003). O livro conta um
ficcional religioso sobre o catolicismo, alternativo às canônicas que estamos acostumados a ouvir nas aulas de história, uma
vez que o tema central é a vida dos Reis Merovíngios da França e sua descendência direta de Jesus Cristo. Bem, se Jesus
deixou família para trás significa que se relacionou sexualmente com alguém, neste caso, Maria Madalena. Na narrativa
divina conhecida, o Messias morreu virgem tendo passado pela Terra apenas para o ensino, cura e salvação. O livro
conseguiu trazer à tona uma série de discussões que sempre foram proibidas e fechadas ao núcleo central da Igreja.
O Código da Vinci
MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
VAZ, Adriana e SILVA, Rossano. Fundamentos da Linguagem Visual. São Paulo: Intersaberes, 2016.
WONG, Wucius. Princípios de Forma e Desenho. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Unidade 3
Psicologia das cores
Profa. Ma. Denise Tangerino
Objetivos Seções
• Compreender as diferenças técnicas da 1. Sobre as cores e seus usos
produção de cores e suas variações;
2. Azul, vermelho e amarelo
• Entender que todas as cores são dotadas
de significados que são subjetivos e 3. Verde, laranja e violeta
compartilhados coletivamente; 4. Branco, preto e cinza
• Saber utilizar as cores, enquanto 5. As demais cores aplicadas
elementos visuais, para criar significados
pertinentes ao público-alvo;
• Analisar imagens sabendo reconhecer as
cores e seus significados em cada
contexto;
• Aplicar as cores em peças gráficas
coerentes com o conceito determinado
no briefing do cliente.
Introdução
Para além de Donis. A. Dondis, utilizaremos
Nesta unidade da disciplina falaremos exclusivamente nas
como base de nosso estudo Eva Heller, com
cores e em seus efeitos na percepção humana,
sua obra clássica Psicologia das Cores, e em
especialmente na criação de significados para a produção
vários momentos pincelaremos com as
multimídia. Vários autores se dedicaram a cor enquanto
ideias de Goethe, um dos pais de estudo
elemento visual, inclusive Donis, nossa base teórica para esta
relativo aos significados mais subjetivos dos
disciplina, também se preocupou em nos ensinar sobre a
seres humanos. A viagem será calma e
importância de aplicá-las de maneira consistente e coerente.
tranquila, caberá a nós emprestarmos
Para nós, enquanto comunicadores, é de extrema
emoções às estações pelas quais
importância compreendermos que a mensagem visual deve
percorremos.
ser pensada com cuidado, pois para cada público-alvo,
independente de qual estamos falando, terá uma paleta
tonal própria e que devemos dominá-la para falar
diretamente com estes sujeitos sociais.
Seção 1
Sobre as cores e seus usos
Sobre as cores e seus usos
Conhecemos muito mais sentimentos do que cores. Dessa forma, cada cor pode
produzir muitos efeitos, frequentemente contraditórios. Cada cor atua de modo
diferente, dependendo da ocasião. O mesmo vermelho pode ter efeito erótico ou
brutal, nobre ou vulgar. O mesmo verde pode atuar de modo salutar ou venenoso, ou
ainda calmante. O amarelo pode ter um efeito caloroso ou irritante .
Em que consiste o efeito especial? Nenhuma cor está ali sozinha, está sempre cercada de outras cores. A cada
efeito intervêm várias cores – um acorde cromático. Uma cor de cromático é composto por cada uma das cores
que estejam frequentemente associadas a um determinado efeito.
Os resultados da pesquisa demonstram: as mesmas cores estão sempre associadas a sentimentos e efeitos
similares. As mesmas cores que se associam à atividade e à energia estão ligadas também ao barulhento e ao
animado. Para a fidelidade, as mesmas cores da confiança. Um acorde cromático não é uma combinação aleatória
de cores, mas um efeito conjunto imutável. Tão importantes quanto a cor mais frequentemente citada são as cores
que a cada vez a ela se combinam. O vermelho com amarelo e laranja tem outro efeito do que o vermelho com
preto ou violeta; o verde com preto age de modo diferente do que o verde com o azul. O acorde cromático
determina o efeito da cor principal.
“Não existe cor destituída de significado. A impressão causada por cada cor é determinada por seu
contexto, ou seja, pelo entrelaçamento de significados em que a percebemos. A cor num traje será
avaliada de modo diferente do que a cor num ambiente, num alimento, ou na arte.
O contexto é o critério que irá revelar se um a cor será percebida com o agradável e correta ou errada e
destituída de bom gosto. Aqui cada cor será mostrada e m toda contextualização possível: com o cor
artística, na vestimenta, no design de produtos e de ambientes, com o cor que desperta sentimentos
positivos ou negativos.”
(Eva Heller, A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: Editora GG,
2013, p.
Seção 2
Azul, vermelho e amarelo
Link 1 – Cores primárias
Na Teoria das Cores o azul, vermelho e amarelo são chamados de cores primárias, ou
básicas, por serem puras, isso significa, não são obtidas pela mistura de outras cores. Todas
as demais cores que percebemos podem ser obtidas pelas misturas dessas cores bases, e
posteriormente pelo uso das cores secundárias (uso de duas primárias) e terciárias
(mistura de primárias e/ou secundárias). Fora isso, sabemos que ao colocarmos o branco
obteremos tons mais claros e consequentemente com o preto mais escuro. Também,
podemos colocar nesse mix o cinza, que participa da junção do branco com o preto, e o
resultado são cores que chamamos de sujas.
Uma vez que temos uma série de tons azuis, formados pelo consubstanciamento branco,
preto e cinza o matiz original, entendemos que essa cor tem significados diferentes
dependendo da intensidade e contraste na qual ela aparece nos layouts. De forma geral,
segundo o estudo de Heller (2013), o azul é a cor preferida entre homens e mulheres, e
praticamente não há quase ninguém que não se familiarize com ele, afinal o índice de
rejeição na pesquisa ficou entre 1 e 3% entre os entrevistados. Em áreas distintas, como no
design de interiores é considerado como frio, contudo tem um efeito calmante em
dormitórios e quartos. Já em seu simbolismo, está associado a coisas boas que acontecem
ao longo da vida, sobre todos os sentimentos bons, que não estão debaixo das paixões. Ele
é um certo apaziguador, que traz em si uma compreensão mútua.
Uma vez que temos uma série de tons azuis, formados pelo
consubstanciamento branco, preto e cinza o matiz original,
entendemos que essa cor tem significados diferentes dependendo da
intensidade e contraste na qual ela aparece nos layouts. De forma
geral, segundo o estudo de Heller (2013), o azul é a cor preferida entre
homens e mulheres, e praticamente não há quase ninguém que não se
familiarize com ele, afinal o índice de rejeição na pesquisa ficou entre 1
e 3% entre os entrevistados. Em áreas distintas, como no design de
interiores é considerado como frio, contudo tem um efeito calmante
em dormitórios e quartos. Já em seu simbolismo, está associado a
coisas boas que acontecem ao longo da vida, sobre todos os
sentimentos bons, que não estão debaixo das paixões. Ele é um certo
apaziguador, que traz em si uma compreensão mútua.
Por que será que a maioria das pessoas relaciona a cor azul a esses sentimentos, que são, na verdade, incolores? Será que as pessoas simplesmente
transportam suas cores prediletas às melhores qualidades? Não se trata disso, pois pessoas que escolheram o vermelho, ou o preto, ou qualquer outra cor
como sua favorita, também consideram, quanto a esse quesito, o azul como a cor típica, a cor certa.
É que quando associamos sentimentos a cores, pensamos em contextos muito mais amplos. O azul é o céu – portanto, azul é também a cor do divino, a cor
eterna. A experiência constantemente vivida fez com que o azul fosse a cor que pertence a todos, a cor que queremos que permaneça sempre imutável para
todos, algo que deve durar para sempre.
E não é por acaso que o verde ocupa o segundo lugar mais citado para esses sentimentos. Ao contrário do divinal azul, o verde é terrestre, é a cor da
natureza. No acorde azul-verde, o céu e a terra se unem. Com o verde, o azul divino se torna o azul humano.
Qual o significado de cada cor?
Ao analisarmos conteúdos voltados para a primeira infância, como desenhos animados, notamos que as primárias,
especialmente o vermelho e o amarelo, são as cores com maior incidência, pois chama muita atenção deste público.
Segundo alguns estudiosos da pedagogia, referência que apareceu também nos estudos de Heller (2013), o vermelho
é supostamente a primeira cor que os bebês enxergam. E é engraçado que os pimpolhos acabam vinculando o matiz
aos alimentos doces, como bombons e ketchup. Então, no fundo, o amor das crianças pela cor é uma paixão não
verbalizada pelo açúcar.
Cores primárias: vermelho
Mas, e aí, o vermelho é uma cor apreciada? Segundo os estudos da autora (2013, p.53), cerca de 12% das pessoas,
independente do gênero, acreditam que o vermelho é sua cor favorita e apenas 4% como a que menos as agradam.
Ressaltamos que opostamente ao senso comum, de que jovem gosta do vermelho, apenas 8% daqueles com menos
de 25 anos responderam que era sua preferida, enquanto que nas pessoas com mais de 50 anos, este índice sobe para
cerca de 17%. Estes dados são de extrema importância no momento de aplicarmos em nossos layouts as cores, pois
cada elemento deve ser usado com uma consciência de sua força a composição. Uma vez que sei quais são os públicos
que mais utilizam o vermelho, por que não abusar de sua força simbólica?
Estamos tratando as cores como elementos visuais dotados de significados e simbolismos. Na série Get Down, uma
das produções mais importantes sobre o hip hop nos anos de 1980, e que também teve uma grande relevâncias nas
produções Netflix, há um personagem idolatrado pelos jovens que o perseguem no desejo de serem o que ele é. O
principal elemento simbólico deste personagem é um tênis vermelho, de uma marca famosa, que se tornou seu traço
de criatividade. Vale a pena conferir a série pela direção de arte, aspectos históricos, música e especialmente o
roteiro.
Cores primárias: amarelo
Agora nos resta conversarmos sobre nossa última cor primária, o amarelo. Se você foi criado na cultura do fastfood, com
certeza ao ler primeiro sobre o vermelho apenas de ouvir a palavra amarelo já soou uma voz dentro de você dizendo:
McDonald’s. E, se você for sonoro como nós, na mesma hora já disparou o jingle: dois hambúrgueres, alface, queijo,
molho especial, cebola, picles, num pão com gergelim, é big mac.
Brincadeiras a parte, o amarelo é de fato a cor ligada a velocidade, a agitação, a energia que não para, mas está em
movimento. É interessante que assim como todas as cores intensas e que vibram os jovens não se agradam tanto, mas
com o envelhecer os mais velhos acabam apreciando-as bem mais. Ela é uma cor tão contraditória que na pesquisa de
Eva Heller (2013, p. 85), praticamente 7% dos entrevistados a indicaram como a cor mais amada e a mesma proporção
como a mais odiada.
Na Teoria da Cor o amarelo é visto como instável, pois apenas um pouco de outras cores ele se transforma rapidamente.
Com um pingo de vermelho, o laranja. Um tapa de azul, o verde. Ele é claro na proximidade com a maioria das cores, mas
em fundo escuro é berrante. Eita cor contraditória! Por isso seu uso é tão variado e díspar. Vale uma atenção especial
para o fato de ser a cor do Sol e do ouro, duas referências de grandeza (Idem, p.85).
Seção 3
Verde, laranja e violeta
Link 4 – Cores secundárias
Agora que já compreendemos a força das cores primárias, entraremos nas secundárias que são formadas a partir as cores-base.
O mesmo princípio de adição de branco para dar mais brilho, de preto para escurecer e de cinza tornando-as mais sujas podem
ser aplicadas a elas, mudando o valor e o contraste, como já vimos anteriormente.
A primeira cor que trabalharemos é o verde, combinação entre o amarelo e o azul. Em nossa cultura é um matiz que tem muita
força, afinal constitui grande parte de nossa bandeira e representa as grandes áreas verdes que temos em nosso país. Para os
paulistas, sem querer acabamos ligando ao time de futebol Palmeiras, e mais ao norte, ao Goiás. E, atualmente, com o
aumento elevado da relevância das questões alimentares e ambientais, é a cor que representa a natureza, o amor ao rural e a
fuga aos meios tecnológicos. Como tal, está sempre conversando a noção de Renascimento, de esperança, de surgimento de
algo novo e intenso.
Nos estudos da Psicologia da Cor (HELLER, 2013, p.105) é uma das matizes mais amadas entre homens e mulheres, e vai sendo
mais apreciado ao longo da vida. Interessante que os homens mais velhos colocam que quanto mais forte e brilhante o tom do
verde, mais eles gostam, enquanto que os jovens preferem os tons mais próximos ao cinza. Ele é praticamente uma cor com
caráter de neutralidade, pois quando está entre o azul, matiz de base, torna-se contagiante, alegre e positivo. Já entre o preto e
violeta transmite algo negativo, ligado ao sentimentos de maldade e dominação. O verde não é nem bom e nem ruim, sua
personalidade mudará no contexto em que estiver inserido.
Cores secundárias: laranja
Já quando consideramos a importância da memorização das cores em suas aplicações mercadológicas, o laranja, na verdade todas as
secundárias, ganham uma importância bem relevante, pois ficam marcadas no inconsciente das pessoas com mais facilidade, como
algumas cores que possuem grau de contraste com suas congêneres apresentam, às vezes certa memorização. É o caso de letras
e formas em azul, mas não essa cor como fundo, como também a cor amarela em si, fácil de memorizar, com exceção dessa cor
aplicada a formas, resultando fraca. O laranja e o violeta são mais fáceis de memorizar, assim também o vermelho bem próximo
do violeta, mas bem menos o verde. (FARINA; PEREZ; BASTOS, 2006, p.94).
Cores secundárias: laranja
Já o laranja, também conhecido como cor secundária formada da mistura do amarelo com o vermelho, a rejeição é um pouco maior.
A autora nos conta que esta matiz é subvalorizada em nosso subjetivo, não transmitindo uma forte personalidade, contudo tende a
transmitir sentimentos mais amenos, com menos intensidade. Ela pode ser doce e cítrica ao mesmo tempo, exatamente como a fruta
Ressaltamos que há sempre estudos em mercados para compreender o relacionamento de consumidores com os pontos de venda,
assim conseguimos verificar se um determinado elemento visual, como formas e cores, estão tendo a saída desejada e o apelo
esperado em grupos focais diferentes. Sabemos que para cada faixa etária, estilo de vida, gênero etc. possuem desejos e fatores
(2006) tem sua natureza aproximada ao vermelho, cor de intensidade e vibração, por sua facilidade de ser gravada em nossa
memória afetiva. Interessante que é uma das cores que está em alta, especialmente no mercado infantil com o retorno dos
unicórnios e sereias, que são seres míticos. Também, por uma confluência de fatores, como o crescimento do mercado consumidor
infantil e dos artesanatos, a indústria de tintas Pantone a elegeu a cor de 2018 o Ultra Violet. Veja o vídeo de divulgação:
E, em nossa opinião, o mais sintomático do uso da cor violeta e de sua variação de brilho e valor, é que nos últimos cinco anos,
tempo expressivo para a indústria da moda e do design, além do uso do Ultra Violet ainda a Pantone lançou em 2016 o Serenity, na
mesma paleta tonal, como vemos no curtíssimo vídeo de divulgação. O lilás, uma variação do roxo, é considerada entre outras
coisas uma das cores mais fortes entre o universo LBGTQI+, por ter a ambiguidade de uma cor feminina e masculina, suave e forte,
natureza, são bem raras, contudo sua etimologia se aproxima do vocábulo violência.
Enquanto nas flores sua associação são os tons mais claros e suaves, na sociedade ele
trazemos conosco desde a Antiguidade, violeta tornou-se a cor do poder, seja pela força
ou não.
Seção 4
Branco, preto e Cinza
Seção 4 – Branco, preto e cinza
O branco é a cor da placidez, da perfeição e harmonia. Para a maioria dos teóricos é a cor da que não traz em si
nenhuma característica negativa, pelo contrário, é de extrema polidez e verdade. Para alguns não é nem
considerada cor, e estão certos quando nos referimos as cores luz, mas nas cores pigmentos é mais um matiz. Para
a religião judaico-cristã, o Verbo disse: “Que faça luz”. E o branco se abre para todos. A pomba era branca, o manto
também. Simbologias diversas que derivam e retornam sempre a noção de perfeição. Para a cultura chinesa, o
branco é a cor do brilho e da riqueza, como se fosse o ouro ocidental, contudo também consta como a cor da
Temos aqui um desafio à própria noção de identidade das cores, evidenciando-se que, conceitual, não pode ser garantida com independên
um específico método de comparação, variável este conforme ao contexto. (Cf. Wittgenstein, 1999, III, §§ 262-265.) Caso contrário, como já
estaríamos em uma situação aporética. Há então critérios de identidade cromática e assim proposições gramaticais sobre cores além daque
postos auf der Palette? Sem dúvida. O desafio está em descrever o tecido por que se tramam relações internas quando não há restrição pré
emprego das palavras que ainda aceitamos como equivalentes a nossos conceitos de cor, porquanto “tão-só na ligação / com outras torna-s
[uma mancha aproximadamente monocromática] um pedaço de céu azul, uma sombra, um brilho, transparente ou não transparente, etc. /
outras nós a vemos como um pedaço de céu azul, como uma sombra, um brilho, como transparente ou não-transparente, etc.//”
Cinza é uma cor sem força, neutra e sem vida. Não é forte como o preto, e nem passa despercebido como
o branco. Não chega nem lá e nem cá. Meio do caminho. O cinza parece um branco sujo, ou um preto
sem vida. Fraco demais para ser considerado masculino, e forte demais para ter a leveza da feminilidade
e infância. Tudo nele é vago, sendo neutro para todas as situações (HELLER, 2013).
Para Rambauske, ao analisar as cores para a aplicação no design de interior, conclui que o cinza é a cor
que une extremos, branco e preto, e com isso é uma cor que dá a sensação de já estar consumida.
Também, é uma experiência humana dual, entre mais as nuvens as sombras em dias de chuva, algo
produzido pela natureza, com a experimentação das grandes cidades, onde se vê menos o céu, o maciço,
o mecânico e o metálico dos edifícios. As oficinas e a maquinaria pesada, converteram o cinza na cor dos
negócios e da indústria, da cor da guerra por meio dos canhões, aviões e navios.
E na última polaridade, o preto. Cor da guerra e da morte no mundo ocidental. Cor da elegância e da maldade. Oposto da pureza branca,
falta de luz. Questionado sempre se é cor. Nas pesquisas de Dondis (2013, p.232) a indagação aparece a todos os públicos, e a autora
resume suas respostas:
Van Gogh, artista que superou a falta de conteúdo do impressionismo, e que foi um dos primeiros expressionistas, teve o mesmo problema
com a cor preta. Seu irmão, o único a acreditar em sua pintura, escreveu-lhe dizendo que ele não deveria utilizar o preto. Van Gogh lhe
respondeu: “Não, o preto e o branco têm a sua razão e a sua importância, e quem os deixa de lado não se sai bem.” Para ele, o preto das
cores das tintas não era suficientemente escuro; ele costumava produzir um preto mais intenso misturando-o com índigo, terra Siena, azul
da Prússia e Siena queimado.
“Quando ouço as pessoas dizerem que, na natureza, o preto não existe, respondo que, se for assim, nas
cores também não existe o preto.” E ele perguntava a seu irmão: “Será que você mesmo entende,
realmente, o que quer dizer quando fala em ‘não se utilizar o preto’? Sabe o que quer dizer com isso?” Estas
perguntas deveriam ser feitas a todos, ele dizia, que alegam que o preto não é uma cor. À pergunta teórica:
“O preto é uma cor?”, resta como resposta teórica: o preto é uma cor sem cor.
É a cor mais favorita no círculo cromático pela grande maioria dos entrevistados, especialmente os jovens.
Na visão comercial, culturalmente não o utilizamos para crianças e nem para os mais velhos, pois em ambos
os casos pode significar a morte ou a violência. Por ser uma cor sem cor, é uma ótima base para criar
contraste com a maioria das demais cores e uma figura branca no fundo desta cor chega a ser gritante.
Contraste e base, ótimas definições para suas relações compositivas.
Seção 5 – Demais cores
Demos um foco específico nas cores primárias e secundárias por sua importância na formação das demais matizes e de suas
nuances, contudo cada uma delas possui uma importância grande na construção das imagens e possuem significados
próprios. Óbvio, que como tudo nas relações cromáticas elas são relativas ao contexto na qual estão inseridas. A composição
transmite uma mensagem única, composta por todos os elementos visuais, como as cores. Vamos conhecê-las um pouco
mais?
Rosa - é a menos preferida entre os homens, afinal ainda estamos em uma sociedade que o associa com o universo feminino
e infantil, e no fundo eles se recusam a conhecer com profundidade seus tons e usos. Há um certo preconceito com o rosa,
afinal os homens não a reconhecem como possibilidade e as mulheres, em sua maioria, se negam a aceitá-la como matiz que
representa o universo feminino (Idem, p.211). Na percepção geral, acaba sendo considerado uma cor dos fracos, pois não
tem nem a força do vermelho e nem a memorização do roxo, porém, por outro lado, é considerado o tom da amabilidade e
do charme, da sensibilidade e da delicadeza. Ótimo para o mercado infantil e de doces.
Ouro ou dourado - é a cor da riqueza, do lucro, do estar rico em algum aspecto da vida. Não é preferido por
homens e apenas 1% das mulheres o acham representativo de valores, contudo é inegável para os públicos
que transmite uma beleza tradicional, de raiz (Idem, p.225). Apesar de em sua representação acabar sendo
colocado como amarelo, ele tem um ganho maior, uma associação potencializada ao luxo. Atualmente,
consideramos uma gama interessante de ouro, especialmente na moda e nos acessórios, pois está em foco o
ouro amarelo, ouro vermelho, ouro branco e ouro verde.
Prata - Apenas 1% dos homens o citaram enquanto cor predileta, enquanto que nenhum
mulher lembrou do prata enquanto cor favorita (Idem, p.243). É interessante que sempre
está ligada ao segundo lugar, não tem o valor e a riqueza do ouro, e nem mesmo a força
tonal do amarelo, afinal no círculo das cores está mais próximo do cinza, cor praticamente
neutra. Nos relacionamentos, é o meio do caminho, 25 anos, mas não é o ponto mais
forte, as bodas de ouro. É uma cor no meio do caminho, sem tanta força e potencialidade.
Segundo lugar, sempre.
Marrom - Opostamente a cores como o vermelho, que nos públicos jovens é mais rejeitado e vai sendo
mais aceito pelos mais velhos, o marrom não é aceito pelos jovens, sendo sempre atribuído a públicos
idosos. Acaba sendo muito usado juntamente com o verde para transmitir ao natural, como a terra e as
árvores. É uma cor com tantas particularidades que vale a pena voltarmos nas palavras de Eva Heller (idem,
p.255) para compreendê-lo:
Em teoria, justamente quanto ao marrom seria adequada a pergunta: o marrom é uma cor? Na verdade,
não. O marrom resulta da mistura de todas as cores: misture-se o vermelho e o verde, teremos marrom;
violeta com amarelo, novamente marrom; azul com laranja, lá está outra vez o marrom. E caso se combine
qualquer outra cor com o preto, teremos novamente o marrom. O marrom é mais propriamente uma
mistura de cores do que uma cor. Entretanto, em sentido psicológico, o marrom indubitavelmente é uma
cor, pois tem uma simbologia própria, não é igual nenhuma das outras cores. A maioria dos conceitos
encarados como “tipicamente marrons” são empregados de maneira negativa.
Referências bibliográficas:
• DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
• FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1990. 231p.
• ________; PEREZ, Clotilde; BASTOS, Dorinho. Psicodinâmica das cores em comunicação. 5. ed. ver. e ampl. São
Paulo: Edgard Blücher, 2006. 173p.
• HELLER, Eva. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: Editora GG, 2013.
• MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
• SILVA, João Carlos Salles Pires da. A gramática das cores em Wittgenstein. Campinas : UNICAMP, Centro de Lógica,
Epistemologia e História da Ciência, 2002, p.383
• VAZ, Adriana e SILVA, Rossano. Fundamentos da Linguagem Visual. São Paulo: Intersaberes, 2016.
Unidade 4
Sequencialidade, movimentos e
aplicações
Objetivos Seções
Ao término dos estudos propostos nesta Unidade, você
deverá estar apto a: Seção 1- Ritmos e sequencias visuais
1. Compreender tecnicamente como o movimento é Seção 2 - Contando histórias visuais
construído dentro da linguagem visual. Seção 3 - História em quadrinhos
2. Desenvolver o repertório visual para, posteriormente, Seção 4 - Animação
criar animações e layouts adequados aos briefings Seção 5 - Considerações finais
recebidos do cliente.
3. Compreender e aplicar a noção de público-alvo em
projetos de animação e web.
4. Criar peças gráficas que trazem a noção de
sequencialidade com o objetivo de atingir o público-alvo
escolhido.
5. Saber finalizar um projeto e entregá-lo ao cliente dentro
do formato solicitado.
Nas primeiras unidades, pudemos entender a estrutura básica da comunicação visual, adentrando o universo das formas, da
aplicação das formas para criar estratégias visuais e das cores como elementos dotados de significados, que geram significações
diversas aos olhares. Temos significados individuais e coletivos, subjetivos e sociais. Em meio a essa sopa de elementos, nós
profissionais, somos convidados a fazermos as melhores escolhas para transmitir as mensagens de maneira correta e coerente.
Tentamos promover um ambiente recheado de referências visuais, diríamos que o recheio até transbordou pelas bordas de tantas
coisas que conversamos na Unidade 3. Você passou pelos clássicos do design e construiu uma galeria de conhecimentos visuais
estáticos. Agora, como parte do processo de crescimento, entraremos no último tópico da disciplina, como montar sentidos com
imagens em movimento. Vamos falar de histórias visuais que são contadas para chamar atenção do público. Neste momento, te
convido para mais uma aventura! Bem-vindo!
Seção 1
“(...) usando o exemplo de uma rodoviária: a edificação em si é uma coisa, já a chegada de um ônibus é um
acontecimento. A ideia básica desse exemplo é que podemos perceber a rodoviária, ou neste caso a construção, como
uma unidade estável, enquanto a partida e a chegada dos ônibus é vista como uma ação, pois a visita de alguém se
torna um acontecimento. Assim entendemos à passagem do tempo como algo físico, mas o tempo também tem o
significado subjetivo: quando uma pessoa está ausente por muito tempo, sua chegada se torna um acontecimento
importante para quem a espera. ” ( VAZ e SILVA, 2016, p.250)
Bem, vamos pensar juntos, a rodoviária está parada (objeto), o ônibus chegou (acontecimento), mas quem percebeu
toda a situação foram os seres humanos com sua capacidade de percepção do ambiente que os rodeia. Ampliando a
análise, se uma senhora está na plataforma esperando o seu filho quais são seus sentimentos? Ansiedade? Saudade?
E uma jovem que espera seu noivo? E a criança que está passando as férias com a avó? E vamos além, e a pomba que
sobrevoa a cena? E o cachorro que dorme tranquilo? Conseguem perceber que o movimento está extremamente
relacionado com os sentimentos/sensações de quem o vive.
Ao nos depararmos com uma fotografia que representa a cena de uma tarde comum em uma rodoviária, veremos
uma imagem estática. Nossa mente buscará experiências passadas vividas por nós para dar um sentido aquilo que
vemos. Utilizaremos a nossa memória para interpretar a cena. Já em um filme, cuja narrativa é contada em
movimento, uma sequência de ações, os significados são construídos exatamente aí, na maneira com que uma ação
desenrola a segunda e assim consecutivamente. No quadro, tudo está constituído na memória, numa
animação/vídeo a construção está na sequência.
Na linguagem visual, podemos pensar o ritmo de diversas formas, como na animação e nos vídeos, contudo como
estes tópicos serão trabalhados ao longo das demais disciplinas, gostaríamos de apresentar o ritmo constituído por
elementos visuais estáticos. Para tal, utilizaremos as denominações levantadas por VAZ e SILVA (2016, p.227) quando
analisaram algumas figuras, são eles:
História em Quadrinhos
Uma vez que já entramos em Quentin Tarantino, nosso ídolo da transmutação
dos quadrinhos para o cinema, vamos dar continuidade com ele. É impossível
estudar sentidos na telona sem passar por Tarantino, afinal o diretor é o gênio
da construção das narrativas com cortes inúmeros e das cenas com detalhes
inusitados.
Animação
Para falar de animação nada mais justo e gostoso do que entrar nas
animações “Brazucas”, pois já estamos cansados de ouvir sobre as
brigas eternas entre os fãs de DC e Marvel. Nosso Brasilzão tem mil
coisas bacanas acontecendo e basta parar um pouco e olhar com
atenção para perceber o tanto de produções audiovisuais que
temos lançado.
Consta que, em territórios brasileiros, a primeira animação foi
feita em 1917, quando Álvaro Marins lançou o seu desenho O
Kaiser, totalmente produzido por aqui sem a necessidade de
profissionais internacionais. A narrativa contava, com muito
humor, a história de Guilherme II, imperador alemão. Segundo
Giulia Zardo (2017), Infelizmente o filme não foi
adequadamente conservado e acabou se perdendo para
sempre, restando apenas um único fotograma.
Em seguida, vieram novas animações como Traquinices de Chiquinho e seu
Inseparável amigo Jagunço – 1917, baseado nos quadrinhos Tico-Tico, As
Aventuras e Bille e Bolle -1918, por Gilberto Rossi e animado por Eugênio
Fonseca Filho, (inspirados em Mutt e Jeff de Budd Fisher) e Macaco Feio e
Macaco Bonito-1929 de Luiz Sell e João Stamato. Inspirados pelas animações
americanas de 1930, o artista Luiz Sá, que já era conhecido por desenhar na
revista o Tico Tico, decidiu formar uma série de animações.
“Entre suas tentativas, encontra-se As Aventuras de Virgulino, Bolão e Azeitona, e
Reco-Reco, inspirados em personagens como o Gato Felix e Mickey Mouse. Tinha
planos para se comunicar e criar projetos com Walt Disney, porém foi impedido
em virtude de uma Lei na época do mandado de Getúlio Vargas. Ironicamente,
mais tarde e em virtude da ‘política de boa vizinhança’ (1939-1945) firmada entre
os Estados Unidos e o Brasil de Getúlio Vargas, Walt Disney fez uma visita a
terras brasileiras, onde estreou seus trabalhos como Aquarela do Brasil e Los Três
Amigos, em Zé Carioca mostra o país tropical ao personagem Pato Donald.”
(ZARDO, 2017, p.18)
Interessante que, mesmo numa época em que a principal influência
brasileira era europeia, na área audiovisual nossos olhares se
voltavam para os EUA, especialmente no que estava sendo
produzido pela Disney. Também, sempre lidamos com muito humor
em nossas criações, mostrando a relação com a nossa cultura, que é
bastante leve e descontraída. Além disso, e esta é uma das partes
que mais gostamos, o Brasil foi usando de suas criações para afirmar
a identidade nacional, como em 1951, com o nosso primeiro longa-
metragem denominado Sinfonia Amazônica, de Anélio Latini Filho,
que desde aquele momento abordava questões sobre a preservação
de nosso território e as diferenças dos povos indígenas .
Inusitado que estamos falando de tantas questões nacionais em nossos noticiários e perdemos a dimensão de como eles foram
e são importantes para nossa história cultural, como a Petrobrás que raramente conseguimos associar a um percurso que vem
desde da década de 1960 como uma das principais financiadoras de animação e de cinema no Brasil.
Não é uma política cultural recente, pelo contrário, foi ela que financiou um dos nossos primeiros curtas coloridos chamado de
Um Rei Fabuloso, de Wilson Pinto.
Naquela época, as animações ganharam as telas publicitárias e começaram a ser trabalhadas como uma linguagem prestigiosa, que
dá voz aos mascotes que representam as grandes marcas. Vamos nos lembrar de alguns deles?
Barata do Elefante
Gotinha da Esso O homem azul dos O famoso
inseticida Rodox
Jotalhão da cotonetes Johnson frango da Sadia
Cica
Entre muitos outros personagens que vão surgindo e
fazendo a equipe nacional de publicitários ganharem
prêmios internacionais importantes, como Cannes, na
década de 1970, um ilustrador cria uma família bem
brasileira e muito apreciada pelo público por sua
verossimilhança com o nosso jeitinho de viver: a Turma
de Mônica. Talvez este seja o nosso maior case de
sucesso na área de história em quadrinhos, que acabou
virando um case de sucesso na área de animação, que,
por sua vez, se tornou um case de sucesso na área de
licenciamento de marcas. Somos internacionalmente
conhecidos pela baixinha dentuça e sua turma cheia de
confusão.
De lá para cá, muita coisa foi sendo criada no Brasil, especialmente com
o avanço das televisões pagas, como Discovery Kids, Cartoon Network e
TV Brasil. Dentre as novas séries de animação, entre 2010-2016,
destacam-se como; Peixonauta, Historietas Assombradas – para
Crianças Malcriadas, Sítio do Pica-pau Amarelo, Irmão do Jorel, Zica e
os Camaleões, Gemini 8, o Show da Luna, e The Under-Underground.
Filmes contam Brasil Animado – 2011, por Mariana Caltabiano, Brichos-
A Floresta é Nossa – 2012, a sequência de Bichos – Uma História de
Amor e Fúria – 2013, O Menino e o Mundo – 2014, foram recebidos no
exterior e As Aventuras do Avião Vermelho - 2014, que foi uma
adaptação cinematográfica da literatura infantil de Érico Veríssimo.
Algumas animações independentes também vieram a conquistar fama
na internet, como a Youtuber fictícia "Any Malu", da websérie O Surreal
Mundo de Any Malu, produzido pelo Combo Studio. (ZARDO, 2017,
p.25 )
Por último, gostaríamos de ressaltar o Menino e o Mundo (2013), na qual um menino, Cuca, vive em um mundo que não
conseguimos distinguir, mas que revela muito de nosso país. Ele sofre muitíssimo de saudade do pai e também com a
dificuldade de ir trabalhar em uma cidade grande.
O filme não tem diálogos, mas sua composição sonora vai marcando as nuances de sentimentos expressos durante o filme. É
uma mistura de sentimentos entre a tristeza da vida econômica e social destruída, com os sonhos e esperança de uma
criança em busca de ser feliz. Basicamente, ele foi vendido a 80 países diferentes e indicado para o Oscar em 2016.
Para animá-lo a encontrar seu próprio caminho artístico, meu querido aluno, ele foi produzido em diversas técnicas
diferentes, como colagens, giz de cera e computação gráfica. Sem contar que sua produção durou 3 anos, afinal seu diretor,
Alê Abreu, não desistia de fazer com que a história que ele tanto idealizou se tornasse realidade.
Seção 5
Considerações finais
Antes de começar minha formação em design gráfico e perceber a relação entre imagem e som, acreditava
plenamente que o ritmo era marcado, essencialmente, por acontecimentos externos que, de alguma forma, eram
marcadores de tempo e espaço. Pensava no relógio cuco da casa da minha avó que me fazia perder o sono e tentar
descobrir o horário que ele estava anunciando, obviamente nunca acertava. Risos. Achava que era o batuque do
Olodum ou os passos da congada que iam ditando o ritmo bem ressaltado da batida no bumbo ou o saltitar dos pés
que ora alcançam o chão, ora rodopiam ao vento. Com o tempo, após ler um artigo sobre o coração, comecei a
perceber que eu tinha uma bomba dentro de mim que continha um toque forte e um mais fraco, na mesma
sequência e que nunca falhava.
Tudo o que eu percebia como ritmo estava decalcado no áudio, mas eu pouco parava para observar que havia
outros modos de mostrar a sequencialidade que eram tão instigantes e interessantes quanto o que eu recebi por
meio de meus ouvidos. Ao prestar bem a atenção aos ritmos visuais, fui me educando para olhar o mundo ao meu
redor percebendo que alguns padrões de repetições acontecem quase que naturalmente para formatar
mensagens com significados. Sim, temos a capacidade de manipular ritmos diferentes para construir novas formas
de percepção das informações transmitidas.
Nossas agendas contêm ritmos. Nossos cotidianos são ritmados. Nossas obrigações são repetidas. Nossa vida é
uma sequencialidade entre o ato de nascer e o momento de partir. Ir e voltar, permanecer, ir e voltar. Uma coisa
após a outra. Dezesseis imagens projetadas, uma atrás da outra, em um segundo, para animar uma imagem. Eita
vida que tem um batuque infinito.
Mesmo quando falamos em ilusão óptica estamos percebendo um ritmo na imagem que se mexe. Ela engana nossos olhos,
que mandam essa mensagem estranha ao nosso cérebro, que a percebe em movimento. Há quem associe a velocidade do
movimento ao grau de estresse o qual a pessoa está passando, outros falam que isso é besteira que o ritmo está na imagem
e na percepção da pessoa, mas, lá no fundo, esse tipo de imagem mexe muito conosco, pois ficamos nos questionando como
realmente funciona.
Referências bibliográficas
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
HELLER, Eva. A psicologia das cores: Como as cores afetam a emoção e a razão? São Paulo: Gustavo Gili, 2013.
VAZ, Adriana e SILVA, Rossano. Fundamentos da Linguagem Visual. São Paulo: Intersaberes, 2016.
TOLEDO, Glauco e ANDRADE, William. A Influência dos Quadrinhos no Cinema: A Incrível Saga da Linguagem. XII
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação da Região Sudeste, 2007.
ZARDO, Giulia. Estudo de caso do processo de criação de animação infantil no Brasil. São Paulo: Centro Universitário
Belas Artes, 2017.
Projeto Integrador Instrumentação II