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VIABILIZAÇÃO DE PROJETOS

SOCIAIS E CULTURAIS
BEATRIZ HELENA RAMSTHALER FIGUEIREDO

e-Book 2
Sumário
INTRODUÇÃO������������������������������������������������� 3

PLANEJAMENTO������������������������������������������� 6

DIAGNÓSTICO������������������������������������������������ 9

ETAPAS DA ELABORAÇÃO DE PROJETOS�� 12

ORGANIZAÇÃO PARA IMPLEMENTAÇÃO��� 22

MOBILIZAÇÃO E ARTICULAÇÃO����������������� 24

AGENTES FINANCEIROS NACIONAIS E


INTERNACIONAIS���������������������������������������� 26

GESTÃO�������������������������������������������������������� 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS���������������������������� 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS &


CONSULTADAS�������������������������������������������� 39
INTRODUÇÃO
Para pensarmos sobre a viabilização de projetos
sociais e culturais é necessário e urgente um
mergulho no universo do planejamento.

É comum observarmos práticas sociais e culturais


pautadas essencialmente no empirismo, ou seja,
numa forma intuitiva de conhecimento que se com-
põe pela experiência prática e pelo conhecimento
passado de uma pessoa para outra.

Vale dizer que esse termo se refere a uma linha


teórica e filosófica que compreende o conheci-
mento como resultado de uma experiência prática
e sensorial.

Em nossa conversa não nos cabe colocar em xeque


as formas de pensar e refletir sobre a construção
do conhecimento, mas reforçar o valor da ciência
como área do conhecimento que organiza, siste-
matiza e testa soluções antes de afirmá-las como
verdade suprema.

A ciência experimenta e calcula os riscos. A ciên-


cia organiza o conhecimento de forma a oferecer
métodos e metodologias com foco em sua apli-
cação prática para um determinado fim. A ciência
se constitui em bases sólidas que enriquecem a
prática do pesquisador. É sobre esse universo que
vamos mergulhar neste e-book.

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É fato que vivemos inundados de informações.
Diante do acesso a qualquer tipo de informação,
facilitado pelo desenvolvimento tecnológico e pela
democratização da internet, faz-se fundamental o
desenvolvimento de um tipo de conhecimento que
nos possibilite filtrar essas informações, verificá-las
e sistematizá-las em nome de um bem comum.

É parte de sua atividade de gestor de projetos a


capacidade de fazer pesquisas com o objetivo
de embasar a prática de um projeto em dados
concretos, comprováveis e que correspondam a
uma realidade determinada.

O exercício da pesquisa, nesse primeiro momento, é


o afastamento do objeto que o norteia. As paixões
estão repletas de armadilhas. O afastamento para
a necessária construção do conhecimento que
dará origem a um projeto é um exercício difícil e
necessário, que deve acompanhar a prática do
pesquisador por toda a sua vida.

Aqui você não será tratado como um estudante.


Aqui você será tratado como um pesquisador aca-
dêmico e que talvez tenha, muito provavelmente,
interesse na gestão alinhada às práticas culturais
ou sociais em um universo social que compreende
também o terceiro setor.

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Seja bem-vindo, pesquisador! Vamos mergulhar na
construção do conhecimento acerca do projeto e
de sua elaboração, viabilização e monitoramento.

Tudo o que vamos tratar aqui é base sólida para a


gestão de um bom projeto. Falaremos da forma,
dos marcos norteadores e do modo de fazer, isso
será essencial para a aplicação do conhecimen-
to em qualquer frente diante de sua experiência
profissional.

Não seria demais dizer que o conhecimento aca-


dêmico e científico pode e deve modificar profun-
damente o seu olhar para a vida que te cerca. O
embasamento teórico, quando em consonância
com a prática, é potente e transformador. Vamos
juntos na construção do conhecimento sobre pla-
nejamento e gestão de projetos.

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PLANEJAMENTO
Conceituar a prática do planejamento é algo apa-
rentemente fácil: planejar pode ser definido como
o ato de organizar, planificar, elaborar um projeto
ou ação a partir de um objetivo. Simples? Parece
que sim, mas a prática implica grandes desafios.
Vamos a eles?

O planejamento é uma etapa primordial para a


execução de um bom projeto. Todo projeto nas-
ce de uma ideia que será amadurecida, testada,
averiguada, elaborada e construída a partir de um
planejamento. Quanto mais cuidadosa e meticulosa
for essa etapa, mais chances você terá de ter uma
execução de projeto saudável e com resultados
de sucesso.

Um projeto possui início, meio e fim e pode ser


definido como a organização de uma ideia de
forma metodológica e sistematizada. Toda boa
ação nasce de um bom projeto. Lembre-se disso.

Como dissemos no começo deste e-book, há uma


prática empírica que se faz comum nos campos
social e cultural do país. Essa prática, é claro, não
impossibilita termos projetos importantes e de re-
ferência. Mas é fato que um projeto bem planejado
tem mais chance de se constituir e se fortalecer
em sólidas parcerias.

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Muitas vezes, uma experiência nasce de uma ne-
cessidade premente e a prática vai se constituindo
conforme as situações se configuram. Nesse tipo
de cenário há poucas chances de fortalecimento
e de criação de parcerias sólidas para a ação ou
atividade desenvolvida. Isso não significa dizer que
as oportunidades não existem, mas que se reduzem
frente à falta de um planejamento consistente.

Uma ideia que se faz prática sem passar pela


etapa de planejamento dificilmente encontrará
diálogos diretos com organizações investidoras.
Muitos projetos existem e vão existir dependentes
de doações e, em razão disso, não se estabilizam
economicamente.

Um bom planejamento o ajudará a fortalecer a sua


prática, tornando o seu projeto potencialmente in-
teressante inclusive para investidores. Mas, afinal,
qual é a diferença de um bom projeto executado,
seja ele planejado no papel ou realizado a partir da
experiência prática? Simples: um planejamento prevê
corretamente os gastos, é concebido segundo uma
análise profunda da realidade, prevê os desafios
e as dificuldades e ainda pode ser apresentado
em editais públicos ou privados a fim de levantar
apoio ou financiamento direto ou indireto.

Gaudêncio Torquato (2015) define a empresa como


um sistema:

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Como unidade socioeconômica voltada para a
produção de um bem de consumo ou serviço, a
empresa é um sistema que reúne capital, trabalho,
normas, políticas e natureza técnica. Uma empresa
não apenas objetiva gerar bens econômicos para
uma relação de troca entre produtor e consumidor,
mas procura também desempenhar um papel signi-
ficativo no tecido social, missão que deve cumprir
qualquer que seja o contexto político. (TORQUATO,
2015, p. 22).

Enfim, um planejamento, seja ele empresarial ou


de um projeto específico, precisa ser pensado
de forma global, compreendendo as partes que
compõem a gestão do negócio/projeto e, assim,
eliminando os riscos e possibilitando ao gestor
atuar com mais segurança sobre a realidade.

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DIAGNÓSTICO
Com um bom planejamento, é possível criar
diagnósticos pautados na realidade vivida, com
base em variáveis que serão fundamentais para o
estabelecimento de seus objetivos. São eles que
nortearão a sua atuação frente ao projeto. Não há
projeto eficiente sem objetivos consistentes.

Em qualquer situação, o estudo de cenários e a


elaboração de diagnósticos se faz importante
para o desenvolvimento de práticas de gestão de
projetos. No caso de projetos sociais, isso é ainda
mais significativo e necessário.

O termo diagnóstico provém do grego diagnostikós,


formado pelo prefixo dia, “através” e gnosis, “co-
nhecimento”, “apto para conhecer”. Trata-se, pois,
de um “conhecer através”, de um “conhecer por
meio de”. Esta breve referência à estrutura verbal
do termo serve-nos como primeira aproximação
para definir o conceito que queremos esclarecer
(IDÁÑEZ; ANDER-EGG, 2008, p. 10).

O diagnóstico social é uma metodologia que per-


mite ao pesquisador, seja ele gestor de entidade
pública ou privada, acesso a dados e indicadores
sociais de municípios, estados e localidades, a

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fim de planejar ações diante das áreas de maior
fragilidade social.

O diagnóstico social é um parâmetro absolutamente


necessário para a criação de políticas públicas, mas
não apenas para elas. Ele também dará base para
atendimentos sociais ou para a criação de projetos
ligados a organizações do terceiro setor, permitindo
que essas instituições atuem, em muitos casos, nos
espaços vazios deixados pelo próprio Estado diante
das necessidades prementes identificadas pela análise.

Um diagnóstico social não é apenas resultado de


uma prática de investigação. Ele é pautado em me-
todologia específica e muito utilizado pelo campo
do Serviço Social. Parte de uma entrevista, contato
com a família, análise situacional, procura por fontes
secundárias e promove uma análise cuidadosa de
dados. Está pautado em uma relação de empatia e
de disponibilidade para a escuta, afastando-se de
julgamentos morais para alcançar a compreensão
dos fatos e das circunstâncias analisadas.

Aqui está um breve resumo da prática de criação


de diagnósticos, mas não é só isso. Em cada cam-
po de atuação você poderá obter conhecimentos
específicos para a sua prática profissional. Aqui
procuramos apenas trazer o contexto para uma
aproximação com o campo da viabilização de
projetos sociais e culturais.

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Também a investigação tem um papel importante
nesse processo. Todas essas etapas, seja por
meio de ações in loco ou de levantamento de
dados bibliográficos e demográficos, objetivam o
levantamento de informações sobre o cenário em
que se pretende atuar. A pesquisa é um método
de investigação que pode ser bastante sedutor,
basta vontade e entrega para a construção de um
conhecimento metodológico que proporcionará
ao pesquisador uma experiência rica diante da
construção do conhecimento.

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ETAPAS DA ELABORAÇÃO
DE PROJETOS
Compreendendo a importância do cenário social
para a implementação de um projeto cultural ou
social, podemos então começar a falar especifi-
camente do campo da elaboração de projetos.

Já dissemos que todo projeto nasce de uma ideia,


mas é preciso que abordemos as etapas de elabo-
ração de um projeto. Uma ideia é apenas uma ideia
até que coloquemos ela no papel e comecemos
a organizar as ações com o objetivo de alcançar
a sua realização. O primeiro passo então é definir
o nosso objetivo. O objetivo responde à pergunta
“o que você deseja realizar?”. Ele se divide entre
objetivos geral e específico.

No objetivo geral você desenvolverá uma ideia, de


forma clara e sucinta, que aponte para o resulta-
do principal que você deseja alcançar, é o objeto
central de seu projeto. Já os objetivos específicos
podem ser mais de um e abordarão, de modo mais
detalhado, as particularidades do projeto que
pretende desenvolver. O objetivo geral é sempre
mais amplo e o específico está ligado ao objetivo
geral, mas “especifica”, como a própria palavra
propõe, as atividades que serão realizadas para
se alcançar tal objetivo.

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Objetivo definido? Vamos à próxima etapa de
seu projeto. É preciso saber defender a sua ideia.
Para essa defesa, comumente damos o nome de
justificativa. A pergunta-chave, nesse caso, é “por
que você deve realizar esse projeto?”. Defenda a
sua ideia, não apenas com opiniões pessoais, mas
com dados frutos de pesquisas, investigações e
diagnósticos.

Todas as pessoas que criam um projeto partem


do pressuposto de que têm em mente uma grande
ideia. É no momento da pesquisa que se definem
os pormenores do projeto e verifica-se também a
viabilidade e o valor da ação para o ambiente social
em que se deseja criá-lo. Lembre-se sempre de que
não apenas a sua opinião conta nesse item, pelo
contrário, toda justificativa deve ser embasada e
defendida cuidadosamente, com base em análises
sociais, pesquisas bibliográficas, levantamento de
cenários etc.

Agora chegou a hora de mostrar que sabe do que


está falando. É preciso desenvolver a sua “estra-
tégia de ação” ou “plano de trabalho”. Para isso,
elenque as ações que pretende realizar até alcançar
o seu objetivo. Desenvolva a organização dessas
informações de forma a separá-las entre pré-pro-
dução, produção e pós-produção. Isso ajudará você
a colocar suas tarefas em uma ordem cronológica
baseada em um pensamento estratégico.

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A pré-produção é tudo o que você vai fazer para
alcançar o momento de realização de seu projeto.
Nesse momento entram as contratações, a organi-
zação de contratos, a liberação de direitos, ensaios
(quando necessários) e captação de recursos,
entre outras ações.

A produção é o projeto acontecendo. Se estivermos


falando sobre cultura, podemos pensar, por exemplo,
na temporada de uma peça de teatro. A produção
se inicia quando a peça estreia e é composta por
todas as atividades em torno do objetivo principal.

Já a pós-produção diz respeito a tudo o que envol-


ve a conclusão do projeto. Dentre as atividades,
podemos destacar a conclusão de contratos, os
pagamentos, a prestação de contas do projeto etc.

Elenque as atividades que desenvolverá em seu


projeto e tudo o que precisa para realizá-las. Essa
etapa merece especial cuidado. Planejar exige
pensar, repensar, ler, reler e complementar. É im-
portante não agir por impulso, planeje, organize e
verifique cada etapa necessária.

Nesse momento você precisará levantar também


as informações legais sobre a prática que pre-
tende realizar. Se for a produção de uma peça de
teatro, por exemplo, saiba que é preciso pagar
direitos autorais, só deve contratar artistas com
DRT (registro profissional do ator), deve ter ou

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verificar a existência do alvará de funcionamento
e dos itens de segurança do teatro a ser locado,
garantir a segurança da equipe técnica, dos artis-
tas e da plateia, enfim, há um número grande de
informações que não podem ser descartadas no
momento do planejamento.

Há alguns anos, em uma peça de teatro musical,


dois atores famosos faziam um voo sobre a plateia
quando o cabo de aço que os segurava soltou e
eles caíram sobre duas senhoras que assistiam
ao espetáculo. Imagine-se no lugar do produtor
do projeto. O que você faria? Ter uma equipe
médica à disposição é importantíssimo para um
caso como esse. Seguro contra acidentes para os
atores também. Mas e a plateia? Você já pensou
que espetáculos de teatro, principalmente com
grande público, precisam de seguro plateia? E
se estivéssemos falando de uma exposição de
arte? Há seguro para as obras de arte? Iluminação
específica para não danificar as obras expostas?
Segurança? Enfim, cada área tem suas especifici-
dades. É preciso conhecê-las.

SAIBA MAIS
Sobre o caso do acidente no espetáculo de teatro mu-
sical citado, veja a notícia:

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https://caras.uol.com.br/arquivo/danielle-winits-que-
da-acidente-thiago-fragoso-inconsciente-xanadu-tea-
tro-musical-miguel-falabella.phtml

Defina também quando o seu projeto será realizado.


Com essa definição, desenvolva um cronograma
de ações. É importante prever o que e quando será
realizado. Mesmo quando estamos falando de um
plano anual, ou seja, de um projeto que pretende a
programação de ações anuais de uma instituição,
é preciso um calendário prévio de atividades. Disso
dependerá, inclusive, a elaboração de um bom
orçamento.

Desenvolva um plano de comunicação para o seu


projeto. Lembre-se de que a comunicação é a alma
de qualquer negócio. Muitas pessoas deixam para
economizar na divulgação. É um erro que pode
ser fatal ao projeto. Comunicar é fazer conhecer,
tornar público.

É preciso criar estratégias, elaborar ações coorde-


nadas. Tendo orçamento, contrate um profissional
especializado. É importante criar um bom plano de
comunicação e marketing para que possa também
atrair investidores, além do público direto do proje-
to. Geralmente esse profissional especializado em
comunicação é alguém de marketing, mas o mais
interessante seria somar forças entre um publici-

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tário e/ou profissional de marketing, um relações
públicas e um jornalista. Esse é o cenário ideal.

Procure compreender quem é o público de seu


projeto. É possível que você tenha público direto e
indireto. Analise a importância de cada um deles.
Compreenda o seu comportamento de consumo,
saiba onde e como falar com ele, como atraí-lo, como
trazê-lo para perto de seu projeto. Não pense que
você sabe tudo, analise, pesquise, estude. Muitas
vezes nos surpreendemos quando nos propomos
à pesquisa, por exemplo. Faça. Experimente.

Também é preciso pensar em contrapartidas


sociais, principalmente quando você pretende
utilizar dinheiro público por meio de editais e leis
de incentivo. O que você oferecerá à sociedade
como contrapartida ao apoio que lhe foi dado? Crie
ações condizentes com o seu projeto e leve muito
à sério esse tópico do projeto. Ele é fundamental
na análise em momento de concorrência pública.

Se o seu projeto prevê alguma atividade de ensino,


seja uma palestra, um curso ou um workshop, de-
senvolva um plano de ensino. Já se o seu projeto é
a gravação de um álbum musical, defina o repertório.
Se você pensa em uma exposição, faça o projeto de
curadoria. Se for um filme, você deve ter no mínimo
um bom argumento em mãos. É fato que é cada vez
mais exigente o processo de seleção de projetos,

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seja ele dentro de organizações públicas ou privadas.
Quanto mais elaborado e consistente estiver o seu
projeto, mais chances você terá de conseguir realizá-lo.

Outra dica é sobre o local de realização. Pense


com cuidado. Não escolha um local simplesmente
porque ele é mais barato ou cabe no bolso. Pense
sobre seu público, onde ele está, que lugares ele
frequenta, como ele vai chegar ao local de seu
evento. É importante, o tempo todo, fazermos
perguntas para nós mesmos.

SAIBA MAIS
Assista ao documentário Infinito ao meu redor, sobre
uma turnê internacional da cantora brasileira Marisa
Monte. Ele é uma aula de produção cultural e, sob sua
narrativa, é possível mergulhar na experiência da pro-
dução de grandes eventos.

Acesse o documentário no link: https://youtu.be/JQjaNIT5SXw.

Outro ponto extremamente importante para um pro-


jeto hoje é a questão da responsabilidade social e da
acessibilidade. Como o seu projeto está planejado?
Você já pensou como adaptá-lo para pessoas com
deficiência, sejam elas quais forem? Sim, é cada dia
mais urgente que modifiquemos a nossa forma de
pensar projetos e compreendamos que todo projeto
deve ser adaptado a qualquer tipo de necessidade.

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Saiba que uma pessoa com deficiência visual tam-
bém pode ser um fotógrafo e que uma pessoa surda
pode frequentar um show musical. É obrigação do
produtor pensar que seu projeto precisa ser adaptado.
Se o local em que você trabalha não tem rampas ou
elevadores, não está devidamente sinalizado, não
tem banheiros adaptados, está na hora de pensar
um projeto para a adaptação urgente desse espaço.
É importante e é um direito de todo cidadão.

Democratizar o acesso é outro ponto fundamental.


O que seu projeto prevê para a democratização do
acesso? Ele é gratuito? Terá cobrança de ingresso
ou mensalidade? Haverá programa de bolsa? Há
uma porção de possibilidades para pensarmos a
democratização de acesso e a descentralização
de recursos.

Há poucos anos, uma pesquisa do então Ministério


da Cultura (hoje Secretaria de Cultura do Governo
Federal) apontou a concentração de recursos
públicos para a cultura da União no eixo Rio-São
Paulo. Enquanto o eixo ficava com mais de 70%
dos recursos da Lei de Incentivo à Cultura, o Amapá
ou Roraima não ficavam com nem 1%.

Isso se dava porque a maior parte dos interesses


empresariais estava no eixo Rio-São Paulo e, muitas
vezes, uma empresa do Norte do país, apesar de
não atuar no Sudeste, preferia apoiar um projeto

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em São Paulo do que em seu território, isso porque
o projeto em São Paulo ganhava maior visibilidade
e tinha maior interesse da mídia. Diante desse
contexto, imagine os desafios da gestão pública.
São enormes e exigem um olhar atento pautado
em dados científicos e pesquisas comprováveis.
Sem informação, não haverá boa gestão.

Não esqueça de elaborar uma boa ficha técnica.


Tenha junto de você um time competente. O históri-
co profissional das pessoas pode agregar valor ao
seu projeto, assim como ações que apoiem novos
profissionais também. Estagiários e aprendizes
são inclusive boas ações de contrapartida ou de
responsabilidade social. É interessante pensar
sobre isso, mas tenha consciência. Ao contratar
um estagiário ou aprendiz, defina antecipadamente
quem poderá supervisioná-lo durante sua ativida-
de. É importante que essas experiências tragam
mesmo uma oportunidade para o aprendizado, só
assim elas se justificam.

SAIBA MAIS
Sobre a elaboração de projetos para o campo cultural,
uma das obras de referência é de autoria do advogado
especializado no setor cultural Fábio de Sá Cesnik. É uma
obra para consulta e de grande importância para quem
deseja se especializar no setor. Anote esta referência:

GUIA DO INCENTIVO À CULTURA

20
Autor: Fábio de Sá Cesnik

Editora Manole

Ano de publicação da última edição: 2015

Por fim, a etapa mais delicada: o plano orçamen-


tário. Não defina um valor fechado para o projeto.
Desenvolva uma planilha detalhada com os valores
de cada item que comporá o seu projeto. Organi-
ze os custos separando-os entre pré-produção,
produção e pós-produção. Trabalhe com base em
valores de mercado. Seja cuidadoso e ético. Se
você tiver desenvolvido um bom plano de trabalho,
terá também a possibilidade de desenvolver uma
boa planilha orçamentária.

Um projeto é composto por:


Objetivos geral e específicos
Justificativa
Estratégia de ação ou plano de trabalho
Cronograma
Plano de comunicação
Definição de público-alvo
Contrapartida social
Responsabilidade social / Acessibilidade
Democratização de acesso / Descentralização
Ficha Técnica
Orçamento

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ORGANIZAÇÃO PARA
IMPLEMENTAÇÃO
Um projeto também é um passo importante para
a sua implementação. Quando bem desenvolvi-
do ele se torna um importante guia de ação. Um
cronograma coerente o ajudará a se organizar,
pautando as suas ações nas etapas elaboradas
em planejamento prévio.

Procure trabalhar com um cronograma que garan-


ta a qualidade da execução de suas ações. Não
esqueça que o tempo pode ser decisivo frente
à qualidade do produto final apresentado. Dê o
tempo necessário para que as ações possam ser
executadas de forma a atender a qualidade final
esperada para o projeto. Esse é um erro muito
comum: cronogramas mal planejados e curtos
demais para as demandas propostas.

Se estivermos falando sobre projetos sociais, não


esqueça também da mobilização social em torno
da causa que norteia o projeto. É importante o
apoio da comunidade em torno do projeto para
que ele se fortaleça e se justifique.

Também é preciso uma equipe integrada e satis-


feita. Cuide do ambiente organizacional do projeto.
A seleção da equipe que comporá o projeto é de
extrema importância para que você alcance o

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sucesso e os objetivos previstos. Um ambiente
ruim pode levar o projeto ao fracasso. Lembre-se
sempre que trabalhar com pessoas envolve saber
ouvi-las e dar oportunidade para que se expressem
e se sintam valorizadas. Ofertar experiências que
gerem aprendizado também pode ser uma estra-
tégia importante para o fortalecimento de laços
profissionais.

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MOBILIZAÇÃO E
ARTICULAÇÃO
Pense estrategicamente também na articulação
do projeto com o meio e com o mercado. O meio
social onde o projeto está inserido não é apenas
um cenário ou um objeto de pesquisa, ele justifica
a existência de seu projeto. Articule as ações do
projeto de forma a atender as demandas diagnos-
ticadas na etapa preliminar da organização de sua
ideia de projeto. Pense, converse com as pessoas,
crie oportunidade para ouvi-las.

Não há sentido em uma ação que se imponha a


uma comunidade. É preciso diálogo, aproximação,
cuidado na intervenção e atuação conjunta com
sujeitos sociais que representem verdadeiramente
dada comunidade. Procure saber o histórico local,
converse com pessoas, compreenda quais são
as reais necessidade e não ache, em qualquer
momento, que você sabe mais do que as pessoas
que vivem e convivem com dada realidade. Não
subestime as pessoas.

Vale dizer que um projeto somente se concretiza


com a sua execução. Para tanto, é preciso que você
tenha, com o seu projeto, seduzido e conquistado
investidores para consolidar a sua realização. Após
a execução do projeto, não se esqueça de prestar

24
contas sobre o uso do dinheiro e sobre as propostas
e promessas que pautaram as suas negociações.
Avalie os resultados. Procure compreender o que
pode ser melhorado. Faça diagnósticos e constitua
relatórios que possam ser a base de suas futuras
atividades.

Além disso, ainda no processo de captação de


recursos, estude o mercado, analise as potenciais
empresas e organizações parceiras. Procure com-
preender como elas se posicionam no mercado, o
que procuram e o que comunicam com a socieda-
de ou a comunidade atendida. Faça as melhores
escolhas. A articulação é passo importante para o
sucesso da negociação de apoios e financiamentos.

25
AGENTES FINANCEIROS
NACIONAIS E
INTERNACIONAIS
Falando em financiamentos, é preciso apontar que
há diversos tipos de apoios financeiros a serem
pleiteados por um projeto.

Você pode pensar em apoios, patrocínios, parcerias


ou até mesmo linhas de crédito e investimentos.

É preciso pensar com cuidado sobre a etapa de


viabilização do projeto. Saiba oferecer as melhores
vantagens aos seus parceiros e lembre-se de que
um patrocinador ou apoiador de um projeto pode
se tornar um parceiro a longo prazo. Cuide dessa
relação.

Os apoios são muito utilizados em projetos para


reduzir os custos totais. Um apoio pode ser um
serviço prestado por uma empresa em troca da
divulgação de seu nome como apoiadora do pro-
jeto, pode ser uma cota de produtos, a oferta de
alimentação, de hospedagens, serviços de celular
ou internet, divulgação, distribuição etc. Às vezes
o apoio também pode vir em forma de valores
financeiros de menor volume.

O patrocínio, por sua vez, é compreendido como


um aporte financeiro que pode vir por meios diretos

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ou indiretos. Fontes de financiamentos diretos são
investimentos vindos direto do caixa da empresa
para o projeto. Os indiretos se dariam por meio do
uso de leis de incentivo, por exemplo.

Vale dizer que as leis de incentivo são práticas


de políticas públicas e o seu uso implica na com-
preensão de que lidamos com dinheiro público.
A lógica das leis é mais ou menos a mesma: o
patrocinador apoia financeiramente um projeto e
ganha o direito de descontar parte ou todo o valor
investido do imposto devido.

Um financiador também pode ser um sócio ou


um parceiro que ganha o direito a parte do valor
arrecadado com a venda de ingressos ou de deter-
minado tipo de produto. Nesse caso específico, a
relação é comercial e não há utilização de leis de
incentivo ou qualquer outro apoio público.

Muitas empresas atualmente aportam valores em


projetos por meio de uma seleção com base em
editais privados. Seleções por editais costumam
ter maior transparência e ser, consequentemente,
mais democráticas, podendo ser um bom caminho
para produtores e gestores que estão em início de
carreira.

Também organizações estrangeiras aportam in-


vestimentos em projetos brasileiros. Estar atento
ao universo de possibilidades de financiamento de

27
projetos é tarefa do profissional gestor. Há alguns
portais e sites especializados na divulgação de
oportunidades e editais. Fique atento e procure por
eles. Há ainda uma série de grupos em redes sociais
que se propõem a divulgar essas oportunidades.

SAIBA MAIS
Há um site muito interessante que conecta quem executa
projetos sociais com quem os financia. Você pode fazer
uma inscrição gratuita e receber informações dos mais
diversos tipos de editais. Acesse: https://prosas.com.
br/home e verifique.

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GESTÃO
Fazer a gestão de um projeto não é tarefa fácil, mas
é uma etapa importante e, por isso, é extremamente
necessário que você se cerque de profissionais capa-
zes e com experiência, para que se possa realizar um
projeto de forma a atender e superar as expectativas.

A palavra gestão vem do latim “gestione” e, segundo


o Dicionário Online de Português, significa:

Ação de gerir, de administrar, de governar ou de dirigir


negócios públicos ou particulares; administração
(GESTÃO, 2021).

A ideia que está implícita na prática de gestão é a


capacidade de gerir recursos de forma eficaz e aten-
dendo a metas e objetivos previamente planejados.

Um bom gestor conseguirá executar um bom


projeto, de forma a atender a demanda e alcançar
ou superar as expectativas de clientes e público.

A capacidade de gestão advém de um campo de


formação administrativa e engloba não apenas o
controle do fluxo financeiro de forma adequada, mas
também a gestão de pessoas e recursos humanos.

Quando estiver administrando um projeto, imagi-


ne-o como uma empresa. A gestão dos recursos
globais do projeto é parte do papel de um bom
profissional. O planejamento prévio não deve ser

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esquecido. O projeto não é um documento que
pode “morrer” no papel. A execução de um bom
projeto depende de uma boa equipe coordenada
por um bom gestor.

Voltemos ao exemplo das etapas de elaboração de


projetos que utilizamos anteriormente: a produção
em teatro musical. Esse é um tipo de exemplo
interessante porque envolve a produção cultural
e artística e uma grande estrutura da indústria do
entretenimento, provocando um encontro entre
áreas aparentemente distintas: a da gestão em-
presarial e a da gestão artística em prol de um
mesmo projeto: o espetáculo.

Imagine-se então em uma produção de teatro


musical. As grandes produções envolvem negocia-
ções internacionais, uma equipe numerosa, muitas
vezes composta por mais de 100 (cem) pessoas,
a gestão de recursos materiais para a criação de
grandes cenários automatizados, a segurança
da equipe e do público e uma centena de ações
específicas para a montagem de um espetáculo.
O gestor de uma produção como essa precisa ter,
minimamente, a visão das partes que envolvem as
práticas e as equipes técnica e criativa.

A gestão de um projeto de grandes dimensões co-


meça na negociação dos direitos autorais da obra
a ser montada. Muitas vezes envolve também a

30
montagem física elaborada, planejada e executada
em parceria com a equipe estrangeira.

Nessa etapa são selecionados os profissionais


técnicos (microfonista, designer de som, técnico
de som, designer de luz, técnico de luz, camareiras,
costureiras, peruqueiras, diretor de palco e stage
managers, que são profissionais que fazem a gestão
do espetáculo enquanto ele acontece, equipe de
produção, maquinistas, profissionais de canhão
de luz, cenotécnicos etc.).

Também temos, nessa etapa, a seleção dos pro-


fissionais criativos (atores que muitas vezes são
selecionados por meio de realização de audições
públicas, diretor de cena, diretor musical, coreógra-
fos, cenógrafo, figurinista, músicos etc.).

Elencando esses profissionais, torna-se possível


compreender a complexidade da gestão de um
projeto como esse, não é? Imagine que o papel
de um produtor de um espetáculo musical envolve
não apenas a gestão de pessoas, mas também
a gestão da execução prática do projeto e do
escopo financeiro, que é fundamental para a sua
realização. Não é tarefa para qualquer pessoa, não
acha? Montar um espetáculo de forma a atender a
expectativa artística, a qualidade técnica necessária
e superar os anseios da plateia é tarefa que exige
conhecimento, organização e talento.

31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O campo da elaboração de projetos é vasto e re-
pleto de especificidades. Aqui falamos de forma
global, procurando compreender elementos dos
campos cultural e social, mas é certo que cada
um dos universos sociais é repleto de elementos
sensíveis que correspondem aos seus respectivos
campos. Há projetos para as áreas ambientais, do
esporte, da saúde, da educação, sociais e culturais.
Há projetos para todas as áreas que você imagi-
nar e para cada uma delas, poderemos abrir um
horizonte novo e cheio de informações próprias
e peculiares.

O que se faz realmente importante nesse momento


é a compreensão da estrutura básica do projeto,
sabendo que a execução dele dependerá do co-
nhecimento específico sobre o campo de atuação.
Falamos aqui da forma de fazer, compreendendo
que o conteúdo é a etapa particular de cada pro-
jeto proposto.

Durante o nosso percurso por este e-book, partimos


da compreensão da importância do campo cien-
tífico e acadêmico que nos possibilita o exercício
do pensamento metodologicamente organizado e
fruto de um exercício de pesquisa e comprovação
de dados.

32
Essa formação é fundamental para um gestor de
projetos, para que ele compreenda que, no exercício
do dia a dia profissional, não devemos partir do
que achamos, supomos e pensamos saber. Pelo
contrário, toda atividade de planejamento deve
vir precedida de uma pesquisa detalhada com
levantamento de informações e dados que serão
relevantes para o desenho do objeto e do objetivo
a ser alcançado.

Também caminhamos no sentido de compreender


quais são as etapas de um projeto, destacando a
importância de cada uma delas no desenvolvimento
de um bom planejamento.

Vale dizer que não há etapa mais importante do


que outra. Se uma delas não for bem desenvolvida,
todas as subsequentes apresentarão problemas
graves na execução. Realizar é o objetivo final de
um projeto. Se o projeto foi bem elaborado e plane-
jado, provavelmente ele oferece ao executor todas
as qualidades necessárias para a realização de um
bom evento, de uma boa atividade socioeducativa,
de um bom objetivo, seja ele qual for.

Um projeto bem-feito será sempre um bom guia


para a execução das atividades planejadas. Lem-
bre-se de que todo projeto exige uma prestação
de contas final e, portanto, não deve ser executado

33
sem um acompanhamento cuidadoso de todas as
suas etapas.

Quando tratamos de editais públicos ou leis de


incentivo, o acompanhamento das etapas ganha
ainda mais importância porque toda ação com
apoio de órgãos públicos lida efetivamente com
dinheiro público. A prestação de contas de um
projeto apoiado por edital ou lei de incentivo deve
prever os gastos de todos os centavos. Isso será
cobrado. Lembre-se de que a má gestão do dinheiro
público é crime.

A prestação de contas não é apenas para projetos


que preveem o uso de dinheiro público. Todo projeto
precisa ser concluído, caso contrário, não atingirá
o seu objetivo. Todo projeto tem início, meio e fim,
isso o caracteriza como tal. O fim de um projeto de
sucesso é uma prestação de contas bem realizada.

Outro ponto importante abordado neste e-book é


o cuidado com a relação junto ao incentivador ou
financiador. Criar relações sólidas garante parcerias
duradouras. Pense nisso e construa uma comuni-
cação direta e cuidadosa com os seus investidores.

Já que falamos no assunto, vale também apontar


a importância de um bom plano de comunicação.
Como estudamos no decorrer do conteúdo, uma
comunicação bem realizada é etapa preponderante
para o sucesso de um projeto.

34
Não há projeto de sucesso se não alcançarmos o
público que pretendemos ao planejá-lo. Uma sala
vazia de teatro pode até apresentar um ótimo espe-
táculo, mas se não houver público o projeto não se
concretizou conforme planejamento. Planejar exige
cuidado, pensamento estratégico e conhecimento.

Para alcançarmos o público, é preciso também que


tenhamos estudado muito sobre ele. É comum o
erro de acharmos que conhecemos as pessoas e
seus anseios. Cuidado com a prepotência de achar
que sabe de tudo. Procure ouvir as pessoas, faça
pesquisa de campo, tabule resultados, analise
comportamentos de consumo. É importante que
saibamos como falar, com quem falar e o que dizer
para as pessoas.

Você já pensou que também os meios de comu-


nicação têm suas características próprias e que,
se tivermos domínio sobre elas, poderemos criar
melhores ações comunicacionais sobre os nossos
projetos?

Se a internet prevê a interatividade, então nossas


peças de comunicação podem também a prever.
Incentivar o público a compartilhar uma divulgação
de um projeto pode ser um caminho muito interes-
sante para ampliar a sua divulgação. Porém, não
adianta apenas dizer “compartilhe”. Você precisa
seduzir o público leitor e provocar nele a vontade

35
de compartilhar determinado conteúdo. Por isso
para projetos culturais e sociais funcionam muito
bem as estratégias de marketing de conteúdo. Sim,
gerar conteúdo relevante que dialogue com o seu
projeto com o intuito de potencializar a sua ação de
comunicação pode ser algo bastante interessante.

Percebe como há um pensamento estratégico por


trás de cada ação? É fundamental que possamos
exercitar esse pensamento no decorrer de nossa
ação como gestor de projetos.

Também falamos sobre a necessidade de pensar-


mos a respeito das contrapartidas sociais. Criar
ações que fortaleçam a presença do projeto em
determinada comunidade, ampliar o acesso com
atividades específicas de contrapartida, ser criativo
em prol do fortalecimento do acesso à cultura ou
à prática social proposta em seu escopo.

Por exemplo, se o seu projeto é a produção de um


filme em um país como o Brasil, em que as produ-
ções cinematográficas brasileiras sofrem com a
baixa adesão do público em salas de cinema, uma
ação de contrapartida social interessante pode ser
levar o filme já concluído para pré-estreias especiais
em comunidades que não tenham uma sala de
cinema comercial ou em bairros periféricos com
pouco acesso a equipamentos culturais.

36
Além da exibição do filme, poderíamos também pro-
por levar um ou mais atores, diretores e produtores
para um bate-papo sobre o processo de produção
após a exibição do filme. Podemos ainda convidar
estudantes de escolas públicas ofertando ingres-
sos e transporte para levá-los ao cinema. Quem
sabe, poderíamos também contratar estudantes
como estagiários em uma produção, dando a eles
o direito à experiência da produção cultural além
da própria fruição? Há inúmeras possibilidade
de ofertarmos ações de contrapartida social que
incentivem, inclusive, o acesso à fruição ou ao
fazer cultural. Há, nesses exemplos, uma clara
preocupação com a formação de plateia.

Enfim, objetivamos neste e-book afiarmos e afinar-


mos o nosso olhar para a prática do planejamento
de projetos. Passamos pelas etapas, estudamos
casos específicos, fizemos apontamentos-chave
para a construção do conhecimento.

Para concluir essa leitura, reforçaremos mais uma


vez que a prática efetiva do gestor de projetos
não nega a teoria. O conhecimento pautado por
experiência prática e conteúdo teórico de qualidade
possibilita a construção do pensamento crítico,
que é base para o exercício do planejamento e do
pensamento estratégico.

37
Criar projetos é uma gostosa aventura e você pode
se tornar um gestor, um redator ou um produtor
de projetos.

Lembre-se de que projetos realizam sonhos e


sonhos transformam realidades. Esse é o papel
e a responsabilidade diante do planejamento de
projetos coerentes, consistentes e pautados em
conhecimento, informação e pesquisa.

Por fim, a dica é: exercite a leitura, a escrita e a


escuta. A chave de todo esse percurso reside no
domínio da palavra apurada e da prática consciente.
Pense nisso.

38
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