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História Antiga Ocidental

Aula 8 - O Principado Romano


INTRODUÇÃO

Nesta aula, estudaremos a república romana, estruturada em torno das disputas de poder.

Para isso, estudaremos o que foi necessário para que Otaviano estabelecesse uma autocracia sem enfrentar
resistência do Senado e as medidas que o mesmo tomou para dar início a um período prolongado de paz para Roma.

OBJETIVOS
Compreender o significado político do término da monarquia e passagem para a República.

Perceber a influência do modelo republicano da Antiguidade nas instituições modernas de mesmo tipo.

Determinar as principais instituições que compunham a República Romana e suas funções.

Analisar os motivos que levaram os plebeus a se posicionarem contra os patrícios ao longo da República.

Indicar algumas conquistas obtidas pelos plebeus ao longo da República.

Relacionar o expansionismo romano à difusão do ideal de soldado-cidadão.

Compreender as Guerras Púnicas como um marco para o domínio romano sobre o Mar Mediterrâneo.

Analisar as principais consequências do expansionismo romano.


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O Império Romano
O Império Romano começa com Otávio Augusto. No século I A.C., temos uma poderosa crise na República Romana
mas, na prática, a República Romana é estruturada em torno das disputas de poder, uma vez que a sua principal casa,
sua principal força, é a estrutura imperial.

A partir do momento em que Roma busca ou traz uma política imperialista (a política imperialista não tem
necessariamente relação com o império, tem relação com o domínio de terras, dominação maior ainda pelo
reconhecimento do poder, no caso romano), ao mesmo tempo, mantém práticas para ser reconhecidas onde estivesse
passando.

Cícero, no século I A.C., diz que seria necessário, para reconhecimento do mundo romano, o reconhecimento das leis
romanas.

Fonte:

Esse é o principal fundamento de ser romano.

Ao mesmo tempo em que Cícero discursava pregando esta união, temos um direcionamento de forças locais,
reconhecidas nas figuras do generalato romano, como fonte do poder no mundo romano.

Mário, que era cônsul e chefe militar no século I A.C, após vencer a resistência de Sila, muda a lei romana e transforma
o general na representação romana em suas províncias e na expansão política romana.
Este passara a administrar os bens conquistados, os impostos das regiões sob seu controle, assim como os bens
referentes às pilhagens que deveriam ser passadas ao governo, e o restante ficando a cargo do próprio general que,
também, era responsável por pagar o soldo e o devido aos soldados.

O Reconhecimento do Soldado Romano

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A partir do momento em que o soldado passa a ter um reconhecimento maior pela figura do general do que pela figura
do próprio império, a noção trabalhada por Cícero é quebrada.

Acaba-se trabalhando os elementos de uma nova identidade, de reconhecimento fora da estrutura da lei. Quando isso
acontece, automaticamente, abre-se a possibilidade de um crescimento singular da figura do general no comando no
Império Romano.

O general passa por um processo de transformação que não é só político. Seus contornos ganham pontos mais
críticos devido a uma série de crises, como a proporcionada por Graco vista na última aula, associada à insatisfação
nas cidades que o próprio Graco sinalizara e revoltas de escravos como a emblemática revolta de Spartacus.

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Pompeu, após a vitória sobre Spartacus, volta com a fama de herói romano e será escolhido o líder de uma nova forma
de governo: o Triunvirato.

Buscando conter as revoltas e insatisfações, outros dois comandantes militares são escolhidos. Crasso, general
vitorioso proveniente da Península Ibérica e, por fim, um jovem general genro de Pompeu, de nome Julio César.

Júlio César

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Júlio César, que é esse general, com uma série de vitórias, começa a trabalhar cartas, textos e vender a ideia de um
novo herói romano.

Partindo para terras que até então estavam fora dos principais objetivos romanos, uma vez que não tinha ligação direta
como próprio Mare Nostrum. São as expedições às Gálias, que na valorização, tem traços escritos importantes, como
vemos na obra abaixo, um trecho escrito pelo próprio Júlio César.

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Leitura
, Para saber mais sobre a história de Júlio César, acesse o texto: ATENÇÃO TEXTO EM
ESPANHOLJúlio César, la guerra de las galias – con las notas de napoleón
(galeria/aula8/docs/a08_t08.pdf).

HERÓIS DA ROMA ANTIGA


Pompeu, o conquistador do Oriente e salvador da honra romana frente aos escravos.
Júlio Cesar, que marca com sua legião o domínio das Gálias, que vence no norte e leva o Império Romano às fronteiras
como a das ilhas britânicas.

Politicamente, as disputas entre ambos eram tratadas por caminhos republicanos, Julio Cesar envia um de seus
principais homens para ser escolhido Tribuno da Plebe com seu apoio. Pompeu vai defender a tese de que Júlio César
seria um traidor, e que não estaria passando o que deveria do mundo romano, descumprindo suas funções como
princeps.

Conflitos após a morte da filha de Júlio


César
Durante esse momento, aquela tensão, morre a filha de Júlio César que era casada com Pompeu, o que teria piorado a
relação entre eles. Uma preocupação aparecia de maneira recorrente no senado, que estas disputas não desfizessem a
ordem romana. O problema é que quando Crasso morre, a tensão entre Pompeu e Júlio César fica ainda maior. A
acusação de traidor ganha força e é ordenado que César retorne a Roma para ser julgado, pois contrariando perderia
seus direitos como romano.

Júlio César retorna mas sem desmontar sua legião, como era ordem nenhuma legião entrar o território de Roma. Faz
alto que não era permitido atravessando o Rubicão com todas as suas legiões. É iniciada uma série de conflitos.
Pompeu, temendo um ataque à Roma, foge. Júlio Cesar, no entanto, mantém a perseguição e Pompeu foge para o
Egito.
Júlio busca em Roma reestabelecer a ordem, os senadores são reconduzidos e ele é eleito princeps, segundo Suetônio
na vida dos doze césares, se recusando a aceitar o título de dictatore ou Imperor. Júlio nomeia dois princeps, sem
expressão para dividir consigo a responsabilidade sobre Roma. O próprio negocia com elites egípcias, buscando o
apoio de Cleópatra II e consegue o assassinato de seu inimigo Pompeu, se tornando ele, Júlio César, o senhor das
terras do Império Romano Oriental.

O retorno de Júlio César


O retorno de Júlio César busca valorizar constantemente os escritos que valorizam suas ações como de um herói da
República Romana, não alguém que rompe, mas que salva Roma. Este modelo foi considerado a base para a figura que
os próprios imperadores assumiram pouco tempo depois.

Mas ao mesmo tempo, há uma negativa desta figura. Júlio César buscou reorganizar Roma, estabelecer a manutenção
da ordem. Não devemos observar aqui nenhuma predileção ou valorização excessiva da figura de Júlio César, a busca
da ordem é uma escolha lógica.

Roma é a sua ordem, negar a ordem de Roma é negar o próprio princípio de força romana e Júlio
César sabia disso, por isso sua ordem era de reaglutinar as forças, em Roma ou nas províncias.

O interessante é que sua morte é emblemática, assassinada por várias facadas pelos próprios senadores que ele
reconduziu ao poder. Outro fato curioso é que a história do assassinato de César é contada por seu contemporâneo,
Marco Antônio, seu principal chefe de guarda, seu principal assessor, para poder utilizar a promoção pela morte de
Júlio César contra seus opositores.

O assassinato de Júlio César


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Três frentes militares se levantam em 43 a.C., contra o assassinato de César, Lépido e Marco Antônio,
seus chefes militares nas Gálias e no Oriente e seu sobrinho, ou herdeiro por adoptio, Otávio.
Ao assumirem o poder, primeiro foi feito um grande movimento de vingança, com a perseguição de
senadores e aqueles que se manifestaram contra Júlio César.
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Em seguida são eleitos triunviros pela mesma Lex titia, que garantiu a eleição dos primeiro trinvirato.
Vencidos os inimigos, Lépido se retira das disputas políticas e Otávio e Antônio entram em conflito
aberto, um acusando o outro de traição.
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Otávio (ou Otaviano), que era um político hábil, e tinha além de treinamento militar uma importante
formação educacional fortíssima, utiliza o senado, primeiro para o território da Península Ibérica,
transformando Lépido em um subordinado imediato ao seu comando, passando a ser administrada
por um homem de sua confiança.

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A pressão sobre Marco Antônio cresce ainda mais com o apoio dos outros generais a Otaviano. Cercado, ele é
derrotado no Egito na batalha de Accio, em que Antônio se suicida com sua esposa, Cleópatra.

A associação de Marco Antônio com Cleópatra foi uma associação das elites tradicionais egípcias com o próprio
poder romano.

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O rompimento acaba abrindo a possibilidade para que Otávio conquiste uma vanglória militar que Júlio César tinha
alcançado, só que a oposição de Otávio era um tanto quanto diferente. Vitorioso, ele começa a acumular cargos em
torno de si, ele se torna tribuno da plebe, cônsul, primeiro juiz, pontífici Maximus, chefe da Igreja Romana e, também,
principalmente em 24 a.C., se torna Augusto, título que lhe garante ser a liderança do mundo romano, em um modelo
monárquico.

Seria um projeto, ou uma ruptura. Devemos relativizar o processo e entender que por conta da própria expansão
romana e da influência helenística, a partir da conquista da Grécia de forma definitiva no século I a.C., a valorização de
lideranças centrais era cada vez mais um direcionamento presente nesta sociedade.

Há em Roma cultos importantes na república, fruto das tradições locais e principalmente do mundo grego, na famosa
relação entre os deuses que encontramos em qualquer livro didático. Mas paralelos a outras práticas, como os cultos
da elite romana, o culto ao imperador não é um credo da maneira que entendemos, é uma valorização da figura acima
de todos os homens, um reconhecimento de sua posição.
Fonte:

A morte de um imperador não estabelece um culto a ele, o reconhecimento vai para o novo imperador.

Este período é tratado como um dos momentos da Pax romana, que pode ser definido: Período ocorrido entre os
governos de Otaviano (27 a.C. e 14 d.C.) e Antonino Pio (138-161) em que o Imperium Romanorum não só atingiu a sua
máxima extensão geográfica, como também viveu um período relativamente pacífico, quer internamente, quer nas suas
fronteiras. Apogeu da história social romana.

Augusto passa a ser um título: toda a primeira dinastia que a que se segue assume o título de Augusto.

A dinastia Julio-claudiana, que Otaviano inaugura, é uma dinastia baseada na figura de Augusto.

Uma dinastia que tem altos e baixos, Adriano é considerado um grande organizador sociopolítico dessa proposta mas,
ao mesmo tempo, temos figuras como Calígula e Nero, que fazem parte desta mesma estrutura dinástica. Essa
estrutura, em torno do século I a.C., não garante a organização plena de Roma.

Roma, mais uma vez, tinha um senado contestando aquela figura central e temos, ao longo de várias províncias de
império, por conta de invasões e presença de outros grupos, a figura de cada romano tentando se autoproclamar o
próximo imperador. Isso fica muito claro nos escritos de um romano chamado Tácito.
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Tácito faz uma obra chamada “A Germânia”, que é justamente para chamar a atenção dos romanos, sobre a fragilidade
política que eles viviam. Para tal, utiliza o outro como exemplo.

Para saber mais sobre o que estudamos até aqui, acesse a tradução feita pelo professor Ricardo costa de um autor
romano do século I clicando aqui (glossário).

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A obra de Tácito
Esta obra é muito legal, Tácito tem como objetivo ao construir este texto demonstrar como os romanos vinham se
afastando de seus princípios.

Para tal, exalta os germanos, marcando sua característica. Como Tácito teve contato com os limites do mundo
romano, acabou por ser uma referência sobre estes povos.

Ser referência significa que precisamos acreditar no que Tácito propõe, pois é claramente uma visão etnocêntrica, mas
rica para refletirmos sobre as relações de romanos com os chamados “Bárbaros”.

Aliás, muito cuidado com o uso de bárbaros, essa é uma leitura romana que representa a identificação do não romano,
mas acaba por ter também uma visão inferiorizada do outro grupo. Culturas diferentes, que se transformam
mutuamente, criando um novo espaço.

Tíbero Cláudio
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Após a morte de Calígula em 41, Cláudio assume e os republicanos viram na morte de Calígula uma oportunidade para
extinção do principado e o restabelecimento do antigo regime. Os pretorianos, porém, proclamaram o Imperador
Tibério Cláudio, tio de Calígula.

O governo de Cláudio caracteriza-se pela influência de pessoas de sua família e de seus libertos, Narciso, Políbio, Palas
e Calisto. Esses libertos compensavam suas práticas com uma valorização intelectual.

Quando ele organiza essa proposição, temos a ideia daquele momento sociopolítico, momento tão conturbado que
abre a possibilidade da ascensão de um outro tipo de imperador. Não mais o unificador de títulos, mas o maior
representante entre todos os militares. É a ascensão de Vespasiano ao poder.

O governo Vespasiano
Vespasiano, um general oriental, vai incumbir o próprio filho de destruir o Templo e a resistência judaica. Roma havia
dominado os territórios dos Judeus no século I A.C., mas a região sempre foi marcada por uma série de movimentos
de resistência ao domínio romano.

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Nos processos de destruição empreendidos por Tito, filho de Vespasiano, notamos que os judeus, que
já eram numerosos em todo o mundo romano, sofrem uma nova diáspora, se fazendo presente em
todo o mundo romano. Sua presença ou seus cultos messianistas – crença na vinda ou volta do
Messias, o enviado de Deus, difundida por vários credos, aparecem de maneiras diversas em todo o
cenário romano. Nero acusa os "cristãos" e judeus de incendiar Roma. O motivo não era diretamente
religioso, mas um movimento contrário à própria dominação romana.
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A partir dos comentários preliminares, deve mostrar que Otaviano, ao começar a delinear seu poder
autocrático, manteve o Senado retirando-lhe, contudo, algumas prerrogativas. Tal inserção é válida
para que percebam que se referem a um período em que o Império já estava consolidado pela
habilidade política do sobrinho de Júlio César.
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A dinastia de Vespasiano, ou dos Flávios, é uma dinastia militar, Tito sucede seu pai em 79, seguido
pelo governo de seu irmão Dominciano, a tensão entre Império e senado ainda se mantinha, a busca
de restabelecer o senado ainda era uma possibilidade, definitivamente sepultada pela dinastia de
Antoninos, que dura do fim do I século até o limite do século III. Três Imperadores marcam o fim do
Alto Império Romano.
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Não é à toa, há um momento de acéfala, até a chegada ao poder da dinastia dos Antoninos, no século
II, onde se começa a organizar o mundo romano. Trajano, segundo imperador da dinastia, estabelece
que as tropas romanas não tenham mais a função de expansão, mas de manutenção. É com Justino
que temos a ideia de que o Império Romano tem um limes que precisa ser cuidado, tropas que devem
ser estacionadas neste Limes. Esta dinastia favoreceu os transportes de mercadorias, fundamental
para o comércio, e fortaleceu a política de auxílio do império.
Os imperadores Antonigos que, com exceção dos dois últimos, não estavam ligados entre si por laços
de filiação natural, procuraram garantir sua sucessão por meio da adoção e da associação ao governo
do futuro imperador. Tal sistema, que impediu a ingerência indevida da guarda pretoriana na escolha
do soberano, foi facilitado pelo fato de haver três grandes imperadores (Trajano, Adriano e Antônio
Pio).
Só que isso não é característica da estrutura romana. O domínio pela força abre a possibilidade de
outros surgirem.

O governo de Adriano
O governo de Adriano ( 117 - 138) teve como principal preocupação a manutenção da paz. Renunciou às guerras de
conquista definitivamente, aumentando o sistema de fronteiras.

O governo de Adriano (117 - 138)

O mais sério episódio militar do reinado de Adriano foi a rebelião dos judeus
motivada, em parte, pelo estabelecimento de uma colônia romana, Aelia
Capitolina, nas ruínas de Jerusalém com a construção de um templo dedicado
a Jupiter, e pela proibição da circuncisão. Houve uma ordem de esvaziamento
completo das terras de Jerusalém, passando o judaísmo a não ter mais um
centro, mas tal qual como cristianismo, se faz cada vez mais presente no
mundo romano.

No entanto, foi na era do Império Romano que os jogos alcançaram o apogeu,


tornando-se grandes espetáculos e reunindo milhares de pessoas. Os jogos
romanos tiveram papel importante durante o Império.
Para evitar rebeliões e levantes populares, os imperadores adotaram a “Política do Pão e Circo” (panis et circences).
Nesta política, o calendário de jogos foi expandido, chegando ao número de 175 dias festivos, quando eram oferecidos
os jogos e cotas de pães à população.

Ao contrário dos Jogos Gregos, repletos de honra e disputas leais, os Jogos Romanos eram caracterizados por
espetáculos bizarros e sangrentos, contendo lutas armadas que se prolongavam até a morte dos gladiadores, lutas
contra animais selvagens (tigres, leões e panteras) e execuções de criminosos e cristãos.
Nesse momento, há a estabilidade obtida pelo Império e o início da sacralização da imagem do monarca, influência da
cultura egípcia. Através desse comentário é possível fazer com que os alunos compreendam a tolerância romana com
a religiosidade dos povos dominados, adotando, inclusive, alguns elementos da mesma.

Glossário

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