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Dimensões pré-patológicas do sofrimento no trabalho: atividade,

subjetividade e engajamento crítico na terceira geração dos estudos clínicos


na França

Thales Vilela Lelo1

Resumo

O objetivo desse trabalho é discutir aspectos teórico-metodológicos de uma terceira geração


dos estudos clínicos sobre o trabalho na França, forjada no transcorrer dos anos de 1980 e
1990. Tal investida, presente nas obras de autores como Christophe Dejours, Eugène
Enriquez, Vincent de Gaulejac e Yves Clot, entre outros, aponta uma virada nos estudos sobre
o sofrimento gestado nas organizações, optando por não se deter nas doenças psíquicas
claramente identificáveis, decorrentes de situações de precarização profissional e
reestruturações produtivas, para se debruçar na condição de permanente tensão experimentada
pelos trabalhadores em setores adaptados às lógicas do capitalismo contemporâneo. Nessa
conjuntura, a aparente “normalidade” no trabalho passou a ser problematizada e averiguada a
partir de pressupostos normativos e por meio distintos métodos de abordagem, favorecendo
um engajamento crítico em face do contexto escrutinado – e vislumbrando uma potencial
transformação nos mecanismos de gestão.

Introdução

O objetivo desse trabalho será discutir aspectos teórico-metodológicos de uma terceira


geração dos estudos clínicos sobre o trabalho na França, forjada no transcorrer dos anos de
1980 e 1990 e conduzida por pesquisadores de ancoragens teóricas interdisciplinares. Tal
investida, levada a cabo nas obras de Christophe Dejours, Eugène Enriquez, Vincent de
Gaulejac, Yves Clot, entre outros, aponta uma virada nos estudos sobre o sofrimento gestado
nas organizações, combinando um repertório oriundo, sobretudo, da ergonomia da atividade
de Alain Wisner e da psicopatologia do trabalho de Louis Le Guillant, de modo que tais
pesquisas deixaram de se enfocar em doenças psíquicas claramente identificáveis, decorrentes
de situações de precarização profissional e reestruturações produtivas, e se debruçaram na
condição de permanente tensão experimentada pelos trabalhadores em setores adaptados às
lógicas do capitalismo contemporâneo. Nessa conjuntura, a aparente “normalidade” no
trabalho passou a ser problematizada e averiguada por meio de um protocolo que abrange
uma gama de métodos de abordagem, como a atenção e escuta as falas dos trabalhadores e/ou

1
Doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Membro do Grupo de Pesquisa em
Jornalismo, Narrativas e Práticas Comunicacionais (UFOP) e do Núcleo de Estudos em Trabalho, Saúde e
Subjetividade (UNICAMP). Contato: thales.lelo@gmail.com
uma observação sistemática dos contextos de ação profissional, com o proposito de
engajamento crítico ao contexto escrutinado, denunciando características que compõem a
organização capitalista vigente e propondo um resgate das solidariedades coletivas, do cultivo
do ofício e mesmo a expressão, em situações de debate público, das vivências daqueles que
sofrem com as coerções desse sistema de produção, tendo como finalidade emancipatória uma
potencial transformação nos mecanismos de controle do trabalho e na mentalidade financista
do campo organizacional.
Seguindo o percurso sugerido por Deranty (2012), tentar-se-á compreender as
características dos estudos englobados sob a rubrica dessa abordagem “clínica” do trabalho
tomando como ponto de partida, em uma primeira seção, a faceta normativa do argumento,
ancorada na pressuposição de que, se o trabalho produz afetações sobre a existência humana,
então há formas erradas e corretas de gerir um coletivo em situação de trabalho, ou seja, antes
de tudo, o trabalho deve oferecer aos sujeitos a possibilidade de produzir sentido sobre sua
atividade.
Um segundo aspecto do trabalho desses autores diz respeito a sua caracterização do
humano, formulada, com variações, através de uma visão meta psicológica da subjetividade,
conforme Deranty (2008), frisando o caráter encarnado da socialização e atribuindo uma
centralidade fulcral ao trabalho como atividade que conecta sujeito, sociedade e materialidade
(experiência através do qual se vivencia a vida, como formula Dejours (2013)), e momento
constitutivo da formação da subjetividade e da integração social.
Essa leitura da constituição da identidade humana via imersão na materialidade do
mundo é contraposta à descrição, em tom pessimista, das patologias contemporâneas da
organização do trabalho que, como indica Deranty (2008), se ligam a uma sociedade liberal
intrinsecamente patogênica por desafiar diretamente as economias psíquicas, amparada em
uma contradição de base entre as exigências de produção e as pressões pela qualidade; e entre
uma visão utópica de autonomia e a realidade da política do medo. Assim, o investimento
clínico é, para esses autores (GAULEJAC, 2000; CLOT, 2008; DEJOURS, 2010), a busca por
oferecer o diagnóstico de uma “doença” em uma situação real de trabalho, partindo da
observação da palavra e dos contextos de ação dos atores, o que, na analogia à medicina,
corresponde a “estar próximo a cama do paciente” de modo a ouvir e interpretar seu
sofrimento.
Em uma última seção, retomar-se-á a alegoria médica para adentrar naquilo que é, do
ponto de vista de Clot (2010), o cerne dessa terceira geração de estudos francófonos acerca do
trabalho: a possibilidade de, partindo do campo, “cuidar” da organização do trabalho,
transformando-a e permitindo que se torne fonte de saúde. Reside nesse matiz emancipatório
dessa seara de pesquisadores um ideal de democracia, como destaca Deranty (2010),
sugerindo que, pelas relações de trabalho seria possível forjar uma “comunidade ampliada” de
discussão e deliberação em interface direta com a vida pública política. E esse argumento por
sua vez desfaz, para Renault (2012), a separação bastante difundida por Habermas (1990) da
oposição entre sistema e mundo da vida, resgatando a face comunicativa de um universo que
o filósofo alemão identificara colonizado por uma razão instrumental incompatível com a
liberdade política.

Normatividade do trabalho
Nas últimas décadas, como salientam Renault (2012) e Deranty (2015), uma miríade
de discursos, seja em âmbito acadêmico ou nas redes mais amplas de debate público, vem
frisando a inauguração de uma era que representa o “fim do trabalho”, em uma revisita pós-
moderna ao materialismo histórico-dialético, no intento de afirmar que, se o trabalho fora uma
categoria central na sociedade capitalista moderna, então na atual conjuntura sua força de
coesão social estaria pulverizada em formas de interação que transcendem as relações de
classe tradicionalmente engendradas por esse sistema, como a exemplo das emergentes
feições do multiculturalismo. Soma-se a esse discurso uma interpretação proeminentemente
negativa do trabalho, segundo Deranty (2015), também extraída de uma visada marxista, que
aponta que a superação do capitalismo indicaria suplantar a necessidade do trabalho e do
aparato ideológico que o sustenta. Assim, “um futuro sem alienação e reificação significa uma
sociedade além do trabalho” (DERANTY, 2015, p.108).
Para Renault (2012), a negação política do trabalho na atualidade é acompanhada de
forma estreita pela vitória de uma ideologia neoliberal que destronou os movimentos
operários ao longo da primeira metade do século XX (como Boltanski e Chiapello (2009)
desenvolvem em minúcias ao refletir sobre as bases para a emergência de um “novo espírito
do capitalismo” nas décadas de 1970 em diante). Nesse cenário se forja o juízo de que a
liberdade política se constitui na esfera pública de modo independente à esfera do trabalho,
concepção essa traduzida na teoria do agir comunicativo proveniente da Segunda Geração da
Teoria Crítica, através dos escritos de Jürgen Habermas (1990). Esse filósofo alemão
formulara, como expõe Deranty (2009a), uma distinção entre os conceitos de sistema e
mundo da vida, no qual se opõem duas formas de racionalidade, uma instrumental (calcada
em uma lógica estratégica) e outra comunicativa (tramada pelos princípios normativos da
deliberação pública). O trabalho é relegado à primeira esfera, e passa a designar somente
aquelas “atividades as quais a sociedade precisa realizar a fim de garantir sua sobrevivência
material. Essa esfera é agora vista como se constituindo unicamente de regras técnicas
empiricamente testadas que são estruturadas em acordo a uma lógica de mestria instrumental,
eficiência e produtividade” (DERANTY, 2009a, p.106). Por essa guinada teórica, o trabalho é
sumariamente excluído enquanto objeto de reflexão de cariz normativo, se limitando ao papel
de elemento intrusivo e colonizador das instâncias deliberativas do mundo da vida.
A clínica do trabalho francesa, e especialmente os autores que orbitam a terceira
geração dessa corrente de estudos2, procuraram reverter essa concepção negativa do trabalho,
salientando sua centralidade política na contemporaneidade, suas implicações normativas, e
considerando-o como via privilegiada de enriquecimento da subjetividade. Reformulando o
raciocínio habermasiano, como demonstra Deranty (2009b), esses autores evidenciam a
improbabilidade da existência de uma racionalidade instrumental que se impusesse sob a
agência humana sem a interferência de um contexto social, tendo em vista que as técnicas são
aprendidas e transmitidas socialmente, e defenderam que, para que uma finalidade
instrumental seja coordenada, um componente normativo é imprescindível. Desse modo, mais
uma vez segundo Deranty (2009b), deve-se proceder em direção ao entroncamento das
relações sociais com o mundo das materialidades que ocorre no trabalho, atividade essa que
envolve em igual medida o polo do social e o polo da objetividade (não sendo redutível nem a
uma lógica instrumental (articulação de meios e fins), e nem a outra de ordem puramente
intersubjetiva).
Clot (2004, 2006a), se detém nesse aspecto ao propor, de um viés histórico e
antropológico, que o trabalho é sempre dirigido a três cursos: ao sujeito, à alteridade e ao
objeto. Essa leitura triangular do conceito o permite perceber o trabalho enquanto meio de
despersonalização, seja ela sinônimo de alienação e dominação, seja ela a responsável por
prover as condições de auto realização. No encontro do sujeito com um mundo objetivo de
tarefas a serem cumpridas por meio de normas técnicas e regulamentações instrumentais, e do
envolvimento com gêneros profissionais que efetuam a integração do indivíduo às regras
instituídas por um coletivo de trabalho (favorecendo a consecução das atividades de maneira
coordenada), o sujeito tem a sensação de perder a sua individualidade. Evidentemente que

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Clot (2010) alude a uma terceira geração dos estudos clínicos sobre o trabalho na França como um
desdobramento de dois outros momentos históricos fundantes: um primeiro, iniciado nas décadas iniciais do
século XX por Suzanne Pacaud e Jean-Maurice Lahy, nomeado de psicotécnica do trabalho; e uma segunda
etapa, já a posteriori da Segunda Guerra Mundial, subdividida em três frentes: a ergonomia de Alain Wisner; a
psicopatologia do trabalho de Louis Le Guillant; e a psicologia cognitiva do trabalho, de Faverge e Leplat.
essa pode ser uma experiência potencialmente patogênica com o trabalho, acionando o
processo de alienação já exaustivamente descrito pelo marxismo, mas também pode exercer
uma função estruturante ao sujeito: ao se perder na atividade, o agente pode lidar de novas
formas com suas preocupações em nível existencial e psicológico. A lógica impessoal do
trabalho, insensível às personalidades dos operadores e pautada em imperativos objetivos,
pode forçar um rearranjo libertador de suas vidas psicológicas, gerando um acréscimo de auto
distanciamento e reflexividade (uma alienação positiva, em outras palavras).
Dejours também acompanha essa linha de raciocínio, se utilizando “da teoria do agir
comunicativo de Habermas para realçar dimensões do trabalho que desapareceram na análise
dualística de Habermas das formas de agir” (DERANTY, 2009b, p.83). Assim, Dejours e
Deranty (2010) afirmam que trabalho não envolve só a inteligência individual ou uma
atividade funcional, mas também o coletivo. Trabalhar não é só produzir, é aprender a viver
em conjunto. Conforme Dejours (1995a, 2004, 2013), há uma distinção entre a coordenação e
a cooperação no trabalho, sendo que a primeira diz respeito à divisão de tarefas definida pela
organização (com a atribuição de papeis e funções aos operadores), enquanto que a segunda
“implica um reajustamento consensual da organização tal como foi prescrita” (DEJOURS,
2013, p.16). Esse reajustamento envolve relações de confiança sustentadas por regras éticas
de convívio, tanto com os pares quanto com os subordinados e superiores hierárquicos, de
modo a compensar os mecanismos prescritos pela instituição - permitindo um enfrentamento
dos obstáculos que a cada momento despontam em uma situação de trabalho.
A cooperação em Dejours não é prescrita, e só funciona passando pelo crivo daqueles
que desejam coordenar conscientemente suas mobilizações individuais, por meio de acordos
normativos que servem de referência a todos, permitindo ao conjunto dos trabalhadores
“exprimir o seu ponto de vista, e depois ser capaz de justificar e mesmo defender a sua
opinião. É preciso também ser capaz de escutar os outros. Tudo isto consiste afinal em dar a
sua contribuição para a deliberação coletiva sobre ‘como’ trabalhar em conjunto” (DEJOURS,
2013, p.16). Dejours (2004) discorre aqui sobre a formulação, na situação de trabalho via
cooperação, de “regras de ofício", “compromisso entre os estilos de trabalho, entre as
preferências de cada trabalhador, de forma a torná-los compatíveis. Chegar a esse resultado
supõe que cada trabalhador (...) se envolva no debate coletivo para nele dar testemunho de sua
experiência, esforçando-se para tornar visíveis e inteligíveis suas contribuições” (DEJOURS,
2004, p.32).
Clot (2011, 2014), procura ampliar ainda mais esse horizonte normativo imanente a
atividade concreta do trabalho asseverando que o coletivo não é meramente situado em uma
ocasião específica, mas sim perpassado por uma história que se infiltra em cada trabalhador
que o integra. Em suas palavras, “ao acessar o ambiente de trabalho em que a atividade se
desenrola, ele [o sujeito] contrai essa história como uma dívida, mesmo sem querer ou saber”
(CLOT, 2014, p.136). Para Clot (2006a, 2011), o trabalho é uma arquitetura estrutural
composta de quatro dimensões, e sua saúde e eficácia dependem da fluidez da tensão entre
esses componentes. Desse modo, é preciso aliar um estilo pessoal de ação e um elemento
impessoal (que diz respeito às prescrições no trabalho e à organização de tarefas), a um
terceiro de origem interpessoal, que tangencia o diálogo entre os profissionais. Por fim, o
gênero de um ofício (CLOT, 2006a, 2011, 2014) é desenvolvido na sucessão de diálogos,
produto de uma história coletiva que conecta os operadores, seus predecessores e sucessores.
É a memória histórica da profissão, de suas técnicas e contextos.
Nessa cultura do trabalho que emerge da cooperação entre pares, superiores e
subordinados sob a textura de um ethos profissional, circulam valores que, como propõe
Dejours (2004), também orbitam outras esferas do cotidiano (não havendo ruptura entre a
vida profissional e a vida familiar ou social), de modo que a significância política do trabalho
se traduz na possibilidade dele se tornar uma oportunidade de aprendizado de valores cívicos -
condição para a prática democrática. Quando esses laços de cooperação são destroçados, o
trabalho se deforma na manipulação instrumental de outrem.

A experiência do trabalho na constituição da subjetividade


Além de caracterizar o trabalho de um ponto de vista normativo, em conexão direta
com a experiência social mais ampla, os autores que representam essa terceira etapa de
estudos clínicos franceses também desenvolvem uma conceituação específica da agência
humana e do amadurecimento da vida subjetiva através do trabalho.
Gaulejac (2000, 2002) dá um primeiro passo nessa direção ao propor que as instâncias
sociais e psíquicas são interligadas no sujeito, de modo a se opor tanto a uma abordagem
estruturalista que pensa o indivíduo enquanto suporte de mecanismos sociais que o
sobrepujam (e que ele desconhece), bem como de uma psicologia empiricista que tenta
explicar o homem por ele mesmo sem se referir ao social do qual ele faz parte. Sua alternativa
(partilhada pelos demais autores tratados nesse trabalho) é a de que social e psíquico tomam
parte de uma mesma realidade que se expressa de formas distintas. Assim, se a posição social
do sujeito explica a interiorização de um sistema de disposições comuns ao conjunto dos
indivíduos que se encontram nas mesmas condições concretas de existência, as rupturas que
marcam as trajetórias individuais não podem ser diretamente abarcadas às posições sociais, já
que são etapas de um processo de construção do self. O indivíduo, interpelado como sujeito
social, responde a essa intimação em seu esforço por se constituir como um ser original.
Dejours acompanha essa linha de discussão frisando o caráter encarnando da
socialização e a emergência do processo de individualização tomando por referência a
subversão da vida instintiva que ocorre quando o sujeito herda uma história simbólica que é
introjetada em seu self. Para o autor (DEJOURS, 1986, 1995; 2004, 2013), a vida das pessoas
é um compromisso entre sua história passada e seu ambiente, no intento de transformá-lo em
suas nuances material, afetiva e social. A saúde existe enquanto ter esperança é permitido, ou
seja, como Clot (2014) propõe, a saúde se encontra em estreita ligação com a atividade, na
medida em que se sentir ativo é equivalente a estar em boa forma. A saúde implica a agência
de cada homem ao enfrentar situações de vida variáveis e os obstáculos que emergem, em
prol de um caminho original em direção ao bem-estar.
Clot (2006b) também fala da saúde como o procedimento de estabelecer um meio e as
normas para se viver da melhor forma possível, contornando os empecilhos que fazem frente
à vida. Destarte, o enfrentamento dos entraves que despontam na experiência subjetiva com o
mundo aciona um movimento de conquista desse ambiente. Dejours (2004, 2012) discorre
acerca de um processo de corpopropriação do mundo, um gesto de experimentação afetiva do
corpo na atividade (em relação consigo, com o ambiente e com a alteridade). Supõe uma
relação profunda com o fracasso, com as tentativas vãs de realizar uma tarefa (resistências do
mundo à insistência); mas ao mesmo tempo é a insistência que faz com que o sujeito se torne
habilitado para o cumprimento de uma atividade específica.
Para Dejours (2004; 2013) há duas experiências centrais para o sujeito moderno que
mobilizam seus esforços (e sofrimento) em vistas a um enriquecimento da subjetividade: o
amor (onde as primeiras conexões são constituídas) e o trabalho (onde uma personalidade
madura pode ser desafiada e ampliada). Nos termos do autor:
Trabalhar é antes de tudo uma relação do indivíduo consigo mesmo. Através
da atividade de trabalho me ponho a prova com o mundo e sua resistência ao
meu saber-fazer, aos meus conhecimentos, a minha experiência (...) trabalhar
é enfrentar a prova do fracasso frente a resistência do mundo (...) Nesta
prova do real, descubro a resistência do mundo, faço a experiência do
mundo. Mas ao mesmo tempo, é por essa resistência que provo meus
próprios limites, que tomo consciência das capacidades, da sensibilidade,
dos embaraços do meu corpo. É através dessa experiência que faço a
experiência de mim mesmo, de minha própria subjetividade enquanto
afetividade radical (DEJOURS, 2000, p.6)
Dejours (2013, 2014) então propõe que quando o sujeito encontra um meio de superar
a resistência do mundo, isso não significa que somente o mundo cedeu à transformação, mas
também que o próprio sujeito saiu da experiência modificado, tendo adquirido uma nova
competência e um consequente enriquecimento de sua subjetividade: “quando o trabalho vivo
é efetivamente julgado e deliberadamente orientado com vista a honrar a vida, então os efeitos
do trabalho sobre a identidade ou sobre o eu traduzem-se em acréscimo de autoestima e de
amor próprio” (DEJOURS, 2013, p.23). O enriquecimento do self no trabalho traceja em
paralelo ao acúmulo de uma perícia técnica que, como sugere Clot (2006a), é a prerrogativa
para que um sujeito faça parte de uma comunidade de outros que, como ele, dominam um
determinado instrumental em uma situação particular de trabalho. A entrada nesse grupo de
especialistas permite, além do reconhecimento da habilidade do integrante no manuseio de
uma ferramenta, que ele amadureça e explore uma nova faceta de sua personalidade (a de
mestre de um ofício).

Das patologias contemporâneas


A recomposição da angulação normativa na compreensão do trabalho ao lado do
destaque à função estruturante da atividade para o desenvolvimento da subjetividade é o
ponto de apoio para que os representantes da terceira geração de estudos clínicos na França
possam tecer uma crítica severa às patologias impressas nas organizações contemporâneas,
descritas em tom pessimista por serem promotoras de distorções profundas nos processos de
socialização, e responsáveis pela profusão de um tipo difuso de sofrimento que, em nível pré-
patológico, acomete os sujeitos em distintos ramos de atividade - em marcha para abranger a
totalidade da vida social.
A psicossociologia de Enriquez (1999, 2006), confere um valor capital à atividade
como espaço privilegiado de manifestação do sofrimento gerado no trabalho em empresas
capitalistas contemporâneas. Para o autor, as organizações modernas estariam fundadas em
um projeto financista no qual o trabalho se vê em segundo plano em face da meta primordial:
o crescimento dos lucros. Nesse contexto, os trabalhadores se tornam peças substituíveis de
uma engrenagem que os elimina ao menor sinal de redução dos dividendos, os
responsabilizando pela demissão sofrida e disseminando um senso de permanente insegurança
derivada dessa situação, que forçaria os sujeitos a competirem entre si pela manutenção dos
cargos, já que, como Enriquez (1999) pontua, o medo de perder o trabalho é também o medo
de ver sua identidade ameaçada de fratura. A postura individualista nas corporações
contemporâneas fomentaria, por sua vez, a desconexão com o tecido social, seguida de perto
pelo reforço de grupos menores (sob risco direto de debandarem para uma atitude
comunitarista segregadora), ou ainda pelo retraimento no campo individual (dissolvendo os
laços de solidariedade que tramam a vida em comum no trabalho).
Nos trabalhos mais recentes de Vincent de Gaulejac (2007, 2011) essa angulação
conceitual também é privilegiada, com aspectos análogos aos apresentados acima. O autor
tece em seus manuscritos uma crítica à ideologia da gestão, que estaria difundida nas
empresas modernas. Nos manuais de gestão seria enfatizada a racionalidade formal, sob o
molde do homo economicus, indivíduo de comportamento racional e previsível. Há também
uma afinidade com o funcionalismo, e sob esse ângulo, a organização gestionária é tratada
como um fato, uma entidade que tem um funcionamento “normal” e “lógico”, e cuja
finalidade é assegurar sua reprodução. O funcionalismo visa encontrar meios para que o
indivíduo se adapte melhor ao sistema do qual faz parte (a organização). Os sujeitos são
instrumentalizados. O trabalho é decomposto, permitindo definir um modelo de execução
ótima para cada tarefa, visando a melhoria da produtividade e do rendimento. Se discutem os
meios, não as finalidades. O conhecimento só é considerado útil quando desemboca em
soluções operatórias. Problemas apontados sem soluções são considerados negativos,
contestações que devem ser extirpadas. Gaulejac também toma o mesmo ângulo analítico de
Enriquez quando afirma que a ideologia da gestão coloca o econômico na frente do social ao
tornar o humano um recurso (tal qual uma matéria prima), em face do sistema de produção e
de seus gestores.
Para o autor, as consequências dessa ideologia no âmbito da experiência são nefastas,
de forma que o impedimento à crítica individual ou coletiva dos fundamentos do sistema
gestionário promovem depressão e sofrimento nos sujeitos - que interiorizam os fracassos e se
deprimem ao não atingir as expectativas estipuladas. Às cobranças por maior produtividade se
aliam a multiplicidade de tarefas com prazos variados, incitando a profusão de contradições
valorizadas pelos gestores - mas vivenciadas de forma traumática para os funcionários.
“Ser reconhecido” na empresa, por esse prisma, é projetar o desejo permitindo a
transformação da energia psíquica em força de trabalho, mascarando a dominação envolvida
no processo através da exaltação de uma ilusão de onipotência que é sedutora por remeter às
experiências narcísicas da primeira infância. A possibilidade de auto realização fica contida
nos limites da acumulação de capital e se restringe a uma “entrega” irrestrita à instituição,
como Gaulejac (2007) coloca. No mesmo horizonte, também se exige dos sujeitos
adaptabilidade e flexibilidade, suscitando incerteza e perda dos sentimentos de fidelidade e
confiança mútua - ainda mais levando em consideração que os rendimentos não são avaliados
coletivamente, mas de modo individual.
Já para Clot (2006b), distintamente do que fora identificado em Enriquez e Gaulejac
como uma das principais patologias nas organizações capitalistas modernas, não seria
possível identificar nessas instituições uma tendência irrefreável em direção à
individualização. “Certamente, a gestão tende a individualizar as questões (...) mas o real do
trabalho impõe, cada vez mais, um trabalho coletivo; para fazerem face ao real, os
trabalhadores têm que fazê-lo juntos” (CLOT, 2006b, p.103). Desse modo, a questão candente
para Clot diz respeito a uma ambivalência no acionamento do coletivo pelas organizações.
Conforme esse pesquisador (CLOT, 2001, 2011, 2013), os sujeitos continuam investindo
profundamente em seu trabalho, e o que é novidade nesse cenário é o fato de sua iniciativa e
disponibilidade ser convocada ao mesmo tempo em que é retirada pela organização. Em
contrapartida, a própria organização não oferece disponibilidade aos seus funcionários, muitas
vezes os impedindo de trabalhar. “A fadiga, o desgaste violento, o estresse se compreende
tanto por aquilo que os trabalhadores não podem fazer, quanto por aquilo que eles fazem (...)
A inatividade imposta – ou aquela que o trabalhador se impõe – pesa com todo o seu peso na
atividade concreta” (CLOT, 2001, p.6). Em outras palavras: o sofrimento no trabalho não
deriva necessariamente do desmantelamento dos coletivos de atividade, mas da imputação do
poder de agir.
Por outro lado, Clot (2013b, 2014) percebe que nas instituições contemporâneas há
uma dissolução dos vínculos entre os domínios pessoal, transpessoal, impessoal e interpessoal
no centro da atividade, de forma que os atuais contextos organizacionais são enrijecidos em
tantas prescrições ao ponto de impedir os trabalhadores de fabricar os contextos em que
vivem. Dessa maneira, se dissipam os coletivos de trabalho fundados em um “saber fazer”
edificado ao longo da história da prática de um ofício, e o desaparecimento do sentimento de
viver a mesma história coletiva geraria um desvio na atividade pessoal forçando o trabalhador
a não mais se reconhecer em suas práticas. Soma-se a esse fator um progressivo senso de
desresponsabilização dos agentes por seu trabalho, os limitando em sua capacidade de tomar a
iniciativa em prol do cumprimento das exigências pré-determinadas pela empresa. Para
alguns, essa degradação no direito à expressão das competências em situação de trabalho pode
ser insuportável, como evidencia Clot, de forma que o “acúmulo de condições de trabalho e
de existência severamente degradadas pode gerar uma ansiedade persistente que torna
insuportável a desilusão, conduzindo ‘a morte ao invés de prosseguir em uma vida de
inferno’” (2013b, p.42). A proliferação de suicídios em ambiente de trabalho é consequência
direta dessa modalidade de sofrimento, afetando principalmente aqueles que se investiram de
“corpo e alma” no trabalho, mas que perceberam, em determinado momento, que todo o
investimento dispendido nada mais era que uma ilusão aberrante, e que não importando a
situação o indivíduo não teria apoio do coletivo para confortá-lo (inclusive podendo ser traído
pelos seus pares).
Por fim, a contribuição de Dejours (1992, 2007) à discussão envolve as formas
subterrâneas que os trabalhadores aderem para fazer frente às pressões provenientes das
condições de trabalho atuais. Para resistir as crescentes tensões, os sujeitos empregariam uma
miríade de estratégias de defesa: essas estratégias gerariam a eufemização da percepção que
os trabalhadores têm da realidade que os faz sofrer. Se não é possível para eles enfrentar
determinadas coações, é possível ao menos minimizar a percepção dessas pressões,
construindo uma nova realidade que imprime sua força em um coletivo inteiro, sedimentando
uma percepção irrealista da realidade. A negação do sofrimento no trabalho se constitui em
um tipo de distorção comunicacional, seguindo a trilha de Habermas (1990).
“Paradoxalmente, os próprios trabalhadores se tornam cúmplices da negação do real do
trabalho e do progresso da doutrina pejorativa do fator humano, graças ao seu silêncio, à
sonegação de informações e à desenfreada concorrência a que se veem mutuamente
constrangidos” (DEJOURS, 2007, p.64).
As estratégias de defesa debatidas por Dejours (1992, 2007) funcionam recolocando o
sujeito na condição de agente ativo de um desafio e não de vítima passiva de um
constrangimento, permitindo uma estabilidade mental a um ator que não conseguiria se
manter desse modo por seus esforços psíquicos próprios. Contudo, essas táticas não são
isentas de efeitos colaterais: ao “cometer atos reprováveis ou ter atitudes iníquas com os
subordinados, fingindo ignorar-lhes o sofrimento, ou com os colegas com os quais, para
permanecer no cargo ou progredir, é forçoso ser desleal, isso faz surgir outro sofrimento
muito diferente do medo: o de perder a própria dignidade e trair seu ideal e seus valores”
(DEJOURS, 2007, p.72). Dejours discursa aqui sobre um sofrimento de ordem ética, que
emerge da infração dos princípios normativos que conduzem o evento da cooperação no
trabalho e que, ao invés de promover o enriquecimento da subjetividade, podem levar a uma
descompensação de ordem psicopatológica. Assim, o artificio de tornar mais tolerável a
violência suportada e os desvios morais cometidos em prol do aumento dos lucros da empresa
gera uma normalidade sofredora, em risco iminente de desequilíbrio e eclosão de doenças
psíquicas.

Considerações finais: transformando o trabalho


Caminhando para o encerramento do presente ensaio, que teve como principal meta a
sintetização e apresentação das linhas gerais que caracterizam a terceira geração de estudos
clínicos sobre o trabalho na França, é importante, antes do desfecho, tratar daquilo que os
pesquisadores debruçados nessa trilha têm como horizonte último: uma possibilidade de
transformação e emancipação dos trabalhadores, revigorando os coletivos de ofício e
instigando as experiências de amplificação do self e de reconhecimento intersubjetivo através
das atividades realizadas conjuntamente, identificando e revertendo, ao acionar os princípios
normativos que governam o mundo do trabalho, as patologias que imperam em determinados
contextos organizacionais.
Esse objetivo é a mola propulsora que inspira os autores tratados nesse artigo a
empregarem o termo “clínico” para definir seus investimentos de pesquisa, como fora
indicado na introdução. Clot (2006a, 2010, 2011), a título de exemplo, irá definir sua
modalidade de investigação como uma proposta de intervenção no trabalho, visando
transformá-lo. Portanto, considera essencial em seu eixo de discussão construir um aparato
teórico-metodológico que permita aos implicados em uma circunstância histórica específica
desenvolver suas experiências individuais e coletivas, visando o progresso no trabalho e a
transformação dele em uma fonte renovada de ação e pensamento. O foco desse autor é
resgatar, na atividade, a qualidade do ofício que garante ao trabalhador e ao seu coletivo a
expressão da criatividade e o potencial reconhecimento dos pares. Por isso, segundo Clot
(2006, 2014), é necessário renovar a cooperação no trabalho, ainda que em meio a
divergências, já que as disputas são reservatórios de vitalidade profissional que conservam a
heterogeneidade do grupo. A comunicação obedece aqui os mesmos constrangimentos
normativos do discurso público como entendido em Habermas (1990): a justificação das
razões através de argumentos aceitos por todos e a publicização dos métodos efetivos que
requerem uma confiança básica entre os agentes envolvidos em um mesmo processo
produtivo.
Os métodos dialógicos de análise do trabalho elaborados por Clot (2000, 2006a, 2010)
também buscam dar vazão ao diálogo interior do trabalhador sobre sua própria atividade,
tornando-o sujeito de sua própria observação. “Na situação na qual o sujeito dialoga consigo
mesmo, sob a imposição de uma transação com o outro [o pesquisador], se torna ‘estrangeira’
sua própria experiência. Esse efeito pode se tornar a causa de uma transformação da
atividade” (CLOT, 2000, p.9).
Gaulejac (2007) e Enriquez (2006) se avizinham do projeto crítico-emancipatório de
Clot apostando também em uma transformação na organização do trabalho a partir dos
espaços de ação e discussão dos sujeitos em atividade. Para eles, o primeiro passo para a
dissolução da ideologia gestionária que vigora nas empresas contemporâneas é o
questionamento, pela via coletiva, dos paradigmas que sustenam esse sistema perverso. O
debate deve suscitar que a empresa seja pensada como um fenômeno social, um conjunto de
processos em permanente construção, lugar de confrontação de atores defendendo distintos
interesses, sistema em movimento, produto e produtor da ação humana, lugar onde os
vínculos valem mais que os bens conquistados. As responsabilidades não devem recair no
elemento individual tendo em vista que o problema é de ordem organizacional. Assim, o
engajamento crítico do pesquisador passa necessariamente pela colaboração na construção
dos coletivos que possam apontar novas soluções à situação experimentada que não sejam a
adaptação ou a demissão da empresa.
Se Clot, Enriquèz e Gaulejac conferem uma ênfase considerável a atividade coletiva
como forma de enfrentamento aos fundamentos da gestão capitalista moderna, o destaque em
Dejours estava inicialmente na questão da subjetividade dos trabalhadores (embora o
diagnóstico negativo sobre o sofrimento decorrente das mutações no modelo de administração
fosse o mesmo, em linhas gerais, desde a publicação de A Loucura do Trabalho). O método
de envolvimento crítico da abordagem de Dejours (nomeada por ele de psicodinâmica do
trabalho) tomava, como fonte preferencial, a palavra dos trabalhadores atendidos
individualmente. Isso, pois, conforme Dejours e Abdoucheli (1994) salientaram, a ênfase na
resistência do sujeito ao trabalho (contornando as consequências patológicas do sofrimento
imposto), os conduziu a essa metodologia que privilegiou em seus primeiros passos as
entrevistas individuais, com foco no passado do profissional e na história familiar do operador
(tendo como inspiração fundamental a psicanálise freudiana). O problema foi que, segundo os
autores, essa proposta não concedeu o valor necessário à situação material, profissional e
social dos agentes (exceto na medida em que ela reativasse impasses afetivos que marcassem
a biografia). A saída a esse impasse encontrado no transcorrer das incursões a campo foi a
realização de entrevistas coletivas, “reunindo num local de trabalho comum vários
trabalhadores que participavam voluntariamente da investigação” (DEJOURS,
ABDOUCHELLI, 1994, p.4).
Essa novo investimento operacional permitiu, segundos os autores, reconstruir a lógica
das pressões de trabalho que geravam sofrimento a todo um grupo e aproximou a abordagem
clínica de Dejours a dos outros autores que integram a terceira geração de estudos clínicos
sobre o trabalho na França. Ao estilo de Clot, Dejours (2004) propôs que a apreensão da
estrutura patológica que vigora em uma determinada instituição deveria fomentar no coletivo
um trabalho de reapropriação e emancipação, fundado na crítica das distorções do agir
comunicacional que provocaram, em um quadro operacional, a instauração de um conjunto de
estratégias de defesa visando amortizar o sofrimento experimentado. De escopo terapêutico, a
investida clínica de Dejours visa favorecer processos de reflexão que criem uma mobilização
entre os trabalhadores, sugerindo idealmente que esse tipo de intervenção pode ampliar a
participação dos atores em ações deliberativas sobre situações de trabalho, alavancando
mudanças nas relações laborais. Para Heloani e Lancman (2004), o objetivo desse tipo de
investigação é possibilitar, pela via das discussões acionadas pelos profissionais, que eles
mesmos possam efetuar mudanças em seu espaço de atuação. “Se o trabalhador é capaz de
pensar o trabalho, de elaborar essa experiência ao falar, de simbolizar o pensamento e de
chegar a uma interpretação, ele tem a possibilidade de negociar, de buscar um novo sentido
partilhado, de transformar e de fazer a organização do trabalho evoluir” (HELOANI;
LANCMAN, 2004, p.86).
Percebe-se então que o projeto primordial dos autores listados nesse ensaio é a
superação/transformação das patologias identificadas nas organizações contemporâneas,
empregando os pressupostos da racionalidade comunicativa habermasiana como mola
propulsora dessa transformação. Essa ancoragem em alguma medida contorce a filosofia
política de Habermas (1990), tendo em vista que, como fora identificado ainda na introdução
desse texto, o pesquisador alemão lançava o trabalho às margens da racionalidade estratégica,
de modo que, seguindo à risca sua linha de argumentação, não seria possível pensar em bases
normativas nesse campo de atividade. Talvez esse seja o principal insight dos autores que
estreitam laços com os estudos clínicos franceses contemporâneos: desafiando Habermas, se
descortinou um cenário promissor que viabilizou o balanceamento entre uma teorização
positiva sobre o trabalho, de fundo filosófico e sócio psíquico, e uma crítica às injustiças que
imperam nas organizações contemporâneas. No contraste de ambas, reside a vindoura
emancipação.

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