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Corrosão
CORROSÃO

ÍNDICE

MOTIVAÇÃO......................................................................................... 3
OBJECTIVOS ........................................................................................ 4
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 5
1. CORROSÃO DOS MATERIAIS METÁLICOS............................................ 7
1.1. TIPOS OU FORMAS DE CORROSÃO .............................................. 7
1.1.1. Meios corrosivos .............................................................................. 9
1.1.2. Formas de corrosão ....................................................................... 10
1.1.2.1. Corrosão Uniforme .................................................................. 10
1.1.2.2. Corrosão Localizada................................................................ 11
1.1.2.2.1. Corrosão por placas ................................................................... 11
1.1.2.2.2. Corrosão Alveolar ....................................................................... 11
1.1.2.2.3. Corrosão por Puntiforme ............................................................ 12
1.1.2.3. Corrosão por concentração diferencial ................................... 12
1.1.2.3.1. Corrosão por concentração iónica diferencial ........................... 12
1.1.2.3.2. Corrosão por oxigenação diferencial ......................................... 13
1.1.2.3.3. Corrosão em frestas ................................................................... 13
1.1.2.3.4. Corrosão Filiforme ...................................................................... 14
1.1.2.4. Corrosão Intergranular ............................................................ 14
1.1.2.4.1. Fissuração por Corrosão ............................................................ 15
1.1.2.4.2. Corrosão sob Tensão ................................................................. 16
1.1.2.5. Outros tipos ou formas de corrosão ....................................... 17
1.1.2.5.1. Corrosão Galvânica .................................................................... 17
1.1.2.5.2. Corrosão Selectiva ..................................................................... 18
1.1.2.5.3. Corrosão associada ao escoamento de fluidos......................... 18
2. CAUSAS DA CORROSÃO .................................................................. 21
2.1. CORROSÃO QUÍMICA ............................................................... 21
2.2. CORROSÃO ELECTROQUÍMICA .................................................. 24
2.2.1. Estados de Oxidação ..................................................................... 28
2.2.2. Acerto das equações de oxidação-redução .................................. 29

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

2.2.3. Célula Voltaica ................................................................................ 31


2.2.4. Voltagem das células voltaicas ...................................................... 33
2.2.5. Células voltaicas comerciais .......................................................... 34
2.2.6. Pilhas Electroquímicas.................................................................... 35
2.2.6.1. Principais tipos de pilhas ......................................................... 35
3. PROTECÇÃO CONTRA A CORROSÃO ................................................ 39
3.1. GENERALIDADES ..................................................................... 39
3.2. CARACTERÍSTICAS DAS CAMADAS PROTECTORAS ...................... 39
3.3. REVESTIMENTOS ..................................................................... 40
3.3.1. Técnicas de modificação do meio corrosivo .................................. 41
3.3.2. Revestimentos Protectores ............................................................ 41
3.3.3. Mecanismo de Protecção ............................................................... 42
3.3.4. Revestimentos Metálicos................................................................ 42
3.3.5. Revestimentos não metálicos......................................................... 43
3.3.6. Revestimentos Orgânicos............................................................... 45
3.3.6.1. Revestimentos simples e duplos ............................................. 47
3.4. PROTECÇÃO ANÓDICA ............................................................ 48
3.5. PROTECÇÃO CATÓDICA ........................................................... 48
3.6. INIBIDORES DE CORROSÃO....................................................... 49
CONCLUSÃO...................................................................................... 51
RESUMO ........................................................................................... 52
AUTO-AVALIAÇÃO .............................................................................. 55
SOLUÇÕES ........................................................................................ 59
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ................................. 60
BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 61

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

MOTIVAÇÃO

Como tu próprio já deves ter questionado, certos materiais ao longo do tempo


têm tendência para perder resistência e desgastarem-se. O primeiro caso de
que te deves lembrar logo é o da ferrugem, o como e o porquê de acontecer,
correcto?

É isso que vamos estudar nesta unidade, ou seja, a corrosão e as característi-


cas deste processo. Trabalhando com os mais diversos metais, como é o caso
da área do nosso curso, é de todo o nosso interesse preservar os materiais con-
tra a corrosão. Será que sabes identificar os meios corrosivos e colocar em prá-
tica os métodos de prevenção contra a corrosão?

No final desta unidade vais ficar a saber de certeza!

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

OBJECTIVOS

 Perceber o conceito de corrosão.


 Entender os fenómenos físico-químicos envolvidos nos processos de
corrosão.
 Identificar os diferentes tipos ou formas de corrosão.
 Identificar os meios corrosivos.
 Identificar as diversas formas de prevenir a corrosão.
 Conhecer e aplicar os métodos de prevenção contra a corrosão.
 Conhecer e aplicar os métodos de tratamento da corrosão.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

INTRODUÇÃO

A corrosão é a oxidação de um metal que produz compostos deste metal atra-


vés da interacção com o meio ambiente, ou seja, os metais em contacto com
determinados meios tem tendência a oxidar, como é o caso do enferrujamento
do ferro e das suas ligas.

A ferrugem consiste em formas hidratadas de óxido de ferro (III). As coberturas


que observamos normalmente em estátuas de bronze são outro exemplo de
corrosão. A cor verde é causada por compostos de cobre (II) que se formam
devido à corrosão do cobre existente no bronze.

A corrosão além de ser inestética (modifica a beleza dos materiais), pode tam-
bém criar graves problemas de segurança, devido ao enfraquecimento que pro-
voca em estruturas metálicas. Um outro aspecto importante é o preço elevado
da substituição das partes corroídas. Por esta razão têm sido feitos esforços
para a investigação e compreensão da corrosão, tentando encontrar maneira de
a reduzir ou até mesmo de a eliminar.

Ela pode incidir sobre diversos tipos de materiais, sejam metálicos como os
aços ou as ligas de cobre, por exemplo, ou não metálicos, como plásticos, ce-
râmicas ou concreto.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

1. CORROSÃO DOS MATERIAIS METÁLICOS


1.1. TIPOS OU FORMAS DE CORROSÃO

A corrosão é um processo complexo, mas pode ser entendido se for visto como
um processo electroquímico. A formação de ferrugem Fe2O3 x H2O, requer a
presença de oxigénio e água.

A corrosão consiste na deterioração dos materiais pela acção quí-


mica ou electroquímica do meio, podendo estar ou não associado
a esforços mecânicos.

Quando utilizamos materiais na construção de equipamentos ou em instalações


devemos certificar-nos que eles resistem à acção do meio corrosivo. A corrosão
pode desenvolver-se em diversos tipos de materiais, como por exemplo:

 Metálicos (aços ou ligas de cobre);


 Não metálicos (plásticos e cerâmicas).

Dependendo do tipo de acção que o meio corrosivo exerce sobre o material, os


processos que dai resultam, estão divididos em dois grandes grupos:

 Corrosão Química;
 Corrosão Electroquímica.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

A corrosão química caracteriza-se por um ataque de um agente químico direc-


tamente sobre o material, metálico ou não, e não necessita da presença de
água.

Alguns exemplos de corrosões químicas são:


 Corrosão em soluções não-aquosas (alguns solventes orgâ-
nicos);
 Corrosões de materiais não metálicos, por exemplo, nos
plásticos as reacções químicas causam a quebra das ma-
cromoléculas, com perda das características do material.

Por sua vez a corrosão electroquímica necessita da presença de água, e carac-


teriza-se por um processo espontâneo, que ocorre quando o metal ou liga está
em contacto com um electrólito, dando origem a reacções anódicas e catódi-
cas.

O deslocamento dos electrões é feito das regiões anódicas para as


catódicas, pelo circuito metálico, e uma difusão de aniões e cati-
ões na solução.

No processo anódico temos passagem de iões para a solução e no processo


catódico temos a recepção de electrões na área catódica. Como já falámos, a
ferrugem é um destes processos electroquímicos. A sua formação acontece da
seguinte maneira:

Reacção anódica (oxidação): Fe  Fe2+ + 2e-

Reacção catódica (redução): 2 H2O + 2e- H2 + 2 OH-

Região intermediária: Fe2+ + 2 OH–  Fe(OH)2 hidróxido ferroso

Mais à frente vamos abordar estes pontos e estudá-los mais aprofundadamente.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

1.1.1. MEIOS CORROSIVOS

A humidade é o meio mais corrosivo para os materiais metálicos,


se estes não forem bem protegidos qualquer contacto com humi-
dade pode levar a grandes deteriorações do seu estado original.

Como tivemos oportunidade de ver anteriormente, qualquer corrosão em con-


tacto com soluções aquosas trata-se de uma corrosão electroquímica, e nesta
corrosão os meios corrosivos são responsáveis pelo aparecimento de um elec-
trólito.

O electrólito é uma solução electricamente condutora, constituída por água,


bases ou ácidos. Devemos ter cuidado quando colocamos os materiais em con-
tacto com estes meios, principalmente estes que temos na tabela 1.

Tabela 1. Meios corrosivos

Os solos contêm humidades, sais minerais, bactérias, entre outras característi-


Solos cas, como ácidas ou básicas.
Apresenta um electrólito constituído por água com sais dissolvidos
A atmosfera além das humidades tem também os gases industriais, sais em sus-
pensão, entre outros.
Atmosfera
Apresenta um electrólito que se condensa na superfície metálica, em contacto
com os meios corrosivos.
Falando das águas, estas dividem-se em águas naturais e as águas do mar.
Nas águas naturais como rios ou lagos, encontramos sais minerais, resíduos
industriais, bactérias, gases dissolvidos, entre outros.

Águas Apresenta um electrólito constituído por água com sais dissolvidos.


Nas águas do mar encontramos um grande número de sais, sendo um meio
fortemente corrosivo.
Apresentam um electrólito bastante rico em sais dissolvidos

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

1.1.2. FORMAS DE CORROSÃO

A corrosão manifesta-se de diversas formas nas superfícies corroí-


das, isto dependendo das características da composição de cada
material.

Na natureza electroquímica os processos de corrosão serão sempre anódicas e


catódicas, por intermédio da circulação dos electrões e dos iões. Como foi dito
no início, um dos objectivos da unidade é conseguirmos olhar para as superfí-
cies e identificar qual a forma de corrosão que está em acção.

1.1.2.1. Corrosão Uniforme

A corrosão uniforme pode ser identificada quando temos uma su-


perfície uniformemente corroída, ou seja, toda a superfície metáli-
ca do material foi atacada e a sua espessura acaba por diminuir.

A corrosão uniforme é a mais comum em metais que estão em contacto com a


atmosfera e outros meios que actuam de forma uniforme sobre os materiais. Isto
acontece muito em metais que não apresentam qualquer protecção face ao meio
em que estão expostos, ocorrendo uma corrosão em toda a sua superfície.

Esta corrosão é muito agressiva e pode causar graves danos nos materiais se
não for corrigida/protegida a tempo, o que também facilita o seu acompanha-
mento, devido à perda de espessura em toda a superfície, que fica visível a olho
nu.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

1.1.2.2. Corrosão Localizada

A corrosão localizada é uma corrosão em que apenas uma parte da superfície


se vai desgastando com o tempo.

1.1.2.2.1. Corrosão por placas

A corrosão por placas é muito parecida com a uniforme. Nesta


formam-se gradualmente placas de corrosão nos materiais, que
com o tempo acabam por se desprender progressivamente.

Esta aparecerá nas superfícies em várias camadas concentradas (chamadas de


placas concentradas também). Esta corrosão é muito comum em metais que
tinham uma camada protectora, mas que com o tempo vão-se tornando espes-
sas, partindo e fazendo com que o metal fica exposto ao meio corrosivo, sem a
sua protecção.

1.1.2.2.2. Corrosão Alveolar

A corrosão alveolar aparece de forma localizada, quando o material


na sua superfície apresenta um aspecto com algumas crateras de
grande dimensão. Neste caso, encontramos apenas em certos
locais da face do material, alguns orifícios corroídos pelos agentes
do meio a que está exposto.

A corrosão alveolar é frequente em metais que formaram algumas camadas


semi-protectoras, ou quando temos uma corrosão concentrada apenas nesses
locais, como é o caso da corrosão por oxigenação diferencial.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

1.1.2.2.3. Corrosão por Puntiforme

A corrosão puntiforme ou por pite, apresenta um desgaste maior


com o aparecimento de muitos orifícios de pequena profundidade
e extensão, um pouco à semelhança da corrosão alveolar. Ataca a
zona onde se formam os orifícios, mas o resto permanece intacto,
fazendo dela também uma corrosão localizada.

A corrosão puntiforme é uma corrosão que aparece em metais, que ao longo do


tempo formaram camadas de protecção passivas, que em contacto com os
meios corrosivos, onde o metal está inserido, acabam por se tornar activas e
levam à destruição da camada protectora em pontos localizados.

Ao contrário da corrosão por placas, esta é difícil de localizar, pois ataca espe-
cialmente o interior e não permite observar o seu desenvolvimento a partir do
exterior.

A corrosão por puntiforme tem tendência para ocorrer em aços inoxidáveis e em


meios corrosivos formados por cloretos.

1.1.2.3. Corrosão por concentração diferencial

Como corrosão por concentração diferencial podemos nomear quatros tipos


principais, originados pela variação de concentração dos agentes corrosivos,
provocando também corrosão localizada.

Estes quatro processos de corrosão são:

 A corrosão por concentração iónica diferencial;


 A corrosão por oxigenação diferencial;
 A corrosão em frestas;
 A corrosão filiforme.

1.1.2.3.1. Corrosão por concentração iónica diferencial

A corrosão por concentração iónica diferencial aparece devido a


variações na concentração dos iões do metal, no electrólito.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

O aparecimento de iões do metal no electrólito leva a que sejam criados poten-


ciais electroquímicos diferentes, em que o cátodo será a área com maior con-
centração e o ânodo a área de menor concentração.

Este efeito resulta numa pilha electroquímica. Como iremos ver mais à frente,
esta é criada pela interacção de dois metais num electrólito, formando uma so-
lução de oxidação-redução, que vai criar uma diferencial de potencial e propor-
cionar a passagem de corrente eléctrica.

1.1.2.3.2. Corrosão por oxigenação diferencial

A corrosão por oxigenação diferencial é outro tipo de corrosão con-


centrada, muito semelhante com a iónica diferencial, onde se ob-
tém variações na concentração de oxigénio no electrólito.

A área do cátodo vai aumentar progressivamente com o aumento da concentra-


ção de oxigénio na sua envolvente.

Este tipo de corrosão acontece com muita frequência na interface de saída de


uma estrutura do solo ou da água, para a atmosfera.

1.1.2.3.3. Corrosão em frestas

A corrosão em frestas é também uma corrosão localizada, em que


as frestas estão sujeitas aos dois tipos de corrosão anteriores: a
concentração de oxigenação diferencial e a concentração iónica
diferencial.

As frestas são zonas onde a corrosão ocorre com muita frequência e torna-se
necessário eliminar estas imperfeições dos materiais, o mais rápido possível.

Geralmente, as frestas aparecem nas juntas dos materiais que foram soldados
com chapas sobrepostas. Podendo também aparecer:

 Em juntas rebitadas;
 Em ligações flageladas;
 Em ligações roscadas;
 Em revestimentos com chapas aparafusadas.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

1.1.2.3.4. Corrosão Filiforme

A corrosão filiforme aparece sobre as pinturas e camadas de reves-


timento dos metais. Esta segue o processo da corrosão em frestas
devido à oxigenação diferencial que sofre.

Normalmente, aparece no rebordo dos materiais, progredindo unifilarmente pela


superfície do material, parecendo uma espécie de “cobra”.

1.1.2.4. Corrosão Intergranular

A corrosão intergranular é uma corrosão que aparece em materiais


que têm as suas superfícies formadas por vários grãos, formando-
se a camada corrosiva à volta destes, e seguindo o caminho dese-
nhado pelos próprios, na superfície do material.

A corrosão intergranular aparece no espaço entre os grãos, devido à composi-


ção química entre eles, estando este espaço mais sujeito a possíveis corrosões.
Isto pode ser visto em alguns metais que, expostos a agentes corrosivos, for-
mam uma zona empobrecida nos contornos dos grãos.

Quase idêntica a esta é a corrosão transgranular, onde vão aparecer trincas


dentro dos próprios grãos.

A título de exemplo, para tentarmos visualizar este tipo de corrosões, vamos


imaginar uma parede constituída por várias chapas encaixadas umas nas ou-
tras; a corrosão intergranular iria aparecer à volta dos encaixes e a corrosão
transgranular iria manifestar-se dentro de cada chapa.

Dois tipos destes metais são:

 Aços inoxidáveis;
 Ligas de alumínio.

Nos aços inoxidáveis, entre o espaço dos seus grãos, aparece uma zona em-
pobrecida de crómio que leva à formação de corrosão. Os átomos de crómio
que se juntam sobre os grãos vão difundir-se dando origem a carbonetos, que
reduzem a camada de protecção que o material tinha face à corrosão.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Além do crómio temos outros meios que podem diminuir a resistência dos
grãos face à corrosão, de entre os quais podemos destacar:
 Ácido acético;
 Ácido lático;
 Ácido sulfúrico;
 Cloreto ferroso;
 Sulfato de cobre.
Já as ligas em alumínio em contacto com certos meios levam a deformações na
sua constituição, e assim reduzem a camada de protecção contra a corrosão.

Por exemplo, o contacto com magnésio, zinco e cobre, leva à modificação da


liga de alumínio para alumínio-magnésio, alumínio-magnésio-zinco e alumínio-
cobre. Estes meios são também chamados de precipitados e se forem elimina-
dos o material resistirá bem à corrosão.

1.1.2.4.1. Fissuração por Corrosão

A fissuração por corrosão ocorre devido a uma corrosão intergranu-


lar, sem acção de outros meios. Nesta corrosão são formadas
fissuras (trincas), onde a corrosão vai seguindo o seu caminho e
podem ser tanto intergranulares ou transgranulares.

Geralmente, a progressão destas fissuras é muito lenta, até se atingir um ponto


em que o material já não resiste e acaba mesmo por partir. É importante detec-
tar este tipo de corrosão a tempo, pois a progressão das fissuras pode deterio-
rar tanto o material, que este acabe mesmo por partir.

Estas fissuras ocorrem devido a vários factores:


 Defeitos no processo de fabricação dos materiais;
 Tensões residuais sobre os materiais;
 Ou devido ao próprio processo corrosivo.
A fissuração pode também levar a outro tipo de corrosão que é a corrosão-
fadiga, ou seja, como vimos os materiais podem acabar por partir e aqui temos
a fadiga, que é o ponto onde acaba a resistência destes.

Ao diminuir a resistência do material, este está a ficar sujeito a possíveis defor-


mações plásticas, com o aumento das fissuras e as concentrações de tensões
num certo ponto.

A fadiga pode ser determinada em laboratório, com testes sobre os materiais,


onde se obtêm as curvas de tensões-deformações.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

1.1.2.4.2. Corrosão sob Tensão

A corrosão sob tensão aparece pela concentração de ten-


sões em fissuras que podem ser intergranulares ou transgra-
nulares.

A resistência do material é fortemente desgastada com a aplicação destas ten-


sões, nas zonas onde existe corrosão das fissuras, de forma lenta até um ponto
de ruptura brusca, desenvolvendo-se na direcção dos contornos dos grãos.

Dentro da corrosão sob tensão podemos encontrar vários grupos de corrosões


que aparecem sob forças de tensão, como podemos ver na tabela 2.

Tabela 2. Grupos de corrosões por aplicação de forças sob tensão

Ocorre pela deformação plástica na ponta das fissuras, facilitando a corro-


Dissolução
são do material exposto, directamente à acção do meio corrosivo.
anódica da
Por exemplo: corrosão sob tensão do aço carbono em nitratos e ligas de
ponta da fissura
alumínio.
Ocorre pela formação de pequenos pites, que se desenvolvem numa rede
Formação de
de túneis, provocando uma fractura dúctil.
túneis de
Por exemplo: a corrosão sob tensão transgranular do aço inoxidável na
corrosão
presença de cloretos.
É a absorção de elementos químicos no meio envolvente, na superfície do
Absorção material da ponta da fissura, levando à propagação da fractura por corro-
são sob tensão.
A fractura da camada de corrosão vai expor o metal ao meio corrosivo e
vai refazer novamente a camada. Deste modo a fissura vai avançar ligeira-
Película de em- mente a cada ciclo de fractura e corrosão, acabando por ficar várias ca-
penado madas sobrepostas.
Por exemplo: latões na presença de oxigénio.
O aparecimento de átomos de hidrogénio na estrutura do material, enfra-
Fragilização quecem os locais onde a concentração de tensões é maior.
pelo hidrogénio
Por exemplo: aços de grande resistência na presença de cloretos.

O hidrogénio tem grande capacidade de se difundir com materiais metálicos, o


que leva a que, quando temos a sua presença na superfície dos metais, este
tenha tendência a difundir-se, ou seja a penetrar no metal até ao interior, acu-
mulando-se nas fissuras existentes.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Neste caso o hidrogénio parte do seu estado atómico e quando se


acumula no interior do metal vai dar origem a moléculas, estas por
sua vez vão provocar o aparecimento de altas pressões no interior
do metal levando à progressão das fissuras existentes.

As principais causas do aparecimento de hidrogénio são:

 Processos de decapagem ácida;


 Decomposição da humidade e água na cristalização contida nos reves-
timentos do eléctrodo;
 Reacções de corrosão como Fe = H2 FeS + H2 observada no proces-
samento de petróleo contendo enxofre;
 Reacções catódicas em estruturas protegidas catodicamente;
 Acção de gases ricos em hidrogénio.

1.1.2.5. Outros tipos ou formas de corrosão

1.1.2.5.1. Corrosão Galvânica

A corrosão galvânica é uma corrosão que resulta do contacto eléc-


trico entre materiais diferentes.

O resultado desta corrosão varia consoante o potencial electroquímico dos ma-


teriais, de acordo com a tabela de potenciais, se estes estiverem muito distan-
tes pode-se dar uma corrosão muito intensa. Acontecendo o processo inverso,
se esta distância for muito reduzida.

O mesmo acontece com a relação entre os potenciais anódicos e catódicos, se


este potencial for muito grande temos também um desgaste por corrosão mai-
or, mas se o potencial for pequeno (que é o que pretendemos) este desgaste
também será menor.

Outro aspecto importante será a presença de iões metálicos no electrólito, que


em caso de serem mais catódicos, em contacto com outros materiais vão pro-
vocar uma corrosão pela redução dos iões, levando à oxidação do material.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

++
Por exemplo, a presença de iões cobre Cu num electrólito em
contacto com ferro provoca a seguinte reacção:
++ 2+
Fe + Cu --> Fe + Cu
++
Havendo a corrosão do ferro Fe e a redução do cobre Cu .

1.1.2.5.2. Corrosão Selectiva

A corrosão selectiva é uma corrosão que se forma pela grande


diferença de nobreza entre dois metais. Estes valores podem ser
verificados na tabela de potencial electroquímico que vamos ver
mais à frente. O principal tipo de corrosão selectiva é a corrosão
grafítica.

A corrosão grafítica é uma corrosão selectiva que ocorre especialmente nos


ferros, como por exemplo, ferros fundidos.

Neste caso a grafite é um material com um potencial catódico superior ao ferro,


e como esta está presente na constituição do ferro (existente em nódulos do
ferro), provoca a corrosão deste, pois terá uma área catódica superior à área
anódica do ferro.

Isto pode ser observado em tubos velhos de ferro fundido, onde podemos soltar
os nódulos das paredes do ferro como se fosse um bloco de grafite.

Este facto não invalida a utilização de tubos de ferro para a construção de tuba-
gens, pois mesmo corroídos, os tubos tendem a resistir bastante bem às exi-
gências das pressões.

Para minimizarmos o risco de corrosão grafítica é prática usual


revestir os tubos, internamente com argamassa de cimento, e
externamente com um revestimento adequado por tubulações
enterradas.

1.1.2.5.3. Corrosão associada ao escoamento de fluidos

A corrosão, associada ao escoamento de fluidos, aparece devido à aceleração


provocada pela associação do efeito mecânico com a acção corrosiva.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Os principais tipos de corrosão associada com escoamento são:

 A corrosão-erosão;
 A corrosão com cavitação;
 A corrosão por turbulência.

A corrosão-erosão de um material metálico é o desgaste mecâni-


co, das películas protectoras, provocado pela abrasão superficial
de uma substância sólida, líquida ou gasosa.

A acção erosiva sobre um material metálico é mais frequente nos seguintes ca-
sos:

 Quando um material sólido se desloca;


 Quando um líquido, contendo partículas sólidas, se desloca;
 Quando um gás, contendo partículas líquidas ou sólidas, se desloca.

No caso dos líquidos e gases, a acção erosiva ocorre, normalmente, em tubula-


ções, em permutadores e em pás de turbinas.

A corrosão vai produzir uma película e o processo erosivo vai removê-la, ex-
pondo assim a superfície a novo desgaste. No fim, isto traduz-se num maior
desgaste do que se estivesse apenas sujeito a um dos processos isoladamente.

A corrosão com cavitação é a corrosão da superfície de um metal


devido a ondas de choque do líquido, que surgem do “colapso” de
bolhas gasosas. Esta tem tendência para aparecer em zonas de
baixa pressão onde o líquido entra em ebulição formando bolhas.
Estas bolhas quando entram em contacto com uma zona de pres-
são mais alta, são destruídas e criam ondas de choque no líquido.

A cavitação tem o mesmo processo que a erosão, destrói as películas formadas


pela corrosão, deixando assim o material sujeito a um novo desgaste por corro-
são, além de provocar a deformação plástica com encruamento, face à incidên-
cia das ondas de choque de alta pressão.

Se juntarmos estes dois processos que acabámos de ver, a erosão e a cavita-


ção, vamos obter um maior desgaste nos materiais, e desta forma é de todo o
interesse impedir a junção destes dois tipos de corrosão.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

A corrosão por turbulência dá-se pela circulação dum fluido que


cria uma corrosão pela turbulência que provoca.
Normalmente, esta turbulência origina o aparecimento de bolhas,
que como já vimos podem levar a ondas de choque nos fluidos e
originar uma corrosão-erosão.

A grande diferença entre este processo e o de cavitação, é que neste caso as


bolhas que causam são de ar, enquanto na cavitação, são bolhas de vapor do
produto.

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Unidade didáctica 6
CORROSÃO

2. CAUSAS DA CORROSÃO
Até aqui vimos os tipos e formas da corrosão, mas não o próprio processo em
si. Falámos, por exemplo, de reacções de oxidação-redução, cátodos e ânodos,
corrosões químicas e corrosões electroquímicas. Neste ponto, vamos aprofun-
dar os conhecimentos quanto às causas de corrosão e em especial estes as-
pectos.

Os materiais metálicos podem ter resistência própria à corrosão ou tê-la ampli-


ado pela utilização de métodos ou técnicas de protecção anticorrosiva. A tecno-
logia hoje existente permite a utilização dos materiais em praticamente todos os
meios corrosivos, com a durabilidade dentro da extensão desejada.

Esta resistência pode decorrer de características próprias do material ou ser


conferida por métodos de protecção anticorrosiva. Controlar a corrosão consis-
te, portanto, em obtermos o controlo das velocidades de corrosão, ou seja, do
crescimento da camada de protecção no caso da corrosão química ou oxidação
a altas temperaturas, e do funcionamento das pilhas de corrosão no caso da
corrosão electroquímica.

2.1. CORROSÃO QUÍMICA

A corrosão química é um processo de corrosão que se realiza entre o


contacto directo do metal com o meio corrosivo.

21
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

É um processo realizado em altas temperaturas e na ausência de água, sendo


que à temperatura ambiente o sistema não possui energia suficiente de reacção
para ocorrer a corrosão, só com o aumento da temperatura para valores eleva-
dos esta poderá aparecer.

Esta corrosão é também conhecida por oxidação em altas temperaturas e acon-


tece muito hoje em dia, especialmente, em fornos e caldeiras, que são equipa-
mentos que trabalham a altas temperaturas.

A corrosão química forma-se por uma difusão no estado sólido, ou seja, dá-se o
deslocamento dos aniões do meio corrosivo, por exemplo O-2, e catiões do me-
tal, por exemplo Fe2+. Esta movimentação dá-se através da camada corroída e a
sua velocidade vai crescer com o aumento da temperatura.

Geralmente, a movimentação dá-se no sentido dos catiões se dirigirem para o


meio, em vez de serem os aniões a dirigirem-se para o metal. A movimentação
dos catiões em direcção ao meio é conhecida por difusão catódica e é mais
frequente porque os iões metálicos são maiores do que os aniões, tornando a
sua passagem mais fácil.

A velocidade de crescimento das camadas corroídas cresce segundo três leis:

 Crescimento linear (camadas porosas e voláteis, por exemplo, Na e Mg


porosas e Mo e W voláteis);
 Crescimento parabólico (crescimento muito comum em altas tempera-
turas, por exemplo, nos metais Fe e Cu);
 Crescimento logaritmo (tem o mesmo efeito da função logarítmica, vai
ter um crescimento grande no início, mas depois com o passar do
tempo vai ter tendência a estabilizar, por exemplo, os metais Ni e Zn).

No crescimento linear, a camada corroída é directamente proporcional ao tem-


po.

y = K.t

Onde:

y é a espessura da camada;

t é o tempo;

K é a constante linear.

No crescimento parabólico, a velocidade de crescimento é inversamente pro-


porcional à espessura da camada corroída.

y2 = K’.t

22
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

No crescimento logaritmo a camada corroída é uma função logarítmica do tem-


po.

y = K’’. Ln(t)

No entanto os produtos químicos, quando entram em contacto


com a água ou com a humidade, tem tendência a formar um elec-
trólito e isto leva a que ocorra uma corrosão electroquímica.

Os materiais metálicos resistentes à corrosão química são aqueles que formam


camadas protectoras. Estas camadas devem ter um crescimento logarítmico ou
parabólico, para que o seu crescimento seja adequado ao desgaste do material.

A selecção do material metálico deve ser efectuada considerando principalmen-


te a temperatura de trabalho e o meio corrosivo. Vamos observar algumas ob-
servações sobre os materiais:

 A adição de determinados elementos de liga melhora a resistência à


oxidação dos aços, entre os quais temos: Cr, Ni, Mo, Si e Al, sendo o
crómio e o níquel os elementos de maior importância;
 A adição de cromo nos aços aumenta a resistência à oxidação de
acordo;
 A adição de Ni nos aços também aumenta a resistência à oxidação em
atmosferas oxidantes e isentas de gases de enxofre;
 As ligas de Ni e outras são resistentes à corrosão em atmosferas oxi-
dantes. Ligas contendo alto teor de Ni e de Cr resistem satisfatoria-
mente às cinzas.

Verifica-se a grande utilização destas ligas na construção de equipamentos que


trabalham a alta temperatura, como:

 Tubos de fornos e caldeiras;


 Queimadores;
 Reactores e regeneradores;
 Equipamentos de processo na indústria química, petroquímica e de pe-
tróleo;
 Componentes de máquinas: pás de turbinas, válvulas de motores de
combustão interna, etc.

23
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

2.2. CORROSÃO ELECTROQUÍMICA

A electroquímica é o estudo da relação entre reacções químicas e


a electricidade.

Nos processos electroquímicos temos a passagem de electrões de uma subs-


tância para outra, onde é necessário perceber e analisar a transferência de elec-
trões, ou reacções de oxidação-redução, antes dos processos electroquímicos.

Devemos saber que “o oxigénio reage com quase todos os elementos e com
uma grande variedade de outros compostos”.

Quando falamos em oxidação, estamos a referir-nos a qualquer reacção em que


o oxigénio reage com outra substância.

Uma reacção que retira oxigénio de um composto é chamada de redução, por


exemplo:

4Fe(s) + 3O2(g) -> 2Fe2O3(s)

Nesta reacção podemos verificar que temos uma oxidação do ferro pelo oxigé-
nio.

Mas em:

Fe2O3(s) + 3C(s) -> 2Fe(s) + 3CO(g)

Já nesta reacção podemos verificar que temos uma redução do óxido de ferro
pelo carbono.

Na reacção de oxidação, a mudança de ferro metálico para óxido de ferro en-


volve a transferência de electrões do ferro para o oxigénio.

A oxidação é a perda de electrões por um átomo ou outra espécie química e a


redução é o ganho de electrões por qualquer espécie química.

Qualquer reacção que envolva a oxidação de uma substância tem que envolver
a redução de outra. Uma reacção de oxidação-redução ou reacção redox é
aquela em que electrões são transferidos de uma espécie para outra.

Nas reacções redox, pelo menos uma espécie tem que ser oxidada e pelo me-
nos outra tem que ser reduzida.

24
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Reacção redox - processos químicos que envolvem a transferência


de electrões de uma molécula, átomo ou ião para outro reagente.

Nas reacções de eléctrodo, identificamos as reacções de oxidação e de redu-


ção, com os electrões envolvidos. A reacção de oxidação apresenta electrões
no lado dos produtos e a reacção de redução no lado dos reagentes.

Tal como em qualquer reacção química, as cargas e o número de átomos de


cada elemento têm que estar acertados em todas as reacções de eléctrodo.

O2 + 4e- -> 2O2-

Cl2 + 2e- -> 2Cl-

2HBr + 2e- -> 2Br- + H2

Ca(s) + Cl2(g) -> CaCl2(s)

Pontos importantes a reter:

 Nestas equações a espécie oxidante é aquela que provoca a oxidação


de outras espécies, aceitando os electrões;
 A espécie oxidante é sempre a reduzida;
 A espécie redutora é a substância que transfere electrões para uma ou-
tra espécie que é reduzida;
 A espécie redutora perde electrões e, portanto, oxida-se.

Por exemplo, na reacção do cálcio com o cloro, o Ca é a espécie redutora e o


Cl2 a espécie oxidante.

Na vida do dia-a-dia encontramos muitas reacções de oxidação-redução. A


lixívia funciona oxidando as nódoas a produtos solúveis ou incolores. O cloro,
que se adiciona na água das piscinas para as manter limpas, matando as bacté-
rias e as algas oxidando-as.

25
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Tabela 3. Valores de potenciais de oxidação redução

Potencial
Semi-reacção de redução
(V)

+2,87 F2  g   2e   2 F   aq 

+1,51 MnO4  aq   8 H   aq   5e   Mn 2  aq   4 H 2O  l 

+1,36 Cl2  g   2e   2Cl   aq 

+1,33 Cr2O72   aq   14 H   aq   6e   2Cr 3  aq   7 H 2O  l 

+1,23 O2  g   4 H   aq   4e   2 H 2O  l 

+1,06 Br2  l   2e   2 Br   aq 

+0,96 NO3  aq   4 H   aq   3e   NO  g   2 H 2O  l 

+0,80 Ag   aq   e  Ag  s 

+0,77 Fe3  aq   e   Fe 2   aq 
Aumento Aumento
da força
do +0,68 O2  g   2 H 
 aq   2e 
 H 2O2  aq  da força
do
agente de
+0,59 MnO4  aq   2 H 2 O  l   3e   MnO2  s   4OH   aq  agente
oxidação
redutor
+0,54 I 2  s   2e   2 I   aq 

+0,40 O2  g   2 H 2 O  l   4e   4OH   aq 

+0,34 Cu 2   aq   2e   Cu  s 

0 2 H   aq   2e   H 2  g 

-0,28 Ni 2   aq   2e   Ni  s 

-0,44 Fe 2   aq   2e   Fe  s 

-0,76 Zn 2   aq   2e   Zn  s 

-0,83 2 H 2O  l   2e   H 2  g   2OH   aq 

-1,66 Al 3  aq   3e   Al  s 

-2,71 Na   aq   e  Na  s 

-3,05 Li   aq   e   Li  s 

26
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Controlar a corrosão electroquímica significa paralisar ou diminuir a intensidade


das pilhas de corrosão. Os fenómenos mais importantes na resistência à corro-
são são:

 Polarização (podem ser acelerados por técnicas como o uso de inibido-


res, protecção catódica, revestimentos, etc.);
 Passivação (conferem ao material maior nobreza e pode ser acelerados
por técnicas, como o uso de protecção anódica, e modificações no
meio corrosivo, como o controlo do pH).

O controlo de corrosão electroquímica pode ser anódico, catódico


ou misto.

A altas temperaturas a corrosão é controlada com o aumento da camada pro-


tectora, aumentando a barreira que existe entre o material e o meio corrosivo.
Isto permite-nos, escolhendo o material com a melhor camada de protecção
face a altas temperaturas, fazer ainda melhor a sua protecção.

Sabemos que, dependendo da resistência que cada material tem estes podem
oferecer melhor ou menor resistência face ao meio corrosivo. Esta resistência
está directamente ligada com a passivação do material e com a sua composi-
ção química. Alguns dos elementos que formam esta camada passiva são:

 Alumínio;
 Crómio;
 Titânio;
 Níquel;
 Entre outros.

Alguns materiais de elevado uso industrial possuem baixa resistên-


cia à corrosão na maioria dos meios, esta resistência pode ser
melhorada, ampliada ou até mesmo obtida no seu mais elevado
grau, utilizando técnicas ou métodos de protecção anticorrosiva
que promovem a passivação ou a polarização do material, que
vamos ver mais à frente.

27
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

2.2.1. ESTADOS DE OXIDAÇÃO

H2(g) + F2(g) -> 2HF(g)

O estado de oxidação de um ião monoatómico é simplesmente a carga nesse


ião. O estado de oxidação do hidrogénio é 0 em H2 e +1 em HF, e o do flúor é 0
em F2 e -1 em HF. Na reacção de H2 e F2, cada um dos átomos de hidrogénio
perde um electrão (é oxidado), enquanto cada átomo de flúor ganha um electrão
(é reduzido).

Pontos importantes a reter:

 Numa reacção química um elemento é oxidado se o seu estado de oxi-


dação aumenta, e é reduzido se o seu estado de oxidação diminui;
 Uma reacção de oxidação-redução pode também ser definida como
uma reacção na qual alguns dos elementos sofrem uma alteração, nos
respectivos estados de oxidação.

Existem algumas regras para atribuir os estados de oxidação:

 O estado de oxidação é zero para qualquer elemento na sua forma li-


vre, isto é, quando não se encontra combinado com outro elemento di-
ferente;
 O estado de oxidação de um ião monoatómico é a carga eléctrica do
ião. Todos os elementos do grupo IA formam iões com uma carga posi-
tiva unitária, os elementos do grupo IIA formam iões 2+ e os halogé-
neos formam iões 1-; os estados de oxidação respectivos são +1, +2 e
-1;
 O flúor tem sempre um estado de oxidação de -1 nos compostos em
que participa. Os halogéneos têm um estado de oxidação de -1, a não
ser que se encontrem combinados com outro halogéneo mais electro-
negativo ou com oxigénio;
 O hidrogénio tem um estado de oxidação +1, excepto quando está
combinado com um elemento menos electronegativo (os elementos
metálicos e o boro) e, neste caso, o seu estado de oxidação é -1.
 O estado de oxidação do oxigénio é -2, excepto quando está ligado a
um flúor (pode ser +1 ou +2), e quando se encontra em substâncias
que contêm uma ligação – peróxidos -, em que tem um estado de oxi-
dação de -1;
 A soma dos estados de oxidação de todos os átomos, numa molécula
ou ião, é igual à carga da molécula ou ião.

Estas regras devem ser sempre aplicadas segundo a ordem que foi apresentada.

28
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

2.2.2. ACERTO DAS EQUAÇÕES DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO

Qualquer reacção, em que o estado de oxidação de um elemento


varia, é chamada reacção de oxidação redução ou reacção redox.

Muitas reacções redox são suficientemente simples para que possam ser acer-
tadas apenas pela análise das equações. Por exemplo:

2Na(s) + Cl2(g) -> 2NaCl(s)

CH4(g) + 2O2(g) -> CO2(g) + 2H2O(L)

Zn(s) + Cu2+(aq) -> Zn2+(aq) + Cu(s)

O acerto de equações redox pode tornar-se bastante complicado noutros casos


e é então necessário usar técnicas especiais. O método do ião-electrão para
acertar equações redox realça o facto de estas serem reacções de transferência
de electrão. Na equação acertada, o número de electrões perdidos por uma
substância tem que ser ganho por outra.

O método do ião-electrão para acerto de equações redox constitui um processo


feito por vários passos, que deve ser seguido pela ordem indicada:

 Utilizar as alterações no estado de oxidação dos elementos para identi-


ficar as espécies que são oxidadas ou reduzidas;
 Escrever o esqueleto das duas reacções de eléctrodo, uma envolvendo
a espécie que é oxidada e outra para a espécie que é reduzida.

Acertar cada uma das reacções de eléctrodo separadamente:

 Ajustar os coeficientes dos reagentes e dos produtos, de modo a que


todos os elementos, excepto o oxigénio e o hidrogénio, fiquem acerta-
dos;
 Acertar o elemento oxigénio adicionando água, H2O, do lado dos pro-
dutos ou do lado dos reagentes reacção;
 Adicionar iões hidrogénio (H+) suficientes, a um dos lados da equação,
até acertar os átomos de hidrogénio;
 Adicionar o número de electrões necessário para que a carga eléctrica
seja idêntica em ambos os lados da equação. Na reacção do eléctrodo
de oxidação, os electrões aparecem no lado direito, enquanto na reac-
ção de eléctrodo que representa a redução aparecem no lado esquerdo.

29
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Se for necessário, podemos multiplicar as duas reacções de eléctrodo por nú-


meros inteiros, de modo a que o número de electrões produzidos na oxidação
iguale o número de electrões consumidos na redução. Desta forma eliminam-se
assim os electrões, com a adição das duas reacções de eléctrodo.

Por exemplo:

Fe2+(aq) + MnO4-(aq) -> Fe3+(aq) + Mn2+(aq)

Trata-se de uma reacção de oxidação-redução, pois o estado de oxidação do


ferro muda de +2 para +3, e o estado de oxidação do manganês muda de +7
para +2. Divide-se a reacção em duas equações de eléctrodo esquemáticas:

Fe2+(aq) -> Fe3+(aq)

MnO4-(aq) -> Mn2+(aq)

Vamos primeiro acertar a reacção de eléctrodo do ferro. Uma vez que o ferro já
está acertado e que não existem átomos oxigénio ou hidrogénio para acertar, a
reacção de eléctrodo fica completa com a adição de um único electrão ao lado
dos produtos da equação:

Fe2+(aq) -> Fe3+(aq) + e-

Acertamos agora a reacção de eléctrodo do manganês. Primeiro, acertam-se


todos os elementos, excepto o oxigénio e o hidrogénio. Como o manganês já
está acertado com um átomo do elemento de cada lado de reacção, adicionam-
se quatro moléculas de água no lado direito da equação para acertar o oxigénio:

MnO4-(aq) -> Mn2+(aq) + 4H2O(L)

Devemos adicionar 8H+ do lado dos reagentes para acertarmos os átomos de


hidrogénio presentes nos produtos:

MnO4-(aq) + 8H+(aq) -> Mn2+(aq) + 4H2O(L)

Agora todos os elementos estão acertados sendo apenas necessário adicionar


cinco electrões ao lado esquerdo da reacção de eléctrodo, ficando cada lado
com a carga global de 2+;

MnO4-(aq) + 8H+(aq) + 5e- -> Mn2+(aq) + 4H2O(L)

Como apenas aparece um electrão na reacção de eléctrodo de oxidação do


ferro (III), e a redução do MnO4- consome cinco electrões, multiplica-se a reac-
ção do eléctrodo do ferro por 5 antes de adicionar as duas, de modo a obter a
equação acertada.

5Fe2+(aq) + MnO4-(aq) + 8H+(aq) -> 5Fe3+(aq) + Mn2+(aq) + 4H2O(L)

30
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

2.2.3. CÉLULA VOLTAICA

Uma célula voltaica ou célula galvânica é um aparelho que conver-


te directamente a energia química, produzida por uma reacção
redox, em energia eléctrica. Estas células são utilizadas no dia-a-
dia em muitos dispositivos familiares, como as pilhas.

Quando colocamos zinco metálico numa solução de sulfato de cobre (II), dá-se
uma reacção química espontânea. O zinco reage e a cor azul dos iões cobre na
solução aquosa esbate-se gradualmente, à medida que se deposita um sólido
vermelho (cobre metálico) finamente dividido. A reacção que interessa para este
caso é:

Zn(s) + Cu2+(aq) -> Zn2+(aq) + Cu(s)

Esta reacção química espontânea vai libertar energia sob a forma de calor.

Alterando o arranjo físico dos reagentes, é possível converter a energia disponí-


vel directamente em trabalho eléctrico. A alteração química global que se dá
pode ser representada por duas reacções de eléctrodo:

Zn(s) -> Zn2+(aq) + 2e-

Cu2+(aq) + 2e- -> Cu(s)

Desde que os iões cobre entrem em contacto com o zinco metálico, a transferên-
cia de electrões ocorre directamente e liberta-se energia sob a forma de calor.

Se os reagentes puderem ser fisicamente separados, de modo a que os elec-


trões transferidos passem através de um condutor eléctrico, a corrente eléctrica
resultante pode realizar trabalho.

 Na célula voltaica zinco-cobre, uma barra de zinco metálico é imersa


num recipiente, contendo uma solução ZnSO4.
 Um outro recipiente contém uma solução de sulfato de cobre e uma
barra de cobre metálico.
 Um fio liga as duas barras de metal existentes nos dois recipientes,
providenciando um caminho para que os electrões libertados pelo zin-
co alcancem os iões cobre existentes no outro recipiente.

31
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Figura 1. A célula voltaica zinco/cobre

Exemplo:

Semi-equações
oxidação Zn (s) Zn2+ (aq) + 2e–
(+0,34V)
redução Cu2+ (aq) + 2e– Cu(s)
(+0,76V)

Eq. Global Zn(s) + Cu2+ (aq) Zn2+ (aq) + Cu(s)

Então:

Zn é a espécie redutora

 – cede electrões;
 – sofre oxidação;

Cu2+ é a espécie oxidante

 – ganha electrões;
 – sofre redução;

32
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Para que a reacção ocorra, devemos manter uma neutralidade eléctrica e para
este facto, ligamos as duas soluções através de uma ponte salina (um tubo que
contém uma solução de um electrólito).

Os aniões deslocam-se através da ponte salina da solução de sulfato de cobre


para a solução de sulfato de zinco, enquanto os catiões deslocam-se através da
ponte em direcção oposta, permanecendo ambas as soluções electricamente
neutras.

Na célula voltaica as peças de zinco e cobre são chamadas eléctrodos e pro-


porcionam os contactos, através dos quais os electrões saem e entram nas so-
luções.

A célula voltaica é constituída por:

 Um recipiente onde ocorre a reacção de eléctrodo de oxidação;


 Por outro, onde ocorre a reacção de eléctrodo de redução.

A célula completa é constituída por estas duas meias-células, mais o circuito


externo e a ponte salina.

Os electrões deslocam-se do eléctrodo, onde ocorre a oxidação para o eléctro-


do, onde se dá a redução através do circuito externo. O eléctrodo onde se dá a
oxidação é o eléctrodo negativo da célula voltaica e o outro eléctrodo é o positi-
vo.

2.2.4. VOLTAGEM DAS CÉLULAS VOLTAICAS

Para que um objecto em repouso se mova, é necessário aplicar


uma força. Por exemplo, a água desloca-se num tubo apenas se
existir uma diferença de pressão entre os dois extremos do tubo. A
pressão serve, como força impulsionadora, para mover a água.

A movimentação dos electrões através de um fio requer uma força eléctrica re-
sultante, esta força é a força electromotriz, ou Fem. É a força eléctrica impulsio-
nadora que empurra os electrões produzidos, na reacção de eléctrodo de oxi-
dação de uma célula voltaica, até ao eléctrodo onde se dá a redução.

Quanto maior a diferença de energia potencial entre os electrões dos dois eléc-
trodos, maior a fem. Como os electrões possuem uma carga negativa, a sua
energia é maior no eléctrodo negativo. A força electromotriz de uma célula vol-
taica é uma propriedade intensiva, análoga à pressão. O volt é a unidade SI para
a Fem, e uma diferença de um volt na Fem faz com que uma carga de um cou-
lomb adquira uma energia de um joule.

33
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

A Fem de uma célula voltaica é facilmente medida utilizando um voltímetro. A


diferença de energia potencial entre os eléctrodos de uma célula voltaica é nor-
malmente designada por potencial da célula, e representa-se por Ecélula.

2.2.5. CÉLULAS VOLTAICAS COMERCIAIS

As células voltaicas constituem uma fonte portátil de energia muito


conveniente. Em células que possuem uma resistência interna
muito elevada, uma parte apreciável da energia química libertada é
convertida em calor não aproveitado no interior da célula, em vez
de ser convertida em electricidade.

Como consequência, nestas células apenas se podem produzir pequenas cor-


rentes que são adequadas principalmente para determinar quantidades termo-
dinâmicas.

Uma bateria é constituída por duas ou mais células voltaicas, com o eléctrodo
negativo de uma célula ligado ao eléctrodo positivo da célula seguinte. A tensão
produzida por uma bateria é a soma das tensões das células individuais. Embo-
ra seja tecnicamente incorrecto, as células voltaicas simples são algumas vezes
referenciadas como baterias.

A bateria recarregável de chumbo tem sido usada nos automóveis desde 1915,
para fornecer energia necessária ao motor de arranque. As baterias mais vulga-
res produzem 12 a 6 volts, conforme estão combinadas seis ou apenas três
células individuais. Em cada célula a reacção de oxidação envolve a conversão
do chumbo em sulfato de chumbo e a reacção de redução produz sulfato de
chumbo a partir de dióxido de chumbo.

As reacções do eléctrodo são:

Pb(s) + HSO4- -> PbSO4(s) + H+ + 2e- E0 = +0,356V

PbO2(s) + HSO4- + 3H+ + 2e- -> PbSO4(s) + 2H2O E0 = +1,685V

reacção global:

Pb(s) + PbO2(s) + 2HSO4- + 2H+ -> 2PbSO4(s) + 2H2O E0 = +2,041V

34
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

2.2.6. PILHAS ELECTROQUÍMICAS

As pilhas electroquímicas são dispositivos capazes de transformar


energia química em energia eléctrica ou energia eléctrica em ener-
gia química.

Pilhas electroquímicas são formadas basicamente por:

 Ânodo  eléctrodo onde saem os electrões  eléctrodo em que há


oxidação  ocorre a corrosão;
 Cátodo  eléctrodo onde chegam os electrões  eléctrodo em que há
redução  não ocorre a corrosão;
 Electrólito  condutor (usualmente um líquido) contém iões que trans-
portam a corrente eléctrica (sentido: ânodo - cátodo);
 Circuito metálico  ligação metálica entre ânodo – cátodo por onde
passam os electrões (sentido: ânodo - cátodo)

Retirando-se do sistema: cátodo, electrólito ou circuito metálico


destrói-se a pilha e impede-se a corrosão.
Ocorrência das pilhas de corrosão, potenciais de eléctrodos dife-
rentes, com diferença de potencial entre eles (dois pontos da su-
perfície metálica).

2.2.6.1. Principais tipos de pilhas

Pilha de Eléctrodos Metálicos Diferentes (Pilha Galvânica)

 Ocorre entre dois metais ou ligas diferentes que estejam em contacto e


imersos no mesmo electrólito;
 Deve haver um ânodo e um cátodo para que possa ter a diferença de
potencial entre eles;
 Deve ter um caminho eléctrico (fio condutor de electricidade que ligue o
ânodo ao cátodo);
 É uma corrosão localizada;
 Ocorrem perfurações no material metálico (que funciona como ânodo).

35
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Ocorrem em:

 Caldeiras em presença de sais (tubos de caldeira de aço carbono onde


ocorrem depósitos de cobre ou óxidos de cobre - água de alimentação
ou impurezas de bronze -).
 Tanques de aço de carbono ou galvanizado (ocasionada pela presença
de cobre ou compostos originados pela acção corrosiva ou erosiva so-
bre a tubulação de cobre que alimenta o tanque).

O metal mais activo na tabela de potencial de eléctrodo, funciona


como ânodo da pilha galvânica, cede electrões, ocorre a corrosão.
Por exemplo: Ferro em contacto metálico com cobre e imersos
num electrólito (água salgada)…

Protecção contra a corrosão Galvânica:

 Uso de materiais de nobreza próximos;


 Isolamento dos materiais de nobrezas diferentes (Ex: teflon);
 Aplicação de revestimento protector do ânodo e do cátodo;
 Inibidores de corrosão.

Pilha de acção local

 Ocorre quando o ânodo e o cátodo estão em contacto directo, na pre-


sença de um electrólito;
 Aparece num mesmo material devido a heterogeneidades diversas, de-
correntes de composição química do material, textura do material, ten-
sões internas, entre outras.

Pilha activa-passiva

 Metais e ligas tendem a tornar-se passivos devido à formação de uma


película fina e aderente de óxido ou outro composto insolúvel na super-
fície (Ex: alumínio, chumbo, aço inoxidável, ferro dentre outros);
 Película formada faz com que o material funcione como áreas catódicas;
 Uma pequena danificação na película de protecção ocorre à formação
de áreas activas (anódica), aparecimento de uma pilha e proporciona
corrosão localizada.

36
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Pilhas de concentração

 Ocorre entre materiais metálicos de mesma natureza, mas que podem


originar uma diferença de potencial, ocasionando processos de corro-
são;
 Ocorre quando se tem um mesmo material metálico em contacto com
diferentes concentrações dum mesmo electrólito, ou em contacto com
o mesmo electrólito, porém em locais em que o teor de gases dissolvi-
dos é diferente.
Pilha de concentração iónica
 Esta pilha surge sempre que um material metálico é exposto a concen-
trações diferentes dos seus próprios iões - soluções de concentrações
diferentes;
 Ela ocorre porque o eléctrodo torna-se mais activo quando decresce a
concentração dos iões no electrólito.

Pilha de aeração diferencial

 Pilha constituída de eléctrodos de um só material metálico em contacto


com um mesmo electrólito, mas apresentando regiões com diferentes
teores de gases dissolvidos;
 Esta pilha é formada por concentrações diferentes do teor de oxigénio;
 De forma idêntica à pilha de concentração iónica diferencial, esta pilha
também ocorre com frequência em frestas. Apenas as áreas anódicas e
catódicas são invertidas em relação àquela.

A diferença de concentração de oxigénio origina uma diferença de


potencial.

Pilha Electrolítica

 Caracteriza-se por ser um processo electroquímico, que dá-se com a


aplicação de corrente eléctrica externa, ou seja, trata-se de uma corro-
são não espontânea;
 Este fenómeno é provocado por correntes de fuga, também chamadas
de parasitas ou estranhas, que ocorrem devido ao mau isolamento e
ocorrem com frequência em tubulações de petróleo e de água potável,
em cabos telefónicos enterrados, entre outros;
 Quando as correntes de fuga atingem instalações metálicas enterradas
podem ocasionar intensa corrosão localizada.

37
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

A taxa de corrosão depende de:

 Intensidade da corrente;
 Distância entre estruturas interferente, interferida e localização da fonte
de corrente interferente;
 Existência ou não de revestimentos e qualidades deste.

Tubulações enterradas, oleodutos, gasodutos, cabos telefónicos


com revestimento metálico (chumbo), frequentemente sujeitos a
correntes eléctricas, que abandonam o seu circuito normal para
fluir pelo solo ou pela água, atingem instalações metálicas enter-
radas, corrosão.

Os processos de corrosão electroquímica são mais frequentes na natureza e


caracterizam-se por:

 Necessariamente na presença de água no estado líquido;


 Temperaturas abaixo do ponto de orvalho da água, sendo a grande
maioria na temperatura ambiente;
 Formação de uma pilha ou célula de corrosão, com a circulação de
electrões na superfície metálica.

38
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

3. PROTECÇÃO CONTRA A CORROSÃO


3.1. GENERALIDADES

A corrosão limita o tempo de vida útil de muitos produtos, pelo que


muito se tem feito para encontrar maneira de a inibir ou prevenir.
Como a maioria dos processos de corrosão requerem a presença
de água e oxigénio e o contacto directo destes com o metal, uma
maneira óbvia de reduzi-la é aplicar um revestimento impenetrável
na superfície do metal.

A pintura dos automóveis, para além de melhorar o aspecto, reduz a formação


de ferrugem. A deposição de crómio sobre o ferro também reduz a formação de
ferrugem em alguns componentes do automóvel.

Apesar do potencial de oxidação do Cr indicar que este metal deveria ser bas-
tante reactivo, ele forma um fino filme de óxido à superfície, que evita a posteri-
or oxidação do crómio que se encontra coberto por esse filme. Mesmo uma
pequena quebra no revestimento de crómio permite que a liga de ferro que está
por baixo se corroa.

3.2. CARACTERÍSTICAS DAS CAMADAS PROTECTORAS

As camadas formadas pela corrosão química poderão ser protectoras ou não,


dependendo de algumas características que podemos ver na tabela 3.

39
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Tabela 4. Características das camadas protectoras

Quando as camadas mais finas são mais aderentes, sendo seme-


lhantes entre o metal e o produto da corrosão, temos maior aderên-
Aderência
cia na película. Ou seja, camadas mais aderentes são mais protec-
toras.
Impermeabilidade da Quanto mais compacta for esta rede, mais protectoras serão as
rede cristalina camadas, devido à dificuldade que existe para se difundir.
Quando as camadas são muito duras, estas partem com facilidade,
Plasticidade
e por isso são menos protectoras.
Porosidade Quanto menos porosa mais protectora é a camada.
Este tipo de camada é mais protector, porque oferece uma grande
Resistividade eléctrica
restrição à passagem de iões.
Para termos boas camadas de protecção, estas não se devem
Refractariedade
fundir a baixas temperaturas.
Para termos boas camadas de protecção, estas não devem ser
Volatilidade
voláteis.

3.3. REVESTIMENTOS

Os revestimentos consistem em camadas protectoras que são


colocadas entre o metal e o meio corrosivo. Esta vai dotar o metal
de uma protecção capaz de aumentar a resistência deste face ao
meio corrosivo.

Estas camadas dão um comportamento mais nobre aos metais, tornando-os


mais catódicos que o metal de base.

Mas também protegem por acção galvânica, ou seja, criam uma barreira entre o
meio (suposto corrosivo) e o próprio metal. Isto vai aumentar a capacidade que
este metal tem para oferecer resistência à pilhas de corrosão.

Os revestimentos podem ser:

 Metálicos,
 Não metálicos inorgânicos ou orgânicos.

40
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

3.3.1. TÉCNICAS DE MODIFICAÇÃO DO MEIO CORROSIVO

Existem várias técnicas para a modificação do meio corrosivo, va-


mos ver algumas delas nos próximos pontos. De entre elas desta-
camos os inibidores de corrosão, a não circulação de oxigénio e o
controlo do pH. Estes processos são muito utilizados em sistemas
de água de refrigeração e água de injecção em poços de petróleo.
Também são métodos que reduzem as taxas de corrosão e contro-
lam a temperatura no meio.

Ao não deixarmos circular oxigénio em determinado meio, estamos a cortar a


circulação do ar e consequentemente a diminuir o processo corrosivo (favore-
cendo a polarização catódica).

Estes processos que impedem que o oxigénio circule pelo meio, podem ser
feitos de duas maneiras:

 Processo químico (sequestradores de oxigénio);


 Processo mecânico (extracção do oxigénio por intermédio de outro
gás, vapor).

O controlo do pH consiste em tornar os metais em elementos passivos, com o


pH básico. Devemos ter cuidado com alguns metais que perdem a resistência
face a estes meios mais básicos, trazendo problemas de incrustação.

3.3.2. REVESTIMENTOS PROTECTORES

Como já vimos, os revestimentos protectores são camadas sobre a superfície


do material, que visam proteger o contacto desta com o meio corrosivo em que
se encontra. Existem três processos principais:

 Revestimentos por barreira;


 Inibição anódica;
 Protecção catódica.

Se tivermos uma protecção apenas por barreira, assim que o electrólito chegar
à superfície do material, inicia-se o processo de corrosão; mas se juntarmos um
mecanismo de protecção, como é os casos da inibição anódica ou da protec-
ção catódica, conseguimos prolongar o tempo de vida útil do revestimento utili-
zado.

41
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Deste modo, os factores que influenciam a duração destes revestimentos são.

 Natureza química do revestimento;


 Forças de coesão e adesão;
 Espessura;
 Permeabilidade à passagem do electrólito através da camada de pro-
tecção;
 Mecanismo de protecção.

3.3.3. MECANISMO DE PROTECÇÃO

O mecanismo de protecção trata-se de um revestimento que é


colocado no material, mais precisamente na superfície metálica,
que serve de barreira ao contacto desta superfície com o meio
corrosivo. Assim podemos também chamar este mecanismo de
barreira.

Este tipo de protecção, colocando uma barreira, dura enquanto o electrólito não
chegar ao metal que está protegido. Pois a corrosão vai aparecer por baixo da
camada de protecção.

Existem dois processos para aumentarmos a duração dos mecanismos de pro-


tecção:

 Inibição anódica (em casos que tenham pigmentos inibidores, por


exemplo, o crómato de zinco e o fosfato de zinco);
 Protecção catódica (que consiste em colocarmos um metal mais nobre
em contacto com o metal que queremos proteger, pois desta maneira
fazemos com que o metal mais nobre seja desgastado, em vez do me-
tal que nos interessa proteger).

3.3.4. REVESTIMENTOS METÁLICOS

Os revestimentos metálicos consistem em colocar uma camada de


protecção metálica entre o metal que queremos proteger e o meio
corrosivo em que está inserido.

42
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Como protecções deste tipo temos:

 Formação de produtos insolúveis;


 Por barreira;
 Por protecção catódica.

Quando utilizamos uma protecção catódica temos de ter atenção ao facto da


constituição da camada protectora ter de ser perfeita, para não corrermos o
risco de termos uma falha na protecção, e assim provocar a corrosão da super-
fície.

Algumas destas camadas podem ter falhas, como poros ou fissuras. Já as ca-
madas anódicas podem ser imperfeitas porque estas conferem uma protecção
catódica à superfície do metal.

Os processos de revestimentos metálicos mais comuns estão apresentados na


tabela 4.

Tabela 4. Processos de revestimentos metálicos mais comuns

A cladização consiste na colocação de chapas de metal (clads), que


resistem à corrosão, fazendo a camada de protecção do material.
Cladização
Por exemplo, os mais utilizados são o aço inoxidável e o titânio sobre
o aço carbono.
Deposição por Este processo é também conhecido por zincagem por imersão a quen-
imersão a quente te e consiste numa galvanização que já tivemos oportunidade de falar.
A deposição química consiste numa redução química, por intermédio
Deposição química
de um revestimento com metais. Por exemplo, o cobre e o níquel.
Este processo consiste em revestir as superfícies colocando-as no
cátodo da célula electroquímica (fazendo esta colocação no banho do
Electrodeposição
electrólito da célula, como vimos anteriormente). Por exemplo, o re-
vestimento com cádmio.
A metalização consiste em revestir as superfícies com camadas de
metais, onde se faz primeiro a fundição destes, para seguidamente
Metalização serem utilizados na pulverização da superfície, criando a camada de
protecção. Por exemplo, revestimentos de alumínio, cobre e outras
ligas metálicas.

3.3.5. REVESTIMENTOS NÃO METÁLICOS

Os revestimentos não metálicos têm o mesmo processo dos metá-


licos, mas colocam uma camada de protecção não metálica (inor-
gânica ou orgânica) entre o metal a proteger e o meio corrosivo.

43
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Os mecanismos de protecção são, essencialmente, por barreira e por inibição


anódica. Sendo os mais comuns apresentados na tabela 5.

Tabela 5. Principais mecanismos de protecção não metálica.

A anodização no fundo é uma oxidação, que consiste em aumentar a


camada de protecção existente nos metais. Esta é utilizada especial-
Anodização
mente no alumínio, com aplicação de uma oxidação com banhos oxi-
dantes ou processos electrolíticos, no metal.

A cromatização é praticamente idêntica à anterior, mas utiliza uma ca-


Cromatização mada à base de crómatos. Com esta camada conseguimos aumentar a
resistência à corrosão do material a proteger.

A fosfatização segue o mesmo processo, mas à base de uma camada


de fosfatos. Normalmente, são aplicadas em camadas muito finas, facili-
Fosfatização tando as pinturas das superfícies dos materiais. Esta tem uma grande
utilização nas indústrias, principalmente na pintura de automóveis e nos
electrodomésticos, entre outros.

O revestimento com argamassa de cimento consiste na colocação de


Revestimento com
uma camada de protecção (na ordem dos 3 a 6 mm) sobre a superfície
argamassa de
que queremos proteger. Este tipo de revestimento tem muita utilização
cimento
na protecção de canalizações para o transporte de água.

O revestimento com vidro consiste na colocação de uma camada de


Revestimento com
vidro sobre a superfície que queremos proteger. Esta camada de vidro
vidro
será fundida, de forma a garantirmos que fica compacta.

O revestimento com esmalte vítreo consiste na colocação de uma ca-


Revestimento com mada de esmalte à base de vidro e outros pigmentos, fundindo no fim
esmalte vítreo de forma a ficar compacta. Temos os exemplos das máquinas de lavar e
de secar, com utilizações deste tipo de revestimento.

Revestimento com O revestimento com material cerâmico consiste na colocação de uma


material cerâmico camada de material cerâmico (silícios) de alta resistência a ácidos.

44
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

3.3.6. REVESTIMENTOS ORGÂNICOS

Os revestimentos orgânicos são revestimentos não metálicos, utili-


zados especialmente em canalizações enterradas ou submersas
que necessitam de revestimentos de alta espessura.

Na tabela 6 podemos ver os principais revestimentos orgânicos.

Tabela 6. Principais revestimentos orgânicos.

A pintura industrial é um revestimento (da ordem dos 120 a 500 mm) utili-
zada para superfícies enterradas ou submersas. Como nestas superfícies
Pintura industrial
será necessário uma manutenção regular, acaba por ter uma maior utili-
dade em superfícies submersas. Por exemplo bóias e navios.
Os revestimentos com borrachas consistem em utilizar um processo de
Revestimento vulcanização, para cobrir a superfície metálica com uma camada de pro-
com borrachas tecção à base de borracha. Por exemplo, em canalizações que se encon-
tram em contacto com meios ácidos.

Estes revestimentos devem possuir uma série de características para que pos-
sam cumprir as suas finalidades:

 Boa e permanente aderência ao tubo;


 Boa e permanente resistência eléctrica (resistividade eléctrica);
 Boa resistência a água, vapor e produtos químicos;
 Boa resistência mecânica;
 Boa estabilidade sob efeito de variação de temperatura;
 Boa flexibilidade de modo a permitir o manuseamento dos tubos reves-
tidos e as dilatações e contracções do ducto;
 Baixa taxa de absorção de água;
 Durabilidade;
 Mais económico;
 Permitir uma fácil manutenção;
 Resistência a acidez, alcalinidade, sais e bactérias do solo.

45
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

Torna-se muito difícil conseguir um revestimento que respeite to-


das estas características. Portanto o nosso interesse será obter o
revestimento que reúna a maior quantidade destas características.

Os principais tipos de revestimentos para canalizações enterradas ou submer-


sas estão indicados na tabela 7.

Tabela 7. Principais tipos de revestimentos para canalizações enterradas ou


submersas.

Este revestimento é aplicado em duas camadas: revestimento simples


Revestimento com e revestimento duplo. Ambos usados em electrólitos, sendo o simples
esmalte de alcatrão para baixas agressividades e o duplo para agressivos. No revestimento
de hulha simples temos uma cada de 3 a 5 mm. No revestimento duplo temos
uma cada de 6 a 8 mm.
Este revestimento é muito barato e consiste na aplicação duma cama-
Revestimentos com da de asfalto. Tem a grande desvantagem de perder as suas capaci-
asfaltos dades muito facilmente, em contacto com água ou oxidações. Por
exemplo, nas estradas.
Estes revestimentos necessitam de uma boa limpeza do local a aplicar
o revestimento, para garantirmos a boa aderência das fitas plásticas.
Revestimentos com As fitas são aplicadas, à mão ou mecanicamente, em torno do tubo a
fitas plásticas ser protegido com uma sobreposição de 50% entre camadas. As mais
utilizadas são as fitas de polietileno, mas também temos as fitas de
PVC e de poliéster.
Revestimento com Este revestimento é utilizado para garantir um isolamento térmico, com
espuma rígida de um revestimento anticorrosivo à base de espuma rígida. A espessura
poliuretana aplicada é de 50 mm.
Revestimento por Este revestimento é aplicado em estruturas enterradas ou submersas.
tinta à base de Uma vez que necessita de manutenção, é pouco viável e é muito pou-
coaltar epoxi co utilizado. A espessura aplicada é de 500 mm.

Revestimento com Este revestimento consiste numa camada à base de polietileno, que é
polietileno extrudido sobre o tubo que vamos proteger. Tem como principais ca-
racterísticas a boa impermeabilidade, a reduzida necessidade de ma-
extrudido nutenção e a boa resistência. A espessura aplicada é de 3 a 5 mm.
Este revestimento é muito semelhante ao anterior, mas em vez do
Revestimento com polietileno, é utilizado o polipropileno. Tem como principal característi-
polipropileno extru- ca a perda de adesão a altas temperaturas. É aplicado em três cama-
dido das: Uma de epoxi em pó, segunda de adesivo à base de polipropile-
no, terceira de polipropileno mesmo.
É outro revestimento semelhante aos anteriores, mas com a aplicação
Revestimento com
de uma camada de tinta epoxi em pó. Tem como principais caracterís-
tinta epoxi em pó
ticas a excelente adesão e a protecção anticorrosiva.

46
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

3.3.6.1. Revestimentos simples e duplos

O esquema de aplicação de um revestimento simples é o seguinte:

 Limpeza dos tubos com escovas ou com jacto abrasivo comercial;


 Aplicação da tinta de fundo ou adesivo, que é uma tinta de base elas-
tomérica e que seca por evaporação do solvente;
 Aplicação do esmalte de alcatrão, que é feito a quente;
 Aplicação imediata de uma camada de véu de fibra de vidro e outra de
papel feltro.

O esquema de aplicação do revestimento duplo consiste:

 Na aplicação de uma camada de esmalte de alcatrão de hulha, logo a


seguir ao véu de fibra de vidro;
 E por fim, o papel de feltro.

O revestimento de esmalte de alcatrão de hulha pode ser feito no


campo ou em planta fixa.
No caso da planta fixa, que em termos de qualidade é melhor,
permite o controlo sobre a aplicação do revestimento.
Para canalizações submersas aplica-se o revestimento duplo de
esmalte de alcatrão de hulha e um revestimento de concreto para
evitar a deposição no fundo.

O revestimento de canalizações submersas ou enterradas através de esmaltes


de alcatrão de hulha tem vindo a ser cada vez menos utilizado, especialmente
devido a:

 Aparecimento de revestimentos modernos à base de polímeros;


 Degradação devido à acção dos raios solares quando armazenado por
períodos de tempo superiores a 6 meses;
 Elevada incidência de reparos devido a danos ocorridos durante o ma-
nuseamento, o transporte, o armazenamento e o lançamento dos tubos
revestidos;
 A resistividade eléctrica cai a cerca de 60% nos primeiros 10 anos de-
pois de aplicada, solicitando maior capacidade do sistema de protec-
ção catódica;

47
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

 Problemas com a poluição do ambiente, devido à libertação de gases


tóxicos durante a aplicação, o que o torna limitado para certas aplica-
ções em que não podemos ultrapassar certos valores de poluição.

Quando aplicados no revestimento de canalizações enterradas em terrenos im-


pregnados com pedras, requer uma protecção contra danos mecânicos.

3.4. PROTECÇÃO ANÓDICA

Um outro método popular para evitar a corrosão, é um processo chamado pro-


tecção anódica. Na protecção anódica o metal é intencionalmente oxidado em
condições cuidadosamente controladas, para que se forme uma camada fina e
aderente de óxido na sua superfície. O tratamento do ferro com crómato de
sódio aquoso forma uma camada de óxidos de Fe (III) e Cr (III) que protegem o
ferro do contacto com o oxigénio e com a água:

2Fe(s) + 2Na2CrO4(aq) + 2H2O(L) -> Fe2O3(s) + Cr2O3(s) + 4NaOH(aq)

A camada protectora de óxido é, às vezes, produzida pela oxidação electrolíti-


ca. O alumínio é anodizado quando, por electrólise, é coberto com uma camada
impenetrável de alumínio.

A protecção anódica é um método de aumento da resistência à


corrosão, que consiste na aplicação de uma corrente anódica na
estrutura a proteger. É utilizada somente para os metais e ligas,
formadores de camadas protectoras, especialmente o titânio ou o
crómio.

Como já tínhamos visto, o aumento da resistência à corrosão química baseia-se


em impedir ou controlar a interacção química entre o metal e o meio corrosivo.
Com isto podemos agir, no metal, de forma a obtermos camadas protectoras ou
utilizar revestimentos refractários e isolantes.

3.5. PROTECÇÃO CATÓDICA

Um outro processo, para proteger os metais da corrosão, é forçar o metal a


comportar-se como um cátodo numa célula electroquímica. Na protecção cató-
dica um outro metal, mais reactivo, é colocado em contacto eléctrico com o
objecto metálico que se pretende proteger da corrosão. O metal mais reactivo
comportar-se-á como ânodo na célula electroquímica, forçando portanto o ou-
tro metal a funcionar como cátodo.

48
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

O ferro que foi recoberto com uma camada de zinco chama-se ferro galvaniza-
do. Mesmo que a cobertura de zinco se quebre e exponha o ferro, este não se
oxida enquanto o zinco metálico mais reactivo estiver presente. O zinco é de-
nominado ânodo sacrificial.

As barras de magnésio são frequentemente colocadas num navio oceânico para


servirem de ânodos sacrificiais e impedirem a formação de ferrugem no casco
de ferro do navio.

A protecção catódica é um método de aumento da resistência à


corrosão, que consiste em tornar a estrutura a proteger em cátodo
de uma célula electroquímica ou electrolítica, forçando um alto
grau de polarização catódica. É utilizada para estruturas enterradas
ou submersas e não em estruturas aéreas devido à necessidade
de um electrólito contínuo, que não se consegue na atmosfera.

3.6. INIBIDORES DE CORROSÃO

Os inibidores de corrosão são muito utilizados em meios líquidos, aumentando


a resistência de contacto das pilhas de corrosão, que se encontra entre o cáto-
do e o ânodo.

Os inibidores são compostos químicos que, quando adicionados ao meio corro-


sivo, diminuem a sua agressividade, pela aplicação de vários mecanismos que
podemos ver na tabela 8.

Tabela 8. Tipos de mecanismos de inibidores

Estes inibidores formam passivadores, que são elementos que


formam produtos que não se misturam com líquidos, produzindo
Inibição Anódica
assim uma polarização anódica. Por exemplo, hidróxidos, carbona-
tos e fosfatos.
Estes inibidores, à semelhança dos anteriores, formam produtos
que não se misturam com líquidos nas áreas catódicas, e obtemos
Inibição Catódica
uma polarização catódica. Por exemplo, sulfatos de zinco, magné-
sio ou níquel.
Estes inibidores criam camadas protectoras sobre as áreas anterio-
Inibição por Barreira res, ou seja, sobre o cátodo e o ânodo. Por exemplo, sabões de
metais pesados.
Inibidores de oxigénio Estes inibidores são compostos que reagem com o oxigénio pro-
(ou sequestradores) movendo a falta de ar do meio envolvente.

As principais aplicações dos inibidores são:

 Destilação de petróleo;
 Limpeza química e decapagem ácida;

49
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

 Sistemas de oleodutos;
 Sistema de embalagem;
 Testes hidrostáticos;
 Tratamento de água (caldeira, refrigeração e de injecção).

Os critérios básicos para selecção de inibidores são:

 Deve ser compatível com o processo;


 Deve ser solúvel e estável (incluindo temperatura e pressão);
 Não deve formar resíduos ou espuma;
 Não deve ser poluente e tóxico;
 Custo baixo, inclusive de despejo.

50
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

CONCLUSÃO

A corrosão:

 Processo de deterioração de materiais pela acção do meio;


 O material perde as suas qualidades essenciais;
 Pode ocorrer em materiais metálicos ou não-metálicos.

Os processos corrosivos podem ser classificados em dois grandes grupos:

Corrosão Electroquímica:

 Mais frequente;
 A presença de moléculas de água e oxigénio;
 Circulação de electrões na superfície.

Corrosão Química:

 Temperaturas são elevadas;


 Interacções ocorrem directamente entre o metal e o meio corrosivo;
 Ocorre em ausência de água.

Adopção de formas de protecção:

 Aspectos técnicos;
 Aspectos económicos;
 Análise de custo-benefício.

51
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

RESUMO

 A oxidação é o aumento do número de oxidação.


 A redução é o decréscimo no número de oxidação.
 O agente oxidante é a substância que promove uma oxidação ao mes-
mo tempo em que ela se reduz no processo.
 O agente redutor é a substância que doa electrões promovendo a re-
dução de outra substância e ela é oxidada no processo.
 A protecção catódica tem como principais características:
 Eliminar áreas anódicas da superfície do metal, fazendo com que
ela adquira comportamento catódico, em condições severas;
 É eficiente para superfícies nuas e previamente revestidas;
 Tem a grande diferença económica.
 Os métodos mais utilizados de protecção catódica são:
 Protecção catódica galvânica ou de sacrifício (escolhe-se outro
metal como ânodo de potencial mais negativo);
 Protecção catódica por corrente impressa ou forçada (a corrente
origina-se a partir de uma geradora de corrente eléctrica contínua
e ânodos inertes).
 A protecção anódica tem como principais características:
 A formação da camada protectora nos materiais metálicos por
aplicação de corrente anódica externa;
 O metal deve passivar no meio corrosivo, todas as partes expos-
tas devem ser passivas, ou ocorre ataque localizado e mantém a
faixa de potencial de passivação.
 Como exemplos de metais que passivam, temos: ferro, níquel, crómio,
titânio e respectivas ligas.

52
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

 Os métodos mais utilizados por revestimentos orgânicos são: políme-


ros e pinturas industriais.
 Os inibidores de corrosão são substâncias ou misturas que quando
presentes, em concentrações adequadas, no meio corrosivo reduzem
ou eliminam a corrosão.
 Os inibidores anódicos retardam ou impedem a reacção do ânodo.
 Os inibidores catódicos actuam reprimindo a reacção catódica.

53
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

AUTO-AVALIAÇÃO

1. O que é a corrosão?

a) É a oxidação (desgaste) de um metal exposto a um meio corrosivo.


b) É uma técnica de protecção de metais.
c) É uma protecção catódica.
d) Nenhuma das opções.

2. Os dois tipos de corrosão são:

a) Química e oxidação.
b) Química e electroquímica.
c) Electroquímica e inibidores anódicos.
d) Nenhuma das opções.

3. O electrólito é:

a) Uma solução de protecção para os metais.


b) Uma solução não condutora.
c) Uma solução electricamente condutora.
d) Nenhuma das opções.

55
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

4. A corrosão uniforme é:

a) Uma corrosão que aparece em toda a face da superfície do metal.


b) Uma corrosão que aparece nos grãos do metal.
c) Uma corrosão que aparece por placas localizadas.
d) Uma corrosão que aparece nas fissuras do material.

5. A corrosão Alveolar aparece:

a) Em forma de crateras de grande dimensão.


b) Em forme de crateras de pequena dimensão.
c) Em toda a superfície corroída.
d) Nenhuma das opções.

6. A corrosão intergranular é:

a) Corrosão selectiva.
b) Corrosão-erosão.
c) Corrosão galvânica.
d) Corrosão filiforme.

7. Um dos principais tipos de corrosão no escoamento de fluidos é:

a) Corrosão selectiva.
b) Corrosão-erosão.
c) Corrosão galvânica.
d) Corrosão filiforme.

8. O aumento da velocidade de formação da corrosão química dá-se:

a) Pela diminuição da temperatura.


b) Estabilização da temperatura.
c) Nenhuma das opções.
d) Pelo aumento da temperatura.

56
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

9. O oxidante é a espécie que:

a) Cede electrões.
b) Ganha electrões.
c) Sofre oxidação.
d) Nenhuma das opções.

10. A metalização consiste em:

a) Colocar uma camada metálica entre o material e o meio corrosivo.


b) Colocar um adesivo sobre o metal e impedir o contacto com o meio cor-
rosivo.
c) Revestir o metal com uma camada de pintura industrial.
d) Nenhuma das opções.

57
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

SOLUÇÕES

1. a 2. b 3. c 4. a 5. a

6. c 7. b 8. d 9. b 10. a

59
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

Vamos te deixar com alguns livros interessantes para que possas desenvolver
os conhecimentos que estudámos nesta Unidade:

 WILLIAM F. SMITH, Principles of Materials Science and Engineering,


Edição da McGraw-Hill, Engineering Series, 1990.
 ATKINS E BERAN, General Chemistry,. Edição da Scientific American
Books, 1992.
 ALAN H. COTTRELL, Introdução à Metalurgia, Edição da fundação Ca-
louste Gulbenkian.

60
Unidade didáctica 6
CORROSÃO

BIBLIOGRAFIA

 MÁRIO G.S. FERREIRA, Princípios da Corrosão Electroquímica, Passi-


vação, Tipos de Corrosão, Lisboa: IST, 1998.
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Unidade didáctica 6

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