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INTRODUÇÃO

A energia solar pode ser convertida directamente em electricidade utilizando-se as tecnologias de


células fotovoltaicas. É vista como uma tecnologia do futuro, visto que se utiliza uma fonte limpa e
inesgotável que é o Sol.

No actual estado da arte desta tecnologia, ela só encontra viabilidade económica em aplicações de
pequeno porte em sistemas rurais isolados (Iluminação, bombeamento de água etc), serviços profissionais
(retransmissores de sinais, aplicações marítimas) e produtos de consumo (relógio, calculadoras).

Porém, sabe-se que o mercado fotovoltaico é ainda uma fracção do que poderia ser, visto que
existe uma parcela significativa da população mundial, cerca de 1 bilhão de habitantes ou
aproximadamente 20% da população mundial, localizadas principalmente nas áreas rurais, que não têm
acesso a electricidade.

Pesquisas feitas nos últimos 10 anos, resultando em aumento da eficiência dos módulos e
diminuição considerável nos custos de produção, sinalizam boas perspectivas futuras, inclusive para
aplicações de maior porte. Este futuro depende também do aumento das pressões mundiais para a
utilização de fontes energéticas renováveis e limpas e a continuidade da linha de pensamento
governamental dos países industrializados que buscam uma diversificação das fontes de suprimento
energético.

Este trabalho está dividido em duas partes, procura apresentar informações básicas relacionadas ao
fundamento da energia solar fotovoltaica incluindo, princípio de funcionamento, principais aplicações,
projecto, custos, bem como um panorama geral da utilização dos sistemas fotovoltaicos para
bombeamento de água no mundo.

Este trabalho possui dois grandes objectivos que é dimensionar e projectar um sistema
fotovoltaico para uma residência rural com bomba de água.

Os sistemas fotovoltaicos podem ser:

 Sistemas isolados (offgrid);


 Sistemas conectados a rede (ongrid);
 Sistemas híbridos.

Para este projecto usaremos propriamente os sistemas isolados ou autónomos (offgrid), pois que para
uma área rural nem sempre consta energia eléctrica de rede ou concessionaria de energia.

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OBJECTIVO GERAL

Projectar um sistema fotovoltaico para uma residência rural com bombagem de água.

OBJECTIVO ESPECÍFICO

Bombeamento de água através do SFV à residência.

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ENERGIA SOLAR

Energia solar é o nome dado a qualquer tipo de capitação de radiação proveniente do sol e
posterior transformação em alguma forma utilizável pelo homem. É a fonte de quase todos os recursos
energéticos da terra.

Existem diversas maneiras de se converter a energia solar e uma delas é através do efeito
fotovoltaico que ocorre em dispositivos que são chamados de células fotovoltaicas.

EFEITO FOTOVOLTAICO

O efeito fotovoltaico consiste na propriedade dos semicondutores de apresentarem uma diferença


de potencial quando atingidos por feixes de luz.

A conversão directa da luz em energia eléctrica através do efeito fotovoltaico é denominada


Energia Solar Fotovoltaica.

O efeito fotovoltaico foi relatado primeiramente em 1839 pelo físico francês Edmond Becquerel,
que observou o surgimento de uma diferença de potencial nas extremidades de um material semicondutor
quando exposto à luz. A partir de 1956, momento das novas descobertas da micro-electrônica, começaram
a ser produzidas as primeiras células fotovoltaicas industriais. Devido a seu alto custo e baixa eficiência,
não eram viáveis em aplicações residenciais, comerciais e mesmo industriais de pequeno porte.

Um de seus primeiros usos significativos foi em satélites, onde o custo não é factor limitante e a
quantidade de radiação solar é contínua e de alta intensidade.

Com o tempo, começaram a ser implantadas em estações remotas de telecomunicações. Em 1973


ocorreu o segundo momento impulsionador desta tecnologia, quando o mundo procurava investir em
fontes de energia renováveis frente à crise do petróleo. Outras fontes foram mais adoptadas pois o alto
custo de produção e baixo rendimento ainda assombravam as células fotovoltaicas disponíveis na época.
Um desenvolvimento mais acelerado da indústria de células fotovoltaicas ocorreu somente na década de
90, visando ampliar os horizontes da utilização em massa da energia solar, amparado por inúmeros
programas no mundo todo, demonstrando a viabilidade técnico-comercial em projectos como os de
electrificação rural nos países em desenvolvimento. Mesmo passada a crise do petróleo, o fortalecimento
do movimento de defesa ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável continuaram impulsionando o
desenvolvimento da indústria. A produção mundial passava de 1 MWp/ano para 10 MWp/ano em 1998.

Pode-se observar um forte investimento em pesquisas, com recentes aperfeiçoamentos na terceira


geração das células solares, que envolvem filmes finos com aplicações semi-transparentes até a produção
de células com material orgânico.

CÉLULAS FOTOVOLTAICAS

As células fotovoltaicas são produzidas com material semicondutor, ou seja, material com valor
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condutividade entre isolantes e condutores.2 São caracterizados por terem banda de valência e condução
separadas por uma faixa de energia (gap) menor ou igual a 3V.
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O principal representante dos semicondutores é obtido através da dopagem de silício. 4Este é
encontrado naturalmente em forma de areia, e através de métodos adequados obtêm-se o cristal puro de
silício.5O cristal de silício possui 4 electrões na sua camada de valência em ligação covalente e não possui
electrões livres, caracterizando portanto um mal condutor de electricidade.

3
O cristal de silício é então adicionado de outros elementos para alterar suas características,
processo este chamado de dopagem. Dopando o silício com um elemento como o fósforo, que possui 5
electrões na camada de valência, a cada átomo de fósforo adicionado resulta em um electrão livre na
banda de condução. Isto caracteriza um material semicondutor de tipo N, ou portador de carga negativa.

Se por outro lado, adicionamos um elemento com 3 electrões na camada de valência, como o
Boro, teremos lacunas de electrões facilmente preenchidas por electrões ligados a átomos vizinhos
movendo as lacunas, ou cargas positivas, caracterizando um material semicondutor tipo P.
Separadamente, cada material semicondutor tipo N ou P é electricamente neutro. Ao unir-se um
semicondutor tipo P a um condutor tipo N, ou mesmo utilizando uma única estrutura de silício e dopando-
se uma extremidade com um elemento doador e outra com um elemento receptor, cria-se uma junção P-
N. Nesta região, os electrões livres da porção N do semicondutor movem-se para a região P preenchendo
as lacunas. Como a princípio as duas partes eram electricamente neutras, com o decorrer desta migração
de electrões da região tipo N para a região tipo P cria-se um potencial eléctrico negativo na região P e
positivo na região N. Esta migração ocorre até que a diferença de potencial entre as regiões cria uma
campo eléctrico que actua como barreira impedindo a migração de electrões e estabelecendo um
equilíbrio eléctrico.

Este valor de campo eléctrico de equilíbrio estabelece o valor do gap de energia necessária para
que novamente um electrão atravesse a junção.

Quando a junção é exposta à incidência de fotões com energia maior que o gap, ocorre a geração
de pares electrão-lacuna. Se isto ocorre onde o campo eléctrico é diferente de zero ocorre a aceleração de
cargas, e os electrões na região P movem-se para a região N, gerando uma corrente através da junção.
Neste caso, gera-se uma ddp nos terminais externos das junções, e se forem conectadas através de um
condutor cria-se uma circulação de corrente.

Figura 1. Representação de célula, módulo e painel /arranjo fotovoltaico.

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ESTRUTURA DE UMA CÉLULA FOTOVOLICA
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As células fotovoltaicas são construídas utilizando-se uma fina camada de óxido de silício,
transparentes e com alta condutividade eléctrica. 7Estas células são fabricadas em sua maioria sendo
constituídas de cristais monocristalinos, policristalinos ou amorfos.

SILÍCIO MONOCRISTALINO

A célula de sílicio monocristalino é a mais amplamente utilizada comercialmente, de processo


construtivo relativamente simples e boa eficiência comparada às células de cristal policristalino e amorfo,
entre 12% e 15% para uso comercial. São obtidas a partir de barras de silício monocristalino produzidas
em fornos especiais, que garantem um alto grau de pureza, devendo chegar a faixa de 99,9999%. O silício
é fundido juntamente com uma pequena quantidade de dopante tipo P, normalmente o Boro, e então
cortada em finas fatias de aproximadamente 0,3 mm. Após o corte e limpeza de impurezas, é adicionado
o dopante tipo N. A Figura 3 ilustra uma célula de silício monocristalino.

Figura 2. Célula de Silício Monocristalino.

SILÍCIO POLICRISTALINO

O processo de fabricação de células de silício policristalino é menos rigoroso que das células de
silício policristalino, o que acarreta uma perda na eficiência, chegando no máximo a 12,5%, mas ganha-se
no baixo custo de fabricação. Consiste na fusão de silício em moldes e resfriado lentamente, onde os
átomos se reorganizam não em um único, mas em vários cristais ( Figura 3.1).

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Figura 2.1. Célula de silício policristalino

SILÍCIO AMORFO

As células de silício amorfo são as de mais baixo custo, produzidas a partir da disposição de
camadas finas de silício sobre vidro ou outros substratos.

Apresenta alto grau de desordem entre os cristais, desse modo atingindo baixas taxas de eficiência,
entre 5% e 7%. Outra desvantagem é sua acelerada deterioração.

CÉLULAS DE FILMES FINOS

Estas células se diferenciam das de outras tecnologias pela espessura das lâminas de material
semicondutor utilizado em suas estruturas (geralmente na faixa de 1 µm contra 300 a 400 µm das células
de C-Si).

Estes filmes finos são depositados sobre substratos de baixo custo, como vidro, aço, inox e alguns
plásticos.

Apesar de sua menor eficiência, cerca de 8% a 9% no mercado, as características mecânicas destes


filmes, flexíveis, leves e semitransparentes, aliados ao seu reduzido custo devido à quantidade de material
envolvido, estão ampliando o mercado fotovoltaico e dando uma maior versatilidade ao uso das células
solares na arquitectura (Figura 3.2).

Entre os materiais e tecnologias utilizados para construção de filmes finos estão o silício amorfo
(a-Si), Telureto de Cádmio (CdTe), Disseleneto de Cobre e Índio (CIS) e Arseneto de Gálio (GaAs).

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Figura 2.2. Célula Fotovoltaica de filme fino

APLICAÇÕES DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

PROJECTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO


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Para se projectar um sistema fotovoltaico é necessário se ter um profundo conhecimento da carga,
suas características, perfil ao longo dos dias e meses como também das características da radiação solar
incidente no local. O critério de dimensionamento pode ser o de menor custo, maximização da energia
suprida (confiabilidade) ou uma combinação de ambos.
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Em projectos de aplicação de pequeno porte, o dimensionamento é mais simplificado, baseando-
se nos valores médio das cargas e radiação solar como, por exemplo: radiação diária (kWh/m2 ), média
mensal ou valores típicos, e, comportamento médio da carga.

Existem para isto planilhas que orientam passo a passo o dimensionamento do sistema.

Para aplicações de médio e grande porte, onde os custos envolvidos são consideráveis, o projecto
de um sistema fotovoltaico tem que ser baseado em métodos de cálculos mais complexos, onde faz
necessário representar a carga e os níveis de radiação solar muitas vezes em base diária, numa
representação casada entre ambos para que se faça um dimensionamento óptimo do sistema, ou seja, ao
menor custo e com níveis de confiabilidade desejados, e também com a finalidade de medir e acompanhar
o desempenho dos sistemas ao longo do tempo. Neste caso existem ferramentas computacionais que
dimensionam o sistema fotovoltaico, em aplicações autônomas, híbridas e em conexão com a rede
eléctrica, de tal forma que cargas, radiação solar e sistema gerador são representados de uma forma mais
detalhada, inclusive com a representação das perdas dos diversos componentes.

Pode-se dividir o projecto de um sistema fotovoltaico em três etapas:


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1- Avaliação do recurso solar


2- Estimativa e avaliação da curva de carga
3- Escolha da configuração do sistema e critério de projecto
4- Dimensionamento dos componentes do sistema

Apresenta-se a seguir um método simplificado para dimensionamento de um sistema fotovoltaico


isolado com armazenamento para alimentação de cargas CC. Abaixo se apresenta um diagrama de blocos
deste tipo de sistema. O exercício ao final desta secção, apresenta passo a passo um projecto considerando
carga AC e CC.

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Figura 3. Sistema isolado ou autónomo com armazenamento cc.
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Na prática, os sistemas autónomos precisam de acumular energia, para compensar as diferenças
existentes no tempo entre a produção de energia e a sua procura. As baterias recarregáveis são
consideradas apropriadas como acumuladores de energia. Em geral, a utilização de acumuladores obriga a
que se torne indispensável a utilização de um regulador de carga adequado que faça a gestão do processo
de carga, de forma a proteger e garantir uma elevada fiabilidade e um maior tempo de vida útil dos
acumuladores. Assim sendo, um sistema autónomo típico consta dos seguintes componentes:

1. Gerador fotovoltaico
2. (um ou vários módulos fotovoltaicos, maioritariamente dispostos em paralelo)
3. Regulador de carga
4. Acumulador
5. Consumidor
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A tecnologia de conversão de energia solar fotovoltaica possibilita o uso de energia eléctrica em
locais remotos. As principais aplicações dessa configuração de SFV são o atendimento residencial que
não possui rede eléctrica convencional, bombeamento de água, sistemas de telecomunicações e
monitoramento remotos, além de formas mais pontuais como cercas eléctricas e dessalinização de água
(PINHO e GALDINO, 2014).

Em locais que existe rede eléctrica, um SFI também pode ser utilizado visando o atendimento de
cargas específicas com o intuito de reduzir o consumo de energia eléctrica, por exemplo, em redes de
iluminação pública mais actuais.

Em seguida, a aplicação em bombeamento de água, nomeada por sistema fotovoltaico para


bombeamento (SFVB), será discutida em mais detalhes.

A energia solar pode ser utilizada para inúmeras aplicações, em função dos níveis de potência
requeridos pela carga (no caso da energia solar fotovoltaica) e principalmente das especificidades do local
onde serão instalados os colectores solares (energia solar térmica) ou os módulos fotovoltaicos (energia
solar fotovoltaica). Algumas destas aplicações são:
a) Geração de calor;
b) Geração de electricidade nas formas directa e indirecta;
c) Sistemas fotovoltaicos conectados (interligados) a rede eléctrica;
d) Sistemas fotovoltaicos autônomos (isolados);
e) Sistemas de geração híbrida.

No caso da geração de calor teremos basicamente o aquecimento de fluidos diversos, a partir das
ondas de radiação infravermelha (principalmente) concentradas através de colectores solares térmicos
(colectores termosolares). Esta aplicação está relacionada tipicamente com a energia solar térmica.

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ARRANJOS FOTOVOLTAICOS

Os arranjos fotovoltaicos são alternativas técnicas e económica para produção de electricidade


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em locais remotos e distantes da rede eléctrica convencional.

O arranjo fotovoltaico é também uma fonte variável de tensão, de maneira que a tensão de
funcionamento depende da carga a ser utilizada. As cargas pequenas e que têm uma boa relação entre
demanda de energia e intensidade solar, muitas vezes, podem ser conectadas directamente a um arranjo
fotovoltaico, dispensando bateria e controlador de carga. Um conjunto moto-bomba (que pode ser
submerso ou de superfície) accionado, por exemplo, por um pequeno motor de 12V (CC), pode ser
conectado directamente ao arranjo fotovoltaico.
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VANTAGENS DA APLICAÇÃO

 Não causam poluição ambiental de qualquer natureza;


 Utilizam o sol como fonte de energética;
 Fácil transporte e manuseio devido ao baixo peso dos seus componentes;
 Por serem modulares permitem ampliações das instalações existentes de acordo com o acréscimo
do consumo;
 Resistentes ao clima tropical seco ou húmido;
 Utilização permanente, mesmo à noite, através de baterias que acumulam a energia gerada durante
o dia;

Em sistemas de bombeamento de água, em geral, o armazenamento é realizado em tanques de


água sem necessidade de baterias. Assim, nos casos em que o uso da água se faz necessário mesmo
quando a energia do sol não está disponível, ou, para compensar os períodos de baixa radiação solar,
pode-se utilizar um tanque de armazenamento, que fará a distribuição da água por gravidade.

Bombas de água accionadas por meio de geração fotovoltaica são viáveis para abastecimento
regular e confiável de regiões remotas. Ao comparar-se o custo de bombas de água utilizando geração
fotovoltaica com sistemas a Diesel, as “bombas solares” são, geralmente, consideradas mais baratas, para
vazões menores do que 50 m3 por dia e alturas manometricas menores do que 20 metros (muito embora
isto varie com as condições locais, níveis de insolação diário e custo do combustível).

Para uma operação eficiente, é necessário que as características de tensão e corrente da bomba
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combinem-se bem com a saída do arranjo fotovoltaico. Para isso, basicamente, existem três formas de
conectar as bombas ao arranjo. A mais simples é acoplar directamente a entrada da bomba à saída do
arranjo. A outra, é interpor baterias entre a entrada da bomba e a saída do arranjo, e a terceira, é usar
controladores electrónicos. 16As principais aplicações para Sistemas Fotovoltaicos de bombeamento de
água são:

 Bombeamento de água residencial;


 Bombeamento de água para consumo humano e animal, de pequenas comunidades;
 Sistemas de irrigação.

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SISTEMAS DE BOMBEAMENTO DE ÁGUA

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Um sistema de bombeamento tradicional é constituído basicamente por conjunto motobomba e
reservatório.
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Em sistemas de bombeamento fotovoltaico são acrescidos os geradores fotovoltaicos e o
dispositivo de condicionamento de potência. Nesses sistemas, segundo Pinho e Galdino (2014), de forma
geral, a água é elevada até reservatórios, que são dimensionados em função da autonomia necessária
(semelhante às baterias). Eles possuem diversas aplicações, tais como irrigação, abastecimento
residencial, esgotamento e na pecuária em bebedouros para animais. As principais vantagens são o
accionamento por energia não poluente, operação autônoma, custo de operação, baixa manutenção e
longa vida útil (MORALES, 2011).

A aplicação da energia fotovoltaica para bombeamento de água surge como uma alternativa ao
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bombeamento através de motores à diesel, estes utilizam combustível fóssil nocivo ao meio ambiente,
precisam de frequente manutenção e estão sujeitos à variação no preço do combustível.

Figura 4. Diagrama esquemático de um SFVB de água.

CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE BOMBEAMENTO


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Quanto à classificação dos sistemas de bombeamento, Sousa e Leite (2013) os dividem em dois
grupos: sistema directo e sistema indirecto.

A constituição dos dois tipos difere apenas no uso de baterias pelo sistema indirecto, contudo, com
vistas ao menor custo total do sistema, o sistema directo é mais usual, reservando-se a aplicação indirecta
apenas quando é necessário realizar o bombeamento em horário sem insolação. Além disso, o sistema
directo pode usar ou não um conversor de potência. A Figura 6 apresenta as configurações em ambientes
de bombeamento fotovoltaico, as linhas mais espessas destacam a modalidade mais utilizada.

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Figura 5. Configurações utilizadas em SFVB.

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO DE BOMBEAMENTO

O correcto dimensionamento de um sistema fotovoltaico de bombeamento de água com


reservatório elevado, como o modelo da Figura 7, é baseado no balanço energético visando o
equilíbrio entre a potência hidráulica, requerida para se elevar determinada quantidade de água
até seu reservatório, e a potência eléctrica proveniente da geração fotovoltaica.

Figura 6. Variáveis de um sistema de bombeamento.

Dessa forma, Pinho e Galdino (2014) sugerem o dimensionamento em duas etapas. A primeira
consiste na estimativa do consumo de água, que pode ser destinada tanto para o consumo humano quanto
para dessedentação animal e cultivo agrícola, para se chegar à vazão necessária de bombeamento. Em
seguida, dimensionar o sistema de geração.

Para se calcular os valores dessa segunda etapa é necessário apresentar alguns conceitos acerca do
bombeamento, são eles:
 Altura estática (he): definida como a distância entre o nível do solo e o nível da água em repouso;
 Altura dinâmica (hd): distância entre o nível do solo e o nível da água durante o bombeamento;
 Altura do reservatório (hr): distância do ponto superior do reservatório ao solo;

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 Altura manométrica (hm): soma da altura dinâmica com a altura do reservatório.

A Figura 10 mostra um sistema de bombeamento com motobomba submersa relacionando os


conceitos acima descritos.

Figura 7. Variáveis de um sistema de bombeamento.

O atrito entre o fluido bombeado e a tubulação, tanto em relação ao comprimento do tubo (ht)
quanto em relação aos outros elementos (hc) que fazem parte do sistema de condução do fluido, implicam
em perdas de carga. Essas perdas são dadas em metros, ou seja, equivale a uma maior distância a ser
percorrida, além disso, mais energia necessária ao sistema. Os 35 fabricantes de tubos e conexões
fornecem tabelas para a consideração desses valores de perdas.

Portanto, é necessário calcular a altura manométrica corrigida (hmc) por meio da Equação 1.

ℎ𝑚c = ℎm + ℎ𝑡 + ℎ𝑐 (1)

A energia hidráulica necessária ao bombeamento é calcula por meio da Equação 2 utilizando a


estimativa diária de consumo em forma de vazão (m³/dia) e a altura manométrica corrigida.

𝐸H = 2,725 ∗ 𝑄 ∗ ℎ𝑚c, (2)

em que EH é dada em Wh/dia, 2,725 representa uma constante quando o fluido bombeado é agua e Q é a
vazão em m³/dia.

Dividindo-se a vazão pelo número de horas que o SFVB funciona chega-se à vazão em m³/h.

O balanço de energia mencionado anteriormente é calculado pela Equação 3, nela levasse em


conta a eficiência (ηmb) do conjunto motobomba e seus equipamentos auxiliares (PINHO e GALDINO,
2014).

𝐸EL = 𝐸𝐻⁄𝜂mb, (3)

em que EEL é a energia eléctrica diária necessária dada Wh.

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O último passo é encontrar a potência do gerador fotovoltaico (PFV) em Wp, por meio da
Equação 4, esta considera o número de horas de sol pleno (HSP) médio anual de radiação no plano do
gerador.

𝑃𝐹V(𝑊P) = 1,25 ∗ 𝐸𝐸L⁄𝐻SP (4)

A unidade HSP indica a quantidade de horas que a irradiância permanece constante em 1 kW/m²
por dia.

PERFIL DO CONSUMIDOR DA ZONA RURAL

Apresentadas as obras de referência para a delimitação do poço, os valores das dimensões


retiradas de cada uma estão apresentados nas tabelas do Apêndice A.

Para o dimensionamento da demanda hídrica estudou-se o consumo estimado em actividades


rurais em geral de base familiar para pequenas propriedades, ou seja, aquelas com área de até 1 hectare
(COSTA, 2006), extraindo-se os valores de Piloto (2015), Bem et al. (2016) e Gonzalez (2018),
chegando-se à média de 5,4 m³/dia e de 70 litros/(pessoa.dia) de demanda hídrica para consumo
exclusivamente humano, dados reunidos no Quadro 2. Sendo assim, para se chegar na estimativa da
vazão de consumo de água total, foi obtido o valor 4,37 pessoas, em média, por família da zona rural.
Arredondando esse valor para 5, tem-se para vazão:

𝑄= 5 𝑝essoas ∗ 70 𝐿/𝑝essoa*dia + 5400 𝐿 ℎ𝑎∗𝑑ia = 5750 𝐿/𝑑ia(5)

Consumo humano Litros/(pessoa.dia)


Pequenas propriedades rurais 70
Actividades rurais em geral Litros/(há.dia)
Pecuária e agricultura 5400
Tabela 1. Estimativa de consumo médio de água por uso final.

Convertendo cada 1000 litros em 1 m³, chega-se a uma vazão de 5,75 m³/dia.

Com esse valor também se sugere a capacidade do reservatório, conforme Pereira,


Fedrizzi e Reis (2017), deve ter uma autonomia de pelo menos 2 dias, logo, o reservatório
utilizado deve suportar cerca de 11,5 m³. Assim, previne-se contra o desabastecimento para dias
com pouca insolação definindo a vazão diária neste valor.

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DEFINIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

A seguir, são apresentadas as principais características dos equipamentos (bombas, controladores,


baterias e inversores), utilizados em tais sistemas.

BOMBAS

Tipos de Bombas de Água

Existem duas categorias principais de bombas que podem ser usadas em Sistemas fotovoltaicos
isolados: centrífugas e volumétricas (de deslocamento positivo). Elas têm características e princípios de
funcionamento diferentes.

a) b)

Figura 8. Vista em corte de bomba centrífuga (a) e bomba volumétrica (b).

BOMBAS CENTRÍFUGAS

Em geral, as bombas centrífugas são adequadas para aplicações que exigem grandes volumes de
água (elevadas vazões) e pequenas alturas manométricas (reservatórios superficiais ou cisternas).
Possuem pás ou impelidores que giram em alta velocidade, criando pressão e forçando o fluxo de água
.
As bombas centrífugas são projectadas para alturas manométricas fixas e sua saída de água
aumenta com o aumento da velocidade de rotação das pás. A eficiência destas bombas descresce para
alturas manométricas e vazões distantes do seu ponto de projecto.

As características de operação das bombas centrífugas adequam-se razoavelmente bem à saída do


arranjo fotovoltaico. Assim, pelo fato de partirem gradualmente e sua vazão aumentar com a entrada de
corrente eléctrica (maiores níveis de insolação), elas podem ser conectadas directamente ao arranjo
fotovoltaico, sem necessidade de inclusão de bateria. Entretanto, uma boa relação entre a bomba e o
arranjo fotovoltaico é necessária para um eficiente funcionamento. Isto exige um profundo conhecimento
das características de operação da bomba e do arranjo fotovoltaico.

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O desempenho de uma bomba centrífuga conectada directamente ao arranjo fotovoltaico é muito
sensível ao valor da radiação solar. Assim, quando o nível de insolação se reduz, a corrente do arranjo cai
e o motor gira mais lentamente.

Pequenas mudanças no nível de insolação resultarão em grandes mudanças na saída da bomba,


podendo levá-la a não superar a altura manométrica necessária. Em alguns casos, o bombeamento será
interrompido, até o retorno de níveis de insolação mais elevados.

Existem duas classes principais de bombas centrífugas: as submersíveis e as de superfície. As


submersíveis trabalham “afogadas” enquanto as de superfície necessitam de um cano para sucção. Para as
bombas de superfície recomenda-se uma altura de sucção máxima de aproximadamente 6 metros. Alguns
modelos, como as auto-aspirantes, podem possuir alturas de sucção maiores.

As bombas centrífugas são adequadas à uma ampla faixa de valores de vazão. Existem sistemas
instalados com capacidades que vão até cerca de 1000 m3/h.

BOMBAS VOLUMÉTRICAS

Em geral, as bombas volumétricas, também chamadas de bombas de deslocamento positivo, são


adequadas quando se deseja atingir grandes alturas manométricas com pequenos ou moderados volumes
de água. A eficiência das bombas volumétricas aumenta com o aumento da altura manométrica. Além
disso, a saída de água das bombas volumétricas é quase independente da altura manométrica. Estes tipos
de bombas movem um volume de água por meio de um pistão ou cavidade, deslocando a água com outra
quantidade de água e, assim, sucessivamente.

Os tipos de bombas volumétricas mais usados em Sistemas Fotovoltaicos são as bombas de pistão
com contrapeso (também chamadas de bombas jack ou bombas donkey) e as bombas de cavidade
progressiva (algumas vezes, chamadas de bombas de parafuso).

As características de operação das bombas volumétricas não se ajustam tão bem com a saída do
arranjo fotovoltaico quanto as das centrífugas. Por isso, não são muito adequadas para ligação directa aos
arranjos fotovoltaicos, uma vez que a corrente necessária muda a cada ciclo da bomba. Pequenas
mudanças nos níveis de insolação sobre o arranjo fotovoltaico diminuirão a velocidade do motor mas não
reduzirão sua capacidade para atingir a altura manométrica necessária, como acontece no caso das
bombas centrífugas. Por este motivo, uma bomba do tipo deslocamento positivo tem condições de atingir
a altura manométrica desejada e continuar bombeando água, ao longo de todo dia.

Controladores electrónicos são recomendados para os outros tipos de bombas; porém, são
extremamente necessários para bombas volumétricas. Eles irão ajustar o ponto de operação do arranjo
fotovoltaico, de modo a fornecer a máxima corrente para a partida do motor. Muitos modelos de
controladores apresentam um seguidor do ponto de máxima potência (MPPT). Estes controladores
possuem um dispositivo electrónico “inteligente”, responsável por transformar a saída do arranjo e “casá-
la” com a potência de entrada da bomba. Eles permitem a operação para uma extensa faixa de níveis de
insolação, alturas manométricas e vazões de água. Em adição, solucionam o problema de partida das
bombas volumétricas. Estes controladores electrónicos consomem, tipicamente, de 4 a 7% da potência de
saída do arranjo fotovoltaico.

Baterias também podem ser usadas entre a bomba volumétrica e o arranjo fotovoltaico para
fornecerem uma tensão estável, para partida e operação da bomba. Além disso, permitem a partida do
motor, mesmo quando os níveis de insolação estiverem baixos. Na maioria da vezes, os controladores e as
baterias não são dimensionados para permitir o bombeamento de água durante a noite, mas somente para
dar estabilidade à operação do sistema.

As bombas volumétricas são, geralmente, instaladas quando se necessita de vazões na faixa de 0,3
- 40 m3/dia e alturas manométricas de 10-500 metros.

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BATERIAS

Os equipamentos mais usados como forma de armazenar energia produzida através de painéis
solares são as baterias.

Usam-se baterias secundárias (recarregáveis) num sistema fotovoltaico uma vez que se pretende
recarregar as baterias através do uso de um painel fotovoltaico. As baterias primárias são usadas apenas
até serem descarregadas, não sendo possível o seu recarregamento.

No entanto, nem todas as baterias são recomendáveis no que toca ao uso integrado no sistema
fotovoltaico, tendo estas, obviamente, de serem recarregáveis.

BATERIAS PARA USO EM SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

As principais características que uma bateria deve apresentar para ser usada em aplicações
fotovoltaicas são: alta capacidade de carga e descarga, alta eficiência energética, alta longevidade, pouca
manutenção e baixo custo. Através desta análise, facilmente se chega à conclusão que as baterias
tradicionais não se adaptam, de uma forma satisfatória, para esta finalidade.

Através de um correcto dimensionamento e estratégia de controlo do sistema, é possível alcançar


melhores condições de funcionamento. No entanto, o utilizador do sistema pode alterar completamente a
condição de uso das baterias existentes, levando a que a respectiva vida útil seja mais curta que o
esperado. Atendendo às restrições impostas, as baterias de chumbo-ácido são as mais usadas, uma vez
que apresentam a melhor relação custo-desempenho.

Existem tecnologias em desenvolvimento, havendo algumas que se têm mostrado promissoras. No


entanto, estas são muito caras para a quantidade de energia necessária em sistemas de energias
renováveis.

Várias são as causas que levam à diminuição da longevidade das baterias, das quais as mais
comuns estão listas a posterior:
• Carga acima da tensão máxima da bateria, levando a morte prematura
• Aumento da temperatura
• Falta de espaçamento entre baterias
• Tensão de flutuação abaixo do limite inferior estipulado
• Existência de ripple (ondulação residual)
• Falta de manutenção
• Estratificação do ácido
• Sulfatação
• Perda de matéria activa
• Corrosão
• Auto descarga, durante um longo período de desuso

INVERSORES

Equipamentos/dispositivos cuja finalidade precípua é converter uma tensão\corrente CC injectada


em suas entradas em uma tensão\corrente CA a ser disponibilizada nos seus terminais de saída. Podem ser
classificados, quanto à forma na qual a inversão é controlada, em dois tipos básicos:
a) Inversores comutados a linha: a inversão é controlada a partir da tensão da rede no qual o inversor vai
estar conectado;

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b) Conversores autocomutados: o processo de comutação passa a depender de um sinal de controle gerado
por um circuito interno ao inversor.

A potência do inversor, no caso do sistema conectado à rede, vai definir a quantidade de potência
injectada na rede. O arranjo fotovoltaico que alimentará a entrada do inversor é dimensionado a partir da
potência de pico fornecida pelas placas. A potência de pico das placas é superior a potência do inversor
para prever as possíveis perdas.

Comercialmente os inversores mais actuais são os chamados inversores de potência activa


caracterizados por possuir factor de potência unitário.

CONTROLADORES

Os controladores de carga estão ligados electricamente entre os painéis solares e o banco de


baterias. Sua principal finalidade é trabalharem como reguladores de tensão, proporcionando uma carga
optimizada das baterias e mantendo-as em regime de flutuação (manutenção da carga) uma vez atingida a
carga total.

Alguns modelos incorporam ainda a função de controle de descarga de baterias. Os controladores


de descarga objectivam proteger as baterias contra descarga excessiva, proporcionando maior
longevidade para as mesmas (vida útil mais longa).

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO OFF – GRID

O primeiro passo na elaboração de um projecto fotovoltaico, nesse caso, é determinar o consumo


diário e mensal estipulado de energia eléctrica pela casa ou residência. Para isso, serão adoptados os
valores de potências e demandas dos aparelhos já previamente instalados e em utilização, que são
abastecidos pelas baterias do sistema, por padrões de tempo de utilização residênciais.

Equip. Qtd. Potênci Uso Consumo


a (h/dia) (Wh/dia)
total
(W)
Lâmpada 8 100 7 700
SmartTV 1 48 8 384
LED 32’
Computado 4 130 4 520
r
Geleira 1 72 24 x 864
(1/2
Arca 1 131 24 3144
Telefone 5 50 2 100
Bomba d´ 1 91,2 3 273.6
água
Microond 1 1500 0,25 375 Tabela 2.
Consumo diário e as mensal de energia
eléctrica na TOTAL - 2122,2 - 6360,6 residência.

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TOTAL (Wh/dia) 6360,6

TOTAL MÊS (Wh/30 190800


dias)

Tabela 3. Valores totais de consumo e potência

Fonte: (Autor, 2022)

Com o total da demanda que a residência tem, é possível obter as dimensões dos componentes que
compõem o projecto e todo o impacto económico e estrutural desse sistema fotovoltaico.

RADIAÇÃO SOLAR EM ANGOLA

Como um dado indispensável para o dimensionamento de sistemas fotovoltaicos, além da potência


instalada e seu consumo, o índice de incidência de radiação solar é um parâmetro importante para
identificar o potencial de geração de energia de certas localidades. Como o propósito da residência
mencionada pelo projeto é de ser é abastecida com energia eléctrica (electricidade) e água que é o nosso
foco.

Viu-se então a necessidade de conhecer o nosso nível de irradiação solar média de potência
produzida anualmente na província de Luanda que é de 1400kwh/m/ano.

Para se seleccionar qual tipo de módulo será usado nos projectos fotovoltaicos, deve se ter
conhecimento de que cada painel solar tem uma capacidade diferente de geração, a escolha do painel é
devida a quantidade desejada de capacidade de geração de acordo com o consumido diariamente
(Tabela 4).

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Carga instalada 1953,2 W

Consumo diário 6360,6 W/H

Radiação (Média
anual)
1400
KWH/M/ANO

Tensão de operação
do sistema C.C.
12 V

Tensão de saída 220 V

Eficiência do 97 %
cabeamento

Eficiência das
Baterias
100 %

Eficiência do 100 %
Inversor
Tabela 4. Parâmetros
para dimensionamento

Fonte: (Autor, 2022)

Desta maneira, a potência mínima para a geração, corrigida com os factores de eficiência dos
componentes, é:

P= [( C /R ) / (EFC*EFB*EFI ) ]

Sendo:

P - Potência mínima da geração / dos painéis solares


C- Consumo diário
R- Radiação média diária anual
EFC - Eficiência do cabeamento
EFB – Eficiência do Banco de Baterias
EFI- Eficiência do Inversor

P = (6360,6 / 1400 ) / (0, 97 * 100 * 100) = 0.00046

Existem diversos painéis solares para diversos tipos de soluções possíveis, para esse projecto, por
disponibilidade e encaixe no orçamento, escolheu-se utilizar doze módulos do CS6K-305M (Figura 7),
que possuem 305 W de potência nominal. As características eléctricas deste painel são disponibilizadas
na Tabela 5.

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Potência máxima 305 W
Tolerância 0%a+5%
Tensão de circuito
aberto
39,9 V
Tensão de Pico( Vmpp) 32,7 V

Corrente de curto (Isc) 9,91 A


Corrente de Pico ( Impp) 9,33 A
Voltagem Máxima 1000V
Tipo Silício Monocristalino
PERC
Dimensões 1650 x 992 x 35 (mm)
Peso 18,2 kg

Tabela 5. Ficha técnica do módulo CS6K-305M.

Figura 9. Painel Canadian Solar - Cs6k - 305m

Considerando a configuração dos módulos, sua tensão de operação sendo 12V e corrente elétrica
máxima fornecida de 9,91 A, a seleção do controlador de carga se dá
pela fórmula:(GREENPRO, 2004)

Icontrolador = 1, 25 * N módulos * Isc

Icontrolador - Corrente mínima do controlador


N módulos - Número de módulos
Isc - Corrente de Curto do módulo

Icontrolador = 1, 25 * 4 * 9, 91 = 49, 55 A

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Conforme o cálculo demonstra, o sistema necessitará de pelo menos um controlador de carga de
aproximadamente 50 A. Para a segurança da instalação e dos outros componentes do sistema
fotovoltaico, foram instalados dois controladores Fangpusun MPPT 100/50D (Figura 8), cada um
conectado a um par de placas fotovoltaicas e possuindo corrente de 50 A cada. A ficha técnica do
controlador segue na Tabela 6.

12 V
Tensão
50 A
Corrente Máxima

700 W
Potência Máxima
12V

Eficiência máxima
98%

Peso 1.6 Kg

Dimensões
186 x 125 x 83
(mm

Tabela 6. Ficha técnica do controlador


Fangpusun.

Figura 10. Controlador Fangpusun


MPPT 100/50D.

Foi feito um cálculo para determinar o banco de baterias ideal para o sistema dimensionado, além
da quantidade e da forma de ligação entre elas. As equações utilizadas para o dimensionamento e a
escolha dessas baterias em específico, foram: (GREENPRO, 2004)

Energia armazenada:

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EA = Ec/Pd =6360,6/60% = 10601 Wh

Sendo:
EA - Energia armazenada no Banco (Wh)
Ec - Energia consumida diariamente (Wh)
Pd - Profundidade de descarga permitida (Admitido
um valor padrão para o tipo de bateria de
ácido-chumbo de 60%).

Visualizando a quantidade de energia que deverá ser armazenada pelas baterias, foi considerado
para o sistema dois dias de autonomia com a utilização padrão dos equipamentos eletrônicos dentro do
veículo, conferindo mais segurança para as viagens interestaduais.

Cálculo de energia armazenada necessária para uma


autonomia de 2 dias:

10601 Wh*2 = 212002 Wh

Determinado a quantidade de energia que seria armazenada, foram feitos os últimos cálculos para
dimensionar o tamanho do banco de baterias:

Capacidade do banco:

CBanco = EA/V Banco = 212002 / 12 = 1766,83 Ah

Sendo:
CBanco - Capacidade de carga do banco de baterias (Ah)
EA - Energia armazenada no banco de baterias (Wh)
V Banco - Tensão operante do banco (V)

Número de Baterias em paralelo:

NBP = CBanco / CBat = 1766,83 / 225 = 7,85 = 8

Sendo:
NBP - Número de baterias ligadas em paralelo
NBP - Capacidade de carga do banco de baterias ( CBanco Ah)
CBat - Capacidade de carga de cada bateria

De acordo com os cálculos, quatro baterias CL - 225 HD (Figura9), todas ligadas em paralelo, se
encaixam perfeitamente na demanda e garantem ainda mais segurança e autonomia para a residência no
mínimo para dois dias menos activos, com baixa radiação, do sistema fotovoltaico. A ficha técnica da
bateria se apresenta na Tabela 7.

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Tensão 12 V

C rate 20

RC (min) 350
CCA (A) 1050

Peso 46,60 kg
Profundidade de 60%
Descarga (DoD)
Dimensões 511 x 215 x 240
(mm)
Tabela 7. Ficha técnica da bateria CL-
225 HD

Fig
ura 11. Bateria Cral CL - 225 HD .

Para diminuir ainda mais o custo do projecto, foi optado por um inversor de onda senoidal
modificada, por seu uso ser restrito para os sistemas independentes, é uma excelente opção para abaixar o
custeio. A capacidade do inversor deve superar a potência do maior consumo dos equipamentos que
demandam carga do sistema. Para isso, o dimensionamento do inversor ideal para o projecto consiste em
ser no mínimo acima da potência do sistema, sempre levando em conta um factor de segurança de 30%. A
fórmula a seguir evidencia isso:

Pinv = PEquip * FSeg = 3 * 4 * 1 3 = 1586 W

Sendo:

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Pinv - Potência mínima do inversor
Pequip. - Potência dos equipamentos no sistema
Fseg - Factor de segurança de 30%

A utilização do inversor SP - 2500 (Figura 10) foi determinada para necessidades futuras no
aumento de demanda do veículo de recreação, o inversor manterá o funcionamento sem a necessidade de
uma troca precoce. Além disso, a escolha desse inversor foi para controlar e suportar os picos de demanda
do veículo de recreação, que seriam da geladeira, utilização da bomba de água e no uso do microondas. A
Tabela 8, indica a ficha técnica do equipamento.

Potência 2500 W

Pico de potência 5000 W

Tensão de saída 220/230/240

Eficiência > 85 %

Forma de onda Senoidal


modificada

Tabela 8. Ficha técnica do inversor SP-2500

Figura 12. Inversor SP-2500

Assim com o dimensionamento feito temos o nosso sistema pronto e preparado para ser projectado
em qualquer área rural da província de Luanda.

REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA EM UM DIAGRAMA DE BLOCOS

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Figura13. Diagrama de bloco em representação do sistema proposto.

CONCLUSÃO

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Conclui-se, portanto que o sistema fotovoltaico bem como suas aplicações têm uma grande
importância a nível mundial, mas propriamente nas regiões em que a falta de electricidade e o
abastecimento de água é total. Tem-se o sistema fotovoltaico como fonte de energia renovável para a
geração de energia eléctrica e o abastecimento de água nestas áreas onde não é possível ter a energia da
rede convencional e água para consumo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica do


Instituto Federal da Bahia – IFBA, campus de Paulo Afonso, como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel em Engenharia Eléctrica.

Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos.

Daniel Augusto Pereira - projecto submetido ao corpo docente do departamento de engenharia


eléctrica da escola politécnica da universidade federal do rio de Janeiro como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de engenheiro electricista.

Manual de engenharia sobre tecnologia, projecto e instalação- energia fotovoltaica (guia


técnico).

Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos – grupo de trabalho de energia solar-


GTES(CEPEL-CRESESB).

Geração Solar Fotovoltaica Conceitos Básicos - Prof. Eng. Dennys Lopes Alves.

APLICAÇÃO DE PAINÉIS SOLARES FOTOVOLTAICOS COMO FONTE


GERADORA COMPLEMENTAR DE ENERGIA ELÉTRICA EM RESIDÊNCIAS- Trabalho de
conclusão de curso apresentado à disciplina Trabalho Final de Curso como requisito parcial à conclusão
do Curso de Engenharia Elétrica, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná.

Energia Solar Fotovoltaica : Fundamentos, Conversão e Viabilidade técnico-econômica - PEA –


2420 PRODUÇÃO DE ENERGIA.

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