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ON R+
➤ Volume fecal > 10 ml/kg/dia ou > 200 g/dia; em lactente em Lembre-se do seguinte:
aleitamento exclusivo, considerar a mudança no padrão
Um lactente jovem tem um débito fecal de
habitual das evacuações.
aproximadamente 5 ml/kg/dia. O volume diário de fezes
vai aumentando progressivamente, até que é alcançado o
Mecanismos principais
volume encontrado em adultos, que é de
aproximadamente 200 g/dia. Logo, se uma criança começa
➤ Mecanismo osmótico: por aumento de osmolaridade
a apresentar diarreia, isso indica um grande aumento do
intraluminal (solutos não absorvidos); pode melhorar com
seu débito fecal em relação ao habitualmente apresentado.
o jejum; gap osmolar fecal alto.
➤ Mecanismo secretor: secreção ativa de eletrólitos para o Como não é possível sabermos na prática qual foi o volume das
lúmen intestinal; pouca melhora pelo jejum; gap osmolar evacuações de uma criança ao longo do dia, a diarreia pode ser
fecal baixo. caracterizada pela ocorrência de três ou mais evacuações
líquidas ou amolecidas em um período de 24 horas.
Classificação quanto à duração
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➤ Aguda: até 14 dias – geralmente um quadro infeccioso.
Agora que você relembrou o que deve ocorrer normalmente, ➤ Gap osmolar fecal é baixo.
entenda o que acontece em diferentes mecanismos que ➤ Diarreia aquosa.
culminam em diarreia e, mais à frente, você irá entender de que
forma isso tem impacto no manejo prático desses pacientes.
➤ Sem presença de leucócitos nas fezes.
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➤ Volume menor do que o encontrado na diarreia secretória.
➤ Melhora com o jejum.
➤ Gap osmolar fecal* é alto. CLASSIFICAÇÃO
➤ Diarreia aquosa.
Os quadros de diarreia podem ser classificados de várias
➤ Avaliação fecal: presença de substâncias ácidas e formas. As classificações podem levar em conta a duração do
redutoras. evento, o seu mecanismo fisiopatogenético ou mesmo as
➤ Sem presença de leucócitos nas fezes. características clínicas e topográficas da lesão.
➤ Hipertireoidismo.
DURAÇÃO
Diarreia Crônica
Não há consenso nesta classificação, mas isso não costuma
representar um problema no momento de avaliarmos uma Menores de 1 ➤ Desordens da absorção e transporte
questão ou realizarmos a abordagem inicial de um paciente. ano de nutrientes e eletrólitos. Exemplos:
deficiência de lactase (primária ou
➤ Diarreia aguda: tem duração de até 14 dias . A maioria dos secundária); deficiência congênita de
episódios de diarreia aguda é provocada por um agente sucrase-isomaltase; acrodermatite
infeccioso. Cabe ressaltar que, embora a definição de diarreia enteropática.
aguda considere o limite máximo de duração de 14 dias, a
➤ Defeitos na estrutura do enterócito.
maioria dos casos irá resolver-se em até sete dias.
➤ Diarreias neuroenteroendócrinas.
➤ Diarreia persistente: tem duração de 14 dias ou mais . Até
10% dos episódios de diarreia são persistentes, o que leva a ➤ Defeitos relacionados com processos
problemas nutricionais e contribui para a mortalidade na imunes. Exemplos: colite associada
infância. ao leite de vaca; gastroenterocolite
eosinofílica.
➤ Diarreia crônica: tem duração superior a 30 dias.
➤ Insuficiência pancreática: fibrose
Cabe indicar que alguns autores dizem que os quadros com cística; síndrome de Shwachman-Dia‐
➤ Intoxicação alimentar.
➤ Diarreias neuroenteroendócrinas.
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INVESTIGAÇÃO
O que veremos agora são exames indicados, principalmente, na
abordagem do paciente com diarreia crônica que podem
apresentar um quadro de má absorção. Como falaremos na
próxima seção, diante de uma criança com diarreia aguda não
costuma haver a necessidade de qualquer investigação
complementar.
É interessante observar que os quadros de má absorção podem Figura 1. Teste de exalação de hidrogênio.
ser o resultado de um problema relacionado com a digestão do
nutriente ou com um defeito na absorção mucosa deste
nutriente. Algumas condições cursam com má aborção de INVESTIGAÇÃO DA MÁ ABSORÇÃO
múltiplos nutrientes, enquanto outras estão tipicamente
associadas com alteração da absorção de um nutriente DE GORDURAS
específico. A diarreia costuma ser uma manifestação comum a
todos os quadros.
➤ Avaliação quantitativa da gordura fecal: durante três dias,
coletam-se as fezes do paciente. Através do coeficiente de
absorção de gordura (%) = [gordura ingerida (g) - gordura
fecal (g)] / gordura ingerida x 100, obtemos o percentual de
INVESTIGAÇÃO DE MÁ ABSORÇÃO gordura perdida através das fezes. Geralmente, crianças
DE CARBOIDRATOS normais conseguem absorver mais de 95% da gordura
ingerida na dieta. Recém-nascidos prematuros e lactentes
➤ pH fecal: os valores normais do pH fecal em lactentes em muito jovens têm essa capacidade reduzida a 75 e 90%,
aleitamento materno são de 4,6 a 6,0 e, naqueles em respectivamente. Por isso, o achado de gordura nas fezes
aleitamento artificial, são de 5,5 a 8,5. Nas crianças maiores, destas crianças não deve ser interpretado como achado
os valores situam-se entre 6,5 e 7,5. Valores mais baixos que a anormal. Valores de gordura fecal acima de 3 g/24 horas
referência, isto é, maior acidez, indicam má absorção de caracterizam a esteatorreia.
carboidratos. ➤ Avaliação qualitativa: uma outra maneira de detectar a
➤ Pesquisa de substâncias redutoras nas fezes (Clinitest®): presença de gorduras nas fezes é através do seu exame
um resultado > 2+ sugere má absorção de carboidratos, pois microscópico em lâmina, após adicionar o corante Sudam III
seu excesso na luz intestinal é fermentado pelas bactérias (que marca gordura).
intestinais e é transformado em ácidos orgânicos que podem
ser detectados pelo teste.
➤ Teste de exalação do hidrogênio: depois de uma noite de INVESTIGAÇÃO DA MÁ ABSORÇÃO
jejum, o açúcar para o qual se suspeita de deficit de absorção
(ex.: lactose) é oferecido por via oral na dose 1-2 g/kg. Nas
DE PROTEÍNAS
síndromes disabsortivas, não haverá digestão do açúcar e este ➤ Hipoalbuminemia sérica: a perda intestinal de proteínas
não será absorvido no intestino delgado. Ao chegar ao cólon,
manifesta-se com hipoalbuminemia. Entretanto, as principais
as bactérias da flora o processarão e produzirão hidrogênio
causas de hipoalbuminemia na infância decorrem de doenças
através das reações químicas. Este hidrogênio é absorvido
➤ Alfa-1-antitripsina fecal: esta proteína é resistente à ➤ Tripsinogênio sérico: na fibrose cística, encontramos um
hidrólise no trato gastrointestinal e sua detecção nas fezes é tripsinogênio sérico muito elevado nos primeiros anos de vida
um teste útil para rastreio de enteropatias perdedoras de devido ao extravasamento da enzima para o sangue a partir
proteínas. dos ácinos obstruídos. Com o passar do tempo, seus níveis
caem muito.
Etiologia
➤ Viral: INTRODUÇÃO
■ Causam diarreia aquosa;
O quadro de diarreia aguda é aquele que tem duração inferior a
■ Rotavírus é o principal agente dos quadros graves em 14 dias e, na maior parte das vezes, tem etiologia infecciosa.
lactentes; norovírus são associados com surtos de Eventualmente, pode estar relacionada com processos não
gastroenterite. inflamatórios, toxinas ou medicações. É bastante comum a
utilização do termo gastroenterite aguda para a caracterização
➤ Bacteriana:
desses eventos e, certamente, você já teve a oportunidade de
■ Causam diarreia aquosa ou disenteria; atender inúmeras crianças com esta condição.
■ Diarreia aquosa: ETEC (diarreia do viajante), EPEC
(diarreia persistente), vibrião colérico (diarreia grave – Os quadros de diarreia aquosa costumam ter uma etiologia
fezes em água de arroz – tratamento com azitromicina); viral, podendo também estar relacionados com infecções
bacterianas e parasitárias. Já os quadros de disenteria estão
■ Disenteria (os agentes aqui também podem causar
tipicamente associados com o desenvolvimento de uma colite
apenas diarreia aquosa): Shigella (principal causa de
bacteriana.
disenteria em nosso meio; tratamento indicado com
ciprofloxacina – OMS – ou ceftriaxona – MS, nas formas
graves); Salmonella (pode causar doença grave em
populações específicas); Campylobacter (associado com ETIOLOGIA
síndrome de Guillain-Barré); EIEC (disenteria semelhante
à Shigella ); EHEC (ou STEC; associa-se com SHU – anemia
Uma vez que se trata de um processo infeccioso, devemos
hemolítica microangiopática + trombocitopenia +
conhecer quais os agentes que podem levar ao evento e quais as
insuficiência renal aguda).
principais particularidades identificadas em cada um deles.
Tratamento
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➤ Determinado pelo estado de hidratação: A seguir, você encontra as principais características dos
principais agentes envolvidos. Deixaremos para falar sobre os
■ Plano A: crianças sem desidratação; aumento da ingestão
eventuais protozoários causadores de diarreia ao estudarmos as
de líquidos + zinco por dez dias + manter a alimentação +
parasitoses intestinais.
orientação quanto aos sinais de gravidade;
virais; transmitidos por água e alimentos, e podem acometer depois localizada em quadrante inferior direito. A diarreia é
➤ Leva a um quadro de disenteria ; febre alta, dor abdominal a) A diarreia do tipo secretora é aquela induzida por
intensa, náusea, vômito, diarreia sanguinolenta, tenesmo e enterotoxinas bacterianas.
urgência para defecar.
b) A E. coli enterotoxigênica (ECET) é a principal causa da
➤ Os principais sintomas extraintestinais relacionados à síndrome hemolítico-urêmica (SHU) por produzir dois
shigelose estão associados ao sistema nervoso central, como tipos de enterotoxinas: LT (termolábel) e ST (termoestável).
cefaleia, meningismo, letargia, confusão e alucinações, que
c) O Na+ pode ser absorvido acoplado a glicose, galactose ou
podem mesmo anteceder o quadro de gastroenterite.
aminoácidos, com auxílio de transportadores específicos e
se mantendo inalterado durante os episódios de diarreia
CAMPYLOBACTER aguda.
➤ A principal complicação descrita é o desenvolvimento da R. Vejamos cada uma das opções. A opção A está correta; a
síndrome de Guillain-Barré. diarreia secretora está tipicamente associada com a presença
de enterotoxinas bacterianas. Cabe indicar que o rotavírus
também é capaz de secretar enterotoxinas. Opção B está
VIBRIO CHOLERAE errada; as duas enterotoxinas citadas são produzidas pela E.
➤ Causa doença por liberação de enterotoxina levando a uma coli enterotoxigênica, mas esta não causa a SHU (a principal
HIDRATAÇÃO
Não há sinais suficientes SEM DESIDRATAÇÃO
O primeiro passo no tratamento sempre é a avaliação do estado para classificar como
de hidratação. Sabemos que existe mais de uma proposta DESIDRATAÇÃO ou
classificatória e você pode conferir cada uma delas nas Tabela DESIDRATAÇÃO GRAVE.
2, Tabela 3, Tabela 4.
Fique atento para o seguinte:
Avaliar Classificar
■ Letárgica ou incons‐
ciente;
■ Olhos fundos;
2) SUPLEMENTAÇÃO DE ZINCO
3) MANTER ALIMENTAÇÃO
c) Melhora o estado geral e diminui a distensão. ➤ A TRO está contraindicada em caso de distensão
2) FORMA DE ADMINISTRAÇÃO
b) Realizar reposição com soro de reidratação oral 50 a 100 c) Associar domperidona e manter terapia de reidratação
ml/kg em 3 a 4 horas, com reavaliações periódicas em oral.
unidade de saúde.
d) Manter terapia de reidratação oral.
c) Internar para hidratação venosa. Administrar 20 ml/kg de
solução fisiológica para correr em 30 min e depois deixar R. Tanto o Ministério da Saúde quanto a nossa SBP indicam o
manutenção com reposição de perdas. uso de ondansetrona nestes casos. Resposta: letra A.
d) Liberar para casa com orientação de manter dieta habitual
da criança, administrar zinco por 10-14 dias, reposição de
perdas com solução de reidratação, 50-100 ml após cada
evacuação diarreica. PLANO C
As crianças com desidratação grave devem receber, o mais
R. Esse paciente apresenta um quadro de diarreia aguda com
rapidamente possível, a reidratação por via intravenosa. Caso a
sinais de desidratação, mas sem critérios para desidratação
criança seja capaz de ingerir líquidos, enquanto a hidratação
grave. Portante, deve receber o plano B de tratamento da
venosa é providenciada, deve ser oferecida a SRO por via oral.
desidratação recomendado pelo Ministério da Saúde: TRO na
unidade de saúde, num volume médio de 75 ml/kg nas
Veja os principais aspectos deste plano.
primeiras 4 horas, com reavaliação constante neste período.
Neste caso, a resposta da banca não trouxe esta indicação,
mas algo aproximado, descrito na opção B. De todo modo, as
demais alternativas não seriam de maneira alguma cabíveis
PLANO C
para este caso. Resposta: letra B. 1) TIPO DE SOLUÇÃO E VOLUME
2) TEMPO DE ADMINISTRAÇÃO
3) REAVALIAÇÃO
Figura 3.
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Agora, será que é sempre isso o que cai nas provas? O
Ministério da Saúde apresenta documentos onde traz planos
mais antigos ( Figura 3 ).
É bem possível que você já tenha visto crianças com uma degradação das encefalinas. As encefalinas, por sua vez,
provável gastroenterite viral receberem a orientação para o reduzem a secreção intestinal de água e eletrólitos que se
uso de nitazoxanida. Ainda que seja possível encontrarmos na encontram aumentados nos quadros de diarreia aguda. Deste
literatura a descrição de que esse tratamento seja capaz de modo, por não serem degradadas, têm ação mais duradoura.
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CUIDADOS ESPECIAIS
➤ Intolerância permanente ao glúten. Paciente não pode
DIARREIA CRÔNICA consumir trigo, centeio e cevada.
➤ Marcadores: HLA-DQ2 e HLA-DQ8.
QUADRO DE RESUMO ➤ Quadro clínico:
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FORMA SILENCIOSA OU
SUBCLÍNICA
Identificada em indivíduos que apresentam alterações
sorológicas compatíveis com a doença, bem como alterações
histológicas da mucosa do intestino delgado compatíveis com
DC, mas não possuem manifestações clínicas evidentes. São
habitualmente identificados durante o rastreamento em
populações de maior risco.
FORMA POTENCIAL
Figura 5. São indivíduos com alterações sorológicas, mas sem alterações
A crise celíaca pode ocorrer quando há retardo no diagnóstico confirmadas na biópsia intestinal. Da mesma forma que nos
e no tratamento, podendo ser desencadeada por processos quadros anteriores, a identificação destes indivíduos costuma
infecciosos. O paciente apresenta diarreia grave com ocorrer durante o rastreamento em grupos de risco. É
desidratação hipotônica grave, distensão abdominal importante importante, para o diagnóstico desta forma, que tenham sido
por hipopotassemia, desnutrição grave, além de outras obtidos fragmentos de várias porções do duodeno, pois as
manifestações, como hemorragia, cãibra e tetania. alterações podem ser localizadas.
Os pacientes com DC podem apresentar diversas manifestações A avaliação dos anticorpos antigliadina IgA e IgG não é
cutâneas, sendo a dermatite herpetiforme a mais comum habitualmente feita de rotina, tendo em vista sua baixa
(encontrada principalmente em adultos, sendo pouco descrita sensibilidade e especificidade.
antes da puberdade). O quadro é caracterizado por uma
erupção papulovesicular pruriginosa, com distribuição
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A técnica para análise do anticorpo antiendomísio IgA é serrilhado. Outros achados incluem a presença de fissuras e
bastante trabalhosa e depende muito da experiência do aspecto nodular. Devem ser obtidos fragmentos de várias
examinador. porções do duodeno.
Em resumo: o teste de escolha é o IgA antitransglutaminase A avaliação histopatológica deve ser caraterizada pela
tecidual (IgAanti-tTG). Quando este exame é negativo, mas a classificação de Marsh ( Figura 7 ). Podem ser encontradas
suspeita clínica permanece grande, está indicado proceder à desde alterações mais discretas, apenas com aumento dos
dosagem de IgA total no sangue do paciente. Como já tínhamos linfócitos intraepiteliais, até quadros mais graves, com mucosa
visto há várias semanas, há uma associação entre a deficiência totalmente atrófica, perda das vilosidades, aumento da
seletiva de IgA e a DC. apoptose epitelial e hiperplasia das criptas. A classificação é a
seguinte:
Figura 7.
➤ Estágio 0 (padrão pré-infiltrativo), com fragmento sem
alterações histológicas e, portanto, considerado normal;
BIÓPSIA INTESTINAL
Lembre-se de que, do mesmo modo que é recomendado na
A biópsia é o padrão-ouro para o diagnóstico. Está indicada nos avaliação sorológica, as biópsias devem ser feitas enquanto o
seguintes casos: paciente está recebendo a dieta com glúten.
➤ Forte suspeita da doença; e/ou A confirmação é estabelecida quando ocorre a melhora clínica
após a retirada do glúten. A normalização dos anticorpos após a
➤ Positividade dos testes sorológicos.
retirada do glúten também corrobora o diagnóstico naqueles
pacientes com menos sintomatologia.
Durante a endoscopia digestiva alta, pode ser observada
mucosa atrófica e redução do pregueado mucoso com aspecto
Esta exclusão pode parecer algo simples, mas não se engane. b) ERRADO.
São necessários cuidados constantes para evitar o consumo
destes alimentos. R. A própria banca já indicou que se trata de um quadro de
DC. A primeira afirmativa foi considerada correta pela banca.
Diversos outros alimentos são permitidos e, durante as De fato, além das manifestações gastrointestinais, a criança
consultas, isso deve ser dito de forma explícita. Alguns com DC pode ter uma série de outras condições clínicas
exemplos são: arroz, grãos (feijão, lentilha, soja, ervilha, grão- associadas. Cabe, contudo, ressaltar que a dermatite
de-bico), óleo, azeite, vegetais, hortaliças, frutas, tubérculos herpetiforme não é comum em um pré-escolar. Resposta:
(batata, mandioca, cará, inhame), ovos, carnes (bovina, suína, letra A.
peixes e aves), leite* e derivados. As fezes do paciente provavelmente apresentam elevados
níveis de gordura parcialmente digerida.
A repetição da biópsia e a reintrodução do glúten para R. Mais uma afirmativa certa. Na avaliação diagnóstica são
confirmar o desencadeamento dos sintomas já foram práticas feitas as dosagens de anticorpos e, principalmente quando a
rotineiras, mas não mais recomendadas para todos os pacientes. avaliação inicial for negativa, deve ser feita a avaliação da
IgA sérica total. A confirmação diagnóstica é obtida pelos
Quando não há melhora, deve-se considerar a falta de adesão ao achados na biópsia. Resposta: letra A.
tratamento, a presença de outras doenças gastrointestinais Uma vez realizada a biópsia desse paciente, os achados
concomitantes, a presença de alguma doença que mimetize a principais devem ser a hipertrofia de vilosidades e a
DC. diminuição do número de linfócitos intraepiteliais.
e) Se anticorpo antitransglutaminase tecidual IgA estiver dez ➤ Deficiência congênita de lactase: é uma condição muito rara
vezes acima do limite superior e o anticorpo e caracteriza-se pela ausência de atividade da lactase no
antiendomísio IgA for positivo em pacientes HLADQ2 e/ou intestino. Manifesta-se já nos primeiros dias de vida, esteja a
DQ8, o diagnóstico pode ser confirmado, mesmo sem criança recebendo leite materno ou fórmula que contenha
biópsia intestinal. lactose. Há diarreia ácida, hiperemia perianal e pode haver
desidratação.
R. E aí: a biópsia é ou não é obrigatória? Depende da fonte... ➤ Deficiência primária de lactase adquirida (hipolactasia
Perceba que as recomendações mais atuais da ESPGHAN já tipo adulto ou deficiência ontogenética de lactase): é
podem aparecer em provas. Ainda que isso não seja um consequência de uma redução na atividade da lactase que
consenso universal, caso as características descritas na opção ocorre normalmente na maioria dos mamíferos. Este declínio
E estejam presentes, o diagnóstico pode ser estabelecido regular tem início na idade pré-escolar e se completa antes da
mesmo sem a biópsia. Cabe ressaltar que, nestes casos, deve adolescência. O quadro clínico irá variar de acordo com o
haver sintomatologia clínica compatível. Resposta: letra E. nível residual de lactase do paciente e com a quantidade de
lactose ingerida. É descrito que esta forma pode afetar
aproximadamente 70% da população mundial, mas essa
porcentagem varia de acordo com a etnia e com o costume
INTOLERÂNCIA À LACTOSE quanto ao uso de produtos lácteos na dieta.
a principal dissacaridase afetada, pois é secretada bastante para boa parte dos pacientes (lembre-se de que as
principalmente nas porções mais distais dos vilos. manifestações são dose-dependentes). Alguns derivados lácteos
têm teor reduzido de lactose.
As consequências clínicas de todas essas formas são Não costuma ser necessária a restrição de formulações
semelhantes. O quadro típico ocorre pela fermentação da medicamentosas que contenham lactose na sua composição.
lactose não digerida já descrita anteriormente. Podemos
ter o desenvolvimento de: diarreia, dor abdominal,
Existem também preparados de lactase que, quando ingeridos
distensão abdominal, flatulência e vômitos.
junto com alimentação, podem aumentar a tolerância ao leite.
Esta reposição enzimática, apesar de reduzir os sintomas, não é
capaz de digerir toda a lactose da dieta. É necessário avaliar a
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b) Intolerância à sacarose.
a) Deve-se orientar dieta com exclusão da proteína do leite
c) Enterocolite infecciosa. de vaca.
d) Intolerância à proteína do leite de vaca. b) Deficiência tardia de lactase não é considerada prevalente
na maioria da população mundial.
R. Estamos diante de uma lactente que apresenta um quadro
c) Infecções por Giardia não predispõem à redução da
de diarreia. Temos uma informação no enunciado que deve
capacidade de digestão da lactose.
chamar nossa atenção: a descrição de dermatite na região
das fraldas. A descrição de hiperemia perianal é indicador de d) Intolerância transitória à lactose associa-se à hipolactasia
uma sobrecarga de lactose no conteúdo intestinal, pois o por lesão da mucosa intestinal decorrente infecções virais.
açúcar não absorvido sofre metabolização bacteriana no
intestino com formação de ácidos orgânicos e gases. R. O enunciado nos mostra um pré-escolar que apresentou
Confirmamos nossa hipótese pela pesquisa positiva de um caso típico de gastroenterite infecciosa há três semanas e,
substância redutora nas fezes. Os açúcares não digeridos desde então, mantém dor abdominal + distensão após a
levam a esta alteração na avaliação complementar. Os ingestão de leite de vaca. Este quadro é compatível com
pacientes apresentam dor abdominal em cólica associada à intolerância transitória à lactose. Durante uma infecção
diarreia osmótica com fezes explosivas. É possível que no intestinal aguda, a borda em escova dos enterócitos é lesada
início do quadro tenha havido um insulto infeccioso e o e, com ela, perde-se a lactase, enzima presente no topo das
quadro está se prolongando pela intolerância secundária, vilosidades intestinais. A consequência é a perda transitória
uma das condutas aceitáveis seria a redução do aporte de da capacidade de digerir a lactose do leite. Resposta: letra D.
lactose na dieta. Resposta: letra A.
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DOENÇAS INFLAMATÓRIAS
INTESTINAIS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
De uma maneira geral, as manifestações iniciais na população
INTRODUÇÃO pediátrica incluem a dor abdominal e a diarreia.
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Tais condições são menos comuns em nossa prática e,
DOENÇA DE CROHN
consequentemente, aparecem com menos frequência nas
As manifestações mais frequentes incluem a dor abdominal,
provas. O pico de incidência das Doenças Intestinais
perda de peso, parada de crescimento, anemia, diarreia, doença
Inflamatórias (DII) é dos 15 aos 30 anos, sendo que a menor
perianal, febre, artrite e lesões de pele. As aftas orais
parte desenvolve os quadros antes dos 20 anos. Ainda assim é
(estomatite aftosa) podem ser encontradas. A dor abdominal
importante que você reconheça as principais características
destas crianças costuma estar localizada no quadrante inferior
dessas doenças.
direito. As manifestações cutâneas podem incluir o eritema
nodoso* (mais comum na doença de Crohn do que na RCU). As
A DII compreende duas desordens principais: Retocolite alterações oculares também são descritas (a uveíte e a
Ulcerativa (RCU) e a doença de Crohn. Quando não é possível a episclerite, com dor e, às vezes, com diminuição da acuidade
distinção, diz-se que o paciente tem uma colite indeterminada. visual).
A RCU acomete o cólon e se caracteriza pela inflamação da
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O baixo ganho ponderal (ou perda ponderal) e/ou atraso enzimas hepáticas, bilirrubinas e amilase, com o objetivo de
puberal podem estar presentes em ambas as formas, mas são detectar o envolvimento hepático e pancreático.
mais comuns na doença de Crohn. Cabe indicar que dada a
elevada prevalência de sobrepeso/obesidade, o paciente pode Os dois principais marcadores sorológicos que você precisa
não ter emagrecimento no momento do diagnóstico e isso não é conhecer são: p-ANCA e ASCA. O p-ANCA (anticorpo
o bastante para a afastarmos a possibilidade. A diminuição na anticitoplasma de neutrófilo, padrão perinuclear) é detectado
velocidade de crescimento pode ser a manifestação em 60-70% dos pacientes com RCU e em 5 a 10% dos pacientes
inicialmente observada. com DC. Em parentes de primeiro grau de pessoas com RCU
encontramos positividade para p-ANCA em 5 a 15%. Na
As manifestações extraintestinais são descritas em até um terço população geral, temos 2-3% de positividade de p-ANCA. O
dos pacientes com DII e são mais comuns naqueles que ASCA (Ac. Anti- Saccharomyces cerevisiae) é encontrado em
apresentam doença de Crohn perianal. Incluem os quadros de cerca de 60-70% dos pacientes com DC e apenas 10-15% dos
colangite esclerosante e espondilite anquilosante. pacientes com RCU. Na população geral, temos 5% de
positividade de ASCA. Estes marcadores podem ser usados de
forma auxiliar na diferenciação entre RCU e doença de Crohn,
As manifestações mais frequentes incluem sangue nas fezes, Quando o quadro clínico e a avaliação laboratorial inicial
diarreia, tenesmo e urgência para evacuar, dor abdominal, reforçam a suspeita de DII, o paciente deve ser submetido à
anemia, perda de peso, febre, artrite e lesões de pele. realização de exames de imagem e à colonoscopia com
realização de biópsias (incluindo, se possível, fragmento do íleo
As manifestações da colite, que também podem estar presentes terminal).
no paciente com a doença de Crohn, se traduzem por diarreia
que tipicamente contém sangue. Nos quadros mais insidiosos, a O método de imagem empregado irá variar em função da
diarreia inicialmente não terá sangue. experiência do serviço, sendo possível a realização de
enterografia com ressonância magnética ou opção com
O megacólon tóxico pode ser uma complicação em pacientes enterotomografia computadorizada. A ultrassonografia pode ser
com doença grave. Há febre e taquicardia e, ao exame, é usada em alguns centros.
possível encontrar diminuição de peristalse e dor à palpação
abdominal. A rotina de abdome agudo é característica com A endoscopia por vídeo cápsula vem sendo cada vez mais
dilatação de transverso ou cólon direito maior do que 5-6 cm e usada em adultos e permite a avaliação do intestino delgado. A
perda das haustrações. preocupação é na presença de possíveis estenoses, que
contraindicam esta abordagem.
A colangite esclerosante primária é a principal doença hepática
relacionada com a DII e é mais comum na RCU. A colonoscopia acompanhada de biópsia traz achados que
auxiliam na distinção entre as formas de DII:
Nas crianças que se apresentam com sangramento retal e ➤ Doença de Crohn: a manifestação inicial mais comum é a
sem diarreia, outras condições sempre devem ser
úlcera aftosa. Esta é circundada por um fino halo eritematoso
avaliadas, como: fissuras anais ou hemorroidas; pólipos;
de edema. Podem ser arredondadas ou longas e serpinginosas.
divertículo de Meckel; proctocolite induzida por proteína
Pode-se encontrar úlceras longitudinais e transversais
alimentar.
formando uma grade com áreas de mucosa normal. É o que se
chama de “desenho em ladrilho”. As áreas envolvidas estão
circundadas por mucosa normal . Outros achados que
sugerem DC: fístulas, estenoses, preservação do reto e
DIAGNÓSTICO doença saltatória (ou descontínua);
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Figura 7.
Vamos rever os principais conceitos.
TRATAMENTO
O tratamento das DII tem o objetivo de promover a cicatrização
da mucosa, redução das complicações e a melhora na qualidade
de vida do paciente. É importante que isso seja feito em centros
de referência.
c) Tuberculose intestinal.
R. Nosso paciente tem critérios diagnósticos para doença de
Crohn. Quando pensamos no tratamento desses pacientes, d) Colite alérgica.
devemos levar em conta que os objetivos baseiam-se na
e) Retocolite ulcerativa.
modificação da história natural da doença, por meio da
cicatrização da mucosa, da redução das complicações e da
R. O enunciado nos traz algumas informações para a suspeita
melhora da qualidade de vida do paciente. Por isso, o
de uma DII: há diarreia sanguinolenta associada com perda
tratamento deve ser individualizado e ajustado a cada
ponderal. A descrição dos achados na colonoscopia, com
consulta, baseado na avaliação clínica e na condição atual do
alternância de áreas acometidas e áreas saudáveis é típico da
paciente. Nas formas leves e moderadas, sem sinais de
doença de Crohn. Resposta: letra B.
alarme, o esquema mais empregado é o escalonado ( step-up),
em que se usa inicialmente medicações menos agressivas,
deixando a terapia imunobiológica como última opção. As
terapias mais "agressivas" ficam reservadas a pacientes
dependentes, resistentes ou refratários aos corticoides.
Qualquer que seja a etapa de tratamento, a terapia de
suporte nutricional é parte integrante e fundamental, muitas
vezes induzindo a remissão mesmo sem o uso de medicações.
Em casos de doença ativa leve a moderada, a nutrição enteral
exclusiva é recomendada como terapia de primeira linha
para a indução de remissão, já que é capaz de promover a
cicatrização da mucosa, a recuperação da densidade mineral
óssea e a melhora do crescimento linear. A NEE consiste na
oferta de 120% da oferta diária de referência oral exclusiva
de fórmula polimérica e deve ser mantida durante cerca de
oito semanas. O paciente em questão não tem nenhum dos
fatores de gravidade descritos, por isso pode ser tentada,
inicialmente, a dieta enteral exclusiva polimérica durante
oito semanas. Resposta: letra C.