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GINEAD
Moreno, Fernanda Gualda; Pereira, Beatriz da Silva
SST Unidade 7 - Parecer e relatórios de auditoria /
Fernanda Gualda Moreno;
Beatriz da Silva Pereira
Ano: 2020
nº de p.: 21
Objetivo específico
• Identificar a estrutura e os tipos de pareceres e dos relatórios de auditoria.
Apresentando a unidade
Todo trabalho, seja ele qual for, gera uma contribuição positiva ou negativa,
dependendo do ponto de vista. Uma energia foi despendida com um objetivo, uma
finalidade. Essa contribuição advém da apresentação de resultados e de possíveis
sugestões de melhoria. O parecer de auditoria também tem essa função.
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Você se lembra de que um dos objetivos do auditor independente é emitir uma
opinião sobre as demonstrações contábeis? Pois bem, essa opinião é classificada
de duas maneiras: uma opinião não modificada, que corresponde a um parecer sem
ressalva; e uma opinião modificada, que pode corresponder a três tipos de parecer
– opinião ou parecer com ressalva, adverso e abstenção de opinião (CREPALDI,
2009).
Figura 7.1: A opinião do auditor independente pode ser modificada ou não modificada
Portanto não significa que, após a conclusão dos trabalhos de auditoria, o auditor
ou a equipe de trabalho pode alterar ou modificar um RAI já entregue. A modificação
na opinião ocorrerá nos casos em que não haja segurança razoável de que as
demonstrações contábeis estejam livres de distorção relevante, independentemente
se causada por fraude ou erro, como forma, conteúdo e apresentação. Veremos, em
detalhes, essas classificações no item 7.2.
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Curiosidade
A exigência de fazer com que os balanços sejam acompanhados
de pareceres de auditores independentes surgiu com a Lei nº 4.728,
de 14 de julho de 1965, embora essa lei incluísse apenas os fundos
mútuos de investimento. As demais entidades ficaram a critério do
Conselho Monetário Nacional, que estabeleceu as condições para
a aplicação da exigência de auditoria das empresas que fossem
registradas naquele banco na forma de Resolução nº 88, de 30 de
janeiro de 1968 (GOLDKORN, 1976).
Segundo Almeida (2009), o RAI é endereçado aos gestores, para quem o relatório é
elaborado, que, geralmente, são os acionistas ou os responsáveis pela governança,
como o Conselho de Administração, cujas demonstrações contábeis estão sendo
auditadas.
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Tipos de pareceres
O auditor emitirá um relatório sem modificações, ou seja, sem ressalva, ou ainda
denominado “parecer limpo”, quando não houver distorções relevantes nas
demonstrações contábeis.
Nesse caso, ele não conterá exceção e, geralmente, nenhum parágrafo adicional. O
auditor somente emitirá um relatório com modificações quando o assunto ou tema
tratado, com base no seu julgamento profissional, apresentar alguma incerteza ou
irregularidade nas demonstrações contábeis, inclusive em notas explicativas. Nesse
caso, torna-se exigência que o auditor emita um relatório com as modificações
necessárias. Observe o Quadro 7.1, que sintetiza os principais aspectos de cada um
dos tipos de RAI.
Tipo Descrição
Relatório modificado
É emitido quando o auditor obtém evidências apropriadas,
concluindo que há distorções relevantes, individualmente ou
Opinião com em conjunto, mas não generalizadas. Ou ainda quando não
ressalva ou se obtém evidências apropriadas para suportar sua opinião,
mas conclui que seus efeitos de distorções não detectadas
poderiam ser relevantes, mas não generalizadas.
Opinião qualificada
Relatório modificado Quando o auditor não expressa sua opinião, pois não
conseguiu obter evidências suficientes para embasar sua
Abstenção de opinião e conclui que essas possíveis distorções poderiam
ser importantes e generalizadas.
opinião
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Com base no Quadro 7.1, você já deve estar concluindo que o RAI limpo ou
sem ressalva sugere que o auditor está convencido de que as demonstrações
contábeis foram elaboradas de acordo com a Lei das Sociedades Anônimas (Lei
nº 6.404/1976 e suas alterações), em todos os aspectos relevantes. Como a
publicação das demonstrações financeiras se refere ao exercício financeiro atual
e ao anterior, as alterações significativas estão corretamente refletidas e foram
adequadamente comentadas em notas explicativas.
De acordo com a NBC TA 705 (CFC, 2016), o auditor deverá emitir opinião
modificada, com ressalva, em duas condições: quando as demonstrações contábeis
apresentarem distorções relevantes, porém não generalizadas, ou quando não se
conseguir obter evidência de auditoria suficiente, mas que não apresente maiores
riscos aos investidores.
Saiba mais
Publicado em 2011, no periódico Contabilidade Vista & Revista,
da Universidade Federal de Minas Gerais, o artigo “Estudo sobre
os pareceres de auditoria: análise dos parágrafos de ênfase
e ressalvas constantes nas demonstrações contábeis das
companhias listadas na Bovespa” aponta quais são os fatores
mais frequentes que ocasionam a emissão de pareceres de
auditoria com ressalvas e/ou parágrafos de ênfase. Leia o artigo
na íntegra, acessando: <http://revistas.face.ufmg.br/index.php/
contabilidadevistaerevista/article/view/939/pdf106>.
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Primeiro, veja a estrutura de um RAI limpo, ou seja, sem opinião modificada, sem
ressalva:
(Destinatário apropriado)
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controles internos da companhia. Uma auditoria inclui, também, a avaliação
da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das
estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação
da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.
Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada
para fundamentar nossa opinião.
Opinião
Reflita
Em 2010, a subsidiária brasileira da firma de auditoria independente
Deloitte Touche Tohmatsu cometeu irregularidades referentes às
demonstrações contábeis da companhia aérea Gol, descobertas
apenas em 2012, e cuja multa foi aplicada somente em 2016.
Alguns papéis de trabalho relacionados às auditorias externas da
Deloitte tinham data posterior à conclusão dos serviços prestados,
o que evidenciaria a manipulação de dados. Daí a necessidade de
se documentar e guardar todos os trabalhos realizados.
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Caso o RAI seja com opinião modificada, alguns pontos se alteram em relação
à estrutura que vimos. Mas, para saber quando se utiliza uma ou outra forma de
opinião, sintetizamos a adequada utilização no Quadro 7.2. Observe:
Quadro 7.2: Diferenciação de opinião modificada
Demonstrações contábeis
apresentam distorções Opinião com ressalva Opinião adversa
relevantes
Impossibilidade de obter
evidência de auditoria Opinião com ressalva Abstenção de opinião
apropriada e suficiente
Quando houver ressalva, por exemplo, a estrutura recomendada pela NBC TA 705
deve conter os seguintes dizeres:
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ABC em 31 de dezembro de [ano], o desempenho de suas operações e os
seus fluxos de caixa para o exercício findo nessa data, de acordo com as
práticas contábeis adotadas no Brasil.
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com as demonstrações contábeis ou com nosso conhecimento obtido na
auditoria ou, de outra forma, aparenta estar distorcido de forma relevante.
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nas demonstrações contábeis. Os procedimentos selecionados
dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de
distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente
se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor
considera os controles internos relevantes para a elaboração e adequada
apresentação das demonstrações contábeis da companhia para planejar
os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias,
mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia desses
controles internos da companhia. Uma auditoria inclui, também, a avaliação
da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das
estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação
da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.
Um RAI com opinião adversa, segundo as NBC TAs 700 e 705, deve seguir o
seguinte padrão:
Opinião adversa
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Base para opinião adversa
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assuntos relacionados com a sua continuidade operacional e o uso dessa
base contábil na elaboração das demonstrações contábeis, a não ser que
a administração pretenda liquidar a Companhia e suas controladas ou
cessar suas operações, ou não tenha nenhuma alternativa realista para
evitar o encerramento das operações.
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deficiências significativas nos controles internos que identificamos
durante nossos trabalhos.
Abstenção de opinião
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e suficiente para fundamentar nossa opinião de auditoria sobre essas
demonstrações contábeis consolidadas.
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Responsabilidade do auditor pela auditoria das demonstrações
contábeis consolidadas
Ênfase
Outros assuntos
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independente, que emitiu relatório em 31 de março de 20X1 com opinião
sem modificação sobre essas demonstrações contábeis.
Logo após esse parágrafo de outros assuntos, o auditor deve descrever cada um
dos principais itens relevantes, de conhecimento do auditor e não evidenciados
no conjunto das demonstrações contábeis e que sejam úteis para complementar
o entendimento das partes interessadas. Da mesma forma, seguirá com a
identificação, localidade e assinaturas da auditoria.
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Referências
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2009.
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___. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PA 11, de 8 de dezembro de 2017. Dá
nova redação à NBC PA 11 - Revisão externa de qualidade pelos pares. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil de 13 dez. 2017.
CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
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