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AUDITORIA CONTÁBIL

Unidade 7 - Parecer e relatórios


de auditoria

GINEAD
Moreno, Fernanda Gualda; Pereira, Beatriz da Silva
SST Unidade 7 - Parecer e relatórios de auditoria /
Fernanda Gualda Moreno;
Beatriz da Silva Pereira
Ano: 2020
nº de p.: 21

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Unidade 7 - Parecer e relatórios
de auditoria

Objetivo específico
• Identificar a estrutura e os tipos de pareceres e dos relatórios de auditoria.

Apresentando a unidade
Todo trabalho, seja ele qual for, gera uma contribuição positiva ou negativa,
dependendo do ponto de vista. Uma energia foi despendida com um objetivo, uma
finalidade. Essa contribuição advém da apresentação de resultados e de possíveis
sugestões de melhoria. O parecer de auditoria também tem essa função.

Você sabia que as auditorias independentes também são fiscalizadas? Além da


fiscalização exercida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) e o Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil (Ibracon) criaram o Comitê Administrador do Programa de Revisão Externa
de Qualidade (CRE), que atende à NBC PA 11 e à Instrução CVM nº 308/1999. A
utilização desse mecanismo garante mais credibilidade na prestação dos serviços
de auditoria.

Estrutura dos pareceres dos auditores


independentes
Os Relatórios de Auditoria Independente (RAI), anteriormente denominados
Pareceres de Auditoria Independente (PAI), desde 2010, seguem as regras
estabelecidas nas NBC TA 700 (Formação de opinião e emissão do relatório do
auditor sobre as demonstrações contábeis), NBC TA 705 (Modificações na opinião
do auditor independente) e NBC TA 706 (Parágrafos de ênfase e parágrafos de
outros assuntos).

O relatório do auditor independente segue uma estrutura mínima, caso a opinião


do auditor não seja modificada. Opinião modificada? Ele pode mudar de opinião?
Calma. Iremos por partes.

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Você se lembra de que um dos objetivos do auditor independente é emitir uma
opinião sobre as demonstrações contábeis? Pois bem, essa opinião é classificada
de duas maneiras: uma opinião não modificada, que corresponde a um parecer sem
ressalva; e uma opinião modificada, que pode corresponder a três tipos de parecer
– opinião ou parecer com ressalva, adverso e abstenção de opinião (CREPALDI,
2009).

Figura 7.1: A opinião do auditor independente pode ser modificada ou não modificada

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

Portanto não significa que, após a conclusão dos trabalhos de auditoria, o auditor
ou a equipe de trabalho pode alterar ou modificar um RAI já entregue. A modificação
na opinião ocorrerá nos casos em que não haja segurança razoável de que as
demonstrações contábeis estejam livres de distorção relevante, independentemente
se causada por fraude ou erro, como forma, conteúdo e apresentação. Veremos, em
detalhes, essas classificações no item 7.2.

Um RAI pode conter as seguintes seções:

1. Apresenta a identificação da empresa auditada, das demonstrações contá-


beis auditadas e do período auditado.
2. Seção “Responsabilidade da administração pelas demonstrações contábeis”.
3. Seção “Responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações con-
tábeis”.
4. Seção “Opinião”.
5. Seção “Base para opinião”.
6. Seção “Outras informações que acompanham as demonstrações contábeis
e o relatório do auditor”.
7. Seção para parágrafo(s) de “Ênfase”.
8. Seção “Principais assuntos de auditoria”.
9. Seção para parágrafo(s) de “Outros assuntos”.
10. Seção “Demonstração do Valor Adicionado” (apenas para S.A. aberta).

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Curiosidade
A exigência de fazer com que os balanços sejam acompanhados
de pareceres de auditores independentes surgiu com a Lei nº 4.728,
de 14 de julho de 1965, embora essa lei incluísse apenas os fundos
mútuos de investimento. As demais entidades ficaram a critério do
Conselho Monetário Nacional, que estabeleceu as condições para
a aplicação da exigência de auditoria das empresas que fossem
registradas naquele banco na forma de Resolução nº 88, de 30 de
janeiro de 1968 (GOLDKORN, 1976).

Segundo Almeida (2009), o RAI é endereçado aos gestores, para quem o relatório é
elaborado, que, geralmente, são os acionistas ou os responsáveis pela governança,
como o Conselho de Administração, cujas demonstrações contábeis estão sendo
auditadas.

Ressaltamos, nesse ponto, que, antes de finalizar os trabalhos, caso o auditor


não obtenha essa evidência de auditoria apropriada e suficiente e, dessa forma,
exija uma opinião modificada em seu relatório, ele deverá informar primeiro à
administração governança da auditada, com antecedência, ou seja, no momento da
descoberta de eventos irregulares, indicando em seus papéis de trabalho a origem e
o valor das diferenças, ainda que calculáveis de forma global (ATTIE, 2010).

Após a comunicação, os ajustes e as reclassificações dos registros contábeis,


auditoria e auditada devem discutir sobre o assunto e dar a oportunidade à empresa
de fornecer informações adicionais que resolvam o problema, ou que a entidade
tenha que aceitar a emissão do RAI com a modificação da opinião.

Figura 7.2: Auditor e auditada devem discutir o problema conjuntamente

Fonte: Plataforma Deduca (2018).

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Tipos de pareceres
O auditor emitirá um relatório sem modificações, ou seja, sem ressalva, ou ainda
denominado “parecer limpo”, quando não houver distorções relevantes nas
demonstrações contábeis.

Nesse caso, ele não conterá exceção e, geralmente, nenhum parágrafo adicional. O
auditor somente emitirá um relatório com modificações quando o assunto ou tema
tratado, com base no seu julgamento profissional, apresentar alguma incerteza ou
irregularidade nas demonstrações contábeis, inclusive em notas explicativas. Nesse
caso, torna-se exigência que o auditor emita um relatório com as modificações
necessárias. Observe o Quadro 7.1, que sintetiza os principais aspectos de cada um
dos tipos de RAI.

Quadro 7.1: Tipos de relatório de auditoria independente

Tipo Descrição

Relatório não O relatório sem ressalva é o denominado limpo, ou seja,


sem exceção ou qualquer parágrafo adicional. Indica
modificado que o auditor está convencido de que as demonstrações
contábeis foram elaboradas consoantes à legislação
Opinião sem ressalva específica, em todos os aspectos relevantes.

Relatório modificado
É emitido quando o auditor obtém evidências apropriadas,
concluindo que há distorções relevantes, individualmente ou
Opinião com em conjunto, mas não generalizadas. Ou ainda quando não
ressalva ou se obtém evidências apropriadas para suportar sua opinião,
mas conclui que seus efeitos de distorções não detectadas
poderiam ser relevantes, mas não generalizadas.
Opinião qualificada

Relatório modificado É emitido pelo auditor para expressar adversidade


de opinião, tendo como base evidências de auditoria
suficientes para que as distorções individuais ou em grupo
Opinião adversa sejam relevantes e generalizadas.

Relatório modificado Quando o auditor não expressa sua opinião, pois não
conseguiu obter evidências suficientes para embasar sua
Abstenção de opinião e conclui que essas possíveis distorções poderiam
ser importantes e generalizadas.
opinião

Fonte: Adaptado de Almeida (2009).

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Com base no Quadro 7.1, você já deve estar concluindo que o RAI limpo ou
sem ressalva sugere que o auditor está convencido de que as demonstrações
contábeis foram elaboradas de acordo com a Lei das Sociedades Anônimas (Lei
nº 6.404/1976 e suas alterações), em todos os aspectos relevantes. Como a
publicação das demonstrações financeiras se refere ao exercício financeiro atual
e ao anterior, as alterações significativas estão corretamente refletidas e foram
adequadamente comentadas em notas explicativas.

De acordo com a NBC TA 705 (CFC, 2016), o auditor deverá emitir opinião
modificada, com ressalva, em duas condições: quando as demonstrações contábeis
apresentarem distorções relevantes, porém não generalizadas, ou quando não se
conseguir obter evidência de auditoria suficiente, mas que não apresente maiores
riscos aos investidores.

Já nos casos de parecer modificado, a opinião adversa e a abstenção de opinião


serão adotadas pelo auditor se não houver possibilidade de obter dados que
evidenciem de forma correta a situação patrimonial (bens, direitos e obrigações),
assim como os resultados (lucros ou prejuízos).

Saiba mais
Publicado em 2011, no periódico Contabilidade Vista & Revista,
da Universidade Federal de Minas Gerais, o artigo “Estudo sobre
os pareceres de auditoria: análise dos parágrafos de ênfase
e ressalvas constantes nas demonstrações contábeis das
companhias listadas na Bovespa” aponta quais são os fatores
mais frequentes que ocasionam a emissão de pareceres de
auditoria com ressalvas e/ou parágrafos de ênfase. Leia o artigo
na íntegra, acessando: <http://revistas.face.ufmg.br/index.php/
contabilidadevistaerevista/article/view/939/pdf106>.

Estrutura de um relatório de auditoria


Bem, chegou o momento de você conhecer os modelos de cada um dos parágrafos
de um relatório de auditoria independente. A estrutura aqui descrita está em
conformidade com o Comunicado Técnico de Auditoria (CTA) nº 02 (CFC, 2015).

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Primeiro, veja a estrutura de um RAI limpo, ou seja, sem opinião modificada, sem
ressalva:

RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES SOBRE AS


DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

(Destinatário apropriado)

Examinamos as demonstrações contábeis da Companhia ABC


(companhia), que compreendem o balanço patrimonial em 31 de
dezembro de [ano] e as respectivas demonstrações do resultado, do
resultado abrangente, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos
de caixa para o exercício findo naquela data, assim como o resumo das
principais práticas contábeis e demais notas explicativas.

Responsabilidade da administração sobre as demonstrações contábeis

A administração da companhia é responsável pela elaboração e adequada


apresentação das demonstrações contábeis, de acordo com as práticas
contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela determinou
como necessários para permitir a elaboração de demonstrações contábeis
livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude
ou erro.

Responsabilidade dos auditores independentes

Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas


demonstrações contábeis, com base em nossa auditoria, conduzida de
acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Essas
normas requerem o cumprimento de exigências éticas pelos auditores
e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo de obter
segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres
de distorção relevante.
Uma auditoria envolve a execução de procedimentos selecionados para
obtenção de evidência a respeito dos valores e divulgações apresentados
nas demonstrações contábeis. Os procedimentos selecionados
dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de
distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente
se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor
considera os controles internos relevantes para a elaboração e adequada
apresentação das demonstrações contábeis da companhia para planejar
os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias,
mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia desses

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controles internos da companhia. Uma auditoria inclui, também, a avaliação
da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das
estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação
da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.
Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada
para fundamentar nossa opinião.

Opinião

Em nossa opinião, as demonstrações contábeis acima referidas


apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição
patrimonial e financeira da Companhia ABC em 31 de dezembro de [ano], o
desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício
findo naquela data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no
Brasil.

[Local (localidade do escritório de auditoria que emitiu o relatório) e data


do relatório do auditor independente]

[Nome do auditor independente (pessoa física ou jurídica)]

[Nome do profissional (sócio ou responsável técnico, no caso de o auditor


ser pessoa jurídica)]

[Números de registro no CRC da firma de auditoria e do profissional que


assina o relatório]

[Assinatura do auditor independente]

Reflita
Em 2010, a subsidiária brasileira da firma de auditoria independente
Deloitte Touche Tohmatsu cometeu irregularidades referentes às
demonstrações contábeis da companhia aérea Gol, descobertas
apenas em 2012, e cuja multa foi aplicada somente em 2016.
Alguns papéis de trabalho relacionados às auditorias externas da
Deloitte tinham data posterior à conclusão dos serviços prestados,
o que evidenciaria a manipulação de dados. Daí a necessidade de
se documentar e guardar todos os trabalhos realizados.

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Caso o RAI seja com opinião modificada, alguns pontos se alteram em relação
à estrutura que vimos. Mas, para saber quando se utiliza uma ou outra forma de
opinião, sintetizamos a adequada utilização no Quadro 7.2. Observe:
Quadro 7.2: Diferenciação de opinião modificada

Julgamento do auditor sobre a disse-


minação de forma generalizada dos
Natureza do assunto que efeitos ou possíveis efeitos sobre as de-
gerou a modificação monstrações contábeis

Relevante, mas não Relevante e


generalizado generalizado

Demonstrações contábeis
apresentam distorções Opinião com ressalva Opinião adversa
relevantes

Impossibilidade de obter
evidência de auditoria Opinião com ressalva Abstenção de opinião
apropriada e suficiente

Fonte: Adaptado da NBC TA 705 (CFC, 2016).

Quando houver ressalva, por exemplo, a estrutura recomendada pela NBC TA 705
deve conter os seguintes dizeres:

RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS

Aos acionistas da Companhia ABC [ou outro destinatário apropriado]

Opinião com ressalva

Examinamos as demonstrações contábeis da Companhia ABC


(Companhia) que compreendem o balanço patrimonial em 31 de
dezembro de [ano] e as respectivas demonstrações do resultado, do
resultado abrangente, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos
de caixa para o exercício findo nessa data, bem como as correspondentes
notas explicativas, incluindo o resumo das principais políticas contábeis.
Em nossa opinião, exceto pelos efeitos do assunto descrito na seção
a seguir, intitulada Base para opinião com ressalva, as demonstrações
contábeis acima referidas apresentam adequadamente, em todos os
aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Companhia

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ABC em 31 de dezembro de [ano], o desempenho de suas operações e os
seus fluxos de caixa para o exercício findo nessa data, de acordo com as
práticas contábeis adotadas no Brasil.

Base para opinião com ressalva

Os estoques da companhia estão apresentados no balanço patrimonial


por $ xxx. A administração não avaliou os estoques pelo menor valor
entre o custo e o valor líquido de realização, mas somente pelo custo,
o que representa um desvio em relação às práticas contábeis adotadas
no Brasil. Os registros da companhia indicam que, se a administração
tivesse avaliado os estoques pelo menor valor entre o custo e o valor
líquido de realização, teria sido necessária a provisão de $ xxx para
reduzir os estoques ao valor líquido de realização. Consequentemente, o
lucro líquido e o patrimônio líquido teriam sido reduzidos em $ xxx e $ xxx,
respectivamente, após os efeitos tributários.

Nossa auditoria foi conduzida de acordo com as normas brasileiras e


internacionais de auditoria. Nossas responsabilidades, em conformidade
com tais normas, estão descritas na seção a seguir intitulada
Responsabilidade do auditor pela auditoria das demonstrações contábeis.
Somos independentes em relação à companhia, de acordo com os
princípios éticos relevantes previstos no Código de Ética Profissional do
Contador e nas normas profissionais emitidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade, e cumprimos com as demais responsabilidades éticas,
de acordo com essas normas. Acreditamos que a evidência de auditoria
obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião com
ressalva.

Outras informações que acompanham as demonstrações contábeis e o


relatório do auditor

A administração da companhia é responsável por essas outras


informações que compreendem o relatório da administração.

Nossa opinião sobre as demonstrações contábeis consolidadas não


abrange o relatório da administração e não expressamos qualquer forma
de conclusão de auditoria sobre esse relatório.

Em conexão com a auditoria das demonstrações contábeis consolidadas,


nossa responsabilidade é a de ler o Relatório da Administração e, ao fazê-
lo, considerar se esse relatório está, de forma relevante, inconsistente

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com as demonstrações contábeis ou com nosso conhecimento obtido na
auditoria ou, de outra forma, aparenta estar distorcido de forma relevante.

Se, com base no trabalho realizado, concluirmos que há distorção relevante


no relatório da administração, somos requeridos a comunicar esse fato.
Conforme descrito na seção “Base para opinião com ressalva”, acima,
não foi possível obter evidência de auditoria apropriada e suficiente sobre
o valor contábil do investimento da Companhia ABC na Empresa XYZ
em 31 de dezembro de [ano] e da participação dela no lucro líquido da
investida XYZ. Portanto não foi possível concluir se as outras informações
apresentam distorção relevante, ou não, com relação a esse assunto.

Principais assuntos de auditoria

Principais assuntos de auditoria são aqueles que em nosso julgamento


profissional foram os mais significativos em nossa auditoria do
exercício corrente. Esses assuntos foram tratados no contexto de nossa
auditoria das demonstrações contábeis como um todo e na formação
de nossa opinião sobre essas demonstrações contábeis e, portanto, não
expressamos uma opinião separada sobre esses assuntos.

Responsabilidade da administração e da governança pelas


demonstrações contábeis

A administração da companhia é responsável pela elaboração e adequada


apresentação das demonstrações contábeis, de acordo com as práticas
contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela determinou
como necessários para permitir a elaboração de demonstrações contábeis
livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude
ou erro.

Responsabilidade do auditor independente

Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas


demonstrações contábeis, com base em nossa auditoria, conduzida de
acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Essas
normas requerem o cumprimento de exigências éticas pelos auditores
e que a auditoria seja planejada e executada com o objetivo de obter
segurança razoável de que as demonstrações contábeis estão livres de
distorção relevante.

Uma auditoria envolve a execução de procedimentos selecionados para


obtenção de evidência a respeito dos valores e divulgações apresentados

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nas demonstrações contábeis. Os procedimentos selecionados
dependem do julgamento do auditor, incluindo a avaliação dos riscos de
distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente
se causada por fraude ou erro. Nessa avaliação de riscos, o auditor
considera os controles internos relevantes para a elaboração e adequada
apresentação das demonstrações contábeis da companhia para planejar
os procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias,
mas não para fins de expressar uma opinião sobre a eficácia desses
controles internos da companhia. Uma auditoria inclui, também, a avaliação
da adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das
estimativas contábeis feitas pela administração, bem como a avaliação
da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.

Um RAI com opinião adversa, segundo as NBC TAs 700 e 705, deve seguir o
seguinte padrão:

RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS

Aos acionistas da Companhia ABC [ou outro destinatário apropriado]

Opinião adversa

Examinamos as demonstrações contábeis consolidadas da Companhia


ABC (Companhia) e suas controladas, que compreendem o balanço
patrimonial consolidado em 31 de dezembro de [ano] e as respectivas
demonstrações consolidadas do resultado, do resultado abrangente, das
mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o exercício
findo nessa data, bem como as correspondentes notas explicativas,
incluindo o resumo das principais políticas contábeis.

Em nossa opinião, devido à importância do assunto discutido no parágrafo


a seguir, intitulado “Base para opinião adversa”, as demonstrações
contábeis consolidadas, acima referidas, não apresentam adequadamente,
em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira
consolidada da Companhia ABC e suas controladas em 31 de dezembro
de [ano], o desempenho consolidado de suas operações e os seus fluxos
de caixa consolidados para o exercício findo nessa data, de acordo com
as práticas contábeis adotadas no Brasil.

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Base para opinião adversa

Conforme explicado na Nota explicativa [número], a companhia não


consolidou a controlada XYZ, adquirida durante [ano], devido não ter
sido possível determinar os valores justos de certos ativos e passivos
relevantes dessa controlada na data da aquisição. Esse investimento,
portanto, está contabilizado com base no custo. De acordo com as práticas
contábeis adotadas no Brasil, a controlada deveria ter sido consolidada.
Se a controlada XYZ tivesse sido consolidada, muitos elementos nas
demonstrações contábeis consolidadas, acima referidas, teriam sido
afetados de forma relevante. Os efeitos da não consolidação sobre as
demonstrações contábeis consolidadas não foram determinados.

Nossa auditoria foi conduzida de acordo com as normas brasileiras e


internacionais de auditoria. Nossas responsabilidades, em conformidade
com tais normas, estão descritas na seção a seguir, intitulada
“Responsabilidade do auditor pela auditoria das demonstrações
contábeis”. Somos independentes em relação à companhia, de acordo com
os princípios éticos relevantes previstos no Código de Ética Profissional
do Contador e nas normas profissionais emitidas pelo Conselho Federal
de Contabilidade, e cumprimos com as demais responsabilidades éticas,
de acordo com essas normas. Acreditamos que a evidência de auditoria
obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião adversa.

Principais assuntos de auditoria

Além do assunto descrito na seção “Base para opinião adversa”, não


existem outros principais assuntos de auditoria a serem comunicados
em nosso relatório.

Responsabilidade da administração e da governança pelas


demonstrações contábeis consolidadas

A administração é responsável pela elaboração e adequada apresentação


das demonstrações contábeis consolidadas de acordo com as práticas
contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela determinou
como necessários para permitir a elaboração de demonstrações contábeis
livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude
ou erro.

Na elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, a


administração é responsável pela avaliação da capacidade de a
Companhia continuar operando, divulgando, quando aplicável, os

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assuntos relacionados com a sua continuidade operacional e o uso dessa
base contábil na elaboração das demonstrações contábeis, a não ser que
a administração pretenda liquidar a Companhia e suas controladas ou
cessar suas operações, ou não tenha nenhuma alternativa realista para
evitar o encerramento das operações.

Os responsáveis pela governança da Companhia e suas controladas são


aqueles com responsabilidade pela supervisão do processo de elaboração
das demonstrações contábeis.

Responsabilidade do auditor pela auditoria das demonstrações


contábeis consolidadas

Nossos objetivos são obter segurança razoável de que as demonstrações


contábeis consolidadas, tomadas em conjunto, estão livres de distorção
relevante, independentemente se causada por fraude ou erro, e emitir
relatório de auditoria contendo nossa opinião. Segurança razoável é um
alto nível de segurança, mas não uma garantia de que a auditoria, realizada
de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria, sempre
detecta as eventuais distorções relevantes existentes. As distorções
podem ser decorrentes de fraude ou erro e são consideradas relevantes
quando, individualmente ou em conjunto, possam influenciar, dentro de
uma perspectiva razoável, as decisões econômicas dos usuários tomadas
com base nas referidas demonstrações contábeis consolidadas.

Como parte de auditoria realizada de acordo com as normas brasileiras


e internacionais de auditoria, exercemos julgamento profissional e
mantemos ceticismo profissional ao longo da auditoria. Além disso:

Identificamos e avaliamos os riscos de distorção relevante nas


demonstrações contábeis consolidadas, independentemente se causada
por fraude ou erro, planejamos e executamos procedimentos de auditoria
em resposta a tais riscos, bem como obtemos evidência de auditoria
apropriada e suficiente para fundamentar nossa opinião. O risco de não
detecção de distorção relevante resultante de fraude é maior do que
o proveniente de erro, já que a fraude pode envolver o ato de burlar os
controles internos, conluio, falsificação, omissão ou representações
falsas intencionais.

Comunicamo-nos com os responsáveis pela governança a respeito,


entre outros aspectos, do alcance planejado, da época da auditoria e
das constatações significativas de auditoria, inclusive as eventuais

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deficiências significativas nos controles internos que identificamos
durante nossos trabalhos.

Fornecemos também aos responsáveis pela governança declaração


de que cumprimos com as exigências éticas relevantes, incluindo os
requisitos aplicáveis de independência e comunicamos todos os eventuais
relacionamentos ou assuntos que poderiam afetar consideravelmente
nossa independência, incluindo, quando aplicável, as respectivas
salvaguardas.

Dos assuntos que foram objeto de comunicação com os responsáveis


pela governança, determinamos aqueles que foram considerados
como mais significativos na auditoria das demonstrações contábeis
do exercício corrente e que, dessa maneira constituem os Principais
Assuntos de Auditoria. Descrevemos esses assuntos em nosso relatório
de auditoria, a menos que lei ou regulamento tenha proibido divulgação
pública do assunto ou quando, em circunstâncias extremamente raras,
determinarmos que o assunto não deve ser comunicado em nosso relatório
porque as consequências adversas de tal comunicação podem, dentro de
uma perspectiva razoável, superar os benefícios da comunicação para o
interesse público.

Já um RAI com abstenção de opinião, segundo a NBC TA 705, deve mencionar:

RELATÓRIO DO AUDITOR INDEPENDENTE SOBRE AS DEMONSTRAÇÕES


CONTÁBEIS

Aos acionistas da Companhia ABC [ou outro destinatário apropriado]

Abstenção de opinião

Fomos contratados para examinar as demonstrações contábeis


consolidadas da Companhia ABC (Companhia) e suas controladas que
compreendem o balanço patrimonial consolidado em 31 de dezembro
de [ano] e as respectivas demonstrações consolidadas do resultado, do
resultado abrangente, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos
de caixa para o exercício findo nessa data, bem como as correspondentes
notas explicativas, incluindo o resumo das principais políticas contábeis.

Não expressamos uma opinião sobre as demonstrações contábeis


consolidadas da Companhia ABC e suas controladas. Devido à relevância
do assunto descrito na seção a seguir, intitulada “Base para abstenção
de opinião”, não nos foi possível obter evidência de auditoria apropriada

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e suficiente para fundamentar nossa opinião de auditoria sobre essas
demonstrações contábeis consolidadas.

Base para abstenção de opinião

O investimento da Companhia no empreendimento controlado em


conjunto XYZ está contabilizado por $ xxx no balanço patrimonial
consolidado, o que representa mais de 90% do seu patrimônio líquido em
31 de dezembro de [ano]. Não nos foi permitido acesso à administração
e aos auditores da Empresa XYZ, incluindo a documentação de auditoria
do auditor da Empresa XYZ.

Consequentemente, não foi possível determinar se havia necessidade


de ajustes em relação à participação proporcional da companhia nos
ativos da Empresa XYZ, que ela controla em conjunto, assim como sua
participação proporcional nos passivos da Empresa XYZ, pelos quais ela
é responsável em conjunto, e sua participação proporcional nas receitas,
despesas e nos elementos componentes das demonstrações das
mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa do exercício findo
nessa data.

Responsabilidade da administração e da governança pelas


demonstrações contábeis consolidadas

A administração é responsável pela elaboração e adequada apresentação


das demonstrações contábeis consolidadas, de acordo com as práticas
contábeis adotadas no Brasil e pelos controles internos que ela determinou
como necessários para permitir a elaboração de demonstrações contábeis
livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude
ou erro.

Na elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, a


administração é responsável pela avaliação da capacidade de a
Companhia continuar operando, divulgando, quando aplicável, os
assuntos relacionados com a sua continuidade operacional e o uso dessa
base contábil na elaboração das demonstrações contábeis, a não ser que
a administração pretenda liquidar a Companhia e suas controladas ou
cessar suas operações, ou não tenha nenhuma alternativa realista para
evitar o encerramento das operações.

Os responsáveis pela governança da Companhia e suas controladas são


aqueles com responsabilidade pela supervisão do processo de elaboração
das demonstrações contábeis.

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Responsabilidade do auditor pela auditoria das demonstrações
contábeis consolidadas

Nossa responsabilidade é a de conduzir uma auditoria das demonstrações


contábeis consolidadas da companhia e suas controladas, de acordo
com as práticas contábeis adotadas no Brasil e a de emitir um relatório
de auditoria. Contudo, devido ao assunto descrito na seção intitulada
“Base para abstenção de opinião”, não nos foi possível obter evidência
de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar nossa opinião de
auditoria sobre essas demonstrações contábeis consolidadas.

Somos independentes em relação à companhia, de acordo com os


princípios éticos relevantes previstos no Código de Ética Profissional do
Contador e nas normas profissionais emitidas pelo Conselho Federal de
Contabilidade, e cumprimos com as demais responsabilidades éticas de
acordo com essas normas.

Observamos que, segundo a NBC TA 706, (CFC, 2016), a seção do parágrafo


de “Ênfase” pode ser incluída antes ou após a seção “Principais assuntos de
auditoria”. Por último, e com base no julgamento do auditor sobre a relevância das
informações, será incluída a seção parágrafo de “Outros assuntos”, conforme o
modelo a seguir:

Ênfase

Chamamos a atenção para a Nota Explicativa [número] às demonstrações


contábeis, que descreve os efeitos do incêndio nas instalações fabris
da Companhia. Nossa opinião não contém ressalva relacionada a esse
assunto.

Principais assuntos de auditoria

Principais assuntos de auditoria são aqueles que, em nosso julgamento


profissional, foram os mais significativos em nossa auditoria do
exercício corrente. Esses assuntos foram tratados no contexto de nossa
auditoria das demonstrações contábeis como um todo e na formação
de nossa opinião sobre essas demonstrações contábeis e, portanto, não
expressamos uma opinião separada sobre esses assuntos.

Outros assuntos

As demonstrações contábeis da Companhia ABC para o exercício


findo em 31 de dezembro de 20X0 foram examinadas por outro auditor

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independente, que emitiu relatório em 31 de março de 20X1 com opinião
sem modificação sobre essas demonstrações contábeis.

Logo após esse parágrafo de outros assuntos, o auditor deve descrever cada um
dos principais itens relevantes, de conhecimento do auditor e não evidenciados
no conjunto das demonstrações contábeis e que sejam úteis para complementar
o entendimento das partes interessadas. Da mesma forma, seguirá com a
identificação, localidade e assinaturas da auditoria.

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Referências
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2009.

ATTIE, W. Auditoria: conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2010.

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por


Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L6404consol.
htm>. Acesso em: 28 jan. 2018.

COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM nº 308, de 14 de


maio de 1999. Dispõe sobre o registro e o exercício da atividade de auditoria
independente no âmbito do mercado de valores mobiliários, define os deveres e as
responsabilidades dos administradores das entidades auditadas no relacionamento
com os auditores independentes. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil
de 19 maio 1999.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. CTA 02, de 27 de fevereiro de 2015. Dá


nova redação ao CTA 02 que trata da emissão do relatório do auditor independente
sobre demonstrações contábeis individuais e consolidadas. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil de 9 mar. 2015.

___. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TA 700, de 17 de junho de 2016. Dá


nova redação à NBC TA 700 que dispõe sobre a formação da opinião e emissão do
relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil de 4 jul. 2016.

___. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TA 705, de 17 de junho de 2016. Dá


nova redação à NBC TA 705 que dispõe sobre modificações na opinião do auditor
independente. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil de 4 jul. 2016.

___. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC TA 706, de 17 de junho de 2016. Dá


nova redação à NBC TA 706 que dispõe sobre parágrafos de ênfase e parágrafos de
outros assuntos no relatório do auditor independente. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil de 4 jul. 2016.

20
___. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PA 11, de 8 de dezembro de 2017. Dá
nova redação à NBC PA 11 - Revisão externa de qualidade pelos pares. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil de 13 dez. 2017.

CREPALDI, S. A. Auditoria contábil: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GOLDKORN, H. O que significa um parecer de auditoria. Revista de Administração de


Empresas, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 37-40, 1976.

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