3ª Prova Diagnóstica – 2022 – 3ª Série - Ensino Médio – Língua Portuguesa

ESCOLA: ________________________ limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são

Prof.:____________________________ compartilhados. Quando nada é dito, nada fica
Nome: ___________________________ combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar: “diz alguma coisa, diz
que não me ama mais, mas não fica aí parado me
olhando”. É o silêncio de um mandando más notícias
para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações em que o
silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com
uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para
a professora de uma creche, o silêncio é um
presente. [...] Mesmo no amor, quando a relação é
sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz. O único silêncio que
perturba é aquele que fala. E fala alto. É quando
ninguém bate a nossa porta, não há recados na
secretária eletrônica e mesmo assim você entende a
mensagem.
MEDEIROS, Martha. A voz do Silêncio. In: Poesia galvaneana. Disponível em:
https://bit.ly/3ozih8V. Acesso em: 12 jul. 2022. Fragmento.
Leia os textos abaixo e responda as questões 01, 02
e 03. Texto 2
Texto 1 Da Calma e do Silêncio
Trançar a vida é fitar os laços com quem corre ao
seu lado Quando eu morder
a palavra,
Paula Taitelbaum é uma poeta gaúcha que
por favor,
acaba de lançar seu segundo livro [...] onde
não me apressem,
encontrei um poema com apenas dois versos que diz
quero mascar,
assim: “Pior do que uma voz que cala/É um silêncio
rasgar entre os dentes,
que fala”.
a pele, os ossos, o tutano
Simples. Rápido. E quanta força.
do verbo,
Imediatamente me veio à cabeça situações em que o
para assim versejar
silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe,
o âmago das coisas.
o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Quando meu olhar
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
se perder no nada,
Silêncios que falam sobre desinteresse,
por favor,
esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na
não me despertem,
quietude, depois de uma discussão. O perdão não
quero reter,
vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para
no adentro da íris,
acabar com o clima de tensão. Só ele permanece
a menor sombra,
imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.
do ínfimo movimento.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir, pois ao menos as
Quando meus pés
palavras que são ditas indicam uma tentativa de
abrandarem na marcha,
entendimento. Cordas vocais em funcionamento
por favor,
articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam
não me forcem.
 Caminhar para quê?
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta, Leia os textos abaixo e responda as questões 04,
na aparente inércia. 05, 06 e 07.
Nem todo viandante
anda estradas, Chega Francolim, de galope, com um recado
há mundos submersos, do Major para Sebastião: — É para esperar um
que só o silêncio pouco, e não apertarem o gado na travessia...
da poesia penetra. — Está feio. Mas isto aqui não se compara com
EVARISTO, Conceição. Da Calma e do Silêncio. In: Poemas da recordação e a passagem das boiadas no Jequitinhonha...
outros movimentos. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.
— Conheço. Atravessei aquele, com seiscentas
D20 Questão 01 –––––––––––––––––––––––––––◊ cabeças de gado da Bahia... O mais difícil não é pela
Esses textos são parecidos, pois largura, mas porque é rio bravo, de correnteza... A
A) abordam situações cotidianas em que há gente tinha de tocar adiante um lote de bois
conflitos. mansos, mais acostumados, que não tivessem
B) afirmam o desejo de versejar sobre o âmago das medo. Alguns até alugavam uns, ensinados, de um
coisas. sitiante da beira do rio... E a gente cruzava no
C) apresentam o poder do silêncio como temática. batelão, vigiando a boiada nadar...
D) citam o incômodo do silêncio em uma discussão. Chega o Major, chamando por Sebastião...
E) mencionam um poema de apenas dois versos. — Estou vendo que o vau agora está pior do
que o resto. Melhor era destorcer mais para baixo,
D15 Questão 02 –––––––––––––––––––––––––––◊ onde deve de estar dando mais pé...
No Texto 1, a relação do trecho “Quando nada é — Pé já não dá mesmo, em lugar nenhum, seô
dito, nada fica combinado.” (4º parágrafo) com os Major. E está desbarrancado, lá na outra beirada, e
dois períodos anteriores é de não tem saidor... Melhor por aqui mesmo, patrão.
A) alternância. — Bem, mas vamos com paciência! [...]
B) conclusão. Estacionados na rampa, esperavam que o gado
C) condição. tomasse coragem. A chuvinha agora era um chuvisco
D) conformidade. rarefeito; mas três regos de enxurrada desciam
E) oposição. também, borbotando e roncando, com brutalidades
fluviais. E a enchente crescia. [...]
Entupindo o declive do morro, a boiada
permanecia parada. Muitos mugiam.
D13 Questão 03 –––––––––––––––––––––––––––◊ — Cou! Cou! Tou! Tou!...
No Texto 1, no trecho “É claro que há muitas Os primeiros se chegam para a beirada. Zé
situações em que o silêncio é bem-vindo.” (6º Grande entra n’água, no Cata-Brasa, que pega a
parágrafo), a expressão em destaque foi usada para nadar. E, já no meio da torrente, o guieiro ainda se
A) apresentar a dúvida do enunciador em relação ao volta, tocando o berrante. Um junqueira longicórnio
assunto abordado no texto. estica o pescoço fino, arrebita o focinho, e pula, de
B) expor uma crítica do enunciador em relação ao rabo desfraldado. Então, há que os cocorutos
assunto abordado no texto. estremecem, para a frente e depois para trás.
C) reforçar a opinião do enunciador acerca do Despencou-se mais um cacho de reses. Chapinham
assunto abordado no texto. com estrupido, os mocotós golpeando como
D) remeter à razão pela qual o assunto foi escolhido puxavantes. Perderam pé: os corpos desaparecem,
para ser abordado no texto. ficam de fora somente as beiçamas, as ventas
E) revelar a indiferença do enunciador em relação ao polposas, palpando ar, e os pares de chifres, como
assunto abordado no texto. tentáculos de caramujos aquáticos. E aí toda a
manada se precipita, com muita pressa, transpondo
a enchente brava do riacho [...].
O Major Saulo, que foi o derradeiro — depois
de Sete-de-Ouros com João Manico, e mesmo atrás
de Francolim —, logo os alcança, contudo, pouco
para lá da passagem. D3 Questão 08 –––––––––––––––––––––––––––◊
— Viva, meu povo, não se perdeu nenhum!... Leia o texto abaixo.
Francolim, vai dizer a Sebastião que toquem pelo
caminho de baixo, no fim da vargem... [...] Os 101 dálmatas que habitam a imaginação de uma
ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. mesma criança
Fragmento.

D4 Questão 04 –––––––––––––––––––––––––––◊ Quase não tenho encontrado com a minha

Entende-se desse texto que filha. E olha que moramos na mesma casa. Nunca
A) a boiada fugiu para o riacho ao ver os boiadeiros. pensei que meu bebê fosse conquistar tão rápido a
B) a boiada se perdeu na travessia no Jequitinhonha. independência: aos dois anos e meio de idade, passa
C) os boiadeiros compraram seiscentas cabeças de o dia inteiro sendo outras pessoas e fica
gado. chateadíssima ao ser tratada por seu nome.
D) os boiadeiros estavam praticando nado no riacho. “Não sou a Marieta! Eu sou o Lollo.”
E) os boiadeiros tentavam atravessar uma boiada Demoramos muito a entender que se tratava de um
pelo rio. filhote do “101 Dálmatas” que aparece muito pouco
no filme da Disney, quase um figurante. Marieta
D18 Questão 05 –––––––––––––––––––––––––––◊ passou um mês inteiro repetindo sua única fala: “eu
Nesse texto, a expressão “dando mais pé” (5º tô com fome”, com as patinhas no ar.
parágrafo) foi usada para Na sua breve, porém intensa carreira de atriz,
A) explicar que uma situação passou de todos os tem predileção por papéis pequenos, porém não
limites aceitáveis. menos complexos, como o [...] Dunga, da “Branca de
B) expressar que em um local é possível passar sem Neve”, ou Jacko Mollo, um morcego coadjuvante
afundar completamente. numa das “Histórias da Mamãe Ursa”, da Kitty
C) indicar que um determinado local deve ser Crowther – autora que bem poderia ter reeditados
atravessado rapidamente. seus livros [...].
D) mostrar que uma pessoa tentou se desvencilhar Na maior parte do tempo, claro, interpreta a
de uma função indesejada. própria mãe. [...]
E) revelar que alguém precisou fazer algo escondido Outro dia, interpretando a mãe à mesa,
para fugir da repreensão. chegou a comer brócolis! A atriz, que tem horror a
qualquer coisa verde, fez esse sacrifício porque sabe
que a personagem adora.
D13 Questão 06 –––––––––––––––––––––––––––◊ Não estou dizendo que já escolheu essa
Nesse texto, no trecho “– Pé já não dá mesmo, em profissão [...]. Mas entendi, junto com ela, o barato
lugar nenhum, seô Major.” (6º parágrafo), foi desse ofício [...].
utilizada a linguagem Não sei qual é o momento da vida em que a
A) científica. gente decide que tem que ser uma pessoa só. [...]
DUVIVIER, Gregório. Os 101 dálmatas que habitam a mesma criança. In: Folha
B) formal. de São Paulo. Disponível em: https://bit.ly/2KHF3Lh. Acesso em: 21 dez. 2020.
C) jurídica. Fragmento.

D) regional.
No penúltimo parágrafo desse texto, no trecho “... o
E) virtual.
barato desse ofício...”, o termo destacado significa
A) acessível.
B) comum.
D2 Questão 07 –––––––––––––––––––––––––––◊
C) difícil.
Nesse texto, no trecho “... que foi o derradeiro...”
D) descuido.
(12º parágrafo), a palavra destacada substitui
E) prazer.
A) Francolim.
B) João Manico.
C) Major Saulo.
D) Sebastião.
E) Zé Grande.
 empregado. Não tinha ambições, ou antes tinha uma
Leia os textos abaixo e responda as questões 09, 10 ambição só; era amar loucamente uma mulher e
e 11. casar sensatamente com ela. Até então não se
apaixonara por nenhuma. Estreara algumas afeições
Texto 1 que não passaram de namoricos modestos e
Quero prosaicos. [...]
Quero que todos os dias do ano A viveza da imaginação e a leitura de certos
todos os dias da vida livros lhe desenvolveram o germe que a natureza lhe
de meia em meia hora pusera no coração. Alfredo Tavares (é o nome do
de 5 em 5 minutos rapaz) povoara o seu espírito de Julietas e Virgínias,
me digas: Eu te amo. e aspirava noite e dia viver um romance como só ele
o podia imaginar. Em amor a prosa da vida metia-lhe
Ouvindo-te dizer: Eu te amo, nojo, e ninguém dirá certamente que ela seja uma
creio, no momento, que sou amado. coisa inteiramente agradável; mas a poesia é rara e
No momento anterior passageira – a poesia como a queria Alfredo Tavares,
e no seguinte, e não viver a prosa, na esperança de uma poesia
como sabê-lo? incerta, era arriscar-se a não viver absolutamente.
[...]
Quero que me repitas até a exaustão Alfredo não exigia especialmente um sangue
que me amas que me amas que me amas. real [...]. O que ele pedia era o poético [...], com
Do contrário evapora-se a amação quem iria suspirar uma vida mais do céu que da
pois ao não dizer: Eu te amo, terra, à beira de um lago ou entre duas colinas
desmentes eternamente verdes. A vida para ele devia ser a
apagas cristalização de um sonho. Essa era nem mais nem
teu amor por mim. [...] menos a sua ambição e o seu desespero. Alfredo
Tavares adorava as mulheres bonitas. Um leitor
Quero ser amado por e em tua palavra menos sagaz achará nisto uma vulgaridade. Não é;
nem sei de outra maneira a não ser esta admirá-las, amá-las, que é a regra comum; Alfredo
de reconhecer o dom amoroso, adorava-as literalmente. Não caía de joelhos porque
a perfeita maneira de saber-se amado: a razão lhe dizia que seria ridículo; mas se o corpo
amor na raiz da palavra ficava de pé, o coração ajoelhava. Elas passavam e
e na sua emissão, ele ficava mais triste que dantes, até que a
amor imaginação o levasse outra vez nas asas [...].
saltando da língua nacional, Mas se a sua ambição era amar uma mulher,
amor por que razão não amara uma de tantas que adorava
feito som assim de passagem? Leitor, nenhuma delas lhe
vibração espacial. [...] tocara o verdadeiro ponto do coração. [...] Não seria
porém difícil que uma das que ele simplesmente
Se não me disseres urgente repetido admirava, lograsse dominar-lhe o coração;
Eu te amoamoamoamoamo, bastava-lhe um quebrar de olhos, um sorriso, um
verdade fulminante que acabas de gesto qualquer. A imaginação dele faria o resto. [...]
desentranhar, ASSIS, Machado de. Antes que cases. In: Domínio Público. Disponível em:
https://bit.ly/3uJuw6x. Acesso em: 13 jul. 2022. Fragmento.
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Quero. In: Singularidade poética. Disponível
em: https://bit/ ly/3Rw1WPN. Acesso em: 13 jul. 2022. Fragmento.

Texto 2
Antes que cases

Era um dia um rapaz de vinte e cinco anos,

bonito [...], não rico, mas vantajosamente
D20 Questão 09 –––––––––––––––––––––––––––◊
Esses textos são parecidos, pois
A) afirmam que o amor acaba quando não é
reforçado à exaustão.
B) alegam que a leitura de livros serve de inspiração
para o amor.
C) apresentam alguém que busca um amor
correspondido.
D) destacam alguém que precisa ser amado para não
cair no caos.
E) mostram alguém que considerava ridículo cair de
joelhos por amor.
D13 Questão 10 –––––––––––––––––––––––––––◊
No Texto 2, o trecho em que o narrador estabelece
um diálogo com o interlocutor é:
A) “Era um dia um rapaz de vinte e cinco anos,...”. (1º
parágrafo)
B) “Não tinha ambições, ou antes tinha uma
ambição só;...”. (1º parágrafo)
C) “A vida para ele devia ser a cristalização de um
sonho.”. (3º parágrafo)
D) “Essa era nem mais nem menos a sua ambição e
o seu desespero.”. (3º parágrafo)
E) “Leitor, nenhuma delas lhe tocara o verdadeiro
ponto do coração.”. (5º parágrafo)
D18 Questão 11 –––––––––––––––––––––––––◊
No Texto 2, no trecho “... mas a poesia é rara e
passageira — a poesia como a queria Alfredo
Tavares, e não viver a prosa, na esperança de uma
poesia incerta, era arriscar-se a não viver
absolutamente.” (2º parágrafo), o recurso estilístico
foi usado para
A) atenuar o sentido desagradável de uma expressão
ao substituí-la por outra menos rude.
B) atribuir características humanas à poesia ao
caracterizá-la como rara e passageira.
C) demonstrar um exagero intencional com relação a
viver de modo pouco intenso.
D) ironizar o sentido pretendido pelo autor ao
empregar as palavras “poesia” e “prosa”.
E) remeter a uma comparação implícita entre a
poesia e os relacionamentos passageiros.
D Questão 12 –––––––––––––––––––––––––◊
Leia o texto abaixo.
Seara Vermelha
Os colonos [...] da fazenda estavam espalhados
pelas estradas da caatinga. Iam todos no rumo do
sul, em busca do país de São Paulo. Muitos outros
haviam ido antes, os contratantes de trabalhadores
apareciam pelas fazendas, contavam histórias,
diziam coisas de assombrar [...]. Cada trabalhador
que chegava era fazendeiro em poucos anos [...].
Eram esses mesmos caminhos, essas trilhas
abertas na caatinga, que Jerônimo e seu irmão João
Pedro trilhavam agora com suas famílias. Dinah,
mulher de João Pedro, [...] contara as pessoas e os
bichos da [...] comitiva [...].
Ela, o marido e a filha, Gertrudes [...]. Puxara à
mãe, era um touro no trabalho [...]. E a família de
Jerônimo. Ele, Jucundina, os dois filhos e os três
netos [...]. Faziam onze mas Dinah contava também
Jeremias e Marisca.
Jeremias ia na frente, Jerônimo puxava do
cabresto, às vezes entregava a Tonho. Ia carregado
com dois caçuás1, onde levavam quase tudo o que
possuíam. O resto estava nas trouxas que mulheres e
homens conduziam [...]. Jeremias marchava no seu
passo tardo, sem pressa [...].
Naquele primeiro dia eles fizeram cinco léguas
compridas, que eram quantas os separavam da
fazenda Primavera. Chegaram com a noite quando
Jeremias começava a empacar pelo caminho. Noca ia
atrás de todos, quase não se aguentava de cansada,
a gata apertada contra o peito.
*Vocabulário:
1
Caçuá: Cesto grande de cipó.
AMADO, Jorge. Seara Vermelha. São Paulo: Schwarcz, 2009. Fragmento.
O contexto social a que se refere esse texto é
A) a agricultura de subsistência nas fazendas do
Brasil.
B) a construção de estradas que interligam estados
brasileiros.
C) a importância da pecuária do Brasil.
D) o crescimento da extração da borracha.
E) o movimento migratório em direção ao sudeste
do país.