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UNIVERSIDADE LÚRIO

Faculdade de Ciências Agrárias

LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES POTENCIAIS PARA


RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO POSTO
ADMINISTRATIVO DE UNANGO
Protocolo para Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de Licenciatura em
Engenharia Florestal

Autor:

Chico, António Fernando

Supervisor:

MSc: Manjate, Merlindo Jacinto

Unango, Outubro de 2022


UNIVERSIDADE LÚRIO

Faculdade de Ciências Agrárias

LEVANTAMENTO DE ESPÉCIES POTENCIAIS PARA


RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO POSTO
ADMINISTRATIVO DE UNANGO

Autor:

CHICO, António Fernando

Supervisor:

Eng: MANJATE, Merlindo Jacinto, MSc

Unango, Outubro de 2022


INDICE
I. INTRODUÇÃO........................................................................................................................4

1.1. Problema e Justificativa........................................................................................................5

1.2. OBJECTIVOS.......................................................................................................................6

1.2.1. Geral...................................................................................................................................6

1.2.2. Específicos.........................................................................................................................6

II. METODOLOGIA...................................................................................................................7

2.1. Descrição da área de estudo..................................................................................................7

2.1.1. Clima..................................................................................................................................8

2.1.2. Relevo................................................................................................................................8

2.1.3. Vegetação...........................................................................................................................8

2.2. Amostragem da vegetação....................................................................................................8

2.3. Análise de dados...................................................................................................................9

III. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................10


I. INTRODUÇÃO

O Miombo é uma formação florestal decídua que ocupa a maior extensão da África,
Cobrindo 2,7 milhões de km2 da sua porção sul, central e oriental (Ribeiro, Shugart, &
Washington-Allen, 2008). Apesar da sua importância ecológica e económica, o Miombo está
ameaçada pélo desmatamento e a degradação do solo, sofrendo elevada perda de biodiversidade
(Sileshi et al., 2007). Estas acções humanas vêm causando uma drástica mudança na composição
e estrutura das comunidades biológicas dessa formação vegetal, tornando os seus recursos cada
vez mais modificados (Backéus, Pettersson, Strömquist, & Ruffo, 2006). Das causas mais
comuns da perda e alteração do Miombo estão a retirada da vegetação para a produção de carvão
vegetal e a prática de corte e queima para a agricultura, que são os remotos e mais importantes
tipos de uso da terra que afectaram essa ecoregião (Syampungani, Geldenhuys, & Chirwa, 2015).
Em geral, a agricultura itinerante é o problema mais grave do uso de terra e o principal motor de
desmatamento das áreas tropicais da África (Karthik, Veeraswami, & Samal, 2009). Em
Moçambique as florestas têm sofrido impactos significativos devido a uma combinação de
diversos factores dentre os quais pode se destacar, o corte ilegal e desregrado de espécies
madeireiras, a exploração de espécies para produção de carvão vegetal, a prática de agricultura
itinerante, a frequência das queimadas descontroladas, a urbanização e as mudanças climáticas
(Mourana & Serra, 2007).
Segundo o Ministério de Terra ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) o
desmatamento de áreas florestais é um dos principais problemas nos países em desenvolvimento
devido à forte dependência da população em relação aos recursos naturais. Em Moçambique, a
taxa anual de desmatamento foi estimada em cerca de 267029 hectares correspondendo a uma
taxa de mudança de 0.58%, tendo a agricultura contribuído com cerca de 86% da área
desflorestada em todo o país (MITADER, 2018). O estabelecimento de plantações em florestas
perturbadas e em degradação é uma das técnicas mais efectivas para a recuperação de
ecossistemas degradados nas regiões tropicais, de alta precipitação, em função do seu papel no
controlo da erosão, na conservação da humidade do solo e na criação de um microclima mais
favorável para o desenvolvimento da vegetação (Lamb & Gilmour, 2005). Rodrigues & Gandolfi
(2000) afirmam que a recuperação da vegetação de uma área degradada fundamenta-se na
caracterização florística (o que plantar); levantamento fitossociológico (quanto plantar) e nos
princípios de sucessão secundária (como plantar), com o objectivo de reconstituir o ecossistema,
garantindo a manutenção da biodiversidade vegetal e suas interações com a fauna ao longo do
tempo. A escolher correcta da comunidade de plantas que iniciará o processo de sucessão em
uma área degradada é um dos pontos mais críticos do processo de recuperação (Neri, Soares,
Neto, & Dias, 2011). Estudos fitossociológicos de ambientes naturais preservados, alterados,
perturbados e degradados têm como objectivo não apenas a escolha das espécies, mas também a
descoberta de como empregá-las eficientemente nos projetos de recuperação (Bendito, Souza,
Ferreira, Cândido, & Souza, 2018).

1.1. Problema e Justificativa


A prática de agricultura nómada, a extração de combustível lenhoso para o consumo e
produção de carvão, as queimadas frequentes em todos os anos, são factores que contribuem na
degradação de áreas no posto administrativo de Unango, pra além de criar danos ao solo,
também contribui para a extinção de diversas espécies de flora e de fauna. O posto
administrativo de Unango apresenta um enorme valor de fauna e flora, a actividade antrópica
ameaça a perpetuação destes pela expansão das áreas de cultivo e produção de carvão vegetal,
feita pelas comunidades residentes em sua volta que encontram nela solos férteis para a prática
da agricultura as aldeias das redondezas que se beneficiam.
O principal foco da recuperação de áreas degradadas é o restabelecimento de
comunidades que se aproximem da situação original, para que através de interações ecológicas as
espécies potenciais da comunidade retornem ao ambiente.
A floresta de Unango é caracterizada por ambientes vegetais diversos, em diferentes
estágios de desenvolvimento. A principal causa da degradação da floresta do Miombo é a prática
da agricultura itinerante, e a extração de combustível lenhoso e produção de carvão vegetal. A
agricultura itinerante é caraterizada pela queima e derruba, praticada de forma nómada, ou seja,
os campos de cultivo são abandonados depois de 5 anos de prática agrícola, deixando assim as
áreas completamente nuas e desprovidas de qualquer cobertura vegetal, intensificando assim o
processo de degradação. Diante do exposto acima ainda é escasso conhecimento sobre espécies
potências para a recuperação e restauração de áreas degradadas na área de estudo e dos seus
aspectos ecológicos o que dificulta qualquer programa de recuperação dessas áreas. Na
recuperação e restauração de áreas degradadas e antropizadas, o conhecimento da vegetação é
essencial para recompor determinada área degradada o mais próximo possível da original
(Martins et al., 2020). Além disso, o conhecimento sobre alguns aspectos ecológicos como as
síndromes de dispersão de propágulos e a distribuição espacial dos indivíduos (Negrini, Aguiar,
Vieira, Silva, & Higuchi, 2012) são importantes para subsidiar estratégias de conservação.

1.2. OBJECTIVOS

1.2.1. Geral

 Avaliar a composição florística e estrutura fitossociológica em remanescentes de floresta


do Miombo no Posto administrativo de Unango e indicar espécies arbóreas potenciais
para restauração de áreas degradadas.

1.2.2. Específicos
 Descrever a composição florística das áreas de estudo;
 Analisar a estrutura horizontal através do cálculo dos parâmetros fitossociológicos;
 Avaliar a diversidade da composição florística das áreas de estudo e,
 Classificar as espécies arbóreas em grupos sucessionais e síndrome de dispersão.
II. METODOLOGIA

2.1. Descrição da área de estudo


Segundo o Ministério da Administração Estatal (MAE) o distrito de Sanga localiza-se na
parte Norte da Província do Niassa a uma distância de 60Km da capital provincial Lichinga,
confinando a Norte com a República da Tanzânia, a Sul com o distrito de Lichinga, a Leste com
os distritos de Muembe e Mavago e a Oeste com o distrito de Lago (MAE, 2005). O posto
administrativo de Unango, Posto este que localiza-se no centro do Distrito de Sanga e dista 12
km da Sede Distrital de Malulu, com uma via de acesso principal que possui 4,5 km
terraplanadas e 7,5 de asfalto.

Figura 1: Localização geográfica da área de estudo.


Fonte: Aloísio, (2016).
2.1.1. Clima

O distrito de Sanga é caracterizado por estar sob a influência da Zona de Convergência


Intertropical que origina duas estações, nomeadamente a estação quente e chuvosa que vai de
Dezembro a Março, e tendo como mês de transição o mês de Abril, a estação seca e fria de Maio
a Outubro, com o mês de Novembro como de transição (MAE, 2005).

2.1.2. Relevo

O distrito Sanga é constituído por duas zonas de relevo nas quais a parte Norte do distrito
é caracterizada por inselbergs, que são zonas sub-planálticas e planícies ocupando cerca de 60%
do distrito. A Zona Sul do distrito ocupa cerca de 40% da extensão, sendo dominada pela
Cordilheira de Sanga com altitudes superiores a 1.000m. Estas duas zonas influenciam os
regimes hídricos e climáticos (precipitação e temperatura) do distrito, constituindo, por sua vez,
as Zonas Agro-Ecológicas do distrito (MAE, 2005).

2.1.3. Vegetação

A vegetação do distrito de Sanga é constituída na sua maioria por Julbernardia


globiflora, Brachystegia spiciformis, Brachystegia bussei, Uapaca nítida e Diplorhynchus
condylocarpon. Portanto, o Miombo decíduo ocupa a maior do distrito de Sanga, com
predominância de Brachystegia Bohemii, Brachystegia spiciformis (messassas) e espécies do
género Uapaca Kirkiana (massuco) (MAE, 2005).

2.2. Amostragem da vegetação

A área de estudo é constituída de remanescentes de áreas com vegetação em diferentes


estágios sucessionais, resultantes do histórico de perturbação ocorrido no passado. Para
amostragem da vegetação serão alocadas aleatoriamente 10 parcelas de 20*30m totalizado uma
área de 0,6ha. No interior das parcelas, foram amostrados todos os indivíduos arbustivo-arbóreos
com circunferência maior ou igual a 10 cm, à altura do peito (CAP), a 1,30.
2.3. Análise de dados

Para descrever a composição florística as espécies serão identificadas em nível de


família, gênero e espécie, a identificação será feita em campo e caso não seja possível serão
recolhidas amostras e usada bibliografia específica, a grafia e autoria dos binômios específicos e
sinonímias foram confirmadas nas bases de dados “International Plant Names Index” (IPNI)1.
As espécies encontradas serão classificadas quanto à guilda de regeneração em pioneiras,
secundárias iniciais e secundárias tardias (GANDOLFI et al. 1995) e a síndrome de dispersão
segundo a metodologia de Van Der Pijl (1982) citados por Junior et al. (2015) como:
anemocóricas (ANE), zoocóricas (ZOO), autocóricas (AUTO).
Os parâmetros fitossociológicos Densidade Relativa (DR), Densidade Absoluta (DA),
Dominância Relativa (DOR), Frequência Absoluta (FA) e Índice de Valor de Cobertura serão
calculados pelas formas tradicionais, a partir do uso do programa Fitopac versão 2.1.2
(Shepherd, 2010).
A avaliação de diversidade da composição florística será feita pelo índice de Shannon-
Wiener (H’) e equabilidade de Pielou (J). Essas as análises serão realizadas também no
programa Fitopac versão 2.1.2. A partir das características das espécies encontradas e seus
descritores fitossociológicos serão definidas as que possuem potencial para a restauração de
áreas.

1
https://www.ipni.org/
III. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Backéus, I., Pettersson, B., Strömquist, L., & Ruffo, C. (2006). Tree communities and structural
dynamics in miombo (Brachystegia-Julbernardia) woodland, Tanzania. Forest Ecology and
Management, 230(1–3), 171–178.

Bendito, B. P. C., Souza, P. A. de, Ferreira, R. Q. de S., Cândido, J. B. m e, & Souza, P. B. de.
(2018). Espécies do cerra do com potencial para recuperação de áreas degradadas, Gurupi
(TO) Bianca. Revista Agrogeoambiental, 10(2), 12. Pouso Alegre.

Junior, M. S. de M., Pereira, I. M., Machado, E. L. M., Mota, S. da L. L., & Otoni, T. J. O.
(2015). Potential species for recovery areas semideciduous forest in iron exploration in the
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Karthik, T., Veeraswami, G. G., & Samal, P. K. (2009). Forest Recovery Following Shifting
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387.

Lamb, D., & Gilmour, D. (2005). Rehabilitation and Restoration of Degraded Forests.
Restoration Ecology, 13(3), 578–579.

MAE. (2005). Perfil do distrito de Sanga. Maputo.

Martins, D. A. P., Erdmann, J. M., Lemos, A. M., Walter, F. F., Lanzarini, A. C., & Kanieski, M.
R. (2020). Espécies potenciais para recuperação de áreas degradadas a partir de
levantamento florístico realizado no Planalto Catarinense. Revista de Ciências
Agroveterinárias, 18(July 2020), 38–46.

Ministério da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural. (2018). Inventário Florestal Nacional.


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Mourana, B., & Serra, C. M. (2007). 20 Passos para a Sustentabilidade Florestal em


Moçambique. Map.

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distribuição espacial e estratificação vertical da comunidade arbórea em um fragmento
florestal no planalto catarinense [Dispersion, spatial distribution and vertical stratification of
the tree community in a forest fragment in "Planalto catari. Revista Árvore, 36(5), 919–929.

Neri, A. V., Soares, M. P., Neto, J. A. A. M., & Dias, L. E. (2011). Espécies de cerrado com
potencial para recuperação de áreas degradadas por mineração de ouro, Paracatu-MG.
Revista Árvore, 35(4), 907–918.

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Rodrigues, R., & Gandolfi, S. (2005). Conceitos, tendências e ações para a recuperação de
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Shepherd, G. J. (2010). FITOPAC 2: manual do usuário. Campinas: UNICAMP. Retrieved from


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Syampungani, S., Geldenhuys, C. J., & Chirwa, P. W. (2015). Regeneration dynamics of


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