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AULÃO DE

COLETA DE DADOS
AULÃO MENSAL 1 - COLETA DE
DADOS

2021

Amanda Duarte
Sumário
01 Introdução: o que é ciência e porque coleta de
dados

02 O que é coleta de dados

O que considerar na hora de escolher a minha


03
coleta

04 Tipos principais de coletas

Métodos de coletas, suas definições e modos


05
de fazer

06 Escrevendo meu capítulo de coleta de dados

07 Resumo
Introdução
É importante entendermos que a coleta de dados e a maneira como a
realizamos é precisamente aquilo que separa o conhecimento popular
do conhecimento que chamamos de científico, sendo fundamental
para validarmos nossos processos de pesquisa diante da comunidade
científica. Sendo assim, se faz importante conhecermos melhor aquilo
a que chamamos de ciência.

Diferentemente do conhecimento popular, em que se relata uma


percepção e estabelece-se relações entre o fato e suas possíveis causas
pela relação lógica, a ciência demanda a utilização da demonstração por
evidências.
Sendo assim, a ciência não é somente feita de relatos, mas da
apreensão, do registro e das demonstrações de causa de um fato, de modo
que somente se conhece algo aquele que é capaz de demonstrar o porquê
daquela conclusão.
Nesse caso, se utiliza do método como uma maneira de registrar os
elementos relevantes para determinado fato e para eliminar possíveis
causas estranhas, garantindo que outras pessoas ao redor do mundo, se
estudarem o mesmo que você, encontraram causas semelhantes.
Entretanto, essa relação entre fatos e causas fixas não se sustenta,
plenamenta, nas áreas das ciências humanas, justamente porque o
comportamento humano nem sempre pode ser previsto por equações e
porcentagens, de modo que são necessários outros métodos de coleta de
dados para explicar os resultados encontrados.
Sendo assim, podemos entender método como a "sequência lógica de
procedimentos que se deve seguir para a consecução de um objetivo. O
método científico, especificamente, é um conjunto de procedimentos que
já foi devidamente validado por determinada comunidade científica,
assegurando a qualidade da pesquisa" .
Aqui, nesse PDF, lhe apresentarei diferentes modos de apreender, ou
seja, coletar os dados da sua pesquisa, para que você seja capaz de
escolher, individualmente, aqueles que melhor se encaixam nos seus
objetivos.
O que é coleta de dados
Segundo o Dicionário de Metodologia, coleta de dados é uma
"operação através da qual se obtém as informações a partir do
fenômeno pesquisado. É realizada mediante um instrumento de
pesquisa, que irá variar em função da ciência e do método utilizado".

De acordo com a definição acima colocada, podemos entender que a


coleta de dados, é, então, parte fundamental do método, uma vez que é
por meio de seus instrumentos (ou seja, daquilo que utilizamos para medir,
quantificar ou entender um fenômeno) que entendemos o nosso estudo.
Então, seguindo a lógica (nesse momento, aliada a metodologia),
precisamos criar um banco de dados a partir do qual desenvolveremos a
nossa análise própria e é esse banco de dados que a coleta é capaz de
criar. Para isso, três perguntas precisam ser respondidas: O que coletar?
Com quem coletar? Como coletar?
Para a primeira pergunta, é preciso entender e refletir sobre quais
são os dados necessários para cumprir com os objetivos que você traçou -
e sobre isso falaremos mais adiante.
Já a pergunta "com quem coletar?", assim como as demais que ela
acarreta (onde? sobre qual período), é o primeiro passo de delimitação da
sua metodologia. É uma maneira de você recortar o seu campo de
pesquisa, chegando a um lugar mais plausível para o tempo que você tem.
Nesse caso, é possível também recortar temporal e espacialmente.
A última das perguntas é, de fato, o que entendemos por coleta de
dados, já que se refere aos seus instrumentos. Dentro dela, temos três
operações fundamentais, segundo o manual de pesquisa da UFRGS:
"conceber um instrumento capaz de fornecer informações adequadas e
necessárias para testar às hipóteses; testar o instrumento antes de
utilizá-lo sistematicamente para se assegurar do seu grau de adequação e
precisão; colocá-lo sistematicamente em prática e proceder assim à
coleta de dados pertinentes" .
O que considerar na hora de
escolher a minha coleta de
dados
Antes de mais nada, você precisa ter delimitado os seus objetivos,
certo? São eles que vão nortear a escolha dos instrumentos da sua coleta
de dados. Você só tem objetivos teóricos? Provavelmente a sua coleta
envolve uma pesquisa bibliográfica e documental. Você tem alguma
pesquisa prática? Então é possível que estejamos falando de observação,
entrevistas ou exames.
Além disso, quanto tempo você terá para a coleta? Você vai ter como
implementar a coleta escolhida dentro do tempo que você tem? A maior
parte das pesquisas envolve mais de um tipo de coleta de dados e algumas
chegam a demandar um tipo de coleta para cada objetivo específico!
Fazer um cronograma é a melhor maneira de entender o que será ou não
possível fazer.
Por fim, mas não menos importante: você se identifica e tem a
consciência necessária para implementar esse instrumento? Alguns deles
demandam um conhecimento técnico muito específico, que pode ser que
você ainda não domine!
Pensando em tudo isso, veremos, a seguir, os tipos de instrumentos
que são comumente mais utilizados dentro do meio acadêmico. Observe
esses tipos e tente, ao longo dessa aula, identificar qual (ou quais) estão
envolvidos na sua pesquisa.
Tipos principais de coleta
Coleta documental
Observação
Entrevistas
Questionários
Formulários
Medidas de opiniões e de atitudes
Técnicas mercadológicas
Testes
Sociometria
História de vida

Antes de entrarmos na descrição de cada uma, é preciso entendermos


algumas discussões. Primeiramente, apesar dos instrumentos de coleta serem
diferentes entre ciências exatas, humanas e da saúde, a coleta precisa se dar
de maneira rigorosa, a fim de tornar a sua pesquisa crível.
Ainda sobre a questão da credibilidade, "o pesquisador precisa conhecer,
especialmente em pesquisas documentais, bibliográficas, de entrevistas ou
questionários, o risco que corre das fontes serem inexatas, distorcidas ou
errôneas" (técnicas de pesquisa). Para minimizar os impactos dessa tendência
dos dados, é importante fazer uso de diferentes tipos de coleta (ex: comparar a
narrativa oral com documentos oficiais).
Também precisamos lembrar que a coleta envolve, também, a elaboração
dos dados, ou seja, a seleção, codificação, e tabulação desses dados.
1. Seleção: é o exame cuidadoso dos dados, procurando por inconsistências,
informações confusas ou incompletas, etc. É também a fase fundamental
para entender se há dados de mais ou de menos.
2. Codificação: categorizar os dados que se relacionam, além de poder
atribuir a eles símbolos que ajudem a serem contados, organizados e
tabelados.
3. Tabulação: é o processo de dispor os dados em uma tabela, para melhorar
a visualização dos dados, mas isso também pode ser feito em outros
formatos. É aqui que será feita a reunião dos subgrupos para refutar ou
comprovar as hipóteses.
Métodos de coleta, suas
definições e modos de
fazer
Vamos começar a nossa imersão diferenciando os documentos e os modos de analisar
documentos e bibliografia (então, vamos parar de usar pesquisa bibliográfica como
sinônimo de pesquisa documental, tá?), especialmente porque ambas são necessárias
em qualquer pesquisa, uma vez que permite conhecer o que já se sabe sobre o assunto.
A pesquisa documental parte de fontes primárias, enquanto a pesquisa bibliográfica
parte das fontes secundárias!

Documental Bibliográfica

Por partir de fontes secundárias, já tratadas


Os documentos podem ser recolhidos no
previamente, será sempre posterior ao
momento do acontecimento ou depois.
acontecimento.

Pode ser de produção própria ou de Ainda que seja de produção própria, será
outros. tratada como se fosse de outro.

Fontes dos documentos: bibliotecas, bancos


Fontes dos documentos: arquivos
de dados virtuais, revistas científicas,
públicos, arquivos privados, fontes
imprensa, meios audiovisuais, material
estatísticas
cartográfico

Tipos de documentos: documentos Tipos de documentos: relatórios de


oficiais, publicações parlamentares, pesquisa, estudos históricos, pesquisas
documentos jurídicos, fontes estatísticas, estatísticas, pesquisas que analisam outros
documentos particulares, fotografias, documentos primários, material
desenhos, objetos, canções, vestuário, etc cartográfico, filmes, comerciais, rádio,
cinema, TV, etc.
Métodos de coleta, suas
definições e modos de
fazer
Ambas os instrumentos acima mencionados demandam o mesmo tipo de
coleta de dados, que deve responder, ainda no projeto de pesquisa, a algumas
perguntas fundamentais:

Que documentos serão utilizados? (nomear)


Exemplos:
Pesquisa documental sobre a condição climática de determinado lugar, precisará:
gráficos de temperatura daquele lugar ao longo do tempo, documentos que registrem a
queda de chuvas, decretos sobre economia de água ou energia, etc.
Pesquisa bibliográfica sobre o aquecimento global, precisará: livros e artigos que
tratem do aquecimento global no mundo todo, estudos que mostrem como o aquecimento
está influenciando aquele local específico, notícias que mostrem aumento de temperatura,
etc.

Onde esses documentos estão e como você irá acessá-los?


Exemplos:
Pesquisa documental: IBGE, documentos de órgãos públicos, diário oficial, etc
Pesquisa bibliográfica: indicações de pessoas da área, Scielo, portais de notícias, etc.

Que critérios serão utilizados para que esse documento entre ou não na
sua pesquisa? - Aqui é onde se define se essa pesquisa será sistemática
ou não.
Exemplos: usará somente documentos estaduais e municipais; buscará dentro de
determinado período de tempo; buscará por tais palavras-chaves; somente artigos
escritos por mestres ou doutores; etc.

Dessa maneira, é importante descrever as fontes de consulta, as palavras-


chave ou descritores utilizados, o recorte temporal, os critérios de inclusão
ou exclusão e o passo a passo da revisão (quantos textos foram achados,
quantos foram eliminados, quantos foram lidos na íntegra, etc).
Métodos de coleta, suas
definições e modos de
fazer
Quando entramos na área dos estudos com pessoas, encontramos uma
variedade de instrumentos que servem para conhecer melhor a experiência
deles ou entender a evolução do começo para o final da pesquisa: entrevistas,
questionários, formulários, medidas de opinião, testes de aptidão, testes
clínicos, etc.
Aqui, talvez até mais do que na pesquisa documental, passa a valer a
especificidade dos seus objetivos, uma vez que cada um desses instrumentos
oferece um tipo de dado e, as vezes, mesmo dentro do próprio instrumento,
temos uma série de subdivisões que especificam ainda mais os resultados.

É o caso, por exemplo, das ENTREVISTAS, que se subdividem em fechada


(questionário), semiestruturada, não estruturada e história de vida. Uma vez
que a entrevista é um instrumento que faz uso da palavra por meio de uma
relação de conversa, é importante compreendermos que há sempre uma
relação de hierarquia entre entrevistador e entrevistado que deve ser levada
em consideração no momento da entrevista, buscando usar linguagens
simples e diretas, além de evitar o tendenciamento das perguntas, a fim de
não aumentar o grau de influência que o entrevistador possui.
Em geral, se entende a divisão entre questionário e entrevistas como a
diferença entre você entrar em contato somente com as respostas diretas (e
escritas) da pessoa e a possibilidade de você analisar não somente as
palavras, mas também a postura, o tom de voz, as reações, etc.
Por esse motivo, para a pesquisa, uma entrevista fechada (que é aquela
na qual o entrevistador faz perguntas diretas para um entrevistado que
também responde de maneira direta, sem muita subjetividade envolvida) tem
o mesmo peso de um questinário do ponto de vista conceitual, restando
apenas a diferença de poder retratar também as reações do entrevistado.
Métodos de coleta, suas
definições e modos de
fazer
Já as entrevistas semiestruturadas são aquelas em que o entrevistador
tem um roteiro a seguir, mas pode adaptá-lo, na medida em que julgar
necessário, para extrair mais informações do entrevistado sobre o tema.
Além disso, esse tipo de entrevista pressupõe que serão feitas perguntas
mais complexas e que permitam ao entrevistado dissertar mais longamente
sobre o tema.
Mesmo assim, ao contrário do que acontecerá na entrevista não
estruturada, há um roteiro bem definido e que deve ser seguido pelo
entrevistador no sentido de garantir com que todas as perguntas sejam feitas,
a fim de atender a todos os objetivos propostos pela pesquisa.
Para esse roteiro, o pesquisador precisará ter clareza de que perguntas
deve fazer para extrair do entrevistado os dados necessários - o que exige um
esforço prévio no sentido de delimitar quais são os dados que se está
buscando e que tipos de perguntas precisam ser feitas para conseguí-los.
Por sua vez, a entrevista não estruturada pressupõe que a relação entre
entrevistador e entrevistado se dará, ainda mais, no formato de uma conversa
"livre", em que o responsável pelas perguntas fará uso delas para incentivar o
que responde a contar a sua história de vida ou sua percepção sobre
determinado fenômeno.
Especialmente nesse tipo de entrevista, o entrevistador deve praticar
uma escuta ativa, não na intenção de fazer a próxima pergunta, mas sim em
busca de uma abertura mais sincera e mais profunda do entrevistado, que
está expondo sua percepção sobre um acontecimento e que possui
percepções e subjetividades envolvidas nesse momento.

Independentemente do tipo de entrevista ou de questionário, todas as


respstas devem ser registradas em áudio, vídeo e/ou transcrição ao pé da
letra, a fim de, posteriormente, ter seus dados catalogados e analisados.
Métodos de coleta, suas
definições e modos de
fazer
Existem também as pesquisas que não exigem um tipo de individualidade
dos indivíduos que participaram e demandam, na verdade, uma quantidade
maior de amostra e acaba tratando as pessoas como números (sem que iss
seja necessariamente ruim). São os casos, por exemplo, de pesquisas que
visam metrificar o resultado de um remédio ou se crianças preferem ou não
serem alfabetizadas remotamente. Em geral, são pesquisas de antes e depois
- análise do que havia antes do experimento, experimentação em si e análise
de como o experimento mudou a situação.
Nesses casos, antes mesmo de se dar a coleta efetiva dos dados, é preciso
delimitar muito bem quais serão os parâmetros utilizados para saber se o
experimento deu ou não certo, se as pessoas se curaram ou não, se sabem ler
ou não - O que será medido? Como será medido? Em quais circunstâncias será
medido? Tudo isso influenciará no que será necessário para coletar os dados:
câmeras? Exames clínicos? Algum espaço físico? Algum material específico?
Sendo assim, nesse tipo de pesquisas, é o nível de especificidade dos
dados que ditará o nível de aprofundamento que a coleta de dados requer,
sempre colocando a coleta em prol de atingir os objetivos propostos e de
confirmar ou refutar a hipótese.
Escrevendo o meu capítulo
de coleta de dados
Como já conversamos, a coleta de dados exige rigor e detalhamento de
todo o processo desde a delimitação dos objetivos até o momento de
colocar os dados à vista de todos. Por isso, esse percurso é um excelente
caminho para começar a escrever o seu capítulo de coleta de dados:
levando o leitor junto com você nessa trajetória.
O mais importante nesse capítulo é que você garanta que o seu leitor
tenha fácil acesso e visualização a todos os dados que você teve acesso e
visualização, cabendo a você levá-lo pelos caminhos que, mais tarde,
justificarão a sua análise. Por isso, aqui cabe você fazer uso das tabelas,
quadros e todo tipo de registro que você fez durante a sua pesquisa,
mesmo que você tenha feito "só para organizar". É exatamente essa
organização dos dados que o leitor precisa ter acesso.
É claro que, mais uma vez, o uso de gráficos, tabelas, quadros ou
imagens vai depender do tipo de pesquisa que desenvolveu e a adequação
desses artifícios aos dados que você coletou - um gráfico, por exemplo, só
cabe em uma pesquisa com dados quantitativos, ficando deslocada e até
paradoxal em uma pesquisa qualitativa.
Outro ponto fundamental é que não deve haver seleção dos dados que
serão expostos ou não nesse capítulo, em uma tentativa de minimizar ou
tentar tornar mais palatável o texto para o leitor. A pessoa que entra em
contato com o seu trabalho deve "saber" tudo que você "sabe" e, por isso,
levá-lo com você pelo mesmo caminho de perguntas e respostas que você
percorreu é fundamental para garantir que ele saiba exatamente porquê e
como cada dado daquele chegou até ali.
É por esse mesmo motivo que, ainda que seja possível e interessante
criar um único capítulo para a coleta e a análise dos dados, eu não
recomendaria essa escolha caso você seja um iniciante. Isso porque
alternar dados e análise exige um amplo desenvolvimento linguístico e de
pesquisa para que você não contamine a apresentação dos dados.
Resumo
A coleta de dados precisa estar diretamente relacionada com os seus
objetivos;

Ela nada mais é do que uma sistematização que explica para as outras
pessas da sua área com você chegou até os resultados que você está
mostrando - a fim de que a comunidade científica valide seus achados;

A coleta de dados vai muito além do instrumento utilizado, ela precisa


responder perguntas fundamentais como o que coletar, com quem
coletar e como coletar;

Cada instrumento de coleta de dados tem sua maneira particular de


como deve ser aplicado e quais os seus usos, mas uma coisa é certa:
você precisa registrar tudo que é feito e como está sendo feito, de
modo que outras pessoas possam reproduzir passo a passo o que
você fez;

Planejamento é tudo na coleta de dados. Você só deve ir a campo


coletar seus dados quando tiver muita certeza do que quer;

Na escrita do capítulo, dê ênfase na necessidade de fazer com que o


leitor saiba tudo que você sabe e conheça todos os dados que você
conhece, para que não haja espaços para duvidar dos seus resultados
e da sua análise.

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