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Novas perspectivas para a judicialização da saúde no Brasil

Ricardo Perlingeiro

A judicialização da saúde é um fenômeno cada vez mais presente no Brasil e que gera
impactos significativos na sociedade e nos sistemas de saúde. Segundo dados do
Conselho Nacional de Justiça, as demandas judiciais na área da saúde cresceram cerca
de 1300% entre 2008 e 2018, o que evidencia a gravidade do problema e a necessidade
de buscar soluções para enfrentá-lo.

Nesse contexto, o artigo “Novas perspectivas para a judicialização da saúde no Brasil”,


escrito por Ricardo Perlingeiro, traz importantes reflexões e propostas para lidar com
essa questão complexa e multifacetada.

Inicialmente, o autor define o que é a judicialização da saúde e destaca suas duas faces.
Por um lado, a busca por acesso à saúde e a medicamentos por meio do Judiciário é uma
forma legítima de exercer a cidadania e acessar os direitos garantidos pela Constituição.
Por outro, a judicialização pode sobrecarregar o sistema judiciário e gerar custos
significativos para o Estado, além de criar uma desigualdade no acesso aos serviços de
saúde.

Para enfrentar esse problema, o autor propõe algumas soluções. Uma delas é a criação
de comitês de avaliação de solicitações judiciais na área de saúde, formados por
especialistas e profissionais da área, que poderiam analisar caso a caso e indicar a
melhor opção de tratamento para cada paciente. A ideia é que essa abordagem possa
reduzir a quantidade de demandas judiciais e garantir que os recursos públicos e
privados sejam direcionados de forma mais eficiente e equitativa.

Outra proposta mencionada por Perlingeiro é a criação de um fundo para a


judicialização da saúde, financiado com recursos públicos e privados e gerido por uma
comissão independente. Esse fundo seria responsável por garantir que não faltem
recursos para atender às demandas judiciais na área da saúde, evitando que os pacientes
tenham que recorrer ao Judiciário para buscar atendimento e medicamentos.

Além dessas propostas, o autor destaca a importância da educação em saúde para


reduzir a judicialização. Segundo ele, muitos casos poderiam ser evitados se houvesse
uma melhor conscientização dos pacientes sobre seus direitos e deveres e a melhor
forma de acessar os serviços de saúde. Para tanto, seria necessário investir em
programas de educação em saúde que forneçam informações claras e acessíveis sobre os
serviços disponíveis e como acessá-los.

Por fim, Perlingeiro destaca a necessidade de um debate amplo e transparente sobre a


judicialização da saúde no Brasil, envolvendo todos os atores relevantes, como o
governo, os profissionais da saúde, as associações de pacientes e a sociedade em geral.
Ele argumenta que somente por meio de uma abordagem colaborativa e multidisciplinar
será possível encontrar soluções efetivas e duradouras para enfrentar o problema da
judicialização.

Em suma, o artigo de Perlingeiro é uma contribuição importante para o debate sobre a


judicialização da saúde no Brasil. Suas propostas e reflexões evidenciam a
complexidade da questão e a necessidade de se pensar em abordagens inovadoras e
colaborativas para enfrentá-la. Com o diálogo e a cooperação de todos os envolvidos, é
possível construir um sistema de saúde mais justo e equitativo, que assegure o acesso
aos serviços de forma eficiente e sustentável.

A judicialização da saúde refere-se ao fenômeno em que indivíduos recorrem ao


sistema judicial para obter acesso a tratamentos médicos, medicamentos ou
procedimentos de saúde que não estão disponíveis no sistema público ou privado de
saúde.

No Brasil, a judicialização da saúde tem se tornado cada vez mais comum nas últimas
décadas, e é frequentemente considerada uma consequência da falta de acesso equitativo
aos serviços de saúde. Muitas vezes, os pacientes recorrem à justiça quando enfrentam
dificuldades em obter tratamentos de alto custo ou medicamentos que não são
fornecidos pelo sistema de saúde público.

Existem várias questões associadas à judicialização da saúde no Brasil, incluindo os


custos financeiros para o sistema de saúde e a potencial sobrecarga do poder judiciário.
Além disso, há preocupações sobre a interferência do judiciário nas decisões médicas e
o desequilíbrio entre as necessidades individuais e a sustentabilidade do sistema de
saúde como um todo.

Para abordar esse problema, têm sido propostas diversas medidas, como a melhoria do
acesso a tratamentos e medicamentos pelo sistema público de saúde, a implementação
de mecanismos de revisão de decisões judiciais e o estabelecimento de protocolos e
diretrizes claras para o fornecimento de tratamentos de alto custo.

Em resumo, a judicialização da saúde no Brasil é um tópico complexo e em constante


evolução.

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