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Análise Gravimétrica

oliveira.paulo@ifce.edu.br

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Prof. Paulo César C. de Oliveira
Análise Gravimétrica

Conhecimentos Prévios Necessários

Balanceamento de reações químicas.

Estequiometria e cálculo estequiométrico.

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Análise Gravimétrica

Onde Revisar Estequiometria?

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Análise Gravimétrica
O QUE DEVEMOS APRENDER?

- Fundamentos da Gravimetria por volatilização, decomposição,


precipitação e eletrodeposição.
- Técnicas e operações unitárias utilizadas na Análise Gravimétrica.
- Aplicações e cálculos envolvidos na Análise Gravimétrica.
- Vantagens e Desvantagens da Análise Gravimétrica.

Onde Encontrar?

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

1. Gravimetria:
Baseia-se em separar e isolar o analito e convertê-lo numa forma
química estável e mais pura possível de pesagem, ou seja, baseia-se na
pesagem de massa de um composto puro com composição fixa e
exatamente conhecida, obtido a partir da amostra.

2. Classificação:

2.1 Gravimetria por Volatilização/Decomposição/Combustão – Quando


ocorre a volatilização de um constituinte fracamente ligado a matriz,
através de simples aquecimento da amostra ou através da decomposição
térmica ou química de um dado constituinte de uma amostra com liberação
de gas/vapor.
Exemplos: - Determinação de umidade.
- Determinação de água de hidratação em sais.
- Determinação da pureza de calcários.
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Análise Gravimétrica

2. Classificação:
2.1 Gravimetria por volatilização

CALOR

CuSO4.5H2O CuSO4

CALOR

NiCl2.2H2O NiCl2 6
Gravimetria e Métodos Gravimétricos

2.1 Gravimetria por volatilização - Aplicações

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos
2. Classificação:
2.1 Gravimetria por Decomposição - Aplicações

Determinação de bicarbonato em antiácidos ou carbonato em calcáreo.


Fonte: Adaptado de SKOOG, Douglas A.; WEST, Donald M.; HOLLER, F. James; Crouch, Stanley R.,
Fundamentos de Química Analítica, Tradução da 8ª Edição, Editora Thomson, São Paulo- SP, 2006.
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

2.2 Gravimetria por decomposição – Ocorre a emissão de produto(s)


gasoso(s) originado a partir da decomposição térmica, com composição
química e estequiometria exatamente conhecida. Nestes casos ocorre
uma reação química de decomposição, diferentemente da
determinação de unidade, onde ocorre apenas a volatilização de uma
espécie volátil ou que se volatilize sob aquecimento, contudo, não
ocorre uma reação química.
Exemplos de Determinação Gravimétrica por Decomposição.
CaC2O4 (s) D CaCO3 (s) + CO(g)

2 NaHCO3 (s) D Na2CO3 (s) + CO2(g) + H2O(vapor)

CaCO3 (s) D CaO(s) + CO2(g)

2 NaHPO4(s) D Na2P2O7(s) + H2O(vapor)


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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

2.3 Gravimetria por Combustão (Decomposição) – Ocorre a combustão


completa da amostra com a emissão de composto gasosos (dióxido de carbono
e vapor de água) originados a partir da queima completa de compostos
orgânicos.
Exemplo: Análise Elementar - Determinação de fórmula molecular de
compostos orgânicos.

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

2.4 Gravimetria de precipitação por via úmida – Ocorre a precipitação de


um composto de composição exatamente conhecida. Ocorre uma reação
de precipitação onde se faz uso de um agente (reagente) precipitante que é
adicionado na forma de uma solução aquosa sobre a solução contendo o
analito.
Exemplos:

2.4.1. Por adição direta da solução do agente precipitante

Determinação de íons cloreto, íons sulfato, etc.

Pb2+ + 2I- PbI2


Gravimetria e Métodos Gravimétricos
.Termos importantes na análise gravimétrica por precipitação

Quando fazemos a precipitação de uma espécie química que se deseja


determinar, normalmente fazemos uso de substância que em solução aquosa forme
precipitado com a espécie química que se deseja determinar. Dessa forma, a
solução dessa substância que adicionamos a amostra é denominada de agente
precipitante. Por exemplo, imagine uma amostra de água do mar ou soro fisiológico
e desejo determinar íons cloreto por gravimetria, torna-se necessário utilizar uma
solução de uma substância química que forme um precipitado com os íons cloreto
presentes na amostra e assim possamos separar os íons cloreto da amostra pela
formação de um precipitado por simples filtração. Nesses casos, em específico,
normalmente utiliza-se uma solução de nitrato de prata (AgNO3) para precipitar os
íons cloreto na forma de cloreto de prata (AgCl) que é um precipitado de cor branco.
Assim o nitrato de prata é o que denominamos de agente precipitante, pois
causa a precipitação do analito (no caso, os íons cloreto) presente na amostra.
Gravimetria e Métodos Gravimétricos
. Outro termo importante é a forma de precipitação que se refere ao
precipitado propriamente dito. Ainda temos outro termo muito utilizado que
é a forma de pesagem. A forma de pesagem é a forma química final da
espécie analisada que no fim do processo se faz a pesagem. Por exemplo,
quando determinamos íons férricos (Fe3+) o agente precipitante é o
hidróxido de amônio, a forma de precipitação é o hidróxido férrico
(Fe(OH)3), no entanto, a forma de pesagem é na forma de Fe2O3. Esse
óxido férrico é obtido através da calcinação do hidróxido férrico em uma
mufla à 900ºC, logo vemos que a forma de precipitação é, em alguns
casos, diferente da forma de pesagem como nesse caso, visto que a forma
de precipitação (hidróxido férrico) não possui uma composição química
bem definida, sendo necessário calcinar o precipitado para gerar o óxido
férrico que é uma forma mais estável e bem definida de pesagem.
Gravimetria e Métodos Gravimétricos
. Algumas formas de precipitação e de pesagens de espécies químicas
inorgânicas
Gravimetria e Métodos Gravimétricos

. Só lembrando que esse tipo de precipitação é realizada por adição direta


da solução do agente precipitante sobre a solução da amostra contendo o
analito (espécie química que se deseja determinar).

Como vemos, para obter um resultado mais exato, a primeira etapa


para realizar uma análise por gravimetria por precipitação é a escolha
do próprio agente precipitante. Logo, essa escolha tem um papel
fundamental e reflete diretamente na exatidão da análise.
Gravimetria e Métodos Gravimétricos

CRITÉRIOS BÁSICOS PARA ESCOLHA DO AGENTE PRECIPITANTE.

1. Deve ser de preferência específico, ou se não, ser o mais seletivo possível.

2. Deve formar um precipitado com o analito com a mais baixa solubilidade


possível.

3. O precipitado formado deve ser o mais cristalino possível e não formar


precipitados coloidais.

4. Deve ser de fácil obtenção e com elevado grau de pureza.

5. Preferivelmente de baixo custo.


Gravimetria e Métodos Gravimétricos

CRITÉRIOS BÁSICOS PARA ESCOLHA DA FORMA DE PESAGEM.

Alguns critérios básicos devem também ser observados para a forma


de pesagem para que possamos ter um resultado de análise mais exato.

1. Deve ser capaz de ser isolado na forma mais pura possível.

2. Deve formar cristais ou partículas grandes e não sofrer dissolução


apreciável, mesmo quando lavado com pequenas porções de água..

3. .Deve ter composição química bem definida e ser quimicamente estável.

4. Preferencialmente a forma de precipitação deve ser a mesma da forma de


pesagem e não necessitar ser calcinado.

5. Preferencialmente deve possuir elevada massa molar


Gravimetria e Métodos Gravimétricos

2.4.1.1 Principais etapas da Gravimetria de precipitação por via úmida

Essas etapas ocorrem


quando a forma de
precipitação e a mesma Resfriamento
da forma de pesagem,
ou seja, não precisa
de calcinação.
Precipitação Secagem
Pesagem

Filtração e
Lavagem do
Precipitado
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

2.4.1.1 Principais etapas da Gravimetria de precipitação por via úmida – Processo de


CALCINAÇÃO (converter o precipitado a uma forma química mais estável de pesagem, ou
seja, um óxido metálico) – Nesse caso, a forma de pesagem é diferente da forma de
precipitação, pois ocorre uma transformação química sob forte aquecimento.

Fe(OH)3

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

2.4.1.1 Principais etapas da Gravimetria de precipitação por via úmida – Processo de


Calcinação.

O processo de calcinação não é necessário sempre, contudo, em casos de


precipitados onde a forma física e/ou química do precipitado não são adequadas
para pesagem direta após a secagem, torna-se necessário fazer a calcinação do
precipitado. Normalmente precipitados gelatinosos com composição química não
bem definida é recomendado fazer-se a calcinação, assim, por exemplo, para
determinação de ferro, o mesmo tem que ser oxidado para a forma catiônica
trivalente e em seguida é precipitado com hidróxido

de amônio, formando-se assim o hidróxido férrico, que

é um precipitado volumoso e gelatinoso. Esse precipita-

do não possui uma forma química estável e deve ser

calcinado. Normalmente os íons trivalentes tendem a


Fe(OH)3
formar esse tipo de precipitado, assim, íons alumínio também
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apresentam o mesmo comportamento.
Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Como já devemos ter observado, os métodos gravimétricos por volatilização


ou por decomposição possui limitada aplicações, sendo utilizada em casos mais
específicos, contudo, os métodos gravimétricos por precipitação possui aplicações
mais amplas. Alguns cuidados devem ser observados quando realizamos uma
análise gravimétrica por precipitação, principalmente quando ela é executada por
adição direta da solução do agente precipitante sobre a amostra contendo o analito a
ser determinado. Isso porque como vemos no slide onde consta as etapas básicas
da análise gravimétrica, cada etapa carrega possibilidades de erros que irão se
refletir no resultado final da análise.

Por isso, precisamos conhecer as possíveis fontes de erros em cada uma das
etapas do processo da análise.

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Dentre os cuidados básicos para garantir melhores resultados na análise está


a boa escolha do agente precipitante. Uma boa escolha do agente precipitante é
fundamental para o sucesso da análise. Por exemplo, para determinação de íons
cálcio em água mineral, podemos escolher o carbonato de sódio ou o sulfato de
sódio como agente precipitante. Se utilizarmos o carbonato de sódio, o precipitado
formado será o carbonato de cálcio e se utilizarmos o sulfato de sódio, o precipitado
formado será o sulfato de cálcio, ainda podemos utilizar um outro agente precipitante
que é o fosfato de sódio, daí formará o precipitado fosfato de cálcio.

Bom, a questão é: Que agente precipitante escolherei para realizar a análise?

Que critérios serão levados em consideração para a escolha do agente


precipitante. O primeiro critério é preferencialmente, conhecer a composição
qualitativa da amostra. Que espécies químicas estão presentes na amostra? Pois
com essa informação, podemos ter ideia da seletividade ou especificidade do agente
precipitante.
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Devemos inicialmente observar se a amostra contém algum outro constituinte


que possa reagir e formar precipitado com o agente precipitante, pois caso haja,
certamente deverá ser realizada uma separação prévia. Observado isso, vamos
imaginar que não haja outra(s) espécie(s) química capaz de reagir e formar
precipitado com o agente precipitante. Então agora vamos ver qual dos agentes
precipitantes forma o precipitado com menor solubilidade, pois de acordo com os
critérios básicos, deve-se dar preferência a formação do precipitado com a menor
solubilidade possível.

Para isso, vamos comparar as solubilidades do precipitados que podem ser


formados, ou seja, o carbonato de cálcio, o sulfato de cálcio e o fosfato de cálcio.
Essas solubilidades são encontradas em uma tabela de Kps.

Fosfato de cálcio Ca3(PO4)2 2,07 x 10-33


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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Observando os valores de Kps para os três precipitados podemos concluir que


o carbonato de cálcio é menos solúvel que o sulfato de cálcio visto que o Kps do
carbonato de cálcio é menor que o Kps do sulfato de cálcio, contudo não podemos
comparar o valor do Kps do carbonato de cálcio com o Kps do fosfato de cálcio, visto
que eles não possuem o mesmo número de cátion e de ânion, ou seja, só é possível
comparar diretamente os valores de Kps quando os precipitados são do mesmo tipo.
Ser do mesmo tipo quer dizer que tem um cátion e um ânion ou dois cátions e um
ânion e dois ânions e um cátion, em outras palavras a quantidade total de cátions e
ânions são iguais. Por exemplo, AgCl, AgI e CaSO4 são do mesmo tipo, todos eles
possui um cátion e um ânion. Ainda podemos ter CaF2 e Ag2CrO4 também são do
mesmo tipo pois o somatório total de cátions e ânions em ambos é o mesmo. Porém,
no caso do fosfato de cálcio, ele possui três cátions e dois ânions, logo não podemos
comparar os valores do seu Kps com os demais. Nesse caso, temos que encontrar
sua solubilidade e comparar com a solubilidade do carbonato de cálcio.
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Agora a questão é: Como encontramos a solubilidade de um precipitado


(composto pouco solúvel) com base no seu Kps? É simples, primeiro temos que
escrever a expressão da ionização do precipitado em solução aquosa.

Vejamos o caso do carbonato de cálcio. Lembrando que no caso dos


precipitados, os íons estão em equilíbrio químico com o sólido em solução, assim
temos:

CaSO4 Ca2+ + SO42- e considerando que a solubilidade (S) é o que


se dissolve, então temos que:

CaSO4 Ca2+ + SO42-

S S S

Como a expressão do Kps é a expressão do produto das concentrações molar dos


íons elevado aos seus respectivos índices então temos que:

Kps = [Ca2+ ]1 . [SO42- ]1 e como a concentração de Ca2+ e de SO42- em solução é a


própria solubilidade, então substituindo teremos que:
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos
Kps = [Ca2+ ]1 . [SO42- ]1
Kps = S . S ou seja, Kps = S2 , logo S = (Kps)1/2 . Assim, basta
encontrar a raiz quadrada do valor tabelado do Kps para encontrar a solubilidade do
sulfato de cálcio. Só lembrando que a unidade de concentração da solubilidade é em
mol/L.

Assim, a solubilidade do sulfato de cálcio S = √2,4.10-5 = 5,0.10-3 mol/L

Solubilidade do Carbonato de Cálcio ? S = 6,7.10-5 mol/L

Agora vamos aplicar o mesmo raciocínio para encontrarmos a solubilidade do fosfato de


cálcio.

Ca3(PO4)2 3 Ca2+ + 2 PO43-

S 3S 2S

Kps = [Ca2+ ]3 . [PO43- ]2 (Observe que o coeficiente dos íons viram expoentes na
expressão do Kps). Assim, temos que substituindo os valores de concentração na
expressão do Kps teremos que:

Kps = (3S)3 . (2S)2 = 27 S3 . 4 S2 = 108 S5, logo Kps = 108 S5 , logo isolando 26
S,
temos que S = (Kps/108)1/5 = (2,07.10-33/108)1/5 = 1,14.10-7 mol/L
Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Logo observamos que o fosfato de cálcio apresenta menor solubilidade.(S =

(Kps/108)1/5 = (2,07.10-33/108)1/5 = 1,14.10-7 mol/L). Portanto, em termos de


solubilidade o agente precipitante mais indicado é o fosfato de sódio. Outros
aspectos, além da existência de possíveis espécies químicas na amostra que podem
reagir com o íon fosfato e formar precipitados, ainda temos que avaliar se o
precipitado de fosfato de cálcio tem aspecto cristalino e se seus cristais são grandes,
pois esse também é um critério importante, principalmente na etapa de filtração.

Mas como considerado anteriormente, a não existência de íons interferentes


(capazes de formar outro precipitado com o íon fosfato), então a melhor escolha é o
fosfato de sódio como agente precipitante. Essa primeira etapa que é a escolha
do agente precipitante está resolvida. Agora vamos para as etapas posteriores que
são a precipitação propriamente dita e depois a filtração. Mas antes, vamos
resolver alguns exercícios de fixação no próximo slide.

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Exercícios de Fixação.

1. Encontre a solubilidade em mol/L dos seguintes compostos pouco solúveis.

a) AgCl b) Ag2CrO4 c) Fe(OH)3 d) Ag3AsO4 d) Hg2Cl2 e) AxBy

d) Hg2Cl2 Hg22+ + 2 Cl-

e) S = (Kps / xx . yy )1/(x+y)

AxBy x Ay+ + y Bx-


S xS y S Kps = [A]x [B]y logo Kps = (x S)x . (y S)y
Kps = xx . Sx . yy . Sy = (xx . yy) . (Sx . Sy) = xx . yy . Sx+y logo S
2. Coloque em ordem crescente de solu bilidade (em mol/L) os seguintes compostos:

a) AgI b) CaCO3 c) HgS d) Fe(OH)3 e) CaF2 f) Ca3(PO4)2

3. Qual seria a solubilidade dos compostos da questão acima em g/L e em mg/L?

composto Kps composto Kps Composto Kps


AgCl 1,05.10-10 Ag3AsO4 6.10-23 Fe(OH)3 2.10-39
Ag2CrO4 3,5.10-11 Hg2Cl2 1,2.10-18 CaF2 3,9.10-11
Fe(OH)3 2.10-39 AgI 8,3.10-17 Ca3(PO4)2 2,07 x 10-33
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CaCO3 6.10-9 HgS 5,10-54
Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Exercícios de Fixação.

1. Encontre a solubilidade em mol/L dos seguintes compostos pouco solúveis.

2. Coloque em ordem crescente de solubilidade (em mol/L) os


seguintes compostos:

a) AgI b) CaCO3 c) HgS d) Fe(OH)3 e) CaF2 f) Ca3(PO4)2

3. Qual seria a solubilidade dos compostos da questão acima em g/L


e em mg/L?
composto Kps composto Kps Composto Kps
AgCl 1,05.10-10 Ag3AsO4 6.10-23 S= Fe(OH)3 2.10-39
Ag2CrO4 3,5.10-11 Hg2Cl2 1,2.10-18 CaF2 3,9.10-11
Fe(OH)3 2.10-39 AgI 8,3.10-17 Ca3(PO4)2 2,07 x 10-33
CaCO3 6.10-9 HgS 5,10-54
c–d-a– f-b–e CaF2 S=2,14.10-4 AgI S= 9,1.10-9
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Ca3(PO4)2 S= 1,14.10-7 Fe(OH)3 S= 9,14.10-11 CaCO3 S=7,75.10-5
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Na etapa de precipitação, devemos adicionar a solução do agente precipitante


sobre a amostra, levando em consideração que a adição da solução do agente
precipitante deve ser lenta, a solução do agente precipitante deve estar em baixa
concentração, deve-se agitar continuamente a mistura do agente precipitante e
amostra devem estar ligeiramente aquecidas (temperatura não superior a 60 ºC).
Com esses cuidados, garantimos que o precipitado formado apresente tamanho de
partículas maiores, o que vai minimizar problemas de perda de material na operação
unitária de filtração (etapa subsequente). Os motivos para que a precipitação seja
realizada levando-se em consideração esses cuidados será discutida em detalhes
mais adiante. Agora como fazer para saber se a espécie química foi completamente
precipitada? É extremamente importante fazer a precipitação completa do analito
que se deseja determinar.

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

Uma forma de se fazer isso experimentalmente é adicionar lentamente e com


agitação constante um certo volume da solução do agente precipitante, após a
adição, espera-se um pouco até todo o precipitado decantar e então, adiciona-se
umas duas gotas do agente precipitante e observa-se se quando a gota da solução
do agente precipitante atinge a solução da amostra ocorre formação de mais
precipitado. Se ocorrer precipitação é porque ainda tem analito na amostra para
precipitar, então repete-se o procedimento até que quando as duas gotas da solução
do agente precipitante tocarem a solução da amostra e não ocorrer mais nenhuma
precipitação. Quando se observar que não houve mais nenhuma precipitação então
adiciona-se pelo menos uns 5,0 mL da solução do agente precipitante para garantir
que o mesmo esteja em excesso e assim garantimos que o analito foi precipitado
completamente.

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

O ESTADO COLOIDAL E PRECIPITADOS COLOIDAIS

Um cuidado especial deve ser tomado quando se trata de um precipitado


coloidal, visto que as partículas coloidais são muito pequenas e normalmente elas não
aglutinam, ficando dispersas na solução sem decantar. Isso ocorre poque as partículas
apesar de pequenas, tem grande área superficial e adsorvem íons negativos, ficando
as partículas com mesma carga, o que impede que elas se aglutinem, pois cargas de
mesmo sinal se repelem. Daí a dificuldade em se trabalhar com precipitados coloidais
ou gelatinosos. Uma forma de se minimizar essa dificuldade é fazer o aquecimento da
solução, visto que, com o aquecimento, ocorre um aumento da energia cinética das
partículas e devido aos choques, se consegue romper a energia de repulsão entre as
partículas, ou ainda, fazendo a agitação constante da solução, visto que também é
uma forma de aumentar a energia cinética das partículas. Uma terceira possibilidade é
fazer uso de eletrólitos inertes para minimizar a barreira elétrica e assim, permitir que
as partículas coagulem e por gravidade decantem. Normalmente se utilizam os três
cuidados simultaneamente quando fazermos a precipitação de um colóide. 32
Gravimetria e Métodos Gravimétricos

MECANISMO DE FORMAÇÃO DE PRECIPITADOS

Agora é chegado o momento de entendermos porque no


momento de fazermos a precipitação por adição direta da solução do
agente precipitante sobre a solução da amostra devemos seguir as
recomendações anteriormente falado. As recomendações de adicionar a
solução do agente precipitante de forma lenta, com baixa concentração,
sob agitação constante e de preferência com soluções aquecidas são para
se evitar que ocorra a supersaturação na mistura, no momento da
formação do precipitado. Mas para entendermos melhor o que tudo isso
quer dizer temos primeiro que compreender os mecanismos de formação
de um precipitado.
Basicamente são dois os mecanismos que ocorrem durante a
formação de um precipitado. O primeiro é a nucleação, onde
pequeníssimas partículas se juntam para formar um sólido estável e o
segundo é o crescimento de partículas, onde uma vez formadas as
primeiras partículas por nucleação, as partículas seguintes se formam
sobre as primeiras, fazendo assim com que ocorra a formação de um
pequeno conjunto de partículas grandes. Esses dois processo ocorrem
simultaneamente e concorrem entre sí.
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

MECANISMO DE FORMAÇÃO DE PRECIPITADOS

Como o objetivo é obter um precipitado com grandes partículas


pois assim na etapa de filtração não teremos problemas de perda de
material nessa condição, então é preferível que durante a formação do
precipitado o processo de crescimento de cristais ocorra
preferencialmente ao invés da nucleação. A questão é se é possível
favorecer o crescimento de cristais durante a formação do precipitado. A
resposta é sim, podemos favorecer o processo de crescimento de cristais
através do controle das condições experimentais durante a precipitação. O
que ocorre é que quando o processo de nucleação prepondera, ocorre a
formação de um grande número de muito pequenas partículas o que é
indesejável, pois o risco de perda de material durante a filtração aumenta
consideravelmente. O que favorece a nucleação é a formação de
gradientes de concentração, ou seja, uma concentração relativamente alta
dos reagentes em um ponto da solução. Esse ponto ou região da amostra
é onde a solução do agente precipitante entra em contato com a solução
da amostra.

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

MECANISMO DE FORMAÇÃO DE PRECIPITADOS

Esse gradiente pode ser facilmente entendido e observado


quando se adiciona uma gota de tinta solúvel em um béquer com água. O
que se observa é que na região mais próxima da gota a água vai mudando
de cor isso porque nessa região a concentração da tinta é maior e em
regiões mais distantes da gota praticamente não tem nenhuma tinta o que
gera o gradiente de concentração, visto que a concentração de tinta em
regiões mais afastadas da gota de tinta é muito pequena ou mesmo
inexistente. A mesma coisa ocorre quando misturamos duas soluções que
possuem espécies químicas que reagem entre si. Nas proximidades da
região onde as das duas soluções entram em contato, a concentração do
produto de reação é bastante alta o que gera a formação muito rápida do
produto mas em uma região específica da mistura que é o entorno da
região onde as soluções tem contato. Como o processo de gradiente de
concentração favorece a nucleação, então para evita que isso ocorra, o
ideal é trabalharmos com soluções de baixa concentração, assim
podemos minimizar o processo de nucleação através do uso de soluções
com baixas concentrações.
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos
MECANISMO DE FORMAÇÃO DE PRECIPITADOS

Outra forma de minimizar o efeito do gradiente de concentração é


agitar a mistura pois assim, ocorre a tendência da formação do precipitado ser
mais homogênea em toda a mistura, ou seja, em todas as regiões da solução.
A adição lenta do agente precipitante também minimiza a formação do
gradiente de concentração. Outro fator que também minimiza o gradiente de
concentração é a temperatura, isso porque quando aumentamos a
temperatura das soluções, tanto do agente precipitante quanto da amostra,
quando elas entram em contato, a solubilidade do precipitado formado tende a
aumentar e assim, o gradiente de concentração é evitado ou pelo menos
minimizado. Assim, esses fatores contribuem diretamente para que o
precipitado formado ocorra sob condições controlada, favorecendo assim o
processo de crescimento de cristais. O resultado disso é um precipitado com
partículas maiores, facilitando assim a etapa de filtração e evitando perda de
material durante a filtração. Logo, agora entendemos porque a solução do
agente precipitante deve ser diluída, aquecida e sua adição sobre a
solução da amostra deve ser lenta e sob agitação constante. Todas essas
medidas é para favorecer o processo de crescimento de cristais, originando
assim um precipitado com partículas maiores.
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos
PRECIPITAÇÃO EM MEIO HOMOGÊNEO

Outra maneira de se realizar a precipitação, ao invés de adicionar a


solução do agente precipitante diretamente, fazer uso da solução de uma
substância que não é o agente precipitante propriamente dito, mas é uma
substância que em solução, gera o agente precipitante após sofrer hidrólise.
Dessa forma, o agente precipitante é gerado homogeneamente em toda a
solução e de forma controlada (lentamente). A esse processo denominamos
de precipitação em meio homogêneo. Essa forma de precipitação gera
precipitados com grandes partículas pois o agente precipitante é gerado de
forma lenta e uniforme em toda a solução da amostra.
A aplicação mais comum desse tipo de precipitação é na
determinação de íons férricos. De forma convencional (adição direta do agente
precipitante) utiliza-se o hidróxido de amônio como agente precipitante para
precipitar os íons férricos na forma de hidróxido férrico. Quando se faz a
precipitação em meio homogêneo, não se utiliza o hidróxido de amônio e sim,
uma solução de uréia conforme mostrado no próximo slide.

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PRECIPITAÇÃO POR ADIÇÃO DIRETA X PRECIPITAÇÃO EM MEIO HOMOGÊNEO
Gravimetria e Métodos Gravimétricos

PRECIPITAÇÃO EM MEIO HOMOGÊNEO

Podemos observar no slide anterior que a precipitação em meio


homogêneo produz um precipitado mais denso e de fácil filtrabilidade, ao
contrário do precipitado produzido por adição direta do agente precipitante.
Esse exemplo é bem ilustrativo da vantagem de se realizar a
precipitação em meio homogêneo sempre que possível ao invés de se realizar
a precipitação por adição direta do agente precipitante sobre a solução da
amostra. No próximo slide, mostramos alguns reagentes utilizados para
produzir algumas espécies precipitantes em meio homogêneo.

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos
PRECIPITAÇÃO EM MEIO HOMOGÊNEO

Abaixo temos uma tabela com as espécies química inorgânicas que


podem ser utilizado como agente precipitante e o reagente que dá origem a
tais espécies.

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

CONTAMINAÇAO DOS PRECIPITADOS

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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

DIGESTÃO DO PRECIPITADO

Uma vez formado o precipitado, mesmo tomando os devidos


cuidados, caso se observe que as partículas são muito pequenas e que isso
poderá acarretar em perdas durante a filtração, ainda pode-se utilizar o
recurso chamado digestão do precipitado, ou envelhecimento do
precipitado, que nada mais é do que deixar o precipitado em contato com a
própria solução amostra por pelo menos uma noite antes de se realizar a
filtração.
Esse período de digestão faz com que as partículas menores se
ressolubilizem (visto que quanto menor a partícula mais facilmente ela se
dissolve) e reprecipitem sobre as outras partículas, aumentando assim o
tamanho médio das partículas. Em alguns casos, vale a pena fazer a digestão
do precipitado, mas quando as partículas são grandes, não há necessidade de
se fazer tal procedimento. O importante é sabermos o que é o
envelhecimento do precipitado e como ele gera partículas maiores.

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Vamos detalhar a etapa de filtração. Nessa etapa, o risco de erros torna-se


real, principalmente por perda de material através do papel filtro. Isso é tão provável
quanto menor for o tamanho das partículas do precipitado, assim um precipitado com
grandes partículas é sempre desejável pois com isso diminui-se o risco de perda de
material pela passagem através do papel de filtro. Uma outra maneira de se
minimizar esse risco é utilizar papel de filtro com malha mais fechada. Existem
papéis de filtro com malhas específicas, como o faixa azul, faixa branca e faixa preta
que tem diâmetro de poro específicos. O papel de filtro faixa preta é para filtração
rápida. Ter menor diâmetro de poro é o mesmo que dizer que tem menor malha.
Assim o papel de filtro faixa preta é muito utilizado para filtração de precipitados com
partículas maiores. Muito embora o uso de um papel de filtro apropriado reduza o
risco de perda de material, quanto mais fechada for a malha do papel de filtro, mais
lento será o processo de filtração, ou seja, mais demorado é o processo de filtração.
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OS TIPOS DE PAPEL FILTRO PARA LABORATÓRIO


O papel filtro para laboratório é versátil, de modo que pode ser usado em
sua forma original (redonda), ou ser dobrado quando utilizado em conjunto
com funis cônicos. Para ser empregado com filtro de pregas, ele pode ser
dobrado em formato de uma estrela de oito pontas.
Existem, a princípio, quatro tipos principais de papel filtro para laboratório.
Cada um deles possui propriedades específicas de composição para sua
melhor utilização nos mais variados processos. A relação destes tipos de
papel filtro para laboratório e suas aplicações são:
•Qualitativos: Usados para clareamento e remoção de precipitações;
•Quantitativo de faixa preta: Usado para filtrações rápidas, com partículas
grossas ou gelatinosas;
•Quantitativo de faixa branca: Usado para processos de filtração com
velocidade moderada;
•Quantitativo de faixa azul: Para velocidades de filtração mais lentas; 48
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LAVAGEM DO PRECIPITADO

Uma vez filtrado, o precipitado deve ser lavado para retirar impurezas
solúveis que ficam adsorvidas sobre a superfície do precipitado. Normalmente
utiliza-se três ou quatro porções de um solvente adequado que pode ser
geralmente água destilada ou deionizada mesmo. Nos casos de precipitados
coloidais ou gelatinosos, torna-se necessário fazer uso de uma solução de um
eletrólito para evitar que o precipitado retorne ao seu estado coloidal. Nesses
casos, não é aconselhável fazer a lavagem com água pura, pois o precipitado
pode retornar ao seu estado coloidal. Esse é o caso do hidróxido férrico, por
exemplo, ou da maioria dos íons trivalentes, como o alumínio.

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SECAGEM OU CALCINAÇÃO DO PRECIPITADO

Essa etapa já é menos crítica. Principalmente se a forma de


precipitação é a mesma da pesagem, pois basta executar a secagem em uma
estufa normal. Temperatura entre 100 e 120 ºC normalmente é suficiente para
evaporar o solvente e secar o precipitado. Quando torna-se necessário
calcinar o precipitado então utiliza-se uma mufla, que nada mais é, do que um
forno que atinge elevadas temperaturas (chega até cerca de 1200 ºC, muito
embora 900 ºC seja suficiente. Contudo, tem alguns detalhes sobre a
calcinação, pois o papel filtro deve ir dentro de um cadinho de porcelana e aí
temos que garantir a queima completa do papel de filtro pois do contrário, se a
queima do papel for incompleta, gera CO (monóxido de carbono) que é um
agente redutor e pode interferir com reação do precipitado na mufla.
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Gravimetria e Métodos Gravimétricos

CALCINAÇÃO DO PRECIPITADO

Alguns detalhes experimentais devem ser observados quando se


utiliza uma mufla, pois a temperatura é muito alta, então uso de luvas de
amianto e uma pinça especial de pelo menos 50 cm é necessário. Não se
deve abrir a porta da mufla quando ela estiver aquecida se colocando na
frente da porta, sempre se posicionar na lateral da mufla para não ser atingido
pela radiação térmica frontalmente, não olhar diretamente para a mufla se a
porta estiver aberta, pode causar danos oculares nas córneas.

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RESFRIAMENTO DO PRECIPITADO

Só lembrando que quando o precipitado for levado para a estufa, não


se pode pegar diretamente no recipiente contendo o precipitado com as mãos,
deve-se utilizar um papel toalha ou uma pinça até que ele seja pesado. Ao sair
da estufa ou da mufla, ele deve ser resfriado em um dessecador até atingir a
temperatura ambiente, sempre tomando o cuidado de não pegar diretamente
com as mãos no recipiente no qual está contido o precipitado. Ao atingir a
temperatura ambiente, faz-se a pesagem do precipitado e depois os cálculos.

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2.5 Eletrogravimetria – Ocorre a deposição de um fino filme sólido de uma
espécie química presente em solução, sobre a superfície de um eletrodo de
platina (tela ou rede de platina) devido a redução dessa espécie química em
solução sobre o eletrodo de platina (rede de platina). A massa da rede é pesada
antes e depois da eletrodeposição, gerando assim por diferença, o valor da
massa do analito depositado sobre a rede de platina.

Exemplos: Determinação de íons cobre em soluções de ligas metálicas.

Cu2+ + 2 e- Cu0

E0 = + 0,34 volt

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DESVANTAGENS

1. É uma técnica clássica muito demorada, o que impede de ser


utilizada em análise de rotina.
2. Requer muito cuidado em sua execução para evita perdas.
3. É relativamente sujeita a interferências químicas, requerendo
conhecimento de como eliminar ou minimizar as interferências.

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Theodore W. Richards, (1868-1928). Ph.
D., Harvard, 1888. Richards received the
Nobel Prize in Chemistry in 1914 in
recognition of his accurate determinations
of the atomic weight of a large number of
chemical elements.

Peter Petrovitch von Weimarn (1879~1935)

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