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Uma nova identidade: o ‘cosmopolotismo’

A ÉTICA NO HELENISMO Com o fim da polis como centro político, as novas “habilidades” que contam
não são mais as antigas “virtudes civis”. Estas perdem o antigo conteúdo ético para
Uma mudança de época adquirir um conteúdo propriamente profissional. O administrador da coisa pública
Com o fim da polis, o homem grego busca uma nova identidade. Dessa busca, torna-se funcionário, soldado ou mercenário. E, ao lado deles, nasce aquele homem
nasce um novo entendimento sobre a existência humana e sobre o seu lugar no que, não sendo mais nem antigo cidadão nem o novo técnico, assume diante da Política
mundo. Na busca da vida boa e feliz, dá-se a viagem da polis para a cosmópolis, da uma atitude de desinteresse neutro, quando não de aversão. As novas filosofias
cidade para o mundo. teorizam essa nova realidade, colocando o Estado e a Política entre as coisas neutras,
O fim da polis ou seja, moralmente indiferentes ou entre as coisas a serem evitadas.
O helenismo representa na Filosofia o período de universalização da língua e E, assim, não vendo uma alternativa positiva à polis, para sobreviver e
da cultura grega e de sua expansão pela Ásia Menor, Egito, Pérsia. Pérgamo, Antioquia encontrar um sentido para o mundo, o pensamento grego refugiou-se no ideal do
e, principalmente, Alexandria, somam-se a Atenas como centros de difusão cultural “cosmopolitismo”, considerando o mundo inteiro uma cidade, a ponto de incluir nessa
(MONDIN, 1983, p. 107). cosmo-polis não só os homens, mas também os deuses. Dissolve-se a antiga equação
O período helenístico da história da Filosofia compreende os séculos III e II a.C. entre homem e cidadão, obrigando o homem grego a buscar uma nova identidade.
Segundo Abbagnano (1970, p. 472), é conhecido também como época Alexandrina, por Esta nova identidade é a afirmação do “indivíduo”. No período helenístico, o
ser a Filosofia que se desenvolve após a morte de Alexandre (323 a.C.). Com as homem começa a descobrir-se nessa nova dimensão: sem o abrigo do projeto de
frequentes guerras entre os gregos e a expansão do império macedônio e, cidade, cresce a dimensão do indivíduo e a consequente separação entre o homem e
posteriormente, romano, a polis grega desaparece como centro político, deixando de o cidadão, entre “Ética” e “Política”. Compreende-se assim que o pensamento
ser referência principal para os filósofos, uma vez que a Grécia encontra-se dominada helenístico tenha se concentrado, sobretudo, nos problemas morais, que atingem
por povos estrangeiros. Este domínio foi precipitado pela grande expedição de todos os homens. A Filosofia dedica-se a propor soluções para os problemas da vida e
Alexandre Magno (334-323 a.C.), que teve consequências não só na Política, mas por a construir modelos de vida baseados no homem enquanto indivíduo e na sua
toda uma série de mudanças concomitantes de antigas convicções, determinando uma singularidade. Esta nova identidade do homem grego, indivíduo cosmopolita, aproxima
reviravolta radical no espírito do mundo grego e assinalando o início de uma nova era. o pensamento deste período da história do tempo em que estamos vivendo no século
Para o mundo grego, a consequência política mais importante produzida pela presente.
expansão de Alexandre foi o desmoronamento da importância sociopolítica da polis. O A Filosofia deste período busca a realização ou perfeição pessoal na integração
projeto de Alexandre de uma monarquia de inspiração divina universal (ele se julgava da vida com a racionalidade do cosmos, a realização da felicidade. Evitam a
portador de uma missão divina), que deveria reunir não só as diversas cidades, mas “irracionalidade” da vida política e como não contam mais com a mediação da polis, o
também países e raças diversos; desferiu um golpe mortal na antiga concepção de ideal de vida humana é a autossuficiência interior.
Cidade-estado. Datam deste período sistemas filosóficos centrados na atitude do indivíduo
Este mundo não existe mais. Encontravam-se assim destruídos aqueles valores perante a vida, cuja influência será sentida pelo pensamento ocidental ao longo da
fundamentais da vida espiritual da Grécia clássica que constituíram o ponto de história. Entre estes, por mais se adequarem aos objetivos deste estudo, destacamos
referência do agir moral, fazendo a polis não apenas uma forma histórica, mas, o Estoicismo, Epicurismo e o Cinismo.
inclusive, a forma ideal do Estado perfeito. Ao declínio da polis não corresponde o
nascimento de organismos políticos dotados de força moral, capazes de acender novos
ideais. De “cidadão”, no sentido clássico do termo, o homem grego torna-se “súdito”.
Não afeto a esta nova condição, o homem grego vive este novo tempo com um TAREFA: Pesquise e escreva em seu caderno o que é, Estoicismo, Epicurismo e
sentimento de vazio existencial, pois encontrava na Política e no exercício da cidadania
o Cinismo.
o sentido para a sua existência

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