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Nº 8, Julho de 2018

Guia Prático de Atualização


Departamento Científico
de Adolescência

Violência e saúde de adolescentes e jovens –


Como o pediatra deve proceder?

Departamento Científico de Adolescência


Presidente: Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo
Secretária: Evelyn Eisenstein
Conselho Científico: Beatriz Elizabeth Bagatin Veleda Bermudez; Elizabeth Cordeiro Fernandes;
Halley Ferraro Oliveira; Lilian Day Hagel; Patrícia Regina Guimarães;
Tamara Beres Lederer Goldberg
Colaboradoras: Alexsandra Costa; Maria de Fátima Marinho de Souza; Regina Coeli de Oliveira

emocional causadas por todas as formas de vio-


Introdução
lência influenciarão comportamentos e o apren-
dizado, principalmente quando persistentes.3
A palavra violência tem raízes no Latim VIO-
LENTIA, “veemência, impetuosidade”, de VIO- Com o intuito de apresentar o tema de forma
LENTUS, “o que age pela força” e provavelmente prática, optou-se por fazê-lo sob o formato de
relacionada a VIOLARE, “tratar com brutalidade, perguntas e respostas, e também mapas concei-
desonrar, ultrajar”. Depreende-se assim, a esco- tuais. Não se pretende esgotar o assunto com este
lha do termo para designar ações brutais entre os texto, tão premente e complexo, mas tão somente
humanos.1 deixar exposta a ferida sangrenta de um país que
precisa, e muito, proteger sua maior herança: as
No Relatório Mundial sobre Violência e Saúde novas gerações.
em Bruxelas, outubro de 2002, a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) decretou a violência como um
dos cinco problemas de saúde pública mundial.2 O que se compreende por violência humana?

A ameaça ou uso de força contra criança ou O conceito de violência pode ser sintetizado
adolescente, em todas as fases do desenvolvi- como todas as formas de maus tratos físicos, cor-
mento cerebral-mental-emocional, provocará porais, emocionais, sexuais, negligência ou trata-
alterações e danos com repercussões negativas mento negligente, exploração comercial ou qual-
na saúde física e emocional e na integração so- quer tipo de exploração que resultem em prejuízos
cial, podendo ser permanentes. Respostas à dor, e danos reais ou potenciais em traumas presentes
ao medo, à ansiedade do abandono e ao estresse ou futuros à saúde, sobrevivência, desenvolvimen-

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Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

to ou dignidade no contexto de uma relação de res- res. A vítima, Mary Ellen Wilson de oito anos de
ponsabilidade, confiança ou poder.3 idade, fora adotada por uma família na Nova York
em 1864, Estados Unidos. A garota vivia em pri-
Tais situações implicam transgressão do dever
são domiciliar, era espancada, acorrentada à cama
de proteção e coisificação, ou seja, a vítima é ma-
e violentada sexualmente pelo padrasto. Foi salva
nipulada ao bel prazer do agressor, como se fosse
por uma assistente social que conseguiu a inter-
um objeto, ficando esquecidos os seus Direitos
venção da Sociedade de Proteção aos Animais,
Humanos.4
alegando ser a criança membro do reino animal,
portanto seu caso estaria incluído nas leis que pu-
Por que os pediatras devem conhecer nem a crueldade contra esses seres vivos. O pai
este tema com mais propriedade? adotivo já havia falecido quando a mãe adotiva foi
julgada e sentenciada a um ano de confinamento.8
A violência afeta enormemente a saúde de
crianças e adolescentes causando lesões e trau- Apenas em 1961, a Academia Americana de
mas físicos, agravos psíquicos e morte; diminui a Pediatria reconheceu a Síndrome da Criança Es-
qualidade de vida individual e coletiva, e afeta a pancada, identificada por uma série de sinais de
dignidade humana. Isso exige readequação a no- violência.9
vos paradigmas no atendimento médico preventi-
Chegando ao Brasil, na época colonial a edu-
vo ou curativo, com atuação interdisciplinar, multi-
cação das crianças era frequentemente negligen-
profissional e intersetorial, inclusive do pediatra.2
ciada, sendo comum empregar crianças e adoles-
Além disso, os diversos elementos envolvidos centes – estes ainda não reconhecidos como tal
em atos agressivos precisam ser reconhecidos – em serviços de grumetes ou pajens, em con-
tanto para a abordagem quanto a elaboração de dições precárias e destino tenebroso. Porém, só
estratégias direcionadas a empoderar a resiliên- após os anos 1960, os maus-tratos contra crian-
cia de crianças e de adolescentes no enfrenta- ças e adolescentes passaram a ser reconhecidos
mento (coping) ou prevenção à violência.5 como problema de saúde pública.10

A promulgação do Estatuto da Criança e do


Essa injúria é fato recente da Adolescente (1990), instrumento de garantia ao
sociedade contemporânea? bem-estar da infância e juventude, contribuiu
para a consciência social e tratamento jurídico.11
Ao contrário do que se pode imaginar, a bru-
talidade contra grupos vulneráveis é registrada
desde os idos da Humanidade. Na Roma Antiga, os Quais fatores epidemiológicos
recém-nascidos só eram recebidos por decisão do estão implicados nas ocorrências violentas?
chefe da família. Em contrário, eram abandonados
A violência decorre da interação fator humano-
em lugar público, para serem recolhidos em ado-
-ambiência, o que remete a conceitos primordiais
ção ou deixados à morte.6
da Epidemiologia. Nesse sentido, ocorre um inter-
O infanticídio e a entrega de crianças/ado- jogo entre fatores de risco, fatores protetores e
lescentes em compromissos de casamento entre vulnerabilidade ao desenvolvimento, que têm in-
famílias eram comuns em diferentes culturas, até terferência mútua e dinâmica, até mesmo antes do
antes de as crianças nascerem. Com o advento do indivíduo nascer,12 como representados no Mapa
Iluminismo, foi-se desenvolvendo a percepção do Conceitual 1 e explanados a seguir, de modo geral.
ser criança e sendo discutidos meios de criá-las
• Risco ou fator adverso – qualquer característi-
visando a sua conservação.7
ca individual, ou da comunidade, que eleva a
Voltando na linha do tempo, encontra-se o pri- probabilidade de existir um problema físico ou
meiro registro de julgamento por injúrias a meno- psicossocial. Entre os fatores adversos indivi-

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duais encontram-se o gênero da criança ou do maiores vítimas os jovens, negros, aqueles per-
agressor, síndromes genéticas, dificuldades es- tencentes às classes menos favorecidas e mora-
colares, atitudes antissociais, consumo de dro- dores da periferia, correlacionando-se à multi-
gas. E, entre os fatores adversos ambientais: a plicação de gangues, ao redimensionamento do
desagregação familiar e afetiva, alcoolismo e tráfico de drogas e dos comandos criminosos.17,18
violência parental; ausência de rede eficaz de
O Atlas da Violência de 2017, estudo realiza-
apoio social, ambiente com elevado índice de
do pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
violência ou abuso de drogas, pais desempre-
(Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Públi-
gados, perda de entes queridos.13,14
ca (FBSP), expõe um recorte racial e etário para os
• Fatores ou Mecanismos de proteção – elemen-
fatores de risco, especialmente por homicídios.
tos individuais ou coletivos que minimizam ou
Os resultados apontam que os maiores índices fa-
protegem as pessoas de agravos. Trata-se de
tais ocorreram em pessoas entre 15 e 29 anos, do
atributos individuais protetores, como o con-
gênero masculino e entre pardos e negros.19
trole dos impulsos, bom humor, empatia, com-
petência cognitiva, o uso de estratégias efi- O Índice de Vulnerabilidade à Violência des-
cientes de enfrentamento (coping) ao estresse se mesmo ano constatou que em quase todo o
e metas de projetos futuros. Quanto ao am- território nacional as negras entre 15 e 29 anos
biente social, oferecem proteção: segurança apresentaram maior risco de exposição à violên-
de afeto, o respeito à criança e ao adolescen- cia que as brancas na mesma faixa etária e que o
te, relação positiva com adultos que exerçam risco relativo de serem vítimas de homicídio foi
papel significativo e a rede de apoio psicos- 2,19 vezes maior do que uma garota branca. Entre
social.14 Entre as adversidades individuais ou jovens de 15 a 29 anos, a chance de um negro ser
do ambiente destacam-se a baixa autoestima, assassinado é quase três vezes superior à de um
consumo de álcool e outros psicoativos, famí- branco de mesma idade.20
lias monoparentais, conflitos com genitores,
baixa escolaridade materna e relacionamentos
Como se classificam as violências
esgarçados com colegas e professores.15
e quais suas principais características?
• Vulnerabilidade – suscetibilidade de indiví-
duos ou grupos populacionais, principalmen- Existem variadas classificações, porém aqui
te crianças e adolescentes, a qualquer agravo foi adotada a tipologia da OMS, que considera a
à saúde e suas consequências (sofrimento, violência interrelacional da ordem emocional, fí-
limitação e morte), o que envolve condições sica, sexual e a autoinfligida.21 As várias circuns-
pessoais, culturais e sociais, como também os tâncias desses tipos de agressão estão descritas
recursos, gerência e monitoramento dos cui- no Mapa Conceitual 2, cuja gerência de comentá-
dados integrais à saúde.6 No âmbito da aten- rios segue abaixo.
ção primária à saúde, fatores de risco, prote-
ção e vulnerabilidades estão relacionados
principalmente à deficiência de recursos para Violência emocional
realização do trabalho, à violência física e mo-
ral, e ao desgaste emocional decorrentes do
contexto sócio-econômico-cultural-político.16
• Negligência – violência mais diagnosticada no
Brasil. Na forma extrema, há abandono da víti-
ma sem capacidade de se prover os cuidados
Qual a situação da mortalidade necessários e sem a devida proteção.22
por violência interpessoal no Brasil?
• Síndrome de Münchausen por procuração –
A partir dos anos 1980, surgiu no Brasil o tipo de abuso em que um dos pais, geralmente
vertiginoso aumento de homicídios, tendo como a mãe, simula sinais e sintomas na vítima, com

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Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

a intenção de chamar atenção para os mesmos morragia retiniana, consequentes ao ato de sacu-
nos serviços de saúde. Em consequência, a víti- dir o lactente de forma violenta e intencional.22,25
ma é submetida a repetidas internações, expo-
• Maus tratos ou espancamento – os sinais apa-
sição a exames e tratamentos potencialmente
recem sobretudo na pele e mucosas com equi-
perigosos e desnecessários. Por exemplo, a au-
moses, arranhões ou ferimentos tipo laceração
tora afirma que o filho apresenta dores recor-
ou queimaduras, seguindo-se ossos (fraturas e
rentes ou febre, diarreia etc., nunca revelados
calos de cicatrização), sistema nervoso central
ao exame clínico ou por exames complemen-
(perda de consciência, hemorragias), genitália
tares; alterar a cor da urina ou fezes, simular
e por fim, estruturas torácicas e abdominais
hemorragia nos ouvidos, ou secretamente ofe-
(hemorragia nas vísceras). Podem ser realiza-
recer medicamentos. Uma vez identificada a si-
dos com os mais diversos objetos na agres-
tuação, que pode causar a morte, a vítima preci-
são, ficando a marca na região acometida: fios
sa de proteção (cuidados de outros parentes ou
elétricos, galhos de árvores, sapatos, dedos
em instituições), e a mãe é enviada para acom-
(tapas), ferro elétrico, moedas ferventes, quei-
panhamento com psiquiatra e psicoterapia.23,24
maduras, equimoses, cintos, mordeduras, alo-
• Alienação Parental – conceito preconizado pécia traumática.21,23
pelo psiquiatra e psicanalista Richard Gardner
nos anos 1950, não ganhou respaldo da comu-
nidade científica devido à falta de consistên-
Violência sexual
cia e de estudos que pudessem comprovar sua
existência. Contudo, foi criada no Brasil a Lei
12.318 em 2010, que considera Alienação Pa- Qualquer ato de intenção sexual propriamen-
rental a “interferência na formação psicológica te dito ou erótico de uma pessoa com mais ida-
da criança ou adolescente promovida ou indu- de do que a vítima, podendo a autoria ser de um
zida por um dos genitores, pelos avós ou pe- adulto ou mesmo outro adolescente, que se im-
los que tenham a criança ou adolescente sob põe ameaçando ou por sedução, para obter de sa-
sua autoridade, guarda ou vigilância, para que tisfação pessoal própria ou prazer de terceiros.24
repudie ou cause prejuízo ao estabelecimento Pela frequência e repercussões deletérias, deta-
ou à manutenção de vínculos com este”. É fun- lham-se algumas características desta ocorrência:
damental o domínio desse conceito pelos pro- – Atual definição legal de estupro: qualquer ato
fissionais que atuam com crianças/adolescen- libidinoso ou conjunção carnal mediante cons-
tes e famílias a fim de avaliarem esses casos trangimento, uso de violência, grave ameaça ou
com propriedade, sobretudo quando houver por sedução (vítima igual ou menor de 14 anos).
suspeita de abuso sexual por parte de um dos Incluem-se desde carícias e manipulação dos ór-
genitores, pois a intenção de proteger a vítima gãos genitais, a coito oral, anal ou vaginal. Com
pode ser confundida com alienação parental.24 exceção do estupro, a agressão explícita dessa
violação pode ficar mascarada pelo uso da sedu-
ção, principalmente nos atos incestuosos.26
Violência física – A violação sexual ocorre em todas as classes
sociais, envolve pessoas de todas as profissões,
perpassa pela questão de gênero, sendo, no
Quadro de mais fácil identificação, destacam-
Brasil, bem mais comum no feminino, incluindo
-se os espancamentos, a tortura e lesões infringi-
crianças e adolescentes transgêneras.21,27
das por castigos físicos. Cabe destacar que na in-
fância há a Síndrome do Bebê Sacudido – Shaken – A autoria também pode ser de adolescente
Baby Syndrome - composta pela tríade clássica de (20% dos casos), mas cabe distinguir dos jo-
encefalopatia aguda, hematoma subdural e he- gos sexuais próprios da idade – contatos entre

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pré-púberes ou adolescentes jovens de mesma Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes


faixa etária, que praticam toques ou exibicio- nas Rodovias Federais Brasileiras, 2014, apon-
nismo sem coerção.28 tou quase dois mil locais vulneráveis, os mais
– Mercantilização ou exploração sexual de crian- críticos em postos de gasolina e regiões urba-
ças e adolescentes - a moeda é o prazer sexual nas; 69% das vítimas eram do gênero feminino
e acontece como meio de sobrevivência ou por e 22% eram transgêneros; em quase 40% dos
troca de favores. Nesses casos, é comum o en- casos a vítima era originária de outra localida-
volvimento com redes criminosas. A sexta edi- de, o que indica que esse ato criminoso pode
ção do Mapeamento dos Pontos Vulneráveis à estar relacionado a tráfico de pessoas.29

Mapa conceitual 1 – Tipologia e características das violências

Estupro – carícias,
Privação de higiene e saúde toques, relação sexual
Ausência de proteção a frio / calor Obtenção de prazer vaginal, anal, oral
Privação de afeto / atenção erótico por meio
Descaso com escola de coação, ameaça
ou sedução Voyeurismo - tocaiar
intimidade em
banheiro, quarto)
Ameaçar,
Omissão de humilhar,
isolar de Obscenidade -
Cuidados básicos gesticulação, palavras
familiares
ou amigos, SEXUAL de baixo calão
Vítima submetida a gritar
procedimentos de
investigação: consultas, Negligência Fotografias
exames, internações Pornografia (imagens
desnecessárias eróticas inadequadas)

Síndrome de
TIPOS DE Exploração sexual -
Simulação Münchausen
por EMOCIONAL comercialização
de doenças VIOLÊNCIAS
procuração

Tentativa
de impedir Alienação FÍSICA
FEMINICÍDIO
convívio parental
com filho

Maus tratos Força muscular –


Espancamento socos, tapas, chutes,
Opiniões negativas, Tortura esganadura. Utilização
esconder fatos sobre o objetos – fio, tamanco,
filho/a, endereço, mudar moeda quente, água
escola e esconder, quente (queimadura)
relatar falsas histórias Movimentos bruscos arma de fogo, arma
negativas em relação em pescoço branca
a genitor/a afastado/a
(alienado/a)

Criança sacudida Equimoses, hematomas,


(Shaken baby syndrome) fraturas, coma,
sequelas neurológicas,
MORTE

Fonte: Os autores, a partir das referências WHO21; SBP, Claves/Fiocruz22; Brasil26

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Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

Quem são os agressores de crianças, critérios para afastar a suspeita ou desacreditar


adolescentes e jovens? da vítima.31

Em geral, os algozes são pessoas muito pró- – Pesquisa demonstra que na maior parte dos
ximas, consanguíneas ou com algum laço afetivo casos a mãe desconhece o abuso, pois geral-
com a vítima ou sua família, sejam genitores ou mente ocorre em sua ausência e, ao tomar co-
outros cuidadores. Tais agressores são pessoas nhecimento, precisa procurar e receber alguma
que sofreram ou sofrem de algum transtorno ajuda, após um período variável de dúvida e
psíquico, mesmo que socialmente não aparen- desespero sobre o que fazer, como se condu-
tem, como sociopatia, transtornos de persona- zir.32
lidade, abuso de drogas, especialmente álcool
– Embora em bem menor proporção, mulheres
e crack, ou que sofreram abusos na sua própria
podem ser agressoras sexuais. Em geral, são
infância, marcando suas vidas e repetindo o ciclo
portadoras de transtornos psíquicos e desen-
da violência.
volvem comportamento sádico, não conse-
Nas situações de violência física, a autora mais guindo assumir a maternidade. As que violam
frequente é a mãe, embora os casos mais graves adolescentes romantizam o relacionamento,
sejam perpetrados pela figura paterna (pai ou podendo tornar-se amantes das vítimas, que
padrasto); nos abusos sexuais, os autores geral- geralmente têm metade de sua idade. Outras
mente são homens, sendo cerca de 90,0% o pai mulheres participam de abusos perpetrados
ou companheiro da mãe.22,28 pelo companheiro, de início para agradá-lo, de-
pois porque terminam por sentir prazer com a
Cabe ainda destacar sobre autor/a da vitimi-
infração.32
zação sexual:
– Trabalho nacional realizado em Feira de San-
– Conforme Furniss (2002), referendado estu-
tana, Bahia, demonstra a elevada participação
dioso desse tema, é frequente sempre negar
de adolescentes e jovens enquanto autores
a participação ou até acusar a vítima de sedu-
de agressão sexual: em 436 casos 18,8% dos
ção (culpabilização da vítima). Ainda que uma
agressores tinham ≤ 17 anos e 22% estavam
criança ou adolescente demonstre curiosidade,
entre 18 a 24 anos. Muitos desses molestado-
interesse ou aproximação do adulto, é respon-
res têm convivência com as vítimas, mantendo
sabilidade deste estabelecer a fronteira entre
o ciclo da transmissão intergeracional dessa-
afeto e sexo, impor limites e ter bons princípios
violação.33
morais e éticos.30

– Alguma forma de violência aconteceu na vida


Em que situações adolescentes
do abusador, seja como vítima (não necessaria-
são autores de violência?
mente sexual) ou como testemunha (geralmen-
te no ambiente intrafamiliar). Os meninos ten- Entre as injúrias impetradas por adolescentes/
dem a incorporar o comportamento violento, jovens, destacam-se casos de autoagressão, ten-
por identificação psíquica com o agressor, mais tativas de suicídio e bullying presencial ou virtual
frequentemente que meninas, mantendo o ci- (este último não será abordado por já ter sido pu-
clo abusivo por gerações (transmissão transge- blicado pela SBP – (http://www.sbp.com.br/filea-
racional de comportamento).31 dmin/user_upload/20032d-GPA_-_Bullying.pdf).

– O agressor sexual é extremamente dissimulado Não se pode esquecer a violência urbana, rea-
e sabe da importância da imagem que transmi- lidade que inclui atos perpetrados por adolescen-
te, utilizando-a inclusive para aproximar-se das tes em conflito com a lei, o que geralmente refle-
vítimas. Portanto, seu comportamento social, a te uma privação de vários dos seus direitos, cuja
profissão, a conduta pública exemplar não são abordagem não cabe neste documento.

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Mapa Conceitual 2 - Autoagressão

Ato consciente Ato intencional para extinguir a própria vida.


Individual ou em grupo Há três momentos: ideação
Danos ao corpo sem intenção (pensamento a planejamento)
de suicídio tentativa e êxito suicida.
Definição Definição

Alívio de ansiedade; dor emocional Episódio depressivo, transtorno


transferida corpo; forma de (T) bipolar, uso de psicoativos, T.
autopunição (raiva para si mesmo/a); ansiedade, esquizofrenia, tentativa
identificação com amigos praticantes; anterior, ausência de apoio, bullying,
estresse pós-traumático, depressão, vítima sexual, histórico positivo
transtornos dissociativos ou familiar, desemprego, perda de ente
personalidade limítrofe; sentem pouca querido, eventos estressantes
dor. Maior risco de suicídio
Fatores de risco
Psicopatologia e determinantes

Leve ou episódica / moderada Mundial: uma morte a cada


Cortes superficiais - estilete, 40 segundos entre 15 e 29 anos;
faca, garfo, ponta de lápis; Brasil: entre 15 -29 anos
pedaço de vidro; bater cabeça, em 2014 = 5,6 por
tricotilomania; arranhar-se, 100.000 habitantes
beliscar-se, queimar-se Epidemiologia Quarta causa de
morte entre
Intensidade jovens e adolescentes
Grave S (SIM do Ministério da Saúde.
C Mapa da Violência 2017)
Remoção de olhos, castração, U
amputação de membros U
Significado religioso “pecados” I
T
ou sexual AUTO- C
Relacionado a psicose ou efeito T AGRESSÃO
Tentativa prévia de
de psicoativos Í suicídio; humor depressivo,
I ansiedade / agitação; falar
D
N Sinais
muito em suicídio/morte;
G I expressar desesperança;
de alerta abuso de álcool / drogas;
O
automutilação; isolamento
social; pesquisar métodos
Características de suicídio; conflitos com
Clínicas sexualidade; escrever
despedida
Ato acontece em quarto, banheiro
Solitário (80%), ou em grupo
Cicatrizes ou ferimentos recentes
em antebraço, braço, coxa, abdome, Métodos
perna, partes íntimas
Métodos: ingestão de venenos ou
medicamentos (Gênero feminino);
arma de fogo, enforcamento (Gênero
Intervenções masculino); precipitação de grande,
intoxicação por gases (CO2 carro);
Psicoterapia de base analítica
Medicamentos p/ patologia Intervenções
de base e comorbidades
Esportes de socialização Tratar transtornos emocionais, psíquicos
Cuidado com uso abusivo de informática Emergência: investigar intoxicações
Envolvimento da escola, escuta do aluno exógenas; acidentes;

Fonte: Os autores, a partir das referências 34–40.

Cutting ou autoagressão
figurando-se como sintoma de alguns transtornos
Consiste em atitude consciente de se autoferir depressivos. Mais comum a partir dos 13 anos, ten-
ou lesões de automutilação, em geral praticada so- de a diminuir após os 20 anos, mas pode continuar
litariamente (80%) por sofrimento psíquico, con- ao longo da vida, se o indivíduo não for tratado.

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Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

– Motivação: alívio de tensão por fuga da reali- Suicídio e comportamento ou ideação suicida:
dade, identificação com pares que praticam o
De acordo com a OMS, o suicídio é um ato
cutting, ou para interromper estados psíquicos
intencional de um indivíduo de qualquer idade
dissociativos. Ao contrário da tentativa de suicí-
para extinguir a própria vida. Constitui importan-
dio, essa prática objetiva aliviar a tensão emo-
te questão de saúde pública no mundo inteiro,
cional sem a intenção da finitude. No entanto,
estimando-se que mais de 1,5 milhão de pesso-
muitos sujeitos com essa prática são mais pro-
as cometerão suicídio até 2020. Destaque para o
pensos a ideação e tentativa suicida.34,35,36
alerta de que tentativas de suicídio não são uma
– Lesões: costumam ser repetitivas, superficiais maneira de se chamar atenção.43,44
ou leves, comum serem cortes, feridas punti-
Na sequência, encontram-se importantes in-
formes realizadas com objetos cortantes, per-
formações:
furantes, em partes do corpo escondidas sob a
roupa, mas também em qualquer região como – Fatores de risco: transtornos de personalidade,
braços, pulsos e pernas; adolescentes costu- especialmente a limítrofe (antiga borderline), e
mam usar mangas longas para esconder as le- esquizofrenia; associação de várias condições
sões.37,38 Essas lesões podem ser moderadas - depressão e alcoolismo; coexistência de de-
ou graves, com extirpação de órgãos, podem pressão, ansiedade; tentativas anteriores de
acontecer em transtorno psicótico, compulsivo suicídio, ausência de apoio social, histórico de
obsessivo em intensa fase crítica; quando de suicídio na família, forte ideação suicida, defi-
forma estereotipada, repetitiva, costuma acon- ciente base social com desemprego e baixo ní-
tecer em pessoas com transtorno do espectro vel educacional.45
do autismo ou na síndrome de Tourette.39
– As regiões Sul e Centro-Oeste apresentam as
– Frequência: é mais comum o cutting ser reali- maiores taxas de suicídios registradas, sen-
zado a sós (80%), mas pode acontecer em con- do que a ideação suicida é mais prevalente
junto, por identificação com colegas ou como (17,1%) seguida da estruturação de planos
repetição de imagens postadas em redes so- (4,8%) e tentativas de suicídio (2,8%). As ten-
ciais ou em vídeos.40 Quando de forma compul- tativas de suicídio são mais significativas entre
siva, com fixação, decorre da repentina ânsia de mulheres e jovens sendo a intoxicação por me-
se machucar e promover alívio da ansiedade, dicamentos o método mais utilizado.46
como na tricotilomania - arrancar cabelos da – Local e formas de êxito: o lar é o cenário mais
cabeça, sobrancelha ou pelos pubianos.41,42 frequente de suicídios (51%), seguido por hos-
– Intervenções: avaliação criteriosa para tratamen- pitais (26%). Os principais meios utilizados por
to multidisciplinar pois quanto mais cedo for ini- homens são enforcamento (58%), arma de fogo
ciado, maiores as chances de interromper essa (17%) e envenenamento por pesticidas (5%).
prática. Conjugam-se medicamentos com psico- Entre as mulheres, enforcamento (49%), segui-
terapia de preferência psicodinâmica (analítica), do de fumaça/fogo (9%), precipitação de altura
mas também do tipo cognitivo-comportamental; (6%), arma de fogo (6%) e envenenamento por
a patologia de base deve ser tratada – transtor- pesticidas (5%).47
nos de ansiedade e do estresse, transtornos do – Prevenção: por identificação precoce dos sinais
humor bipolar, episódio depressivo, uso de álco- de alerta (ver Mapa Conceitual 2) e correto en-
ol e outras drogas, psicoses – e também as co- caminhamento a profissionais de saúde mental.
morbidades, condição simultâneas e frequentes A tentativa prévia é o fator de risco mais impor-
em saúde mental.40,41 Nos casos severos pode tante na população geral. Acompanhamento
ser indicada internação hospitalizar, objetivan- correto de transtornos psíquicos; psicoterapia
do ambiente seguro e tratamento mais intensivo psicodinâmica. Investigar essa possibilidade
até ultrapassar a fase aguda do quadro.40 em casos de intoxicação e acidentes, especial-

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mente com histórico de repetição ou casos de História não compatível com as lesões exis-
suicídio em familiares. Encaminhar o adoles- tentes, relatos discordantes entre os responsá-
cente para atendimento especializado, ou so- veis ou depoimento espontâneo da vítima de-
licitar desde então a presença de psiquiatra ou vem sempre merecer credibilidade. Raramente a
psicoterapeuta.47 vítima simula ou inventa sobre o acontecimento,
especialmente nos casos de abuso sexual.22,49 No
Mapa Conceitual 3 estão listados os indícios que
Como acontece a violência
norteiam a suspeita de casos de violência contra
no namoro de adolescentes?
pacientes pediátricos.
Embora muitas vezes passe despercebida, a
injúria no namoro entre adolescentes desempe-
Que repercussões podem acontecer com
nha enorme papel de gênero na violência. Impor-
crianças e adolescentes vitimizados?
tante estudo nacional com 3.200 escolares entre
15 a 19 anos do Ensino Médio na rede pública e Qualquer maltrato, principalmente quando
particular em dez capitais brasileiras revelou: ele- repetitivo, causa baixa autoestima, dificuldades
vada prevalência (87,0%); a violência verbal foi a nos relacionamentos sociais, transtornos psíqui-
mais comum, especialmente entre as garotas, se- cos como depressão ou ideação suicida, quadros
guindo-se provocar ciúmes e raiva, humilhar, usar psicossomáticos como cefaleias, tonteiras, dores
tom hostil, ameaçar terminar o namoro, depreciar, abdominais, parada ou desaceleração do cresci-
vigiar, culpar pelas coisas ruins, provocar medo no mento, baixo rendimento escolar; provoca ain-
outro, ameaçar machucar, bater na pessoa ou des- da redução do desenvolvimento do hipocampo,
truir algo de valor eram formas de agredir emocio- região do cérebro relacionada às emoções, fato
nalmente; quase 50% dos rapazes mencionaram comprovado por ressonância magnética.25
forçar a beijar e tocar sexualmente a outra pessoa
No caso de agressão sexual, as repercussões
sem permissão; infidelidade e ciúme terminavam
em muito se relacionam à duração do abuso – os
em brigas, refletindo normas de gênero tradicio-
incestuosos costumam ocorrer durante anos e
nais e legitimadoras da violência. Apesar disso,
são extremamente danosos - e ao grau de proxi-
apenas 3,5% dos jovens afirmaram já ter solici-
midade com o abusador, havendo maior impacto
tado apoio profissional ou ajuda em situações de
quando este é pai ou padrasto, tio, avô, padrinho;
violência no namoro ou “ficar”, independente de
presença de danos físicos, infecções urinárias de
estrato social e de região do país, demonstrando
repetição, feridas genitais, surgimento de infec-
a necessidade da desconstrução de estereótipos
ções sexualmente transmissíveis (IST) ou gravi-
de gênero e de romper a banalização da violência
dez. A reação da família é importante durante a
entre parceiros adolescentes.48
revelação do abuso pela criança e adolescente e
será norteadora da busca pelos cuidados médi-
Quando se deve suspeitar de que um/a cos, psicológicos e providências jurídicas.50
paciente está em situação de violência?
A violação sexual induz a isolamento, agressi-
O profissional bem treinado e sensível pode vidade, medos, ansiedade, depressão, sentimentos
suspeitar da agressão no decorrer da anamnese de raiva, vergonha e culpa; transtorno do pânico
e do exame físico. Ressalte-se que muitos dos ou de estresse pós-traumático; alterações do sono;
sinais e sintomas indicativos são inespecíficos, enurese noturna; tendência à revitimização (inclu-
como choros frequentes, dificuldades de dormir, sive sexual); comportamento sexual desajustado
queda no rendimento escolar, inclusive outras durante a vida adulta, aversão sexual, dispareunia;
mudanças de comportamento, e podem ocorrer homossexualidade feminina; condutas automuti-
em outras situações sem violência. Portanto, é ex- ladoras (ferir-se) e auto aniquiladoras como abuso
tremamente necessário contextualizar cada caso. de drogas, fuga do lar, tentativa e risco suicida.51

9
Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

Mapa Conceitual 3 - Sinais e sintomas de violência conforme a tipologia

Atraso na busca de
cuidados à saúde sem causa
justificável; indiferença Relato de acidentes repetidos,
física ou afetiva; vestes quedas ou ferimentos inexplicáveis;
descuidadas, higiene e equimoses em braços, faces internas
nutrição precárias; abandono e posteriores das coxas, mãos,
mesmo que apenas por orelhas, pescoço, genitália e glúteos;
horas; falta de adequada equimoses extensas ou dispersas,
supervisão escolar e com diferentes fases de resolução
de outras atividades do (coloração variada); fraturas ou
adolescente; doença crônica hematoma subperiostal em diferentes
Sintomas não se encaixam sem tratamento, saúde bucal fases de cicatrização; ferimentos
em doença ou agravo precária bilaterais ou várias partes do corpo;
relatado; melhora ao queimaduras extensas, bilaterais
chegar ao hospital e piora (forma de luva em mãos, em nádegas);
em casa; genitor/a muito coma sem sinais de infecções, ruptura
solícito/a, exame físico e de vísceras
exames complementares
sem alterações
Negligência

Síndrome de Maus tratos


Münchausen Físicos

QUANDO SUSPEITAR DE VIOLÊNCIA


CONTRA CRIANÇA ou ADOLESCENTE

Fazer julgamento negativo


contra ex-cônjuge diante de Alienação Violência
filhos; dificultar o exercício parental sexual
da autoridade parental;
omitir informações
escolares e médicas ou
alteração de endereço; Qualquer
exagerar em adoecimento violência
do filho/ano retorno de
visitas com o/a genitor/a; Maioria dos casos sem lesões
solicitar repetidos evidentes; enantema, petéquias em
atestados médicos para mucosa oral; mordidas (lovebite) no
evitar o contato do filho corpo ou pescoço; lesões de injúria
com o/a genitor/a. Falsa física associadas, região anal:
denúncia de abuso sexual hiperemia, edema, escoriações,
Medo sem razão aparente;
fissura anal, pregas anais apagadas
recusa de ficar com alguém
ou alargamento do esfíncter anal;
ou das atividades cotidianas,
genitália: ruptura ou alargamento
cuidado em não desagradar
himenal, ruptura perineal,
adulto/a; relutância em
sangramentos, evidências de IST
falar ou voltar para casa;
e gravidez; hipersexualização
baixo rendimento escolar;
(exacerbado erotismo ou incompatível
agressividade, isolamento,
com idade); desenhos ou brincadeiras
sinais depressivos, morder
que sugerem cunho erótico; sonolência
lábios (medo de dor ou
inexplicável se há uso de sonífero
ameaça), fugas de casa,
abuso drogas, suicídio

Fonte: Os autores, a partir das referências 22, 27, 49, 50.

10
Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

Deve haver continuidade dos cuidados com


Qual a conduta imediata
exame clínico, resultados dos exames comple-
e em longo prazo da equipe
mentares iniciais e de controle, acompanhamen-
de saúde frente às violências?
to psicoterápico de apoio à vítima e familiares e
agressores, orientação sobre os percalços jurídi-
As situações de violência sempre são com- cos, deixando claro o que compete ao setor de
plexas. A postura do profissional de saúde deve Saúde e às instâncias legais (Gerência de Polícia
ser de empatia e neutralidade. Nunca julgar ou da Criança e do Adolescente, GPCA, Instituto de
acusar, mesmo que perante um provável agressor. Medicina Legal, para empreender o exame de
Os objetivos do atendimento médico pediátrico corpo de delito, Ministério Público, MP, Juizado
são: cuidar das lesões, desculpabilizar a criança/ da Vara da Infância e Juventude). Deve-se sem-
adolescente (esclarecer que a responsabilida- pre orientar os familiares, em linguagem com-
de é de quem causou o fato) e proteger a vítima preensível, sobre as graves consequências dos
de novas agressões; profilaxias contra Infecções maus-tratos para o crescimento e o desenvolvi-
Sexualmente Transmissíveis (IST) e de gestação mento e o importante papel de apoio das equi-
mediante a anticoncepção de urgência em caso pes multiprofissionais.23,51
de abuso sexual; suporte psíquico, reorganização
dos vínculos familiares. Investigação e penalida-
de são do campo policial e jurídico, respectiva-
mente.24,51 Como se deve registrar
um caso de violência?
Atendimento emergencial
Considerando que a maioria das violências
Considera-se atendimento de urgência quan-
contra crianças e adolescentes não é conhecida
do ocorre até 72 horas após o evento violento.
pelo Sistema de Saúde e há fragilidades na defi-
Deve-se realizar o acolhimento e o exame físi-
nição da dimensão desse fenômeno deve-se dis-
co, avaliando-se a gravidade do caso e solicitar
tinguir revelação, notificação e denúncia. As duas
exames complementares. Em todos os casos:
últimas, no contexto legal, têm significados dis-
orientação sobre medidas legais e a notificação;
tintos.52-54
manter vínculo com a vítima e familiares sem-
pre que possível.2,5-7 Para maiores detalhes sobre • Notificação - A notificação de abuso contra
profilaxias de Infecções Sexualmente Transmis- a criança e o adolescente pode ser definida
síveis (IST) e anticoncepção de urgência, reco- como uma informação emitida pelo setor saú-
menda-se a leitura dos documentos produzidos de ou por qualquer outro órgão ou pessoa, ao
pelo Departamento de Adolescência da SBP nos Conselho Tutelar e à Vigilância Epidemioló-
links http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_ gica com a finalidade de promover cuidados
upload/19772d-GPA_-_Infec_Sexual_Transmiss_ sociais e sanitários voltados para a proteção
Adolesc.pdf e http://www.sbp.com.br/fileadmin/ da criança e adolescente vítimas de abuso.55
user_upload/20290c-GPA_Anticoncepcao_na_ A notificação compulsória dos casos de violên-
Adolescencia.pdf cia é o comunicado formal da suspeita ou da
prática do abuso sexual, um instrumento capaz
de mobilizar a rede de proteção às crianças e
Atendimento ambulatorial
aos adolescentes e de compor o sistema de
A vítima deve ser encaminhada para segui- informação, visando ao planejamento de polí-
mento com equipe multiprofissional capacitada, ticas públicas para seu enfrentamento ofere-
constituída por pediatra, ginecologista, assistente cendo apoio e proteção à criança e ao adoles-
social, psicoterapeuta, enfermeira e auxiliares. cente e sua família.55,56

11
Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

Ao tornar público fenômenos que acontecem identificar a criança e/ou adolescente em situ-
no privado, torna-se possível perceber que são ação de violência e a caracterização do abuso
mais comuns do que se imagina, mas nem por sexual, caracterização da família, da institui-
isso devem ser banalizados ou normalizados.57 ção, do agressor e da violência sofrida.60-62

A Portaria 1968/2001 do Ministério da Saúde A notificação tem como escopo, construir um


tornou obrigatório o preenchimento da Ficha relato claro e compreensivo sobre o problema,
de Notificação (FN) Compulsória de maus-tra- dando informações e até mesmo sugestões
tos contra criança e adolescente como um ins- aos conselheiros tutelares, demais autorida-
trumento para a coleta sistemática e padroni- des, gestores das unidades de saúde e profis-
zada de informações a ser difundida em toda a sionais de saúde.60-62
rede de serviços do SUS.61 E a Lei nº 10.778, de
Enfim, trata-se de uma exigência legal, que
24 de novembro de 2003, estabeleceu a notifi-
possibilita revelar a magnitude, tipologia,
cação compulsória, no território nacional, dos
gravidade, perfil das pessoas envolvidas (ví-
casos de violência interpessoais, atendidos em
timas e autores da agressão), localização de
serviços públicos e privados de saúde.58
ocorrência e outras características dos even-
Um importante avanço na informação em re- tos violentos, além de iniciar todo o movi-
lação à violência praticada contra a criança mento de uma rede de proteção.59-61
e adolescente foi a implantação do Sistema
de Informação para a Infância e Adolescên- A notificação deve ser preenchida por um dos
cia (SIPIA) pelo ECA, o Sistema de Denúncia membros da equipe de saúde, inserindo dados
Nacional pela Secretaria de Direitos Humanos sobre a vítima e seus responsáveis, relato do
e a implantação de Serviço Sentinela e Inter- acontecimento, descrição do exame clínico e
pessoal de Violências e Acidentes e Promoção exames complementares, se realizados. Seu
de Saúde, conhecido como VIVA - Vigilância de preenchimento é obrigatório, podendo a res-
Violências e Acidentes, pelo Ministério da Saú- ponsabilidade ser compartilhada com a equipe
de. Estas medidas visam ampliar as notifica- do serviço de saúde. Recomenda-se que o pro-
ções de situações de violência que envolvem fissional converse com a família, esclarecendo
crianças e adolescentes, uma vez que toma que a notificação vai beneficiar para o suporte
como base informações menos graves, mas necessário.59-61
que são responsáveis por uma forte demanda Essa FN será enviada pelos gestores do local
nas emergências.56,59,60 da Vigilância Epidemiológica onde a vítima foi
O sistema VIVA, com a finalidade de obter da- atendida e ao Conselho Tutelar (CT) onde a ví-
dos e divulgar as informações sobre violências tima reside – mesmo que a ocorrência tenha
e acidentes, ampliou a proposta da ficha de sido em outro local. Na falta do CT no municí-
notificação, permitindo conhecer a magnitude pio de residência, deve ser encaminhada para
desses graves problemas de saúde uma vez que a Vara da Infância e Juventude.59,61,62
foi estruturado em dois componentes: 1) vigi- A Notificação também permite registrar in-
lância contínua de violência doméstica, sexual formações aos conselheiros tutelares, gesto-
e/outras violências interpessoais e autoprovo- res, profissionais de saúde e da justiça sobre
cadas (VIVA contínuo), implantada em serviços o ocorrido ao paciente, além de possibilitar
de referência para as violências; e 2) vigilância ações de intervenção em vários níveis, mobi-
sentinela de violências e acidentes em emer- lizando a rede de proteção às crianças e aos
gências hospitalares (VIVA sentinela).59,60 adolescentes e constitui o sistema de infor-
A Notificação Investigação Individual (VIVA mação, visando ao planejamento de políticas
contínuo) permite assinalar, informações epi- públicas de enfrentamento, apoio e proteção à
demiológicas ao atendimento, bem como, vítima e sua família.59-61

12
Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

Figura 1. Ficha de Notificação de Violência Doméstica, Sexual e/ou Outras Violências Interpessoais. Brasil, 2011.

República Federativa do Brasil FICHA DE NOTIFICAÇÃO/ INVESTIGAÇÃO


Ministério da Saúde INDIVIDUAL Nº
Secretaria de Vigilância em Saúde VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, SEXUAL E/OU OUTRAS
VIOLÊNCIAS INTERPESSOAIS
Definição de caso: Considera-se violência como o uso intencional de força física ou do poder, real ou em ameaça , contra si
próprio , contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão,
morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. . . . . .
Atenção: Em casos de suspeita ou confirmação de violência contra crianças e adolescentes, a notificação deve ser obrigatória e
dirigida aos Conselhos Tutelares e autoridades competentes (Delegacias de Proteção da Criança e do Adolescente e Ministério
Público da localidade), de acordo com o art. 13 da Lei no 8.069/1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Esta ficha
atende ao Decreto-Lei no 5.099 de 03/06/2004, que regulamenta a Lei no 10.778/2003, que institui o serviço de notificação
compulsória de violência contra a mulher, e o artigo 19 da Lei no 10.741/2003 que prevê que os casos de suspeita ou
confirmação de maus tratos contra idoso são de notificação obrigatória.
1 Data da Notificação 2 UF 3 Município de Notificação Código (IBGE)
| | | | | | | | | | | | | |
Dados Gerais

4 Unidade de Saúde (ou outra fonte notificadora) Código (CNES)

| | | | | |
5 Data da Ocorrência do Evento 6 Hora da ocorrência (0 - 24 horas)

| | | | | | | | |
7 Nome 8 Data de Nascimento
| | | | | | |
1 - Hora
9 Idade 2 - Dia 10 Sexo 1 - Masculino 11 Gestante
3 - Mês
2 - Feminino 1) 1ºTrimestre 2) 2ºTrimestre 3) 3ºTrimestre
| | 4 - Ano 9 - Ignorado 4) Idade gestacional Ignorada 5) Não 6) Não se aplica 9) Ignorado
12 Cor 13 Escolaridade 06) Ensino médio incompleto
01) Analfabeto
Dados da Pessoa Atendida

07) Ensino médio completo


02) 1ª a 4ª série incompleta do EF
1-Branca 4-Parda 08) Educação superior incompleta
03) 4ª série completa do EF
2-Preta 5-Indígena 09) Educação superior completa
04) 5ª à 8ª série incompleta do EF
3-Amarela 9-Ignorado 10) Não se aplica
05) Ensino fundamental completo
99) Ignorado
15 Situação conjugal
14 Ocupação 1 - Solteiro 3 - Viúvo 5 - Não se aplica
2 - Casado/união consensual 4 - Separado 9 - Ignorado
| | | | |
16 Relações sexuais 17 Possui algum tipo de deficiência? 1- Sim 2- Não 9- Ignorado
1 - Só com Homens 3 - Com homens e mulheres Física Visual Outras deficiências/ Síndromes
2 - Só com mulheres 4 - Não se aplica 9 - Ignorado Mental Auditiva

18 Número do Cartão SUS 19 Nome da mãe


| | | | | | | | | | | | | | |
20 UF 21 Município de residência Código (IBGE) 22 Bairro de residência

| | | | | | |
Dados de Residência

23 Logradouro (rua, avenida,...) 24 Número

25 Complemento (apto., casa, ...) 26 Ponto de Referência 27 CEP


| | | | - | |
28 (DDD) Telefone 29 Zona1 - Urbana 30 País (se residente fora do Brasil)
2 - Rural
| | | | | | | | | 3 - Periurbana 9 - Ignorado
31 Local de ocorrência 07 - Estabelecimento de saúde 11 - Terreno baldio
01 - Residência 04 - Ambiente de trabalho 08 - Instituição socioeducativa 12 - Bar ou similar
02 - Habitação coletiva 05 - Escola 09 - Instituição de longa permanência 13 - Outros ______________
03 - Via pública 06 - Creche 10 - Instituição prisional 99 - Ignorado
32 UF 33 Município de Ocorrência 34 Bairro de ocorrência
|
Dados da Ocorrência

35 Logradouro de ocorrência (rua, avenida,...) 36 Número 37 Complemento (apto., casa, ...)

38 Zona de ocorrência 39 Ocorreu outras vezes? 40 A lesão foi autoprovocada?

1 - Urbana 2 - Rural
3 - Periurbana 9 - Ignorado 1 - Sim 2 - Não 9 - Ignorado 1 - Sim 2 - Não 9 - Ignorado

41 Meio de agressão 1- Sim 2- Não 42 Tipo de violências 1- Sim 2- Não 9- Ignorado


Arma branca 3-Não se aplica 9- Ignorado Física Sexual Tortura
Arma de fogo Enforcamento/sufocação
Psicológica / Moral Tráfico de seres humanos Patrimonial
Objeto contundente Queimadura Negligência/ Trabalho infantil Outros ____________
Força corporal Outros ______________ Abandono

Violência doméstica, sexual e/ou outras violências interpessoais SVS 28/06/2006

continua...

13
Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

... continuação

43 Se ocorreu violência sexual, qual o tipo? 1- Sim 2 - Não 3 - Não se aplica 9- Ignorado 44 Se ocorreu penetração, qual o tipo?
Violência

Assédio sexual Pornografia infantil 1- Sim 2 - Não 3 - Não se aplica 9- Ignorado


Sexual

Estupro Exploração sexual Anal


Oral Vaginal
Atentado violento ao pudor Outros ____________

45 Número de 46 Relação com a pessoa atendida 1- Sim 2 - Não 9- Ignorado 47 Sexo do provável 48 Supeita de uso
envolvidos de alcool
Dados do provável

autor da agressão
autor da agressão

Pai Ex-Cônjuge Cuidador


1 - Um Mãe Namorado(a) Patrão/chefe 1- Sim
1 - Masculino
2 - Dois ou mais Padrasto Ex-Namorado(a) Pessoa com relação 2 - Não
2 - Feminino
9 - Ignorado 9- Ignorado
Madrasta Amigos/conhecidos institucional 3 - Ambos os sexos
9 - Ignorado
Cônjuge Desconhecido Outros __________

49 Consequências da ocorrência detectadas no momento da notificação 1- Sim 2 - Não 9- Ignorado


Em casos de violência sexual

Aborto Gravidez DST Tentativa de suicídio Outros _____________________

50 Procedimento indicado 1- Sim 2 - Não 9- Ignorado


Profilaxia DST Coleta de sangue Contracepção de emergência
Profilaxia HIV Coleta de sêmen Comunicação de Acidente de Trabalho
Profilaxia Hepatite B Coleta de secreção vaginal Aborto previsto em lei

51 Evolução do Caso 52 Se óbito pela agressão, data


1 - Alta 2 - Encaminhamento ambulatorial 3 - Encaminhamento hospitalar 4 - Evasão / Fuga
5 - Óbito pela agressão 6 - Óbito por outras causas 9 - Ignorado | | | | | | |
Evolução e encaminhamento

53 Encaminhamento da pessoa atendida para outros setores 1- Sim 2 - Não 9- Ignorado

Centro de Referência da
Conselho tutelar (criança/adolescente) Delegacia Especializada da Mulher
Assistência Social/CRAS
Vara da infância / juventude Delegacia de Prot. da Criança e do Adolescente
Casa de proteção / abrigo Outras delegacias IML

Programa Sentinela Ministério Público Outros _____________________

54 Circunstância da lesão (confirmada) 55 Classificação final

1 - Suspeito 2 - Confirmado 3 - Descartado


CID 10 | | |
Informações complementares e observações

TELEFONES ÚTEIS
Disque-Denúncia - Exploração
Disque-Saúde Central de Atendimento à Mulher sexual a crianças e adolescentes
0800 61 1997 180 100

Município/Unidade de Saúde Cód. da Unid. de Saúde/CNES


Notificador

| | | | | | |
Nome Função Assinatura

Violência doméstica, sexual e/ou outras violências interpessoais SVS 28/06/2006

Fonte: Brasil.64

14
Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

• Denúncia - A denúncia é a peça processual que FN e Denúncia: desconhecimento sobre como


inicia o processo penal e é oferecida pelo Pro- proceder frente a esses casos, descrença na
motor de Justiça ao Juiz de Direito. É realizada efetividade do Conselho Tutelar, formação in-
por meio de Boletim de Ocorrência (BO) pelos suficiente sobre o tema, além de limitações
responsáveis da vítima, ou por um órgão com- pessoais. Porém, o maior obstáculo é a errônea
petente – Direção Hospitalar, CT, MP, Polícia crença de que precisa haver confirmação da vio-
- sendo a peça que iniciará o processo penal, lência (prova do crime) para que a notificação
oferecida pelo Promotor de Justiça ao Juiz da seja preenchida, o que contradiz a legislação.
Infância e Juventude. Nas emergências, deverá Além disso, o predominante modelo biomédi-
ser acionada de imediato a Polícia (geralmente co dificulta a identificação de possíveis casos,
presente nos serviços públicos) ou a GPCA, de pois sinais e sintomas de maus-tratos podem
onde providenciarão exame pericial no Institu- ser confundidos com outros diagnósticos.64
to Médico Legal (IML).63,64
Os vários passos desde o atendimento ao pa-
Apesar da existência dessas ferramentas de ciente, até o processo jurídico e a rede de pro-
proteção às vítimas, são várias as dificuldades teção que a FN deflagra estão compiladas na
apontadas por pediatras no preenchimento da Figura 2.

Figura 2. Fluxograma da notificação de casos suspeitos ou confirmados de violência.

Estabelecimento Unidade de
ESCOLAR Serviço de Saúde

CONSELHO
TUTELAR

Promotoria
Perícia Polícia
da Infância e
Técnica Civil
Juventude

Juizado da
Infância e
Juventude

Fonte: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual de Crianças e
Adolescentes, 2011.65

15
Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

Como é possível realizar a prevenção neurológicos, do comportamento e desenvolvi-


das diversas situações de violência? mento, e o abuso de substâncias químicas, inclu-
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, sive o uso nocivo do álcool, grandes desafios para
plano de ação que busca fortalecer a prosperida- o desenvolvimento sustentável.66,67
de e a paz universal, é um legado da Organização Nesse sentido, tanto a ONU quanto a OMS
das Nações Unidas (ONU). cuja última revisão, pu- apontam diversas estratégias de prevenção e
blicada em novembro de 2017, contempla ações enfrentamento à violência nos níveis primor-
a serem desenvolvidas até 2030.66 dial (ações focalizam o bem-estar geral), nível de
Esse Legado busca concretizar os direitos atenção básica à saúde (quando ainda não houve
humanos, garantir acesso à saúde para todos e eventos nocivos e ações são específicas a cada in-
alcançar a igualdade de gênero pelo empodera- júria), secundário (quando já aconteceu a violên-
mento de meninas, jovens e mulheres. Busca ain- cia, sendo necessários diagnóstico e intervenção
da reduzir significativamente todas as formas de precoces) e no terciário (recuperação de sequelas
violência e a mortalidade relacionada; pretende e reinserção à rotina de vida) cujas características-
reforçar a prevenção e tratamento dos distúrbios são singulares66,67 e estão resumidas no Quadro 1.

Quadro 1. Prevenção e combate à violência interpessoal e à autoagressão na infância e adolescência para o setor
saúde conforme o nível de atenção, objetivos e estratégias.

Nível de
Objetivos Estratégias
Atenção
Primordial Promover conhecimentos Psicodinâmica positiva; Educação parental, visitação domiciliar;
sobre os maus-tratos Desenvolvimento de habilidades para a vida; Empoderamento
Promover a cultura da Paz de gênero e Prevenção da violência desde o namoro; Inclusão e
Promoção da igualdade de respeito às pessoas com limitação física, neurológica e psíquica;
gênero Respeito a pessoas LGBTQI*
Triagem para fatores de risco psicossociais
Debates em grupos - família, instituições, comunidade, mídia
Primária Enfrentamento das Prevenção de sequelas físicas e psicossociais
discriminações e à Escolas adequadas, prática de esportes e de artes. Prevenção à
intolerância violência em comunidade escolar e universitária com palestras e
Conhecimentos de campanhas de prevenção
sexualidade humana Campanhas contra uso de psicoativos e de armas
Conhecimentos sobre Prevenção aos transtornos alimentares e às autoagressões
violência e impacto na Políticas de saúde, de Justiça e dos Direitos Humanos
saúde Ensinamentos do tema Violências em cursos em saúde
Secundária Tratamento precoce e Atendimento especializado às vítimas e familiares
eficaz Prevenção de IST** e de gravidez inoportuna.
Redução da morbidade e Equipes de atendimento pré-hospitalar e hospitalar
mortalidade Acompanhamento em saúde mental
Prevenção de sequelas Articulação com outros setores: Educação, Serviço Social, Justiça
psicobiológicas
Terciária Atendimento em Centros de recuperação neurológica e motora
serviços hospitalares e Abrigos e centros de reinserção social
institucionais de maior Acompanhamento com equipe de saúde mental
complexidade Grupos de apoio especializados
Retorno à escola, ao
trabalho,
Reinserção familiar e social
*Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros, Queer, Intersexo. ** Infecções sexualmente transmissíveis.
Fonte: compilado de United Nations66 e Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio).67

16
Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

Percebe-se que no sistema bioecológico, os • participar de campanhas sobre a Cultura da


valores e estilo de viver geram pressões intra e Paz, exaltando a dignidade humana e os direi-
extrafamiliares que podem causar deterioração tos à vida de crianças e adolescentes e como
dos relacionamentos. Incluem-se ainda a re- mediar conflitos pelo diálogo;
distribuição de bens e recursos, as políticas de
• articular trabalho intersetorial com escolas,
educação e o acesso à saúde eficaz, empregos e
igrejas, mídias e diversas redes sociais.
trabalhos dignos; medidas efetivas de segurança
pública, moradia adequada, além de preconizar Os pediatras também podem contribuir abor-
e incentivar mudanças de medidas aceitas como dando temas pertinentes tanto nas consultas
educativas – castigos extremos, palmadas, panca- quanto em rodas de diálogos com adolescentes,
das, atitudes e decisões que ficam aquém da alça- familiares e outros profissionais que se dedicam a
da médica em si.68 essa faixa etária, objetivando a reflexão e mudan-
ças sobre os temas:70-72

Quais as recomendações da • Relações emocionais, destacando os fatores


Sociedade Brasileira de Pediatria de risco e o diálogo como mediação e resolu-
no enfrentamento dessas violências? ção de conflitos;

• Prevenção da gestação inoportuna e precoce


Em consonância com a missão da SBP de pro-
de adolescentes;
mover a vida saudável de crianças e adolescen-
tes de forma ampla e em todos os aspectos, foi • Parentalidade responsável, colocando a ma-
criada a Campanha Permanente de Prevenção da ternidade e paternidade além das questões
Violência contra Crianças e Adolescentes com o biológicas;
lema “Violência é covardia – as marcas ficam na • Diversidades em vários âmbitos – étnicas, reli-
sociedade”.69 giosas, esportivas, de gênero;
Ao longo dos últimos dez anos, têm sido dis- • Promoção da resiliência, incluindo a capacida-
tribuídos por todo o país cartazes e publicações, de de suportar frustrações;
além das participações em eventos discorrendo
• Desmistificação da estereotipia de pessoas
sobre o tema nas várias mídias.70
agressoras, incutindo que não se limitam a ca-
Os profissionais da área da saúde, juntamente tegorias sociais, econômicas, profissionais, ét-
com a escola, devem se agregar ao grupo que atua nicas;
na prevenção da violência e na promoção de uma • Comportamentos de autoagressão, sinais alte-
vida saudável.69-72 rações do humor e outros transtornos psíqui-
cos, incluindo ideação suicida;
Por outro lado, pediatras e outros profissio-
nais desempenham papel significativo para: • Protagonismo juvenil, incluindo ações solidá-
rias de ajuda a colegas e amigos;
• identificação dos fatores de risco, protetores e
das vulnerabilidades em cada caso atendido; • Atividades em grupo, valores humanos éticos,
• inclusão do tema violência no currículo de gra- em contrapartida ao individualismo, competiti-
duação, pós-graduação e na educação continu- vidade destrutiva e consumismo desenfreado;
ada no campo médico e afins; • Escola solidária – não admitindo relacionamen-
• proceder de forma correta nas situações de tos agressivos de qualquer espécie, tipo bullying
injúrias, inclusive reconhecendo a notificação ou cyberbullying nem “por brincadeira”;
de casos suspeitos ou confirmados enquanto • Educação espiritual como valor agregador de
ferramenta de proteção à saúde das crianças e boas condutas, contrapondo-se ao materialis-
adolescentes; mo e inversão de valores;

17
Violência e saúde de adolescentes e jovens – Como o pediatra deve proceder?

• Prevenção e alerta sobre o uso precoce e dano-


Adendo
so de bebidas alcoólicas e outras drogas;

• Questões de gênero e sua diversidade enquan-


Seguem-se indicações de Instituições que
to características inerentes ao Ser Humano;
podem auxiliar no trabalho com vítimas de vio-
• Princípios da relação humanizada profissional- lência no país. Recomendamos que registrem os
-paciente-familiares, para combate à violência contatos nas cidades ou municípios locais, pois
institucional em saúde; serão úteis em ocasião oportuna.
• Incentivo de ensino e pesquisas abordando as
diversas formas de injúria em trabalhos desen- Contatos úteis e Instituições Nacionais
volvidos na iniciação científica, nos Trabalhos de combate à violência contra adolescentes
de Conclusão de Curso, TCC, em pós-graduação e jovens.
e em cursos de educação continuada, sejam
• Hospitais Universitários e Serviços de Pediatria
presenciais ou virtuais.
• Unidades de Pronto Atendimento e Postos de
Saúde
Considerações finais • Conselhos Tutelares

• Gerência/Departamento de Polícia da Criança


Situações de violência são ofensas crimino- e Adolescência
sas e que interrompem o desenvolvimento do
respeito à dignidade de crianças e adolescen- • Delegacia de Atendimento à Mulher
tes e ultrapassam sua capacidade de significar a • Vara da Infância e Juventude
experiência em sua total realidade e de não se
• SaferNet, Helpline – crimes virtuais
culpar. As vivências traumáticas implicam dimen-
www.denuncia.org.br ou
sões variáveis de sofrimento para vítima e os fa-
www.newsafernet.org.br
miliares, podendo comprometer sua cognição e
habilidade de relacionar-se com outras pessoas. • Instituto de Medicina Legal (IML)
Acima de tudo, a experiência traumática da vio-
• Ministério Público
lência pode impedir de alcançar a felicidade de
viver com saúde. • Defensoria Pública

Cabe ao pediatra, profissional que por exce- • Juizado da Infância e Juventude


lência acompanha os pacientes desde a tenra in- • Polícia Militar: 190
fância, buscar evoluir em conhecimentos científi-
• Denúncia anônima para violência sexual e
cos, compartilhar dores por empatia, e sobretudo
outras no Brasil: Disque 100
lutar pela melhoria de vida das crianças e adoles-
centes. Afinal, impedir a violência é também um • Centro de Referência de Imunobiológicos
ato de Cultura da Paz. Especiais - CRIE

18
Departamento Científico de Adolescência • Sociedade Brasileira de Pediatria

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22
Diretoria
Triênio 2016/2018

PRESIDENTE: Adriana Seber (SP) Paulo Cesar Pinho Pinheiro (MG)


Luciana Rodrigues Silva (BA) Paulo Cesar Koch Nogueira (SP) Flávio Diniz Capanema (MG)
1º VICE-PRESIDENTE: Fabianne Altruda de M. Costa Carlesse (SP) EDITOR DO JORNAL DE PEDIATRIA
Clóvis Francisco Constantino (SP) Renato Procianoy (RS)
2º VICE-PRESIDENTE: DIRETORIA E COORDENAÇÕES:
EDITOR REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA
Edson Ferreira Liberal (RJ) DIRETORIA DE QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL Clémax Couto Sant’Anna (RJ)
SECRETÁRIO GERAL: Maria Marluce dos Santos Vilela (SP)
EDITOR ADJUNTO REVISTA RESIDÊNCIA PEDIÁTRICA
Sidnei Ferreira (RJ) COORDENAÇÃO DO CEXTEP: Marilene Augusta Rocha Crispino Santos (RJ)
1º SECRETÁRIO: Hélcio Villaça Simões (RJ) Márcia Garcia Alves Galvão (RJ)
Cláudio Hoineff (RJ) COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO CONSELHO EDITORIAL EXECUTIVO
2º SECRETÁRIO: Mauro Batista de Morais (SP) Gil Simões Batista (RJ)
Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) COORDENAÇÃO DE CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL Sidnei Ferreira (RJ)
3º SECRETÁRIO: José Hugo de Lins Pessoa (SP) Isabel Rey Madeira (RJ)
Virgínia Resende Silva Weffort (MG) DIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Sandra Mara Amaral (RJ)
Nelson Augusto Rosário Filho (PR) Bianca Carareto Alves Verardino (RJ)
DIRETORIA FINANCEIRA: Maria de Fátima B. Pombo March (RJ)
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) REPRESENTANTE NO GPEC (Global Pediatric Education
Consortium) Sílvio Rocha Carvalho (RJ)
2ª DIRETORIA FINANCEIRA: Rafaela Baroni Aurilio (RJ)
Ricardo do Rego Barros (RJ)
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) COORDENAÇÃO DO PRONAP
REPRESENTANTE NA ACADEMIA AMERICANA DE PEDIATRIA (AAP)
3ª DIRETORIA FINANCEIRA: Sérgio Augusto Cabral (RJ) Carlos Alberto Nogueira-de-Almeida (SP)
Fátima Maria Lindoso da Silva Lima (GO) Fernanda Luísa Ceragioli Oliveira (SP)
REPRESENTANTE NA AMÉRICA LATINA
DIRETORIA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL: Francisco José Penna (MG) COORDENAÇÃO DO TRATADO DE PEDIATRIA
Fernando Antônio Castro Barreiro (BA) Luciana Rodrigues Silva (BA)
DIRETORIA DE DEFESA PROFISSIONAL, BENEFÍCIOS E PREVIDÊNCIA Fábio Ancona Lopez (SP)
Membros: Marun David Cury (SP)
Hans Walter Ferreira Greve (BA) DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA
Eveline Campos Monteiro de Castro (CE) DIRETORIA-ADJUNTA DE DEFESA PROFISSIONAL Joel Alves Lamounier (MG)
Alberto Jorge Félix Costa (MS) Sidnei Ferreira (RJ)
Cláudio Barsanti (SP) COORDENAÇÃO DE PESQUISA
Analíria Moraes Pimentel (PE) Cláudio Leone (SP)
Corina Maria Nina Viana Batista (AM) Paulo Tadeu Falanghe (SP)
Cláudio Orestes Britto Filho (PB) COORDENAÇÃO DE PESQUISA-ADJUNTA
Adelma Alves de Figueiredo (RR) Gisélia Alves Pontes da Silva (PE)
Mário Roberto Hirschheimer (SP)
COORDENADORES REGIONAIS: João Cândido de Souza Borges (CE) COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO
Norte: COORDENAÇÃO VIGILASUS Rosana Fiorini Puccini (SP)
Bruno Acatauassu Paes Barreto (PA) Anamaria Cavalcante e Silva (CE) COORDENAÇÃO ADJUNTA DE GRADUAÇÃO
Nordeste: Fábio Elíseo Fernandes Álvares Leite (SP) Rosana Alves (ES)
Anamaria Cavalcante e Silva (CE) Jussara Melo de Cerqueira Maia (RN) Suzy Santana Cavalcante (BA)
Sudeste: Edson Ferreira Liberal (RJ) Angélica Maria Bicudo-Zeferino (SP)
Luciano Amedée Péret Filho (MG) Célia Maria Stolze Silvany ((BA) Silvia Wanick Sarinho (PE)
Sul: Kátia Galeão Brandt (PE) COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Darci Vieira Silva Bonetto (PR) Elizete Aparecida Lomazi (SP) Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Centro-oeste: Maria Albertina Santiago Rego (MG) Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE)
Regina Maria Santos Marques (GO) Isabel Rey Madeira (RJ) Fátima Maria Lindoso da Silva Lima (GO)
Jocileide Sales Campos (CE) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA: COORDENAÇÃO DE SAÚDE SUPLEMENTAR Jefferson Pedro Piva (RS)
Assessoria para Assuntos Parlamentares: Maria Nazareth Ramos Silva (RJ) COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA E ESTÁGIOS EM PEDIATRIA
Marun David Cury (SP) Corina Maria Nina Viana Batista (AM) Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS)
Assessoria de Relações Institucionais: Álvaro Machado Neto (AL) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP)
Clóvis Francisco Constantino (SP) Joana Angélica Paiva Maciel (CE) Victor Horácio da Costa Junior (PR)
Cecim El Achkar (SC) Clóvis Francisco Constantino (SP)
Assessoria de Políticas Públicas: Maria Helena Simões Freitas e Silva (MA)
Mário Roberto Hirschheimer (SP) Silvio da Rocha Carvalho (RJ)
Rubens Feferbaum (SP) COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE GESTÃO DE CONSULTÓRIO Tânia Denise Resener (RS)
Maria Albertina Santiago Rego (MG) Normeide Pedreira dos Santos (BA) Delia Maria de Moura Lima Herrmann (AL)
Sérgio Tadeu Martins Marba (SP) DIRETORIA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS E COORDENAÇÃO Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA)
DE DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Jefferson Pedro Piva (RS)
Assessoria de Políticas Públicas – Crianças e Sérgio Luís Amantéa (RS)
Adolescentes com Deficiência: Dirceu Solé (SP)
Gil Simões Batista (RJ)
Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (MT) DIRETORIA-ADJUNTA DOS DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS Susana Maciel Wuillaume (RJ)
Eduardo Jorge Custódio da Silva (RJ) Lícia Maria Oliveira Moreira (BA) Aurimery Gomes Chermont (PA)
Assessoria de Acompanhamento da Licença DIRETORIA DE CURSOS, EVENTOS E PROMOÇÕES COORDENAÇÃO DE DOUTRINA PEDIÁTRICA
Maternidade e Paternidade: Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA)
João Coriolano Rego Barros (SP) COORDENAÇÃO DE CONGRESSOS E SIMPÓSIOS Hélcio Maranhão (RN)
Alexandre Lopes Miralha (AM) Ricardo Queiroz Gurgel (SE) COORDENAÇÃO DAS LIGAS DOS ESTUDANTES
Ana Luiza Velloso da Paz Matos (BA) Paulo César Guimarães (RJ) Edson Ferreira Liberal (RJ)
Assessoria para Campanhas: Cléa Rodrigues Leone (SP) Luciano Abreu de Miranda Pinto (RJ)
Conceição Aparecida de Mattos Segre (SP) COORDENAÇÃO GERAL DOS PROGRAMAS DE ATUALIZAÇÃO COORDENAÇÃO DE INTERCÂMBIO EM RESIDÊNCIA NACIONAL
GRUPOS DE TRABALHO: Ricardo Queiroz Gurgel (SE) Susana Maciel Wuillaume (RJ)
Drogas e Violência na Adolescência: COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE REANIMAÇÃO NEONATAL: COORDENAÇÃO DE INTERCÂMBIO EM RESIDÊNCIA INTERNACIONAL
Evelyn Eisenstein (RJ) Maria Fernanda Branco de Almeida (SP) Herberto José Chong Neto (PR)
Doenças Raras: Ruth Guinsburg (SP)
DIRETOR DE PATRIMÔNIO
Magda Maria Sales Carneiro Sampaio (SP) COORDENAÇÃO PALS – REANIMAÇÃO PEDIÁTRICA Cláudio Barsanti (SP)
Atividade Física Alexandre Rodrigues Ferreira (MG)
Kátia Laureano dos Santos (PB) COMISSÃO DE SINDICÂNCIA
Coordenadores: Gilberto Pascolat (PR)
Ricardo do Rêgo Barros (RJ) COORDENAÇÃO BLS – SUPORTE BÁSICO DE VIDA Aníbal Augusto Gaudêncio de Melo (PE)
Luciana Rodrigues Silva (BA) Valéria Maria Bezerra Silva (PE) Isabel Rey Madeira (RJ)
Membros: COORDENAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO EM NUTROLOGIA Joaquim João Caetano Menezes (SP)
Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA) PEDIÁTRICA (CANP) Valmin Ramos da Silva (ES)
Patrícia Guedes de Souza (BA) Virgínia Resende S. Weffort (MG) Paulo Tadeu Falanghe (SP)
Profissionais de Educação Física: PEDIATRIA PARA FAMÍLIAS Tânia Denise Resener (RS)
Teresa Maria Bianchini de Quadros (BA) Victor Horácio da Costa Júnior (PR) João Coriolano Rego Barros (SP)
Alex Pinheiro Gordia (BA) PORTAL SBP Maria Sidneuma de Melo Ventura (CE)
Isabel Guimarães (BA) Flávio Diniz Capanema (MG) Marisa Lopes Miranda (SP)
Jorge Mota (Portugal) COORDENAÇÃO DO CENTRO DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA CONSELHO FISCAL
Mauro Virgílio Gomes de Barros (PE) José Maria Lopes (RJ) Titulares:
Colaborador: Núbia Mendonça (SE)
PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO CONTINUADA À DISTÂNCIA Nélson Grisard (SC)
Dirceu Solé (SP) Altacílio Aparecido Nunes (SP)
Metodologia Científica: Antônio Márcio Junqueira Lisboa (DF)
João Joaquim Freitas do Amaral (CE) Suplentes:
Gisélia Alves Pontes da Silva (PE) DOCUMENTOS CIENTÍFICOS Adelma Alves de Figueiredo (RR)
Cláudio Leone (SP) Luciana Rodrigues Silva (BA) João de Melo Régis Filho (PE)
Pediatria e Humanidade: Dirceu Solé (SP) Darci Vieira da Silva Bonetto (PR)
Álvaro Jorge Madeiro Leite (CE) Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho (PE) ACADEMIA BRASILEIRA DE PEDIATRIA
Luciana Rodrigues Silva (BA) Joel Alves Lamounier (MG) Presidente:
João de Melo Régis Filho (PE) DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES Mario Santoro Júnior (SP)
Transplante em Pediatria: Fábio Ancona Lopez (SP) Vice-presidente:
Themis Reverbel da Silveira (RS) EDITORES DA REVISTA SBP CIÊNCIA Luiz Eduardo Vaz Miranda (RJ)
Irene Kazue Miura (SP) Joel Alves Lamounier (MG) Secretário Geral:
Carmen Lúcia Bonnet (PR) Altacílio Aparecido Nunes (SP) Jefferson Pedro Piva (RS)

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