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Riscos Pré-natais:
Factores Genéticos: Síndrome de Down; Fenilcetonúria; Fibrose Cistica; Síndroma X-Frágil; Distrofia
Muscular; S. Turner; Malformações Congénitas.
Factores Infecciosos: Toxoplasmose; Rubéola; Sida.
Factores Psicossociais: Malnutrição; Alcoolismo; Toxicodependência; Stress.
Riscos Peri-natais:
Baixo peso; Tempo de gestação; Anóxia/ Hipoxia Neonatal; Displasia Bronco-Pulmonar; APGAR inferior a 6;
Parto Múltiplo.
Factores Traumáticos/ Obstétricos: Ventosa, fórceps.
Factores Infecciosos: Sépsis.
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Intervenção Precoce – Susana Abreu RP2 – 2009/2010
Riscos Pós-natais:
Factores Infecciosos: Meningite; outras doenças infecciosas.
Factores Psicossociais: Pobreza; Malnutrição; Gravidez na Adolescência; Psicopatologia Mental Parental;
Neglicência; Maus Tratos; Alcoolismo; Toxicodependência.
Shaken Baby Syndrome (SBS) «Síndrome da criança sacudida/ abanada»
Artigos 1º da Convenção sobre os Direitos da Criança e 122º do Código Civil: segundo a Convenção sobre os
Direitos da Criança, a “criança é todo o ser humano menor de 18 anos, salvo se, nos termos da lei que lhe for
aplicável, atingir a maioridade mais cedo”. Esta definição coincide com o conceito de menor que consta no Código
Civil português: “é menor quem não tiver ainda completado dezoito anos de idade”.
Artigo 123º do Código Civil: em geral, os menores carecem de capacidade para o exercício de direitos. A
incapacidade dos menores pode ser suprida:
Artigos 124º, 187º e segs do Código Civil: pelo poder paternal – compete aos pais, no interesse dos filhos, velar
pela segurança e saúde destes, prover o sustento, dirigir a sua educação, representa-los ainda que nascituros e
administrar os seus bens.
Artigo 1921º e segs do Código Civil: pela tutela, que é o meio de substituir o poder paternal.
Na Grécia e em Roma abandonava-se as crianças nas colinas, deitavam-nas ao mar, etc. As crianças doentes e os
deficientes eram mortos.
Para Platão e Aristóteles, as crianças eram consideradas adultos aos 7 anos e iniciava-se a sua educação formal
(só para alguns).
Com a queda do império romano/ anarquia, não havia escolas a não ser nos mosteiros. As crianças e as mulheres
romanas eram totalmente subordinadas ao chefe de família, o pai. Os meninos tinham de suceder os pais em suas
atribuições e responsabilidades e, por isso mesmo, eram educados por professores; as meninas eram ensinadas
pelas mães quanto às responsabilidades enquanto donas de casa e esposas.
Estádio 3: Igreja e estado misturam-se; pais começam a sentir responsabilidade pela “alma” da criança.
Data: do séc. XVIII (modo intrusivo).
Questão: salvação da alma é a prioridade máxima.
Solução: prestar educação precoce para as crianças poderem aprender acerca de redenção.
As práticas educativas e os cuidados a prestar à criança assentam no valores de disciplina, temer a Deus e
respeito pelos mais velhos; os pais educavam os seus filhos para mais tarde iniciarem os estudos sobre a doutrina
cristã; batia-se à criança para expulsar os “maus espíritos”.
Com Rosseau, as crianças já não eram consideradas como adultos em miniatura. Passou a dar-se importância ao
jogo, as crianças eram tratadas com gentileza e eram contra o castigo físico.
No final de 1700, Pestallozzi aprendizagem através da auto-descoberta; mães são as melhores professoras dos
seus filhos; 1ª escola europeia com características desenvolvimentais da criança.
Itard métodos especializados/ melhorias em crianças com problemas no seu desenvolvimento.
Nos E.U.A “escolas de senhoras”, senhoras viúvas ou solteiras davam nas suas casas educação para as crianças
de famílias muito numerosas. Não havia currículo, sendo a bíblia o único material de leitura disponível.
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Intervenção Precoce – Susana Abreu RP2 – 2009/2010
Estádio 4: Pais sabem o que é melhor. São os pais responsáveis por ensinar a criança.
Data: do séc. XIX ao séc. XX (modo de socialização).
Questão: industrialização; os pais trabalham muitas horas e negligenciam os seus filhos; imigração.
Solução: fornecer cuidados e educação precoce de modo a produzir uma cidadania produtiva.
Revolução Francesa e Americana direitos humanos, abolida a escravatura, trabalho infantil e castigos severos.
Os pais educam os seus filhos; auto-determinação; vidas produtivas; pais/ trabalhadores tem a responsabilidade
de educar os seus filhos, porém possuem pouco tempo para os criar criação de escolas públicas e creches
(escola de Boston, 1928/ crianças 8 meses aos 4 anos de idade).
Froebel “Kindergarten”, dos 2-6 anos actividades dirigidas pela criança, auto-estima, auto-confiança, jogo/
brinquedos.
E.U.A reforma social (depois da guerra civil). Os pais tinham a função de cuidar bem dos seus filhos (manuais:
nutrição, necessidades físicas e de saúde). Grande expansão de jardins infantis (1888-1900) com fins sociais, de
ajudar os pais com dificuldades.
Psicologia da criança (1900) educação especial para crianças com deficiências.
Estádio 5: Crianças sabem o que é melhor, sabem o que precisam e envolvem os seus pais no preenchimento
dessas necessidades.
Data: meados do séc. XX até actualmente (modo de ajuda).
Questão: recursos são abundantes para que todas as pessoas tenham igualdade de oportunidades, incluindo as
crianças.
Solução: fornecer serviços educacionais a crianças que são pobres, são deficientes ou que têm outros tipos de
problemas.
Novas teorias psicológicas Freud (1953): a infância é um período ambíguo e pleno de conflitos; permissividade
de modo a evitar futuras neuroses. Piaget (1950): as crianças têm tendência congénita para a adaptação;
importância da experiência no desenvolvimento cognitivo.
A pobreza trás privação sócio-cultural no desenvolvimento da criança: criação de currículos, “enriquecimento” de
crianças em situação de pobreza.
Head-Start (1964) 1º programa tipo compensatório: as creches e jardins-de-infância são insuficientes, muitos
dispendiosos e de insuficiente qualidade; “Early Childhood Intervention” (3-6 anos); “Early Intervention” (0-3
anos) seres competentes; papel da família.
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Pavlov (1849-1936)
Domínio das Perspectivas Watson (1878-1958)
Comportamentalistas e Thorndike (1874-1934)
Psicanalíticas (1930-1950) Skinner (1904-1990)
Freud (1856-1939) – Infância: período determinante no desenv. psicológico
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Utilizado pelos clínicos para prever resultados a longo prazo, com base na velocidade de aquisição de marcos
desenvolvimentais específicos.
Durante os anos 50 este modelo foi associado à constatação de correlações entre acontecimentos perinatais e
desordens neurodesenvolvimentais posteriores – paradigma do determinismo biológico.
Etologia:
Estudo do comportamento animal no seu meio natural.
Tem como objectivo descobrir padrões de comportamento inatos.
Em 1873 constatou-se que pintos recém-nascidos pareciam seguir o 1º estímulo móvel. Só em 1935 Konrad
Lorenz utilizou o termo “imprinting” ou cunhagem para designar esta forma de aprendizagem.
Tal fenómeno só ocorria em determinado período da vida dos patos: nas primeiras 32 horas de vida,
particularmente, entre a 13ª e a 16ª hora após o nascimento.
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NATUREZA MEIO
TEMPO
Períodos Críticos:
Estudo com gémeos – McGraw (1935)
Johnny – Treino intensivo precoce:
Primeiros passos: 9 meses;
Andar: 12 meses;
Patinar: 12 meses;
Treino de triciclo: 11/ 19 meses (pouco progresso até aos 20 meses).
Jimmy – Mesmo tipo de treino mas meses mais tarde:
Primeiros passos: 9 meses;
Andar: 12 meses;
Patinar: 22 meses;
Treino de triciclo: 22 meses (aprendeu rapidamente e tornou-se melhor do que o irmão).
Conclusão:
As competências filogenéticas são pouco influenciadas pela prática específica;
As competências ontogenéticas são influenciadas pela prática, em períodos óptimais (críticos).
Conclusão: o grupo sujeito ao treino mais precoce manteve a sua superioridade até ao final do estudo, embora as
crianças do grupo B tenham sido mais rápidas na aprendizagem inicial das tarefas.
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Nancy Bayley:
Papel determinante no domínio da mediação da inteligência na criança e responsável por dois testes pioneiros
nessa área:
California First Year Mental Scales (1933);
Bayley Scales of Infant Development (1969).
Iniciou em 1929 um estudo longitudinal sobre o crescimento e o desenvolvimento humanos. Conclui que:
Os QI não são constantes ao longo da vida;
A variabilidade do QI é superior nos primeiros anos de vida;
A capacidade intelectual poderá continuar a crescer ao longo da vida (até aos 50 anos);
A inteligência adulta parece ser em função do meio;
As componentes da inteligência mudam com a idade.
J. Hunt (1969):
Revisão de estudos sobre a importância da Experiência Precoce no desenvolvimento da criança.
A variedade de estímulos é fundamental e a privação de estímulos pode ser pior do que a restrição motora.
Dennis (1960) – Estudou num orfanato em Teerão, no qual as crianças eram mantidas em condições de
isolamento extremo. Cada criança possuía um cubículo branco isolado e à prova de som.
Restrição sensorial completa mas ampla liberdade de movimentos;
60% das crianças não se sentavam sozinhas aos 2 anos;
80% das crianças não andavam aos 4 anos.
Tem de existir um equilíbrio da estimulação: nem de menos, provocando tédio, nem demais, provocando
frustração.
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Áreas Sensoriais – +
Áreas de Associação + –
Krech (1969):
Certas drogas como o Metrazol podem aumentar a capacidade de aprendizagem do organismo, enquanto outras
podem promover a capacidade do organismo reter o que foi aprendido.
Se agentes químicos podem causar mudanças no processo de aprendizagem, então a manipulação do meio
poderá provocar mudanças químicas cerebrais.
Experiências com ratos demonstraram que o córtex (substância cinzenta) era mais volumoso, mais profundo e
mais pesado nos ratos estimulados.
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Do ponto de vista neurológico, os estádios ou níveis de desenvolvimento são evidenciados pelo curso do processo
de mielinização dos axónios e pela arborização dendrítica.
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Mesoderme
Embrião (4 semanas) Endoderme
Ectoderme Placa Neural Goteira Neural Tubo Neural (fecho ao 28º dia)
Anencefalia: consiste numa malformação rara do tubo neural que acontece entre o 16º e o 26º dia de gestação,
caracterizada pela ausência parcial do encéfalo e da calota craniana;
Spina Bífida: malformação congénita provocada por um fechamento incompleto do tubo neural embrionário.
A – Mielomeningocelo: contem medula e/ou raízes de nervos.
B – Meningocelo: a malformação contém meninges e líquido cefalorraquidiano;
C – Spina Bífida Oculta: as metades dos arcos vertebrais não se desenvolvem e não se fundem. Na maioria
das vezes uma só vértebra é afectada e muitos indivíduos não sabem que possuem este defeito.
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Hidrocefalia: associação frequente à Spina Bífida; consiste na acumulação de líquido cefalorraquidiano no interior
da cavidade craniana.
Correcção: introdução de um “shunt” para drenagem do excesso de fluído cefalorraquidiano.
Processos fundamentais:
Multiplicação, migração celular e apoptose (morte celular programada);
Sinaptogénese;
Mielinização.
Multiplicação e Migração Celular: papel fundamental das células gliais a multiplicação e migração celular
variam de área para área; está completa aos 6 meses de gestação.
Excepção: cerebelo, células gliais (após o nascimento) e as células granulares (durante toda a vida).
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Exemplos:
Esquizencefalia: erro que ocorre ao 3º mês de gestação; ausência de parte do córtex e existência de
fendas corticais; provoca convulsões, deficiência mental e deficiência motora.
Agénese do Corpo Caloso: erro que ocorre entre o 3º e o 5º mês; ausência das fibras nervosas que ligam
os dois hemisférios.
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A sinaptogénese ocorre desde o período pré-natal ao período pós-natal, sendo muito rápida nos últimos 3
meses de gestação;
Ocorre um excesso de sinapses (superprodução 2º-4º mês pós-natal) eliminação sináptica (maior taxa – 1º
ano de vida) e declina progressivamente.
O SNC é altamente sensível às influências do envolvimento.
Erros na sinaptogénese:
Síndrome de Down e outros tipos de deficiência;
Sindroma do X-Frágil;
Crianças em risco pré e peri-natal bebés prematuros (dependentes de ventiladores e alterações no
desenvolvimento dos axónios e dendrites).
Contactos sinápticos iniciais são transientes e necessitam de confirmação para a sua sobrevivência:
Capacidade para desenvolver a linguagem (SEE);
Características específicas da linguagem e a velocidade de aprendizagem (SDE).
Mielinização: processo geneticamente determinado mas que pode ser influenciado por factores envolvimentais
(ex: dieta) durante o período pós-natal; finaliza aproximadamente aos 10 anos de idade.
Erros na mielinização:
Hipoplasia da matéria branca – convulsões e anomalias fisiológicas resultantes da falta de mielina em
determinadas zonas cerebrais.
Malnutrição – a falta de lípidos nos primeiros 4 anos de vida provoca sub-mielinização.
Leucomalácia periventricular – prematuros com muito baixo peso, onde existe uma perturbação na
distribuição da matéria branca devido a uma interrupção da circulação sanguínea.
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2. Efeito dos agentes teratogéneos: substâncias químicas susceptíveis de causarem deficiências congénitas
durante a gravidez.
Medicamentos (ex: anticancerigenos, hormonas sexuais, alguns anticonvulsivos e psicotrópicos);
Agentes infecciosos (ex: siflis, toxoplasmose, etc);
Raios-X;
Mercúrio (contaminação alimentar);
Problemas endócrinos nas mães (ex: diabetes não controlada);
Abuso de substâncias (álcool, drogas);
Alcoolismo: 80% das crianças com Síndrome de Alcoolismo Fetal (gravidade dos efeitos dependentes da dose).
Cocaína: alterações cardiovasculares e cerebrais no feto.
Estudos com animais: exposição à nicotina altera a síntese de DNA e RNA no cérebro, reduzindo a capacidade
de aprendizagem.
Estudo na Universidade de Chicago: rapazes cujas mães fumaram mais do que meio maço de cigarros
por dia durante a gravidez têm uma probabilidade mais elevada para terem distúrbios comportamentais
quando comparados com filhos de não fumadoras.
4. Stress psicológico:
Separações repetidas e prolongadas de ratos recém-nascidos das mães inibição do desenvolvimento
celular atraso no crescimento de órgãos e níveis elevados de glucocorticoides (hormonas do stress).
Ratos criados em isolamento: hiperactividade, respostas anormais à novidade, deficiências cognitivas na
idade adulta.
Linhas de investigação recentes com crianças (Gunnar e Ficher, 2006): respostas fisiológicas ao stress na
primeira infância (hormona do stress).
Stress “Tóxico”: crianças vítimas de negligencia e maus tratos quando comparadas com crianças saudáveis de
classe média, existe uma elevação de 5% para 30% de cortisol.
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Períodos Críticos:
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Maturação: atingida a puberdade, alguns folículos primordiais começam a desenvolver-se e, com eles,
os oócitos I. Nesta fase, o oócito I recomeça a 1ª divisão da meiose, originando duas células haplóides
desiguais – uma maior (oócito II ou oócito de 2ª ordem) e uma menor (1º glóbulo polar) – que acaba
por degenerar. A diferença no tamanho das células deve-se a uma citocinese desigual. Após a ruptura
do folículo de Graaf, ocorre a ovulação, isto é, a libertação do oócito II que entretanto iniciara a 2ª
divisão da meiose, interrompendo-se esta em Metafase II, sendo recolhido pelo pavilhão da trompa de
Falópio.
Desenvolvimento Pós-Natal
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Em determinado estádio de maturação cerebral, determinadas experiências são críticas para o desenvolvimento
de estruturas neuronais.
Ex: gatos privados de luz durante as primeiras 8 semanas de vida – agem como se fossem cegos embora os seus
sistemas visuais estejam intactos. Sem experiência os neurónios da área visual não podem transmitir a outras
estruturas cerebrais a informação visual.
Experiência anormal: influência o padrão de organização das sinapses no sistema visual. Estas perdem-se e
degeneram, possuindo um papel importante no tratamento precoce do estrabismo e das cataratas.
Bateston (1983): a visão poderia ser parcialmente restabelecida através da infusão de noradrenalina no córtex
visual. Esta restabelece alguma plasticidade cerebral, tendo um papel facilitador.
Sistema Auditivo:
O sistema auditivo inicia o seu funcionamento entre os 7-9 meses de gestação e é mielinizado ao longo de uma
série de estádios que decorrem dos 7-9 meses após o nascimento até aos 4-5 anos.
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Os Períodos Críticos representam uma “estreita janela de tempo” durante a qual uma parte específica do
organismo é mais vulnerável à ausência de estimulação ou às influências envolvimentais.
A visão constitui um bom exemplo – a não ser que uma criança veja luz durante os primeiros 6 meses de vida, os
nervos que ligam e processam os sinais que se originam no olho e se dirigem ao córtex degeneram e morrem.
Períodos Sensíveis (“Sensitive Periods”) constituem “amplas janelas de oportunidade” para determinados tipos
de aprendizagens. Representam um período de tempo, menos preciso e mais extenso (em relação aos períodos
críticos), durante o qual as competências (ex: aprender uma segunda língua) são influenciadas.
Caso a oportunidade para a aprendizagem não surgir, estas novas e potenciais competências podem não estar
perdidas para sempre.
Os indivíduos aprendem línguas em várias idades, embora com muito menos facilidade do que durante os 3
primeiros anos, demorando mais tempo e necessitando de instrução específica.
A investigação parece sugerir que áreas diversas do cérebro são utilizadas caso a aprendizagem ocorra durante o
período sensível comparativamente com uma aprendizagem mais tardia.
Quem trabalha com crianças tem que conhecer o conceito de período sensível para que possa fornecer
oportunidades de aprendizagem adequadas que podem beneficiar o desenvolvimento das crianças de muitas
formas.
As investigações sobre o desenvolvimento precoce do cérebro demonstram claramente que o período dos 0-3
anos, de uma forma genérica, constitui um período sensível para o desenvolvimento e aprendizagem em todas as
áreas.
Só se podem considerar verdadeiros períodos críticos, aqueles que correspondem a aquisições relacionadas com
as áreas sensoriais pois, relativamente aos outros domínios, a investigação actual não evidenciou, ainda,
desenvolvimento anómalo do cérebro, na ausência de estimulação adequada. Aconselha, para as outras áreas a
designação de períodos sensíveis (Shonkoff, 2000).
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Intervenção Precoce – Susana Abreu RP2 – 2009/2010
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As primeiras versões deste programa incluíram uma pequena percentagem de crianças com deficiências (10%),
mas foi apenas através da passagem do “Handicapped Children’s Early Education Act”, em 1968, que foi possível a
disseminação e replicação de modelos e serviços destinados a crianças portadoras de deficiência com idades
inferiores aos oito anos (estabeleceu 25 Programas para implementação, avaliação e replicação).
Exemplos:
O “Portage Project” – estabelecido como um modelo domiciliário a aplicar em zonas rurais;
O “Model Presschool Program for Children with Down Syndrome” (modelo de tipo institucional) que são bons
exemplos dos primeiros modelos de programas de Intervenção Precoce.
“Education for All Handicapped Children” de 1975 Lei Pública 94-142 (Parte B), que garantiu, segundo
Guralnick (1997), o direito à educação a todas as crianças portadoras de deficiência em idade escolar; o
valor dos programas de Intervenção Precoce foi formalmente reconhecido.
A aprovação, em 1986, do "Education for All Handicapped Children Act Amendments" – Lei Pública 99-
457, salientou a importância e a necessidade do apoio às crianças em risco de desenvolvimento com
idades compreendidas entre o nascimento e os três anos de idade e respectivas famílias.
Estas medidas permitiram, para além de centrar a atenção do poder político e das instituições sociais ligadas a
esta área, definir fundos de apoio financeiro, planear e operacionalizar programas de tipo preventivo,
compensatório e (re)habilitativo, sendo os EUA os verdadeiros pioneiros neste âmbito.
Foi no entanto o “Education of All Handicapped Act Amendments” de 1986 que virtualmente assegurou os
serviços para crianças de idade pré-escolar e que realizou uma distinção clara entre os conceitos de Educação
Especial e de Intervenção Precoce. Muito mais abrangente pois inclui dimensões como:
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O enfoque na família, a coordenação de serviços e apoios comunitários bem como a promoção de parcerias entre
pais e profissionais contam-se entre os conceitos que encontraram expressão nesta legislação.
A progressiva sofisticação da legislação implicou a retoma da Lei Pública (94-142) que foi reformulada e passou a
designar-se como Lei Pública 102-119, “The Individuals with Disabilities Education Act” (IDEA) em 1991. Esta lei
permitiu colocar a tónica no envolvimento activo da família, através da inclusão da necessidade de coordenação
inter-serviços e do Plano Individualizado de Atendimento à Família (PIAF).
Public Law 108-446 (2004) – “The Individuals with Disabilities Education Improvement Act of 2004:
A legislação federal americana, em vigor desde 2004, é bastante mais completa e detalhada, definindo
claramente os conceitos utilizados (ex: riscos) e explicitando todo um rol de questões administrativo-financeiras
relacionadas com o “funding” (financiamento) dos serviços e projectos em Intervenção Precoce.
Em Portugal:
Em Portugal e de uma forma geral, a aprovação do Despacho Conjunto nº 891/99 pelos Ministérios da Educação,
da Saúde, do Trabalho e da Solidariedade, constitui um avanço significativo no âmbito da regulamentação dos
serviços de Intervenção Precoce (IP) anteriormente existentes, bem como um forte incentivo à implementação de
novos projectos e serviços.
Constitui um conjunto de regras conceptualmente enquadradas no que se consideram as práticas recomendadas
em intervenção precoce e provavelmente um dos documentos mais extensos sobre esta matéria, quando
comparado com outros similares, a nível Europeu.
Em Espanha:
Grupo de Atención Temperana (2000);
Libro Blanco de la Atención Temperana.
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Para alcançar este desiderato, instituem-se três níveis de processos de acompanhamento e avaliação do
desenvolvimento da criança e da adequação do plano individual para cada caso, ou seja, o nível local das equipas
multidisciplinares com base em parcerias institucionais, o nível regional de coordenação e o nível nacional de
articulação de todo o sistema.
Constitui, ainda, prioridade política, contemplar, no âmbito da intervenção precoce na infância, a criação de
agrupamentos de escolas de referência para as crianças com necessidades educativas especiais, conforme
instituído pelo Decreto -Lei n.º 3/2008, de 7 de Janeiro, alterado pela Lei n.º 20/2008, de 12 de Maio.
Artigo 2.º - Âmbito: o SNIPI abrange as crianças entre os 0 e os 6 anos, com alterações nas funções ou estruturas
do corpo que limitam a participação nas actividades típicas para a respectiva idade e contexto social ou com risco
grave de atraso de desenvolvimento, bem como as suas famílias.
Artigo 3.º - Definições: para efeitos do presente decreto-lei, considera-se: a) «Intervenção Precoce na Infância
(IPI)» o conjunto de medidas de apoio integrado centrado na criança e na família, incluindo acções de natureza
preventiva e reabilitativa, designadamente no âmbito da educação, da saúde e da acção social.
Enquadramento do Estudo:
Explosão de conhecimentos nas áreas da neurobiologia, ciências sociais e humanas.
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Acentuadas transformações nas condições sociais e económicas nas quais as famílias criam os seus filhos.
Numa altura em que os avanços científicos poderiam ser utilizados para fortalecer as políticas e práticas dirigidas
à primeira infância, o conhecimento é frequentemente ignorado e as crianças é que “pagam”.
O tradicional debate nature versus nurture é simplista e cientificamente obsoleto.
A experiência precoce influencia claramente o desenvolvimento cerebral mas um enfoque excessivo no período
dos 0 aos 3 anos é inadequado, pois começa tarde e acaba cedo demais (deve começar logo na gravidez e a
quantidade nem sempre significa qualidade).
Os programas de intervenção precoce podem melhorar os resultados em termos de desenvolvimento, mas
aqueles que funcionam de facto raramente são simples, baratos ou fáceis de implementar.
A forma como as crianças se sentem é tão importante como a forma como pensam, particularmente no que se
refere à aptidão para as aprendizagens escolares (“School Readiness”).
Um desenvolvimento precoce saudável depende de relações de “nurturing” e estáveis.
A cultura influencia todos os aspectos do desenvolvimento precoce através das crenças e práticas parentais
relacionadas com o modo como se devem educar as crianças.
Há pouca evidência científica de que actividades de “estimulação especial”, acima e para além de experiências
“normalizadas” promotoras do crescimento e desenvolvimento, impliquem um desenvolvimento cerebral “mais
avançado”.
Evidências científicas substanciais indicam que a malnutrição, determinados tipos de infecções, toxinas
envolvimentais, exposição a drogas e stress crónico podem prejudicar o cérebro em desenvolvimento.
Problemas significativos no âmbito da saúde mental parental, do abuso de substâncias e da violência familiar
implicam pesados fardos desenvolvimentais nas crianças de idades baixas.
Necessidade de prestar mais atenção ao desenvolvimento sócio-emocional e à saúde mental das crianças:
Os programas destinados à primeira infância devem equilibrar o enfoque na cognição e competências
académicas, dedicando comparável atenção ao desenvolvimento emocional e social de todas as crianças,
incluindo aquelas com necessidades especiais.
Mais investimento na saúde mental infantil através do estabelecimento de políticas e práticas que liguem os
serviços de protecção de menores, a segurança social, os serviços de saúde mental, os programas de intervenção
precoce e os cuidados de saúde primários.
Investimentos significativos no desenvolvimento profissional, para dar resposta a necessidades crescentes.
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Intervenção Precoce – Susana Abreu RP2 – 2009/2010
Devem ser investidos fundos públicos em programas de cuidados e educação precoces de elevada qualidade, que
promovam relações prolongadas com pessoal qualificado.
Investimentos significativos devem ser realizados de modo a melhorar as competências dos fornecedores de
cuidados e educação precoce.
Educação Especial
Educação Precoce (filosofia)
Legislação E.U.
Educação Compensatória
Factores Sociais e Políticos
(Programas Head-Start)
Legislação sobre a
Intervenção Precoce (PIAF)
Na actualidade…
(RE)HABILITAÇÃO
PREVENÇÃO
PROMOÇÃO
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Intervenção Precoce – Susana Abreu RP2 – 2009/2010
Intervenção Precoce:
Ciências Médicas;
Psicologia;
Sociologia;
Ciências da Educação;
Terapia Familiar.
MODELO SÓCIO-EDUCATIVO
No modelo médico, existe pouca participação por parte da família ao nível das terapias e da estimulação,
enfatizando as áreas fracas da criança.
Práticas:
EMPOWERMENT
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Intervenção Precoce – Susana Abreu RP2 – 2009/2010
Filosofia do “Empowerment”:
Informação;
Competência;
Independência;
Acesso aos Recursos Comunitários.
“… not to provide families with direct services, but to enhance parent’s empowerment to enable families to help
themselves and their children.”
Necessidade de avaliar o impacto dos programas na família (quantitativa e qualitativa).
Acções Directas (terapia, estimulação, apoio psicológico, aconselhamento) Acções Indirectas
Acções Indirectas:
Colaboração; Formação (Pais, Técnicos);
Consultadoria; Suporte Técnico
Coordenação;
Objectivos da Criança:
Promover a competência e a independência;
Facilitar o seu desenvolvimento de forma global;
Promover a generalização das suas capacidades;
Proporcionar e preparar para as experiências normalizadas;
Prevenir futuras dificuldades.
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