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Saber:
• Concepções básicas sobre o desenvolvimento humano na Infância e Adolescência.
• Principais características do desenvolvimento atípico.
• Princípios de avaliação clínica na Infância e Adolescência.
• Principais aportes teóricos da Psicologia da Infância e Adolescência.
Fazer:
• Identificar as características desenvolvimentais típicas e atípicas da Infância e
Adolescência.
• Compreender como ocorrem os processos de avaliação inicial de crianças e
adolescentes
• Identificar diferentes aportes teóricos e técnicos de intervenção psicológica em crianças
e adolescentes.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Bons estudos!
2 DA INFÂNCIA À ADOLESCÊNCIA: COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO HUMANO
2.1 Infância
Um pouco de história …
Os primeiros anos de vida humana são fascinantes. Nenhum outro período apresenta
tantas e tão significativas mudanças. É na infância que o corpo se desenvolve, as relações se
constroem e a arquitetura cerebral é moldada, em uma relação intrínseca entre os aspectos
genéticos e o meio ambiente.
Hoje, o entendimento das características e necessidades próprias da infância pode
contribuir para a promoção do desenvolvimento integral e saudável da criança, uma vez que
oportuniza a oferta de cuidados e intervenções pertinentes as suas demandas. Todavia, o estudo
e a preocupação com a infância, é algo, relativamente, novo.
Conforme Ariès (1981), o interesse sobre a particularidade desta fase começa a surgir
somente entre os séculos XVI e XVII, momento em que a sociedade passa a se ocupar da
educação das crianças. Até então, a infância não possuía lugar de destaque na sociedade, uma
vez que “era um período de transição, logo ultrapassado, e cuja lembrança também era logo
perdida” (Ariés, 1981, p.52). O cuidado da criança era realizado nos primeiros momentos de vida,
até que pudesse andar e realizar atividades básicas sozinha, a partir daí era vista e vestida como
um “miniadulto”, e inserida na sociedade sem nenhuma distinção.
Fonte: https://www.timetoast.com/timelines/as-diferentes-concepcoes-de-infancia-
numa-perspectiva-historico-cultural
Figura 2. Representação da infância da criança como um adulto em miniatura
Fonte:https://md.uninta.edu.br/geral/historia-social-da-infancia/
A mortalidade era sem dúvida uma das mais contundentes justificativas para o “descaso”
com a infância. Investir tempo e recursos em um “animal suspirante” que tinha “tanta
probabilidade de morrer”, era um desperdício. Os avanços das ciências, e o consequente aumento
da perspectiva de vida infantil, possibilitou um novo olhar sobre as crianças:
Fonte:https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/3255
Figura 4. Desenvolvimento da criança ao longo da primeira infância
Fonte: https://www.nestlebabyandme.com.br/desenvolvimento-infantil-bebe-1o-ano
Quer compreender um pouco mais sobre o desenvolvimento infantil? Uma boa dica é
assistir ao filme/documentário O começo da vida (2016), dirigido por Estela Renner e produzido
por Maria Farinha Filmes. A obra apresenta diferentes perspectivas sobre os processos
desenvolvimentais dos primeiros anos de vida, apoiada no discurso de profissionais renomados
de diversas áreas, promovendo ainda, uma reflexão sobre o papel de cada um de nós no
desenvolvimento saudável das crianças de todo o mundo.
2.2 Adolescência
(…) não é um período associado a uma faixa etária claramente definida. A maioria
das culturas concorda que as mudanças físicas da puberdade marcam o início
desse período. Independentemente da cultura, a tarefa primordial da adolescência
é preparar para a participação na sociedade adulta (Boyd & Bee, 2011, p. 397).
São características específicas do adolescente:
Crises religiosas;
Hipervalorização do presente;
Curiosidade sexual;
Condutas contraditórias;
Mudanças físicas
Fonte: https://rsaude.com.br/materia/materia/puberdade-e-adolescencia/18018
Mudanças cognitivas
Mudanças sociais
O filme Clube dos Cinco (1985), traz um enredo que reproduz de forma divertida as
implicações do processo de adolescer na vida dos jovens, em seus dilemas pessoais e relações
com o outro. Vale uma boa “sessão da tarde”!
"De repente, nosso grupo de amigos se junta e alguém diz 'vamos beber tequila!'. Aí, vai
toda a galera. Cada um toma pelo menos um shot (dose). É normal, todo mundo bebe quando
sai."
A naturalidade com que Sophia*, 15 anos, se refere ao consumo de álcool não é uma
exceção entre os jovens brasileiros. Segundo um levantamento do Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) com estudantes de escolas públicas com idade
entre 10 e 18 anos, 65,2% dos entrevistados já experimentaram bebida alcoólica. Outros 5,9%
fumaram maconha e 15,5% usaram solventes, de acetona a lança-perfume. Os números não
deixam dúvida: as drogas fazem parte do universo jovem. A relação com elas é constante e, por
vezes, ocorre dentro dos muros da escola. Não adianta fingir que o assunto não existe - ou, o que
é comum, se livrar dele pela via da expulsão. O tema exige ação.
Mas o que fazer? Pesquisas recentes têm demonstrado que apostar na repressão pura e
simples não costuma dar bons resultados. Em vez disso, é melhor compreender a relação dos
jovens com as drogas. Entender por que o contato com essas substâncias se intensifica na
adolescência é a primeira evidência.
De início, é preciso explicar que a atração pelos entorpecentes tem um forte componente
biológico. A principal razão é que o chamado sistema inibitório, a área do cérebro responsável
pela ponderação das atitudes, ainda está se desenvolvendo durante a adolescência. A dificuldade
de dizer "não", por sua vez, abre caminho para o estímulo do sistema dopaminérgico, relacionado
à busca de recompensa. As substâncias psicotrópicas agem justamente sobre essa estrutura,
influenciando a produção de hormônios responsáveis pela sensação de prazer.
A equação, entretanto, não está completa. Além dos fatores fisiológicos, o ambiente em que os
jovens se situam pode aproximá-los das drogas. Mas é um erro acreditar que os de famílias
pobres ou "desestruturadas" são os mais propensos ao consumo. Pesquisas apontam que os
maiores índices de contato com entorpecentes se dão com adolescentes das camadas médias da
população.
O certo é que características típicas da faixa etária (e que independem de classe, gênero e
etnia) podem, sim, levar ao consumo. A curiosidade é uma delas. O desejo de transgredir é outra,
como mostra a fala de Vicente*, 16 anos (leia o destaque acima). "A proibição é tomada pelos
adolescentes como uma posição autoritária, decidida por adultos que não entendem suas
condições de vida. Daí vem o embate com as regras", diz Eduardo Ely Mendes Ribeiro,
antropólogo e psicanalista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre.
Também é necessário ter um olhar atento para distinguir as diferentes relações que a
garotada estabelece com as drogas. Muitas vezes, pais e professores tendem a classificar toda
relação com entorpecentes como um vício, o que está longe de ser um retrato fiel. Há pelo menos
três comportamentos: o uso esporádico (experimentação que acontece uma ou poucas vezes), o
abuso (também ocasional, mas excessivo, como a atitude de beber "até cair") e o vício (esse, sim,
marcado pelo uso constante. É o menos comum entre os adolescentes).
"Como são múltiplas as razões que levam ao vício - genética, ambiente e o próprio poder da
substância -, não há como saber se alguém que experimenta uma droga nunca mais o fará, se
fará isso de vez em quando ou sempre", explica Fernanda Gonçalves Moreira, especialista no
tema e doutora em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Levar os alunos
a refletir sobre essa perigosa incerteza, apontando que as consequências são para o resto da
vida, é uma das maneiras de incentivar escolhas mais conscientes.
1. Com base em seus conhecimentos sobre desenvolvimento infanto juvenil, analise as assertivas
abaixo e selecione a alternativa correta:
Agora, analise esse gráfico, com informações apresentadas pelo IBGE (2019):
Na
sua
opinião, foi possível eliminar as desigualdades sobre a concepção de infância em nossa
sociedade ou ainda mantemos diferentes formas de conceber esta fase?
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Expectativa de resposta: Espera-se que o aluno consiga refletir sobre o processo histórico da
construção do sentido de infância, apresentando de forma clara e objetiva seu ponto de vista.
Entre os índios Mandam, um a um, os jovens, já atingidos por quatro dias de completo
jejum e por três noites insones, avançaram em direção aos seus carrascos. (...) Furos pelo corpo
e estiletes enterrados nas chagas, enforcamento, amputação, carnes rasgadas (Clastres, 1990,
pp. 126-127)
O recorte apresenta um exemplo de rito de passagem da infância para a vida adulta, no qual os
jovens necessitam demonstrar seu potencial de resiliência e bravura, dado o valor percebido neste
período de transição.
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre a adolescência, explique a importância desta
fase para o desenvolvimento humano.
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Fatores Ambientais:
Falta de recursos financeiros, sociais e educacionais;
Fatores Biológicos:
Eventos pré, peri e pós-natais;
Idade gestacional e/ou peso após o nascimento;
Deficiências físicas;
Saúde da criança/adolescente;
Estado nutricional;
Doenças hereditárias
É importante salientar que estes fatores estão em constante interação, e não são
determinantes. Isto é, mesmo, que uma criança/adolescente apresente fatores de risco, se os
fatores protetivos se sobressaírem, haverá redução dos prejuízos em seu desenvolvimento.
Transtornos do neurodesenvolvimento
Caso clínico:
Bobby,8 anos
(…) A avaliação da criança e a intervenção foram feitas por um psicólogo clínico sob nossa supervisão. Os
pais de Bobby participaram da maior parte dos encontros. O diálogo que segue resume a primeira
entrevista. Diz a mãe:
“ Não sei por onde começar. Ele põe a casa de cabeça para baixo e jamais me obedece. Bom, estou
exagerando um pouco. Digamos que ele não me obedece sempre e que não muito a seu pai.”
Alternadamente, os pais de Bobby relatam incidentes recentes que ilustram em detalhes as dificuldades do
menino: agitação e desatenção, sobretudo quando ele precisa se organizar, quando seus pais querem que
ele cumpra certas tarefas rapidamente ou quando ele tem de esperar; provocação e desobediência
constantes, sobretudo na relação com a mãe e com a irmã, dois anos mais nova. Por exemplo:
“Não sei por que esse menino tem dois pés, pois toda manhã ele corre de um lado para o outro à procura de
um sapato. Ele tem um, mas falta o outro, Ao encontrá-lo, às vezes é incapaz de calçá-lo sozinho, poque
está muito nervoso. E ele provoca tanto a irmã que a pobre acaba cansando; eu a compreendo. E ela bate
nele ou morde-o, e é uma confusão.”
“Eu concordo com o que você diz (acrescenta o pai de Bobby), mas cuidado: você vai fazer esse senhor
gentil acreditar que temos um monstro em casa!”
“Sim, eu sei, não é isso que eu quero dizer, mas é justamente o que me deixa louca. Eu sei que ele não é
um monstro. É muito afetuoso, é uma criança verdadeiramente encantadora. E pode ser adorável (Ela dá
alguns exemplos). Mas também sabe ser detestável! E suas mudanças imprevisiveis de comportamento ou
de humor me matam. Uma hora tudo vai bem, às vezes um dia inteiro ou até dois, e, de súbito, tudo vai mal,
e nunca se sabe por quanto tempo. Ele pode se agitar, correr de um lado para o outro e não ouvir nada, ou
então ele desobedece e briga com a irmã, e isso pode durar alguns minutos, uma hora ou um dia. O que é
preciso compreender é que, quando ele está nesse estado, seu comportamento parece desorganizado,
suas emoções, tudo… não é apenas porque ele provoca e irrita, mas é que perde as estribeiras – não sei
como dizer de outra maneira – e que então fica muto infeliz. E nós com ele!”
“É isso que vocês querem dizer quando afirmam que ele póe a casa de cabeça para baixo?”
“Sim, exatamente. Ele fica infeliz, nós ficamos infelizes, todo mundo fica infeliz!”
Uma avaliação detalhada, baseada em informações obtidas junto aos pais de Bobby e a sua professora,
além de observações diretas feitas em casa e na escola, nos levou ao diagnóstico de TDAH acompanhado
de vários sintomas do transtorno oposicional desafiante. A história do desenvolvimento da criança, recolhida
durante as primeiras entrevistas, mostra que suas dificuldades remontam quase que ao nascimento.
Nascido a termo de uma gravidez sem incidente, mas de um parto longo e dificil, Bobby aparentemente
experimentou desde muito pequeno a dificuldade de encontrar um certo “ritmo” de vida. Ele come mal e
sempre tem problemas digestivos, dorme pouco ou de maneira irregular, resmunga muito, e quando chora
ou sente medo, é difícil acalmá-lo ou consolá-lo. Ao contrário da irmã, ele também é muito ativo e
habitualmente incapaz de se concentrar mais que alguns instantes. Não ouve as histórias de crianças por
exemplo, e raras vezes fica sentado por muito tempo diante da televisão (Dumas, 2011, p. 241-242).
Pierre, 30 anos
Pierre pertence a uma família londrina rica e bem integrada. Seus pais desejaram muito seu nascimento e o
amam muito. Ele tem uma irmã dois anos mais velha. Durante seu primeiro ano, Pierre parecia com
qualquer criança de sua idade. Chorava e ria pelas mesmas razões que sua irmã quando tinha a sua idade.
Nas fotografias, vê-se uma bela criança, feliz e saudável. Embora alguns sinais sutis já anunciassem
naquela época os problemas futuros, ninguém percebeu isso. Pierre acabara de aprender a andar quando
seus pais começaram a ficar preocupados. Ao contrário de sua irmã, que começara a falar com 1 ano, ele
não dizia uma só palavra muito tempo depois. Mais preocupante ainda era ele parecer não compreender
nada do que lhe diziam. Não levantava os olhos quando chamavam por seu nome. Não parecia
absolutamente interessado nem em ouvir nem em olhar para as pessoas que falavam com ele. Em
compensação, o exame minucioso de um bloco de construção poderia absorvê-lo completamente (…)
Quando sua mãe queria pegá-lo, nunca estendia seus braços para ela (…) Será que Pierre era surdo? (Não
era o caso). Inclusive foi ficando cada vez mais evidente que ele era, na verdade, singularmente sensível
aos sons. Por exemplo, ele tinha muito medo do ruído do aspirador. Urrava de tal modo, que nada podia
acalmá-lo (…) em contrapartida, Pierre era fascinado pelo ruído dos ônibus na rua e sempre corria para a
janela quando ouvia o ruído familiar…
Desde 1 ano e 6 meses, a irmã de Pierre adorava brincar de “fazer compras”; de “tomar chá”; de “pôr a
boneca na cama”. Pierre nunca fazia nada disso. Ele tinha uma coleção de carrinhos, mas (…) a única coisa
que o interessava era alinhá-los um atrás do outro e olhar suas rodas girando. Jamais tinha qualquer reação
em relação às crianças que vinham brincar com ele (Frith, 1989 apud Dumas, 2011, p.101-103).
c) Deficiência Intelectual
Caso clínico:
Jimmy, 15 anos
Jimmy tem quase 16 anos. Vive em uma instituição para crianças deficientes. Jimmy nasceu com
microcefalia e sempre dependeu das pessoas próximas para todas as suas necessidades. Incapaz de andar
sem apoio, as longas horas estendido na cama ou sentado em uma poltrona, em cujas costas foram
acoplados suportes estofados para lhe permitir se manter quase reto e evitar que a cabeça caia para o lado.
É alimentado com colher e vestido por uma enfermeira ou por seus pais, que o visitam regularmente. Não
tem controle esfincteriano e usa fraldas dia e noite (…) Jimmy não fala e não parece ter consciência de seu
meio com o qual não tem quase nenhuma comunicação. Raramente reage ao barulho e jamais olha uma
pessoa no rosto verdadeiramente, Quando alguém o observa tentando captar seu olhar, ele parece
contemplar o infinito através dos olhos que o fixam (…) (Dumas, 2011, p.76-77)
d) Transtornos de Ansiedade
Caso clínico:
John, 9 anos
Os pais descreveram John como um menino que era feliz e bem-adaptado até 2 a 3 meses antes da
avaliação, mas que tinha desenvolvido comportamentos estranhos abruptamente. Esses comportamentos
incluíam preocupação com contrair doenças, rituais de higiene, incerteza quanto ao próprio comportamento,
necessidade de explicações tranquilizadoras, repetição de rituais e esquiva,
Especificamente, John tinha começado a expressar a preocupação de ter sido exposto ao vírus da
imunodeficiência humana (HIV) sempre que observava outra pessoa em público a qual ele acreditava que
pudesse estar sofrendo da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Por exemplo, ao andar de carro
com os pais, se visse alguém que lhe parecesse pobre ou desleixado, John começava a perguntar se eles
achavam que ele, John, podia ter sido exposto a germes, mesmo que a uma boa distância. Embora as
negativas dos pais tivesse algum efeito, o menino insistia em se lavar vigorosamente ao chegar em casa.
John também tinha começado a expressar dúvidas quanto ao controle do próprio comportamento. Com
frequência perguntava aos pais: “Eu falei a palavra m****? Eu falei a palavra p***?, sempre se referindo a
palavrões. As negativas só o acalmavam temporariamente. John também se preocupava muito com as
dificuldades que passara a ter nos estudos. Ao ler trechos de textos indicados pelos professores, com
frequência chegava ao fim de uma frase e então se perguntava se havia deixado de ler alguma palavra ou
de entender o conteúdo, e se precisava reler o material. Com isso a leitura de uma única página podia levar
de 15 a 30 minutos. Ao longo de várias semanas, ele tornou-se cada vez menos capaz de concluir suas
lições, e como resultado passou a sofrer com a queda das notas (…) (Sadock & Sadock, 2011, p. 159).
e) Transtornos Depressivos
Caso clínico:
Robert, 14 anos
Seus pais o descrevem com um adolescente infeliz, retraído e, em geral, exasperado. Robert confirma sua
descrição, mas explica com insistência que não é absolutamente exasperado: “Não sou exasperado.
Apenas trato de reagir às exigências insensatas de pessoas insensatas! E, acredite em mim, haveria motivo
para ficar exasperado!”. As “pessoas” em que ele fala são de seu meio: os pais, o irmão caçula, os
professores, os colegas e o psicólogo, Quando este último lhe pede que dê exemplos de exigências
insensatas a que pe submetido, ele parece ser incapaz de mencioná-las. Visto que prefere continuar se
queixando, sem realmente conseguir explicar o que gostaria que fosse mudado, suas afirmações são quase
extremas e não deixam entrever nenhuma mudança possível: “A solução é simples: que me deixem em
paz!”, “Não é uma ou duas coisas que é preciso mudar aqui e ali, tudo tem que mudar! Tudo!”.
Os pais descrevem Robert como “uma criança normal” que começou a apresentar problemas sérios há oito
meses. Eles são incapazes de explicar sua origem, mas relatam que começaram pouco depois da morte de
seu tio materno. Robert afirma que não era próximo a seu tio, e que seu falecimento não o marcou muito.
Contudo, após algumas semanas de psicoterapia, ele reconhece que foi então que começou a se colocar
“muitas questões a respeito da morte” e a comer e a dormir muito mais do que antes. Engordou mais de 20
kg em alguns meses e tornou-se obeso, Também dorme demais, às vezes, desde que chega da escola,
Entretanto, sua capacidade intelectual lhe permite progredir sem frande esforço. Ele explica que é só porque
não precisa realmente trabalhar que ainda vai à escola. “Sim, eu vou, isso não compensa a energia, preferia
ficar em casa o dia todo, mas eu vou”. (Dumas, 2011, p, 345).
Fazem parte dos transtornos deste tipo: Transtorno de Oposição Desafiante, Transtorno
Explosivo Intermitente, Transtorno de Conduta e o Transtorno de Personalidade Antissocial. Tais
transtornos caracterizam-se por um padrão repetitivo de comportamento de transgressão de leis e
regras sociais.
Caso clínico:
E.D
(…) O nascimento foi fácil, mas a criança era pequena, raquítica e franzina, Bons cuidados e o ar do campo
tornaram-no uma bela criança, Desde os 2 anos, isto é, praticamente, desde que começou a andar e a falar,
manifestam-se propensões anormais para a maldade, a traquinagem… etc. Tinha prazer em atormentar os
pais, em deixá-los preocupados, tendo de procurá-lo por toda parte, escondia objetos, assustava os vizinhos
com seus gritos quando não queriam satisfazer seus caprichos. Esses instintos só aumentaram até os 6
anos, momento em que começou a ir à escola, mas, passados apenas alguns dias, seu caráter
desagradável e maldoso, contido até então, voltava a predominar, e o professor teve a maior dificuldade do
mundo para mantê-lo, Nunca quis trabalhar com seu pai nem aprender um ofício. Todos os meios
empregados para domá-lo foram inúteis, Doçura, firmeza, nada funcionou.
A partir dos 7 anos, começa a manifestar ideias de independência pouco condizentes com sua idade.
Vagueia em vez de ir à escola; depois, pouco a pouco, fica mais tempo ausente: é preciso ir procurá-lo à
noite na rua (…) Essa criança, como dissemos, era maldosa: de fato, bem pequena, tentava morder,
arranhar as pessoas que a vestiam ou queriam abraçá-la. Já maior, brigava o tempo todo com crianças de
sua idade, Às vezes brigava até com os mais velhos. Na rua, nada lhe causava mais prazer do que dar
rasteiras nos transeuntes para que caíssem. Um dia ele fez isso com um guarda-pesca À beira d’água: o
qual caiu no rio. Uma outra vez, divertiu-se afogando patinhos no alto de uma fonte, torturando-os. Na
escola, todos o temiam. Mentiroso ao extremo, forjava histórias procurando semear semprea desordem e a
confusão (Dumas, 2011, p. 275-276).
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Expectativa de resposta: Espera-se que o aluno seja capaz de argumentar sobre a discussão do
que é normal e o que é patológico, apresentando conhecimentos apontados neste livro-base.
Entrevista clínica
Atividades lúdicas
Instrumentos padronizados
O uso de medidas padronizadas pode ser útil para o norteamento do tratamento e também
para controlar os progressos futuros da criança/adolescente. Em geral, envolvem pais e
professores para a obtenção de dados. Alguns exemplos de instrumentos utilizados são
apresentados no Quadro 4.
1. No que se refere aos processos de avaliação inicial é incorreto o que se afirma em:
a) O brincar não pode ser utilizado como estratégia de avaliação, uma vez que tira a concentração
da criança/adolescente.
b) Consistem em estratégias a serem utilizadas em avaliação inicial: a entrevista clínica, as
atividades lúdicas e os instrumentos padronizados.
c) A história clínica é essencial para verificar se um transtorno é crônico ou agudo.
d) São exemplos de instrumentos padronizados utilizados na avaliação psicológica de crianças e
adolescentes: WISC, WISCONSIN, HTP e IEP.
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Expectativa de resposta: Espera-se que o aluno argumente de forma a apontar que quanto mais
amplo o número de informações (dados apresentados por professores, outros profissionais, etc)
maior qualidade terá a avaliação psicológica.
Abordagens Psicológicas
Fase Anal (De 12-18 meses a 3 anos): O ânus é o foco de prazer. É o momento de aprendizagem
do controle de esfincteres.
Fase Fálica (3 a 6 anos): Obtenção de prazer pela manipulação dos órgãos genitais. Superação
do Complexo de Édipo.
Latência (6 anos à Puberdade): Período de suspensão dos impulsos sexuais. Energia libidinal
destinadas às atividades físicas e intelectuais.
Genital (Puberdade à Adultez): Obtenção de prazer através do órgão sexual do outro. Manutenção
de relacionamentos amorosos e sexuais.
Estágio 3 – Iniciativa versus Culpa (3 a 5 anos): Começa a desenvolver suas próprias atividades.
O grande desafio é aprender a lidar com o fracasso.
Estágio 6 –Intimidade versus Isolamento (inicio da idade adulta): Busca de relações de intimidade
com o outro. Desafio de entregar-se a um parceiro amoroso
Estágio 8 – Integridade versus Desesperança (Velhice): Desafio de lidar com a finitude e encarar
a vida como satisfatória e digna.
Pré operatório (2 a 7 anos) – É a fase do pensamento simbólico. A criança começa a ter domínio
da linguagem, bem como, ver o mundo com um olhar egocêntrico.
Operacional concreto (7 a 12) – O raciocínio lógico se aprimora, passando a ter compreensão
maior da matemática. Desenvolve a empatia, a sociabilidade e a compreensão de regras. Aprende
com o apoio de experiências concretas.
Operacional formal (12 anos ou mais) – Inicia o processo de formulação de hipóteses e a lidar
com o pensamento abstrato.
Como Piaget, Wallon divide o desenvolvimento em etapas. Em sua teoria no decorrer das
fases, afetividade e inteligência se alternariam.
Impulsivo-emocional (0 a 1 ano) – a afetividade orienta as primeiras reações do bebê ao seu
entorno social.
Teorias da aprendizagem
Fonte: https://apps.univesp.br/repositorio/academia-dos-teoricos-psicologia-da-educacao-2/
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Ao fim deste Capítulo espera-se que você tenha relembrado conceitos básicos e
fundamentais da Infância e Adolescência. Compreender o funcionamento e os processos
humanos é extremamente importante para que o profissional de Psicologia realize intervenções
adequadas junto a seus clientes/pacientes.
No próximo capítulo, traremos uma série de técnicas e estratégias a serem utilizadas nos
atendimentos clínicos de crianças e adolescências, abordando de forma clara e objetivo o passo a
passo e os embasamentos teóricos de cada modelo apresentado.
Até breve!
REFERÊNCIAS
Ariès, P. (1978). História social da infância e da família. Tradução: D. Flaksman. Rio de Janeiro:
LCT.
Bee, H. & Boyd, D. (2003). A criança em desenvolvimento. 9 ed. Porto Alegre: Artmed.
Papalia, D.E et al. (2006). Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: AMGH Editora.
Pires, E.U. (2017). Avaliação de crianças e adolescentes: aspectos cognitivos. In: Lins,M.R. &
Borsa, J.C. Avaliação psicológica: aspectos teóricos e práticos. Petrópolis: Vozes.