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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE DIREITO

TRABALHO DE SOCIOLOGIA DO DIREITO

TEMA:

A SOCIOLOGIA DO DIREITO E OS JUÍZOS DE VALOR

O REGENTE DA CADEIRA:

Prof. Doutor Osvaldo Serra Van-Dúnem

Luanda, 2022
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE DIREITO

A SOCIOLOGIA DO DIREITO E OS JUÍZOS DE VALOR

Trabalho apresentado à Faculdade


de Direito da Universidade
Agostinho Neto, em sede da Cadeira
de Sociologia do Direito.

COMPOSIÇÃO DO GRUPO N.º 1


Turma: Pós – laboral (4.º Ano)
1. Álvaro Daniel Victória
2. Daniel Matetele Fernando António
3. David Kumbi
4. Edgar Sabino Chevet
5. Jeovani Kwanza Salvador
6. Helinquer César Paixão
7. Isaac Félix Mubunexai
8. José Cabonda
9. Josefa Yolanda José Matias
10. Ladislau Cláudio Barros Sachilombo
11. Laurindo Cahengue
12. Leyd Tula Buange
13. Lírio Cláudio António Domingos
14. Mansoka Benjamim Mbongo
15. Rodrigues António Paulo

Luanda, 2022
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus pelo fôlego de vida e por nos ter proporcionado energias
suficientes para a elaboração deste trabalho científico.
ÍNDICE

Agradecimentos

1. Introdução
1.1. Formulação do Problema
1.2. Objectivos
1.2.1. Geral
1.2.2. Específicos
1.3. Hipóteses
1.4. Justificativa
1.5. Estrutura do Trabalho

2. Enquadramento Teórico
2.1. Sociologia do Direito – breve enquadramento
2.2. Juízos de valor
2.2.1. Definição
2.2.2. Juízo de valor vs juízo de facto
2.2.3. Juízo de valor implícito ou expelícito
2.2.4. A problemática dos juízos de valor no contexto do Direito

3. Metodologia

4. Conclusão

5. Referências Bibliográficas
1. INTRODUÇÃO

O Direito, enquanto campo científico, tem nos fenómenos sociais não apenas as
motivações da sua origem, mas também a razão de ser um campo fértil à dinâmica da
sua doutrina e de certas normas, não obstante a estabilidade dos seus princípios
orientadores.

Por conseguinte, a Sociologia do Direito apresenta-se como um dos segmentos


onde a relação entre o Direito e os fenómenos sociais encontra terreno fértil, do ponto
de vista do estudo científico.

Com efeito, o tema “A Sociologia do Direito os juízos de valor”, cerne do


presente trabalho académico, está integrado no conjunto de matérias, amplamente,
discutidas neste domínio científico, despertando assim todo interesse na sua
compreensão.

Ora, tal interesse deriva das teses antagónicas que procuraram, ao longo da
história sociológica, compreender as possibilidades de uma coabitação harmoniosa entre
a Sociologia do Direito e os juízos de valor, visto que, numa primeira impressão, os
conceitos das duas figuras incorporam elementos concorrentes entre si.

Esta temática é bastante explorada por estudiosos, mormente da Sociologia do


Direito, tendo-se, no presente trabalho, analisado diversas teorias que, com alguma
exaustão, abordam a referida matéria.

Assim, este trabalho apresenta um conjunto de visões que, não sendo


propriamente redutoras, fazem um interessante enquadramento do juízo de valor na
Sociologia do Direito, resultando deste exercício importantes ilações em torno do
assunto em causa.
1.1. Formulação do Problema

A história da ciência sociológica denota, desde a sua génese, a existência de


divergências entre os sociólogos no que concerne à qualificação da sociologia como
ciência ou não, abrangendo esta discussão os direfentes compartimentos da Sociologia,
entre eles a Sociologia do Direito.

No âmbito dessa discussão, a doutrina sociológica hodierna revela o predomínio


da tese segundo a qual a Sociologia e, por conseguinte, a Sociologia do Direito é de
facto uma ciência. Ora, vale sublinhar que a ciência não é mais do que qualquer
conhecimento sitematizado, que gira em torno de um objecto e com base num método
específico.

Este conceito de ciência tem na objectividade uma característica que lhe é


intrínseca, ou seja, a ciência é, na sua essência, objectiva e, consequentemente, despida
de qualquer subjectividade.

No entanto, no decorrer do período de evolução da doutrina sociológica,


levantou-se o problema da presença dos juízos de valor na Sociologia do Direito, uma
temática amplamente discutida pelos diferentes doutrinadores.

Olhando para o conceito de juízos de valor, enquanto julgamento de um facto


com base em valores individuais de natureza moral, cultural e outros, compreende-se a
problemática levantada, na medida em que o pendor subjectivista dos juízos de valor
colide com o pendor objectivista da Sociologia do Direito, enquanto ciência.

Tendo em conta estes pressupostos, formulamos a seguinte pergunta de partida:

 Como relacionar a Sociologia do Direito e os juízos de valor?

1.2. Objectivos

1.2.1. Geral
 Mensurar a relação existente entre a Sociologia do Direito e o juízos de
valor.

1.2.2. Específicos

 Identificar o alcance da Sociologia do Direito.

 Analisar o grau de relevância que o juízo de valores tem na Ciência


Sociológica do Direito.

1.3. Hipóteses

Tendo como base a pergunta de partida, apresentam-se as seguintes hipóteses.

 A Sociologia do Direito tem no juízo de valores um meio incontornável no


que concerne ao seu modo de ser.

 O juízo de valores levado a cabo pela Sociologia do Direito é baseado em


aspectos de natureza sociológica e jurídica.

1.4. Justificativa

A abordagem do tema em questão faz-se necessária, na medida em que a


Sociologia do Direito desempenha um papel social de particular relevância, baseada no
estudo do impacto do Direito na sociedade, avaliando, entre outros, o grau de
cumprimento das normas jurídicas, bem como apontando possíveis soluções aos
problemas decorrentes da relação entre a factualidade e a realidade normativa.

Com efeito, é de todo relevante avaliar-se, de forma minuciosa, o impacto dos


juízos de valor na Sociologia do Direito e a fiabilidade dos resultados científicos obtidos
pelos sociólogos do Direito, no exercício da sua actividade investigativa, influenciados
pelos seus valores individuais de natureza moral, cultural e outras.
Portanto, a realização deste estudo tem, assim, o condão de oferecer à sociedade
uma ampla compreensão sobre pertinência social da influência, ou não, de juízos de
valor no modo ser e estar da Sociologia do Direito.

1.5. Estrutura do Trabalho

O presente trabalho encontra-se dividido em seis capítulos.

O primiero capítulo é a introdução, onde é apresentada a formulação do


problema, os objectivos da pesquisa, as hipóteses, a justificativa e a estrutura do
trabalho.

No segundo capítulo, enquadramento teórico, são apresentados os principais


conceitos do estudo realizado, de modo a proporcionar, ao leitor, melhor compreensão
do tema em abordagem.

No terceiro capítulo procedeu-se à descrição da metodologia utilizada para o


alcance dos objectivos estabelecidos em sede introdutória.

O quarto capítulo é reservado à conclusão do trabalho, fazendo-se considerações


inerentes ao cruzamento dos conteúdos colhidos no decurso da pesquisa.

O quinto capítulo, recomendações, é o acto contínuo e resultante da abordagem


conclusiva precedente.

Finalmente, no sexto capítulo, faz-se menção às referências bibliográficas que


serviram de fonte para o presente trabalho científico.
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1. Sociologia do Direito – breve enquadramento

A sociologia do Direito é um ramo recente da Sociologia, conforme se pode


inferir dos dizeres de LuhMann (1983, p. 20) “só se pode falar de sociologia do direito a
partir do momento em que exista a própria sociologia, ou seja apenas desde a segunda
metade do século XIX”.

O seu surgimento foi gerador de inúmeras discussões no que concerne a sua


caracterização, sendo descrita, frequentemente, como uma subdisciplina da sociologia
ou uma abordagem interdisciplinar dentro dos estudos jurídicos.

Alguns a consideram como pertencendo, necessariamente, ao campo da


sociologia, mas outros tendem a considerá-la um campo de pesquisa entre a disciplina
do direito e da sociologia.

Outros ainda não a consideram uma subdisciplina da sociologia, nem um ramo


dos estudos jurídicos, mas um campo de pesquisa por direito próprio, dentro da tradição
mais ampla das ciências sociais.

Ora, independentemente de a Sociologia do Direito ser definida como uma


subdisciplina da Sociologia, uma abordagem dentro dos estudos jurídicos ou um campo
de pesquisa por direito próprio, ela permanece intelectualmente dependente,
principalmente, das tradições, métodos e teorias da sociologia convencional e, certa
medida, com menor grau, em outras ciências sociais como a antropologia social, ciência
política, política social, criminologia, psicologia e geografia.

Como tal, reflecte teorias sociais e emprega métodos científicos sociais para
estudar direito, instituições jurídicas e comportamentos jurídicos.
De todas as teorias aventadas em torno desta discussão, tem merecido maior
acolhimento aquela que considera a sociologia do direito como um ramo especial da
sociologia, vertida sobre matérias de cunho jurídico, tendo no seu escopo analítico a
relação entre a sociedade e o direito.

2.2. Juízo de valores


2.2.1. Definição

Um juízo de valor é um juízo sobre a correção ou incorreção de algo, ou da


utilidade de algo, baseado num ponto de vista pessoal ou
subjectivo, ou seja, um juízo de valor pode referir-se a um julgamento baseado num
conjunto particular de valores ou num sistema de valores determinado.

Um significado conexo de juízo de valor é o de um recurso de avaliação baseado


nas informações limitadas disponíveis, uma avaliação efectuada porque uma decisão
deve ser tomada independentemente de estar em função da utilidade, da estética, da
moral, ou de qualquer outro critério valorativo.

2.2.2. Juízo de valor vs juízo de facto

No âmbito do subtema em desenvolvimento, importa tecer algumas


considerações sobre juízo de valor e juízo de fato. Neste sentido, juízo de facto ou juízo
de realidade é um julgamento baseado em uma análise isenta de valores pessoais ou
interpretações subjetivas, focando-se unicamente naquilo que é visível ou
cientificamente comprovado.

O juízo de fato é a tentativa do ser humano de dar um significado à realidade, de


acordo com o modo como ele a percebe, e de uma forma mais concreta.

Por seu turno, o juízo de valor, como o próprio nome sugere, está relacionado
com a avaliação obtida de algo a partir de valores, ideias ou conceitos individuais,
interpretados por meio da aparência estética, da moralidade ou outro aspecto.
Portanto, a avaliação feita pelo juízo de valor diferencia-se pelo principalmente
do juízo de fato pela sua sujectividade.

2.2.3. Juízo de valor implícito ou explícito

De acordo com a teoria sociologica, importa sublinhar que o juízo de valores


podem apresentar-se tanto na forma explícita quanto na forma implícita.

O Juízo de valor explícito o adjectivo explícito indica algo que está expresso de
forma clara e precisa, sem ambiguidades ou restrições. É sinônimo de claro, manifesto,
patente, preciso, categórico, terminante, declarado e compreensível.

Já o juízo de valor implícito refere-se a um juízo feita não de fora clara, mas que pela
via da dedução o julgamento é encontrado de forma que está subentendida. Portanto, o
adjectivo “implícito” da expressão pode indicar também algo em que se crê sem provas
ou evidências.

2.2.4. A problemática do juízo de valores no contexto do Direito

A problemática surge no âmbito da dicotomia entre a sociologia do Direito e o


Juizo de valor, alimentda pela divergência entre os Esquerdistas no século XX, de
percursores entre eles Marx Webber, contradizendo os clássicos entre eles o doutrinador
Ralf.

O sentido da neutralidade Axiológica das ciências sociológicas e económicas são


os elementos críticos, que levam-nos à problemática seguinte:

Como conduzir ou produzir um estudo científico sem a verificação do


conhecimento, com base no empirismo ou no juízo prático de valor para obter o
conhecimento cientificamente aprovado?

Conforme narra bibliografia em razão da matéria, num estágio inicial da


discussão, a relação entre a Sociologia do Direito e os juízos de valor começou por ser
encarada como inadmissível, dado o pendor subjectivista dos juízos de valor e, por
outro lado, o pendor objectivista da Sociologia do Diereito, enquanto ciência.
Algum tempo depois emergiu uma corrente contrária, que defendeu uma
incontornável relação entre a Sociologia do Direito e os juízos de valor, sem que, com
isso, colasse em causa a cientificidade da Sociologia do Direito.

É, justamente, essa tese que nos dias actuais tem reunido maior consenso.

3. METODOLOGIA

Nas ciências sociais o paradigma metodológico tem a ver com o conjunto de


procedimentos, meios e processos que orientam uma pesquisa, visando um fim; este
elemento é indispensável para a construção do conhecimento científico. Como afirma
Gil (2008, p.8), o método é o “caminho para se chegar a determinado fim”, pelo que,
pode-se inferir que este procedimento científico permite obter conhecimentos sobre
determinada realidade.

Neste sentido, para o presente trabalho de pesquisa foi eleito o método


comparativo, que, segundo Lakatos e Marconi (2003, p.107), este método foi empregue
por Tylor, para estudo das semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos,
sociedades ou povos, para, desta comparação, retirar uma melhor compreensão do
comportamento humano, ou seja, “este método realiza comparações, com a finalidade
de verificar similitudes e explicar divergências”.

Tendo em consideração tais premissas, entendeu-se ser este o método mais


adequado para o alcance dos objectivos traçados.

Quanto ao procedimento técnico, ou seja, a maneira pela qual obteve-se os dados


necessários para a elaboração da presente pesquisa, privilegiou-se a pesquisa
bibliográfica, por ser aquela que permite elaborar “a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, revistas, (…), com o objectivo de colocar o
pesquisador em contacto directo com todo o material já escrito sobre o assunto da
pesquisa”, segundo Prodanov e Freitas (2013, p.38). Deste modo, foram analisadas
diferentes obras de vários autores que abordaram a problemática da Sociologia do
Direito e os juízos de valor.
Cronograma de actividade

N.º Actividades Novembro


1 Escolha do tema X
3 Recolha do material bibliográfico X
4 Elaboração do projecto X
5 Entrega do projecto X

4. CONCLUSÃO

Em suma, o tema abordado é, deveras, interessante e, não obstante, haver, hoje, uma
corrente cuja teoria tem recebido alguma aceitação, pode-se dizer que esta discussão
está longe de ser considerada assunto fechado.

Todavia, a tese segundo a qual a relação entre a Sociologia do Direito e os juízos de


valor constitui um pressuposto incontornável do ponto de vista do modo de ser desta
ciência é, de fato, muito mais defensável.

Tal como se abordou no desenvolvimento do trabalho, tal facto em nada belisca a


cientificidade da Sociologia do direito.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alves, S. (2019). Lições Preliminares de sociologia do Dirieto (1 reimpressão).

Freitas, C. C. (2013). Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da


Pesquisa e do Trabalho Acadêmico (2 ed.). Rio Grande do Sul: Novo
Hamburgo.

Gil, A. C. (2002). Como Elaborar Projectos de Pesquisa (4 ed.). São Paulo: Atlas S.A.

Lakatos, M. d. (2003). Fundamentos de metodologia científica (5 ed.). São Paulo: Atlas


S.A.

Luhmann, N. (1983). Sociologia do Dirieto I: Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro.

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