Você está na página 1de 3

Matéria: Fundamentos Antropológicos e Sociológicos

Professor: Helano Márcio Vieira Rangel

Data: 23/03/2023

Equipe 4
Francisco Adelmar Viana de Oliveira (202108762504);
Alisson Bruno (202208836844);
Stephanie Lima (202109202511);
Hérica Beatriz (202109202601);
Helenice Santos de Oliveira (202009448501);
Karla Patrícia Bezerra Xavier (202009349897);
Elizeudo Gentil de Souza (201908698772);
Ieda Suzana Walois Rodrigues Nascimento (201909106895).

Ciência versus Sociologia?

Instrução inicial: Na presente situação hipotética, suponha uma


discussão, onde um dos debatedores afirma acreditar na cientificidade das
teorias físicas de Newton, mas que critica a sociologia por não ver nela a
capacidade de verificação que ocorre nas ciências naturais. A alegação
daquele que critica é de que não tem como se verificar padrões imutáveis
no comportamento da sociedade, motivo pelo qual as ciências humanas
acabam por se resumir a opiniões de determinadas pessoas a respeito do
mundo.

A partir disso, é possível identificar se a sociologia é uma ciência?


Justifique.
O que é ciência?

Um grande estudioso francês, René Guénon, dizia em seu livro mais famoso,
intitulado “A Crise do Mundo Moderno” (IRGET, 2017): “Há uma multidão
indefinida de ciências possíveis; pode até acontecer que várias ciências estudem
as mesmas coisas, sob aspectos muitíssimos diferentes e por métodos e com
intenções igualmente muito diversos, podendo resultar assim ciências distintas.”,
portanto, torna-se claro que uma ciência não é delimitada por o seu objeto de
estudo, o qual pode ser partilhado com demais ciências, mas os principais
mecanismos para a diferenciação das ciências são os métodos e intenções.

Já temos certa noção do que diferencia as ciências, mas, que é ciência? No


Minidicionário Prático: Língua Portuguesa (DCL, 2017), há uma definição inicial:
“ciência é um conjunto de conhecimentos sistematizados relativamente a
determinada matéria.” Seguindo este pressuposto poderíamos tranquilamente
afirmar que a sociologia é objetivamente uma ciência que estuda as relações
humanas com metodologia e intenção diferente das demais ciências, no entanto,
como comprovaríamos sua verdade senão por um cálculo matematicamente
preciso e imutável?

Dois grandes autores nos esclarecem sobre o principal meio de comprovação


científico da sociologia: “Comte, Durkheim e Weber utilizaram-se da comparação
como instrumento de explicação e generalização.” (Schneider e Schmitt, 1998).
Segundo Schneider e Schmitt, o método comparativo dar-se-á em três passos:
o primeiro passo é a seleção dos casos que sejam comparáveis, isto é, uma
definição de recortes de tempo e espaço — construção de instâncias empíricas;
o segundo passo é a definição dos elementos a serem comparados, isto é,
modelos explicativos previamente construídos ou variáveis que serão
comparadas são construídas a partir da análise dos casos selecionados; o
terceiro passo é a generalização, ou seja, para não tornar o estudo um mero
acervo de casos interessantes é preciso determinar o “nível estratégico” —
descobrir elementos comuns aos diferentes casos, típicos para as diferentes
classes de casos, ou singulares, que não podem se repetir (chave para
articulação entre teoria e dados empíricos). Assim formando o principal método
de comprovação sociológica, o método comparativo.
Levando em conta os argumentos acumulados até aqui, torna-se claro que não
é possível julgar as Ciências Naturais pelos critérios adotados pelas Ciências
Humanas ou vice-versa. Ambas as ciências, a física newtoniana ou a sociologia
durkheimiana são ciências por seus respectivos métodos e intenções diferentes,
não anulando uma ou outra, mas se desenvolvendo mutualmente. Toda ciência
é um recorte da realidade total que nos é dada, este recorte é isolado e
sistematizado, assim formando o que chamamos de ciências — que podem ser
distinguidas pelos mais diferentes critérios.

Portanto, levando em consideração a discussão hipotética na instrução inicial,


os argumentos e alegações do crítico não são válidos. Pois, a sociologia
apresenta uma sistematização, um método, uma intenção e um meio eficaz de
comprovação (empírica), colocando-a em patamar cientifico na maioria dos
critérios abordados pelos autores.

Bibliografia:

Schneider; Schmitt. O uso do método comparativo nas Ciências Sociais.

Guénon, René. A Crise do Mundo Moderno.

Minidicionário Prático: Língua Portuguesa.

Você também pode gostar