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Paliativos para o
Residente
A filosofia e os princípios dos cuidados paliativos se
apresentam como uma mudança de paradigma
principalmente para nós, médicos. Com o envelhecimento
da população e o aumento da incidência de doenças
crônicas e degenerativas é imprescindível reconhecer a
terminalidade e definir as melhores condutas. Ao lidar
com pacientes em fim de vida, nos defrontamos com os
nossos próprios limites, os da medicina, os dos pacientes,
os dos familiares, etc. Tal vivência nos traz diversos
questionamentos éticos que vão sendo esclarecidos e
melhor entendidos com a prática e o conhecimento
teórico específico.
01
História dos Cuidados Paliativos no Risoleta
A equipe de Cuidados Paliativos do Risoleta foi criada, em abril de 2009,
pelas médicas Daniela Charnizon, Ana Luísa Rugani Barcellos e Juliana
Elias Duarte após aprovação do projeto piloto pela Diretoria. Desde
então, essa modalidade assistencial foi consolidada por uma equipe
multidisciplinar composta por assistentes sociais, enfermeiros,
farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, médicos,
psicólogos, terapeutas ocupacionais e técnicos de Enfermagem.
Plantonistas: Marília de Aguiar Araújo, Cecília Sartori Andrade, João Victor Meneghin de Assis,
Raquel Lunardi Rocha, Vinícius Aragão Rocha, Patrícia Veloso Facury Lasmar Ferreira
Equipe de Enfermagem:
04 Enfermeiros - Noturno
28 Técnicos de Enfermagem
Equipe de apoio:
04
Cuidado centrado no paciente
Uma das grandes contribuições da Filosofia dos Cuidados
Paliativos é o cuidado centrado na pessoa. Para isso, é
fundamental que a equipe conheça, além da biologia (dados
do histórico das doenças), a biografia de cada paciente.
Uma das formas de coletar esses dados é pedir ao usuário
(ou familiar, se o paciente estiver impossibilitado) para
contar um pouco sobre sua história de vida. E aí ir
descobrindo o que faz daquele paciente um indivíduo único.
Saber um pouco sobre seus laços afetivos, valores, hobbies.
Em relação ao enfrentamento da doença, Atul Gawande
sugere 5 perguntas que podem ser um bom “norte”:
05
“Quem sou eu?”
06
07
Estratificação de Cuidados Paliativos - CP
CP Precoce: manter suporte avançado de vida (reanimar
se PCR, encaminhar ao CTI).
Apoiar pacientes e familiares, abordando diagnósticos,
condutas e prognóstico * Controle rígido da dor *
Assistência psicossocial e espiritual *
08
CP Predominante: o paciente já recebeu suporte
intensivo, mas apresenta falha ou resposta insuficiente
aos recursos utilizados, com crescente tendência ao óbito.
Não adicionar e/ou manter terapias fúteis, enfocando o
controle de sintomas. Não encaminhar ao CTI + ***
09
Habilidades em
Cuidados Paliativos
Desenvolver a capacidade de
identificar pacientes em fase
final de vida
Facilitar a realização de
Diretivas Antecipadas de
Vontade (DAV)
Trabalhar em equipe
10
Escalas Prognósticas utilizadas
pela equipe de Cuidados Paliativos
ESCALAS DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) de Lawton
Sem ajuda 3
1. Consegue usar o telefone? Com ajuda parcial 2
Não consegue 1
Sem ajuda 3
2. Consegue ir a locais distantes, usando algum transporte,
Com ajuda parcial 2
sem necessidade de planejamentos especiais?
Não consegue 1
Sem ajuda 3
3. Consegue fazer compras? Com ajuda parcial 2
Não consegue 1
Sem ajuda 3
4. Consegue preparar suas próprias refeições? Com ajuda parcial 2
Não consegue 1
Sem ajuda 3
5. Consegue arrumar a casa? Com ajuda parcial 2
Não consegue 1
Sem ajuda 3
6. Consegue fazer os trabalhos manuais domésticos, como
Com ajuda parcial 2
pequenos reparos?
Não consegue 1
Sem ajuda 3
7. Consegue lavar e passar roupa? Com ajuda parcial 2
Não consegue 1
Sem ajuda 3
8. Consegue tomar seus medicamentos na dose certa e
Com ajuda parcial 2
horário correto?
Não consegue 1
Sem ajuda 3
9. Consegue cuidar de suas finanças? Com ajuda parcial 2
Não consegue 1
Interpretação:
0-5 pontos: dependência grave.
6-11 pontos: dependência moderada.
12-16 pontos: ligeira dependência ou independente. Essa será a
pontuação usada no Protocolo (Fluxograma) para Consideração de
11 Independência para as AVDs Instrumentais.
Escalas Prognósticas utilizadas
pela equipe de Cuidados Paliativos
Escalas de Atividades de Vida Diária (AVD)
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Escalas Prognósticas utilizadas
pela equipe de Cuidados Paliativos
Gold Standard Framework (GSF) - PIG
Três indicadores que sugerem que o paciente se aproxima da fase
final de vida:
Pergunta surpresa:
Você ficaria
Indicadores clínicos
surpreso se o
Indicadores gerais específicos
paciente falecesse
de declínio relativos às
nos próximos
doenças
meses, semanas ou
dias?
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GSF - Indicadores específicos
Doença Renal Crônica
Doença Renal Crônica (DRC) estágio IV ou V cuja condição está se deteriorando
com pelo menos dois dos indicadores abaixo:
Paciente para quem a pergunta surpresa é aplicável.
Repetidas admissões não planejadas (mais de 03 anos).
Paciente com baixa tolerância à diálise com mudança de modalidade.
Pacientes que escolhem a opção “sem diálise” (conservadora), suspensão da
diálise ou não optam por diálise se o transplante falhar.
Sintomas físicos ou psicológicos difíceis que não tenham respondido aos
tratamentos específicos.
Insuficiência Renal sintomática em pacientes que optaram por não fazer diálise –
náusea e vômitos, anorexia, prurido, desempenho funcional reduzido, sobrecarga
de líquidos intratável.
Doença Hepática
Carcinoma hepatocelular.
Transplante hepático contraindicado.
Cirrose avançada com complicações, incluindo: Ascites refratários e
Encefalopatia.
Outros fatores adversos, incluindo desnutrição, comorbidades graves, síndrome
hepatorenal.
A infecção bacteriana atual, sangramentos, RNI alargado, hiponatremia, a menos
que seja um candidato para transplante de fígado ou possível de tratamento de
condição subjacente.
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GSF - Indicadores específicos
Doenças Neurológicas (Geral)
Deterioração progressiva da cognitiva e da funcionalidade, apesar da terapia
otimizada.
Sintomas complexos e muito difíceis de controlar:
- Problemas de deglutição (disfagia) levando à pneumonia de aspiração recorrente,
sepse, dispneia ou influência respiratória;
- Problemas de fala: aumento da dificuldade de comunicação e afasia progressiva.
Doença de Parkinson
Tratamento medicamentoso menos eficaz ou regime cada vez mais complexo de
tratamento.
Aumento da dependência. Precisa de ajuda nas Atividades da Vida Diária (AVD).
A condição é menos controlada com aumento de períodos “off”.
Discinesias, problema de mobilidades e quedas.
Sinais psiquiátricos (depressão, ansiedade, alucinações, psicose).
Padrão semelhante à fragilidade.
Esclerose Múltipla
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GSF - Indicadores específicos
Doença do Neurônio Motor
Fragilidade
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GSF - Indicadores específicos
Você precisa de alguém para ajudá-lo regularmente?
Você tem problemas de saúde cuja causa exige que você fique em casa?
Em caso de necessidade, você pode contar com alguém próximo à você ?
Você usa regularmente bengala, andador ou cadeira de rodas para se
locomover?
Demência
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GSF - Indicadores específicos
Além disso, qualquer um dos seguintes:
Perda de peso;
Infecção do trato urinário;
Úlceras por pressões graves (Estágio III ou IV);
Febre recorrente;
Redução da ingestão oral;
Pneumonia aspirativa.
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Palliative Performance Scale (PPS)
O PPS varia de 0% a 100%. Baseia-se em cinco parâmetros
básicos: capacidade de locomoção, atividade e evidência
da doença, capacidade para o autocuidado, ingesta
alimentar espontânea e nível de consciência.
19
Palliative Performance Scale (PPS)
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Paliar Score – falências orgânicas
PALIAR SCORE – Falências Orgânicas
Critério Pontos
>/=85 anos 3
ICC Classse IV ou mMRC 4 * 3,5
Anorexia 3,5
Úlcera de pressão 3
ECOG >/= 3 4
Albumina </= 2,5 4
Total
0 a 2,9 1 20 a 21.5%
3 a 3,5 2 33%
4 a 7,4 3 43%
>/ +7,5 4 67%
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Palliative Prognostic Index – PPI
Doença Oncológica
Status Performance/Sintomas Score parcial
Escala de Performance Paliativa
10–20 4
30–50 2.5
>60 0
Ingesta Oral
Colheradas ou menos 2.5
Reduzida, porém mais que colheradas 1
Normal 0
Edema
Presente 1
Ausente 0
Dispneia em repouso
Presente 3.5
Ausente 0
Delirium
Presente 4
Ausente 0
Journal of Pain and Symptom Management, Vol. 35, No. 6, Stone, C., Tierman, E., & Dooley, B, Prospective
Validation of the Palliative Prognostic Index in Patients with Cancer, 617–622, Copyright (2008)
22
Functional Assessment Staging — FAST
Doença de Alzheimer
7G Postura fletida
25 22
Escala de Fragilidade (CFS CSHA)
Clinical Frailty Scale da Canadian Study of Health Aging
6. Moderadamente Frágil: Pessoas que precisam de ajuda em todas as
atividades externas e na manutenção da casa. Nesse ambiente,
frequentemente têm dificuldade com escadas e necessitam de ajuda no
banho e podem necessitar de ajuda mínima (apoio próximo) para se
vestirem.
2) Distúrbio de atenção
O paciente teve dificuldade em focalizar sua atenção, isto é, distraiu-se facilmente ou
( )
teve dificuldade em acompanhar o que estava sendo dito?
3) Pensamento desorganizado
O pensamento do paciente era desorganizado ou incoerente, com conversação
dispersiva ou irrelevante, fluxo de ideias pouco claro ou ilógico ou mudança ( )
imprevisível de assunto?
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ECOG - Pacientes oncológicos
FASE AÇÕES
Totalmente ativo e capaz de realizar todo desempenho pré-doença
0
sem restrição.
Restrito a atividade fisicamente extenuante, mas ambulatorial e capaz
1 de realizar trabalhos de natureza leve ou sedentária, como exemplo
de escritório.
Ambulatorial e capaz de todo autocuidado. Porém, incapaz de realizar
2
quaisquer atividades de trabalho e mais de 50% das horas de vigília.
Capaz apenas de autocuidado limitado. Confinado à cama ou cadeira
3
e mais de 50% das horas de vigília.
Completamente incapaz. Não pode realizar nenhum autocuidado.
4
Totalmente confinado à cama ou cadeira.
5 Morto.
Escalas de Dor
Escala Unidimensional – Intensidade
Escala Numérica de 0 a 10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
28
PAINAD – Pacientes com alterações cognitivas / não comunicantes
29
Algumas orientações básicas com
relação ao uso de opioides:
• Prescrever um opioide por vez, de acordo com
intensidade da dor, tempo de ação, comodidade da via de
administração, efeitos adicionais e colaterais.
31
Dose de resgate: 1/6 a 1/10 da dose total
usar 1/6 para pacientes robustos e
1/10 para pacientes frágeis ou metade na dose fixa.
Dose total: 30mg > 1/10 da dose total = 3mg (se paciente
frágil)
1/6 da dose total = 5mg (paciente robusto)
Ou metade da dose fixa = 2,5 mg (5mg /2)
32
Os opioides são drogas seguras se seguidas as orientações
anteriores. Os principais erros decorrem da falta de
conhecimento do profissional, erros de prescrição, erros
de conversão > morfina oral para venosa e vice-
versa/rotação de opioide sem considerar equipotência e
falta de ajuste de dose e intervalo em pacientes frágeis e
com disfunção orgânica (DRC/hepatopatia).
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TABELA DE EQUIVALÊNCIA ANALGÉSICA ENTRE OPIOIDES
TABELA DE EQUIPOTÊNCIA ANALGÉSICA ENTRE OPIOIDES E PASSOS NO SEU EMPREGO
Iniciativa: Instituto Paliar - www.paliar.com.br
TEMPO
MEDICAMENTO DOSES
AÇÃO
30 45 60
Codeína oral 4h
mg mg mg
Tramadol 50 75 100
6h
parenteral SC ou IV mg mg mg
25 37,5 50 75 100
Tramadol oral 6h
mg mg mg mg mg
Morfina oral de 5 10 15 20 30 40 60 75 90 120 150 180 210
4h
ação rápida mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg
Morfina oral de 30 60 90 120 180 240 270 360 460 540 630
12h
longa duração mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg
Morfina parenteral 2 3 5 7 10 15 20 25 30 40 50 60 70
4h
SC intermitente mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg mg
A tabela acima só deve ser utilizada se a droga estiver sendo administrada na sua
meia vida. No caso da morfina a meia vida é de 4h. Se o paciente for frágil e estiver
usando morfina de 8/8h, aí deve fazer o cálculo de equipotência entre os opioides e
não usar a tabela, conforme exemplo abaixo:
paciente usando 05mg de morfina oral de 8/8h e será ajustado para tramadol.
Considerar a equipotência: tramadol é 1/10 da potência da morfina.
Dose total/dia de morfina 15mg > dose total de tramadol/dia 150mg.
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Escala de Avaliação de Sintoma de Edmonton (ESAS) adaptada
Sem DOR 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Pior DOR possível
Legenda
0 - sem sintomas
1 a 4 – sintoma leve
5 a 7 – sintoma moderado
8 a 10 - sintoma intenso
35
MEDICAÇÕES PADRONIZADAS POR
HIPODERMÓCLISE NO RISOLETA
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Soluções que podem ser infundidas por hipodermóclise:
SF 0,9%, SF 0,45% e SGI 5% - Máximo 1500ml/24h, a depender do sítio
de punção.
www.hrtn.fundep.ufmg.br