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Escola Secundária Dr.

José Afonso
Leitura e educação literária: ____________
Teste de Português (versão 1)
Prof.: _____________________________
11º Ano outubro 2019
Duração: 50 minutos
Lê atentamente todo o enunciado. Responde (na folha de teste distribuída pela professora) de modo legível, completo e
estruturado aos itens apresentados, seguindo as orientações dadas e riscando tudo o que pretendes que não seja classificado.

[200 pontos]
Lê as estâncias que te vão sendo apresentadas e responde de forma clara às questões.

Estância 105 Estância 106

O recado que trazem é de amigos, No mar tanta tormenta, e tanto dano,


Mas debaixo o veneno vem coberto; Tantas vezes a morte apercebida!
Que os pensamentos eram de inimigos, Na terra tanta guerra, tanto engano,
Segundo foi o engano descoberto. Tanta necessidade avorrecida!
Ó grandes e gravíssimos perigos! Onde pode acolher-se um fraco humano,
Ó caminho de vida nunca certo: Onde terá segura a curta vida,
Que aonde a gente põe sua esperança, Que não se arme, e se indigne o Céu sereno
Tenha a vida tão pouca segurança! Contra um bicho da terra tão pequeno?

Os Lusíadas, Canto I

1. Os acontecimentos vividos em Mombaça suscitam algumas reflexões do poeta.


1.1.Refere essas reflexões e os sentimentos que lhe despertam. [30 PONTOS]
2. Interpreta os dois últimos versos da estância 105. [14 PONTOS]
3. Interpreta o paralelismo que se estabelece entre o mar e a terra nos quatro primeiros versos da
estância 106. [20 PONTOS]
3.1.Comenta a expressividade da repetição das palavras “tanto” e “tanta”. [15PONTOS]
4. Que sentimento(s) traduz a interrogação retórica final? [12 PONTOS]

Estância 145 Estância 146

Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho E não sei por que influxo de Destino
Destemperada e a voz enrouquecida, Não tem um ledo orgulho e geral gosto,
E não do canto, mas de ver que venho Que os ânimos levanta de contino
Cantar a gente surda e endurecida. A ter pera trabalhos ledo o rosto.
O favor com que mais se acende o engenho Por isso vós, ó Rei, que por divino
Não no dá a pátria, não, que está metida Conselho estais no régio sólio posto,
No gosto da cobiça e na rudeza Olhai que sois (e vede as outras gentes)
Düa austera, apagada e vil tristeza. Senhor só de vassalos excelentes.
Os Lusíadas, Canto X

5. Identifica o estado de espírito do poeta e a causa desse estado de espírito. [30PONTOS]


6. Refere um recurso expressivo que o intensifica. [10 PONTOS]
7. As palavras do sujeito poético têm destinatários específicos.
7.1.Explicita-os e refere as marcas linguísticas que os identificam. [12 PONTOS]
7.2.Interpreta as palavras que o poeta dirige ao rei. [15 PONTOS]

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Estância 96 Estância 98

Nas naus estar se deixa vagaroso, Este rende munidas fortalezas,


Até ver o que o tempo lhe descobre: Faz tredores e falsos os amigos:
Que não se fia já do cobiçoso Este a mais nobres faz fazer vilezas,
Regedor corrompido e pouco nobre. E entrega Capitães aos inimigos;
Veja agora o juízo curioso Este corrompe virginais purezas,
Quanto no rico, assim como no pobre, Sem temer de honra ou fama alguns perigos:
Pode o vil interesse e sede inimiga Este deprava às vezes as ciências,
Do dinheiro, que a tudo nos obriga. Os juízos cegando e as consciências;
Estância 97 Estância 99

A Polidoro mata o Rei Treício, Este interpreta mais que sutilmente.


Só por ficar senhor do grão tesouro; Os textos; este faz e desfaz leis;
Entra, pelo fortíssimo edifício, Este causa os perjúrios entre a gente,
Com a filha de Acriso a chuva d'ouro; E mil vezes tiranos torna os Reis.
Pode tanto em Tarpeia avaro vício, Até os que só a Deus Onipotente
Que, a troco do metal luzente e louro, Se dedicam, mil vezes ouvireis
Entrega aos inimigos a alta torre, Que corrompe este encantador, e ilude;
Do qual quase afogada em pago morre. Mas não sem cor, contudo, de virtude.
Os Lusíadas, Canto VIII

8. Tendo em conta o excerto anterior, fundamenta, com passagens textuais (indicando a(s)
estância(s) e/ou os versos), todas as afirmações que seguem. [42 PONTOS]
a. O poder corruptor do dinheiro percorre todas as camadas sociais.
b. O recurso a personagens mitológicas reforça a mensagem veiculada pelo poeta.
c. A deterioração dos valores da classe nobre é destacada pelo poeta.
d. O dinheiro degrada o saber, toldando o discernimento.
e. O domínio do dinheiro pode influenciar decisões legais.
f. Sob influência do dinheiro, o ser humano pratica ações desleais.
g. A personificação, na qual se baseia a construção do poema, permite enfatizar a importância do
ouro e subsequente subjugação do homem à sua influência.

FIM

Prof. Antónia Fradinho

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