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Adair Sandri
sandri@metisa.com.br
André Luis Almeida Bastos
prof.abastos@gmail.com
Robson Olimpio Piucco
robsonolimpio@yahoo.com.br
Resumo: O trabalho aborda a utilização da metodologia seis sigma para a redução da variabilidade em produtos. O
trabalho é focado em chapas laminadas quem apresentam problemas de largura, espessura e comprimento fora de
especificação. Foram realizados testes, com diferentes fatores (controláveis e não controláveis), com o intuito de
entender como as modificações controláveis afetam a variável resposta e, conhecer as que mais influenciam no
sistema. Estima-se que o refugo devido ao laminado fora do especificado na família de discos representa 5%, ou seja,
390 toneladas/ano de matéria prima. Com o uso da metodologia seis sigma, foi possível obter resultados satisfatórios,
que apontam que o sistema de laminação e medição não possui robustez suficiente. Tais resultados validam os pontos a
serem melhorados de uma forma que o projeto possa ter êxito na organização.
1. INTRODUÇÃO
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O produto utilizado como foco de estudo é um lote de 500 peças do disco 04-4309 15”reto, que
foi aplicado em três máquinas laminadoras, três turnos diferentes (A/B/C) e nove operadores por turno.
Para realizar este teste com 500 peças foi necessário 81 peças de matéria prima, deve-se cortar a
matéria prima, aquecer e laminar as peças para gerar as chapas, porém ao laminar as peças gera-se o
laminado fora do especificado (largura, espessura e comprimento) dificultando a estampagem dos
blanks dos discos na operação seguinte (consumidor interno). Dado esse problema, o objetivo geral
deste trabalho consiste em utilizar os componentes de variação - COV para estabelecer ações a fim de
propor a resolução deste problema com qualidade no laminado fora do especificado para chapas de
disco reto 15”.
2. Fundamentação teórica
2.1 Conceitos Seis Sigma
Segundo Rotondaro (2002), seis sigma é uma filosofia de trabalho para alcançar, maximizar e
manter o sucesso comercial, por meio da compreensão das necessidades do cliente e do produto. Pode-
se definir também, como uma metodologia estruturada que incrementada a qualidade por meio da
melhoria continua dos processos, produtos e serviços. Falar em seis sigma significa reduzir a variação
em produtos/serviços que são entregues aos clientes.
Para Rodrigues (2010) o seis sigma utiliza ferramentas, técnicas e análise estatística para medir
e melhorar o desempenho das organizações, por meio da identificação e eliminação de defeitos e
desperdícios, e da agregação de valor ao processo ou produto, aumentando assim a satisfação do
cliente e reduzindo os custos do processo. O termo “sigma” é a 18 letra do alfabeto grego, sendo usado
pela estatística como medida da variação intrínseca ao processo (desvio padrão). De acordo com
Werkena (2002), se o valor do desvio padrão de um processo é elevado, há pouca uniformidade do
processo, com muita variação entre os resultados gerados; se o valor do desvio padrão é baixo, há
muita igualdade no processo com pouca variação entre os resultados obtidos. Quanto menor for o
desvio padrão, melhor será o processo.
A origem do seis sigma deu-se na Motorola, em meados da década de 80, onde o engenheiro
Bill Smith estudou a correlação entre falhas dos produtos em processo de manufatura com falhas para
o cliente. Os cientistas da Motorola foram construindo durante quase 10 anos a metodologia Seis
Sigma utilizando técnicas estatísticas avançadas integradas a outras metodologias existentes para
análise de processos e produtos. O foco do seis sigma é reduzir a variabilidade dos processos e atingir
um nível de qualidade 3,4 defeitos por milhão (PPM).Ter um processo “seis sigma” significa ter uma
baixíssima variação no resultado de processos, produtos ou serviços, capazes de apresentar apenas 3,4
defeitos por milhão, ou seja, uma eficiência de 99,99966%.
Logo, é possível definir o seis sigma como uma estratégia gerencial disciplinada e altamente
quantitativa, que tem como objetivo aumentar drasticamente a lucratividade das empresas, por meio da
melhoria da qualidade de produto e processos (WERKENA, 2002). Dentre as ferramentas mais
utilizadas no seis sigma, pose-se citar: mapa de produto, mapa de processo, estudo de componentes de
variação (COV), cartas de controle, diagrama de relação entre fatores (FRD), planejamento de
experimentos (DOE), etc. As ferramentas de análise para a metodologia seis sigma devem constar no
mapa de raciocínio satisfazendo uma hierarquia de aplicação baseada no pensamento crítico, conforme
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Hild (1998). A seguir serão descritas em detalhes algumas das ferramentas utilizadas na abordagem
seis sigma sugerida.
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3. Procedimentos metodológicos
Para Gil (2010) a pesquisa é um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método
científico, onde o objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o
emprego de procedimentos científicos. Conforme abordado na introdução deste trabalho, o estudo de
caso foi realizado em uma empresa da região do Médio vale, utilizando um lote de 500 peças de disco
reto 15” (04-4309) com 81 chapa laminadas, em três turnos e máquinas diferentes. Portanto, deverá ser
utilizado um projeto de pesquisa exploratória quantitativa, pois envolve levantamento bibliográfico e
análise do estudo de caso com uso de recursos e de técnicas estatísticas. De acordo com Gil (2010) é
utilizado o método de pesquisa-ação, pois busca resolver um problema específico numa situação
específica, para alcançar um resultado prático.
O sucesso em melhorar processos não está tanto na aplicação de ferramentas, mas sim no
conhecimento existente em relação ao processo. O conhecimento existente (ou ideias os suspeitas)
motiva perguntas ao processo que levam ao tipo de informação necessária e ao trabalho buscado o
qual, por sua vez, fornece as respostas que completam o conhecimento existente e o leva a novas
perguntas, e assim continua até que se obtenha um resultado final para o trabalho (SANDERS, 2000).
Por isso utiliza-se o mapa de raciocínio para fazer perguntas e obter as respostas, sendo que as
perguntas lideram e as respostas seguem. Com as perguntas corretas, obtêm-se respostas satisfatórias.
Para a análise dos resultados será utilizado um software para auxílio que é o JMP statistical Discovery
software, onde ele tem um módulo específico para verificar a interação entre os fatores envolvidos.
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4. Resultados
4.1 Apresentação da empresa
O trabalho foi realizado em uma empresa S/A do médio vale, localizada na cidade de Timbó,
que é especializada na produção de discos de grade para a agricultura. É uma empresa que oferece
aprendizado constante por estar voltada ao mercado global, no qual as estratégias, valores, políticas e
sistemas de informações igualam-se às maiores empresas industriais.
4.2 Situação atual
Como já abordado, o produto em estudo é um lote (500 peças) de discos retos de 15”. Para
realizar este lote serão necessárias 81 peças de matéria prima, lingote 120 x 120 mm em aço 15B29,
com peso de 27Kg para 6 unidades de discos por chapa.Quando as peças são cortadas, laminadas e
estampadas gera alto índice de refugos, por chapas laminadas fora do específicado. Para realizar os
primeiros entendimentos sobre o processo de laminação, foi realizado o mapa de raciocínio para que
fiquem registrados os experimentos realizados.
Para seguir com as avaliações, foi realizado um mapa de processo, para serem verificadas quais
são as etapas do processo, neste caso foram cinco etapas: cortar a matéria prima, aquecer a matéria
prima, bater matéria prima, laminar matéria prima, medir e empilhar a chapa que fazem parte do
sistema e assim identificar suas funções (Y’s) e quais são os fatores que podem influenciar as funções
(X’s), como controlável (C), ruído (N) e operação padrão (OP), as variáveis críticas, os limites de
especificação e outras informações relevantes relativas a frequência de mudança no processo
(operador. Lote , turno, etc).
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Para o processo de medição das medidas faz-se a avaliação de sistemas de medição (MSE),
com o objetivo de aprender o máximo sobre o processo de medição em um curto período de tempo,
fornecendo informações sobre a situação atual. Entretanto, a medição é um processo. Como em
qualquer processo, estamos preocupados com a média e com a variação.
Para os estudos de medição foi elaborado um mapa de processo de medição, Figura 3, contendo
todas as informações relativas ao objetivo (Y), as etapas do processo (fluxograma), o resultado de cada
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etapa (y), fontes de variação (x), a classificação das fontes em C, N, OP e críticas, limites de
especificação e informações sobre a frequência da mudança.
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Figur
a 4 - Plano de Amostragem para Medição
Os valores encontrados da medição foram os demonstrados na Tabela 1.
Tabela 1 - Tabela de medição de chapas laminadas
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Os dados dos pontos de medição A/B/C da largura, os pontos A/B/C de medição da espessura e
o ponto de medição do comprimento foram qualificados em um gráfico de frequência de pontos
(variability chart), para análise dos componentes de variação (COV).
O resultado do corte de matéria prima também apresentou números expressivos, como pode ser
visto acima, gastou-se 14 kg a mais representando 0,64 % da matéria prima prevista nominalmente na
OP. Levando-se em consideração uma tonelagem fictícia de produção de discos da empresa que é de
500 toneladas/mês consumindo em média 650 toneladas de matéria prima, perde-se 4.160 kg mensais e
49.920 kg anuais, e de que o valor médio da tonelagem da matéria prima é de R$ 2.000 p/ton. Então:
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650 x 0,64% = 4.160 kg, ou seja, 4.1 ton. X R$ 2.000,00 = R$ 8.200,00 por mês.
4.160 kg x 12 = 49.920 kg, ou seja, 49.90 ton. X R$ 2.000,00 = R$ 99.800,00 por ano.
Outro fator relevante foi o índice de rejeição das peças estampadas com as chapas laminadas
deste estudo, a ordem de produção foi emitida para 515 peças, após a estampagem foram 62 peças de
rejeição, equivalente a 12% do lote. Levando-se em consideração o auto custo da matéria prima no
custo do produto é de extrema importância o controle do processo e a busca de melhorias para o
processo.
Tendo em vista a exigência das normas regulamentadoras (NR) a questão segurança,
ergonomia, etc., com o alto índice de rejeição das peças laminadas, o baixo rendimento da
produtividade ao estampar as chapas, a variação de espessuras nas chapas, eleva a responsabilidade da
alta direção em repensar a forma de produzir discos.
5. Considerações finais
Este trabalho contemplou a utilização do delineamento dos componentes de variação – COV
para o entendimento dos fatores que influenciam na qualidade das chapas laminadas fora do
especificado. Na abordagem foi utilizado o desdobramento da metodologia seis sigma, a fim de obter
um resultado mensurável através do método científico.
O objetivo geral deste trabalho foi alcançado, que foi entender os fatores que afetam o
laminado fora do especificado. Na configuração de projeto mostrado neste trabalho, a um sistema de
medição ineficaz, pois, não possibilita a leitura da variação das medidas. No corte da matéria prima
podemos visualizar um desperdício de 0,64 % a mais do especificado no plano. Na operação de
estampagem foi evidenciado um desperdício de 12% do lote laminado.
Utilizando este trabalho, deixa-se como sugestão para trabalhos futuros:
a) Utilização deste trabalho para desenvolvimento de estudos em outros produtos, com
propósito de obter produtos e processos com mais robustez as variações de fabricação;
b) Utilização dos componentes de variação – COV em outras áreas, para realizar o
entendimento da metodologia seis sigma;
c) Continuação deste projeto, com a utilização da metodologia DOE – planejamento de
experimentos, para o desenvolvimento de novas técnicas, fazendo com que o consumidor
interno tenha uma chapa laminada de maior qualidade.
d) Estudo de custos para visualizar a fabricação de discos de grade com chapa bobina;
e) Implantação de um sistema de medição na laminação que possibilite a leitura da variação;
f) Implantação de um sistema de indicadores para acompanhamento das chapas laminadas
fora do especificado;
g) A gerência e alta direção encarar o laminado fora do especificado como um problema.
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REFERÊNCIAS
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