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TÉCNICAS EM MORFOLOGIA E ANATOMIA

VEGETAL
Morfologia (do grego morphé = forma e logos = estudo)

Anatomia (do grego anatomé = incisão,


dissecação, do latim anatomé + ia = ciência que
trata da forma e da estrutura dos seres
organizados)

Os dois termos descrevem as


relações espaciais dos elementos
estruturais, organizados em hierarquia
dimensional. Assim, há necessidade de
diferentes instrumentos de visualização
para observação e descrição.
Olho nu, lupa de mão, microscópio estereoscópio e
Microscópio eletrônico de varredura (MEV)
Morfologia
Olho descoberto

Lupa

Anteras Yucca sp. visitadas por


abelhas coletoras de pólen
Microscópio estereoscópio

Até
100X

Semente de Urvillea ulmacea inteira e


secionada longitudinalmente
Microscópio eletrônico de varredura – MEV

Tricoma tector de Plantago major e


tricoma escamiforme de Tillandsia sp.
Microscópio Fotônico
Anatomia

Até
1000 X
Feixe vascular do caule de Piper sp.
Microscópio eletrônico de transmissão (M ET)
Ultraestrutura

Mais de
1000 X

Célula da folha de Remirea maritima


(32.000 X)
TÉCNICAS BÁSICAS EM MORFOLOGIA
E ANATOMIA VEGETAL
Ensino e Aprendizagem de Morfologia e Anatomia Vegetal
- Qualquer espécie vegetal disponível pode ser utilizada
Procedimentos:
1) Coleta: mínimo de exemplares da espécie

Fragmentos de raízes,
ramos com flores, etc

Planta inteira

Fragmento de ramo com folhas,


Espécime de botões florais e flores de
Orquídea sobre tronco Tabernaemontana sp.
2) Observação e descrição morfológica e anatômica após a
coleta: realizada em diferentes tipos de material.

- Material fresco: planta inteira ou fragmento, retirado do espécime a ser


descrito, acondicionado em saco plástico e borrifado com água.

Fragmento de ramo com folhas, botões florais,


flores e frutos imaturos de Dicella nucifera.
- Material fixado: material cortado em pequenos fragmentos, fixado em
mistura de reagentes, como o F.A.A 50%, que detêm os processos vitais
e, posteriormente, preservados em álcool 70%.

Fragmentos de caules
(esquerda) e estróbilos
de Cupressus (direita)
preservados em álcool
70%. Notar que o
volume do líquido de
preservação é duas ou
três vezes maior do que
o dos fragmentos.
- Material herborizado: material seco em estufa, montado em exsicata
com ficha de identificação contendo o número de registro em herbário.

Papel manteiga

A parte a ser
utilizada deve
Cartolina com o ser fervida por
ramo prensado, 5 a 15 minutos
seco e costurado em água com
algumas gotas
de detergente
e, após seu
resfriamento,
Capa de cartolina
imediatamente
observada ou
preservada em
álcool 70%.

Exsicata com ramo Ficha de identificação


florido.
3) Preparações histológicas: podem ser realizadas em
material fresco, fixado e preservado em álcool 70% ou
herborizado.

►Temporária: os cortes, realizados no material botânico à


mão, são montados em água ou outros líquidos entre lâmina
e lamínula, podendo ser ou não previamente corados e
imediatamente observados e descritos.

► Semi-permanente: os cortes, realizados à mão, são


montados em glicerina ou gelatina glicerinada, vedando-se a
lamínula com esmalte incolor e guardados para observação
posterior.
Técnica para Obtenção de Cortes à Mão
1) Tipos de corte:
Transversal (CT): perpendicular ao maior eixo do órgão.
CT do caule

CT do limbo foliar

Ângulo reto

Maior eixo
Sentido do corte
Longitudinal (CL): paralelo ao maior eixo do órgão
Cilindro de
Madeira

Longitudinal tangencial: paralelo Longitudinal radial: passando


ao raio do órgão cilíndrico. pelo raio do órgão cilíndrico.

Maior eixo
Pecíolo

Limbo
Nervura central

Sentido do corte
Paradérmico (CP): paralelo a superfície do órgão em qualquer
profundidade; utilizado geralmente para visualização frontal das células
epidérmicas.

Estômato e células epidérmicas em vista


frontal – Material obtido por meio de corte
paradérmico
Suporte: utilizado para maior apoio na realização dos
cortes à mão.
Medula de guapuruvu
Embaúba
Girassol ou sabugueiro
Cilindros de cortiça ou isopor

1
3

2
Preparações Temporárias ou Semi-permanentes
- Molhar a superfície a ser cortada com
um pincel.
- Deslizar suavemente a lâmina de
barbear sobre a superfície a ser cortada
para a obtenção de cortes bem delgados
do material botânico.
- Colocar os cortes em vidro de relógio
contendo água.

Pinça

Vidro de relógio

Água

- Selecionar os cortes mais finos com o


auxílio do microscópio estereoscópio.
Técnica de Coloração

Pinça Pinça

Vidro de relógio Vidro de relógio


Água com Hipoclorito de sódio
os cortes 33%

Lavar em água com o auxílio de


uma pipeta de Pasteur até sair o
Substituir a odor do hipoclorito.
água pelo
corante Deixar por
desejado 3-5 minutos

Lavar os cortes
corados em
água
Montagem de lâmina temporária ou semi-
permanente

Retirar os
cortes com o
auxílio de
pincel

Estilete

Lamínula

Água,
glicerina ou
Gelatina
Corte do material
glicerinada
Técnica para Obtenção de Cortes em Micrótomo

► Permanente: os cortes, realizados à mão ou em


micrótomo, após corados, são desidratados em série
alcoólica e xilólica e montados em resina sintética ou natural
(Entelan, Permount, Bálsamo do Canadá).
Bloco com o material Lâminas com os
cortes seriados
montadas em
Entelan

Navalha de metal ou
vidro

Os cortes realizados em micrótomo requerem a


desidratação do fragmento e sua inclusão ou
emblocamento em parafina ou historresina em uma
técnica mais demorada.
ESCALA MICROMÉTRICA
1 mm= 1000 µm

Régua micrometrada com 1 mm dividido em 100 traços de 10 µm

100 µm
500 µm
1 mm = 1000 µm
Técnica para Dissecação de Material
1) Verificar a orientação desejada pelo conhecimento prévio da morfologia da
estrutura; 2) Colocar o material a ser observado, sobre uma lâmina ou vidro de
relógio ou placa de Petri, no meio do campo de observação do microscópio
estereoscópio, utilizando a iluminação superior do aparelho; 3) Prender o
material com pinça ou estilete, usando para isso a mão esquerda; 4) Usar outro
estilete na mão direita para dissecar a estrutura. Os movimentos devem ser
leves para que o material não seja retirado do local ou estraçalhado.

Flor de Alamanda sp.


inteira

Flor de Alamanda sp.


dissecada
OBSERVAÇÃO DO MATERIAL PREPARADO DE
ACORDO COM AS TÉCNICAS E ILUSTRAÇÃO
Observação do Material e Ilustração
Tipos de desenhos científicos

Legenda convencionada do diagrama

Epiderme Colênquima

Periderme Esclerênquima

Parênquima Floema

Parênquima Xilema
Clorofiliano

Esquema Pormenor
Diagrama
ou Esboço ou detalhe
Feixe vascular ilustrado com os três Traqueídes Vasos Raios
tipos de desenho
Lenho
Fotografias

Figuras 1-4. Aspecto


geral dos ramos e
detalhe das espigas em
desenvolvimento. 1, 3:
Piper crassinervium
H.B. & K.; 2, 4: Piper
hispidum Sw. (barra -
1,5cm).
Desenhos
Figura 1A-H: Aspectos
morfológicos de Gouania virgata
R. A: Ramo com inflorescência
terminal (barra = 3,0 cm); B-C:
Flor em vista lateral e secionada
longitudinalmente; D: Fruto
muito jovem; E: Esquema de
fruto jovem em seção
transversal; F-G: Fruto imaturo
inteiro e em seção transversal;
H: Mericarpo maduro. (barras B-
H = 2,0 mm). (al – ala, an –
antera, dn – disco nectarífero,
ls – linha de separação, ns –
núcleo seminífero, ov –
ovário, pt – pétala, sm –
semente, sp – sépala)
Fotomicrografias
Figuras 31-40: Detalhes de seções
transversais do caule de Piper,
evidenciando idioblastos e
tricomas. 31. P. aduncum (barra =
30 µm); 32. P. amalago (barra = 50
µm); 33. P. arboreum (barra = 30
µm); 34-35. P. diospyrifolium (barra
= 30 µm); 36-38. P.
gaudichaudianum (barras = 10 µm
e 30 µm, respectivamente); 39. P.
crassinervium (barra = 30 µm); 40.
P. xylosteoides. (ia – idioblasto
amilífero, ic – idioblasto
cristalífero, io – idioblasto
oleífero, tc – tricoma tector
curto, tl – tricoma tector longo,
tg – tricoma glandular)
Diagramas

Figuras 1-5: Diagramas de seções


transversais do caule (esquerda –
estrutura primária; direita – início
de crescimento secundário). 1.
Piper aduncum; 2-3. Piper
amalago; 4-5. Piper arboreum.
(barra = 400 µm)
Pormenores ou
detalhes

Figuras 16-20: Detalhes de


secções transversais do
caule. 16. Piper aduncum
(barra = 50 µm); 17-18. Piper
amalago (barra = 50 µm); 19-
20. Piper arboreum (barra =
100 µm). (bp – bainha
perimedular, cl –
colênquima, fm – feixe
medular; io – idioblasto
oleífero, le – lenticela)
Desenho de Pormenores

Figuras 22-24: Pilocarpus


pennatifolius Lem. - Seções
transversais do tegumento em
desenvolvimento; 22: Óvulo; 23:
Semente jovem; 24: Semente
madura. (ed = endosperma;
nu=nucelo; te= testa; tg =
tégmen; ti = tegumento interno;
tx = tegumento externo).
Figuras 19-24. Superfície do caule
e da folha de Acanthospermum
MEV
australe observada em MEV: 19.
Panorâmica do caule evidenciando
numerosos tricomas tectores curtos
e longos e tricomas glandulares
(barra=500µm). 20. Detalhe de
tricomas tectores e glandulares e
das células epidérmicas tabulares
no caule (barra=100µm). 21.
Tricoma glandular com a cutícula
distendida (barra=20µm). 22-23.
Panorâmicas da epiderme na face
adaxial da folha, evidenciando a
distribuição dos tricomas: tectores
aglomerados sobre as nervuras e
tectores e glandulares aleatórios
entre elas (barras=400µm e
100µm). 24. Epiderme na face
abaxial da folha, evidenciando
tricomas tectores sobre a nervura e
os estômatos levemente elevados
(barra=40µm).
Fontes das imagens
- Albiero, A.L.M; Paoli, A.A.S.; Mourão, K.S.M.; Souza, L.A. Morfoanatomia do fruto e da
semente em desenvolvimento de Piper crassinervium H. B. & K. e Piper hispidum
Sw.(Piperaceae). Enviado para publicação.

- Andreza de Souza, Káthia S. Mathias Mourão e Luiz Antonio de Souza. 2005. Morfologia
e anatomia do fruto e da semente em desenvolvimento de Pilocarpus pennatifolius Lem.
(Rutaceae). Revista Brasileira de Botânica, 28 (4):745-754.
- Appezzato-da-Glória, B.; Carmello-Guerreiro, S. M. (eds.) 2006. Anatomia vegetal.
Viçosa: Editora Universidade Federal de Viçosa.
- Google imagens: olho, lupa de mão, microscópios

- Lúcia R. Rocha Martins, Káthia S. Mathias Mourão, Adriana L. Meyer Albiero, Diógenes
A. Garcia Cortez, Benedito P. Dias-Filho, Celso V. Nakamura. 2006. Estudo
morfoanatômico preliminar do caule e da folha de Acanthospermum australe (Loefl.)
Kuntze (Asteraceae-Heliantheae). Revista Brasileira de Farmacognosia. 16(1): 42-52.
- Rodrigues, J. P. 2006. Anatomia comparada do caule de espécies de Piper L.
coletadas no Horto Florestal “Dr. Luiz Teixeira Mendes”, Maringá, Paraná, Brasil.
Monografia. Curso de Especialização em Botânica Aplicada às Plantas Medicinais
(Departamanto de Biologia, UEM).
- Samantha Suyanni dos Santos, Luiz Antonio de Souza, Káthia
Socorro Mathias Mourão. Morfologia e anatomia do fruto
(pericarpo e semente de Gouania virgata R. (Rhamnaceae).
PIBIC/CNPq/UEM

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