Você está na página 1de 169

A CÚMPLICE DO CEO

CHEGUEI POR VOLTA das oito horas da manhã à recepção do edifício e fui orientada
a caminhar até o corredor leste dos elevadores. O saguão devia ter uns oitenta metros
quadrados, e por ali, desfilavam àquele horário vários tipos de empresários, dos mais
jovens aos mais velhos, dos mais elegantes e bonitos até os mais malvestidos e mal-
encarados.

Subi até o vigésimo andar acompanhada de um grupo de quatro deles que me encararam
como se eu fosse um pedaço suculento de filé mignon logo que botei os pés para dentro
do elevador. Um deles — do tipo malvestido, usando um terno um número acima do seu
manequim — me olhou bem dentro dos olhos e não fez questão nenhuma de ser discreto
enquanto me escaneava até a abertura do meu decote.

Levemente constrangida, tentei me espremer entre eles até o fundo da cabina, e de lá,
não pude deixar de ouvir os cochichos debochados.

— Podia ter seleção para secretária no prédio todos os dias, hein!

E o do terno sobrando no corpo incitou um coro de risadinhas entre os colegas


engravatados. Um outro me olhou pelo espelho ao meu lado e comentou:

— Com uma dessas em meu escritório, até aceitava fazer hora-extra!

Mais risadas e aquele clima de assédio começou a me incomodar. Eu tinha passado


horas para escolher o conjunto de calça e tailleur que usava aquele dia, mas ainda tinha
saído um pouco insegura de casa com os meus cabelos presos para trás e os botões da
blusa fechados até a penúltima casa. Era difícil chegar bonita e asseada a qualquer que
fosse o local depois de se sentir feito uma sardinha enlatada dentro do transporte
público, mas eu precisava muito ser aprovada naquela entrevista de emprego e não seria
um vinco em minha roupa que me tiraria o ânimo.

Nem tampouco os comentários impróprios dos senhores que se elevavam comigo dentro
daquele cubículo a caminho do meu destino.

— Bela bunda, docinho! Não quer ser a minha secretária? Nem precisa de entrevista. Eu
te aprovo agora!

Caminhei para fora da cabina controlando a respiração ao alcançar o vigésimo andar e


me segurei para não dar vexame batendo boca com aqueles imbecis. As suas risadinhas
continuaram ecoando às minhas costas, o “bing” do elevador fechando as suas portas
soou e eu deixei passar toda a minha raiva. Nada podia desviar o meu foco.

A vaga para secretária e assistente pessoal do presidente da companhia de tecnologia


Castle Industrial tinha sido anunciada em seu site oficial na sexta-feira e já na segunda-
1
feira, mais de trinta e cinco garotas com mais ou menos a mesma faixa etária que eu
ocupavam um auditório em frente à sala onde a entrevista seria realizada. Ouvindo por
alto os burburinhos que rolavam entre as minhas concorrentes ao meu redor, descobri
que mais de mil candidatas haviam passado pela primeira peneira de seleção — a
aprovação do currículo — e que reunidas naquela sala estavam apenas as que ainda
tinham alguma chance de ocupar o cargo.

Agora que já cheguei até aqui, irei até o fim, pensei, mentalizando apenas coisas boas.

Eu tinha me formado há pouco tempo no curso técnico de auxiliar administrativo e a


minha única experiência profissional advinha de um período de um ano em que eu tinha
servido como secretária — e faz-tudo — no escritório de mecânica automotiva do meu
tio Tirso, no centro de Calheiras. Tinha floreado o meu currículo dizendo que eu era
“encarregada pelo gerenciamento administrativo” da mecânica, mas não estava muito
longe da verdade já que eu tinha mesmo dado uma organizada na bagunça que encontrei
quando coloquei os meus pés naquele lugar.

O irmão da minha mãe era um homem rude que mal tinha completado o Ensino Médio e
que odiava mexer com a parte burocrática e contratual que o seu estabelecimento
necessitava. Ainda no período que era aluna em meu curso técnico, eu me pus a ajudar o
meu tio com o que eu podia, e depois disso, a mecânica começou a funcionar muito
melhor com ele evitando gastos desnecessários na compra de peças automotivas,
controlando o fluxo de caixa e economizando aquilo que tirava de lucro.

Uma hora e meia de espera depois no auditório, finalmente chegou a minha vez e um
rapaz de olhos grandes e nariz avantajado me chamou junto à porta em posse da minha
ficha de cadastro. Me cumprimentou gentilmente com um aperto de mão firme,
estendeu o braço direito em direção à porta pivotante que separava o auditório da sala
de entrevista e anunciou:

— O senhor Carlos Castellini vai atendê-la agora.

A minha pulsação estava descompassada tão logo passei pelo batente e assim que
levantei os olhos, o vi em pé de frente para a sua mesa alongada de tampo envernizado.
Atrás dele, havia uma janela envidraçada larga com uma bela vista da Zona Leste da
cidade, mas uma vez focada em seu rosto, era difícil prestar a atenção em qualquer outra
coisa.

O CEO da Castle Industrial era um rapaz extremamente jovem com um rosto fino e
alongado. Tinha cabelos loiros-escuros penteados de lado, algumas sardas salpicando a
pele acima do nariz levemente adunco e olhos incrivelmente verdes cor-de-jade. Vestia
um terno Desmond Merrion azul-marinho que devia valer mais que a minha casa e
exalava um perfume muito bom da Dior.

— Prazer em conhecer você, senhorita Sula Villar. Queira se sentar, por gentileza.
2
Ele me cumprimentou com um aperto de mão e indicou a cadeira de encosto em meia-
lua à frente da mesa. Tinha começado a me sentir estranhamente eufórica em sua
presença e ainda não tinha recolhido o sorriso bobo que se formou em meu rosto assim
que o encarei a primeira vez. Carlos deu a volta para se acomodar na poltrona
presidencial de couro vermelho, e então, desceu os olhos para uma cópia da minha ficha
encimando o tampo envernizado.

— Minha equipe analisou o seu currículo, senhorita Villar, e me chamou a atenção o


colégio técnico em que se formou após o Ensino Médio. O Bandeirante João Ramalho é
uma ótima instituição particular de ensino e o seu histórico é mesmo invejável.

Eu tinha prestado um Vestibulinho para que pudesse ingressar no Bandeirante às custas


de uma bolsa de estudos integral. Minha mãe era assalariada e não tinha condições de
pagar as mensalidades caras que o colégio cobrava. Estudar com afinco para mudar a
realidade dura da minha família era o mínimo que eu podia fazer ao final da minha
adolescência.

— Obrigada — agradeci ainda hipnotizada por aquele par de jades a brilharem para
mim.

— Vinte e dois anos, residente no município de Calheiras, experiência como assistente


administrativa — ele estava agora com as costas reclinadas na cadeira e a folha de papel
com os meus dados jazia à meio-metro do seu rosto —, faremos um teste a partir de
amanhã em um de nossos escritórios de administração, mas vejo que tem muitas
chances de se encaixar no perfil que a vaga exige, senhorita…

Sem pensar muito no que estava fazendo, eu o interrompi.

— Sula. Pode me chamar apenas de Sula.

Ele se voltou para mim com semblante entre o atônito e o curioso. Pousou o currículo
sobre o tampo, se inclinou brevemente em direção à mesa e ficou me observando.

O que eu estou fazendo? Pensei, começando a sentir um frio na barriga. Eu acabo de


interromper o rapaz que estava prestes a me dar uma vaga de emprego…

— Sim, Sula. Apenas Sula — ele agora tinha curvado os lábios num sorriso discreto,
mas a testa continuava levemente franzida —, entrevistei mais de vinte moças desde o
primeiro horário da manhã, mas admito que estarei torcendo para que você passe no
teste, Sula.

Eu não era de me envergonhar com facilidade, mas comecei a sentir o meu rosto corar.

— Eu gostei de você — continuou ele —, além de bonita, me parece ser muito


espontânea e segura. Gosto de mulheres assim.

3
Carlos fazia pausas entre as frases para estudar a minha fisionomia e era como se ele
estivesse tentando ler a minha mente, tentando adivinhas tudo o que se passava pela
minha cabeça. Senti um arrepio que percorreu o cóccix até a nuca com aqueles olhares e
era como se eu estivesse completamente nua dentro daquele escritório.

— A que horas eu começo o meu teste? — Perguntei, afoita.

— Esteja na sede da empresa amanhã às oito e venha com os seus cabelos soltos. Acho
que combina mais com o seu visual.

Ele ergueu o currículo, virou a folha branca para o meu lado e me exibiu a foto 3x4 que
estampava o canto superior esquerdo do documento em que eu aparecia com os meus
cabelos encaracolados pretos soltos nos ombros. Fiquei ainda mais enrubescida.

4
A CÚMPLICE DO CEO (PARTE 2)

DUAS SEMANAS APÓS a minha aprovação ao cargo de assistente pessoal de Carlos


Eduardo Castellini Jr., eu comecei a me inteirar melhor sobre o funcionamento dos
diversos setores em que o grupo de tecnologia trabalhava e admito que não foi nada
fácil me acostumar com a rotina quase caótica dentro daquele colosso de concreto, aço e
vidro que emergia em meio à Avenida Padre Manoel Miranda, na Zona Leste de São
Francisco d’Oeste.

Eu tinha sido contratada para servir diretamente Carlos em todas as suas obrigações
diárias à frente da presidência da empresa e era responsável direta pela organização da
sua agenda, por fazer o primeiro contato com os clientes e empresários diversos com
quem ele se reunia constantemente e até mesmo administrar os seus compromissos
pessoais.

Carlos havia assumido as responsabilidades de CEO há pouco tempo, mas a sombra de


seu pai, o homem que havia fundado o império dos Castellini, ainda pairava sobre todos
no interior daquela torre fria e assustadoramente imensa que era a sede da Castle.
Depois da morte do progenitor, ele tinha sido tutoreado à frente dos negócios da família
pelo segundo homem em comando, o ambicioso e calculista Marcos Eiras, mas tão logo
conquistou a sua maioridade, resolveu assumir legalmente o seu lugar junto ao trono do
castelo.

A mãe de Carlos era uma socialite que muitos anos antes do nascimento do único filho
já badalava nas noites de São Francisco d’Oeste ao lado das amigas finas e milionárias
da alta sociedade. Zuzu Castellini, como chamavam Zulmira, era uma mulher envolta
em soberba que não perdia uma oportunidade de aparecer nas colunas sociais à frente
das diversas obras de caridade que inventava para se fingir de defensora ferrenha dos
mais pobres. No fundo, no entanto, odiava cada uma das ações a que se obrigava a fazer
em pró da boa imagem da família abastada.

A morte do marido era envolta em mistério, mas tudo que se sabia publicamente era que
depois dela, tanto mãe quanto filho haviam dobrado os gastos com suas obras
assistenciais e eu mesma acabei tendo que repassar um sem-número de cheques bastante
polpudos para instituições públicas como o Orfanato Céu-Azul que abrigava crianças
carentes num sobrado localizado na Zona Leste, para a Paróquia São Judas Tadeu que
promovia a distribuição de um sopão aos moradores em situação de rua do centro da
cidade e até para o Hospital do Câncer, cujos programas assistenciais atendiam
gratuitamente mais de cento e cinquenta casos todos os meses, além de tratar outras
dezenas de pessoas sem custos adicionais.

Na frente das câmeras fotográficas e de TV, os Castellini pareciam incrivelmente


generosos apesar da sua posição social massivamente privilegiada, mas quanto mais eu

5
trabalhava ao lado de seu jovem herdeiro, mais eu descobria que toda aquela bondade
não passava de uma fachada que escondia uma faceta muito mais obscura sua.

No meu terceiro mês de trabalho, Carlos pediu para que eu cancelasse os seus
compromissos depois das cinco horas da tarde e sentado em sua cadeira presidencial,
começou a afrouxar o nó Windsor da sua gravata grená. Ele estava impressionantemente
lindo em seu Armani chumbo aquele dia e me sentei à sua frente à espera das suas novas
ordens.

— Quer que eu ligue para a sua mãe avisando que não irá ao jantar beneficente com o
desembargador e a sua esposa essa noite, senhor?

Ele abriu o primeiro botão da camisa branca asseada e atirou a gravata sobre a mesa.
Ignorando totalmente a minha pergunta, comigo atenta de caneta em punho prestes a
marcar as suas ordens na agenda que carregava a tiracolo para cima e para baixo, ele me
surpreendeu:

— Você tem companhia, Sula? Um namorado, um ficante, um vizinho… alguém com


quem se divirta de vez em quando?

Senti um leve desconforto em lembrar o quão estagnada era a minha vida amorosa. O
meu último namorado havia me trocado pelo seu colega de quarto numa república de
faculdade, e desde então, nunca mais tinha perdido tempo correndo atrás de homem
algum.

Acenei que não sem dizer nada.

— Pois então solte essa agenda. Hoje você será a minha companhia no jantar.

Eu não estava preparada para aquele convite e quase engasguei quando o ouvi dizer
aquelas palavras.

— Eu? Mas, a sua mãe… o desembargador Humberto Pêssego, a sua esposa Ângela…?

— Minha mãe não precisa de mim para essas reuniões maçantes — respondeu ele direto
—, ela sempre se virou muito bem com o bando de hipócritas com quem anda. Hoje eu
quero uma companhia mais agradável, e pelo que sei, você é paga para andar comigo
aonde quer que eu vá.

Aquilo tinha me soado levemente coercitivo, mas nem de longe me achava no direito de
contrariar Carlos. Lhe pedi um tempo para que eu pudesse dar uma realçada em minha
maquiagem, e menos de vinte minutos depois, eu o estava acompanhando no banco de
trás da Mercedes preta onde costumeiramente ele rodava pela cidade em seus
compromissos.

6
O D’Avignon era um bistrô fino frequentado pela mais alta casta de famílias tradicionais
de São Francisco d’Oeste e eu um nunca tinha colocado o meu nariz além do hall de
entrada do local. Só em estar ali respirando o mesmo ar daqueles ricos e famosos, era
como se a minha conta bancária ficasse ainda mais no vermelho e eu nem arrisquei
espiar o preço dos pratos e das bebidas disponíveis no menu. Carlos se encarregou de
pedir tudo por nós dois e enquanto esperávamos pelo prato de entrada, o maître nos
serviu um Bordeaux em duas taças.

— Você mora com os seus pais, Sula? — Me questionou ele, demonstrando um


interesse inédito pela minha vida pessoal. Estávamos sentados de frente um para o outro
e após sorver um gole do vinho, fixou as pedras de jade em meus olhos.

— Com a minha mãe. O meu pai já é falecido.

Tínhamos aquilo em comum e deu para perceber o seu cenho se fechando brevemente.
Falar de Carlos Eduardo Castellini Sênior ainda lhe era doloroso, mesmo há mais de
dois anos da sua morte.

— E você não sai para se divertir? Não tem amigos, colegas para ir a festas, bares ou
boates?

Eu tinha descoberto quem realmente eram os meus verdadeiros amigos no dia em que
eu enterrei o meu pai, e além de mim, da minha mãe e de alguns tios do interior, apenas
duas pessoas se indignaram a comparecer ao último adeus do meu velho. Tessa e Tom,
meus companheiros dos tempos de Ensino Médio, ficaram ao meu lado até o fim
daquele dia terrível e seguraram a minha mão em todas as vezes que precisei me
consolar com os dois. Eu os amava por isso.

— De vez em quando… — respondi sem muito ânimo —, não sou boa dançarina, mas
gosto de mexer os quadris sempre que vou a alguma festa com a Tessa ou com o Tom.

Carlos não tinha o costume de sorrir. No máximo flexionava os lábios, mas logo tornava
a ficar sisudo. Era um rapaz sério em demasia e por vezes, o seu tom rude me soava até
assustador. Embora fosse estranho admitir aquilo, eu gostava do frio na barriga que
aquele seu ar autoritário me causava. Eu o achava avassaladoramente atraente.

— Eu também não tenho muitos amigos — começou a dizer com os olhos perdidos no
fundo da taça de cristal —, com o tempo, acabei me afastando das pessoas que se
diziam minhas companheiras. O meu status social e o meu padrão de vida acabou
espantando de vez aqueles que ainda tinham algum apreço por mim. Tudo que restou
foram as aproximações por interesse.

Eu era boa em analisar fisionomias e pela primeira vez em muito tempo, detectei um
traço de tristeza na máscara quase sempre gélida que Carlos usava para esconder seus
sentimentos.
7
— Mas você ainda tem a sua mãe, tem o doutor Eiras… tem a senhorita Renata…

Renata Alves era uma fotojornalista que trabalhava num tabloide chamado A Gazeta. Os
dois tinham se conhecido durante uma das ações beneficentes organizadas por Zuzu, e
desde então, não tinham mais se afastado. Apesar de muito bonita com seus longos
cabelos castanhos e a pele alva feito papel, a fotógrafa não parecia fazer o tipo de
mulher que atraía Carlos. Eu não sabia o que os mantinha juntos, mas aquela noite ele
resolveu se abrir comigo.

— A Renata é um instrumento que tenho usado nos últimos anos e que ainda me tem
sido útil. Eu não a amo e nem nunca vou amar. A mantenho por perto por pura
conveniência profissional. Nada além disso.

Havia frieza em seu tom de voz e enquanto ele exalava gelo pelo ar, o fogo começava a
me queimar feito brasa entre as pernas. Quanto mais Carlos me parecia arrogante e
distante, mais eu me interessava por ele.

8
A CÚMPLICE DO CEO (PARTE 3)

DEPOIS DAQUELE JANTAR privado no D’Avignon e das revelações mais íntimas


feitas a mim por ele, Carlos passou a me tratar de maneira diferente sempre que
ficávamos a sós e era quase como se eu tivesse me tornado a sua confidente.

Cada vez que eu o acompanhava num drinque, seja no bar interno do Hotel Carrara ou
no espaço VIP do Cassino Santisteban, Carlos me contava um pouco mais sobre como o
pai havia construído o império do qual ele agora era o dono e não demorou até que eu
descobrisse cada um de seus segredos muito bem guardados.

— A meu pedido, a imprensa da cidade tirou do ar notícias da época que revelavam o


verdadeiro motivo que levou o meu pai à morte. Com o tempo, as notícias sobre o
passado obscuro do meu velho foram atenuadas e hoje quase ninguém mais lembra do
que realmente aconteceu. A memória do povo é curta para esse tipo de coisa!

Estávamos ocupando uma das mesas mais ao fundo do bar do cassino, e dali, quase não
era possível ouvir o som eletrônico das máquinas caça-níquel e da gritaria em torno das
mesas de pôquer. Um garçom vestido num colete preto e de gravata borboleta passeava
entre as mesas anotando e servindo os pedidos. Aquela noite, Carlos tinha pedido um
uísque sem gelo e eu o tinha acompanhado.

— O que pode haver de tão errado no passado do seu pai para que as pessoas tenham
que esquecer?

Os faróis verdes brilhavam um tanto quanto azulados sob as luzes acima das nossas
cabeças. Ele segurou o copo largo com firmeza, tomou um gole generoso do seu
cowboy e então, respondeu sem mais rodeios:

— A Castle não é apenas uma empresa que projeta e fabrica equipamentos tecnológicos
para uso da indústria de engenharia civil/urbana e do mercado de próteses mecânicas,
Sula. As ligas metálicas para a construção de prédios e pontes, os servos-motores, os
membros protéticos, as cadeiras de rodas motorizadas… é tudo uma grande fachada
para o que realmente comercializamos por de trás das cortinas.

Eu estava realmente curiosa em saber mais.

— Eu percebi que algumas notas fiscais e relatórios de compra e venda que passam
pelas minhas mãos, às vezes, me parecem inflacionados demais para o tipo de coisa que
a empresa fabrica… mas, não achei que houvesse algo de perverso por trás disso.

Sorri, tendo a minha vontade própria alterada pelo álcool que consumia exageradamente
aquela noite.

9
— A verdade, Sula — e ele se inclinou em minha direção, quase encostando os lábios
no lóbulo da minha orelha esquerda —, o Eiras e eu somos mercadores de equipamento
bélico. Nós vendemos armas para quem tem dinheiro para comprar. Mercenários,
milícias, agentes do Governo, traficantes… dinheiro é dinheiro. E quem estiver disposto
a gastar conosco sempre terá um lugar à mesa das negociações.

O sorriso que quase nunca aparecia deu um “oi” tímido e me vi ainda mais interessada
no mecanismo usado por ele e o tutor para ludibriar a opinião pública acerca do real
papel que a Castle Industrial ocupava como uma das empresas mais lucrativas do seu
gênero no país.

— Mas, o que isso tem a ver com o falecimento do seu pai?

Ele me encarou mais uma vez sério.

— Tudo — respondeu de uma vez —, o meu velho se envolveu com as pessoas erradas
para continuar em ascendência na cidade e foi julgado e preso por isso. Enquanto ele
aguardava pela redução de pena, os nossos inimigos organizaram uma rebelião dentro
do presídio e ele acabou morrendo asfixiado dentro da sua cela especial. Se ele fosse
mais esperto, o seu fim prematuro seria sido evitado e eu estaria agora em algum país
latino tomando mojitos, aproveitando o sol e gastando a grana da família sem mais
preocupações.

Eu tinha ficado ainda mais fascinada pela história dos Castellini e não podia mais negar
a mim mesma que o poder que a família exercia na cidade de pouco mais do que 180
mil habitantes me deslumbrava. Carlos havia me revelado que o pai fazia parte de uma
organização extremamente influente que dominava não só os meios de comunicação
locais, mas também a delegacia de polícia, o tráfico de drogas, a câmara dos vereadores
e até mesmo o próprio gabinete da prefeitura.

Com a morte do homem, quem agora ocupava a vaga deixada por ele no misterioso
conselho era o próprio herdeiro, motivo pelo qual, às vezes, Carlos me mandava mais
cedo para casa e não deixava que eu o acompanhasse nas reuniões extraoficiais da qual
participava, geralmente, em locais não anunciados.

— Agora que sabe sobre esses detalhes mais secretos sobre os meus negócios, você
pode me acompanhar nessas reuniões mais privativas, Sula.

Eu estava me sentindo incapaz de controlar os meus próprios desejos, mas naquele


momento, não era o uísque falando por mim. Era a minha própria voz dizendo:

— Eu vou adorar ser a sua cúmplice.

O carro escuro dirigido por Valdo, o motorista dos Castellini de pele parda e olhar
discreto, estacionou à porta do Hotel Carrara por volta das onze horas da noite. Carlos

10
dispensou o serviçal com apenas um gesto e logo em seguida, nos dirigimos juntos até a
recepção. Eu sabia de antemão que o meu patrão possuía uma suíte no décimo quinto
andar da luxuosa hospedaria em seu nome e bastou que ele estendesse um cartão por
sobre a superfície lisa do balcão para que o homem do outro lado lhe entregasse uma
chave em mãos.

Subimos lado a lado os quinze andares pelo elevador e não trocamos nenhuma palavra
naquele ínterim.

Por dentro, eu estava explodindo de ansiedade, mas sabia disfarçar muito bem os meus
anseios, uma das razões pela qual tinha sido aprovada em meus testes para servir como
a sua assistente pessoal.

Carlos abriu a porta para que eu entrasse primeiro e passou a chave com a tranca. Luzes
automáticas se acenderam sobre as nossas cabeças depois que atravessamos a antessala.
O vi tirando os sapatos ainda próximo ao balcão de um bar particular fixado à leste da
suíte e ele mandou:

— Tome um banho e me espere no quarto.

Não tínhamos combinado nada anteriormente, mas eu não era nenhuma garota inocente
para não saber o que estava prestes a acontecer dentro daquela suíte. Como ele pediu, eu
me dirigi ao banheiro ao fundo do quarto. Despi as minhas roupas, liguei a ducha e
comecei a me lavar sem muita pressa ou afobação. Apesar de ele ser um rapaz
comprometido, eu sabia exatamente o papel que a fotógrafa branquela ocupava em sua
vida e não havia qualquer remorso da minha parte em cair nos braços do homem com
quem ela dividia a sua vida há bem mais de um ano.

Quando retornei ao quarto enrolada apenas com um roupão branco que tinha sido
colocado estrategicamente ao lado do box, os meus cabelos ainda caíam molhados em
minhas costas. Caminhei em direção à cama, flexionei uma das pernas e me sentei à sua
espera. Dava para ouvir o som dos cubos de gelo tilintando no copo na parte de fora,
mas não demorou para que ele se juntasse a mim.

Eu estava trêmula quando ele estacou a menos de um metro de distância, em pé diante


de mim e quase me encharquei inteira quando o ouvi dizer com voz sussurrada:

— Vamos ver se o que tem embaixo desse roupão corresponde ao que eu fantasiava
sempre que te via chegando em minha sala, pronta a me servir.

Carlos correu o dorso no indicador direito suavemente em meu rosto e deslizou a mão
grande até a gola do meu roupão. Fiquei parada enquanto o tecido grosso começava a
deslizar pelos meus ombros, descortinando a minha pele nua.

— Perfeitos!

11
Carlos se ajoelhou diante de mim tão logo abaixou a minha roupa até a altura da minha
cintura. Observou com olhos atentos os meus seios e testou a sua firmeza percorrendo a
ponta dos polegares na parte inferior dos dois. Circundou as minhas aréolas com
delicadeza e então, acariciou os mamilos. Um a um. Devagar.

— Simplesmente perfeitos.

O herdeiro dos Castellini mandou que eu me virasse de costas com um gesto e eu o


obedeci. Segurou a minha cintura me mantendo ajoelhada sobre a cama, então, se
apressou em me despir por completo. Tateou os meus quadris com firmeza antes de se
encostar a mim por trás, depois, aplicou um beijo em meu pescoço que me desmontou
inteira. Senti cada um de meus pelos se arrepiar e algo quente começou a escorrer de
dentro de mim.

— Eu sabia que você era a melhor escolha entre tantas outras candidatas ao seu cargo,
Sula. Nenhuma delas seria tão perfeita quanto você.

Um novo estalar agora mais próximo do meu lóbulo e senti pela primeira vez as nossas
peles se tocando. Carlos já havia se livrado da sua calça e não havia mais nada que
impedisse o que estava prestes a acontecer no interior daquela suíte.

12
A CÚMPLICE DO CEO (PARTE 4)

CARLOS AGARROU OS MEUS cabelos com força por trás e encaixou o seu membro
totalmente ereto entre as minhas pernas, me mantendo levemente inclinada para a
frente. Me encontrou bastante umedecida na parte de baixo e não teve dificuldades em
se empurrar para dentro de mim, embora eu estivesse sem prática há vários meses.

— Um pouco mais devagar, por favor…

O meu pedido foi ignorado por ele e embora aquela fosse a nossa primeira vez juntos,
ele quis logo mostrar quem é que estava no controle.

Depois de fazer com que eu me acostumasse à sua espessura por muito tempo de costas,
o rapaz quis me tomar de frente e se deitou sobre mim soltando todo o peso do seu
corpo. Começou a me aplicar beijos sufocantes na boca e entre raras pausas para que eu
tomasse fôlego, ele elogiava o quanto eu era quente e úmida.

A cama sob nós permaneceu inabalada, e por muito tempo, apenas os nossos gemidos
ecoavam no espaço amplo daquela que era uma das suítes mais caras do hotel de luxo.
O Carrara pertencia a Paulo Menezes, o milionário que era também dono do cassino,
do principal banco da cidade e de mais um sem-número de imóveis na cidade. O quarto
havia sido cedido aos Castellini como um trato de cavalheiros feito há muito tempo
entre o banqueiro e Carlos Eduardo Sênior e eu tinha certeza que não era a primeira e
nem seria a última mulher a frequentar aquele lugar para o deleite daqueles homens
poderosos.

Ao final das primeiras duas horas de práticas sexuais intensas sobre o colchão macio e
silencioso, eu estava sentindo dor em músculos que eu nem sabia que tinha pelo corpo,
mas Carlos parecia intacto.

Andou ainda nu até o bar, se serviu de mais uma dose do seu cowboy predileto e me
ofereceu um copo. Eu estava sedenta.

Enquanto ele descansava deitado ao meu lado, eu passei a observar com mais calma o
seu corpo esguio e fiquei admirada. Ele tinha pelos ralos e dourados que percorriam
quase toda a área do abdômen até o peito e os seus músculos eram definidos nos braços.
Não era nenhum Hércules de força, mas também não era nenhum garoto mirrado e
fracote. Fiquei a acariciá-lo enquanto me deitei perto dele. Estava me sentindo muito à
vontade e me vi segura para brincar:

— A parte do “praticar sexo casual com o CEO da empresa” estava nas letras miúdas do
contrato de trabalho que eu não li ou é uma cláusula nova que ainda não foi adicionada?

13
Ele estava deitado de costas para a cama e os lábios desenharam uma curva um pouco
mais acentuada do que de costume. Sua mão direita se encheu com uma quantidade
volumosa dos meus cabelos por trás da minha nuca e ele me forçou a olhá-lo nos olhos.

— As coisas que confidenciei a você essa noite não devem ser comentadas ou sequer
mencionadas a ninguém exceto nós dois, está me entendendo?

Carlos estava segurando os meus cabelos de uma maneira meio bruta e apenas fiz que
sim com meus olhos focados nos dele.

— Eu tenho inimigos pela cidade que adorariam descobrir cada um dos segredos que se
escondem por trás das instalações do prédio que hoje eu controlo e que pagariam
qualquer preço para tê-los em seu poder. Eu confio em você, mas se pensar em trair essa
confiança, você sabe o que vai acontecer, não sabe?

Aquela era uma ameaça velada e outra vez eu fiz que sim, sentindo os seus dedos
tocando a minha cabeça por entre os cachos dos meus cabelos e a dor do puxão começar
a causar um ardor em meus olhos.

— Eu… Eu jamais o trairia… Desde o primeiro momento em que pisei em seu


escritório, eu sinto aqui dentro — e eu toquei de leve a altura do meu coração com a
mão direita, por entre os seios — que eu pertenço a você de corpo e alma. Se deixar, eu
vou ser a sua mais fiel companheira. Eu estou disposta a ficar ao seu lado para sempre, a
enfrentar toda e qualquer pessoa que lhe queira fazer mal. Eu já sou sua por inteiro.
Basta você confiar em mim e me tomar por completo.

Os olhos verdes do CEO jovem e loiro arderam em chamas naquele momento e ele não
hesitou em me puxar para cima do seu colo. Enquanto segurava um dos lados da minha
face com a sua mão, introduzindo a ponta do seu polegar por entre os meus lábios, eu o
fiquei provocando por baixo até que estivesse de novo em riste e nós voltássemos a
transar.

— Você é minha por inteiro, hein? — Perguntou, massageando meus seios enquanto me
deixava cavalgar em cima dele.

— Sim, todinha sua… todinha!

Carlos me agarrou com força me tomando para um beijo quente e indecente que me
deixou ainda mais excitada. Enlaçou a minha cintura com seus braços definidos,
descansou as mãos em minha bunda e ficou a me aplicar tapas, mandando que eu
afirmasse o que já tinha dito antes.

— Você é minha, Sula? Só minha?

— Todinha sua, senhor… todinha…

14
Depois daquela noite intensa no interior da suíte do Carrara, eu e o meu CEO nos
tornamos cúmplices. Eu tinha feito questão de demonstrar a ele o quanto eu passaria a
ser de sua total confiança, e de uma maneira ou de outra, o herdeiro não duvidou da
minha palavra.

Como eu tinha confidenciado em nossa alcova, eu havia me sentido atraída por ele de
uma maneira magnética desde que pisara pela primeira em seu escritório e era em nome
daquela atração que eu pretendia dedicar cada um dos dias de vida que ainda me
restavam a Carlos e à Castle. Eu era dele e era a seu lado que eu desejava estar.

Alguns dias depois, a cidade se viu tomada por uma sequência de ataques terroristas que
começou a causar todo tipo de tumulto e perturbação à paz dos moradores. São
Francisco d’Oeste já era uma metrópole violenta mesmo antes da guerra de gangues que
havia eclodido nas ruas por conta do controle do narcotráfico local, mas naquele
período, me deslocar de um ponto a outro que fosse para buscar um café na Coffee Land
da esquina, era como caminhar em um campo minado pronto a nos fazer em mil
pedaços.

Por causa daqueles conflitos armados com foco nas periferias, mas que também estava
afetando os moradores dos bairros mais nobres, Carlos tinha ficado ainda mais irritado
no dia a dia e eu sabia que algo de muito grave estava acontecendo. Embora, a
princípio, ele não quisesse me envolver naquela história para me proteger, certa tarde
ele me chamou em seu apartamento na Zona Norte e me contou tudo sobre o barril de
pólvora que São Francisco d’Oeste havia se tornado.

— Lembra dos inimigos que eu comentei com você certa vez? — Eu estava sentada ao
seu lado no sofá de couro da sala de estar. Assenti com a cabeça à sua pergunta — Eles
tentaram hackear os servidores da Castle Industrial, roubaram cargas valiosas que
saíam da cidade para serem vendidas fora… eles destruíram a fábrica que o meu pai
fundou no interior de São Paulo… os canalhas mandaram tudo pelos ares!

Eu nunca o tinha visto tão transtornado. Me levantei do meu assento, me aproximei dele
e fiz com que aninhasse a sua cabeça entre os meus seios procurando tranquilizá-lo.

— Vai ficar tudo bem. Você tem aliados. Eles hão de arranjar uma solução para conter
essas pessoas que estão te atacando. Tudo vai se resolver.

Carlos enlaçou os braços em torno dos meus quadris e enquanto eu o acariciava os


cabelos, suas mãos começaram a me apertar forte por baixo da saia que usava.

— Ah, Sula! Às vezes eu sinto que só tenho você para me apoiar. O mundo está
desmoronando ao meu redor… você é o meu único porto seguro.

As carícias começaram a ficar mais intensas por baixo da minha roupa e eu senti que ele
tinha ficado excitado com a minha aproximação. Fazer sexo era uma das formas que
15
Carlos tinha de extravasar as pressões que o seu cargo de presidente do grupo Castle
exerciam sobre ele e eu me sentia bem em poder ajudá-lo daquela maneira.

— Isso, meu senhor… descarrega essa tensão. Me usa. Pode me usar.

As mãos se fecharam em torno da minha bunda e ele começou a abocanhar os meus


seios por cima da minha blusa. Facilitei o seu serviço desabotoando a roupa e ele não
esperou mais nada para colocar os meus bicos na boca um a um, sugando com
violência.

— Você é minha Sula… todinha minha!

Sem paciência para esperar que eu a deslizasse pelas pernas, Carlos puxou a minha
calcinha pequena de maneira bruta e a rasgou nas laterais. Abaixou as calças, me botou
sentada de frente em seu colo e me fodeu com muita pressa. Senti dor.

— Só você faz eu me sentir seguro, Sula… só você.

Agarrado a mim feito um animal feroz, Carlos ficou estapeando a minha bunda
mandando que eu cavalgasse com cada vez mais força. Alternava a língua entre os meus
mamilos e a minha boca sem parar de me tocar um só instante com as mãos.

— Você é o meu porto seguro, Sula…

Eu existia para servi-lo e não me envergonhava disso.

Após algumas horas de sexo e de uma massagem relaxante, saí do apartamento do


jovem Castellini com a sensação de dever cumprido. Ele parecia bem menos nervoso e
tinha ficado mais focado em descobrir uma solução para os seus problemas.

Caminhei até o elevador de serviço do prédio a fim de não levantar suspeitas da minha
presença ali num fim de semana e prometi a ele que quando fosse necessário, era só me
chamar. A partir de então, eu sempre estaria presente, e com o tempo, como eu tinha
planejado, me tornei a pessoa em quem ele mais confiava no mundo inteiro. Eu tinha o
meu CEO na palma da minha mão e ele nem sequer desconfiava disso.

16
AS PRIMAS DA NOIVA

EU NÃO ESTAVA NAQUELA festa exatamente por causa da prima de Natalie que
estava se casando com um advogado mineiro ricaço, embora aqueles momentos em
família fizessem com que eu me sentisse mais responsável indo a compromissos com os
parentes da namorada.

Não.

Eu estava ali mais pela farra, só esperando o momento em que estaria me divertindo
com o meu amigo Henrique Schneider, a sua noiva Valéria Weber e a espevitada prima
da minha namorada, Kelly Ferraz, na luxuosa casa alugada pelo noivo para que os
familiares ficassem hospedados.

Estávamos em Minas Gerais, há muitos quilômetros de meu habitat natural, a Terra da


Garoa, mas tudo até então havia sido bem divertido. Henrique, Natalie e eu nos
conhecíamos há vários anos, da época em que nossos pais empresários faziam negócios
na sala enquanto brincávamos de “Salada Mista” com nossos outros amigos do círculo
de convivência.

Natalie e eu tínhamos ficado muito ligados desde a nossa época de adolescência e não
demorou para que quiséssemos nos abrir para uma relação mais estável, que
infelizmente, durou pouco. Mal tínhamos completado seis meses de namoro quando
Augusto, o pai dos irmãos Schneider, resolveu levar toda a família para o Rio de
Janeiro, estado onde os descendentes de alemães haviam se estabelecido desde que
haviam desembarcado no Brasil durante os anos 40.

Com a separação, Natalie e eu perdemos contato por um tempo e só algum tempo


depois, quando ela e Henrique retornaram para São Paulo a fim de cursar faculdade, é
que voltamos a ser os amigos inseparáveis de sempre. Natalie se mostrou favorável a
que reatássemos o nosso namorinho de adolescência e o seu irmão nos deu a sua benção
para que ficássemos juntos, eu e ela.

O clima para o casamento em Minas estava bastante agradável desde a viagem de carro
do aeroporto até a casa, as besteiras contadas por Henrique com o apoio de Valéria no
caminho, os preparativos para a cerimônia religiosa numa capela especialmente
construída para a ocasião e a expectativa do próprio casal com a aproximação da viagem
definitiva para o Rio de Janeiro, agora que tal data estava tão próxima.

Natalie queria adiar ao máximo a ida do irmão Henrique para o Rio, e ficava chateada
com o assunto, embora soubesse que era inevitável a separação deles. Ele, no entanto, se
divertia a vendo ficar brava com o assunto e a provocava cada vez mais dizendo que ela
teria que aprender a viver sem ele.

17
— Está na hora de você sair do meu pé, pelo amor de Deus!

É claro que tudo aquilo era brincadeira, mas eu costumava sentir um pouco de ciúmes a
vendo tão próxima do seu irmão, mesmo sabendo tudo que eles faziam entre quatro
paredes pouco ligando para sua condição fraternal. Eu estava cada vez mais apegado à
Natalie, e nem estava me dando conta disso.

Na hora da festa, após a cerimônia religiosa, Natalie e Valéria estavam lindas com seus
vestidos longos de decotes provocantes e chamaram toda a atenção em meio aos
convidados. A minha namorada havia levado dias para se decidir pelo modelo azul-
celeste que combinasse melhor com o sapato de salto alto e o colar que ela havia
escolhido usar e eu a acompanhei em algumas lojas durante aquele processo de escolha.
Como fotógrafa, ela sabia a importância de se produzir para posar em um momento que
seria eternizado em fotografias, por isso, queria estar deslumbrante no álbum de
recordações do casório da prima.

Podia parecer força de expressão, mas eu sabia que Natalie conseguiria se destacar de
qualquer maneira, até mesmo se estivesse enrolada em jornal ou coberta por folhas de
parreira. Aquele dia, o delineado escuro que usava em torno dos olhos realçava ainda
mais o brilho azul do par e os seus cabelos dourados estavam cacheados, dando a ela um
aspecto quase angelical. Eu estava muito orgulhoso em poder desfilar com aquela
tremenda obra da natureza pelo espaço dos convidados.

Valéria, a noiva de Henrique, também estava muito bem-vestida durante a festa e


ostentava os seios fartos num modelo de vestido preto sem alças. Eu e meu amigo
tínhamos apostado em ternos parecidos com cor escura, mas ele havia optado por usar o
paletó sem gravata por baixo, enquanto eu usava uma na cor grená.

Após a cerimônia na capela, Natalie me levou para cumprimentar pessoalmente a sua


prima Miriam e a encontramos ainda vestida de noiva com a grinalda espalhafatosa
presa aos cabelos loiros cortados em estilo Chanel. Era a primeira vez que nos
encontrávamos pessoalmente e eu desejei felicidades a ela e a Cássio, o marido, que
agradeceu com um sorriso lânguido no rosto envolto por uma barba espessa.

— Muito obrigado. Fico muito feliz que tenham vindo de São Paulo para prestigiar um
momento tão importante para nós dois.

Os olhares dos recém-casados se cruzaram e foi a vez de Natalie dizer:

— Não poderíamos deixar de vir. Foi mesmo uma cerimônia muito linda. Me emocionei
muito.

Os pais de Natalie e Henrique já tinham se espalhado pelo salão de festas tão logo a fila
para os cumprimentos aos noivos se dispersou. Augusto e Stephanie, meus futuros
sogros, tinham viajado para Minas Gerais separados dos filhos num voo que partiu mais
18
cedo do Aeroporto Internacional de Guarulhos e eu quase não os vi em meio as mais de
cem pessoas que se espalhavam pelo ambiente movimentado. O velho Schneider nunca
tinha ido muito com a minha cara apesar de ele possuir uma relação saudável com a
minha família, em especial o meu pai, e eu só tinha de agradecer por aquele afastamento
durante a festa. Tinha ouvido a minha vida inteira as críticas do senhor Fausto Monterey
sobre eu não ser uma pessoa de confiança, não precisava tornar a ouvir aquilo também
do pai da minha namorada.

Eu tinha visto Kelly pela manhã de relance acompanhada da mãe no pátio do


condomínio assim que cheguei trazendo Natalie, Henrique e a noiva dele, mas tinha
sido tão rápido que nem havia a cumprimentado direito. Durante a festa, a reencontrei e
só então tive a primeira oportunidade de conhecer a sua mãe.

Cláudia Ferraz era uma publicitária paulista que trabalhava em uma agência muito
renomada de nome Illuminare na Vila Mariana. Era prima de primeiro grau de Natalie e
irmã de Miriam, a moça que estava se casando aquele dia. Sempre ouvia falar muito
bem dela, mas nunca tinha tido a oportunidade de conhecê-la cara-a-cara.

Quando Natalie me apresentou a ela, reconheci na hora os belos olhos verdes que Kelly
havia herdado e fiquei encantado pela sua beleza. Cláudia era alta, devia medir mais de
um metro e setenta, tinhas cabelos loiros ondulados caindo nas costas e possuía um
charme irresistível no alto de seus 33 anos. A figura perfeita que eu fazia de sua filha
quando eu a imaginava crescida.

Foi extremamente simpática comigo e fez questão de enfatizar o quanto a filha gostava
de passar os finais de semana conosco, seja na casa de veraneio dos Schneider, no litoral
sul, ou na casa de praia dos meus pais, no litoral norte.

— Como vocês bem sabem — disse a moça —, a minha vida de publicitária não me
permite muito tempo para mais nada e eu só posso agradecer que tenho a Nat e o Rique
para fazer companhia à Kelly enquanto trabalho na agência.

Claudia tinha perdido o marido seis anos após o nascimento da sua primeira e única
filha. Aquele fato havia impactado a todos e foi necessária uma cooperação mútua entre
os Schneider para que tanto a mulher quanto a menina conseguissem superar a morte
prematura do corretor que havia sido vítima fatal de um infarto fulminante.

Como resultado disso, tanto Natalie quanto o seu irmão tinham se proposto a cuidar da
prima de segundo grau enquanto a sua mãe retornava ao trabalho na agência de
publicidade e a menina meio que cresceu tendo a prima mais velha como uma espécie
de irmã. Foi por meio de Natalie que, algum tempo depois, eu acabei conhecendo a
Kelly e nós nos afeiçoamos.

— Oi, tio Digo! Faz tempo que a gente não se vê!

19
Kelly costumava me chamar de “tio Digo” desde que Natalie, ela e eu passamos a nos
encontrar mais vezes por conta do meu namoro com a herdeira dos Schneider. Ela era
uma criança naquela época e tinha crescido um bocado desde então. Sua voz estava
mais firme, os gestos estavam mais contidos e ela já exibia o mesmo charme da mãe a
cada movimento que fazia. Me pareceu que fiquei uns trinta minutos ali embasbacado
olhando para ela, mas foi rápido o momento em que a garota e a mãe se afastaram, se
despedindo momentaneamente de Natalie e de mim. Aquele reencontro havia sido
mágico.

Passadas duas horas, aquela festa começou a ficar enfadonha, principalmente por que os
micos haviam sido pagos todos na meia hora inicial, não sobrando mais nenhum para o
decorrer da comemoração. O noivo dançando funk numa coreografia muito
desengonçada e as madrinhas se estapeando para pegar o buquê haviam sido os pontos
altos, e por algum tempo, nos esquecemos fácil que aquela era uma festa de alta
sociedade.

Um casamento no subúrbio de São Paulo teria sido igualmente hilário, mas com certeza
manteria os momentos de diversão até o fim, diferente daquele que já havia me enchido.
Natalie percebeu rápido que eu estava farto daquela besteirada e se ofereceu para ir
comigo até o quarto reservado a nós, dando como encerrada a festa para ela também.
Estava meio cansado devido à agitação daquele dia, e tudo que quis aquela noite foi
dormir abraçado com Natalie, que concordou sem se chatear, já que ela parecia querer a
mesma coisa.

20
AS PRIMAS DA NOIVA (PARTE 2)

NA MANHÃ SEGUINTE, os convidados ainda perambulavam pelo condomínio com


as suas roupas de banho se dirigindo à piscina e eu aproveitei o embalo para me juntar
aos mineiros. Encontrei Henrique e Valéria em esteiras a beira d’água conversando
alegremente com mais alguns parentes dos noivos e acabei sendo apresentado a alguns
deles pelo meu amigo de cabelos loiros.

— Tio Álvaro, esse é o Rodrigo, o meu amigo lá de São Paulo que é filho do senhor
Fausto Monterey dono da construtora.

Álvaro Schneider era o pai de Miriam e era alguns anos mais velho que Augusto, o meu
sogro. Era um sujeito robusto com barba e cabelos já bem grisalhos e cuja voz soava
como um trovão cada vez que falava.

— Eu cheguei a conhecer o senhor seu pai, rapaz — disse ele, vestindo uma camiseta
branca, calção largo e chinelos de dedo —, um homem de muita visão. Meu irmão e eu
fizemos vários negócios entre as nossas imobiliárias e a construtora dele. Quando voltar
para São Paulo, não se esqueça de mandar lembranças minhas a ele.

— Vou mandar, com certeza.

Além do velho Álvaro, conheci também um dos irmãos do noivo Cássio que trabalhava
na área de agropecuária em Betim. Eu não entendia nada sobre o assunto e a nossa
interação foi muito breve, para não dizer inexistente. Fiquei mais algum tempo à beira
da piscina me fazendo de interessado ao que o sujeito magro de cabelos ralos dizia e
pouco depois me afastei, me despedindo cordialmente. Henrique tinha muito mais tato
do que eu para esse tipo de contato social e continuou aturando aquela conversa chata.

Aproveitando que Natalie tinha preferido esticar um pouco mais o seu tempo na cama,
resolvi dar umas bandas pelo ambiente espaçoso de férias para ver se aquele casamento
podia me render mais do que a diversão passageira da noite anterior. Ao em vez de
topar com alguma mineirinha faceira que me divertisse mesmo que momentaneamente,
bati os olhos em um par de pernas maravilhosas que me fizeram tropeçar num chinelo
largado ali no chão. Os membros alongados, muito bem torneados e bronzeados me
chamaram tanto a atenção que nem me dei conta em observar a quem eles pertenciam,
foi quando uma voz suave me trouxe de volta à realidade.

— Oi, tio Digo! Senta aqui com a gente.

Me deparei com Kelly sentada numa das várias esteiras perfiladas à beira d’água e ela
estava linda com seus cabelos alourados molhados após um banho de piscina e vestida
com um biquíni rosa bem cavado. Logo ao seu lado, usando um par de óculos escuros e

21
com a sua pele úmida a sua mãe Cláudia se mostrou por de trás de uma revista que lia
ocultando o rosto bonito. Era ela a dona do par de pernas torneadas.

— Oi, Rodrigo, que bom que chegou. Essa mocinha não parava de perguntar por você e
pela Natalie. Gostaria de saber o que vocês fazem com ela quando estão juntos pra que
goste tanto de vocês!

Claudia desceu os óculos levemente um pouco abaixo da linha dos olhos e aquela
manhã o par brilhante brilhava quase azul pela refração da luz do sol a bater na água da
piscina às minhas costas. Dei um riso meio desconcertado e procurei evitar responder a
sua dúvida.

— Que surpresa encontrar vocês por aqui também. Parece que todo o mundo teve a
mesma ideia de vir à piscina logo pela manhã!

A moça me fitou de um jeito estranho parecendo ter desconfiado da minha mudança de


assunto, mas estava me observando atentamente, quase como se quisesse me filmar com
os olhos.

— Não parece haver lugar melhor que esse numa manhã tão bela de sol, não é mesmo?

Cláudia possuía um sorriso largo e radiante de dentes alinhados e lábios volumosos. Era
meio hipnotizando vê-la flexionar os músculos da face para demonstrar satisfação e por
um momento, comecei a pensar em coisas impróprias como devia ser bom beijá-la.

— …no quarto?

Foi tudo que ouvi da sua pergunta de tão extasiado que estava esquadrinhando cada
centímetro daquele belo rosto jovial. Tive que pedir para que ela repetisse o que tinha
dito.

— Perguntei se a Natalie ainda está no quarto…

— Ah… Desculpe. Me perdi por um segundo… — Admiti —, mas sim, ela ainda está
no quarto. Estava meio cansada da viagem ainda até Minas…

Quando o olhar de Claudia se perdeu numa revista que segurava, a folheando


distraidamente, tive a oportunidade de lhe dar boa olhada em seus seios grandes
estufando o biquíni escuro que vestia. Voltei a minha atenção ao seu rosto quando
voltou a falar:

— Às vezes, eu lamento por não ter podido conviver tanto com a Natalie e o Henrique
quanto queria. Meu trabalho consome quase todo meu tempo e eu mal tenho um
segundo de sossego para estar com a família. Até a Kelly está crescendo sem que eu
acompanhe diariamente…

22
E seus olhos foram dos meus aos de Kelly, ali ao lado, deitada de pernas cruzadas com
o rosto virado para cima escutando atenta a nossa conversa.

— Você e a Nat parecem mesmo muito apaixonados. Se vê na cara de cada um.

Aquilo me pegou meio que desprevenido. Como tal sentimento podia estar estampado
em meu rosto, se eu o reprimia de forma tão intensa, custando a admiti-lo até para mim
mesmo?

— Bem…

Eu não tinha argumentos e se procurei esboçar algum, as palavras se perderam


completamente quando vi Cláudia puxando para frente suavemente a parte de cima do
biquíni, o ajeitando nos seios volumosos. Com um sorrisinho nos lábios fechados, ela
completou:

— Natalie tem realmente muita sorte de ter encontrado você.

Sabia que aquele não era um comentário qualquer. Nós mal nos conhecíamos e era
necessário que ela tivesse informações mais precisas sobre quem eu realmente era para
que pudesse tecê-lo. Logo notei que Claudia estava cheia de más intenções comigo. Eu
não havia mexido um músculo para que ela se interessasse, mas pelo visto, algo de
mágico havia permitido tal interesse.

Parecendo perceber isso, Kelly agiu rapidamente se levantando da sua esteira e me


pegando pela mão. Com seu jeitinho persuasivo, pediu para que eu caísse na água junto
com ela. O convite foi conveniente, já que eu havia ficado embaraçado com as olhadas
incisivas de Cláudia e fui para água assim que a própria deu sinal verde, recomendando
à filha:

— Vá para água, mas não esquece de voltar para passar mais filtro solar.

— Sim, senhora — e Kelly botou a mão direita acima do supercílio simulando uma
continência militar o que gerou um riso frouxo em mim e em Claudia.

O clube onde estávamos hospedados por aquele fim de semana e até que os noivos
saíssem em Lua de Mel era equipado com duas piscinas, uma delas com medidas de raia
olímpica. Para alguém não acostumado com aquela profundidade, era fácil acabar se
afogando e eu tive que ficar de olho em Kelly, apesar de ela ser bastante habilidosa com
natação.

Além de nós dois, a água estava ocupada com várias outras pessoas e aquela falta de
privacidade me incomodava. O meu pai era dono de uma ilha aonde havia construído a
casa de veraneio onde eu havia conhecido Kelly e o local era como um paraíso
particular para mim e para os meus irmãos. Longe dos olhares julgadores da sociedade,

23
naquele lugar podíamos dar asas à nossa imaginação, o verdadeiro contraste daquela
piscina pública e seus inúmeros frequentadores.

Kelly e eu nadamos um pouco mais até a borda extrema vigiada por Claudia e do outro
lado, a garota começou a confessar em tom de voz baixo que tinha sentido a minha falta
em todo o tempo que não nos víamos desde o último encontro.

— Por que não me procurou mais na casa de praia da Nat e do Rique? Voltei lá umas
duas vezes e você não foi me ver.

O corpo de Kelly estava quase todo submerso na água. Ela tinha estatura baixa e se
esforçava para manter os pés firmes no assoalho da piscina.

— Eu ando meio ocupado, gatinha — respondi quase tendo a minha voz abafada por um
grupo barulhento que gritava a menos de dois metros de nós —, agora eu estou
trabalhando com o meu pai na construtora e tenho pouco tempo para ir à praia.

A sua mão tocou o meu abdômen por baixo d’água enquanto dizia, fazendo um pouco
de charme:

— Você não gosta mais de mim. Me esqueceu.

Kelly havia confessado para a prima, embora aquilo soasse inapropriado, que tinha
ficado apaixonada por mim desde o primeiro dia em que nos vimos. Na ocasião, Natalie
tinha ficado incumbida de tomar conta da menina num final de semana em que Claudia
participaria de um congresso e já que estava de babá, resolveu levar Kelly com ela para
a casa de praia dos meus pais. Aquele foi um fim de semana muito divertido entre nós
três, e por algum motivo, a menina tinha se afeiçoado mais que o normal a mim.

— Claro, que não, sua boba — disse a ela, tentando desfazer o mal-entendido —, você
sabe que eu te amo. Eu namoro a Nat, mas você sabe que o meu verdadeiro amor é
você, não sabe?

Eu sabia o quanto alimentar as fantasias adolescentes de Kelly era perigoso, mas não
conseguia resistir àqueles dois faróis verdes brilhando em sua órbita.

Ela sorriu desviando o olhar por um instante e quando me fitou de novo emendou:

— Eu também amo você. Nunca se esqueça disso!

Kelly então deu um risinho. Nós nadamos um pouco mais e de onde parei para
descansar procurei Claudia com os olhos do outro lado. A moça estava agora com uma
canga enrolada na cintura e tinha caminhado até o bar do clube para tomar uma birita. A
menina notou o que eu estava fazendo e disse sem muitos rodeios:

— Deixa minha mãe. Eu vi como você tava olhando pros peitos dela!
24
Outra vez o tom pareceu alto demais e dei uma disfarçada passando as mãos pelos
cabelos dessa vez dando um sorriso amarelo para um casal que boiava próximo dali.
Eles pareciam ter ouvido a frase de Kelly.

— É claro que não… a sua mãe é uma mulher muito bonita, admito, mas ela é prima da
Natalie… é sua mãe. Eu não faltaria ao respeito com ela.

Kelly fechou o cenho em minha direção e ficou me observando como que tentando
analisar a veracidade do que eu havia falado. Era inegável que eu havia ficado bastante
impressionado em o quanto a publicitária era linda e como a maneira como ela havia me
secado desde que nos conhecemos mexia comigo, mas eu não podia deixar transparecer
nenhuma daquelas situações. Se estava mesmo rolando algo não-verbalizado entre nós,
aquilo devia ficar no mais puro segredo de estado.

25
AS PRIMAS DA NOIVA (PARTE 3)

OS HOMENS QUE TINHAM sido convidados para o casamento — e o noivo — se


reuniram algumas horas mais tarde no campo society do clube para uma animada
partida de futebol no famoso “casados contra solteiros” e eu fui chamado para
participar. A temperatura era bastante amena e o clima estava realmente muito gostoso
para se praticar exercícios físicos, mas eu preferi declinar ao convite para mais ter mais
tempo a sós com Natalie e as outras meninas.

Henrique, que desde sempre era adepto de todo e qualquer esporte — e ele adorava usar
aquilo como pretexto para poder tirar a camisa e exibir os músculos —, não esperou
nada para se juntar ao time dos solteiros do lado esquerdo da quadra. Ele era
provavelmente o único cara em plena forma física num raio de uns cem quilômetros e
deu para se ouvir os suspiros das garotas que se aglomeraram em torno do campo para
assisti-lo jogar.

Alguns degraus abaixo de nós na arquibancada, um grupo de amigas de Miriam,


incluindo uma de suas madrinhas, mal conseguia disfarçar o fascínio pelo moço sarado
a demonstrar habilidade com a bola no pé, e de onde eu estava, era possível ouvir seus
gritinhos excitados e elogios ao abdômen definido de Henrique. Valéria não fazia o tipo
mulher ciumenta, mas dava para ver o desconforto em seu rosto enquanto ela percebia
que o noivo estava fazendo mais sucesso que o normal com a ala feminina.

— Vontade de deitar essas vacas no soco!

Natalie estava sentada entre mim e a moça carioca de seios fartos e prontamente tentou
fazer com que ela segurasse a onda.

— Calma, Val. Olhar não tira pedaço, e depois, você conhece o Rique. Ele deve estar
adorando ficar se exibindo em quadra pra essa mulherada!

Meu amigo era mesmo um exibicionista e durante todo aquele jogo de futebol, ele foi o
grande destaque, tanto por seu talento com o esporte quanto pelas poses quase
halterofilistas que fazia retesando os músculos de vez em quando só para que as moças
babassem por ele do lado de fora. Estava divertido de ver a Val quase se rasgando de
ciúmes perto da gente.

Depois do futebol, as pessoas dispersaram pelas outras áreas recreativas do clube e eu


decidi retornar para o bangalô onde estava hospedado com a Natalie. Naquele horário, a
maioria dos convidados estava concentrada do outro lado da ala dos aposentos e a
convenci de que o sossego do nosso canto seria um bom atrativo para que nós nos
divertíssemos como há um bom tempo não acontecia.

26
Tão logo havia se formado em sua faculdade de Designer de Moda e Fotografia, a
caçula dos Schneider tinha embarcado em uma sociedade com um colega de curso para
a abertura do seu estúdio de fotografia próprio, e assim como eu, a garota andava
trabalhando muito a fim de estabelecer a marca Infinite no concorrido ramo da moda.

Depois que eu havia começado firme no escritório administrativo da Monterey,


cumprindo as minhas oito horas diárias de segunda a sexta-feira, os meus horários quase
não batiam com os de Nat. Por conta das campanhas que tinha que cuidar, era muito
comum que, às vezes, ela precisasse se ausentar da cidade por dias e até semanas, o que
fazia com que nos desencontrássemos. Quando ela estava em São Paulo, era a minha
agenda que acabava ficando complicada com compromissos inesperados até altas horas
da noite no prédio da construtora e assim, Nat e eu quase não estávamos tendo tempo de
namorar.

— Quero ver quem vai me tirar de cima de você hoje!

Assim que nos vimos solitários em nosso bangalô, Natalie começou a atiçar os meus
desejos com beijos e carícias em zonas mais sensíveis do meu corpo. Chegamos rápido
à cama de casal instalada no aposento e afoita, ela me empurrou de costas sobre o
colchão para se deitar por cima, me presenteando com beijos úmidos de desejo.

— Pode ficar em cima à vontade, gata. Hoje quem não vai pedir pra parar sou eu!

A minha namorada se livrou da blusa regata que estava vestindo por cima de um sutiã
de renda branco pouco antes de inclinar seu tronco sobre o meu voltando a colar os seus
lábios em mim. O corpo de Nat estava quente além de macio e não a poupei de agarrões
mais ousados conforme nos soltávamos mais.

— Estava com saudades de sentir você me pegando assim com força, com vontade…
me enche de tesão. Eu fico cheia de fogo!

Natalie e eu tínhamos uma química única que era quase palpável. Tinha bastado poucos
encontros entre nós dois ainda na adolescência para perceber que uma energia
fortemente sexual vibrava entre a gente. Todo mundo percebia. Não tinha como
esconder. A nossa relação acabou acontecendo de maneira muito natural e um tanto
quanto explosiva.

— Adoro quando você fica fogosa desse jeito.

— É? — Perguntou ela com os olhões azuis fixos nos meus castanhos — Está
esperando o que pra apagar o meu fogo então?

A área do lado de fora do clube era bastante arborizada e havia vários metros quadrados
de verde circundando o espaço dos bangalôs. Enquanto eu e ela nos despíamos, o vento
estava sacudindo a copa das árvores causando um assovio. Vozes muito longínquas

27
eram trazidas vez ou outra até a janela aberta, mas Nat e eu não estávamos mais
prestando a atenção. Quando começamos a nos entregar ao prazer, todo o restante do
mundo desapareceu ao nosso redor.

À noite, o silêncio voltou a imperar na área dos quartos do clube após o tropel causado
pela volta dos hóspedes dos espaços recreativos. Além dos convidados mineiros, que em
sua grande maioria, era de parentes e conhecidos do noivo, havia também muitos
visitantes de outros pontos do país, sobretudo, os que vinham da região Centro-Oeste.
Durante os dias do final de semana, todos eles tinham se arranjado no alojamento do
clube e pelo que eu sabia, tudo aquilo estava sendo custeado pelo próprio Cássio.

Natalie e eu embarcaríamos de volta a São Paulo na manhã do dia seguinte já sabendo


de antemão que Henrique, Valéria, Kelly e Claudia estariam no mesmo voo que a gente.
Augusto e Stephanie tinham se despedido dos parentes mineiros logo após o final da
festa pós-casamento e àquela hora já deviam estar em Ipanema, bairro onde haviam se
estabelecido há algum tempo no Rio de Janeiro. Nat tinha ficado levemente chateada
pela maneira meio seca com que seu pai havia me tratado ao longo do dia todo, mas
enquanto descansávamos em nossa cama, pedi para que ela não esquentasse com isso.

— O seu pai ainda tem a visão de que eu sou aquele mesmo garoto vagabundo que ele
conheceu anos atrás, Nat. Lá do Rio ele não sabe que nesse tempo todo eu concluí a
minha faculdade, comecei o meu mestrado e tenho dado duro para assumir um lugar na
presidência da empresa do meu pai. É natural que o velho Augusto Schneider seja um
pouco ressabiado comigo. Ele acha que eu não sou um bom partido pra sua filhinha
caçula.

Nat tinha vestido uma camiseta sobre o corpo nu e permaneceu deitada ao meu lado
depois que fizemos amor. Ela emitiu um muxoxo e disse, com tom divergente:

— Passou da hora de ele aceitar as escolhas que eu faço, Digo. Eu escolhi estar com
você, sou eu quem tem que saber se você “serve” ou “não serve” pra mim. Meu pai não
tem mais que te tratar mal pela imagem que ele tem do Rodrigo de quinze anos que ele
conheceu. Isso me irrita!

Já tinham alguns anos que Natalie não convivia mais diariamente com os pais. Enquanto
Augusto conduzia do Rio a cadeia de imobiliárias que ele detinha em São Paulo, a sua
filha tinha se estabelecido em outro estado e não tinha planos de sair de perto de mim,
Volta e meia ela me apresentava aquela mágoa que sentia pelo pai ainda a tratar como a
garotinha manipulável que sempre estivera embaixo da sua asa e eu sentia que aquele
era um problema que os Schneider precisavam resolver entre si. Eu não tinha como me
meter.

— Eu não me importo, Nat, de verdade. Se ele quer me odiar, que odeie. Um dia ele
terá a prova que tanto quer de que eu mereço estar ao lado da sua filha, mas até lá, eu e
você vamos continuar vivendo o nosso amor.
28
Ela ficou comovida ao me ouvir dizer aquela frase, pouco depois, se aninhou em meu
peito e nós acabamos dormindo juntinhos sobre a cama, com os sons noturnos de Minas
Gerais a nos ninar.

29
AS PRIMAS DA NOIVA (PARTE 4)

OS GALOS AINDA ESTAVAM cantando ao longe anunciando que a manhã de


segunda-feira havia chegado, porém, não foi o canto dos galináceos que nos despertou
abruptamente. Eu e Nat estávamos sendo atacados por alguém muito animado e elétrico
que pulou sobre nós dois na cama e começou a falar sem parar.

— Bom dia! Bom dia! Hora de acordar, seus dorminhocos!

Kelly estava em cima de nós provocando cócegas por cima do lençol que nos cobria e
tinha estampado no rosto um sorriso largo de felicidade. Estava vestida com um baby-
doll bem curto e não parou de nos sacudir.

— Anda, levanta! Vamos voltar para São Paulo! Anda, anda!

Nat foi a primeira a ganhar um abraço de bom dia da prima, em seguida, ela já veio para
o meu lado afoita e pegajosa. Um beijo molhado estalou em minha bochecha pouco
antes da voz rouca da minha namorada indagar a ela:

— Que agitação toda é essa, menina? Parece que nem dormiu durante a noite…

Ajoelhada à nossa frente, Kelly confirmou as suspeitas da prima e disse com alegria:

— A minha mãe me deixou dormir com o Rique e a Val no quarto deles. Nós três
viramos a noite conversando e fazendo um monte de brincadeiras. Eu estava muito
elétrica pra pegar no sono. Acho que só vou dormir quando chegar em casa agora!

Nat e eu nos entreolhamos sem mais nada a acrescentar e a dúvida foi minha:

— E cadê a sua mãe?

Ela deu de ombros, mas depois deu seu palpite:

— Ela tinha me dito que faria companhia para a tia Miriam e os meus avós um pouco
mais antes da viagem de Lua de Mel do casal. Acho que ela dormiu por lá.

Nat começou a ajeitar os cabelos desgrenhados para trás e comentou que precisava
terminar de organizar tudo para a viagem de volta. Saiu da cama em direção ao banheiro
e ela me recomendou que eu acompanhasse Kelly até onde estava a sua mãe. A menina
ficou radiante só em saber que ficaríamos sozinhos por aquele período até que eu
encontrasse Claudia, mas eu estava mais interessado em rever a linda publicitária uma
vez mais antes de retornar a São Paulo.

Após uma ligação providencial para o número de telefone de Claudia que a Kelly havia
me oferecido, descobri que a moça tinha voltado para o seu bangalô ainda de

30
madrugada e que àquela hora os seus pais já tinham retornado para Betim onde
moravam enquanto a irmã seguia em Lua de Mel. Kelly quis segurar a minha mão até
que chegássemos ao bangalô mais afastado onde a sua mãe estava instalada e no
caminho até lá éramos só sorrisos.

Bati na porta esperando encontrar Claudia pronta para partir, uma vez que dali à meia
hora no máximo todos estariam dirigindo seus carros para a saída, em direção ao
aeroporto, mas qual não foi minha surpresa quando a surpreendi com a boca cheia de
pasta de dente a atender a porta.

— Oh, meu Deus! Me perdoa estou muito atrasada!

Seus olhos arregalados e a espuma a escorrer da boca voando para cima de mim
enquanto pedia desculpa foi algo inusitado, porém, divertido. Kelly desatou a gargalhar
da cara da mãe.

— Nossa! Sou toda enrolada. Entra por favor, Rodrigo. Termino de escovar os dentes
em um minuto.

Claudia confessou que tinha sido despertada pela minha ligação de mais cedo e que
havia dormido pesado assim que chegou no bangalô. Assim como ela pediu, eu entrei na
estalagem, e só então reparei em seus trajes. Um baby-doll cor de rosa curtíssimo e
deliciosamente transparente. Rindo feito uma adolescente, ela se encaminhou até o
banheiro nos fundos da casa e a sua voz ecoava de lá:

— Você deve estar me achando uma doida, Rodrigo. Acabei dormindo demais. — Ouvi
barulho de água e um gargarejo — Kelly! Termine de arrumar nossas malas lá em cima.
Saímos em alguns minutos!

— Já vou! Já vou! — A menina ficou emburrada por querer ficar mais tempo e minha
companhia e não poder. Subiu as escadas até o andar superior pisando duro no chão e
pouco depois o som de coisas sendo batidas e zíperes abrindo e fechando começou a
soar lá em cima.

A imagem da bunda rija, grande e perfeita de Claudia caminhando de volta ao banheiro


não saía da minha cabeça. Ela já voltava pra sala enxugando o rosto com uma toalha e
não demorou a continuar o nosso diálogo.

— Às vezes, é complicado ser uma mãe viúva. Ainda mais atabalhoada assim como eu!
Eu preciso do meu assistente pessoal pra tudo, até pra organizar a minha própria vida!

Ela deu um risinho um tanto quanto encabulado. Estacou a menos de um metro e meio
de onde eu estava, deixou a toalha de rosto de lado para me encarar melhor e ficou em
silêncio. Não havia qualquer sinal de sutiã por baixo da blusinha de alças finas. Eu não

31
estava sendo nada discreto enquanto conferia o seu belo corpo embaixo daquele
pijaminha e ela reparou que eu secava seus peitos com os olhos.

— Me desculpa os trajes…

Fui rápido:

— Que isso. De forma alguma. Não estou incomodado.

Ela ficou ali parada de pé por alguns instantes a me olhar. Mordiscou de leve os lábios
como numa tentativa de me seduzir, então desceu os olhos até o meio das minhas
pernas. Eu estava usando uma bermuda mais larga. Ela fugiu totalmente do assunto
quando comentou:

— A Nat é realmente uma menina de sorte por ter você!

Eu não estava esperando por aquilo, mas de repente, Claudia ergueu uma das pernas
apoiando o pé sobre o sofá e percebi logo pelo vão do baby-doll que não havia também
nenhum sinal de calcinha por baixo da peça. Uma vagina rosada coberta por pelos loiros
delicados se apresentou úmida para mim, e devo confessar que ela havia inovado no
convite para o sexo. Nada seria mais explícito, nem se ela dissesse com todas as letras
“vamos trepar gostosinho”.

Podíamos ouvir Kelly no quanto acima a arrumar as malas puxando zíperes e afofando
roupas e o nosso ímpeto nos levou até o banheiro. O beijo de Cláudia era devastador
como eu supunha cheio de mordidas e saliva. Seus seios eram incrivelmente firmes
além de fartos, tinham mamilos grandes, rosados e intumescidos. Eu os apertei com
força para experimentar a sua maciez e aquele toque foi inesquecível.

Não tínhamos muito tempo até que a menina na parte de cima resolvesse descer
inadvertidamente ao andar térreo, por isso, agimos de maneira rápida. Coloquei o meu
membro para fora sem abaixar muito a bermuda e procurei me encaixar nela com
pressa. Ela se retesou toda ao sentir que eu a estava penetrando e a sua expressão inicial
foi a de dor. Por incrível que aquilo pudesse parecer, ninguém invadia aquela zona
erógena há muito tempo.

— Coloca devagar… isso, assim… deixa eu me acostumar primeiro… assim!

O desejo exalava pelos poros da publicitária que me agarrou de maneira intensa


enquanto tentava disfarçar os gemidos intensos colando os lábios nos meus. Comi
Cláudia em pé com as suas pernas entrelaçadas ao redor do meu quadril e usei a parede
atrás dela como apoio para sustentar o seu corpo sinuoso.

Apertada no início e um pouco acanhada, assim que entramos no mesmo ritmo, a


mulher se tornou um furacão. Claudia se tornou insaciável e me fez suar para dar conta
de tudo que ela tinha a me oferecer. Gozamos juntos de forma tão intensa que senti
32
como se o banheiro tivesse girado ao nosso redor enquanto eu esporrava dentro dela.
Nem Natalie me fazia sentir nada sequer parecido. Fora uma das melhores trepadas de
minha vida sem sombra de dúvidas e quando terminamos, ficamos ainda alguns
segundos nos encarando tentando entender o que é que tinha acabado de acontecer
dentro daquele lugar estreito.

— Foi… Foi incrível — disse ela com uma das mãos apoiada em minha nuca me
despenteando os cabelos — eu… eu nem sei o que dizer… era como se eu estivesse sido
tomada por algo… fiquei fora de controle…

Eu também não entedia ao certo que onda arrebatadora de tesão era aquela que tinha nos
atingido de maneira tão intensa, mas quando começamos a nos vestir novamente, eu
sentia que ainda não tinha acabado, nem com o meu gozo.

— Foi realmente algo de muito especial…

Assim que eu disse aquilo, nós dois ouvimos movimento nas escadas e Claudia se
trancou no banheiro para evitar um flagra. Andei de volta até a sala e quando olhei,
Kelly estava vestida com um short jeans desfiado nas barras, uma blusa caída nos dois
ombros e um par de tênis nos pés. Parecia pronta para a viagem de volta.

A nossa pequena comitiva seguiu em carros separados até próximo ao aeroporto. Nat
viajou ao meu lado no banco do carona sem desconfiar de nada que havia acontecido há
pouco tempo no bangalô de Claudia e foi o caminho todo tagarelando a respeito dos
vestidos das convidadas do casamento, da organização da cerimônia religiosa, da capela
toda trabalhada em madeira de lei, da festa ocorrida após o casório e até o gosto do bolo
que, segundo ela, estava um pouco rançoso.

A minha mente tinha divagado um pouco enquanto a minha namorava falava ao meu
lado e eu só conseguia pensar em Claudia e em quanto aquela mulher — que até pouco
tempo eu nem conhecia — conseguia ser tão absurdamente linda e gostosa. Ninguém,
até então, tinha conseguido me tirar o juízo daquela maneira tão intensa e era total
mérito do seu charme que eu tivesse caído em tentação tão rápida e facilmente com ela.

Bastava eu fechar levemente os meus olhos para que aqueles olhos verdes e aquele
sorriso estonteante aparecesse em minha mente e eu quase conseguia sentir o cheiro da
sua pele exalando bem perto de mim.

Eu tinha ficado encantado.

A viagem de volta no avião foi tranquila e sem maiores contratempos. Nat tinha
preferido cochilar nas horas até São Paulo, mas eu não consegui pregar os olhos.
Henrique e Valéria ocupavam assentos na fileira ao lado e assim como Nat, ambos
também dormiram o caminho de volta inteiro.

33
Eu só conseguia pensar em onde dentro daquela classe executiva estavam sentadas mãe
e filha naquele momento e no que Claudia estaria pensando depois da loucura que
tínhamos feito juntos no interior daquele banheiro em Minas Gerais.

“Teria ela sentido o mesmo que eu? Estaria ela agora pensando em mim e no quanto
aquele nosso primeiro contato foi tão intenso e inesperado? Ou pra ela não significou
tanto assim? ”.

A minha mente estava em polvorosa e nada que eu tentasse pensar me fazia esquecer de
Claudia.

Na hora da despedida da saída do Aeroporto Internacional de Guarulhos, tanto Kelly


quanto Claudia vieram nos abraçar pouco antes de embarcar no táxi e Natalie ficou sem
entender de onde vinha tanto carinho repentino. Ela também não entendeu nada quando
Claudia me convidou para visitar o apartamento dela em São Paulo pouco antes de
entrar no carro e ouviu com desconfiança a desculpa da prima de que a ideia da visita
tinha partido de Kelly.

— Você também é muito bem-vinda em meu apartamento no Itaim Bibi, Nat — disse a
moça em direção à prima —, nós podemos marcar um jantarzinho dia desses, quem
sabe?

Nat sorriu e comentou que podíamos marcar sim.

— Vamos tentar agendar algo antes que o Henrique e a Valéria se mudem


definitivamente para o Rio de Janeiro. Até lá, nós podemos marcar algo.

Henrique e Valéria concordavam e pouco depois, as despedidas se intensificaram. As


nossas bagagens já ocupavam o porta-malas dos táxis que nos conduziria para nossas
respectivas casas e antes de entrar no carro, Kelly me deu mais um abraço apertado,
carinhosa.

— Vê se para de me esquecer e vai me visitar, seu chato!

Dei-lhe um beijo no topo da cabeça e a tranquilizei:

— Vou tentar trabalhar menos para poder te visitar mais vezes, gatinha. Pode deixar.

Algum tempo depois, o motorista do veículo começou a tocar em direção ao meu


apartamento da Vila Mariana. Nat aninhou a cabeça em meu ombro optando pelo
silêncio até que chegássemos em casa e eu fui observando a paisagem caótica de São
Paulo pelo meu lado da janela. Ainda tinha aquele dia de folga para aproveitar ao lado
da minha namorada e já estava começando a pensar no prato que encomendaria mais
tarde para o jantar. Sempre que me visitava, Nat curtia comidas tailandesas, chinesas ou
qualquer outra coisa que viesse da Ásia e eu estava a fim de lhe agradar. A minha transa

34
com a prima mais velha da moça tinha sido extremamente prazerosa, mas não podia
deixar de sentir uma pontada de culpa pelo que estava fazendo com Nat.

“E se a Kelly descobrir e contar tudo para a prima? E se a própria Claudia resolver


abrir o jogo e explanar a nossa relação proibida para a Nat? O que eu faço? O que eu
faço? ”.

Apesar das minhas neuroses ao pisar em território paulista, o resultado daquele fim de
semana havia sido positivo e eu teria lembranças boas de Minas Gerais graças a sedenta
mãezinha de Kelly. Nós dois morávamos na mesma cidade, trabalhávamos
relativamente perto um do outro, tínhamos pessoas próximas que nos ligavam e as
chances de um reencontro eram muito grandes. Eu não sabia o que o futuro me
reservava, mas por alguma razão, tinha certeza que o meu caminho e o de Claudia
voltariam a se cruzar em algum momento. Eu esperava que sim.

35
A TORTA DE CARNE

GILSON CHEGOU EM CASA cheio de fome e encontrou uma torta de carne de que
gostava muito sobre a mesa da cozinha. Olhou para os lados ainda meio receoso de
comê-la sem ao menos saber se ela lhe pertencia, mas essa dúvida logo desapareceu
quando um ronco em seu estômago lhe tirou toda a razão. Saboreou quatro pedaços
antes que a sua mãe surgisse pela porta para lhe repreender:

— Gilson! Essa torta era uma encomenda do seu Firmino!

Envergonhado, porém satisfeito, Gilson convenceu a mãe de que lhe ajudaria a fazer
outra torta desde que aquela ficasse somente para ele. Sem poder resistir aos encantos
do filho, ela concordou, e lhe mandou tomar logo um banho para que começassem a
preparar a nova torta.

— Você está fedido!

Gilson a beijou no rosto a melando de carne moída e dirigiu-se até o banheiro. Tinha
passado a manhã inteira treinando as crianças nas artes milenares do judô na academia
onde trabalhava como mestre e o seu odor de suor não era dos melhores.

Depois de pronta, a torta devia ser entregue na casa n° 316 no fim da rua aos cuidados
do senhor Firmino, e Gilson, ainda querendo se redimir com a mãe, se encarregou disso.
O cheiro da torta feita com todo o capricho o deixou salivante, mas o rapaz de ombros
largos e cabelos cortados curtos resistiu firmemente até chegar ao endereço.

Não havia campainha no portão, então Gilson chamou pelo nome do vizinho do qual ele
nunca antes tinha ouvido falar. Passou-se dois minutos até que alguém surgisse na porta
para atendê-lo, e sua surpresa foi grande quando uma bela morena de cabelos longos
começou a vir em sua direção.

— O senhor Firmino está?

A bela morena aproximou-se com um sorriso estampado no rosto e abriu o portão.

— Ele é o meu pai, mas deu uma saidinha.

Gilson queria desviar os olhos do decote da moça, mas não teve muito sucesso. Desviou
então o assunto, falando da torta.

— Trouxe a encomenda que ele pediu… torta de carne…

Ela aproximou-se mais do embrulho que ele segurava e exclamou:

— Huum! Que cheiro delicioso! Adoro torta de carne!

36
A leve inclinação permitiu que Gilson visse mais dos seios firmes da morena pelo
decote e notou que ela não usava sutiã.

— Também é minha preferida. Aliás… acabei de comer uma inteirinha lá em casa!

Ela sorriu o olhando surpresa. Emendou:

— Você deve ter que comer muito mesmo pra manter todos esses músculos!

O judoca era um rapaz robusto de um metro e setenta e oito que não conseguia esconder
toda a rigidez de seu físico pela camisa justa que vestia. Ele sentiu todo o clima de
malícia no ar com o comentário da moça e titubeou por um momento pensando na
namorada.

— Bem… então está aqui a encomenda. Diga ao seu pai…

— Você não quer dar uma entradinha?

As palavras da morena o deixaram sem voz por um instante. Antes que ele pudesse
responder, ela completou:

— É só um minutinho. Você pode me fazer companhia até que o meu pai chegue.

Ele parou de fingir que estava tentando resistir.

Uma vez na sala da casa, demorou pouco para que os dois estivessem conversando
alegremente como velhos amigos. O nome da garota era Gabriela e Gilson estava
totalmente fascinado por sua beleza.

“Que peitos são esses! ”, pensava ele, olhando para os dois montes a pular enquanto ela
gesticulava. “Que olhos! Que boca! ”.

As amenidades dos assuntos que eles puxavam eram mero pretexto para o clima sensual
que ambos estavam criando e a troca de olhares dizia tudo. Ela se levantou do tapete da
sala se dirigindo até a cozinha e voltou com o prato da torta que a mãe de Gilson havia
feito em mãos. Desembrulhou a embalagem caprichosamente fechada, se sentou
novamente perto dele e falou, em tom jocoso:

— Papai não vai se importar se eu pegar um pedacinho…

De propósito, sem faca, Gabriela retirou um pedaço da torta do prato e o pôs inteiro na
boca, mastigando sem muita cerimônia. A vendo se fartar da fatia saboreando de boca
aberta, Gilson se pôs a rir.

— Estou impressionado com a sua finesse!!

Ela também riu quase se engasgando e após terminar de comer, disse a ele:
37
— Eu nunca disse que era fina! Aliás… detesto coisas finas!

Gilson estava faminto e tomou a liberdade.

— Acho que seu pai não vai se importar se eu também tirar um pedacinho, não é?

O rapaz encheu a boca com um pedaço caprichado de torta e como Gabriela havia feito,
a mastigou freneticamente sem qualquer lisura. Havia começado um jogo entre eles e os
resultados eram previsíveis.

Gabriela apanhou outro pedaço de torta e começou a se lambuzar toda com o recheio.
Sua blusa branca logo ficou manchada de carne quando ela, descuidada, deixou que um
pedaço lhe rolasse roupa abaixo. Sorrindo, tirou sarro da própria desgraça:

— Ai, droga! Vou ter que tirar essa mancha de gordura amanhã!

De repente, sem rodeios, ela tirou a sua blusa frente a um atônito Gilson e o presenteou
com a visão de seus seios, fartos e firmes. Jogando a blusa de lado ela ironizou:

— Pronto, agora nada de manchas!

Maliciosa, ela continuou provando a torta o olhando fixamente e comentou:

— Esta torta está mesmo deliciosa… quase não consigo resistir. Acho que papai não vai
se importar se eu comê-la inteira enquanto transo com você!

O primeiro beijo teve sabor levemente salgado e todos os outros também. Gabriela já
estava toda lambuzada de torta quando Gilson começou a despi-la de seu short jeans e a
torta continuou a ser usada como recheio daquela transa inesperada, mas muito bem-
vinda naquele momento.

Gilson lhe saboreou os seios melados de um creme amarelado que resultava do


esmagamento da torta contra a sua pele e lambeu cada polímero da sobremesa enquanto
apertava as nádegas de Gabriela. Ela já ansiava pelo pênis duro e enorme de Gilson que
já queria pular para fora de sua calça jeans. Quando o viu, deu um suspiro de excitação,
admitindo:

— Do jeitinho que eu imaginava!

Gabriela lhe esfregou por minutos ininterruptos o segurando como um mastro em riste,
e quando se livrou da sua calcinha, estava pronta para entregar a vulva úmida e nua ao
bel prazer do atlético rapaz. Sobre o tapete da sala, eles transaram afoitos, tomados por
um tesão quase que incontrolável. A torta, enfim, havia sido deixada de lado, quase que
despedaçada, mas se fosse um ser vivo teria presenciado uma lasciva cena de sexo que
durou quase uma hora.

38
Ao fim de tudo, Gabriela só de calcinha olhava desanimada para a sala toda bagunçada
e pelos pedaços de torta espalhados pelo chão, mas estava feliz demais para reclamar de
algo. Aquela havia sido a sua melhor transa desde a faculdade e Gilson era um
companheiro perfeito no quesito virilidade. Ele já se dirigia para a porta quando a
encarou e resolveu perguntar:

— Não teve medo que o seu pai chegasse e nos flagrasse aqui no meio da sala?

Sorrindo marotamente ela o surpreendeu:

— Bem, se isso tivesse acontecido, essa teria sido a minha primeira experiência
espiritual da vida. Papai morreu tem quatro anos!

Gilson se viu completamente sem fala, mas relevou, visto que aquela havia sido a
melhor pegadinha da qual já havia participado em toda a sua vida.

Apoiada com os cotovelos nos joelhos, sentada no sofá, Gabriela disse:

— Dia desses o meu pai encomenda outra torta dessas com a sua mãe. Estava deliciosa!
Mas você tem que vir entregar, senão não tem graça!

Gilson riu, ainda surpreso, e foi embora com as lembranças dos momentos intensos
vividos com a linda Gabriela na cabeça. Outro pedaço daquela torta lhe cairia bem
naquele momento.

39
LOUCO DESEJO

ERA O MEU DIA de folga no trabalho. Como todos os demais, ele era raro, por isso,
decidi fazer valer a pena. Peguei o meu celular, coloquei o menu nas últimas chamadas
realizadas e disquei. Enquanto aguardava que ela atendesse do outro lado da linha, o
meu coração palpitava de ansiedade. Estava vivendo o momento mais feliz da minha
vida ao lado dela. Juntos há um ano e quatro meses e eu a amava mais do que tudo na
minha existência.

Três toques depois ela atendeu:

— Oi, Bebê!

— Oi, amor! — Falou ela, ainda com voz sonolenta.

— Tudo bem com você?

— Tudo ótimo. Como é bom ouvir a sua voz logo cedo!

Ouvi um riso do outro lado da linha e percebi que ela sorria.

— Topa passear com o seu namoradinho hoje à tarde?

Houve uma pausa e aquele suspense, embora tenha demorado segundos, pareceu ter
durado horas.

— Depende de onde você quer me levar. Sou uma moça de família, viu?

Mais risos e decidi entrar na brincadeira:

— O lugar onde quero te levar é proibido. Nós vamos correr riscos por lá!

— Ah, que pena! Adoraria ir com você — respondeu, tentando imprimir um ar de


decepção.

— Achei que fosse uma moça de família!

— E sou, mas moças de família também dão umas escapadinhas de vez em quando!

Ela me provocou um riso, e então, voltamos a falar sério embora o sorriso não tivesse se
esvanecido em meu rosto, tampouco a felicidade que ela me proporcionava.

— E aí, topa? A gente dá uma passeada no shopping, depois podemos pegar um


cineminha. Está passando um filme que você estava louca para assistir.

— É mesmo? Qual?

40
— “Louco desejo”. Conta a história de um cara que não aguenta mais esperar para
saciar os seus anseios ardorosos com a namorada.

Ela emitiu um som malicioso do outro lado da linha, então, percebi naquela hora que a
havia convencido a sair de casa.

— Então eu topo. Me parece um programa divertido. Me pega a que horas?

— Às 13 está bom pra você?

— Ótimo. Vou tomar um banho e logo começarei a me arrumar.

— Fica bem linda pra mim, ok?

— Vou tentar.

— Beijos, Bebê!

— Beijos, amor. Até mais tarde.

Logo que desligamos o telefone ainda eram onze horas, e dali pra frente o tempo
começou a passar arrastado, aumentando a ansiedade em encontrá-la.

Vivíamos um momento mágico que, às vezes, não parecia real de tão bom, e eu não
estava acostumado a ser tão feliz. Ela me completava de um jeito que jamais imaginei
que alguém conseguiria fazer, e o espaço que ela conquistara em minha vida era tão
grande, que se de uma hora para outra ela me deixasse, não sobraria nada de mim para
continuar em frente.

Parecia até exagero o quanto ela significava em minha vida, mas era daquele jeito que
eu sentia. Meu coração nunca antes havia falado tão mais alto que a minha razão, mas
eu estava completamente entregue, de um modo que eu não me importava de estar.

As 13 horas enfim chegaram, e lá estava ela no alto das escadas da sua casa se
despedindo da mãe. Cumprimentei a minha futura sogra de longe e vi sua filha deslizar
até o portão. Como eu previa, ela estava linda. Uma maquiagem suave delineava seus
olhos por trás dos óculos e os seus lábios brilhavam parecendo ansiar por um beijo. Os
cabelos escovados escorriam pelas costas abertas do vestidinho de alças que ela usava, e
os seus seios pequenos e pontudos pareciam empinados em minha direção por trás do
tecido.

Enquanto ela andava, percebia a leve desenvoltura do seu quadril e antes que estivesse a
um metro de mim, parecia que eu podia sentir o seu perfume adocicado de longe. Senti
um aperto no estômago naquele momento, e então, Carol me agraciou com seu sorriso.

— E aí? Como estou?

41
— Perfeita!

Ela me deu um abraço leve, depois disso, partimos rumo ao shopping.

Fora o passeio em si não tinha muitos planos para aquele dia, exceto estar bem pertinho
da minha namorada. Estar com ela, andar abraçado pelos corredores do shopping, sentir
o seu corpo quente junto ao meu e percorrer de vez em quando os meus dedos por sua
pele macia já era o bastante. Comprei-lhe alguns mimos enquanto íamos de uma loja à
outra, olhamos diversas vitrines e mostramos a todo mundo o quanto estávamos felizes
um na presença do outro. Ela sorria radiante e a minha felicidade estava explícita em
meu rosto. Como eram bons aqueles pequenos momentos. Orava todas as noites para
que eles se multiplicassem pela eternidade.

A sessão do cinema havia começado. Haviam poucos lugares ocupados dentro da sala e
o filme possuía muitas cenas escuras por se tratar de um suspense. Ambiente perfeito
para um amasso proibido na poltrona.

Apenas vinte minutos havia se passado do início do filme, quando de repente, me


pareceu que ela percebeu as minhas más intenções e começou a compactuar com elas,
deixando as minhas mãos deslizarem por suas coxas e levantarem o seu vestido. Senti
Carol arrepiada, e num ímpeto avassalador alcancei o meio das suas pernas. Comecei a
acariciá-la por sobre a calcinha e passei a senti-la se umedecer ante o meu toque
insistente. A vontade de avançar naquele triângulo quente me consumia e a vontade se
transformou em ação quando ela puxou a calcinha levemente de lado para me deixar
tocar o seu sexo molhado.

Sim, ele estava deliciosamente molhado e a sua cavidade íntima em breve foi penetrada
por meus dedos, fazendo com que ela se contorcesse de prazer. Um gemido foi
prontamente sufocado por ela, e então, Carol abriu um pouco mais as pernas me
permitindo ir mais a fundo.

Não havia nenhuma viva alma em nossa fileira dentro da sala de exibição. Gritos de
horror ecoavam pelas caixas acústicas ao nosso lado e a trama do filme se desenrolava
na tela sem que nós prestássemos a atenção. Duas fileiras à nossa frente um outro casal
parecia igualmente animado enquanto faziam pouco caso do filme diante deles, e por
um breve momento, senti alguém a nos olhar por sobre o meu ombro. Aquela sensação
não havia passado de um devaneio. Meus dedos continuaram penetrando Carol e depois
de algum tempo, ela retribuiu o carinho abrindo de maneira afoita o meu zíper e
colocando o meu membro rígido para fora. O tempo pareceu parar enquanto ela me
masturbava pouco antes de me engolir com a sua boca quente e úmida.

Estávamos a poucos metros da casa de Caroline quando uma chuva repentina nos
apanhou. Desprotegidos com as sacolas das compras em punho, fomos obrigados a
correr e chegamos ofegantes ao portão. Entre o tempo de ela abrir a bolsa e procurar as
chaves, nos encharcamos, e entramos em casa deixando um rastro molhado para trás.
42
Ao entrar, ela chamou pela mãe e depois pelo irmão mais novo e não houve resposta de
nenhuma das partes. Ela não parecia esperar por aquele silêncio, e de repente, com os
óculos em mãos, ela me olhou com os olhos brilhantes me vendo ali pingar em sua sala.

— Estamos sozinhos em casa. Isso te dá alguma ideia?

Abri um largo sorriso, passei a chave na porta atrás de mim e arranquei a minha
camiseta molhada.

— Duas ou três ideias.

Aquela sensação do tempo correndo em câmera lenta que havia sentido pouco antes no
cinema retornou com tudo, e num piscar de olhos, estávamos eu e ela em seu quarto,
loucos de desejo.

Larguei o meu par de tênis e as meias encharcadas pelo caminho. Ainda de pé, comecei
a apertar forte as suas nádegas. Ela usava uma calcinha pequena que valorizava o seu
bumbum e a apertei tão firmemente que ela soltou um gritinho enquanto caminhávamos
afoitos para sua cama.

Arranquei a minha calça jeans molhada e a larguei sobre o tapete, agarrando Carol na
sequência. Nossas línguas serpenteavam dentro de nossas bocas enquanto os nossos
lábios sedentos se colavam. Suas unhas arranhavam as minhas costas nuas enquanto as
minhas mãos permaneciam irremediavelmente firmes em sua bunda. As alças do seu
vestido cederam pouco depois. O desejo estava nos consumindo de forma contundente.

A deixei apenas de calcinha sobre a sua cama enquanto eu me despia. Àquela altura, era
impossível disfarçar a minha ereção e eu nem queria. Expus o meu membro de forma
que ela pudesse fitá-lo e o segurei em sua direção, provocando. Sua empolgação ecoou
pelo quarto:

— Uooouu!

Carol engatinhou na cama até a beirada e me mantive em pé enquanto ela começava a


colocar o meu pênis na boca. Ainda estava tão sedenta quanto estivera no cinema onde
me fez chegar ao gozo, e após lambuzar a minha glande com a sua saliva quente, ela
começou a me masturbar com a mão enquanto me chupava.

Aquela era uma sensação indescritível. Os lábios da garota que eu mais desejava no
mundo estavam colados ao meu membro satisfazendo os meus anseios mais devassos, e
eu não queria que ela parasse nunca. Por sorte, ela se prolongou nas carícias e o seu
olhar enquanto me sugava era do mais puro desejo. Quando ela largou meu falo rígido
— e naquele momento pensei que ele jamais estivera tão duro —, Carol voltou a se
deitar na cama e os seus dedos começaram a se enrolar de leve no cós da calcinha,
insinuando que eu a despisse. Não podia desapontá-la.

43
Eu já havia lhe confessado que aquele momento em que eu a livrava da sua calcinha era
um dos que mais curtia quando estávamos juntos, e daquela vez não foi diferente.
Saboreei cada segundo daquele instante mágico enquanto deslizava a lingerie branca
para baixo de seus quadris, a deixando na altura das suas coxas.

Ao me deparar com o seu sexo depilado e nu senti a minha boca se encher de saliva, e
meu coração palpitou no peito, quase como se fosse explodir de emoção. Era sempre a
mesma sensação quando me via à vontade com ela, e eu nunca me cansava de senti-la.
Me aproximei lentamente sentindo as suas coxas trêmulas e ela foi afastando as pernas
aos poucos para me servir a sua vagina. Aquela que eu tanto gostava de explorar.

Ela estava ali a alguns centímetros de distância da minha boca. A cheirei levemente
sentindo o perfume de sexo que exalava dela e comecei a provar do mel que já
borbulhava pela vulva suculenta. A lambi de norte a sul, então, comecei a aproveitar
daquele instante de lascívia pura como só entre nós acontecia. Enrolei o meu braço em
volta de suas coxas e não me contive em gemer enquanto chupava o seu sexo. De
propósito, deixava a minha saliva lhe escorrer sobre a vulva, depois enfiava a língua
desejoso que aquilo a fizesse gozar do mais puro prazer. Ela se contorcia e virava a
cabeça inegavelmente excitada.

Como nunca antes podia fazer nas noites em que ficávamos trancados em segredo em
seu quarto, ela gemeu alto. Não tinha como ficar mais molhada, mas eu continuei
chupando, penetrando a minha língua cada vez mais fundo em sua vagina e a fazendo se
tremer toda. Se alguém me perguntasse, seria impossível responder por quanto tempo
estive ali entre suas pernas. Me pareceu uma eternidade.

44
LOUCO DESEJO (PARTE 2)

DO LADO DE FORA DA CASA, a chuva se tornava cada vez mais intensa e o vento
batia na janela com força. Ainda não havia sinal da minha futura sogra e do meu futuro
cunhado, e eu só tinha a agradecer por isso. Estávamos os dois a sós em casa como
raramente conseguíamos ficar, e não havia motivo para conter o nosso ímpeto
voluptuoso. Da sua vagina, passei a estimular com a língua as suas nádegas e o seu
ânus, e com o corpo agora suado de prazer ela enfim admitiu:

— Não aguento mais. Chega de tortura. Me fode gostoso!

Aquelas palavras agressivas mostravam o quanto Carol estava sedenta por meu sexo
dentro dela. Me movimentei para alisá-la de baixo a cima e me posicionei de forma que
pudesse sussurrar em seu ouvido:

— Com ou sem camisinha?

Ela respondeu prontamente:

— Sem. Quero sentir você dentro de mim.

Esperava que ela dissesse aquilo, então, rocei o meu pênis por trás dela propositalmente,
a deixando ainda mais arrepiada. Seu corpo estava tão suado que não encontrei
dificuldades em deslizar meu pênis até a entrada da sua vagina e empurrá-lo levemente
para dentro.

— Ohhh! Deus! Isso é muito bom! — Gemeu ela, fechando os olhos.

Sua vagina não fez qualquer resistência, e muito úmida, permitiu que eu introduzisse
meu membro inteiro dentro dela. Sentir aquela cavidade extremamente quente
pressionando meu pênis era uma sensação que, na maioria das vezes, fazia com que meu
gozo quisesse explodir com tudo para fora, e era o momento de relaxar para não estragar
a brincadeira cedo demais.

Em segundos, eu já havia conseguido controlar, e agarrado a ela por trás, comecei a


penetrar Carol fazendo movimentos de vai e vem com meu quadril. Afastando mais as
pernas, ela permitiu que eu penetrasse mais fundo e como eu gostava, pude acompanhar
a ação enquanto venerava sua bunda arrebitada entregue a mim. Seu primeiro gozo
chegou cedo e tão logo o sentiu inevitável, ela pediu em sussurro:

— Me aperta forte!

Com expressão prazerosa, Carol gozou se contorcendo toda e mudamos de posição, eu


por cima. Suas unhas se cravaram em meu traseiro e dali não mais saíram enquanto ela
com o rosto pressionado pelo meu peito se abria para aceitar meu falo entre as pernas.
45
Seu sexo estava deliciosamente umedecido, e como ela gostava, eu estava estocando
todo meu membro ali dentro, a fazendo gemer.

Toda aquela lascívia e aquele ímpeto arrebatador eram bons demais para corresponder à
nossa realidade, mas ele era tão genuíno quanto nosso amor. Deixamos nossos corpos
suados relaxarem um sobre o outro na cama, sob os lençóis manchados do nosso sexo e
nada naquele mundo seria capaz de desfazer o sorriso largo que se formou em nossos
rostos. A chuva lá fora continuava intensa, e enquanto a luz que entrava pela janela
banhava o seu corpo feminino e delicado, eu o venerava, incapaz de desviar meus olhos
de sua sinuosidade.

O banho morno que tomamos após o descanso que nossos corpos necessitaram foi tão
prazeroso quanto tudo que estava acontecendo até então. Aquele dia estava perfeito
demais e eu sentia meu corpo transbordando de felicidade. Como ela bem me confessou
em seguida, para ela estava sendo igualmente prazeroso.

Com nossos corpos colados estivemos durante um tempo sob a água morna que caía do
chuveiro a nos acariciar. Conversávamos amenidades enquanto eu me recuperava do
último orgasmo, torcendo para que o processo fosse mais rápido a fim de continuar com
o nosso delicioso jogo de amor.

Durante o banho, estimulei seus seios com a minha boca, os sugando com volúpia e
cheguei a descer até seu sexo, o saboreando mais uma vez enquanto a água escorria por
seu corpo todo.

Acariciei bastante seu traseiro o apertando com força e logo depois, voltamos para o
quarto. Secamos um o corpo do outro, e tão logo ela sentiu uma nova ereção se
formando entre as minhas pernas, voltou a me satisfazer oralmente. Sentado com as
pernas afastadas na beirada da cama eu a deixei fazer o que quisesse com meu órgão, e
ela foi bem prestativa. Me olhando com tesão nos olhos, engolia quase tudo, então me
acariciava com as mãos para só depois dar atenção aos meus testículos, me tirando o
fôlego. Fazia cada movimento como a dona da situação, comigo ali totalmente entregue
a seus estímulos. Eu não fiz nada para resistir. Não havia motivos para isso.

Algum tempo depois, Carol se sentou de frente para mim e voltamos a transar. Outra
vez a penetrei a fazendo se contorcer de prazer e ela voltou a arranhar as minhas costas,
aproveitando ao máximo o sexo em sua posição predileta.

Era incrível como eu podia ter ficado tanto tempo sem fazer aquelas coisas. Era a
melhor sensação do mundo. Pular de bungee jump ou de asa delta não deveria nem de
longe se comparar a ter a sua menina em seu colo cavalgando de tesão daquele jeito.
Nada devia ter o poder de deixar uma pessoa tão feliz quanto fazer sexo.

Carol sentia um prazer indescritível naquela posição. Vê-la apertando os olhos e abrindo
a boca de excitação enquanto era arremetida era muito satisfatório. Naquela posição,
46
enquanto ela me apertava com toda a força na hora do orgasmo, eu podia acariciar a sua
bunda e tinha total controle da penetração. Poucas vezes a tinha feito gozar tanto quanto
naquele dia. Volta e meia ela gemia:

— Ai! Me aperta! Vou gozar!

Foram bem umas cinco vezes.

Quando a chuva parou do lado de fora, ela ainda estava em plena forma apesar de
ofegante. Não havia qualquer desgaste da sua parte, exceto a sede que batia de vez em
quando. Eu, no entanto, não estava mais no auge da minha resistência e sentia que podia
fraquejar a qualquer momento. Podia sentir o esperma subindo pelo meu pênis quase
que já desejando despejá-lo todo dentro da garota, mas aguentei por mais um tempo.

Estávamos tão suados que os nossos corpos brilhavam ante a luz que entrava pela
janela. Levantei a perna de Carol e comecei a penetrá-la desta vez de lado, com o meu
corpo levemente pousado sobre o seu. Olhava para os seus seios pequenos a se
moverem ante a força da nossa relação sexual e a via me olhando com desejo, sedenta
pelo grand finale.

A tentação foi maior do que eu podia suportar, e então, simplesmente relaxei quando a
pressão explodiu num jato espesso e quente dentro de Carol. Ela abriu a boca soltando
um ofego e eu continuei arremetendo com força. A vontade era tanta, que cinco minutos
depois de ter depositado toda a minha essência nela, meu pênis continuava duro e eu
não parei de penetrá-la até pouco antes de cair no sono junto dela. Os nossos corpos
permaneceram nus abraçados sobre a cama e contando com um pouco de sorte ninguém
nos flagrou ali relaxados após aquela que foi a melhor trepada de nossas vidas.

Como eu havia dito anteriormente, nada na vida podia se equivaler àquela sensação de
êxtase maravilhosa que sentíamos quando transávamos e terminei aquele dia
imaginando quando poderíamos repetir tal ato. Esperava que não fosse demorar, pois
naquele momento, uma nova ereção começava a espremer a minha cueca contra a calça
no caminho de volta para casa. Carol teria adorado se pudesse sentir.

47
ESCAPANDO DAS VISITAS

PARECIA INCRÍVEL, mas eu estava escondido ali no quarto da minha irmã transando
com a minha namorada Brenda enquanto a minha família se divertia na sala, a poucos
metros dali. Se alguém abrisse a porta já era. Íamos ser pegos em um baita de um
flagrante. Ia ser um escândalo, e seríamos assunto nas rodas de fofoca das tias e tios por
muito tempo.

Tudo tinha começado quando os meus parentes de Rio Claro vieram nos fazer uma
visita em pleno domingão e tivemos que usar de toda a nossa hospitalidade para deixá-
los à vontade, embora, inconvenientemente, eles tivessem surgido sem avisar. Foi uma
correria danada para arrumar bebidas e mais a mistura para o almoço já que havíamos
sido pegos desprevenidos em fim de mês, antes das despesas, e junto com Denis, o meu
irmão mais novo, tive que me dirigir com o carro do pai para o supermercado mais
próximo. Quando voltamos, já com o carro abarrotado de sacolas, mamãe começou a se
virar com Alice, a caçula da família, para preparar a refeição enquanto papai fazia sala
aos visitantes.

Apesar do mau hábito de chegar de supetão na casa dos outros sem avisar, o tio Jonas e
a tia Mercedes eram boas pessoas, assim como os primos Reinaldo, um solteirão de 30
anos, o Cláudio de 24 e a prima Selma de 20. Humor era o que não faltava naquela
família, e depois que nos acostumamos à presença repentina deles, começamos a nos
divertir com as suas piadas que eram genuinamente engraçadas. Tanto os primos quanto
os tios tinham repertório para muitas horas de contos e “causos”, e as horas do domingo
passaram rápido.

Algum tempo depois, após o almoço caprichado de mamãe, estávamos todos reunidos
na sala, quando vi Brenda se afastando. Ela tinha chegado à minha casa um pouco antes
das visitas inesperadas, e a minha atenção saiu das piadas do tio Jonas por algum tempo
e se voltou para o rebolado de minha namorada, cada vez mais gostosa seja lá qual fosse
a roupa que vestisse.

Ela estava com um short mais largo, mas era impossível não reparar naquela bunda
deliciosa comendo de leve a roupa de cima junto com a calcinha. Fiquei de pau duro
sem muita dificuldade já me imaginando indo atrás dela e a agarrando longe dos olhos
do pessoal. Me contive não querendo dar bandeira, mas continuei imaginando onde ela
teria ido após aquela saída sorrateira.

Quando começou a sessão de fotos com os primos e o celular do tio Jonas, posei
algumas vezes ao lado deles e depois dei um jeito de me afastar para procurar Brenda.
Vi Alice me olhando torto do sofá onde até então a menina posava ao lado de Selma
para as fotos, mas não me contive por isso. Avancei o corredor que dava para o banheiro

48
e me pus atrás da porta tentando ouvir algum ruído que denunciasse que a minha garota
estivesse usando o banheiro, mas fui surpreendido por sua voz que soou atrás de mim:

— Me procurando?

Olhei rápido com o susto, e a vi deliciosa de cabelos molhados dentro de um conjunto


de blusa e short cor de rosa. Senti a saliva se juntar em minha boca. A vontade de
agarrá-la pela cintura e juntar aquele corpinho delgado no meu foi irresistível. Ela
gemeu com o apertão e alertou:

— Ei, calma lá! As visitas!

Desci bem rápido as mãos em sua bunda arrebitada e a apertei com vontade, fazendo o
short até entrar mais.

— Fala se assim não é mais gostoso ainda? Com perigo?

Brenda me olhou com aquele sorrisinho de boca torta que ela sempre dava quando
estava cheia de tesão, e nossos atos falaram por si em seguida. O quarto de Alice estava
logo ali atrás de nós. Não esperamos mais nada para abrir a porta e nos embrenharmos
num acesso de loucura para dentro, começando a incendiar de vez o clima.

Coloquei logo o meu instrumento para fora e o bichinho pareceu até que estava vivo de
tão rápido que endureceu. Brenda estava receosa de se despir toda já que teríamos
problemas caso alguém surgisse de sobreaviso, então, abaixou o short até as suas coxas,
já me oferecendo a bocetinha.

Ela estava sem nada por baixo, e quando vi aquela xoxotinha brilhando para mim fiquei
ensandecido e colei em seu corpo, me posicionando para penetrá-la. Me pus tão rápido
em seu interior que ela reclamou de desconforto, e então, acalmei o animal dentro de
mim e o coloquei outra vez com jeitinho, como ela gostava.

Ficamos de pé em frente à cama de Alice — ela me segurando pela cintura, eu


apertando suas nádegas com força — a foder como dois loucos sem controle, com os
instintos à flor da pele. A porta estava só encostada. Uma brisa poderia abri-la, o gato da
família poderia abri-la, um primo ou um tio poderia abri-la… Os meus pais…
Estávamos loucos de desejo, e eu explodiria se não possuísse Brenda naquele momento.
As circunstâncias não importavam, nem o lugar. Meu desejo precisava ser satisfeito,
mesmo ao custo de um flagra que poderia ser destruidor.

Dez minutos seguidos de transa ininterrupta, Brenda teve a impressão de que havia
alguém atrás da porta e me largou rápido para verificar. Espiou pela fresta e se
certificou que todo mundo continuava na sala. As risadas denunciavam isso. Nem bem
ela deu a boa notícia em tom aliviado, eu já me engatei nela por trás de novo, voltando a
penetrá-la.

49
Sua vagina estava molhadinha como sempre ficava e voltei a penetrar num ritmo
alucinado de modo que o corpo de Brenda começou a bater contra a porta. Antes que
alguém notasse as batidas, nos afastamos e abaixei minha namorda quase que de quatro
na cama, sem desengatar um só segundo. Ela gemia e pedia pra eu acelerar, que estava
fervendo e que queria meu gozo, e aqueles sussurros me deixaram ainda mais maluco.
Forcei mais e empurrei o que ainda restava para fora. Brenda se contorceu de prazer
miando a cada fincada.

Eu sabia que podia aguentar firme por mais tempo, mas devido à situação embaraçosa,
decidi abreviar a nossa louca escapada dando o que ela mais queria. Para receber,
Brenda se virou de frente e se arreganhou pra mim na beirada da cama de Alice. Enfiei
de novo logo em seguida e forcei tudo para dentro, espremendo o meu pau naquela
gruta deliciosa. O esporro veio com tudo, e veio intenso. Gozei tudo dentro dela sem
receio, e só tirei quando o volume dos jatos diminuiu e só pequenas cuspidelas estavam
sendo expelidas.

Ela ainda ficou algum tempo em êxtase miando como uma gatinha satisfeita na cama, e
só então se lembrou que precisávamos voltar pra sala antes que a família estranhasse
nosso sumiço repentino. A ajudei a se levantar da cama e com cara de safada, Brenda
confessou que havia adorado. A agarrei pela cintura outra vez e lhe dei um beijo guloso
de língua. Sorrindo, ela se afastou e correu até a gaveta de roupas da minha irmã para
trocar a calcinha que tinha ficado inteira molhada.

— A Alice e eu usamos o mesmo número. Depois eu conto a ela o que aconteceu!

Sem levantar suspeitas, voltamos um de cada vez à sala, e exceto Alice, aparentemente,
ninguém mais havia notado nada de estranho em nosso desaparecimento. Minha irmã
mais nova tinha estampada nos olhos a frase “eu sei o que vocês estavam fazendo lá no
quarto”. Ela mais do que ninguém sabia o fogo que consumia Brenda e eu de vez em
quando — já que ela e a cunhada eram confidentes uma da outra —, por isso de nada
poderia reclamar.

Lá estava o tio Jonas contando da sua juventude em Rio Claro e como era o namoro da
época dele. Alice vez ou outra me olhava com os olhinhos brilhando e cruzava as pernas
faceiramente fingindo prestar a atenção. Eu mal podia esperar pela hora em que ela ia
começar a me chantagear ameaçando de contar tudo que sabia sobre as minhas
escapadas com Brenda para os nossos pais, mas aquele dia eu estava satisfeito demais
para me importar com as birras da minha irmã.

No outro sofá, Brenda estava sorridente e a sua expressão demonstrava que ela estava
tão satisfeita quanto eu pela maneira como havíamos escapado das visitas por alguns
instantes a fim de matar os nossos mais loucos desejos.

50
51
A TENTAÇÃO DE CAÍQUE FERRETI

EU SABIA QUE NÃO ia durar assim como todas as outras vezes que havia tentado
resistir à tentação de fornicar com minhas irmãs Bianca e Aline, mas eu precisava ser
forte.

Numa certa noite depois de um dia inteiro de treinos pesados no Centro de Treinamento
do meu clube de futebol, caí em minha cama sem nem ao menos lembrar como havia
chegado ali e um sono profundo me abateu. Ignorando as recomendações que minha
mãe fazia para nunca dormir de barriga cheia, me deitei após matar na cozinha três
sanduíches caprichados e tomar meia garrafa de Coca-Cola. Nada daquilo teria sido
levado em conta se não fosse aquele pesadelo.

Eu estava voltando para casa depois de um treino quando percebi ao longe que minha
casa inteira estava em chamas. O fogo que lambia as paredes era de um vermelho
intenso e muita fumaça negra escapava de dentro através das janelas. Sem hesitar, ao
ouvir gritos vindos do interior da casa, me atirei contra a porta de entrada com o pé
erguido e na sala os meus olhos foram atingidos por um espetáculo pra lá de dantesco.

Por incrível que pareça, não havia fogo na parte de dentro e o que vi me aterroriza até
hoje. O meu pai estava sentado confortavelmente em sua poltrona enquanto em meio as
suas pernas, a minha irmã Bianca, inteiramente nua, chupava vorazmente o seu pênis.
Me lembro que fiquei a encarar aquela cena me forçando a acreditar que não era real,
que aquilo não passava de um sonho, e então, o senhor Francisco se virou para mim
com um sorriso diabólico e a pele fortemente bronzeada como nunca tivera.

— O que há, Caíque? Acha que só você tem o direito?

Naquele momento, Bianca que estava de costas para a porta se virou para mim também
sorridente e da sua boca escorria uma gosma esbranquiçada parecida com esperma. Meu
pai a agarrou pelos cabelos alourados e a forçou a continuar o sexo oral, quando naquele
momento, entrou em cena Aline, a minha irmã caçula, igualmente nua, já afoita para
tomar o lugar de Bianca.

A voz de meu pai era estridente, e me fazia tremer:

— Você já vem fazendo isso com suas irmãs há muito tempo, Caíque. Achou que eu
não tinha notado?

As duas começaram a brigar pelo direito de chupar o mastro duro e imensa de nosso pai,
e o bagulho não parava de verter esperma. Era nojento!

— Você fode com as suas irmãs todo dia. Não tinha como eu não saber.

52
Naquele momento, um sentimento de culpa começou a me acometer e meu pai se
transfigurou num ser maligno de chifres pontiagudos no alto da cabeça e asas de
morcego gigantes nas costas que começaram a destruir a estante de mamãe e os móveis
da sala enquanto se abanavam. Agora havia dois paus enormes no meio de suas pernas e
Bianca e Aline mamavam nele, enchendo suas bocas daquela gosma que deles escapava.

— Acha que não sei? Acha que não sei?

Os gritos do meu pai demoníaco ecoaram dentro dos meus ouvidos e acordei de um
salto, caindo sentado no chão. Eu estava nu e tendo uma ereção. Diogo, o meu irmão
que dividia o quarto comigo, dormia na cama ao lado sem nem sequer perceber o que
havia acontecido. Olhei em volta para as paredes e cheguei a me dirigir até a sala para
me certificar de que não havia qualquer sinal de fogo ou de um demônio tarado fazendo
minhas irmãs chupá-lo. Não havia nada. Meu coração estava disparado dentro do peito e
aquele foi o sonho mais terrivelmente real que eu havia tido em toda minha vida. Só
podia ser algum sinal de que eu devia parar com as investidas incestuosas com Bianca e
Aline.

Na manhã seguinte, sem conseguir pregar os olhos durante o restante da noite, todos
perceberam o meu mau humor, além das olheiras em meu rosto. Papai e mamãe saíram
para seus trabalhos como costumeiramente faziam e foi da dona Edna a ideia de que eu
levasse Bianca até o colégio, uma vez que estava de posse, por algum tempo, do carro
de nosso vizinho Marcelão, o famoso Kadett azul-metálico.

— Essa onda de violência na cidade não tem me deixado sossegada. Quero que leve a
sua irmã para o colégio aproveitando que o seu treino é só de tarde. Não quero vê-la
andando sozinha por aí.

Bianca mordia uma torrada ao ouvir aquilo. Por algum motivo, seus olhos brilharam.

Naquela época, Diogo e Aline estudavam no mesmo colégio, por isso, podiam fazer
companhia um ao outro. Não havia qualquer perigo, uma vez que a instituição de ensino
só ficava há algumas quadras da nossa casa, praticamente na outra esquina, além do que
outros colegas que moravam próximo de nós também se caminhavam para lá em grupo.

O colégio de Bianca era na Zona Sul da cidade, num ponto mais afastado, por isso era
necessário que ela fosse de ônibus até lá. A menina já estava terminando o Ensino
Médio e não queria se manter afastada das amigas burguesas da região, entre elas, a
herdeira da família Monterey, uma das mais milionárias de São Paulo, Carina.

Vestida com uma minissaia preta e uma blusinha decotada de botões, Bianca pegou a
sua bolsa e me apressou dizendo que já estava atrasada. O motor a álcool do Kadett
demorou a pegar, e vi Bianca começar a ter uma mudança de humor ao meu lado no
banco do carona.

53
— Vou acabar perdendo a primeira aula desse jeito!

Coloquei um som no rádio do carro, mas nem isso pareceu animar Bianca que ficou
emburrada. O trânsito da cidade não parecia colaborar e os sinais vermelhos apareciam
nos faróis muito mais intensos que os verdes.

— Você guia muito devagar. Parou em vários sinais amarelos! — Chateou-se ela.

— Desculpe, princesa. Da próxima vez arrume outro condutor para sua carruagem real!
— Caçoei.

Ela apoiou o cotovelo na porta do carro e a sua cara emburrada, de repente, se tornou
sorridente e ela começou a gargalhar. Estranhei aquela atitude.

— Nossa! Estava com cara de quem chupou limão desde que saiu de casa e agora está
rindo? Cuidado. Isso se chama comportamento bipolar!

Ela não parou de rir, e então, falou me olhando nos olhos:

— Desculpe, Ique. Eu ando meio estressada ultimamente mesmo.

Ela soltou a fivela do cinto de segurança e pela primeira vez olhei para o meio de seu
decote. Dava pra ver o sutiã branco por baixo da blusa.

— Ei, ei! Coloque já esse cinto. Tem blitz nesse trecho da estrada direto. Não quero
tomar pontos na minha recém-adquirida carteira de motorista.

Ela nada disse. Deu uma olhadinha para fora do carro e cruzou as pernas. A saia subiu
quase toda com o movimento.

— Quer saber? Dane-se a escola! Acabei de ter uma ideia maluca.

Percebi naquela olhada que viria alguma coisa maliciosa pela frente e tentei redirecionar
o assunto imediatamente, me lembrando daquele pesadelo que havia tido e da promessa
que havia feito a mim mesmo: “Nada de fornicação com irmãs! ”.

— Por que a gente não vai até a casa do Tiago no interior de São Paulo de novo?

O Tiago era um dos meus amigos dos tempos de Ensino Médio e a casa referida por
Bianca era um local usado para as férias que a família do rapaz dispunha. Meus irmãos
e eu já havíamos visitado o local algumas vezes para curtirmos alguns finais de semana
longe da cidade e dava para perceber nos olhos cor-de-mel da minha irmã o que ela
estava querendo com aquela sugestão.

“Nada de fornicação com as irmãs! Nada de fornicação com as irmãs! Você prometeu,
você prometeu! ”. O mantra mental continuava sendo entoado.

54
— Está maluca. Hoje é Terça-Feira. Dia de aula. O que iríamos fazer na casa do Tiago?
Lá naquele cafundó do Judas?

Bianca descruzou as pernas e começou a subir a saia até o ponto em que eu podia ver
sua calcinha em minha cor favorita: Branca.

“Calcinha branca é muita sacanagem! ”. Pensei. Ela deu uma mordidinha nos lábios e
falou com uma voz sensual:

— Eu. Você. Uma casa vazia no meio do nada. O que mais poderíamos fazer lá?

“Transar! Transar! Transar! ”.

Era àquele tipo de tentação que eu procurava resistir, mas nem Bianca e nem Aline
costumavam aliviar. Volta e meia, elas estavam me provocando andando pela casa de
calcinha e sutiã, enroladas em toalhas curtas após o banho, deitadas de bruços em suas
camas com a porta do quarto aberta. Era demais para aguentar.

“Mas elas são suas irmãs! Elas podem andar peladas na sua frente que você NÃO TEM
que ficar de pau duro por causa disso, seu cretino! ”.

Minha consciência me mandava me acalmar e quando o Kadett chegou a uma


bifurcação onde eu podia seguir para o sul da cidade, para a escola de Bianca ou o
interior do estado, para a casa abandonada da família do Tiago, tive que resistir com
todas as minhas forças para fazer o certo. Quando vi Bianca voltar a ficar emburrada e
voltar a se prender ao cinto de segurança, a imagem dela nua de quatro sobre a cama se
desvaneceu junto de meus pensamentos pervertidos. Ela chegou atrasada à escola, mas a
entreguei da forma como havia de ser. Minha irmã desceu do carro sem nem se
despedir. Parecia nervosa. Muito nervosa.

55
A TENTAÇÃO DE CAÍQUE FERRETI (PARTE 2)

ESTACIONEI O CARRO DO MARCELÃO na porta de casa sabendo que logo mais o


usaria novamente para me dirigir ao treino de futebol. Entrei em casa certo de que não
haveria ninguém por lá e já me despi na sala querendo loucamente a água do meu
chuveiro. Distraído, comecei a cantarolar uma canção da Legião Urbana de olhos
fechados e passando sabonete na pele molhada.

— ♪Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou…♫

— … ♪mas tenho muito teeeempo♫

A voz de Aline continuando o resto da música quebrou a minha absorção e deixei o


sabonete cair com o susto.

— Que porra é essa, menina? O que está fazendo em casa? Não devia estar no colégio?

Aline riu do meu susto e se abaixou para apanhar o sabonete que rolou em direção à
porta onde ela estava estática.

— Devia, irmãozinho, mas não tive aula hoje. Os dois professores não compareceram.

— E o Diogo também voltou pra casa? — Perguntei, tentando me certificar que não
estava sozinho em casa com a minha irmã caçula.

— Sei lá do Diogo! Não somos gêmeos. Ele estuda em outra sala, esqueceu?

Aline me jogou o sabonete.

— Pega!

O pequeno bloco branco bateu em meu peito e deslizou de volta para o chão antes que
eu pudesse apanhá-lo.

— Mão furada! — Caçoou ela.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa que a impedisse, Aline se caminhou para
perto de onde o sabonete havia caído e invadiu o banheiro. A água fria que caía em
minha cabeça não estava agindo o suficiente para que a ereção que estava tendo
diminuísse e ela parou ali embaixo com o sabonete na mão a olhar para o meu pau duro.

— Hummm! Estava pensando em quem pra ficar assim, Ique?

Sem que eu pudesse evitar, ela se levantou e colou o seu corpo no meu. A água do
chuveiro começou a molhar a blusinha branca que ela usava tornando-a transparente.

56
Seus seios ficaram visíveis através da peça de roupa. Uma de suas mãos se encheu
apalpando meus testículos.

— Isso tudo é pra mim, maninho? Fui eu que te deixei excitado?

Ela colou ainda mais o corpo em mim. Seu shortinho preto estava agora totalmente
encharcado.

— Line, Line, querida. Você precisa sair agora. Preciso terminar o banho pra ir para o
treino! — Tentei argumentar.

— Você não tem cinco minutinhos pra mim? — E ela fez um irresistível biquinho com
a boca. — Só cinco minutinhos pra sua caçulinha!

Aline simplesmente se abaixou enquanto tirava o short, ficando nua em minha frente.
Enquanto passava a peça pelos pés, sorriu com os cabelos tingidos de vermelho
molhados e escorridos no belo rosto de boneca.

— Só cinco minutinhos, vai! Não seja mau!

Ela então virou de costas e roçou a bunda em meu pau duro.

“Nada de fornicação com as irmãs! Nada de fornicação com as irmãs! ”.

Ela se virou de perfil, e então, me lembrei daquela boquinha babando aquela gosma
branca após ela se fartar no pau de nosso pai naquela imagem terrível do meu pesadelo.
Não dava mais.

— Não, Line. É sério. O treino!

Sem ser grosseiro, segurei Aline pelos braços e a conduzi até a porta do banheiro a
fechando em seguida. Não podia vencer meus limites.

— O que há com você? Eu só queria dar umazinha! Desde quando isso virou algum tipo
de pecado? — Esbravejou ela do lado de fora do banheiro.

Meu cérebro agora gritava aquele que havia se tornado uma maneira de acalmar os
meus ânimos: “Nada de fornicação com as irmãs! Nada de fornicação com as irmãs! ”.

O treino naquela tarde foi uma completa merda. Pensando em tudo que havia acontecido
naquela manhã, eu não conseguia me concentrar e todas as vezes que fechava meus
olhos, me lembrava de Bianca se insinuando dentro do carro e Aline se esfregando em
mim no banho. Logo depois, para o meu infortúnio, eu via as duas babando gosma e o
meu cérebro me forçava a continuar me concentrando, mas estava sendo impossível.

57
Naquele dia, rolaria um coletivo para definir o time titular que enfrentaria o Botafogo de
Ribeirão Preto no final de semana, e perdi boas oportunidades de mostrar ao treinador o
meu verdadeiro potencial. Deixei passar bolas bobas e não estava acertando nem os
fundamentos mais básicos como toque e cabeçada.

— Está com a cabeça aonde, Ferreti?! — Gritou o meu treinador mais de uma vez.

Como resultado das minhas vaciladas descobri que começaria o jogo no banco de
reservas naquele final de semana, novamente.

No caminho de volta para casa, pensei em passar no apartamento onde a minha


namorada Glauce morava, mas me descobri desanimado para vê-la naquele começo de
noite. Pensei se talvez uma boa transa e um gasto de energia não me botariam de volta
nos eixos, mas desisti de ligar pra ela alguns metros de chegar ao seu condomínio. “Não
é de sexo que estou precisando! ”, pensei, levemente infeliz.

Eu nunca havia sido de beber, mas decidi aceitar o convite de alguns colegas de clube
para uma rodada em um bar próximo ao bairro onde morava. Lá pelas tantas da noite,
enquanto o som de um sertanejo universitário insuportável rolava no ambiente,
estávamos reunidos em uma mesa ao fundo do estabelecimento bebendo cerveja quando
a conversa descambou para o tema irmãs gostosas. Igor, o zagueiro do time, foi o
primeiro:

— Mas nesse quesito ninguém ganha do nosso camarada Caíque, aqui! — Falou ele me
dando tapas no ombro.

Jorge e Luiz que eram meio-campistas, entraram na pilha:

— Isso com certeza! Ninguém tem em casa uma irmã tão gostosinha quanto a do
Caíque! — Falou o Luiz com fortes sinais de embriagues na voz.

Tentei mudar o foco da conversa:

— Teremos o treino final na quinta-feira. Tente ficar sóbrio até lá!

— Não muda de assunto, Caíque — Luiz se aproximou de mim me segurando o braço


—, eu já estou garantido no time titular. Quem tem que mostrar serviço é você. Aliás,
que desatenção toda era aquela no treino hoje? Será que é por causa da sua irmãzinha
boazuda?

Os três caíram na gargalhada e pra não perder a amizade, tentei me manter frio.

— Estamos falando da mais velha, a loirinha, mas alguém aí já deu uma olhada na
caçulinha? Tremenda gata! Vi no seu álbum do Facebook! — Comentou Igor.

58
— Ela está de biquíni? Compartilha a foto com a galera, Igor! — Falou Jorge, já
fazendo sinal de longe para o garçom trazer mais uma garrafa de cerveja.

Novamente tentei mudar o rumo da conversa:

— É sério, galera. A gente já bebeu demais. Hora de ir pra casa.

— Ih, a lá, o cara! Já quer voltar pra casa. Não são nem dez da noite ainda! — Falou
Luiz.

— Mas também, com aquelas irmãs gostosas em casa, até eu não ia mais querer sair de
lá!

Os babacas estavam quase se mijando de tanto rir da minha cara, e para não azedar o
clima, caí no riso também enquanto a minha cabeça continuava repassando aquele
pesadelo da madrugada em contraposição às tentações que Bianca e Aline me
representavam.

Luiz, Igor e Jorge moravam perto, por isso, não precisavam de carona para voltar para
casa, embora estivem os três bem embriagados. Cheguei em casa e não vi papai e
mamãe na sala vendo TV como de costume, o que me acionou o alerta de problemas.

“Eles não vão me inventar de dormir fora de casa justo hoje! ”.

Subi as escadas para comprovar que eles não estavam mesmo em casa e vi o quarto do
casal vazio. Um silêncio profundo reinava em casa. Não me arrisquei a abrir a porta do
quarto das meninas no andar de baixo para não me deparar com nada que me atiçasse a
imaginação e fui direto para meu quarto, onde também não encontrei meu irmão Diogo.
A cama dele continuava feita e não havia sinais de que ele havia passado por ali durante
o dia todo.

“Que merda está acontecendo nessa casa? ”, me perguntei quando uma respiração atrás
de mim indicou a chegada de Bianca.

— O Didi ligou dizendo que vai dormir na casa de um colega. Ele não volta hoje.

Ela parecia séria sem esboçar aquele sorriso característico de quando ela me via. Estava
vestida com um baby-doll curto de seda e me olhava da porta como que bloqueando a
saída.

— Estranhei essa casa em silêncio. Papai e mamãe ainda não chegaram?

Eu sabia a resposta, mas ela balançou a cabeça negativamente. Antes que eu


perguntasse ela falou:

— A Aline está no quarto ouvindo música.

59
Pensei em tirar a camiseta que usava, mas pensei melhor. Não devia dar sinais de que
estava a fim de sexo com ela. Bianca continuou ali na porta me observando e a pergunta
soou espontânea:

— Vai me contar o que está acontecendo?

Tirei o tênis e deixei o meu celular sobre a cabeceira da cama.

— Nada está acontecendo — procurei não olhar pra ela.

— A Aline me falou sobre vocês hoje cedo.

Meu estômago gelou.

— Não aconteceu nada entre eu e a Line.

— Exatamente por isso. Ela falou que ficou peladinha na sua frente e você a expulsou
do banheiro. Quero saber o que está havendo.

Bianca continuava séria como poucas vezes eu a havia visto.

— O que é isso? Interrogatório agora? Não está acontecendo nada!

Me ergui da cama onde estava sentado e tentando disfarçar o meu desconforto, pronto a
pedir que Bianca saísse do quarto ainda entoando meu mantra mentalmente, fui até a
janela para espiar lá fora. Quando voltei, dei de cara com Bianca sem a blusa com os
seios de fora.

“Seios de fora não! Por que ela apela para esses seios… lindos, grandes e deliciosos,
droga? ”.

— Vem cá. Quero que pegue nos meus peitos. Eu quero que você mame bem gostoso
neles.

Ela estava provocando, mas seu tom ainda era sério.

— Vem. Sei que você está a fim. Já dá pra imaginar o seu pau ficando duro dentro da
calça olhando para os meus peitos.

Ela agarrou a mama esquerda, abaixou o queixo e passou a língua no biquinho. Desviei
a atenção. Realmente estava tendo uma ereção.

— Bia, é melhor você voltar pro seu quarto…

Ela foi até a minha cama e abaixou o shortinho do baby-doll. Estava nua em pelo. A
vulva depilada estava ali, a alguns metros de mim.

60
— Não quer meus peitos. Então vem cá. Me dá um banho de língua em minha xaninha.
Vem sentir o meu gostinho, vem!

Bianca abriu as pernas. O mantra continuava sendo entoado, mas de repente um “foda-
se” quebrou a minha concentração e tudo que vi em seguida foi a minha calça voando
para um canto do quarto e eu caindo ajoelhado desesperado entre as pernas de Bianca,
levando a minha língua até a sua buceta.

— Sabia! Sabia que o meu irmão taradinho ainda estava aí. Agora me chupa. Me chupa
bem gostoso, vai!

Comecei a saborear o sexo da minha irmã e por um instante, esqueci completamente


daquele maldito pesadelo e da promessa que havia feito a mim mesmo. Eu queria parar
de me relacionar com as minhas irmãs, eu tentava resistir, mas não era forte o suficiente.
Elas sabiam quebrar a minha resistência com muito talento me fazendo de gato e sapato.
Enfiei a língua dentro daquelas pétalas, puxei o seu sino com os lábios, e chupei
enlouquecidamente aquele cuzinho rosado. Ela se abriu toda ante minha volúpia e com
as pernas pra cima deixou com que eu me fartasse com a boca em suas partes mais
íntimas. Éramos amantes de novo.

61
A TENTAÇÃO DE CAÍQUE FERRETI (PARTE 3)

POUCO ANTES DE ME ENTREGAR de vez ao incesto, procurei ensandecido um


preservativo na carteira e ela colada a mim me convenceu a desistir de procurar.

— Vamos fazer sem. É mais gostoso!

Me puxando pela mão, ela se deitou na cama de novo e afastou as pernas me esperando
para cobri-la. Passei a glande em sua entrada algumas vezes, e então, forcei uma vez,
lhe tirando um ofego.

— Aii, que bom!

Segurei meu pau e o tirei de dentro dela, a esperando implorar por mais. Quando ela o
fez, enfiei de novo e de novo, até que de repente, a imagem me surgiu como um flash.
Lá estava Bianca de quatro mamando no tentáculo enorme de nosso pai e ela babava
aquela gosma branca e depois voltava a mamar… e mais gosma, mais gosma…

Foi uma das piores broxadas da minha vida. Meu pau amoleceu ainda dentro de Bianca
e ela percebeu de imediato meu fracasso. Me abaixei no chão com a cabeça entre os
joelhos e ela se aproximou carinhosa, perguntando baixinho:

— Ei, Ique. O que está havendo? O que foi?

Senti seus seios se apertarem em minhas costas e meu pau foi sumindo entre as pernas
cada vez mais. Ela ficou a afagar os meus cabelos esperando que eu dissesse alguma
coisa e insistiu, levantando meu rosto e me forçando a encará-la:

— O que foi, meu lindo? O que está acontecendo com você?

Decidi abrir o jogo logo e lhe contei sobre o pesadelo daquela manhã e todo o tormento
que estava me tomando aquele dia. Não foi fácil para ela se imaginar fazendo sexo oral
com nosso pai, mas depois, ela soube levar com certo bom humor.

Pousei a minha cabeça sobre seu colo pouco depois e enquanto ela afagava meus
cabelos um pouco mais, ficamos conversando amenamente em meu quarto. Minha irmã
tinha uma outra visão sobre o incesto e ela a compartilhou comigo:

— Quem disse que estamos fazendo algo errado, Ique? A Bíblia? A igreja? —
Questionou com um tom amargo na voz — Eu procuro pensar o quanto estamos
fazendo bem um ao outro. Acho que é isso que conta. Não há nada errado em fazer
amor!

Olhei bem dentro daqueles olhos cor-de-mel.

62
— Nós devíamos saber que é errado, Bia. Temos o mesmo sangue, viemos do mesmo
ventre. Não pode ser certo a gente ficar… transando!

— Por que não? Você gosta, eu gosto. Quem vai dizer que isso é errado? Tire essas
minhocas da sua cabeça, Ique. Esse pesadelo com um papai demônio gozando na minha
boca… Ééécaa! — E ela fez cara de nojo —, deve ter sido resultado do seu cansaço
pelos treinos de futebol. Nada mais. Eu não vou chupar o papai, pode ficar tranquilo! —
E ela sorriu, ao qual lhe dei um tapa de leve no braço.

— Sua trouxa! Não é questão de você chupar o pai ou não. Esse sonho foi uma espécie
de aviso. Sei lá. Algo terrível pode acontecer se continuarmos fazendo o que a gente faz.

— O que pode acontecer? — Questionou ela.

— Não sei. Você engravidar. O pai e a mãe pegarem a gente na sacanagem. Um monte
de coisas pode acontecer!

Bianca ficou pensativa. Seus dedos pararam de acarinhar meus cabelos.

— A gente tem que parar, Bia. Essa história já foi longe demais.

Ela fez sinal para que eu levantasse a minha cabeça do seu colo, e então, eu ergui meu
tronco. Rapidamente ela se posicionou ficando cara a cara comigo, olhando nos meus
olhos.

— Deixe de besteira. A melhor coisa que aconteceu em minha vida foi eu começar a me
relacionar com você assim mais intimamente. Eu me sinto viva quando estamos fazendo
amor. Eu me sinto mais mulher quando estamos na cama. É isso que importa.

— Mas, Bia…

Ela me interrompeu.

— Ponha na sua cabeça. Não é errado. A gente se ama. Somos irmãos e a gente fode. E
daí? Quem vai nos julgar? Eu não quero parar. Olhe nos meus olhos e diga que quer
parar de transar comigo. Me convença que você não me quer mais e eu nunca mais vou
transar com você. Prometo.

Eu estava olhando naqueles olhos lindos encarando o rosto perfeito de Bianca e não
sabia o que dizer.

— Me fala que você nunca mais vai querer me pegar por trás daquele jeito que só você
sabe, me segurar pela cintura e empurrar seu pau duro pra dentro da minha xaninha. Me
fala que nunca mais você quer sentir minha língua enrolada na sua ou meus lábios
percorrendo seu pau. Fala isso e eu saio desse quarto agora.

63
“Meu Deus! Como essa maldita consegue ser persuasiva! ”.

— Não posso, Bia…

Ela enfraqueceu as mãos em meu rosto as afastando lentamente. Seus olhos estavam
brilhando das lágrimas que já começavam a cair e ela começou a abaixar a cabeça.

— Eu não posso… Parar.

Seus olhos voltaram a brilhar radiantes e Bianca me abraçou tão forte que fiquei sem ar
por alguns instantes. Seus seios estavam apertados em meu peito e eu segurei em suas
costas nuas.

— Oh, meu maninho lindo! Eu sabia que você não ia conseguir ficar sem nossas noites
de loucuras, sem nossas relações malucas. Eu sabia!

— É. Acho que posso sobreviver a novos pesadelos com o papai gozando em você e na
Aline. Não é nada demais! — Ironizei.

Ela aliviou um pouco o abraço e com o rosto a poucos centímetros de distância do meu,
confessou:

— Não quero o gozo do papai. Quero o seu. Só o seu.

Lhe dei uma palmada na bunda e então, uma nova ereção começou a chamar sua
atenção. Num repente, ela se levantou da cama e mesmo nua se dirigiu até a porta com
um brilho intenso nos olhos.

— Tive uma ideia para apimentar esse nosso retorno. Me espera!

Bianca saiu pelada do quarto deixando a porta entreaberta. Naquele momento, com sua
bunda linda e carnuda como a última imagem dos meus pensamentos, me lembrei de
meus amigos a me zoarem no bar. O que eles diriam se soubessem tudo que faço junto
de minhas irmãs?

Estava deitado relaxado na cama quando vi Bianca retornar pro quarto dessa vez com
Aline. A caçula estava vestida com um vestidinho branco e transparente de dormir e a
notei com um olhar devasso no rosto.

— Está me devendo umazinha, irmãozinho mau! — Disse ela após uma careta.

Abri os meus braços como que querendo abraçá-la, então, enquanto ela vinha para junto
de mim, Bianca trancou a porta do quarto. Aline me beijou na boca, em seguida,
levantou os braços esperando que eu a livrasse do seu pijama. Joguei a camisolinha
longe e a menina me instigou a cair de boca em seus peitinhos pontudos e castanhos.
Ela agarrou os meus cabelos me incentivando a mamá-la, e naquele momento, senti o

64
corpo de Bianca se colando em minhas costas. Suas tetas grandes ralando em mim e
suas mãos me acariciando. Virei meu rosto para que ela me presenteasse com seus seios
e ela os apertou em minha direção, os fazendo ainda mais volumosos. Chupei os seus
bicos antes que ela pedisse e enquanto eu sorvia aqueles montes maravilhosos, eu
apertava a sua bunda com as minhas mãos firmemente, a fazendo gemer. Aline
sussurrou em meu ouvido:

— Você queria mesmo ficar sem isso, maninho?

Eu apenas sorri, e confessei já envolvido novamente pela lascívia:

— Acho que estava maluco!

Algum tempo depois de muita fornicação proibida dentro daquele quarto, Aline dormia
abraçada a mim de um lado enquanto Bianca aceitava os meus carinhos do outro lado.
Ainda estávamos nus sobre os lençóis, e em voz baixa, tentando não acordar a nossa
caçula, começamos um diálogo.

— Você já se imaginou chupando o papai?

Bianca fez uma expressão enojada ao meu lado antes de responder:

— ÉÉca! Que nojo!

— Por que nojo? — Quis saber — Você acabou de me chupar até eu gozar, adora me
chupar. Por que não o pai?

— Porque ele é velho! Deve ter o pau murcho… ÉÉca! — Ela tornou a fazer cara de
nojo.

Dei risada.

— Comigo pode e com o pai não. Não entendo!

Ela me olhou séria.

— Por que? Está querendo que eu comece a chupar o pai também? É algum tipo de
fantasia sua?

— Não, claro que não — respondi prontamente —, era só uma curiosidade minha.

— Ainda lembrando daquele pesadelo nojento? Besta! Esquece isso! Eu não vou mamar
no pau do papai e nem ele vai gozar na minha boca. Na minha boca só você pode gozar!

Ela sorriu maliciosa, e em seguida, começou a deslizar de meu abraço, indo até o meio
das minhas pernas para começar a me masturbar. Do repouso, o meu pau voltou a ficar

65
duro e Bianca não tardou a colocá-lo na boca, chupando e lambendo com vontade.
Enquanto ela salivava na minha glande, pediu toda dengosa:

— Falando nisso, dá leitinho na minha boca, dá?

Balancei a cabeça indicando que sim, e ela continuou me chupando posicionada com a
bunda para cima na cama até me esvair novamente como ela queria. Bianca sabia
mamar como nenhuma outra.

66
A CAÇULA

COMEÇOU COM UM INOCENTE jogo de vídeo game em meu quarto, mas


descambou logo para sacanagem uma vez que estava junto de minha irmã Aline em
plenas férias de janeiro.

Estava jogando sozinho um jogo de tiro como há muito tempo não jogava, quando Aline
surgiu batendo de leve na porta e entrando com uma bacia de pipoca me chamando para
assistir um filme na sala com ela. Mastigando de boca aberta, amenina me tirou a
atenção por um minuto do jogo, o que me custou um tiro de calibre .12 bem no meio do
peito. Perdi o jogo e a culpei.

— Morri por sua causa.

A observei melhor ali em pé diante de mim. Olhava para a tela a mastigar a pipoca que
mais parecia chiclete em sua boca e meus olhos pararam em meio as suas pernas. O
shortinho de malha preto que ela usava era apertadíssimo e não havia sinal de calcinha
por baixo dele. Não havia uma marquinha sequer.

— Hah! Coloca aí um jogo de carros!

Ela havia desistido do filme e se abaixou de quatro à minha frente pousando a tigela de
pipoca sobre o tapete para vasculhar os meus DVDs de jogos que eu guardava numa das
divisórias abaixo do rack. Ela ficou a fuçar dentro da repartição ainda de quatro, na
maior naturalidade. Fui obrigado a ajeitar meus bagos dentro da bermuda porque aquele
rabinho virado para mim estava me causando uma ereção e eu o fiquei a olhar,
analisando cada centímetro. Aquela bundinha gostosa já mastigava metade do short e
assim que ela retornasse à posição original, ele estaria bem mais lá dentro do que antes.

— Hah! Enfim um jogo decente. Vamos jogar esse!

Ela me mostrou o DVD de carros de corrida como ela queria e se deitou de bruços para
desligar o vídeo game, retirar o jogo que eu estava jogando sem autorização minha e
colocar o que ela queria. Tão logo as imagens surgiram na TV, ela se sentou ao meu
lado, não antes de encher a boca de pipoca e me jogar de volta o controle que eu havia
pousado no chão tão logo fui derrotado no jogo de tiros.

— Prepare-se para ser humilhado pela sua irmã gatinha!

Ela estava confiante daquele jeito porque eu nunca a havia vencido num jogo de carros.
A danada havia desenvolvido uma técnica infalível e uma agilidade excepcional nas
mãos para controlar o carro virtual e eu nunca havia sido muito fã de jogo de carros.
Enquanto a disputa começava, eu não estava muito interessado em vencê-la e passei a
prestar mais a atenção em seu corpo ali ao meu lado, tão perfumado e sinuoso. Seus

67
peitinhos pulavam dentro da blusinha enquanto ela se movimentava com o joystick em
mãos “guiando” seu carro e meus olhos se perdiam entre as suas pernas, naquele
triângulo delicioso.

Bati tantas vezes que a minha Ferrari já havia virado uma sucata ambulante na tela e
Aline seguia em primeiro lugar. Dos 25 carros na pista, deviam ter uns 24 na minha
frente, mas eu nem estava ligando. Segui fingindo que continuava tentando.

— Oh, droga! Não consigo guiar essa coisa!

Ela me zoava:

— Perdedor!

Num dado momento, ela percebeu que eu a olhava entre as pernas ali sentada a meu
lado e se distraiu durante o jogo dando um riso meio tímido.

— Que foi?

Ela seguiu dos meus olhos ao meio das próprias pernas, e em seguida, sorrindo meio
encabulada me perguntou, já voltando a atenção à tela:

—Tá meio apertado, né?

Tive que concordar.

Apesar da distração, Aline ganhou a corrida e eu nem consegui completar a prova. Ela
comemorou como uma criança por ter me vencido mais uma vez, acreditando mesmo
que eu havia feito algum esforço para disputar seu primeiro lugar, e de pé a pular, ela
começou a me empurrar provocativa.

Mudamos o jogo em seguida e partimos para um de mundo aberto, um dos meus


preferidos. Daquele jogo ela sabia pouco e fui lhe ensinando os controles enquanto
passávamos as fases mais fáceis que eram usadas por iniciantes como treinamento. Num
dado momento, ela se retirou do quarto alegando sede após acabar quase sozinha com a
tigela de pipoca, e voltou com uma garrafa de Coca-Cola e dois copos em mãos. Me
tomando o joystick e apertando o botão “pause” se sentou em meu colo ali no chão e
pediu, não demonstrando qualquer sinal de malícia:

— Vai, agora me ensina.

Ela estava sentada em meu pau que inevitavelmente ficou duro na hora, e o mais
naturalmente possível fui lhe dando as dicas, a deixando ficar com o controle. Ela errava
bastante no começo, mas em pouco tempo, já estava dominando a maioria dos golpes do
cavaleiro de espada que controlávamos. Aline continuava compenetrada no jogo e eu a
apalpava de leve vez ou outra sem que ela reclamasse. Lhe agarrava forte por trás e lhe
68
dava beijos no pescoço quando ela passava uma fase e relaxava aproveitando aquele
momento de calmaria em que estávamos vivendo. Como eu suspeitava, ele não se
prolongaria muito.

Chegamos numa fase, especificamente a décima, em que por mais que tentássemos não
saíamos da estaca-zero. Havíamos usado toda nossas habilidades, mas nada estava
sendo o bastante para vencer nosso adversário. Foi aí que Aline se cansou de jogar.

— Chega de vídeo game por hoje.

Ela saiu do meu colo um instante e se posicionando de quatro novamente se serviu da


Coca que ainda restava na garrafa direto do gargalo. Não sei se propositalmente, ela
deixou um pouco do refrigerante escorrer da sua boca para o queixo, e quando retornou
para perto de mim, me vi tentado a lhe lamber. Ela se alarmou.

Aline ficou me encarando nem brava nem contente, e então, expus a minha língua
novamente para lambê-la no mesmo ponto, quando então ela também expôs a sua.
Ficamos a nos lamber por algum tempo, então, um sorriso se fez em seu rosto e ela
levou sua língua para dentro da minha boca.

Ficamos a serpentear nossas línguas e o beijo quente foi acendendo o resto de nosso
corpo. Aline descolou a sua boca da minha um segundo e voltou a expor a sua língua,
chamando pela minha. Voltamos a nos lamber delicadamente e sorridente, minha irmã
se virou de costas e passou a blusinha pela cabeça para expor os seios diminutos. Ela se
reclinou em mim abrindo minha visão para as suas tetas de aréolas castanhas, e
enquanto a beijava no pescoço, eu passei a massageá-las suavemente.

Sorrindo, exibindo aqueles dentes perfeitos e brancos, ela comentou comigo:

— Queria que eles fossem maiores. Como os da Bianca!

Continuei a massagem apertando agora seus mamilos e falei baixinho em seu ouvido,
após lhe lamber a orelha esquerda:

— São deliciosos assim mesmo.

— Você sempre fala que adora os peitos da nossa irmã Bianca… e eles são grandes, tem
bicos grandes…

— Os seus cabem inteiros na boca e isso também é bom.

Ela sorriu como que lisonjeada e se inclinou mais permitindo que eu os alcançasse com
a boca. Chupei os dois montinhos cônicos os saboreando e dei atenção aos bicos,
deixando-os intumescidos. Aline se ajoelhou em frente a mim, ainda de costas, e foi
abaixando o short já quase completamente enfiado na bunda. Ela havia ficado nua e a
enrolada nas coxas me causou um frisson.
69
— E a minha bunda? Você acha ela grande? Queria que ela também fosse maior!

A apalpei com vontade chegando a abri-la para ver melhor o seu cuzinho apertadinho e
voltei a argumentar:

— É gostosa do jeito que é, Line. Bem arrebitada!

Lhe dando a prova de que eu a gostava daquele jeito, segurei Aline pelo quadril com
força e passei a lamber a sua bunda. Passeava a língua deixando a molhada de saliva e
segui me aprofundando, chupando também seu cuzinho.

Continuei a chupar Aline enquanto ela se livrava do shortinho de vez e ela me fez parar
um segundo me instigando a me despir. Rapidamente tirei tudo, e me empurrando para a
cama, ela ainda deu uma olhada para a porta para se certificar que ninguém nos espiava.
Voltou a sua atenção para mim e sorriu olhando meu pau duro no meio das pernas.

Ela me fez deitar em minha cama e se posicionou de quatro quase sentada em meu
rosto. Voltei ao ponto onde havia parado e continuei a chupar seu cuzinho, o violando.
Ela fazia sons chiados com a boca e apertava os olhos excitada, e então, eu prolongava
as carícias até sua buceta. Abri os lábios com as mãos e comecei a mamar em Aline, a
levando rápido ao gozo. Enquanto eu chupava, ela gemia sem se conter, e logo seu
melzinho passou a verter saboroso. Eu o lambia espalhando todo ele até o seu ânus, e
então, apertava com a boca o seu sininho, causando-lhe arrepios. Após esfregar o sexo
molhado em meu rosto, Aline deslizou por meu corpo e se deitou sobre mim para me
beijar. Enfiou a língua em minha boca e puxou com força os meus cabelos de tanta
excitação.

— Você me ama mais que a Bianca?

A pergunta surgiu repentina e era algo difícil de responder já que eu mantinha um


carinho diferenciado entre as duas. Para mim, Bianca tinha um quê maior de devassa,
enquanto Aline mantinha certa pureza apesar de ser tão lasciva quanto Bianca. Eu sabia
que era por ela ser a caçula, aquela gatinha pelo qual eu mantinha um carinho maior e
certa aura de proteção, mas não podia dizer que amava mais uma do que a outra.

— Não ama?

Ela me lambeu com mais força e sem saber o que dizer, falei a primeira coisa que me
ocorreu:

— Você é a minha gatinha preferida!

Aline sorriu parecendo satisfeita com a resposta apesar do improviso e se virou de


ladinho para mim, flexionando uma das pernas. Me encaixei nela por trás acariciando
seu ânus com a mão e levei meu pau grosso até o buraquinho. Enfiei devagar para ela se
acostumar e Aline deu um berro que sumiu enquanto era emitido. Ela começou a gemer
70
como se estivesse doendo, então, tirei a cabeça a segurando com a mão. Voltei a invadi-
la pouco depois e comecei a abrir mais espaço. Comecei a bombar devagar
massageando a sua bunda.

— É assim que você gosta, Line? No cuzinho? Bem gostosinho?

— Iiisso, maninho — respondeu ela, safada —, é sim...

Tirei um pouco vendo lágrimas escorrerem dos seus olhos. Massageei o local, estoquei
alguns dedos, então, voltei a enfiar primeiro a cabeça, depois tudo.

Virei o seu rosto para mim a beijando e passei a língua forte dentro da sua boca calando
seus gemidos por algum tempo, mas não parei de estocar em seu rabinho. Num dado
momento, fiquei a passear a cabeça do pau em sua gruta rosada e lubrificava seu ânus
com seu próprio mel. Ela esfregou com força a própria xota e me pediu, com voz
embargada:

— Muda um pouco. Agora quero na frente!

A deitei de costas na cama e Aline afastou bem as pernas olhando como que assustada
para minha ereção.

— Nossa! Como está enorme. Vai me arregaçar!

Coloquei a cabeça na entrada e dei uma sarreada para lambuzar de mel. Passei mais um
pouco nos pelinhos negros da sua vulva já molhados e enfiei uma vez. Aline se arrepiou
inteira e gemeu.

Enfiei de novo e tirei segurando o pau com a mão. Aline deu uma nova olhada, deu uma
alisada na cabeça dele, e o deixou entrar de novo, agora mais fundo. Ela se posicionou
melhor na cama com as pernas bem afastadas e eu me deitei sobre ela agora estocando
repetidamente.

Às vezes, deixava o pau lá dentro sem tirar, a fazendo me encarar com o queixo
trêmulo, então, voltava a estocar repetidamente.

— Assiiiim! Iiiiisso! Assiiiim!

Já próximo do gozo, sentei Aline sobre mim e a deixei ditar o ritmo. Ela quicava em
mim e o seu corpo estava todo encharcado de suor. Seus cabelos vermelhos caiam-lhe
empapados no rosto, os seus pelinhos púbicos brilhavam úmidos entre as pernas e em
seu rosto estava estampado o mais puro desejo. Eu a satisfazia.

Vendo as tetinhas de Aline pulando cheias das marcas dos meus chupões, senti o gozo
vindo e a avisei.

71
Aline saiu de cima com a vagina ensopada e com a bunda para cima agarrou o meu pau
para chupá-lo em desespero. O esporro não demorou quase nada e nós encerramos
aquela tarde maliciosa de prazer incestuoso de maneira tão épica quanto as vitórias
conquistadas em nosso jogo de videogame.

Minha irmã e eu sentíamos uma sintonia incrível e era impossível não me deixar levar
pelos meus instintos mais primitivos sempre que as faíscas emanavam do corpo de um
para o outro.

72
O MÉNAGE

AQUELE ERA MAIS UM fim de tarde comum para Carina Monterey e Bianca Ferreti,
ambas adolescentes na flor da idade e cheias de desejos a serem saciados. Estudantes do
Ensino Médio de uma cara escola do centro, as duas tinham se conhecido por acaso nos
corredores a caminho da sala de aula e não precisaram de muito tempo para descobrir
que tinham MUITO EM COMUM, em especial, o fato de que suas famílias praticavam
o incesto.

Carina desde jovem fornicava com os dois irmãos mais velhos Rodrigo e Lucas e
perdeu a virgindade com o primeiro em um final de semana na praia. Depois daquele
dia, eles passaram a experimentar todo tipo de sensações sexuais juntos e a menina
aprendeu cedo a não reprimir os próprios desejos.

Com Bianca foi igual. Desde muito nova, ela costumava brincar com o irmão mais
velho Caíque e quando percebeu que aquelas brincadeiras lhe causavam arrepios fora do
comum, ela aprendeu que podia fazer sexo com ele. Logo, isso se estendeu aos demais
irmãos mais novos, Diogo e Aline, todos adolescentes e igualmente viciados na arte
proibida do incesto.

Não era raro as duas meninas conversarem sobre o assunto e após falarem sobre isso no
intervalo da aula, tiveram que esperar até que chegassem na mansão Monterey, nos
Jardins, até darem prosseguimento verbalmente, já que não era bom que Jaques, o
motorista da família, ouvisse aquela conversa picante. Jaques jamais soubera que os
risinhos trocados pelas meninas no banco de trás da BMW eram porque as duas
trocavam mensagens pelo WhatsApp cheias de fotos e vídeos indecentes.

Bianca parou um segundo deslumbrada em ver a luxuosa moradia de uma das famílias
mais tradicionais paulistanas de perto e tão logo se situou, foi chamada para
acompanhar a amiga até o seu quarto num dos andares superiores. Após subirem dois
lances de escadas, elas chegaram ao aposento onde a anfitriã já começou a ficar à
vontade. Carina largou a mochila ainda no corredor e após descalçar os sapatos, tirou
também a saia que usava para ficar de calcinha.

— Pode ficar à vontade, Bia — convidou ela.

Ao ver a moça de cabelos alourados reticente, a herdeira dos Monterey tomou a


liberdade de ir até ela, desabotoar a sua calça jeans e abaixá-la.

— Sua louca! — Exclamou Bianca, rindo.

— Quando eu digo à vontade é à vontade!

73
A menina estava vestida com uma calcinha vermelha adornada com lacinhos nas laterais
e atrás apenas um fio-dental escondia a sua nudez completa. Em seguida, um tapa ecoou
em sua nádega esquerda e Carina falou, antes de pular de bruços sobre a cama:

— Baita gostosa, hein, Bia!

Já mais à vontade como queria Carina, Bianca pulou junto da amiga na cama
confortável de casal e entre almofadas sedosas, as duas continuaram a conversa anterior.

— Sua vez. Qual foi a maior bizarrice que já fez na cama com os seus irmãos? —
Carina descansou o queixo sobre as duas mãos cruzadas sobre a cama e seus olhos
castanhos fixaram nos cor-de-mel da amiga.

— Nossa… Foram tantas! — E Bianca olhou pensativa em direção à janela.

— Estou falando de putaria mesmo — explicitou Carina, que tinha um corpo esguio,
porém definido —, qual foi a maior putaria que vocês já fizeram?

— A gente faz muita putaria — respondeu Bianca num tom levemente envergonhado
—, mas acho que foi quando nos isolamos na casa de férias de um amigo nosso pra
transar. Agimos feito animais naquele dia!

— Transaram no quintal? — Perguntou Carina.

— No quintal, na sala, no banheiro… Em todos os lugares!

A alça da blusinha que Carina usava escorregou para o lado e o seu decote se avantajou
de repente. Mexendo os pés ainda deitada de bruços, a garota de cabelos castanhos lisos
continuou questionando:

— Você disse que os dois são pauzudos, tanto o Caíque quanto o Diogo. Eu já vi o
Caíque pelado e vou te dizer… Que tesão!

As duas riram.

— Viu e fez algo mais, né safada!

— Verdade! — Carina sorriu ao se lembrar da tarde de amor que havia compartilhado


com o irmão atleta da amiga de colégio — Isso tenho que admitir! — Em seguida, ela
voltou ao assunto anterior:

— Você deixou os dois te comerem ao mesmo tempo?

Bianca corou e jogando o corpo para trás, começou a rir nervosamente. Instintivamente,
deslizou uma das mãos por sobre a calcinha vermelha massageando de leve a vagina e
então respondeu:

74
— Foi uma loucura. Primeiro eles me pegaram cada um por um buraco… Depois os
dois no mesmo buraco. Nunca sentei tão gostoso!

Carina sentiu a própria vagina reagir e então, ela se aproximou mais da amiga. De onde
estava, Bianca podia sentir a sua respiração.

— Delícia! Deve ter arrombado tudinho!

— Arrombou — confessou a de cabelos alourados agora num misto de timidez e


lascívia —, mas foi a melhor sensação do mundo. Depois disso repetimos uma vez só.
Preciso experimentar aquilo de novo!

Carina agora estava cara-a-cara com a amiga deitada e um dedinho maroto começou a
alisar seu ombro. A respiração de Bianca estava acelerada e seus seios fartos subiam e
desciam na blusa decotada que usava.

— E os meninos? Eles fazem algo entre eles? — Havia desejo nos olhos de Carina.

— Eles não curtem — respondeu Bianca —, nunca os vi se penetrando. Eu tenho


vontade de ver. Tipo… Um deles me fodendo… e o outro metendo no cuzinho dele. Ai,
tesão!

O dedo de Carina agora dedilhava o bico do seio de Bianca através da blusa.

— Eu já vi os meus irmãos fodendo. Uau! — Contou Carina, aguçando a curiosidade da


amiga.

— Mesmo? Tipo — e ela fez um gesto de um dedo entrando através da união do


polegar e o indicador da outra mão — Tipo isso?

— Assim mesmo. Um enrabou o outro, depois, os dois me comeram. Nunca fiquei tão
excitada antes!

— Aiii, eu quero! — E Bianca bateu os pés sobre a cama de forma mimada. — Deve ser
muito excitante!

— E é! Eu e o Rodrigo temos um amigo bissexual. Ele deixa fazer de tudo. Ser


enrabado, chupado. Ele adora engolir porra!

Os olhos de Bianca brilharam.

— Sério? E vocês já fizeram com ele?

— O Digo não, mas o Lucas topa. Meu maninho topa tudo quando é pra ter prazer. Eu
já vi o Lucas enrabar esse nosso amigo enquanto ele me comia. Foi um tesão!

Bianca voltou a ficar de bruços e confessou:


75
— Você precisa me apresentar a esse menino!

E ambas caíram no riso.

Sem rodeios, Carina alisou e apalpou a bunda de Bianca com ela deitada de bruços e a
pergunta veio num repente:

— E pepeca? Você gosta também?

Bianca se virou para a amiga e começou a encará-la. As duas ficaram um bom tempo só
se curtindo e a resposta foi tão repentina quanto a pergunta:

— Não sei. Coloca a sua na minha boca e a gente descobre…

Carina estava acostumada à maioria das práticas sexuais ditas “normais” e para ela não
era nenhum tabu transar com mulheres. Ela não tinha o costume de fazê-lo, mas quando
a oportunidade surgia, ela não se negava.

Ao longo de muitos anos, já havia estado com várias amigas em situações íntimas e
todas elas haviam se divertido bastante juntas. A moça tirou a sua calcinha branca
cuidadosamente e a jogou de lado, logo em seguida, se deitou na cama afastando as
pernas vagarosamente. Com olhar sensual, Bianca se abaixou com a bunda virada para
cima e deu a primeira lambida no sexo nu da amiga.

— Às vezes, eu experimento a xota da minha irmã Aline… E ela não costuma reclamar
do resultado!

Carina sentiu uma sensação muito prazerosa a tomar no baixo ventre, em seguida, sentiu
o sexo se encharcar com as lambidas delicadas de Bianca. A saliva da menina começou
a se misturar com o líquido que escorria do sexo a ela oferecido e dentro de pouco
tempo, Carina estava gozando aos gemidos.

A língua de Bianca serpenteava a vagina da amiga sem pausas e em certo ponto, ela
começou a foder a menina com o dedo médio.

— Que delícia de bucetinha, Cá! — Gemeu a loira.

Carina deu um novo ofego e gozou outra vez na boca de Bianca. A sua língua tratou
logo de espalhar o líquido pela vulva depilada da outra e ambas estavam arrepiadas de
tanto prazer.

A primeira troca de posição foi breve e Carina ficou de quatro na cama enquanto Bianca
se posicionou deitada embaixo dela. A língua serelepe da garota loira penetrou a vagina
úmida da morena tão logo elas se posicionaram e incapaz de se controlar, a Monterey
começou a soltar obscenidades:

76
— Isso! Chupa, vadia! Chupa gostoso!

Bianca começou a dar o seu melhor e endurecendo a língua, começou a meter


literalmente na amiga. Um novo gozo fez com que as pernas da morena tremulassem e
então, ela vacilou, cedendo o corpo e esfregando a vagina em seu rosto. Um novo banho
de língua se fez necessário. Carina rolou para o lado mal conseguindo se conter.

— Sua… Vagabunda! Estou toda mole!

Naquele ínterim, enquanto Carina respirava fundo, Bianca começou a descer a calcinha
pelas pernas se preparando para receber o mesmo tratamento VIP. Antes que Carina
tivesse recuperado o fôlego, a loirinha estava se posicionando de quatro sobre ela,
deixando sua vagina ao alcance da amiga.

— Sua vez!

Carina agarrou as coxas grossas de Bianca e começou a lhe chupar com vigor. O mel
que já ameaçava escorrer durante a conversa excitante de ambas finalmente foi liberado
e a morena passou a se refestelar, saboreando o gosto feminino. Os sons produzidos pela
boca de Carina em contato com as pétalas rosadas de Bianca estalavam pelo quarto.
Qualquer um podia ouvir desde que estivesse perto o suficiente do aposento onde as
duas meninas faziam sexo despudoradamente.

A língua de Carina ia fácil da vagina depilada de Bianca até lhe penetrar o seu ânus e a
menina começou a tremer de prazer, sentindo um orgasmo substituir outro.

Em seguida, as duas experimentaram a posição 69 e terminaram uma em cima da outra


friccionando as vaginas quase em desespero, gozando e espalhando seu mel por sobre
seu sexo em chamas. Beijos cada vez mais tórridos começaram a ser trocados entre as
duas amigas e aquela foi a primeira vez que ambas se permitiam ir tão longe.

Pouco depois da cena incrivelmente quente protagonizada sobre a queen size, as duas
estavam descansando sobre a cama nuas, com Carina sobre Bianca, e as duas
aproveitavam o silêncio entre sorrisos cúmplices para se beijar. Nenhuma palavra ia
descrever o que tinham acabado de fazer, e quando acharam que iam descansar de sua
lasciva atividade atlética, a voz masculina irrompeu o quarto para surpreendê-las:

— Taí um negócio que não se vê todo dia quando se chega na casa dos pais!

As duas olharam espantadas em direção à porta, e Lucas, o irmão de Carina estava lá,
encostado na soleira com um sorriso malicioso no rosto a encará-las.

77
O MÉNAGE (PARTE 2)

ALGUMAS HORAS TINHAM se passado e o trio se encontrava nu sobre a cama com


os últimos raios do sol a raiarem através da janela naquele fim de tarde.

O canto de alguns pássaros insistentes que ainda visitavam o jardim frondoso diante da
mansão Monterey ecoava do lado de fora e naquele momento, Carina descansava com a
cabeça deitada no colo de Lucas, sentindo seu pau furioso voltar a intumescer entre as
pernas. O saco inchado mostrava que ele ainda não havia gozado o suficiente, e que
mais uma etapa de sexo a três estava para começar.

Bianca descansava de bruços a mexer os pés muito à vontade entre os irmãos


incestuosos e ouvia as suas histórias, louca para praticar o que aprendera em casa com
os próprios irmãos.

— Sexo a quatro. A Carina já encarou! — Falou a voz grave do rapaz de pele clara e
sem pelos a cobrir o corpo. Carina rebateu:

— Não vale! Eu estava bêbada! Eu não costumo aguentar três ao mesmo tempo!

— Mas aguentou! Naquela tarde, o Rodrigo comeu o seu cuzinho, eu comi a sua xota e
você ainda chupou o pau do Yankee!

Ela cobriu o rosto como que envergonhada ao som de um “não” quase ininterrupto.
Enquanto isso, Bianca ria observando o pênis do irmão da amiga voltar a endurecer.
“Que enorme!”, pensou ela.

— Aguentou sim! E olhe que a piroca do Yankee é gigante. E você engoliu ela toda!

— Para, Lu! O que a Bianca vai pensar de mim com você falando assim?

— Ela vai saber a verdade. Você é uma putinha!

Carina o estapeou, e naquele momento, os olhos do rapaz encontraram os da amiga loira


da irmã.

— E você, Bianca? Já encarou um sexo a quatro? — Perguntou Lucas, a trazendo para o


assunto.

— Nunca… Mas tenho vontade!

Carina estava bem posicionada e agarrando o membro duro de Lucas, ela atacou:

— Isso aí é vadia! Vai achando que ela é Santa!

78
Bianca estapeou a coxa de Carina que se encolheu sorridente. Olhando o irmão em
seguida, ainda sorrindo, ela salivou um segundo antes de dar uma chupada m sua glande
rosada, gemendo:

— Delícia!

Voltando a se excitar vendo Carina brincar com o membro ereto do irmão, Bianca ouviu
dele:

— Você não tem costume de transar fora de casa, não é, Bia?

Havia um ar tímido rondando os olhos da loira.

— Não. Me satisfaço com meus irmãos.

— Mas é bom variar de vez em quando.

Ela acenou que sim quanto a afirmação dele. Com um gesto, Lucas ele a fez se
aproximar, e então, ela se posicionou de modo a também poder acariciar o sexo dele
com a língua. Carina já tinha salivado nele e a loira viu o líquido transparente escorrer
do membro rijo até os seus testículos depilados. A garota começou chupando uma das
bolas, e logo estava com as duas na boca, sempre fazendo questão de olhá-lo nos olhos.
Ela aprendera com Caíque que os homens gostavam daquele contato visual. Enquanto
ele gemia sentado de pernas abertas, as duas de bruços lhe faziam sexo oral
habilidosamente.

Por vezes dividiam o membro e as suas línguas se encontravam. Ambas trocavam


saliva, cuspiam e voltavam a chupar o mastro encharcado. Carina se masturbava ao
mesmo tempo em que manipulava o irmão mais velho e gemia.

Bianca foi ousada e começou a lamber o ânus de Lucas. Ao ver que não encontrou
resistência, foi além, e o penetrou com a língua. Enquanto chupava a região circular, ela
se lembrou da história de Carina e sentiu um arrepio na nuca.

“Um enrabou o outro, depois, os dois me comeram”, se lembrou das palavras da garota
sobre Rodrigo e Lucas. Ela precisava ver aquilo com os próprios olhos.

Mais algum tempo depois, Lucas havia trepado com as duas e encerrou a transa no ânus
de Carina de forma devassa. Igualmente da primeira vez, o líquido branco esguichou de
sua glande e preencheu o rabo da menina começando a escorrer logo depois. Ainda com
a ideia fixa na cabeça, Bianca esperou ele se recuperar do coito e com jeitinho, ela se
aproximou dele alisando o seu peito magro.

Carina ficou deitada de costas ofegante, mas de onde estava, pode ouvir a proposta da
amiga:

79
— Você realizaria uma fantasia minha, Lucas?

Os olhos brilhantes da menina penetraram os dele e naquele momento, ele se viu


incapaz de negar o que quer que fosse para a linda amiga da irmã caçula.

— O que você quiser, Bia.

Bianca deixou escapar um risinho malicioso, e então, soltou de uma vez:

— Penetra outro homem e depois me come junto dele?

Rafael chegou à casa dos Monterey de táxi e estranhou que, pela primeira vez, nenhum
serviçal o viera recepcionar à porta. Ao longo dos anos, ele já havia frequentado
diversas festas na bela mansão, e por ali, já tinha presenciado de tudo, inclusive festas à
rigor junto a família dos amigos Rodrigo, Lucas e Carina.

Apesar disso, ele estava mais acostumado às bizarrices dos irmãos Monterey e a
ausência dos empregados foi a primeira dica do que ele podia esperar quando entrasse.

Carina o recepcionou no saguão vestida apenas com um robe de seda. Os mamilos


intumescidos eram evidentes por baixo do tecido e ele conhecia a menina bem demais
para saber que ela não ficava rígida à toa. A caminho do quarto onde Lucas e a ansiosa
Bianca o aguardavam, Carina explicou o que afinal ele viera fazer ali e já acostumado,
ele não demorou a entrar no clima.

— Me dê uma taça de vinho e está tudo certo — falou o elegante rapaz de cavanhaque
loiro e cabelos espetados assim que adentrou o quarto onde viu Lucas já ereto e Bianca
inteiramente nua sobre a cama.

Bissexual assumido, Rafael sabia divertir homens e mulheres na mesma proporção


quando lhe era exigido. Quando ele se despiu, Bianca se surpreendeu com a sua
musculatura e com o incrível falo entre as pernas que não deixava nada dever ao de
Lucas. Fora os cabelos e o cavanhaque, não havia qualquer pelo em seu corpo inteiro e
aquilo excitou Bianca. Ela estava eufórica e tão logo viu o rapaz subir na cama, ela
passou a alisá-lo, já procurando encaminhar aquilo que mais queria ver.

— Transa com ele! — Sussurrou a menina em direção a Lucas.

Carina se sentou na poltrona próximo da janela de pernas afastadas. O robe estava


aberto sobre o corpo alvo e ela levava uma taça de vinho à boca com uma mão,
enquanto com a outra ela se masturbava.

Rafael se deitou de lado para receber o membro ereto de Lucas e os dois começaram a
transar enquanto o loiro chupava Bianca. Carina não se lembrava de já ter visto o irmão
80
transar com Rafael daquele jeito tão intensamente, mas estava tão excitada quanto
Bianca naquele momento.

Num dado momento, Lucas tirou do rapaz e o serviu na boca. De onde estava, Carina se
arrepiou com o som das chupadas vorazes. Ele esfregava os dedos na vagina de Bianca
enquanto chupava Lucas, e então, de súbito, seu irmão penetrou Bianca que gemeu alto.
Ela se arreganhou embaixo deles e dali a pouco tempo quem a estava fodendo era
Rafael, cujo mastro ereto escorregou sem dificuldade na vagina ensopada da menina.

Durante as horas que durou aquele ménage intenso sobre a cama de casal de Carina
Monterey, Bianca conseguiu satisfazer cada um de seus desejos em presenciar uma cena
de sexo protagonizada por dois homens com ela servindo de recheio. A anfitriã da festa,
por sua vez, também conseguiu a sua dose extra de prazer solitário observando a
sinuosa amiga servindo aos dois rapazes vigorosos e aquele início de noite, todo mundo
saiu ganhando, de uma maneira ou de outra.

81
MENINO DO RIO

O ANÚNCIO DA VISITA curta que Henrique Schneider faria aos amigos e familiares
em São Paulo fez com que espaços em agendas acabassem sendo criados, bem como
compromissos adiados. Muito querido por todos que ele havia deixado na cidade desde
que se mudara para um confortável apartamento na Barra da Tijuca em companhia de
sua noiva Valéria, o carioca vinha à capital paulista a trabalho, embora não quisesse
evitar de forma alguma uma visita aos parentes e amigos que ali deixara há quase um
ano.

— Bota mais água no feijão que eu vou visitar vocês e passar esse fim de semana aí —
falou ele ao telefone com a irmã Natalie na manhã daquela terça-feira. Eufórica, a
fotógrafa tratou de avisar todos os conhecidos de ambos da chegada de Henrique,
incluindo a prima deles, Cláudia Ferraz, a sócia majoritária da agência de publicidade
Illuminare.

Claudia tinha concluído recentemente uma campanha publicitária para uma loja famosa
de eletrodomésticos que esteve em desenvolvimento por várias semanas, e naquela
quinta à tarde, estava saindo com a sua equipe para comemorar o sucesso da parceria
com a marca. A empresa havia contratado a Illuminare para renovar a cara da loja nas
mídias sociais, além de dar um novo vigor para a sua marca junto aos seus clientes.
Após alguns extenuantes dias de labuta, a gerente de marketing enfim podia dar uma
relaxada e decidiu bancar um jantar à equipe naquele início de noite.

— Depois de tanto trabalho, acho que a gente merece uma comemoração!

— E o que pode ser melhor do que comemorar comendo um “japa”, hein? — Exultou o
fotógrafo e editor Richard, enquanto ele, as irmãs gêmeas e designers Dana e Dona, o
assistente de projeto Rúbio e a própria Cláudia caminhavam até o estacionamento da
agência.

As vozes estridentes ecoavam no espaço fechado sob o prédio de onde saíam e


conforme se aproximavam dos veículos deixados num canto mais afastado da porta de
acesso, os risos alegres cessaram momentaneamente quando eles perceberam uma
figura masculina de braços cruzados sentada sobre o capô de um dos carros da agência
estacionados em paralelo.

— Não é possível que essa alegria toda é só por causa da minha visita, prima!

A voz do rapaz loiro e alto sentado sobre o carro foi reconhecida no mesmo instante por
Cláudia, apesar do ambiente meio escuro do estacionamento. Sem muita cerimônia, ela
largou a bolsa que carregava nas mãos de Rúbio e se jogou sobre o rapaz, lhe dando um
abraço forte.

82
— Henrique! Que saudades! Não disse que viria só na sexta? — Indagou ela com o
rosto a poucos centímetros do dele e os braços ainda enlaçados em volta do seu pescoço.

Rúbio parecia desconcertado sem entender do que se tratava, mas tanto Richard quanto
as irmãs gêmeas esquadrinharam cada milímetro do rosto e do corpo sarado do
grandalhão abraçado a chefe deles. O carioca estava com a pele bem mais bronzeada de
quando saiu de São Paulo e exibia uma tatuagem com ideogramas tailandeses no braço
esquerdo definido. Vestia uma regata branca e uma calça jeans surrada. O volume entre
as pernas chamou a atenção de seus observadores, já Cláudia, o sentiu bem de perto.
Estava calor.

Henrique não se negou a acompanhar a equipe da agência de publicidade até o


restaurante japonês localizado a duas quadras da Vila Mariana e foi no banco carona da
prima mais velha. Enquanto Richard conduzia o outro carro levando Rúbio e as irmãs
Dana e Dona, Henrique procurou saber do restante do pessoal que viera visitar.

— Eu dei uma passada na construtora antes de te encontrar. Interfonei pra ver se


conseguia falar com o Rodrigo assim que cheguei no prédio, mas uma tal de Natasha
avisou que ele estava em reunião. O Sr. Monterey virou importante agora! Sem tempo
pros amigos! — Disse ele sorridente, falando sobre o cunhado e amigo de infância que
há algum tempo tinha assumido um cargo de administração na empresa onde o pai era o
CEO.

— Atualmente, eu estou trabalhando duas vezes por semana no mesmo prédio que ele e
raramente consigo encontrá-lo! — Falou Cláudia, parando antes de uma faixa de
pedestre. — O herdeiro anda ocupado!

— Mas aposto que encontrou com ele fora do trabalho! — Henrique deu uma indireta
lhe tocando o ombro de leve, provocativo.

— Para com isso! Ele namora a sua irmã, Rique. Ele e a Natalie estão firmes no
relacionamento. Logo vão casar! — Cláudia mal conseguiu disfarçar o sorriso no rosto.
Sabia que era errado, mas já tinha se encontrado algumas vezes com Rodrigo desde que
ambos tinham passado a trabalhar no mesmo ambiente.

— O Digão nunca foi de se amarrar a compromissos, Cacau. Tenho certeza que ele já
passou a régua em você… — falou ele quase gargalhando, tirando-lhe um sarro.

Cláudia tirou uma das mãos do volante para estapeá-lo por um segundo. Pareceu
indignada, mas ela sabia que Henrique tinha razão. A moça tinha ido para a cama com
ele por duas vezes sem conseguir controlar o desejo lascivo que a consumia desde que
havia conhecido o filho de empresário numa festa de casamento, em Minas Gerais. Só

83
de lembrar daquilo, a publicitária ficou excitada, mas o assunto morreu quando eles
chegaram ao restaurante.

O grupo ficou cerca de uma hora e meia no restaurante japonês e de lá, eles resolveram
esticar até um barzinho que tocava música ao vivo. Rúbio se despediu do pessoal à porta
do local e partiu dali de Uber rumo à casa da namorada que morava em Perdizes. Uma
dupla sertaneja dedilhava seus violões no palco do estabelecimento e Cláudia conseguiu
uma mesa bem posicionada à direita de onde os cantores se apresentavam. O bar estava
apinhado naquela noite. Quatro garçons se embrenhavam pelo empurra-empurra e do
senta e levanta do salão espaçoso do ambiente.

— Vão querer o que? — Soou a voz afetada de Richard, quando um dos garçons os
atendeu.

— Vodca — disse Henrique.

— Gim — falou Dana por ela e a irmã.

— Me vê uma caipirinha — indicou Cláudia, já pendurando a bolsa no encosto da


cadeira.

De esguelha, ela notou o primo dando uma olhada no decote da blusinha que ela usava e
sentiu um arrepio. Do outro lado da mesa, disfarçando enquanto ajeitava a franja longa a
cair no rosto, Richard praticamente secava com os olhos Henrique, que parecia um
pavão a se exibir. Além das próprias irmãs gêmeas ali na mesa, pelo menos umas cinco
moças em outros cantos do bar já tinham se contorcido para olhar melhor para ele,
afoitas. O rapaz tinha uma presença física portentosa, o que só era reforçado pelos
brilhantes olhos azuis, a barba por fazer e o tremendo sorriso de cafajeste no rosto a
escanear cada metro quadrado do bar, feito uma ave de rapina voraz.

— Lugar animado, hein! — Disse ele, lançando um olhar pelo salão. A dupla sertaneja
havia feito uma pausa na cantoria e contava um "causo" sobre alguma coisa envolvendo
seu estado natal, Goiás. — Não lembro de já ter vindo aqui antes.

— Esse bar tem uns seis meses só — respondeu Dana, a gêmea de cabelo raspado no
lado esquerdo e piercing na língua —, em São Paulo é assim. Eles vêm e vão o tempo
todo. Difícil manter um estabelecimento bombando numa região tão nobre da cidade.

Henrique se esparramou na cadeira prestando a atenção na moça que falava. Excetuando


o corte de cabelo e a posição dos piercings que ambas usavam, elas eram idênticas
fisicamente. Dana tinha os cabelos mais puxados para um tom acobreado, já Dona, era
quase totalmente loira com um corte mais "Joãozinho". Seu piercing era no septo, mas
por alguma razão Henrique ficou imaginando a sensação do piercing de língua da irmã
dela durante um sexo oral.

84
— Vocês namoram? — Perguntou Henrique direto às meninas, no que Richard
respondeu:

— Pra que namorar numa cidade tão bem servida de bofes como essa?

Cláudia riu e percebeu o garçom se aproximar com as bebidas.

— É a mais pura realidade. O que não falta é boy gato por aqui! — O garçom sentiu
Richard o encarando enquanto ele posicionava os copos sobre a mesa. Enrubesceu. —
Não me amarro tão cedo. Gosto de sirigaitar!

Henrique acompanhou as gêmeas no riso e todos perceberam o garçom se afastar da


mesa meio constrangido com as secadas de Richard. O loiro deu um gole em sua vodca
e Cláudia fez o mesmo em sua caipirinha.

— Tente disfarçar na próxima vez, Richard. O coitado saiu daqui vermelho! —


Comentou a loira Dona.

— Disfarçar o que? Um gostoso desses! Vai que ele é do babado. Não custa arriscar!

A noite se estendeu na divertida companhia da prima e de seus colegas de trabalho.


Henrique se descobriu muito à vontade entre eles. Entre uma conversa e outra,
descobriu que nem Dana e nem Dona tinham namorados fixos e que ambas se definiam
como bissexuais. Ele descobrira também que as duas tinham uma vida sexual muito
ativa e que já até tinham compartilhado parceiros de cama.

— Acho supernormal. Se uma arranja uma pessoa que a outra acha altamente
“pegável”, por que não beneficiar ambas? — Disse Dana.

— Somos solteiras, maiores de idade e moramos num apê espaçoso. Por que não
compartilhar? — Concordou Dona, após finalizar seu gim.

No terceiro copo de vodca, Henrique estava totalmente convencido que conseguiria


levar as duas juntas para cama naquela noite. Ele só não sabia que a prima Cláudia tinha
planos muito parecidos envolvendo todo o grupo.

Quando o bar já estava para encerrar as atividades, ela mesma sugeriu:

— Ei! Por que não vamos para o meu apartamento e terminamos as comemorações por
lá?

Todos se entreolharam e a resposta foi quase em uníssono:

— Ótima ideia!

85
MENINO DO RIO (PARTE 2)

O QUINTETO CHEGOU ao apartamento no Itaim Bibi por volta das duas da manhã.
Exceto Cláudia que só tinha bebido uma caipirinha e tomado água o resto da noite,
todos os outros estavam levemente alcoolizados, o que tornou a tarefa de entrar em casa
no completo silêncio algo bastante trabalhoso.

Henrique foi o primeiro a tropeçar num vaso de Camedórea-elegante que Cláudia


mantinha no canto esquerdo da porta de entrada, próximo de uma mesa de vidro onde
ela costumava planar a bolsa, o celular e as chaves. Dona, por sua vez, acabou
esbarrando nele sem querer após seu tropeço e Richard quase caiu ainda na entrada,
abafando os risos da vergonha com as duas mãos.

— Vão acabar acordando a minha filha, seus desastrados! — Sussurrou Cláudia, com o
dedo indicador em riste frente aos lábios, se referindo à filha adolescente Kelly.

— Gente, que vexame! Pagando mico na casa da chefe! — Foi a vez de Richard falar,
se esquecendo que precisava sussurrar.

— Aqui eu não sou chefe de ninguém, fala baixo! — E a dona da casa indicou que os
quatro visitantes fossem até a sala e se sentassem nos sofás enquanto ela ia verificar
Kelly em seu quarto.

Tirando os ruidosos sapatos de salto grosso e deixando o par próximo do vaso de


plantas, ela seguiu na ponta dos pés até o corredor dos quartos. Abriu de leve a porta e
viu a filha dormindo profundamente em sua cama com dois fones de ouvido ligados e
embaixo de um lençol de seda. Havia a tranquilizado por mensagem horas antes dizendo
que chegaria mais tarde. Voltou a fechar a porta e seguiu até a cozinha. Tinha um vinho
português guardado para ocasiões especiais.

Claudia retornou à sala com uma bandeja aplainada por cinco taças e uma garrafa. Viu
Dana já bem solta com uma das mãos apoiada no braço forte de Henrique enquanto
Dona fazia companhia ao ébrio Richard no outro sofá. O rapaz loiro fez as honras e
após arrancar a rolha, serviu as taças.

— Um brinde à nossa amizade! — Disse a anfitriã, já procurando se sentar entre


Henrique e a designer da sua agência erguendo a taça no alto.

— Ao fim de mais um projeto de sucesso! — Mencionou Dona.

— Ao canavial de rolas que eu ainda quero sentar nessa vida!

86
Richard estava realmente bêbado e apesar de saber que precisavam fazer silêncio,
nenhum deles segurou mais o riso. O rapaz bebeu a taça de vinho quase num gole só e
em seguida, avançou sobre a amiga de cabelos loiros fazendo menção de que ia beijá-la.

— Ei, garoto! Sai dessa! Eu não tenho rola não, viu? — Disse Dona, debochada.

— Não, mas tem uma bucetinha linda de pelinhos escuros, sua tingida! — Seu tom era
pastoso e a sua mão boba acariciou o sexo da garota por sobre sua calça branca.

— Caralho! Ele tá muito na merda. Tá até virando heterossexual! Melhor levar ele logo
pro quarto!

Assim que Dana falou isso, todas elas olharam para Henrique que era o mais forte ali.
Ele deu um gole no vinho e as olhou espantado.

— O que? Eu? Vocês querem que eu carregue o menino alegre pro quarto?

— Bem, você é o único aqui que conseguiria levar ele nos braços! — Disse Cláudia,
com um sorriso fácil no rosto.

Richard parou de agarrar a amiga, e cambaleante, já se precipitou para perto de


Henrique que o segurou firme evitando que ele se esborrachasse no chão da sala. Dona
tomou-lhe da mão a taça vazia antes que ele a derrubasse e logo em seguida, Henrique
ergueu Richard sobre o ombro direito, o segurando pelas pernas.

— Ainda bem que ele é um peso-pena. Consigo carregar no ombro! — Disse Henrique,
já caminhando em direção ao corredor indicado por Cláudia e impressionando as
meninas com a força de seus braços másculos.

— Isso, meu homem! Me carrega pra cama. Tira toda minha roupa! — A voz de
Richard ecoava no apartamento enquanto as moças tentavam conter o riso assistindo a
cena patética.

— Leva ele para o último quarto do corredor, Rique. Tem uma cama de casal. Coloque
ele lá em cima. — O primo lhe obedeceu e ela foi junto para cuidar do fotógrafo
embriagado que continuava dizendo absurdos enquanto alisava Henrique.

Dana e Dona sentaram juntas no sofá da sala e entre uma fofoca e outra, confessaram
que estavam ambas atraídas pelo porte físico de Henrique.

— Viu aquilo entre as pernas dele? Deve ser um monstro grosso e cheio de veias! —
Comentou Dana, bebericando seu vinho.

87
— Estou louca para experimentar! — Suspirou Dona. — Azar do Richard que vai estar
desmaiado demais pra ver a gente se divertindo com esse gostoso!

Claudia e Henrique retornaram juntos dez minutos depois de despirem Richard e deixá-
lo de barriga para baixo só de cueca sobre a cama.

— O infeliz apagou! — Comentou Henrique, já se sentando entre as gêmeas no sofá,


espaçoso e atrevido.

— Tomara que ele não resolva vomitar em cima do lençol do quarto de hóspedes! —
Disse Cláudia apanhando mais uma taça de vinho após se sentar sozinha no outro sofá.

— Por falar em vomitar… — Dana apontou o ombro de Henrique e uma mancha


espessa de vinho na regata branca do rapaz.

— Caralho! Ele deve ter me babado inteiro!

Sem grande cerimônia, Henrique retirou a camiseta na frente das garotas deixando o
torso nu. Tanto as gêmeas quanto Cláudia não conseguiram desviar os olhos do
abdômen esculpido do moço, bem como o peitoral saliente e livre de pelos. Nenhuma
delas sequer tentou disfarçar.

— Respingou na calça também… — apontou Dona, meio que desconcertada vendo uma
gotícula avermelhada a molhar a região perto do bolso da calça jeans.

— Prima, acho que você vai ter que me arranjar roupas limpas! — Henrique sabia bem
o que estava fazendo e outra vez ele tirou a peça de roupa suja ficando agora de cueca
diante delas em meio à sala de estar. Houve um momento de confusão logo que elas
viram que ele estava semirrígido e as palavras lhe faltaram. Claudia retomou o
raciocínio segundos depois.

— Eu quero… Digo, arranjo sim. Claro que arranjo.

A experiente moça apanhou as roupas sujas de vinho das mãos do primo e caminhou
apressada até a lavanderia do apartamento onde as colocaria para lavar. Muito à
vontade, ele caminhou de volta ao sofá e se sentou, indicando que as gêmeas fizessem o
mesmo uma de cada lado dele. Elas já não faziam qualquer cerimônia em secar o mastro
quase em riste entre as pernas do rapaz vigoroso e ele estava cada vez mais marcado na
Boxer preta.

— Então você tem mesmo pelinhos escuros lá embaixo? — Ele foi direto, indagando a
Dona sobre o comentário anterior de Richard. Seu olhar exalava perversão.

— Hã… sim… — ela largou a taça sobre a mesinha de centro. — Eu não sou loira
natural… — ela deu um sorrisinho meio malicioso após passar os dedos entre os
cabelos.
88
— E você tem piercings em mais algum lugar além desse na língua? — Virou-se para
Dana à sua esquerda.

— Tenho. Mas só pessoas muito especiais podem ver onde é.

A de cabelos acobreados não esperou mais nada para avançar sobre o loiro e beijá-lo na
boca, apoiando seu rosto com as mãos. Ele sentiu o metal do piercing dela passeando
em sua língua durante o beijo e sentiu seu hálito de vinho bem de perto antes de se
soltar e dizer:

— O que preciso fazer pra me tornar especial pra você?

— Só me fazer gozar.

Dana segurou a própria blusa que usava pelo cós e a passou habilmente pelos ombros.
Um par de seios grandes e firmes surgiu diante dos olhos de Henrique que já correu a
língua pelos lábios, sedento. Do outro lado, Dona começava a tirar a calça e ficou só de
calcinha na frente dele. Assim como a irmã, a loira tinha um quadril ossudo, pernas
longas e finas, mas havia algo de muito especial em seu vão púbico. Ela vestia uma
calcinha muito pequena de cor preta e não houve qualquer pudor por parte dele em
enlaçar seu braço ao redor de seu quadril, trazê-la para ele e começar a lamber sua
barriga negativa.

— Sabia que eu nunca transei com duas gêmeas antes? — Indagou ele, entre uma
lambida e outra.

— Pra tudo tem uma primeira vez! — Dona sussurrou, segurando firme os cabelos dele.
Suas mãos hábeis abriram o fecho de seu sutiã antes que ela percebesse e logo os dois
montes de aréolas escuras estavam sendo sugados pela boca dele.

Dana veio do outro lado esfregando as tetas rijas no ombro dele e logo também ganhou
carinhos orais. Ele mamava feito um animal com sede e a garota sentiu os bicos
endurecerem em contato com a língua afoita.

Claudia não demorou muito para voltar à sala, mas quando lá chegou, encontrou o
primo em total rigidez entre as irmãs gêmeas no sofá, as beijando e as chupando
completamente nuas. Ela não era inocente em acreditar que aquilo não iria acontecer,
conhecendo bem Henrique e sua fome voraz desde muito jovem. Como uma boa
voyeur, ela gostava de observar, e desde o princípio, sabia que Dana e Dona lhe
proporcionariam um excitante espetáculo sexual.

Antes de se acomodar no sofá de frente ao trio, ela tirou a calça jeans que usava, jogou
de lado a blusinha decotada e ficou só de calcinha e sutiã a assisti-los. Serviu-se de mais
uma taça de vinho e ficou a olhar o primo devorando suas funcionárias; feroz, vigoroso.

89
Sentiu vontade de se masturbar e não se negou ao prazer enquanto os gemidos dos três
ecoavam no apartamento.

Logo seria sua vez.

MENINO DO RIO (PARTE 3)

QUANDO OS MIADOS sexuais das gêmeas passaram a se tornar agudos e exagerados


demais na sala, a anfitriã da festinha sugeriu que eles fossem para sua suíte, continuando
lá a diversão a portas fechadas. Por mais que Claudia soubesse que a filha Kelly já
estava bem inserida na vida luxuriosa de sexo e devassidão proporcionada pelo próprio
Henrique há algum tempo, ela acreditava que para tudo havia limites. Naquela noite, ela
queria se divertir longe dos olhares da adolescente. Só ela, o primo e suas duas
funcionárias fogosas.

Naquele momento, uma delas cavalgava sobre o pau enrijecido do rapaz, grunhindo de
tesão com os dedos dele dentro da boca. A outra mão de Henrique segurava firme nas
nádegas magras da garota e a sua língua voraz passeava por seus dois mamilos escuros.
Os peitos grandes de Dona saltitavam ante a força de sua sentada. Ela já estava com a
pele deliciosamente suada após o aquecimento na sala. O ar-condicionado do quarto
estava propositalmente desligado. Claudia queria que o lugar pegasse fogo.

Dana desviou sua língua habilmente da boca de Claudia e seguiu para seus seios rijos e
macios. Tanto ela quanto a irmã já haviam confessado diversas de suas aventuras
sexuais para a chefe em conversas ocasionais de almoços, jantares ou no balcão de um
bar, mas era a primeira vez que ela se relacionava sexualmente com Claudia.

A gerente de marketing tinha uma ótima relação com sua pequena equipe de
funcionários e era bem óbvio que o assunto sexo passava variadas vezes pela roleta
aleatória de conversas dentro da rotina de trabalho deles, ainda mais tendo o tagarela e
sexualmente ativo Richard no quadro de funcionários. Para Claudia, aqueles contatos
mais íntimos eram novidade, mas estava longe de querer recusá-los.

— Isso! Mama gostoso!

Dana olhou com os olhos castanhos brilhantes lá de baixo para a chefe e começou a
passar o piercing da língua nos mamilos de Claudia, a excitando. A moça agarrou os
cabelos curtos da designer e incentivou mais as carícias que começaram a descer.

De onde estavam, as duas sentiam a queen size vibrar ante a fornicação intensa de
Henrique e Dona, mas não se intimidaram em começar um lascivo sexo oral perto deles.
A loira se abaixou com a bunda para cima na cama e levou a boca entre as pernas de
Claudia. A primeira lambida serviu para conhecer o terreno, mas quando o suco
90
saboroso molhou os seus lábios, Dana caprichou um pouco mais, dando uma chupada
mais alongada na buceta de pelos loiros. Deitada, Claudia se contorceu e não conseguiu
segurar um lamento de prazer.

— Oh, filha da puta!

Ela sentia o brinco metálico se enroscar em seu clitóris enquanto a ponta da língua da
moça lhe penetrava fundo. Após minutos seguidos de sexo oral, Dana se levantou
brevemente e presenteou Claudia com outro beijo de língua bem sedento.

— Alguém tão linda só podia ter uma buceta incrivelmente deliciosa como a sua! —
Elogiou Dana em sussurro, no que Claudia sorriu e indicou:

— Que bom que gostou. Pois trate de me chupar de novo enquanto eu te recompenso.

As duas voltaram a se deitar dessa vez em posição 69 e uma passou a devorar


lascivamente o sexo da outra. Claudia tivera poucos contatos homossexuais na vida,
mas não quis se poupar do prazer que estava sentindo. A vagina de Dana era quente e
acolhedora e o piercing que a moça ostentava na região dava um tom ainda mais
pervertido ao que estavam fazendo juntas.

Algum tempo depois, Henrique estava bombando em Dana de quatro e Claudia


continuou embaixo chupando a menina. De onde ela estava, conseguia ver de maneira
privilegiada o pau imenso do primo entrando e saindo da cavidade úmida, roçando
também na joia metálica dela. Sua língua resvalava no órgão duro quando ambos
avançavam juntos contra a vagina de pelinhos escuros. Ele, devasso, às vezes o
segurava para fora e dava-lhe na boca. Ela o engolia afoita, sentindo o gosto de Dana
nele.

Dona resolveu se juntar à irmã enquanto Claudia tomava conta do mastro duro de
Henrique exclusivamente. Ele estava ajoelhado na cama e a sua prima o masturbava
com uma das mãos enquanto o chupava. Deitada de costas na cama, Claudia abriu as
pernas e permitiu que as gêmeas se divertissem em sua vagina. As meninas tinham um
talento especial em sexo oral e a moça perdeu as contas de quantas vezes gozou com as
duas lhe chupando. Foi obrigada a tirar o pau do primo da boca para gemer alto,
apertando os olhos sempre que o orgasmo vinha.

Claudia estava desesperada para ter a vagina penetrada pelo sexo duro do primo quando
sentou em cima dele de costas apoiando as mãos na cama. Sua vagina estava tão
umedecida que as bombadas começaram a escapar de dentro, o que não impedia de ser
bom.

Em pé fora da cama, Dana voltou a beijar a chefe cedendo também os seios para que ela
chupasse. As duas se olhavam maliciosas saboreando aquele momento de intimidade,

91
enquanto isso, a língua do vigoroso Henrique penetrava a vagina de Dona que estava
sentada no rosto dele.

Ela era a mais escandalosa entre as três e seus gemidos com certeza já podiam ser
ouvidos em outros cômodos do apartamento. Claudia morava praticamente sozinha com
a filha naquele andar, o que era sempre uma vantagem com relação a ruídos
provenientes de suas raras noitadas de sexo. Tirando o próprio Henrique que há muito
tempo não aparecia após sua mudança para o Rio de Janeiro, Claudia só recebia a visita
de Rodrigo Monterey em sua casa casualmente. Se tivesse vizinhos, eles não teriam
tanto assim do que reclamar.

“Se eu fosse sexualmente mais ativa teria que comprar um prédio só para mim”, pensou
Claudia, sentindo mais um orgasmo chegando.

Em revezamento, Dana e Dona passaram a foder em cima de Henrique, que as recebia


com o mesmo vigor de duas horas atrás quando começou a se divertir com as gêmeas.
Enquanto seu primo provava que tinha uma resistência de um cavalo, Claudia colocou
uma calcinha e saiu de fininho do quarto.

Duas portas para frente, ela tocou a maçaneta e abriu o quarto de Kelly, enfiando a
cabeça para dentro. A menina estava agora sobre o lençol toda largada na cama. Zelosa,
Claudia foi até lá com os seios nus, se curvou, arrumou o lençol em cima da filha, lhe
tirou o fone de ouvido barulhento e pausou a música que tocava no celular dela sobre a
mobília. Dali, dava para ouvir como um eco os gemidos estridentes das irmãs a dois
quartos, então, ela achou melhor lhe botar os fones novamente.

“Vai que ela acorda e ouve essa putaria! ”, pensou, religando a música no celular em
seguida.

O dia já estava raiando do lado de fora quando o quarteto partiu para a rodada final de
sexo selvagem dentro do quarto. As duas gêmeas se revezavam em beijar Henrique
enquanto Claudia tomava conta do pau dele sentada em cima. Com olhar lascivo, vendo
os seios maduros da prima se movimentarem para cima e para baixo, com as mãos dela
sobre seu abdômen, ele metia o dedo nas vaginas úmidas das gêmeas. Entre dentes,
enquanto as línguas das irmãs entravam e saíam da boca dele, Claudia lhe falou, sem
som:

— Goza dentro!

Henrique então tirou os dedos médios das meninas e se concentrou em segurar a bunda
de Claudia com as duas mãos. As gêmeas se contentaram em observar o casal fodendo
com força, juntos no esforço de fazê-lo gozar.

— Isso, priminha! Senta gostoso! Senta!

92
Claudia estava ensandecida em cima do primo, cavalgando nele como se aquela fosse a
última vez. Aproveitando como nunca.

Pouco tempo depois, ele estava se contorcendo, apertando com ainda mais força as
nádegas suculentas de Claudia. A moça gemeu junto, e de repente, estava sentindo a
buceta ser preenchida pelo esperma quente do primo.

“Assim, Rique, seu gostoso! Consigo sentir essa porra quente dentro de mim! Goza!
Goza tudo dentro! ”.

93
MENINO DO RIO (PARTE 4)

CLAUDIA ACORDOU por volta das dez da manhã em sua cama. Tirou os cabelos
lisos do rosto vagarosamente, deu uma olhada no celular quase descarregado jogado na
poltrona do quarto e se deu conta que já era bem tarde para se levantar.

“Meu Deus! A Kelly tem que ir para a escola daqui a pouco! ”.

Henrique estava adormecido entre as gêmeas com as duas aninhadas em seu peito.
Claudia deu uma boa olhada no membro amolecido dele entre as pernas e desejou lhe
fazer sexo oral como mensagem de bom dia. Achou melhor simplesmente acordá-lo.

— Anda, acorda. O sol já está alto lá fora. Tenho que preparar o café da Kelly.

Claudia foi até o armário, apanhou um robe numa das gavetas e se vestiu. Sentia as
pernas e a bunda doerem pelo exercício intenso da noite anterior. Deu uma risadinha em
lembrar do que tinha feito em grupo e saiu do quarto pouco depois de Dana e Dona
começarem a dar sinais de vida ainda coladas a Henrique. Tinha deixado dois pares de
camisetas e shorts para que elas vestissem. Uma calça masculina e uma camiseta mais
larga estavam num canto preparados para ele também.

— Por que o Richard está deitado pelado no quarto de hóspedes, mãe?

Claudia foi surpreendida por Kelly no corredor logo que botou a cabeça para fora. Era
raro que ela acordasse sozinha sem que a mãe tivesse que bater em sua porta quase
todas as manhãs, mas aquele era um dia atípico.

— Como assim “pelado”. Eu o deixei de cueca ontem à noite?

— Bem, eu vi a bunda dele, então ele está bem pelado sim! — Gozou a menina, rindo
largamente da situação no corredor entre a porta do seu quarto e o de hóspedes.

Claudia ainda dava um nó nos laços do robe quando se dirigiu até lá se certificando do
que a filha tinha dito. Richard dormia completamente nu sobre a king size, com o
travesseiro entre as pernas e do lado contrário da cama.

— Eu acordei e ouvi um ronco vindo do quarto. Fui ver quem era. Encontrei ele assim.
Peladão!

Kelly deu uma risadinha e viu a mãe entrar no quarto caminhando até a janela. A luz do
sol entrou repentina no ambiente assim que Claudia puxou as cortinas e ela ouviu o
fotógrafo resmungar na cama:

— Fecha isso…

94
— Hora de acordar, amiguinho. Já é dia lá fora. — Ela foi até ele e lhe deu um tapa na
bunda depilada e lisa. — E trate de se cobrir. Tem uma adolescente no recinto,
pervertido!

Kelly deu uma risadinha sacana ao vê-lo se cobrir vagarosamente com o lençol após
notar que ela estava à porta se divertindo com a cena. Havia uma ereção evidente agora
coberta e ele cumprimentou a menina:

— Bom dia, Kellynha. Desculpa ter deixado você me ver assim… Tão…

— Duro? — Riu a menina, já sendo empurrada pela mãe para fora do quarto.

— Comporte-se, menina. Deixa ele aí se recompondo. — Claudia já tinha levado Kelly


de volta para o corredor, e da porta, recomendou: — Tem roupas limpas no armário,
peladão. Se veste enquanto eu preparo o café para todo mundo.

No caminho até a cozinha, Claudia explicou que além de Richard, Dana, Dona e
Henrique também tinham dormido no apartamento delas aquela noite.

— O Rique está aqui?

Os olhos verdes da menina chegaram a brilhar intensamente com a menção ao nome do


primo e Claudia precisou conter o ímpeto de Kelly em invadir o quarto da mãe para
cumprimentá-lo.

— Nada disso! Espera ele vir até aqui falar com você. Ele está meio… — Ela procurou
a palavra certa para complementar. — … desprevenido lá dentro agora. E as meninas
também!

Kelly notou o sorriso no canto da boca da mãe, e de repente, entendeu tudo que tinha
acontecido na suíte ao longo de toda aquela noite. Sua mente imaginou milhões de
possibilidades e posições sexuais que eles juntos deviam ter praticado lá dentro e se
sentiu ligeiramente excitada.

O café já estava posto e reforçado quando Richard, Dana, Dona e Henrique se juntaram
à mãe e filha na larga mesa da cozinha. O fotógrafo usava a franja para tentar esconder
o rosto amassado ainda sob efeito da ressaca alcoólica, já o trio, era só sorrisos enquanto
se sentavam para o desjejum.

As meninas cumprimentaram Kelly de longe simpáticas e vestidas com as roupas que


Claudia lhes tinha emprestado. Henrique preferiu usar apenas a calça colocada a seu
dispor, dispensando a camiseta, exibido. A adolescente saiu de seu assento e deu um
longo abraço no rapaz, com saudades.

— Sou sempre a última a saber das coisas! Nem sabia que você estava em São Paulo,
Rique.
95
Ela deu um beijão no rosto dele enquanto seus peitos nus por baixo do pijama de alças
que usava roçavam em seu braço.

— Culpa da sua mãe. Eu liguei pra Nat na terça-feira dizendo que viria. Ela que não te
avisou. — Argumentou ele, segurando firme as costas da garota.

— Tava muito atabalhoada lá na Monterey, filha. Acabei esquecendo de passar o


recado.

“Além do fato que queria impedir que ficasse com foguinho fora de hora pela vinda
dele! ”, pensou Claudia, protetora.

Kelly ainda ficou de chamego com ele um tempo, mas logo voltou para o seu assento.
As gêmeas perceberam o rapaz secando a bunda da menina logo que esta lhe virou as
costas para sentar. O shortinho levinho que usava para dormir era bem curto.

A conversa à mesa durante o café foi amena, mas em grande parte girou em torno dos
demais zoarem a situação ébria de Richard, o alívio cômico da rodada. Como de praxe,
ele dizia que não se lembrava de quase nada que tinha feito ou dito pouco depois de
chegar ao apartamento da chefe, o que lhe causou uma carga extra de chacotas. Dana e
Dona inventaram diversos absurdos que ele tinha feito, o que começou a deixá-lo
pilhado.

— Credo que babado! Causando na casa da minha chefe! Vou ser demitidaaaa! —
Berrou ele.

A hora seguinte foi repleta de bullying com o pobre fotógrafo, mas próximo deles
começarem a se arrumar para voltar para casa, as gêmeas confessaram que era tudo
mentira.

— Relaxa, garoto! Você não fez nada de tão absurdo não. Seu único pecado foi ter
dormido enquanto a gente fazia uma festa no quarto da chefe! — Confessou Dana, em
voz baixa, aproveitando que Claudia, Henrique e Kelly estavam na sala.

Richard estava surpreso, mas admitia para ele mesmo que aquilo era algo já esperado
dado o histórico sexual das duas irmãs que ele conhecia intimamente há anos.

“Só estou cho-ca-do que a chefinha tenha entrado na putaria com elas”, pensou ele.

Era próximo do meio-dia quando Richard, Dana e Dona se despediram de Claudia,


Henrique e Kelly, já vestidos e devidamente prontos para aproveitarem a folga que a
chefe tinha dado à toda a equipe naquela sexta-feira ensolarada. No quarto, antes de
saírem para o café, Henrique e as irmãs tinham trocado contatos e secretamente eles
combinaram de se encontrar de novo ainda em São Paulo, antes dele voltar para a noiva
no Rio.

96
“Duvido que as duas já não estejam a fim de outra noite de sexo selvagem como a que
tivemos”, provocou ele, recebendo uma afirmativa animada de ambas. Na hora da
despedida, ele só deu uma piscada para elas, que entenderam o recado.

— Aproveitem a folga, meninos! — Desejou Claudia amável, à porta, vendo-os seguir


até o elevador.

Entre amassos e beijos roubados do loiro tarado, Claudia se vestiu no quarto voltando
logo para a sala onde precisava estar pronta para levar Kelly para a escola como
costumeiramente fazia antes de ir para o trabalho. Henrique também tinha vestido suas
roupas que estavam limpas e secas após a sujeira provocada por Richard. Estava
disposto a acompanhar Claudia no carro no caminho até a escola de Kelly e tinha ideias
sórdidas para o retorno para o apartamento, já que ela não iria para a agência naquela
tarde.

— Não terminei com você ainda. Algumas horinhas a sós com você e eu resolvo nosso
problema! — E ele lhe apertou a bunda devassamente por cima da calça legging que ela
usava, após sussurrar em seu ouvido.

— Comporte-se, seu tarado! — Protestou Claudia, nada convincente. Ficara arrepiada.

Kelly já surgia no corredor vestida com o uniforme do Dom Pedro II, o colégio onde
estudava na região da Avenida Paulista. Com o fichário nos braços e uma bolsa no
ombro, parecia radiante e animada.

97
MENINO DO RIO (PARTE 5)

TINHA SIDO DIFÍCIL conter o ímpeto de Henrique ao seu lado enquanto ela dirigia de
volta ao apartamento com ele de carona. Kelly tinha sido deixada na porta do colégio há
alguns minutos e embora o plano inicial fosse fazer uma visita surpresa ao estúdio
Infinite onde a irmã dele era sócia para dizer que ele tinha chegado mais cedo de
viagem, Claudia não conseguiu recusar quando o loiro sugeriu que eles voltassem ao
apartamento — onde recentemente tinha feito sexo a quatro com parte da equipe da
agência de publicidade da moça.

O meio de suas pernas já tinha voltado a se molhar com as passadas de mão voluptuosas
que ele lhe dera por sobre a legging que ela usava enquanto dirigia, e ela estava em
chamas.

“E esse trânsito que não anda! Estou a ponto de dar pra esse homem aqui mesmo
dentro desse carro, no meio da rua”, pensou ela, excitada.

O cumprimento de praxe ao porteiro do prédio — um senhor meio baixote de bigode


grosso manchado de nicotina — foi ignorado quando ela passou apressada pela portaria
sentindo de perto o calor emanado do corpo do primo devasso. Foi difícil resistir em
não se pegar com ele ainda no elevador do prédio, ela insistindo que havia câmeras lá
dentro, mas quando a porta do apartamento foi aberta e ambos entraram, todos os
limites foram vencidos.

Começou ali mesmo próximo da sala de estar. Claudia foi virada de costas para o sofá
lateral e as suas roupas foram arrancadas apressadamente. O pau duro e afoito lhe
penetrou a buceta antes que ela pudesse sugerir que eles fossem para o quarto, e logo,
ele estava agarrado nela feito cachorro, a fodendo por trás com força.

As mãos dele acariciavam seu corpo todo, mas os seus dedos encontraram lugar dentro
de sua boca. Ela os chupou obscenamente e só os afastou da língua para dizer, cheia de
tesão:

— Isso! Come a buceta da sua Cacau, seu cavalo! Assim! Me fode inteira!

Quando chegaram finalmente ao quarto, Claudia já tinha gozado algumas vezes, mas ele
continuava em riste. Os dois estavam completamente pelados. Ele segurou as pernas
dela e as colocou em seu ombro recomeçando a transa de forma intensa.

A vagina de Claudia chorava copiosamente. As lágrimas desciam pelo pau duro de


Henrique feito cachoeira. Ele a penetrava até o seu limite.

“Esse maldito é incansável! Ele acaba comigo! Transou a noite toda, a madrugada
toda e ainda tem fôlego pra me comer desse jeito”, pensou ela.

98
Logo depois, ele a virou de costas e insinuou que queria se meter dentro de outro canto.
Deu tapas em sua bunda os fazendo ecoar no quarto.

— Sei que gosta assim, minha Cacau!

Ela riu, admitindo.

Em seguida, a língua úmida passeou em seu orifício anal e ela sentiu um tesão inegável
junto de uma vontade muito grande de se dar inteira a ele. Depois da língua, um dedo
maroto invadiu o lugar e ela se sentiu inteira fogosa. Assentiu à investida dele sem mais
delongas.

Os seus olhos verdes encararam os azuis dele com ela posicionada de costas e de quatro
para ele, e então, Claudia encostou o rosto na cama em seu lençol ainda amarfanhado da
animação com ele, Dona e Dana da noite passada, empinou ainda mais a bunda e
relaxou. Sentiu a glande beijar seu ânus e aquilo foi só o começo.

Após o que pareceu dias em cima daquela cama de casal com a porta aberta e o cheiro
de sexo a dois exalando pela casa, o casal de primos tomou um banho relaxante na
banheira dela, depois, seguiram para a sala enrolados em roupões. Assistiram alguns
minutos de um filme sem graça numa plataforma de streaming em sua TV de setenta e
duas polegadas de tela ampla e ela conseguiu desgrudar um pouco dele para preparar
alguma coisa na cozinha para que comessem.

— Tanto sexo me deu fome! — Disse ela, indo preparar uma macarronada.

Os dois comeram juntos na cozinha um fettuccine ao Molho Pesto que ela sabia
preparar de maneira hábil e rápida. Uma garrafa de vinho branco foi aberta
especialmente para acompanhar a massa.

Claudia era uma apreciadora de bons vinhos e sempre tinha um preparado para a
ocasião certa. Henrique comeu o fettuccine e repetiu. Havia provado o tempero da
prima.

Nunca antes haviam tido tempo de provar os dotes culinários um do outro quando se
encontravam em tempos idos na antiga casa de seus avós no Rio de Janeiro, numa época
que precedia o casamento de Claudia com Charles, o pai de Kelly. Mesmo antes da
menina nascer, os dois “brincavam” juntos de “médico” e de “papai e mamãe” nos
corredores e no quintal arborizado da casa localizada em Ipanema.

“Bons tempos”, pensou ela, com a certeza que o rapaz de olhar devasso compartilhava
de sua opinião.

A ideia partiu dele repentinamente após uma mensagem de texto da irmã Natalie em seu
WhatsApp, e então, ele compartilhou com Claudia.

99
— A minha maninha está perguntando aqui que horas eu vou chegar no aeroporto de
Guarulhos hoje — disse olhando para a tela do celular —, que tal fazer uma surpresa e
chamar a Nat aqui para o seu apartamento? Ela não sabe que eu já estou em São Paulo
desde ontem, mas tenho certeza que ela ia adorar me ver antes da hora!

— Chamar a Nat aqui? — Claudia não tinha pensado na possibilidade de ter a irmã
dele, com quem ela sabia muito bem que ele mantinha relações incestuosas desde a
adolescência, a dividir o seu pau, mas de repente, se lembrou de quem ela era namorada.
— E o Rodrigo? Ele não ia querer vir junto com ela?

Henrique percebeu toda a malícia no semblante da prima linda e em seguida, mandou


um áudio para a irmã, empolgado.

“Você nem imagina onde eu já estou, maninha! Por que não vem até o Itaim Bibi, no
apartamento da prima Cacau e vem dar um abraço em seu irmão? Ah, e arrasta o Sr.
Monterey contigo. Salva o cara daquele monte de engravatados da construtora! ”.

Claudia não ouviu o áudio que Natalie mandou em resposta, mas a cara de satisfação no
rosto de Henrique dizia que ela tinha topado, o que levou a moça a imaginar o que
poderia acontecer com ela, Henrique, Natalie e Rodrigo fechados num mesmo
ambiente?

“Acho que vou viver a transa mais épica da minha vida”, pensou ela animada.

100
MENINO DO RIO (PARTE 6)

O CASAL chegou ao apartamento do Itaim por volta das dezesseis horas e foi
recepcionado efusivamente por Claudia e Henrique à porta. A anfitriã tinha dado um
jeito no lugar para que não ficasse muito óbvio que eles haviam feito sexo por quase
metade de um dia, contando a noite anterior, e ela já tinha até botado uma roupa para
não parecer oferecida demais.

— Seu bastardo! Quer dizer que você chega na calada da noite e nem vai visitar a sua
irmã? — Natalie estapeou o braço musculoso de Henrique antes de lhe dar um abraço e
um beijo de boas-vindas.

Os olhares de Claudia e Rodrigo que vinha logo atrás da namorada, se cruzaram e os


dizeres FODEU MUITO estavam estampados no rosto dele. Os dois tinham se
relacionado há algum tempo sem o conhecimento de Natalie e as chances de que o caso
fosse descoberto aquela tarde era muito grande.

A publicitária estava bem menos preocupada com isso e o cumprimentou naturalmente


com beijinhos e um abraço. Ele estava usando a colônia francesa que ela adorava e
Claudia tinha colocado o short fino que ele tinha elogiado da outra vez, para excitá-lo.

— Eu sei que o casal agora vive ocupado, então resolvi dar um pulo no apê da Cacau
antes de avisar que eu tinha chegado a São Paulo. — Justificou-se Henrique a Natalie.

— Você dormiu aqui? — Perguntou Nat, curiosa, a olhar as roupas casuais que ele
vestia emprestadas por Claudia.

— Pois é — respondeu ele, na maior cara de pau —, estava sem as chaves do nosso flat
no Brooklin e o primeiro lugar que me ocorreu foi o apê da Cacau. Era mais prático.

— Tenho quarto sobrando aqui depois que a família se mudou para Minas
definitivamente — disse Claudia, se referindo aos pais e a irmã mais nova dela, Miriam
— então, não vi problemas em abrigar o Rique por uma noite. Ele adorou, né, primo?
— Alfinetou ela, maliciosamente. Ele sorriu, pensando que “gostar” era pouco.

Rodrigo e Natalie foram se sentar no sofá enquanto Henrique lhes fazia sala e Claudia
preparava alguns drinks para eles. O loiro sarado não perdeu a chance de zoar o amigo
de adolescência, e agora cunhado, se referindo a roupa social que ele estava usando:

— Olha só você aí todo almofadinha com essa camisa e essa calça! Nem parece o
mesmo Digão putanheiro que passava o rodo nas novinhas nos tempos de faculdade só
vestindo uma bermuda!

Rodrigo riu, já desabotoando uma casa da camisa próximo da gola.

101
— Eu teria passado em casa depois do trabalho e colocado algo mais casual, mas a Nat
me ligou esbaforida dizendo que íamos vir direto pra cá. Não tive opção senão pagar de
modelo da Armani pra matar as saudades do meu amigo! — Justificou-se ele pelo visual
engomadinho.

— Eu gosto do meu lindão assim pagando de executivo sério. Acho charmoso! — E


Natalie deu um beijinho carinhoso no rosto do namorado após ajeitar a gola da sua
camisa cinza chumbo. Um “eu também” anunciou o retorno de Claudia para junto deles
na sala e ela já trazia as bebidas numa bandeja.

— O Rodrigo fica muito charmoso todo de social — ela ficou em pé diante deles por
algum tempo servindo as taças e foi impossível não perceber o clima fervilhar em torno
de Claudia e Rodrigo momentaneamente. Estava quase nítido que ambos tinham tido
um caso para os outros dois e foi Natalie quem puxou o assunto de forma enviesada:

— Vocês dois estão trabalhando juntos um tempão naquele projeto de marketing lá na


construtora, né? Eu quase tinha me esquecido. Devem passar muito tempo juntos.

“A gente se pegou algumas vezes e eu sentei gostoso no seu namorado aqui mesmo
nesse apartamento”, foi o que Claudia pensou em responder, mas o que saiu de sua
boca foi algo mais ameno:

— “Juntos” é meio modo de dizer, Nat. Estamos no mesmo prédio por alguns dias, mas
é raro a gente se esbarrar, não é, Digo?

— Setores diferentes — respondeu ele rapidamente, louco para que o assunto fosse para
outro caminho —, ela está no andar de criação da empresa e eu lá em cima na
administração levando esporro do meu pai, enquanto isso.

Nat apanhou a taça de Martini na bandeja e sorveu o líquido olhando meio cabreira para
o namorado. Sabia que ele estava querendo sair pela tangente e que aquilo denotava
culpa no cartório.

“Ele comeu a minha prima, esse cretino”, pensou a loira na mesma hora.

Após algum tempo de conversa jogada fora na sala confortável de Claudia, o álcool
começou a soltar mais a língua do quarteto e algumas confissões começaram a ser
feitas. Exceto o casamento da irmã de Claudia em Minas Gerais, onde os quatro
estiveram brevemente reunidos, eles nunca tinham tido a chance de conversar daquela
forma mais livre como estavam fazendo.

A publicitária iria descobrir muito tempo mais tarde tudo que acontecia na casa de
veraneio dos primos Schneider entre eles, seus convidados frequentes e Kelly, que na
época, andava com Henrique e Natalie para que a sua mãe tivesse tempo de se dedicar
ao trabalho na agência.

102
Desde muito cedo, Claudia precisava trabalhar e como uma mãe viúva, não tinha com
quem deixar a garota para erguer sua hoje bem-sucedida carreira de publicitária,
confiando então a garota aos cuidados dos primos Henrique e Natalie. Depois que
descobriu que os dois permitiam que ela estivesse presente — e participasse — das
orgias que eles promoviam na casa de praia, longe dos olhares mais pudicos, Claudia
nunca tinha tido a oportunidade de tirar a história a limpo.

Depois do assunto sobre a filha, Claudia se viu afoita em demasia mais pela vontade de
se livrar daquele peso em suas costas do que pelo álcool propriamente dito. Para
Natalie, não era segredo que a prima mais velha e o seu irmão pervertido haviam tido
um caso anos atrás e que mais recentemente — apesar de ele estar noivo — os dois
tinham voltado a dar algumas escapadas, mas fora um choque quando a publicitária de
olhos verdes revelou sem papas na língua que tinha feito sexo com Rodrigo.

— Me perdoa, Digo, eu precisava falar isso em voz alta — Claudia estava se


comportando de maneira ébria e tocou o ombro do herdeiro dos Monterey ao seu lado.
Ele ficou branco —, a gente transou sim… e foi muito bom! Tinha muito tempo que eu
precisava disso!

O risinho no canto da boca disfarçou o clima incômodo que se formou no ambiente. A


confissão veio repentina como flechas disparadas em várias direções ao mesmo tempo.

— Melhor maneirar na bebida, Claudia — O Monterey ainda tentou consertar, mas era
tarde demais.

Henrique chegou a engasgar com o Martini. Ele sabia que Claudia tinha más intenções
para com todos eles quando deixou que Nat e Rodrigo viessem até seu apartamento, só
não imaginava que ela fosse revelar todas as verdades secretas entre eles daquela
maneira tão repentina.

Natalie deu uma fulminada em Rodrigo do outro sofá. Ela nunca fora inocente em
acreditar que o namorado — um dos maiores galinhas que ela conheceu na vida —
fosse se tornar um Santo do dia para a noite só porque ele tinha dito a ela que estava se
endireitando e que queria um relacionamento sério. A própria garota tinha um teto de
vidro finíssimo sobre a cabeça, já que não havia aprendido a dizer não ao próprio irmão
quando ele se aproximava dela querendo sexo. Se sua relação incestuosa com Henrique
podia continuar, por que a vida de devassidão do namorado também não podia?

— Não vamos ser hipócritas, não é mesmo? — Nat deixou a taça quase vazia do seu
Martini sobre a mesinha e se levantou indo até o irmão à sua frente. Após segurar em
seu rosto, a moça lhe deu um beijo intenso de língua, um beijo que passava longe de ser
fraternal e que ele não reprimiu. — Nós somos uma cambada de pervertidos. A quem
estamos tentando enganar?

103
A revelação de Claudia a respeito de seu envolvimento sexual com o namorado da
prima mais nova tinha acendido o estopim que gerou um desejo ainda mais incontido
entre os quatro naquela sala de estar. De repente, eles haviam perdido todo o pudor com
relação ao que era certo e errado, próprio ou impróprio. Todos ali já haviam se
conhecido mais intimamente de uma maneira ou de outra e quando se deram conta de
que a mais pura hipocrisia era a única coisa que os impedia de se atacar mutuamente
aquela tarde, eles deixaram acontecer e pararam de se importar com todo o resto.

No colégio, Kelly demoraria bastante tempo para retornar para casa. Eles ainda tinham
todo o tempo do mundo.

104
OS DESEJOS DE KELLY

JÁ ESTAVA REVIRANDO na cama há mais de duas horas sem conseguir dormir,


quando resolvi pegar meu celular e dar uma olhada em quem estava online. O relógio
marcava 4:00 e eu vi que meu primo Henrique estava acordado lá no Rio de Janeiro.
Mandei um “oi” e um emoji com uma piscadinha. Ele demorou a responder e eu
comecei a fuçar no perfil de um menino que eu achava bonito do colégio quando ele
respondeu.

— Acordada a essa hora, gatinha?

— Nada de sono aqui. E por aí?

— Tomei quase um fardo de cerveja e até agora nada de sono.

Era bem comum que Henrique me mandasse fotos ousadas pelo WhatsApp e eu tinha
uma galeria quase cheia de pornografia produzida por ele e pela noiva Valéria. Ele
adorava se exibir em plena prática sexual e uma vez ele mandou um vídeo de cinco
minutos deles fazendo sexo anal. A câmera focada no bumbum dela e ele metendo
fundo. Fiquei toda molhada assistindo.

— E a Val? — Perguntei, já incentivando novos envios excitantes.

— Roncando aqui do lado.

A primeira foto chegou, mas era só da noiva dele dormindo toda descabelada.

— A gente transou pra caralho agora há pouco!

— Danadinhos!

— Você me conhece, priminha.

Sim, eu o conhecia bem demais para saber que, por mais que ele estivesse se gabando,
era bem capaz de ele ter esgotado Valéria de tanto foder de verdade. Eu mesma já tinha
experimentado Henrique na cama por muitas vezes e sabia que seu fôlego era quase
interminável.

— Além da falta de sono tem esse calor infernal!

Não estava tão calor em São Paulo, além do que eu tinha ar-condicionado no quarto,
mas estava a fim de entrar no clima de putaria com ele. Ele caiu, lógico.

— Tanto calor assim? Tá vestindo o que?

105
Tratei de tirar uma foto caprichando no flash para mostrar o shortinho curto de dormir
que eu estava usando. Tinha bastante pele para ele imaginar, em seguida, enviei. A
resposta veio logo:

— Humm… Bem curtinho. Do jeito que eu gosto.

— Já estou quase tirando de tanto calor!

— Então tira, neném. E manda foto pra eu ver.

— Não posso…

— Por que não?

— Estou sem nada por baixo!

Eu realmente estava sem calcinha e naquele momento, imaginei Henrique ficando de


pau duro com aquela informação. Eu estava ciente que eu era só uma garota alguns anos
mais nova que ele e que o safado tinha à sua disposição um baita mulherão que era a
Valéria, toda cheia de curvas e volume — MUITO volume inclusive — mas eu tinha
algo que despertava um tesão louco em meu primo.

— Só acredito vendo.

Abaixei o short o suficiente para que ele visse que eu estava falando sério e tirei uma
foto. Ele entrou no jogo:

— Que delícia! Até imaginei o restante aqui. Manda outra mostrando mais!

Eu estava ficando excitada com aquela conversa. Comecei a dar risinhos safados
sozinha olhando para a tela do celular e quando notei, vi que minha amiga Micaela
estava online agora também. “Mais alguém não está conseguindo dormir”, pensei.

— Eu mando. Mas só se você me mostrar como você está aí agora.

Aquele era um pedido até simples de ser atendido, uma vez que Henrique adorava
mostrar seu brinquedo. Esperei só alguns minutos e logo em seguida surgiu em minha
tela a foto do seu pau completamente duro. Ele estava repousado em sua barriga e o
flash o iluminou inteiro. Dava pra ver até as veias. Uma delícia!

— Fiquei assim de imaginar o que o seu shortinho esconde.

Aquilo era bom demais pra guardar só pra mim e então, chamei a atenção de Micaela.

— E aí, vadia? Acordada ainda?

— Tava vendo série. E tu?


106
— Falando putaria com meu primo — respondi.

— Qual primo? O Henrique?

— Ele mesmo — confirmei já sabendo que a Mica o tinha fresco na memória já que ela
mesma tinha se encontrado com ele recentemente —, olha o que ele me mandou!

Reencaminhei a foto daquele pau maravilhoso à Mica e a sua reação foi instantânea:

— Uau! Que rola deliciosa! Até chorei aqui!

Dei mais um risinho safado e vi outra mensagem de Henrique chegar.

— Agora é a sua vez. Manda foto sem o shortinho.

Comecei a fazer charme.

— Que safadinho. Quer me ver peladinha?

Esperei ele responder e voltei para a conversa com a Mica.

— Uma delícia, né, miga? E pensar que eu já sentei gostoso nele!

— Que vaca! — Xingou ela, em tom de gozação.

Eu e Micaela tínhamos ficado muito íntimas desde que passamos a compartilhar nossas
experiências sexuais. Apesar da idade — ela só tinha um ano a mais que eu — a ruiva já
tinha muita história para contar no campo íntimo, isso porque sua família era dada a
organizar orgias anuais das quais o incesto era o prato principal do dia. Eu, no entanto,
não ficava muito atrás, já que desde muito cedo tinha começado a participar das
festinhas regadas a sexo e bebidas organizadas por meus primos Henrique e Natalie no
litoral Sul de São Paulo.

— De vez em quando, eu e o Henrique conversamos de madrugada e ele sempre me


manda fotos e vídeos pornográficos.

— E você retribui? — Perguntou Mica, curiosa.

— Sim, depois de fazer muito charme.

Levantei a blusinha do pijama e tirei uma foto do meu peito escondendo só o biquinho
com um dedo. Em seguida, mandei para o Henrique com a legenda “estou sem sutiã
também”. Ele ficou um tempo offline e então, fui ver a mensagem de Mica.

— E com o seu tio Digo? Rola essas putarias também?

107
A simples menção ao Rodrigo Monterey me deixava toda mole. Por mais que eu
abstraísse, tentasse me interessar por outros caras, falasse mais de novos pretendentes,
era por ele que eu continuava maluca. E tinha sido assim desde que eu o conhecera
através da minha prima Natalie, a irmã de Henrique. Eu era totalmente louca por aquele
moço.

— Antes rolava mais vezes. Agora menos.

— Mas trocava nudes com ele? — Quis saber a Mica.

— Curiosa você!

— É claro, piranha! Eu sei que você é louca por ele — ela insistiu —, rolava uns
nudes?

Comecei a procurar em minha galeria de fotos e óbvio que não foi difícil achar a pasta
que eu tinha separado com imagens de Rodrigo. Tinha de todo tipo. Ele sozinho casual,
eu e ele em diversos momentos, e claro… ele sem roupa. Mandei para Micaela uma em
que aparecia só o pau dele de lado tirado durante um banho, escorrendo água naquele
instrumento fálico dos deuses.

— Faltou ar aqui, miga — disse ela, exagerada —, é uma bela de uma rola! Saudades
dela dentro de mim!

Eu tinha deixado Mica ficar com o Digo por duas vezes e a garota sabia bem do que
estava falando. Eu costumava ter ciúmes o vendo transar com outra, mas por incrível
que pareça, eu gostava de compartilhar ele com minhas amigas. Ele até tinha tirado a
virgindade da Nicole a meu pedido, assim como ele tinha feito comigo. Era meio
estranha aquela ambiguidade com relação ao meu sentimento de posse.

— Ele não está online agora pra gente pedir um nude fresquinho? — Brincou ela.

— Infelizmente não. — Respondi.

Naquele momento, quem retornou foi o Henrique e ele comentou sobre minha foto:

— Bem que eu podia estar aí pra dar uma mamada nesses peitinhos lindos!

— Você gosta?

— Preciso responder? Cada dia que passa eles estão maiores… mais gostosos! Deu até
vontade de bater uma punheta em homenagem a eles!

Eu sabia o que viria a seguir e só provoquei:

— Nossa! Queria poder ver isso!

108
Cinco minutos depois, chegava um vídeo de Henrique se masturbando para mim. Era
tão grande que sobrava um pedaço enorme para fora de sua mão. Deu pra ver a
cabecinha melada, mas ele não gozou. Encaminhei para Mica na hora e respondi a ele:

— Ai, Rique! Agora me fez ficar com mais calor!

Levantei o celular o máximo que meus braços conseguiam, abaixei o short, levantei a
blusa e bati uma foto que mostrava dos meus peitos até a virilha, pouco acima da minha
xaninha. Mandei.

— Que tesão, priminha! Vontade de pegar um avião agora e voar para São Paulo só pra
te chupar todinha!

Ele era um devasso e eu adorava.

O clima estava gostoso e eu já estava bem excitada. Queria mesmo que tivesse a
possibilidade de transar com Henrique nas próximas horas, mas aquilo era quase
impossível, infelizmente.

Mica respondeu a respeito do vídeo da masturbação:

— Puta merda, miga! Que rola gostosa! Tô ficando com tesão aqui!

— Imagina eu! — Respondi, conferindo o resultado daquele papo entre as pernas.


Estava bem molhada e sem a chance de matar meu desejo da forma como eu queria.

— Alguma possibilidade de você dar pelo menos umazinha com alguém essa semana?
— Perguntou Mica.

— Nenhuma, amiga. Tô carente.

— Porque quer! O João Felipe está afinzão de você. Já ouvi dizer que ele é bem roludo
também!

João Felipe era um colega de sala que vivia arrumando pretexto para puxar assunto
comigo ou com minhas amigas, mas vivia levando toco. Não que ele não fosse bonito,
mas eu o achava super imaturo, além do que, ele só sabia falar de si mesmo. Pertencer a
uma família rica o fazia ser extremamente arrogante às vezes e aquilo me broxava.

— Ele é meio babaca, miga. Eu não ficaria com ele.

— Não estou falando pra namorar ele — respondeu a minha amiga ruiva —, e só pra
dar umas sentadas nele!

— Não sou tão vagabunda assim, Mica — respondi de imediato.

— Falou a mina que dá pro primo e pro namorado da prima!


109
Sim, eu mereci ler aquilo. Por mais que eu me considerasse direita, eu era a menina que
dava a bunda para dois caras comprometidos. Embora eu odiasse admitir, Rodrigo e
Henrique eram os únicos caras em minha vida e qualquer tentativa além deles tinha
dado completamente errada.

Henrique não respondeu mais depois que falou que queria me chupar todinha — o que
eu ia adorar — e o assunto com Mica rendeu até próximo do horário de eu levantar para
ir para o colégio. Quando consegui cochilar um pouco, minha mãe bateu na porta de
meu quarto.

— Levanta, Kellynha. Hora de ir para escola.

“Porra”, suspirei contrariada.

110
OS DESEJOS DE KELLY (PARTE 2)

MESMO DEPOIS DE UM BANHO quente demorado pela manhã e de passar uma


maquiagem que disfarçasse as minhas olheiras, cheguei no colégio com cara de sono
por volta das treze horas, o que tornou quase impossível prestar atenção nas aulas.

Na hora do intervalo, pedi um pote caprichado de açaí na cantina e tomei com Micaela e
Nicole, como costumeiramente eu fazia. O João Felipe nos encontrou lá sentadas nas
escadas em volta da quadra poliesportiva e mais uma vez veio nos rodear feito uma
mosca de padaria.

Diferente do que ele estava acostumado a fazer, o garoto não falou nenhuma vez de si
mesmo e só puxou assunto sobre esportes com a gente. Estava para rolar um
campeonato interescolar e o nosso colégio estava competindo com dois times, um de
futebol masculino com participação de todas as turmas do Ensino Médio e um feminino
de vôlei, onde a Nicole e a Cleide — prima de primeiro grau da Micaela — iam jogar.

— Teremos treinos na semana que vem. Quero ver todos vocês torcendo por mim —
disse a minha amiga Nicole, a bela loirinha de olhos claros que era a minha vizinha de
Itaim Bibi. Naquele dia, ela estava muito charmosa com os cabelos divididos em duas
tranças fazendo estilo ninfetinha inocente — coisa que ela não era há muito tempo!

— Vou torcer, com certeza! — O João disse aquilo sem ironia nenhuma, mas por
alguma razão, ficou me encarando, embora estivesse se dirigindo à Nicole.

Naquele dia, eu e as meninas evitamos falar de sexo na hora do intervalo por causa da
presença de João, mas eu estava doida para comentar com elas sobre a minha
abstinência. Era estranho ficar com tanta vontade de fazer algo que antes era tão natural
em minha vida — em especial nos anos anteriores, com as surubas na casa de praia dos
Schneider —, mas eu estava mesmo a perigo depois da conversa com Henrique na
madrugada.

Feito um carrapato, o João nos acompanhou até a sala de aula, mas assim que ele saiu
de perto para se juntar ao grupo de amigos idiotas e descerebrados no fundo da classe,
eu confessei à Micaela:

— Amiga… Tô numa secura da porra!

Ela me olhou com a cara costumeira de quem estava aprontando alguma e então
sussurrou:

— Relaxa que já armei um esquema para você na hora da saída.

111
Meu coração deu uma palpitada no peito quando ela disse aquilo, mas eu não consegui
mais informações sobre o que ela estava armando para mim até que o sinal que
anunciava o fim da aula soasse no pátio.

Sem me dar maiores explicações, Micaela pediu que eu mandasse uma mensagem para
minha mãe dizendo que eu ia demorar um pouco mais no colégio porque “eu tinha que
estudar para uma prova importante com ela na biblioteca”.

— Mas não tem prova nenhuma…

— Cala a boca e manda a mensagem — mandou ela, autoritária.

Ainda irritada por não saber no que estavam me metendo, mandei a mensagem e
aproveitei para dizer que minha mãe não precisava me buscar aquele dia, como ela
costumeiramente fazia.

Mica fez questão de esperar a escola esvaziar para só então me acompanhar até o andar
superior onde aconteciam as aulas do período noturno. Chegamos ao corredor principal
e notei que a iluminação era bem precária mais próximo das três últimas salas. Segurei o
braço de Mica e a fiz parar.

— O que você está aprontando? Eu sei bem o que acontece aqui nessas salas de aula
abandonadas.

A ruiva soltou uma das alças de sua mochila, abriu um zíper e sacou algo do bolso. Era
uma embalagem de preservativo.

— Amiga, eu marquei com o João Felipe aqui depois da aula. Você tá super-necessitada
e ele tá super-afim de você. Juntamos o útil ao agradável.

— O quê?!

Eu ensaiei um surto a dois passos da penúltima sala do corredor. Minha voz chegou a
ecoar no corredor vazio e assustador da escola.

— Não pira, miga. É só uma trepadinha. O que custa?

Os seus olhões verdes fitaram os meus e ela acenou que eu falasse baixo, apontando
para a parede ao nosso lado.

— Ele já está aí dentro? — E eu sussurrei, também apontando para a parede. Estava


perplexa.

— Está. Eu combinei tudo antes com ele. Agora toma isso — e ela me entregou o
pacote de camisinha —, entra lá e resolve o seu problema.

112
Eu estava me sentindo traída pela minha amiga e até um tanto ultrajada, mas quando ela
me empurrou porta adentro e eu vi o João lá sentado sobre uma carteira dentro da sala
de aula vazia — abandonada, eu diria — vi que não havia mais o que fazer. Antes da
porta se fechar às minhas costas, eu ouvi o sussurro de Micaela dizendo que ela
montaria guarda lá fora e agora era só eu e ele.

— Cheguei a pensar que você não viria. — Disse ele, sorridente.

As primeiras fileiras de lâmpadas da classe estavam apagadas e só as três últimas do


fundo estavam iluminando o ambiente, mostrando uma porção de carteiras empilhadas,
aparentemente, há muito tempo sem uso. A única que estava em pé no lugar era a que
estava servindo de assento para João antes de ele se levantar.

— É que a Micaela…

Eu cheguei a imaginar em dar uma desculpa esfarrapada qualquer a ele e sair correndo
pela porta, mas então, pensei o que poderia ser pior que minha experiência horrível com
o professor Otávio no estacionamento da balada onde a Micaela estava comemorando
seu aniversário, há alguns meses? O João pelo menos tinha uma fama de ser pirocudo!

— Ok. Vamos ao que interessa então…

Eu tive meus 20 segundos de coragem insana, então, larguei a minha bolsa no canto
sujo da sala perto da porta e fui até o menino. Havia uma cadeira atrás da carteira onde
ele estava sentado e eu indiquei que ele sentasse. Decidi fazer o tipo mandona:

— Abaixa a calça.

João me olhou meio surpreso, mas não quis se fazer de difícil. Achei que se esperasse
ele tomar as decisões, eu correria o risco de me frustrar mais uma vez e eu sabia bem
pelo que eu estava naquela sala com aquele menino que eu só conhecia há menos de um
ano. Guardei a camisinha que Mica tinha me dado no bolso e enquanto isso vi, o garoto
abaixar as calças junto com a cueca até as canelas. Olhei surpresa para o meio de suas
pernas e vi um pau razoável ainda meio mole pender sobre sua coxa esquerda. Não o
deixei falar nada. Ajoelhei rápido entre as pernas dele e antes que perdesse a coragem,
agarrei delicadamente seu pênis para começar a masturbar com a mão.

— Você é boa…

Acenei que ele calasse a sua boca e em seguida, comecei a usar a minha. João não
depilava o saco e vi tufos de pelos escuros em sua virilha. Conforme seu pau ia
crescendo dentro da minha boca, eu agradeci que pelo menos ele parecia ter o costume
de lavar aquela coisa. O sabor não era dos melhores, mas logo que ele ficou
completamente ereto, vi que não dava mais para chupá-lo inteiro. Caprichei no boquete

113
e lhe arranquei gemidos. Segurei firme, dei uma última sugada na cabecinha e então, me
levantei tirando o pacote de camisinha do bolso.

— Toma. Coloca isso, rápido.

Ele ainda insinuou:

— Você não acha melhor fazer sem?

— Coloca a camisinha, João.

Eu o vi abrir o pacote com os dentes e começar a desenrolar a borracha no pinto duro.


Comecei a tomar coragem de tirar minha roupa na frente dele e virei de costas assim
que o vi bem protegido com a camisinha. De um fôlego só, resolvi abaixar minha calça
junto com a calcinha e o senti afoito para me agarrar logo assim que viu minha bunda
bem de perto.

— Nossa… que delícia!

“Nossa, que delícia” era tipo a frase preferida dos homens quando viam uma mulher
nua em sua frente, mas eu ignorei aquilo já procurando me sentar no colo dele ainda de
costas.

Para a sorte de João, eu não ia precisar de nenhuma preliminar para ficar molhada
porque eu estava chorando por baixo desde a madrugada. O garoto segurou a minha
bunda enquanto eu me sentava e eu tive que encaixar seu pau em minha xaninha por ele.

Senti a cabecinha entrar e deixei meu peso fazer o resto. Entrou tudo sem muita
resistência. Ele gemeu. Embora as calças enroladas em meu tornozelo dificultassem um
pouco a minha movimentação, procurei sentar com jeitinho em João e ele só
acompanhou o sobe e desce em seu colo. Aquele pau era bem grosso e me preencheu de
forma satisfatória… nos dois minutos que ele aguentou antes de gozar.

João me agarrou com força por trás enquanto gozava e seu gemido ecoou na sala vazia.
Quando vi que ele já tinha terminado respirando ofegante às minhas costas, eu me
levantei. Dei uma olhada rápida entre suas pernas e vi seu pau amolecer, ainda encapado
com a camisinha cheia de seu esperma.

— Você é muito gostosa, Kelly!

Dei um sorriso meio amarelo para ele e vesti logo minhas calças indicando que ele
fizesse o mesmo.

— Anda, antes que chegue alguém.

114
Alguns minutos depois, já no corredor, eu me encontrei com Micaela e a fulminei com
os olhos. Pedi que João fosse embora na frente com a desculpa que era para ninguém
desconfiar de nada e ele tentou beijar minha boca na hora de se despedir.

“O que é isso? Compensação pelo sexo ruim? ”, pensei, ao desviar o rosto e oferecer
minha bochecha. Ele saiu andando rápido com semblante de que tinha feito o melhor
sexo da vida dele e foi aí que a ruiva me puxou pelo braço enquanto caminhávamos pelo
corredor horripilante.

— E aí, amiga? Como foi?

— Não deu tempo de formar uma opinião. Quando percebi, ele já tinha gozado —
respondi, incomensuravelmente frustrada.

115
OS DESEJOS DE KELLY (PARTE 3)

EU QUERIA FICAR SEM FALAR com Micaela depois da presepada que ela tinha
armado pelas minhas costas — presepada esta que tinha me rendido mais uma
frustração sexual envolvendo pessoas da escola — mas eu não conseguia ficar brava
com minha amiga. Quando a noite chegou e eu fui para o meu quarto, assim que peguei
no celular nós voltamos a trocar mensagens.

— Me desculpa, Kel — disse ela por texto —, eu não esperava que o João sofresse de
ejaculação precoce. Ele me tinha sido muito bem recomendado.

— Vai ver, eu dei azar e só na minha vez ele decidiu terminar antes da hora!

Ela mandou emojis de gargalhada. Ainda por cima, estava se divertindo às minhas
custas.

— Vamos resolver o seu problema de outra maneira, amiga. Deixa comigo.

— Dispenso a sua ajuda depois de hoje, Micaela!

— Ai que horror!

Dei uma olhada rápida nas conversas antigas e vi que Henrique estava online mais uma
vez. “Pelo menos eu posso tentar gozar olhando os nudes dele”, pensei. Mandei um
“oi”, mas ele não respondeu. Decidi esperar sua resposta enquanto assistia um vídeo no
Youtube, mas em vez de Henrique, outra pessoa puxou assunto pelo WhatsApp.

— E aí, neném! Que tal a gente repetir amanhã o que fizemos hoje?

Eu li aquela mensagem incrédula e fiz questão de tirar um print da conversa e mandar


para Micaela.

— Olha a cara de pau do João Felipe!

Mica mandou dezenas de emojis gargalhando e até eu concordei com ela. “Devia
mandar a mesma coisa para esse sem noção. Ele acha o que? Que foi a melhor transa
da minha vida? ”, pensei, irada. Decidi ignorá-lo e logo em seguida, bloqueei seu
contato. Não estava mais a fim de falar com ele.

Henrique me respondeu algum tempo depois e mais uma vez começamos a falar
putarias por mensagens. Ele contou que tinha feito sexo com Valéria no banho mais
cedo e que a tinha feito gozar bem gostoso.

— Que inveja da Val! — Mandei, bem assanhada.

— Ainda estou excitado. Não quer vir aqui fazer um carinho nele?
116
Meu primo mandou uma foto tirada de baixo para cima dando foco em seus testículos
depilados e aquele pau imenso pousado em sua barriga. Pensei na hora que podia ter
sido ele me comendo gostoso dentro daquela sala de aula, em vez do “ejaculação
precoce” do João. Não resisti e coloquei dois dedos por dentro da calcinha. Estava
ensopada.

— Se eu pudesse já estaria aí, Rique. Nuazinha com você!

— Ah, é? E ia fazer o que depois?

— Ia começar chupando seu pau…

— E depois?

— Depois eu ia sentar em cima dele…

— Humm… que tesão! E depois?

— Aí eu ia deixar você enfiar ele dentro…

Comecei a me masturbar na cama imaginando aquela cena que estava narrando. Ele
demorou a responder, e então, eu abri a última foto que ele tinha me mandado e comecei
a esfregar meu clitóris antes de enfiar dois dedos dentro da minha vagina. Abafei um
gemido com o travesseiro para que minha mãe não ouvisse nada e gozei gostoso,
sozinha. Estava difícil aguentar a carência.

Depois daquilo, a conversa com Henrique não rendeu muito mais e ele sumiu.
Provavelmente tinha mais o que fazer com a noiva e não tinha tempo para entreter a
prima pirralha pelo WhatsApp.

Eu acabei pegando no sono e acordei a manhã seguinte ensopada após um sonho erótico
que tive com meu lindo tio Digo. Nós estávamos numa cabana no meio do mar e a gente
transava enlouquecidamente como se nunca mais fossemos fazer aquilo. Parecia tão real
que eu cheguei a sentir o esperma dele preenchendo a minha xaninha, o que me fez
acordar muito excitada. Me masturbei no banho novamente e algum tempo depois,
peguei carona com a dona Claudia até a escola. Inventei uma desculpa qualquer quando
ela me perguntou sobre a tal prova que eu tinha mencionado no dia anterior — aquela
que não existia —, mas não tocamos mais no assunto.

Por mais que eu já esperasse que ele fosse contar a alguém o que tinha acontecido entre
nós dois na sala de aula abandonada do andar superior, eu não imaginava que a notícia
ia se espalhar tão rápido a ponto de todo mundo na sala de aula estar cochichando pelos
cantos sobre mim.

— Ai, miga! Se prepara. Tá todo mundo sabendo.

117
Micaela me alertou assim que apareci na porta da sala, mas era tarde demais. Meu nome
estava na boca de metade dos fofoqueiros da escola e eu estava sendo comentada em
todas as rodas de conversa como “a mina que tinha dado para o João na sala vazia da
escola”.

Dois grupinhos de alunos — formados sobretudo por meninos — começaram a imitar


cacarejos assim que pisei na sala e até as meninas estavam debochando de mim. Senti
meu rosto ferver enquanto eu ficava vermelha de vergonha e vi o João em pé no fundo
da sala cochichando com seus amigos imbecis e olhando para mim.

“Como alguém pode ser tão escroto? ”, pensei, decepcionada.

Aquele garoto tinha andado comigo e com minhas amigas por meses, sempre nos
rodeando, se fazendo de amigo. Eu cheguei a pensar que ele talvez gostasse mesmo de
mim e que embora eu não quisesse nada sério, que ele fosse manter em segredo o que
tínhamos feito às escondidas no dia anterior. Como eu era trouxa!

“Ele só queria me comer mesmo. Se pelo menos tivesse comido direito! ”, pensei,
terrivelmente chateada. .

Aquele dia se tornou insuportável e eu preferi ficar dentro da sala no horário do


intervalo só para não ter que encarar as pessoas e ser acusada de vadia, piranha ou
coisas piores. Micaela e Nicole foram as únicas que ficaram do meu lado e eu cheguei a
chorar de raiva.

Na hora da saída, se sentindo culpada por tudo que estava acontecendo, Mica esperou o
João Felipe se separar de seu bando de boçais e fez aquilo que eu mesma estava doida
para fazer. No meio de todo mundo, ela chamou o nome dele bem alto, esperou ele se
virar e acertou um chute bem no meio das suas pernas.

— Isso é por expor a minha amiga, seu pau mole!

Começou uma gritaria entre as escadas centrais que levavam ao portão de saída da
escola e João Felipe foi obrigado a agachar no chão com as mãos no saco atingido,
urrando de dor.

— E saibam que esse broxa tem ejaculação precoce!

Micaela tinha dado um verdadeiro “Fatality” naquele escroto e antes que alguém da
direção aparecesse para ver o que estava acontecendo, ela tomou meu braço e caminhou
rapidamente comigo para fora da escola. Uma multidão de alunos ficou a zoar o João
que precisou de ajuda para se levantar do chão. Aquela lição ele não ia esquecer tão
cedo.

Quando cheguei em casa naquele dia, tive muita vergonha de contar o que havia
acontecido à minha mãe e inventei que estava com cólica para justificar a cara de cu
118
com a qual cheguei do colégio. Tomei um banho, vesti um moletom bem largo e me
enfiei no quarto, injuriada. Evitei pegar no celular porque sabia a enxurrada de chorume
que ia ser despejado sobre mim nos grupos escolares que participava e aquela noite
preferi ficar quietinha no meu canto.

“Olha só onde o meu fogo no rabo foi me meter”, pensei, com vontade de chorar.

Fui acordar na manhã seguinte com as batidas na porta de minha mãe me alertando
sobre o horário do colégio. Me levantei da cama e imediatamente me lembrei de tudo
que tinha acontecido. Soube na hora que a escola era o último lugar onde eu queria
estar. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para a Mica.

— Amiga, eu não quero saber de escola hoje. Mata aula comigo?

Ela topou na hora.

Para que minha mãe não desconfiasse de nada, saí de casa no horário de sempre e até
aceitei sua carona como fazia todos os dias. Não queria ser vista na porta do Dom Pedro
II, então, inventei que precisava comprar um material para levar para a aula aquele dia e
pedi que ela estacionasse uma esquina antes, numa papelaria que tinha ali perto.

— Pode deixar que daqui eu vou andando depois, mãe.

— Tem dinheiro para comprar o que precisa? — Perguntou ela.

— Tenho sim, mãe. Não se preocupa. Bom trabalho na agência, viu?

Eu raramente precisava mentir sobre qualquer coisa que fosse para minha mãe, mas
aquele era um dia atípico. Ela não desconfiou de nada e seguiu o caminho até sua
agência de publicidade no centro. Fiquei esperando ali mesmo na esquina e a Mica não
demorou a aparecer.

— E aí? Vamos matar aula onde?

— Qualquer lugar que não tenha ninguém me chamando de puta.

— Eu sei o lugar ideal — disse a ruiva me tomando pela mão e atravessando a rua
comigo.

119
OS DESEJOS DE KELLY (PARTE 4)

MICAELA E EU FOMOS ANDAR no shopping logo que saímos da rua próximo a


escola, mas decididamente, eu não estava no clima de compras ou com saco para
aguentar muita movimentação. Dificilmente eu me deixava abalar por qualquer coisa
que fosse, mas aquele dia eu estava pra baixo.

— Vamos para a minha casa então, amiga. Papai e mamãe saíram cedo e vamos ser só
nós duas lá por um tempo.

Aquela foi a primeira vez que visitei a casa de Micaela no bairro da Saúde, Zona Sul de
São Paulo, e logo pelo lado de fora, pelo estilão europeu da construção de dois andares,
deu para perceber que os Castilho — família dela — eram tão bem de vida quanto os
Monterey — família do meu Rodrigo.

Passamos por uma guarita logo que chegamos e um portão automático deu acesso ao
casarão. A porta abria com um sensor que respondia ao chaveiro que minha amiga tinha
e logo que entramos, um sistema de refrigeração ambiente foi acionado sozinho. Um
Lulu da Pomerania nos recepcionou assim que pisamos na sala e ele surgiu abanando o
rabinho para Mica.

— Esse aqui é o Steve. Diz “oi” para a Kelly, Steve. — Disse ela, após pegar o
cachorrinho no colo e segurar a sua patinha, simulando um aceno.

Algum tempo depois, Mica me ofereceu um refrigerante e nós duas ficamos


conversando um tempo no sofá de couro bege da sala espaçosa. Passamos cerca de uma
hora ali entre jogar conversa fora e brincar com o Steve. Logo depois, ela me convidou
para subir.

— Vamos lá pro meu quarto tirar esse uniforme feioso!

Como eu ia passar um tempo ali com ela, Mica me emprestou umas roupas suas e eu
aceitei, concordando que o uniforme horrível da escola estava incomodando. Tirei o
tênis, as meias e vesti a regatinha e o short que ela me deu.

— Coube direitinho em você, amiga. Parece que vestimos o mesmo número.

O short era soltinho, mas estava entrando um pouco na bunda. Não me importei muito.

O clima no quarto grande de Mica estava mais fresquinho que o da sala e ela passou um
tempo me mostrando algumas roupas que ela tinha comprado em alguma loja chique
recentemente. O closet da ruiva era do tamanho do meu quarto inteiro e ela começou a
me mostrar peça por peça, detalhando em que ocasião ia usar cada uma delas. Eu fiquei
sentada na cama queen size enquanto ela surgia de dentro do closet já vestida com a
roupa que queria me mostrar. Na décima vez que entrou e saiu de lá, decidiu largar a
120
roupa no chão mesmo e ficou só de calcinha na minha frente. Os peitos de aréolas
rosadas estavam livres e eles deram pulinhos quando ela se jogou sobre a cama, bem
perto de onde eu estava. Fiquei reparando nas sardinhas que a ruiva tinha próximo ao
ombro se estendendo por suas costas e dando a volta acima dos seios.

— Não consegui te animar muito com meu desfile de moda, né, Kel?

— Me desculpe, Mica. Achei as suas roupas lindas, mas é que eu tô meio pra baixo
mesmo.

— Eu sei de uma coisa que vai te animar.

A ruiva se levantou rápido da cama e se posicionou atrás de mim. Olhei para ver o que
ela estava pretendendo e a vi começar a acariciar meu ombro de leve.

— O que você…?

Senti um arrepio percorrer as minhas costas e ela abaixou habilmente uma das alças da
minha blusa.

— Da última vez que ficamos sozinhas assim e que você estava carente, isso deu certo.

Os lábios da minha amiga tocaram de leve meu ombro e gentilmente ela começou a
percorrer a região até o meu pescoço. Segurou meus cabelos, os jogou para o outro
ombro e sua boca chegou em meu cangote.

— Mica…

Ela foi beijando até bem perto da minha orelha e então sussurrou:

— Me avisa quando ficar bom.

Aquilo me deixou toda arrepiada. Senti meus mamilos intumescerem dentro da blusa
marcando o tecido e ela prosseguiu, dando uma mordiscada na ponta da minha orelha.
Sua mão direita alcançou a outra alça que ainda estava no lugar e a desceu também.
Senti um puxão abaixar a blusa, e de repente, meus seios estavam de fora.

— Já está ficando bom?

Ela falou baixinho mais uma vez e as suas mãos apertaram meus peitos por trás. Antes
que eu pudesse responder, Mica beijou meu pescoço de novo e passou a língua de leve.

— Mica, eu…

Senti os seios durinhos da minha amiga se encostarem em minhas costas. Ela fez
questão de os esfregar em mim e aquilo me excitou.

121
— Não ficou bom ainda?

Minha resposta foi meio automática. Eu me virei para ela, a olhei nos olhos e avancei
em sua boca pouco depois de confessar:

— Está bom desde o começo.

Nosso primeiro beijo do dia foi cheio de tesão. Eu estava muito excitada depois de todas
aquelas carícias e não estava a fim de economizar na recompensa. Segurei firme os
cabelos vermelhos de Mica e a beijei de língua, serpenteando dentro da sua boca. Foi
tão bom que eu gemi ainda sem separar meus lábios dos dela. Rapidamente, ela
começou a me pegar inteira e senti uma apertada com vontade em meu bumbum. Parei
de beijá-la por um segundo e sorrimos uma para a outra, cúmplices. A minha língua
voltou para dentro da boca dela e ao mesmo tempo retribuí a carícia, alisando seu
bumbum empinado. Ela pareceu gostar e gemeu dentro da minha boca. Sua mão se
deslocou rápido de meu bumbum e chegou em minha vagina após alisar minha coxa.
Soltei um miado de tão excitada que estava e ela me provocou:

— Tem alguém cheia de tesão aqui.

O shortinho que eu usava era fino o suficiente para sentir os dedos de Mica brincando
em cima do meu sexo e ela não demorou a escorregar a mão por baixo dele e me tocar
além da calcinha.

— Humm… Mica, eu… Eu…

O dedo médio dela deslizou pela minha abertura e ela sentiu o quanto eu estava
molhada àquela altura. Voltou a se colar em minhas costas e se ajoelhou na cama pouco
antes de abaixar um pouco meu short.

— Vamos te deixar um pouco mais à vontade, miga.

Ela o desceu até minhas coxas e então, a sua mão ganhou espaço por dentro da minha
calcinha, começando a me masturbar.

— Humm… Mica… Espera…

Ela não esperou nada. Massageou meu grelinho com um dedo enquanto dava chupões
em meu pescoço. Apertou um dos meus seios com força enquanto mergulhava o dedo
médio e o indicador dentro da minha xana. “Caralho! Eu estou muito excitada! ”,
pensei, um segundo antes de gozar com a penetração daqueles dedos mágicos. Comecei
a implorar:

— Me chupa, Mica…

— Não ouvi direito — provocou ela, sem parar de me masturbar.


122
— Me chupa!

— Não tô ouvindo — voltou a esfregar meu clitóris.

— Chupa a minha buceta, Mica. Por favor!

A meia hora seguinte foi quase indescritível dentro daquele quarto aconchegante, em
cima daquele colchão macio. Mica arrancou meu short e a minha calcinha, e de repente,
estava deitada de bruços na cama entre as minhas coxas, enfiando a língua dentro da
minha buceta. Com as mãos firmes, ela fez questão de deixar minhas pernas bem
abertas e aquela maluca saboreou cada milímetro de mim.

Nós já tínhamos tido aquela experiência na casa da família Monterey nos Jardins, mas
daquela vez, seja pelo alto nível de tesão em que eu estava ou pelo fato de que eu
finalmente havia aceitado o quanto eu gostava de transar com ela, estava duas vezes
melhor. Talvez quatro vezes melhor.

Segurando a parte interna das minhas coxas, ela me manteve arreganhada e ficou me
chupando ininterruptamente enquanto me encarava lá de baixo com aqueles olhos
verdes lindos. Eu já havia removido todo o lençol da cama e tinha revirado a colcha de
tanto que tinha me contorcido de prazer e a Mica não parava.

— Eu vou gozar… Eu vou…

Eu soltava um ofego me agarrando mais uma vez ao lençol e ela me segurava mais forte
acelerando as lambidas dentro de mim. Me torturando ainda mais, ela espalhava meu
mel pelos lábios da minha xoxota e então, dava beijos nela antes de voltar a me chupar.

— Quero que goze de novo.

E eu gozei muitas vezes.

Pouco antes de me deixar retribuir, Mica se sentou sobre mim e ficou esfregando a sua
xota na minha. O contato de nossos grelinhos era muito prazeroso e as duas começaram
a gemer no quarto.

Quando deitei na cama e me meti entre suas pernas, fiz questão de lhe dar o troco,
trabalhando muito minha língua dentro dela. O suco que vertia fácil da ruiva tinha um
sabor maravilhoso, quase viciante. Num dado momento, eu enchi minha boca dele e
olhando em seus olhos, fui deixando escorrer da minha língua de volta para a sua
vagina, lambuzando a região toda.

— Sua cadela!

Sorri ouvindo ela me xingar e tratei de chupar ainda mais intensamente, metendo um
dedo lá dentro para castigá-la mais. Eu não sentia tanto prazer chupando alguém há
123
muito tempo e estava decidida a retribuir tudo de bom que ela tinha me feito sentir em
cima daquela cama. Devo ter conseguido.

Algum tempo depois, Mica me chamou para tomar banho com ela e não vi qualquer
problema nisso. Estávamos bem satisfeitas depois de passarmos mais de duas horas
transando na cama dela, mas sentíamos que ainda dava para aproveitar mais. Após uma
ensaboar a outra embaixo do chuveiro, Mica se abaixou atrás de mim e começou a
acariciar meu bumbum com a língua.

Me apoiei na parede do box e empinei o bumbum afastando as pernas. Não demorou


para começar a sentir a língua de minha amiga passear em minha genitália, parando
propositalmente em meu buraquinho.

Mica praticamente enfiou a cara dentro da minha bunda e ficou a me chupar o cuzinho.

Senti a língua entrar em meu buraco enquanto ela abria meu bumbum com as mãos.
Quando me tirava gemidos, parava e ficava beijando, mas logo voltava a penetrar.

Pouco antes de sairmos do banheiro enroladas em toalhas, Mica fechou o registro do


chuveiro e nós voltamos a nos beijar ardentemente encostadas na parede do box. Rimos
uma para a outra e nossos olhares entregaram que aquilo estava além da nossa vontade
própria.

Estava tão à vontade com ela ali que terminei de me enxugar naturalmente nua à sua
frente. Ela foi até uma gaveta do armário, escolheu uma calcinha e me entregou.

— Veste essa.

Enquanto eu vestia a calcinha branca que ela tinha me dado, ela foi até o chão perto da
cama, apanhou a calcinha que eu estava vestindo quando cheguei ali, colocou em frente
ao nariz e cheirou.

— Essa aqui vai ficar comigo de lembrança.

Aquilo me excitou.

Estávamos sentadas na cama dela conversando ainda sem se preocupar em vestir mais
roupa do que usávamos quando ouvimos movimentação do lado de fora da casa. Deu
para ouvir o motor de um carro se aproximando, e logo em seguida o portão automático
foi acionado.

— Seus pais…?

— Relaxa. Eu vou ver.

124
Mica colocou uma camiseta por cima do corpo e ela mal cobriu o seu bumbum na parte
de trás. Sua calcinha era pequena e estava toda enfiada. Ela saiu do quarto e fechou a
porta.

— Fica aqui. Eu já volto.

Por mais que eu soubesse o quanto os pais de Micaela eram liberais, que eles
participavam das orgias dos Castilho, devia soar estranho a eles encontrarem a amiga da
filha pelada no quarto. Comecei a caçar minha roupa pelo chão e deu tempo de colocar
a blusinha de alças sobre a pele antes de começar a ouvir vozes do lado de fora do
quarto. Me sentei na cama e passei a tentar ouvir o que diziam. Mica estava falando com
um homem de voz grave que eu deduzi que fosse seu pai. Eles falavam baixo e a
conversa era intercalada por risadas constantes. Não havia uma terceira voz e aquilo me
levou a crer que se fosse mesmo o pai da garota, ele tinha chegado sozinho de carro. A
mãe de Mica não estava junto.

“Melhor eu vestir logo minha roupa”, pensei.

Assim que eu me abaixei para apanhar a calça do uniforme escolar que estava jogada
ali, as vozes se aproximaram e a porta do quarto se abriu.

— Pai, essa é a minha amiga Kelly.

Eu estava de costas com o bumbum pro alto apanhando a calça no chão. Virei
rapidamente.

— Ah, oi, Kelly. Vejo que a Mica já te deixou bem à vontade.

Senti meu rosto ferver de vergonha como quando começaram a me chamar de vadia no
colégio. Eu acenei para o homem alto e forte ali parado na porta e por um momento,
quis enfiar a minha cabeça embaixo da terra enquanto ele parecia esquadrinhar meu
corpo inteiro.

— Será um prazer conhecer você melhor.

“Espera… O quê? ”, pensei, confusa. O que mais Mica iria me aprontar?

125
OS DESEJOS DE KELLY (PARTE 5)

EU ME SENTI MEIO ESTRANHA quando soube pela primeira vez que a Micaela
tinha relações sexuais com o próprio pai às escondidas, e por mais que eu fosse mente
aberta com relação ao incesto, algo dentro de mim achava aquilo “um pouco demais”,
até mesmo para os meus padrões.

Nunca achei que fosse presenciar algo do tipo, mas quando ela trouxe o senhor Roque
para dentro do quarto antes mesmo que eu estivesse devidamente vestida e com ela
mesma ali praticamente só de calcinha na frente dele, eu senti que seria apresentada ao
incesto dos Castilho ao vivo e a cores.

Começou quando ele se sentou na cama e Mica já foi logo se sentando em seu colo.
Dava para ver que não era o carinho de pai e filha que estava rolando ali, ainda mais
quando ele começou a alisar sua coxa enquanto falava:

— Eu estudei no mesmo colégio em que vocês estudam, meninas. Eu conheço boa parte
do quadro docente de lá. Sempre que vou para as reuniões de pais bato o maior papo
com o diretor. Ele já me viu muitas vezes naquela sala. Eu era terrível!

Mica meio que ficava se mexendo em cima dele como que procurando causar uma
ereção. Eu sabia bem como era. Já tinha feito muito para excitar de propósito o
Henrique ou o Rodrigo. Eu estava sentada mais pro meio da cama, eles mais na beirada.

— Você era um menino mau, papai?

— Sempre fui, filhinha. Sempre fui.

Dito isso, ele simulou uma mordida bem perto da boca dela. Os lábios quase se tocaram.

— E você, Kelly? — Os olhos dele foram do meu rosto para as minhas coxas. Eu não
tinha conseguido vestir a calça, ainda estava de calcinha. — Você tem carinha de ser
boazinha.

Micaela desdenhou no ato:

— Boazinha? Que nada! Não bote as mãos no fogo por ela. Tem só a carinha de
santinha!

Eu não tinha nenhuma intimidade com Roque, nunca o tinha visto na vida. Estava
tímida.

— Não sou nenhuma peste também…

Abaixei os olhos, eles continuaram:

126
— Dizem que as que parecem santinhas são as mais atrevidas. — Mais uma vez o vi me
secando. O pai de Mica tinha uma cara de tarado. Tinha um cavanhaque espesso no
queixo, lábios grossos e um olhar ferino. Eu me senti pelada em sua frente.

— Você está certo, paizinho. A carinha de bebê esconde o furacão que ela é na cama.

Mica estava sendo muito indiscreta e quando ela disse aquilo, Roque deu uma olhada na
cama, percebendo os lençóis bagunçados e as manchas sobre eles. Não tinha como
disfarçar que nós duas havíamos feito sexo ali. A mão grande dele saiu da coxa da filha
e ganhou o seu peito que ele apertou por cima da camiseta.

— Vocês andaram ocupadas aqui antes de eu chegar, hein?

— Não deu para resistir.

E Mica deu uma risadinha meio safada. Ela estava muito à vontade ali com o pai, mas
eu estava toda travada. Roque percebeu meu constrangimento e entrou no assunto mais
imediato, ainda acariciando a filha de um jeito obsceno.

— Você sabe que eu e a Mica somos um tipo diferente de pai e filha, não sabe, Kelly?

Fiquei surpresa com a pergunta, mas Mica respondeu por mim prontamente:

— Sabe sim. Eu contei para ela.

Eu o vi levantar a camiseta sobre o corpo da filha e massagear seu seio, circundando o


mamilo rosado com o polegar.

— Bom, então você não vai ficar chocada em ver.

Ele emitiu um som chiado com a boca antes, encarou Mica e a puxou para si, lhe dando
um beijo. Deu para ver sua língua serpenteando dentro da boca dela e a Mica não
evitou. Muito pelo contrário. Retribuiu e ainda ficou com os pelinhos da perna todos
eriçados.

— Como você agora é de casa, Kelly, não vai se importar em assistir.

Roque levantou a camiseta de Mica e deu uma chupada vigorosa num dos seios da
menina. A língua dele era grande e ele fez questão de fazer barulho chupando. Uma de
suas mãos seguravam na altura das costelas dela e a outra já entrou obscena entre suas
pernas.

— Humm… Papai.

Ele puxou a calcinha de lado e meteu dois dedos dentro dela. Ficou masturbando sem
parar de mamar nas tetas ruivas.

127
— Se quiser experimentar eu deixo, Kel.

Disse ela, me olhando por um momento e gemendo logo em seguida, se voltando para o
pai. Eu estava começando a gostar de ver aquilo. Não era tão diferente quanto ver dois
irmãos de sangue fornicando ou mesmo uma filha e uma mãe se chupando. Era bom e
eu senti vontade de me masturbar.

Logo que Roque tirou os dedos da bucetinha de Mica ele os chupou de forma devassa e
eu a vi massagear seu sexo por sobre a calça que ele vestia. O cara começou a abrir o
cinto e em seguida o zíper. Naquele momento eu fiquei meio agitada. Mica levantou do
colo dele e tratou de abaixar a roupa do pai. Um pau grande, grosso e cheio de veias
pulou para fora já quase totalmente duro.

— A Kelly gostou do que viu.

Disse ele, tarado. Eu realmente tinha ficado impressionada. Ele devia ter uns trinta e
poucos anos, mas estava em excelente forma física.

— Eu não disse que meu papai tinha uma rola deliciosa? — Mica sorriu ao me dizer
aquilo, e logo em seguida, ela empunhou aquele pau o segurando com força.

— Chupa um pouco e mostra o que ela tá perdendo, filhinha.

Tudo que ele dizia saía com tom pervertido e eu estava ficando hipnotizada. Mica se
abaixou entre as pernas dele, ergueu um pouco o mastro, deu uma chupada com vontade
em um dos testículos — ele tinha o saco todo depilado — e em seguida mamou com
gosto.

— Ahhh, meu neném! O pai ama quando você mama assim gostoso!

Comecei a sentir minha calcinha se molhar e os sons das chupadas estalavam no quarto.
Mica mostrava ter muita experiência naquilo fazendo exatamente o que o pai gostava e
ela parou várias vezes de chupar aquela rola grande para brincar com suas bolas. Uma a
uma.

— Tá gostando de ver, Kelly?

Acenei que sim sem tirar o olho da boca da minha amiga ali se divertindo com aquele
saco roxo. Mica me deu uma olhada e voltou a dizer:

— Se quiser eu divido com você.

E voltou a engolir. Uma bola. A outra. Depois o pau quase inteiro.

Eu continuei acompanhando de perto quando Roque despiu a filha de vez e a deitou na


cama. Ele tirou a calça e passou a camiseta sobre os ombros a jogando de lado. Bem

128
exibicionista, deu uma masturbada no pau me mostrando ele orgulhoso. Eu sorri e o vi
abaixar e começar a chupar a bucetinha de pelinhos ruivos de Mica.

— Isso, paizinho! Chupa seu neném! Chupa a bucetinha do seu neném, chupa!

Ele passou a devorar Mica metendo a língua fazendo muito barulho, como a chupar uma
fruta. Ela abria com os dedos deixando ele enfiar a língua bem fundo. Fiquei com água
na boca só de assistir.

Não demorou muito, assim que ela fez um escândalo ao gozar, o homem se ajoelhou na
cama, se masturbou mais um pouco e subiu sobre a filha. Ele se deitou sobre Mica e ela
o recebeu de pernas abertas. Em segundos, o homem começou a bombar dentro dela
com muita volúpia. Suas bocas voltaram a se colar em beijos sufocantes e quando ele a
deixava respirar, ela gemia alto:

Não havia nenhum carinho paternal naquela relação. O sexo deles era intenso. Sem
camisinha, sem proteção alguma. No pelo.

— Tá gostando, Kelly? Quer experimentar?

Perguntou ele, me olhando com cara de tarado, ofegante em cima da ruivinha.

— Quero muito.

Aquele pau imenso ainda estava muito duro quando ele tirou de dentro da sua filha e
começou a roçar em meu bumbum. Eu estava trêmula quando ele pediu para que eu
subisse na cama e me virasse de costas e me tremi mais ainda quando ele sussurrou no
meu ouvido para que eu tirasse a blusinha. Fora a turma que frequentava as surubas na
casa de praia dos meus primos, eu não tinha ficado tão à vontade daquele jeito na frente
de muitos outros homens. Ainda mais homens experientes como Roque. Suas mãos
pegaram firme em meus seios e ele brincou com meus mamilos antes de começar a
puxar minha calcinha.

— Vamos ver esse corpinho melhor.

Ele deslizou a peça até minhas coxas e me ajudou a passá-la pelos tornozelos. Eu ainda
estava de costas e ele deu uma pegada firme em meu bumbum.

— Ela tem uma bela bundinha! Toda macia!

O dedo médio dele já deslizou em meu cuzinho e ele deu uma esfregada. Eu estava bem
melada.

— Você é mesmo bem gostosinha, Kelly.

— O-Obrigada.

129
Sem muito esforço, Roque me virou de frente para ele e em seguida me ergueu pelo
bumbum. Fui impelida a enroscar minhas pernas em torno do seu quadril e senti pela
primeira vez aquele pau duro roçar em minha vagina. Ele se sentou na cama e o senti se
esfregar em mim. Eu estava me apoiando em seu ombro forte quando ele me beijou. A
língua era tão grande quanto eu pensava e eu quase me sufoquei. Procurei retribuir
mexendo bastante a minha língua e abrindo bem a boca, mas logo ele desceu para meus
peitos.

Os meus não eram tão menores que os da Mica, mas realmente eles sumiram dentro
daquela boca gulosa.

— Pode chupar à vontade.

Comecei a me soltar e ele pareceu ficar ainda mais excitado.

A Mica ficou de perto assistindo e senti suas mãos deslizarem em minha pele quando
Roque me encaixou de frente para ele, dessa vez pra valer.

Minha bucetinha teve dificuldades para engolir ele de início e então, Roque começou a
levantar e abaixar minha bunda, metendo melhor.

— Que tesão. Ela é toda apertadinha — elogiou ele, depois de um ofego.

Comecei a ajudar no sobe e desce e a penetração começou a fazer barulho.

Quanto mais eu sentava agora, mais prazer eu sentia. Comecei a gemer alto sem
conseguir me conter. O primeiro orgasmo veio forte e eu dei um berro mudo. Senti
minhas pernas estremecerem e então eu gozei intensamente. Fechei os meus olhos e
arranhei as costas de Roque.

— Que delícia de gozada. Quero ver de novo.

Ele fez eu me sentar de costas para ele e senti aquela tora me abrir inteira novamente.
Outra vez engoli com esforço. Ele agarrou a minha bunda e voltou a forçar para cima e
para baixo, me fazendo sentar com vontade.

Eu encostei a cabeça na cama e senti como se fosse morrer de tesão. Estava realmente
muito bom. Todas aquelas semanas de carência estavam sendo supridas tudo de uma
vez só enquanto eu era comida pelo pai da minha melhor amiga na frente dela.

“Que homem gostoso é esse! Ele tá me comendo muito gostoso! ”.

Depois da frustração com a transa malsucedida de dois minutos com o João Felipe e a
sequente difamação que sofri na escola, eu voltei para casa naquele começo de noite
extremamente satisfeita com tudo que tinha experimentado na casa da Micaela. Eu
havia descoberto que sentia muito prazer com sexo sáfico e posteriormente que não
130
havia nada de errado com um pai dando amor de homem para a própria, desde que fosse
consensual e desse prazer a ambos.

Diferente do dia anterior, eu cheguei em casa me sentindo leve e a minha mãe até
estranhou a mudança radical de humor. Assim que deu, voltei a falar com Mica pelo
WhatsApp e claro que o assunto principal girou em torno do que tínhamos feito. Depois
que me rasguei em elogios a ela pela forma como me fazia sentir prazer, elogiei também
seu pai e ela gostou de saber.

— Ele também curtiu muito, Kel. Mas a gente precisa saber — houve uma interrupção
na mensagem, então ela continuou —, você vai querer repetir?

— Não precisava nem me perguntar. A hora que os dois me chamarem, eu vou. — E eu


ia mesmo.

131
EU, PRISCILA

EU VIVI UMA VIDA confortável e feliz com minha família até os meus quinze anos
no bairro de Indianópolis, Zona Sul de São Paulo. Até então, eu pensava que era uma
adolescente normal com vontades, desejos e anseios que toda garota da minha idade
deveria ter, foi quando minha vida mudou radicalmente de uma maneira que eu jamais
poderia ter previsto.

Pouco depois do meu décimo sexto aniversário, em casa eu comecei a ouvir falar de
uma tal “reunião anual” da família pelos corredores, na hora do almoço ou na mesa do
jantar e aquilo passou a ser assunto recorrente por quase três meses. Pela minha
experiência parental, eu achava que não passava de um dia em que todos os Castilho —
família de ascendência espanhola da qual eu sou membro — se reuniam em uma das
muitas casas onde nós nos espalhávamos por São Paulo, mas foi meu irmão mais novo
quem conseguiu me deixar curiosa:

— Você nem faz ideia de que tipo de “reunião” eles estão falando!

Pedro tinha um ano a menos que eu de idade e os meus pais o tinham levado para a casa
de praia dos Castilho no ano anterior, no mês de agosto. Eu tinha começado a
desenvolver uma gastrite nervosa algumas semanas antes daquela data e estava
impossibilitada de viajar para o litoral na época. Fiquei em nossa casa em Indianópolis
aos cuidados de uma enfermeira que minha mãe tinha contratado para cuidar de mim à
domicílio, e todos eles — meu pai Mauro, minha mãe Solange e meu irmão Pedro —
desceram para a praia, para a tal reunião anual.

Semanas depois daquela viagem, meu irmão começou a atiçar minha curiosidade
dizendo coisas que me davam apenas pistas do que acontecia na tal casa de praia, sem
nunca me revelar o que de fato acontecia. Aquilo me deixou bastante brava e eu cheguei
a bater no garoto para que ele me contasse. Pedro não abriu a boca.

Diferente do que podem imaginar, eu sempre me dei bem com o Pedro e nós
aprendemos desde cedo a sermos parceiros em tudo. Tudo mesmo!

Nossa infância tinha sido bastante confortável e como crianças que tinham de tudo a
nosso dispor quase sempre, acabamos crescendo mimados, sem sabermos ao certo o que
a palavra limite queria dizer. Nossa mãe ainda tentava nos podar os desejos exagerados
de pirralhos com o “rei na barriga” — e eu nunca tinha entendido direito o que isso
significava — que éramos, mas papai falhava miseravelmente em nos conter, dando
tudo que queríamos sem qualquer culpa.

Como uma boa garota rica e mimada, eu comecei a me entediar rápido com as
facilidades que tinha em casa e o perigo começou a me seduzir cada dia mais. A
puberdade e as mudanças hormonais me afetaram feito uma bomba atômica naquele
132
período e não demorou para que eu perdesse minha virgindade com um vizinho da rua
chamado Neto.

Diego Augusto de Bragança Neto era um dos herdeiros babacas dos muitos da qual
éramos vizinhos no bairro de classe média alta onde morávamos e ele tinha uns quatro
anos a mais que eu quando decidi perder o meu cabacinho em seu quarto da casa de três
andares onde ele morava.

Nós nos conhecíamos das reuniões insuportáveis que nossos pais faziam nos finais de
semana, de vez em quando, na área de lazer de nossas casas e eu não costumava ir com
a sua cara devido ao modo arrogante com que ele tratava todo mundo — incluindo os
próprios pais, que eram sócios de uma plataforma de petróleo.

Embora eu o visse como um idiota, uma de minhas melhores amigas da rua tinha me
dito que havia perdido a virgindade com ele há algum tempo e aquilo me deixou cheia
de fogo. Embora Diego não fosse o único garoto heterossexualmente ativo na área, ele
era com certeza o mais atraente, o que facilitou para que eu tomasse a decisão.

Comecei a dar em cima dele depois disso e não demorou para acontecer. Enquanto
nossos pais faziam um churrasco em minha casa, ocupados em comparar o poder
aquisitivo de cada um, nós dois demos uma escapada e eu acabei cedendo meu selo a
ele. Nem de longe tinha sido a minha melhor experiência sexual e eu quase posso dizer
que detestei cada segundo embaixo daquele garoto ossudo e pálido, mas o fato de não
ser mais virgem me animou a querer novas perspectivas, incluindo o que tinha citado
antes: o perigo.

Como perigo eu entendia relações sexuais cada vez mais frequentes em locais
inapropriados e eu acabei tendo boa parte das minhas primeiras experiências sexuais em
lugares públicos ou de maneiras inadequadas. Diego não demorou a contar o que tinha
feito comigo em seu quarto para os colegas de bairro e o otário me abriu uma
quantidade absurda de opções depois disso, o que eu comecei a aproveitar.

Duas semanas depois da minha “estreia”, eu quis fazer sexo com um dos melhores
amigos do Neto e o garoto que deveria ter uns vinte anos na época me pegou dentro do
carro novo que o seu pai tinha dado de presente, quase no meio da rua.

Aquela ainda não tinha sido minha melhor transa, mas o perigo de um flagra havia me
deixado bastante empolgada, tanto que eu quis repetir a dose. Caco — como o garoto
era conhecido por todos — ainda me pegou mais duas vezes em seu carro, e na última,
ele me colocou em cima do capô no final de uma rua vazia e fiquei embaixo dele
olhando as estrelas no céu. Tinha finalmente ficado bom.

Eu fazia parte de um grupo de seis meninas do bairro e não era a única que tinha
começado a vida sexual cedo. Todas elas, sem exceção, haviam perdido a virgindade na
adolescência e nenhuma o havia feito com moleques da nossa idade. Além de meu
133
irmão Pedro, devia ter uns três ou quatro com aquela idade por ali, mas decididamente
nenhum deles me atraía e o mesmo acontecia com os garotos da minha turma no
colégio.

Os caras mais velhos me pareciam mais interessantes desde sempre e acabei pegando
gosto por aquelas relações ditas “proibidas”. O sexo com menores de idade era
considerado ilegal até que a menina tivesse idade suficiente para dizer se aquilo era
consensual ou não, mas nenhuma de nós se importou muito com isso. Eu estava cada
vez mais sedenta por sexo “impróprio” e não demorou para que eu começasse a abrir
meus olhos para outro tipo de relação além daquela com os caras mais velhos: eu
comecei a pensar em incesto.

A primeira vez que olhei para o Pedro com uma percepção diferente de que ele era só o
meu irmão mais novo foi quando o flagrei se masturbando em seu quarto com a porta
meio aberta. Eu tinha chegado da rua onde havia estado quase o dia todo aproveitando a
ausência dos meus pais em casa e ouvi o som de gemidos vindo do quarto do garoto. O
meu quarto ficava ao fundo do corredor, depois do dele, e o som era alto desde as
escadas. Diminui o passo para ver o que era aquele barulho todo e o vi deitado na cama
sem a parte de baixo da roupa a se masturbar enquanto assistia a um filme pornô na TV.

É claro que eu já tinha visto meu irmão pelado antes àquela altura das nossas vidas. Era
até comum que nos trocássemos um na frente do outro, mas vê-lo ali “descascando uma
banana” foi de certa maneira interessante. Pedro estava tão entretido vendo o vídeo que
nem percebeu a minha silhueta diante da porta e continuou fazendo, com a mão cheia de
um creme hidrante. Eu nunca o tinha visto de pau duro e o fiquei secando com os olhos
de longe. Os gemidos na TV eram intensos e a iluminação refletindo em seu corpo era
tudo que me permitia ver meu irmão ali na penumbra. Saí do lugar pouco depois dele
começar a gozar fazendo caretas e me senti bastante excitada em ver aquela porra
branca voar em sua barriga, com ele se contorcendo em cima dos lençóis. Não consegui
mais tirar aquela imagem da cabeça depois daquilo.

Eu e Pedro éramos íntimos o suficiente para que ele soubesse dos meus rolos e eu os
dele, por isso, não era segredo que eu tinha perdido a minha virgindade com o imbecil
do Diego, garoto com a qual meu irmão jogava videogame de vez em quando nos
campeonatos que eles faziam no bairro.

Meio que por acaso, ele tinha descoberto que Diego estava espalhando pela rua toda que
eu era a menina mais gostosa que ele “tinha comido” e Pedro veio me contar um dia um
pouco sem graça. Eu não tinha ficado lisonjeada porque nem considerava aquilo um
elogio, mas Pedro pareceu um pouco enciumado em saber que vários caras já tinham
estado dentro de mim e que eles faziam comparações entre as garotas que “comiam”.

— E você liga pra esses babacas, Pedrinho? Eles que se fodam!

134
Expliquei a meu irmão que eu não me importava com a opinião deles e falei que nunca
mais ia sair com tipos como Diego e sua gangue de otários.

— É que eu fico com raiva deles falando assim da minha irmã!

Ele estava visivelmente incomodado, então o provoquei:

— Você não quer que eles me achem gostosa, é isso?

Eu estava sentada no centro da minha cama e ele estava na beirada. Me levantei


depressa e dei uma volta em frente a ele. Estava vestida com um short curto que usava
para dormir — devia ser umas nove horas da manhã de um sábado enquanto tínhamos
aquela conversa — e a blusinha do pijama era bem fina dando para ver até meus bicos
através do tecido. Pedro me olhou estranho naquele momento e eu percebi que ele tinha
ficado aborrecido.

— Você não me acha gostosa, Pedrinho?

Outra vez ele desviou o olhar do meu corpo e eu me aproximei, como que o deixando
dar uma conferida em mim.

— Você é minha irmã, Priscila!

— E por isso não pode me achar gostosa?

Eu sabia quando Pedro estava com vergonha e seu rosto ficou todo vermelho naquela
hora. Meu irmão costumava ser um peste na maior parte do tempo, sempre me
provocando, me sacaneando ou aprontando alguma coisa para me irritar, por isso, era
raro o ver sem graça com alguma coisa. Tinha descoberto a única arma que podia usar
contra ele. Meu próprio corpo.

— Eu não te acho nada! Tem um monte de garota no bairro mais gostosa!

Eu sabia que ele tinha perdido a virgindade com uma garota chamada Ana que morava a
algumas quadras da nossa casa e ela era do tipo magrela, sem peito e sem bunda. Tinha
dito aquilo só para se sobressair.

— Se eu te deixar pegar em mim você nem vai querer, certo?

Provocativa, eu me virei de lado para ele e empinei minha bunda. O shortinho era curto
o bastante para mostrar a popa por baixo da barra e ele tinha visto isso. Pedro olhou
rapidamente para a porta entreaberta do quarto. Meus pais estavam em casa e os
empregados também. Qualquer um podia nos ver passando pelo corredor, mesmo que
rapidamente. Aquela simples ideia do perigo que corríamos me excitou.

— Eu não vou pegar nada!

135
Eu tinha colocado na cabeça que queria seduzir meu próprio irmão apenas por
considerar aquilo um jogo perigoso que me satisfazia e nas próximas semanas, me
dediquei a finalmente fazer com que Pedro me tocasse. Ele passou a morrer de medo de
ficar sozinho comigo dentro de casa e até mesmo quando nossos pais iam trabalhar,
Pedro corria para a rua a fim de fazer qualquer coisa que o deixasse longe o suficiente
de mim. Como ele estava dificultando bastante os meus planos de manhã, comecei a
agir à noite, quando meu irmão não podia fugir, e foi numa daquelas investidas que
finalmente aconteceu o que eu mais queria.

136
EU, PRISCILA (PARTE 2)

NOSSOS PAIS TINHAM ido para o quarto mais cedo aquela noite e através da parede,
eu ouvi barulhos estranhos vindos do aposento de meu irmão outra vez. Andei pisando
leve até sua porta e apurei a audição. Ele estava assistindo filme pornô de novo e
quando abri a porta de supetão, o surpreendi com a “mão na massa”.

— FECHA ESSA PORTA!

Pedro estava com as mãos lambuzadas de creme hidrante e seu pau estava
completamente duro. Eu entrei assim que o peguei no flagra e fechei a porta atrás de
mim. Comecei a rir em sua frente e ele, humilhado, começou a broxar.

— Batendo punheta, Pedrinho! Que coisa mais nojenta! Credo!

Ele me atirou um travesseiro que passou raspando em meu rosto. Me aproximei mais da
cama e vi que o filme continuava rolando. Havia um cara bem grandalhão e pauzudo
metendo em uma garota loira de seios pequenos. Parecia bem interessante.

— Sai daqui, sua idiota! Me dê um pouco de privacidade!

Eu ignorei seus pedidos infantis e fui até ele na cama olhando meio safada para o meio
das suas pernas. Ele tentou se cobrir com o lençol e eu o provoquei:

— Tá escondendo por que? Eu já vi tudo que tinha que ver aí. Pena que ficou mole
depois do susto!

Ele estava bem sem graça e buscou o short em cima da cama. Fazia menção de se vestir
quando decidi dar a cartada final:

— Eu estraguei sua diversão, mas se você quiser, eu posso te recompensar. Eu posso


deixar duro de novo!

Pedro parecia irritado, mas algo naquela frase chamou a sua atenção. Ele me olhou de
um jeito diferente e sem perguntar diretamente, quis saber:

— E como você faria…?

Eu movimentei uma das minhas mãos para cima e para baixo com os dedos levemente
dobrados simulando uma punheta. Ele já tinha escondido o pau murcho com o lençol.
Me olhou curioso, meio sem reação.

— Vem cá. Me deixa fazer pra você!

Pedro era orgulhoso demais para admitir que estava ficando com vontade de sentir
minhas mãos o acariciando e fez menção que não queria:
137
— Você é minha irmã! Para de ser louca!

Eu insisti e avancei minha mão entre as suas pernas.

— Vem cá! Deixa eu mostrar como eu posso fazer isso!

Ele ainda tentou resistir, mas eu já tinha agarrado seu pau. A coisa devia medir uns
dezesseis centímetros duro e eu comecei a mexer meus dedos para deixá-lo daquele
jeito de novo. A pele ainda estava impregnada de creme e não foi difícil deslizar minha
mão na região começando a lhe causar sensações inéditas.

Eu desviava meus olhos da cabecinha para seu rosto e foi divertido ver suas expressões
de prazer. Meu irmão era bem bonito, tinha cabelos lisos, nariz fino e lábios carnudos.
Tinha a pele branca e quase nenhum sinal de barba no rosto de moleque. Era bem
diferente do que eu gostava num homem. O principal atrativo que eu via nele era o
proibido. Aquilo que nos tornava totalmente incompatíveis no sexo: nosso parentesco
consanguíneo.

— Você… Você não devia, Pri… você é minha irmã!

— Por que? Não tá gostando?

Eu sorri para ele e continuei caprichando na punheta movendo meus dedos de uma
maneira que seu prepúcio estivesse sempre acariciando sua glande. Pedro abriu um
pouco mais as pernas por reflexo e por vezes começou a fechar os olhos sentindo um
prazer que ele não conseguia conter.

— Tô… sim! Tá… bom demais!

Dava para ouvir meu punho se esfregando naquele pau cada vez mais duro e aquilo me
deixou excitada também.

“Nossa… ele tem um pau bem gostoso! ”, pensei, olhando aquele pedaço de homem
intumescendo em meus dedos.

— Agora tá bem duro, Pedrinho. Uau!

Eu senti que ele estava no limite quando deu um gemido e eu vi suas bolas incharem
mais. O casal continuava mandando ver no filme pornô da TV e os grunhidos deles
preenchiam o espaço do quarto. Intensifiquei o movimento e fiquei de olho em suas
expressões.

— Já vai gozar?

Ele nem teve tempo de responder, e de repente, estava voando porra para todo lado. A
gosma escapou da minha mão e espirrou em minha coxa e em meu pijama. Continuei

138
masturbando apesar da lambança e fiquei olhando ele se contorcer todo. Tinha sido
muito gostoso causar aquela sensação em meu irmão mais novo e ele caiu para trás na
cama, sorrindo.

— Isso foi muito bom!

Pedro demorou algum tempo para se recuperar e eu fiquei ao seu lado. Ele tinha perdido
um pouco da vergonha e foi naquele intervalo que eu sugeri, como quem não queria
nada demais:

— Seria bom se você retribuísse agora.

Ele se virou com olhos arregalados e se sentou na cama. O pau ainda estava murcho, e
de repente, ele desceu os olhos até o meio das minhas pernas. Eu estava usando outro
dos meus shorts curtos de dormir. As coxas ainda estavam um pouco meladas do
esperma dele, mas permaneciam nuas.

— Quer que eu…?

E olhou de novo entre as minhas pernas.

— Eu fiz em você. Agora você faz em mim. É justo.

Ele hesitou um pouco. Tudo aquilo era novo entre nós dois. Nunca tínhamos feito nada
minimamente parecido e várias barreiras antes intransponíveis começaram a ruir diante
de nós muito rapidamente. Já éramos sexualmente ativos, mas nunca tínhamos pensado
sobre o que achávamos do incesto. Também não queríamos pensar naquele momento.

— Me dá sua mão — pedi, estendendo a minha mão a ele —, eu coloco pra você.

Pedro obedeceu e eu enfiei sua mão dentro do meu short por cima. Eu já tinha afastado
a calcinha para facilitar seu serviço e logo em seguida senti os dedos do meu irmão
tocarem minha vagina.

— Uuii! Estão frios!

Ele não sabia bem o que fazer, então, eu pressionei o dorso da sua mão com a minha por
fora do short.

— Assim. Aperta um pouco. Desse jeito.

Ele esticou os dedos e ficou a pressionar minha vulva sobre os pelos.

— Que macia!

— Ela é. Agora tenta botar um dedo dentro. Não tenha medo.

139
Ele esticou o dedo médio e o senti me penetrar de leve. Fez uma vez. Afastou. Fez de
novo. Deixou dentro. Mexeu fazendo movimento circular.

— Ela está molhada.

— Já está faz tempo. Anda! Coloca outro dedo junto agora!

Pedro não tinha muita experiência, mas em meu estado de excitação, ele até que acabou
fazendo um bom serviço. O auge foi quando ele me viu levantar e descer o short com a
calcinha. Ficou com uma tremenda cara de idiota me vendo pelada em sua frente e eu
tive que tomar sua mão novamente para fazê-lo voltar a me masturbar.

— Anda, Pedro. Continua! Sem roupa é mais fácil.

Eu me sentei ao seu lado e afastei as pernas o deixando enfiar seus dedos em mim.
Cheguei a gozar tão intenso foram seus movimentos ali dentro e ele me viu gemer de
olhos fechados. Assim que ele me causou aquilo, fui obrigada a esfregar meu próprio
clitóris e Pedro ficou me assistindo com curiosidade. Dei uma olhada para o lado e o
garoto já estava duro feito pedra outra vez.

— Pedro… posso te pedir uma coisa?

Meus olhos foram do seu pau para seu rosto e ele apenas acenou que sim, sem reação.

— Me deixa sentar um pouco em você?

140
EU, PRISCILA (PARTE 3)

EU JÁ TINHA ME SENTIDO com fogo antes com meus parceiros sexuais, mas aquilo
era algo completamente inédito tanto para mim quanto para Pedro. Eu nunca tinha visto
meu irmão como um possível parceiro sexual, e de repente, estava sentada em cima dele
esfregando a minha vagina em seu pau, quase numa transa entre homem e mulher. O
garoto tinha se deitado no centro da cama e eu simplesmente me sentei em cima dele
para roçar a buceta naquela rola dura. Eu não tinha deixado ele segurar em meu corpo
para não criar tanta intimidade, mas eu conseguia ver em seus olhos, com ele embaixo
de mim, o tesão que estava sentindo com aquilo.

— Isso tá… muito gostoso, Pri!

— Calaboca…

Foram vários os momentos em que deixei a glande de Pedro entrar entre meus lábios e
aquela sensação estava me deixando maluca. Eu sentia que eu estava me melando
inteira só em me esfregar e fiquei imaginando o que aconteceria se eu o deixasse entrar
em mim.

“Só escorregar um pouquinho dentro… só um pouquinho! ”.

Tive que me segurar para não fazer uma besteira aquele dia.

Depois da nossa quase primeira vez, eu senti que algo tinha acionado o “modo
incestuoso” em Pedro e o garoto passou a não se importar mais com a nossa condição
parental, começando ele a me provocar cada vez mais. Não eram mais raros os
momentos em que o garoto se esfregava de pau duro em mim de propósito pela casa
mesmo quando nossos pais estavam presentes e demonstrava abertamente que queria ir
mais além do que a vez em que nos masturbamos mutuamente.

Não dava para dizer que eu não estava morrendo de vontade também e que aquela
condição de proibido havia mexido com minha cabeça de uma maneira fora do normal,
mas 1% da minha sanidade ainda não estava totalmente convencida que eu deveria
transar com meu próprio irmão.

A totalidade da minha perda de noção acabou acontecendo num final de semana em que
minha família desceu para o litoral norte de São Paulo e que nós nos hospedamos na
casa de veraneio dos Castilho onde, diziam, aconteciam as tais reuniões anuais secretas.
Naquele ano, Pedro ainda não tinha participado com nossos primos, tios e tias da tal
reunião, por isso, nos concentramos em apenas usufruir de todo aquele sol, da praia e do
mar.

141
Meu pai pegou um dos veleiros parados no atracadouro e nos levou para conhecer a
Praia da Vila de ponta a ponta pelo mar. Era a primeira vez que visitávamos aquele
lugar sem que a família do tio Renato — irmão de meu pai — estivesse junto e foi bem
mais divertido daquele jeito. Conseguimos aproveitar muito melhor todo aquele espaço
rico em natureza e voltamos para casa de tardinha. Nossos pais quiseram bancar os bons
vizinhos e foram bater papo com as pessoas que moravam nas casas de praia ao lado da
nossa. Eu e Pedro ficamos um tempo sozinhos lá dentro. Estava bem calor. Eu continuei
de biquíni como estava na praia e ele não se importou em vestir algo além da sua sunga.
As provocações começaram cedo. Ele sentou na minha frente no sofá que ficava de
costas para a porta de entrada. Já estava bem duro.

— Você podia me masturbar igual fez aquele dia em meu quarto, Pri. Estou morrendo
de vontade!

Dava para ver ele olhando meu decote encarando meus peitos no biquíni. Eu estava
dando uma olhada numa revista de pesca só para disfarçar. A deixei de lado logo em
seguida. Tinha caído no ardil.

— A mãe e o pai parece que vão demorar, né?

Ele nem fez questão de responder. Levantou do outro sofá e veio para o meu. Se sentou
a meu lado. Puxou a sunga e me mostrou.

— Olha como já tô aqui!

Eu olhei lá dentro. Estava incrivelmente duro. A cabecinha rosada já meio úmida.

— E se eles chegarem? — Indaguei, meio temerosa.

— Não vão chegar. Faz, por favor!

Olhei um segundo para a porta. Mordisquei os lábios. Enfiei a mão. Estava duro
mesmo. Acariciei um pouco. Massageei para cima e para baixo. O tirei para fora. Deu
água na boca.

— Que duro, Pedrinho!

Sorri.

— Isso. Esfrega. Assim!

Obedeci. Estava bem gostoso. Ele abaixou mais a sunga. Já dava para ver as bolas
inchadas. Caprichei mais na punheta. Para cima. Para baixo. Mexendo os dedos. Estava
duro demais. Ele tomou a liberdade de avançar sua mão em meu biquíni. Apertou um
dos meus seios.

142
— Ei! Tira a mão!

Eu o estava repreendendo, mas queria muito que ele me apertasse. Ele sabia e tratou de
enfiar a mão por dentro, massageando meu mamilo esquerdo.

— Ai, que delícia, Pri. Tão macio!

Ele o botou para fora e continuou massageando. Me arrepiei inteira. Ele viu os pelinhos
das minhas coxas eriçarem. Se sentou mais perto. Abriu mais as pernas. Estava bem à
vontade.

— Isso… está muito bom!

Pedro então deslizou a sua mão e da minha barriga foi até o meio das minhas pernas.
Tentei repreendê-lo outra vez, mas estava soando cada vez mais falsa minha
reprimenda.

— Quem deixou você me tocar, garoto?

Ele sorriu de um jeito meio safado e acariciou a minha vulva por cima do biquíni. Era
apertado, ele não conseguia enfiar os dedos dentro.

— Desamarra um pouco. Deixa eu meter os meus dedos, Pri!

— Não pode.

Continuei massageando Pedro e seus dedos estavam me deixando louca. Mesmo por
cima da roupa as carícias estavam me pegando de jeito e eu estava começando a me
render a ele.

— Pedro… mais devagar… eu tô quase...

O puto não quis me ouvir e massageou mais rápido. Estava encostando em meu grelo.
Gemi. Comecei a bater punheta nele mais forte. Ele fez o mesmo em mim.

— Pedrinho… assim não… Humm!

Ele se esforçou bastante e seus dedos puxaram meu biquíni de lado começando a ganhar
espaço dentro de mim. Perdi o controle por um minuto e fechei os olhos. Ele tinha
começado a me penetrar e eu parei de masturbar seu pau. Senti Pedro vir para o meu
lado e dali a pouco, a sua rola dura estava roçando em minha coxa.

— Pedrinho… não faz assim…

Eu abri as minhas pernas e o deixei continuar, embora ficasse dizendo para ele parar.
Seu pau estava apunhalando minha coxa e até aquele movimento estava gostoso de

143
sentir. Eu já estava inteira arrepiada. Quando ele enfiou o segundo dedo em mim, perdi
o controle totalmente. Aquele 1% tinha ido para o espaço.

— Foda-se! Vem! Vamos pro quarto!

A casa de veraneio dos Castilho era enorme e era construída para deixar pelo menos
umas quatro famílias muito bem acomodadas lá dentro. Haviam dois corredores de
quartos, uma sauna, piscina, hidromassagem, ofurô e vários banheiros. Se perder ali
dentro não era nada impossível e foi com aquele pensamento que fugimos para um dos
quartos mais distantes da sala.

Eu estava em chamas quando chegamos na cama e Pedro foi astuto em trancar a porta
assim que entramos. Aquele esfrega-esfrega havia nos deixado com o tesão à flor da
pele e não queríamos mais perder tempo. Ele arrancou a sunga assim que nos vimos a
sós no cômodo mal iluminado de janela fechada e foi delicioso ver aquele pau duro
pulando para fora.

— Vai, Pri. Tira esse biquíni. Anda! Tira!

Eu desenlacei os nós laterais com pressa e ele já foi se engatando em mim por trás assim
que me viu pelada.

— Nossa, como tá duro!

Senti aquela pequena tora em minha bunda e ele a esfregou de maneira lasciva em mim,
me deixando ainda mais eriçada. Suas mãos agarraram meus peitos por trás e ele já
ergueu a parte de cima do meu biquíni, apertando os dois, massageando os bicos. Pedro
conseguia encher as mãos em minhas tetas.

— Não tô aguentando de tesão, Pri! Você tá muito gostosa!

Eu dei uma rebolada quando ele disse aquilo e me virei de frente em seguida. Fiz
menção de que ia beijar sua boca, mas falei em sussurro:

— Então vamos liberar esse tesão logo! Vem!

O momento seguinte nem dá para explicar. Eu e ele nos deitamos na cama comigo por
baixo. O pau de Pedro encontrou o caminho da minha bucetinha e ele começou a enfiar
dentro de mim dando bombadas fortes e vigorosas. Arreganhei tudo para ele e meu
irmão foi bastante competente em me comer bem gostoso pela primeira vez. Pedro
jogou todo o seu peso sobre mim e se serviu do meu sexo como se estivesse sedento por
um pedaço de carne, socando com muita vontade, ignorando que éramos irmãos.
Provocativa, eu o fiquei incitando ainda mais dizendo bobagens e quanto mais eu
falava, melhor ele me comia.

— Me come bem gostoso! Isso! Assim! Bem gostoso! Ahhh!


144
— Que delícia, Pri! Como você é boa! Nossa!

Foram os melhores vinte minutos de sexo que eu tinha feito até então. Não era nem
capaz de descrever tudo que tinha sentido aquele dia. Pedro e eu tínhamos ficado muito
satisfeitos e ainda mais loucos um pelo outro depois. O que acabou se tornando um
problema grande posteriormente.

145
DADO

A PORTA PANTOGRÁFICA DO ELEVADOR se abriu à minha frente com um ruído


irritante. O andar estava escuro como de costume. Das seis fileiras de lâmpadas no teto,
quatro estavam queimadas e outras duas piscavam em mau-funcionamento. Aquele
prédio devia ter uns duzentos e cinquenta anos. Me admirava que ainda estivesse em pé
depois de tanto tempo. Todas as vezes que um caminhão trafegava na avenida que
cruzava a esquina, eu rezava a Deus para que aquela pilha de tijolos velhos não
desabasse sobre o próprio peso… o mais curioso é que eu nem acreditava em Deus.

Eu costumava me chamar Eduardo H. Faustini e havia sido obrigado a me mudar do


bairro pacato onde morava com a minha família adotiva depois de ter a minha vida
devassada por um grupo de terroristas cibernéticos perigosos que queriam me pegar.
Um software-espião instalado por mim no servidor principal da Construtora Monterey
tinha sido rastreado e com disso, os caras que tinham sido contratados pelo meu ex-
sogro chegaram facilmente a mim, colocando também em risco Wilson e Guilhermina,
as pessoas que haviam me adotado como filho ainda bebê. Eles eram tudo que eu tinha
na vida e não podia deixar que sofressem por conta de um erro que eu havia cometido.
Um dos piores possíveis.

Wilson e Guilhermina possuíam parentes em Minas Gerais, destino que tomaram juntos
assim que vendi o meu Golf 2000 para comprar as passagens de ônibus. Eles não
entendiam direito o que estava acontecendo e nem porque estavam sendo obrigados a
deixar o sobrado onde moravam há mais de vinte e cinco anos. Para sua segurança, eu
não podia contar os detalhes, mas tinha dito o suficiente para que os dois concordassem
em sumir de vista por um tempo. Com meus pais fora de perigo, tratei de desaparecer e
a minha primeira providência foi conseguir uma identidade nova. Para todos os efeitos,
eu agora me chamava Roni Mota e era sob essa alcunha que estava empenhado em
derrubar a organização criminosa que me perseguia e que me queria morto.

O crime que eu havia cometido e que havia me colocado naquela enrascada tinha
deixado sequelas nas famílias de todas as pessoas envolvidas, mas principalmente na
minha. Coagido pelo pai da minha ex-namorada Janete Castilho, eu tinha aceitado servir
de espião dentro da Construtora Monterey onde trabalhava como estagiário de TI e por
um tempo, roubei informações cruciais da empresa, em especial, aquelas sobre contratos
e clientes futuros que a companhia pretendia angariar.

Renato, meu sogro na época, via em mim a oportunidade que ele precisava de se
antecipar à principal concorrente da construtora que ele mesmo dirigia, a Suares &
Castilho, e por minha causa, durante um longo período, as coisas deram muito certo
para ele e muito errado para os rivais.

146
Enquanto a Suares & Castilho se antecipava a fechar contrato com todos os clientes
pleiteados pela Monterey, os lucros da empresa só aumentavam, enquanto os da
adversária atingia o pré-sal de tão baixos. As minhas ações tinham feito com que vários
setores da empresa fizessem uma demissão em massa por semana e aquilo começou a
pesar em minha consciência. Conforme as pessoas eram mandadas embora seus
empregos pelas minhas ações sujas, o vírus que eu havia instalado nos computadores da
rede continuava sendo bastante eficaz e ficou incólume durante um período longo. A
minha sorte acabou, no entanto, quando um de meus próprios amigos do curso de
informática descobriu o que eu estava fazendo e me entregou para a minha namorada, a
garota que eu mais amava na vida.

Sem outra opção por conta das contas de casa que não paravam de chegar e ainda
tentando corrigir o meu erro desinstalando o malware que havia me conseguido pontos
com o “sogrão”, eu ainda permaneci por um tempo no setor de TI da construtora que eu
tinha ajudado a destruir. Foi nesse ínterim que a empresa conseguiu retomar fôlego para
sair do buraco onde eu a havia enfiado. Sem os dados que eu roubava para Renato, a
Suares & Castilho não tinha mais como se antecipar aos clientes da Monterey e isso
acabou equilibrando o mercado de construção civil novamente.

Semanas depois, sem seu antigo genro na jogada, um desesperado Renato acabou
contratando os serviços de um pirata da internet de codinome “Mercur”, que detentor de
recursos infinitamente maiores que os que eu tinha como mero estagiário, contribuiu
para que o chefe dos Castilhos voltasse a assumir a liderança da corrida das
construtoras. O grupo de Mercur tinha se beneficiado dos rastros deixados por meu
vírus na rede e passou a roubar eles mesmos os dados do servidor da Monterey sem que
ninguém percebesse.

Os meses tinham se passado e após uma briga com a filha Janete — que agora sabia que
eu tinha sido o meio que o pai encontrara para roubar as informações da Monterey —,
Renato se viu arrependido de seus atos, o que fez com que o ambicioso empresário
quisesse quebrar a ligação com Mercur. Para seu azar, um contrato daquele calibre não
podia ser desfeito tão facilmente e como retaliação, o pirata usou de força para
sequestrar Janete e obrigar Renato a pagar o valor que ainda devia pelos serviços a ele
prestado.

Com acesso ao servidor e aos dados roubados, eu acabei descobrindo em cima da hora
as pretensões de Mercur para com a inocente filha de Renato, e de maneira heroica —
ou extremamente burra — consegui impedir que a minha ex-namorada fosse levada
pelos criminosos fortemente armados que tinham sido contratados para o serviço.
Baleado e com o nariz quebrado, fui levado quase inconsciente ao hospital pela própria
Janete em meu carro, após salvar a vida dela. A menina ainda não era capaz de me
perdoar por tudo que eu havia feito, mas reconhecia o meu esforço em impedir que ela
fosse sequestrada. Por conta disso, ao menos, a herdeira dos Castilho era eternamente
grata a mim.
147
Passados alguns meses desde a última vez que havia visto Janete pessoalmente, a
situação ainda era preocupante. Renato havia pagado a dívida com Mercur, mas tinha
sido obrigado a abandonar a direção da empresa que comandava com o irmão Mauro.
Ele e a esposa haviam se mudado para o litoral, envergonhados demais para
continuarem em São Paulo depois de tudo que o homem havia feito com a própria
família e por lá permaneceram em segurança.

Sem a preocupação de estar sendo vigiada ou prestes a ser raptada novamente, Janete
tocou a vida e se tornou estudante de Gestão Empresarial, curso que sempre estivera
disposta a fazer desde a época em que era a minha namorada.

O irmão dela, o surfista Jonathan, quase nunca parava no mesmo lugar por mais de um
dia e estava sempre viajando pelo país e o mundo, procurando a melhor onda para
desafiar.

Eu, agora era um fugitivo. Tinha me tornado alvo de Mercur após me meter entre o
grupo terrorista e os sequestradores de Janete, mas não estava sozinho naquela
confusão. Os meus amigos da escola técnica Marco Túlio e Gabriel, que ainda
trabalhavam dentro da Suares & Castilho, eram meus olhos e ouvidos na construtora.
De vez em quando, Michael Mantovanni, o chefe dos meninos no setor de TI, também
nos auxiliava e era bom saber que ainda existiam aliados naquela batalha cibernética
que eu estava travando, até mesmo aqueles que eu nem imaginava que teria…

A porta do apartamento onde eu estava morando desde que havia saído da minha casa
na Água Branca arrastou no chão tão logo destravei a fechadura. Esperei alguns
segundos sob o batente, de olho no elevador ao fundo do corredor para me certificar que
não havia sido seguido até ali e só entrei quando tive essa certeza. Tão logo bati a porta
atrás de mim, ela veio andando do quarto, de olhos arregalados. Ainda não tinha se
acostumado à nova vida de fugitiva e sempre que eu voltava da rua, se esgueirava no
escuro para ter certeza que não era nenhum sequestrador querendo pegá-la de novo. Ao
me ver, abria um sorriso.

— Por que demorou tanto? Já tava começando a ficar irritada aqui!

Jessica Castilho era a irmã caçula de Janete e estava morando comigo desde que tinha
sido resgatada por mim pela segunda vez de um sequestro. Na primeira ocasião, eu e a
sua irmã ainda éramos namorados e a menina tinha sido arrastada até um barracão
abandonado, onde permaneceu sob a mira de uma faca. Desesperado, um traficante
encurralado pela polícia a havia raptado durante um baile funk na Zona Sul da cidade e a
usou como escudo1.

— Achou que eu tinha te largado aqui sozinha, é? — Perguntei, a vendo um tanto


empertigada a me observar entrando pela sala.

1
Esse sequestro foi descrito em Desejos 35 – a Herdeira Rebelde
148
De maneira corajosa e inconsequente, eu invadi o barracão assim que tive a chance e saí
no braço com o tal traficante. Durante a briga, o cara acabou fazendo um corte na palma
da minha mão, mas eu tinha salvado Jéssica.

— Sempre que você sai, eu fico com o coração na mão… — Ela mexeu os cabelos
loiros enfiando alguns fios atrás da orelha. Tinha feição preocupada no rosto
adolescente.

Da segunda vez, os homens de Mercur haviam levado Jéssica para me forçar a ajudá-los
a roubar as contas bancárias da Construtora Monterey e precisei criar um plano de
guerra para salvar a menina mais uma vez. Eu, Gabriel, Marco Túlio, Michael e um
amigo seu de nome Wesley, tínhamos conseguido transferir o valor exigido para uma
conta estrangeira, mas Mercur não tinha ficado com um centavo sequer.

— Pode ficar tranquila agora, Jessi — disse, a vendo apoiada no batente da porta do
quarto com olhar curioso em direção às sacolas que eu trazia —, eu voltei e trouxe
aquele cereal que você adora.

O dinheiro havia sido transferido de conta em conta por um algoritmo redundante


desenvolvido por Michael e Wesley. Enquanto a bufunfa ia de paraíso fiscal em paraíso
fiscal, uma força-tarefa se juntou para resgatar Jéssica e com um pouco de sorte, nós
conseguimos tirar a garota das mãos de Mercur. Depois disso, eu não podia mais
permitir que a minha ex-cunhada fosse usada como isca para me pegar. Em comum
acordo com os meus demais amigos, decidi me tornar responsável por ela integralmente,
pelo menos até que aquele pesadelo acabasse e todos os caras maus fossem presos.

— Não precisa me tratar feito criança — ela entortou o lábio com feição levemente
zangada —, eu sei que você não pode me proporcionar a mesma vida que eu tinha antes
na casa dos meus pais e eu não tô reclamando do que tenho agora. Você me mantém
segura e isso é tudo que importa.

A família de Jéssica jamais soube da segunda tentativa de sequestro que ela sofrera e
aquele tinha sido um pedido da própria menina a mim. Renato tinha sido punido uma
vez por sua aliança com os piratas cibernéticos com o quase rapto de Janete e seria um
golpe ainda mais fatal se ele soubesse que, por sua causa, a filha caçula também estava
correndo risco de morte. O velho já tinha sido suficientemente castigado por seus atos e
eu concordei que não precisava sofrer mais.

— É temporário — respondi, já botando sobre a mesa a caixa do tal cereal que ela
tomava no café da manhã —, assim que conseguirmos provas da existência do Mercur e
entregarmos à justiça, você vai poder voltar para os seus pais e os seus irmãos, Jéssica.
Eu prometo.

Ela não parecia convencida e abaixou os olhos um segundo antes de se aproximar da


mesa da cozinha onde eu havia deixado as sacolas de compras. Após tirar um a um os
149
produtos de dentro das embalagens plásticas, Jéssica começou a guardar tudo no
armário e na geladeira. Haviam mantimentos suficientes para mais uma semana pelo
menos e por ora, não seria necessário voltar para a rua. Quanto menos nos
expuséssemos agora, melhor.

150
DADO (PARTE 2)

COM MEUS CONHECIMENTOS em informática e a ajuda dos amigos hackers, eu


tinha montado um servidor bastante compacto no apartamento e através de um notebook
de segunda mão, comecei a procurar rastros digitais de Mercur e a sua gangue. Era
pouco provável que encontrasse alguma coisa mais sólida na internet usual, por isso,
boa parte das pesquisas que eu fazia era na Deep Web, camadas e camadas abaixo do
que havia de mais podre na web.

Eu tinha ensinado Jéssica a proteger seus dados e a se comunicar com quem quer que
fosse sem a preocupação de entregar para possíveis espiões a nossa posição naquele
prédio antigo do bairro da República, em São Paulo, e a menina já andava bastante
experiente na navegação oculta. Além de um firewall potente, eu tinha construído uma
VPN com uma máquina virtual e deste modo, nós podíamos acessar a maioria dos sites
costumeiros — incluindo redes sociais — sem o medo que fossemos rastreados.

— Eu achei um arquivo criado por um usuário anônimo que diz ter contratado um
hacker chamado “Mercur” há uns dois anos para derrubar um site do governo. Eu tentei
ler o documento, mas estava criptografado e não consegui abrir.

Depois de almoçarmos a comida congelada que eu havia trazido da rua, Jéssica se


sentou de frente para o notebook e comentou o que andara fazendo na minha ausência.
Ela tinha aprendido a navegar pelas camadas mais básicas da DW, mas ainda não
conseguia abrir todas as portas. Na velocidade com que ela pegava as coisas, era uma
questão de tempo até que a garota estivesse manjando de informática tanto quanto eu …
mesmo sem nunca ter feito um curso na vida.

— Tudo bem — respondi, sentado na única cama de solteiro do quarto —, depois eu


vejo com o Michael se ele pode nos ajudar a descriptografar. Quanto antes chegarmos
ao Mercur, mais cedo deixamos essa porcaria de prédio.

Jéssica apoiou um dos braços no encosto da cadeira giratória diante da escrivaninha


velha perto da janela e olhou para o alto, avaliando o teto esgarçado sem forro acima
das nossas cabeças.

— Não é tão ruim assim…

Ela voltou a me encarar por alguns segundos mantendo uma expressão séria, mas logo
depois, nós dois caímos no riso. Aquela era a pior espelunca em que eu já havia vivido e
não via a hora de sair dali.

Faziam algumas semanas que eu estava dividindo aquele apartamento alugado com a
caçula dos Castilhos, mas ainda era difícil para mim ter que viver sob o mesmo que uma
adolescente tão jovem e tão viciada na vida de riquezas que levava anteriormente.
151
Jéssica tinha completado dezesseis anos, mas ainda demonstrava muita imaturidade,
chegando a ser irritante na maioria das vezes agindo feito criança. Eu era três anos mais
velho, mas a vida dura de subúrbio havia me ensinado a amadurecer mais rápido. Ela
era muito diferente da irmã e quando dava os seus chiliques de filhinha de papai, eu me
pegava lembrando de Janete e o quanto ela era segura de si, além de menos mimada.

Quando a noite caía e nos recolhíamos para dormir, eu a deixava ficar com a única cama
disponível no dormitório e me ajeitava no sofá de molas antigo da sala. O móvel tinha
um cheiro forte de mofo e ainda era marcado por manchas desconhecidas deixadas
pelos moradores anteriores. Em dias mais quentes, o tecido me causava coceiras na pele
e era praticamente impossível me manter sobre ele. O chão acabava sendo o destino
mais certo das minhas noites insones, tudo para não tirar de Jéssica o único conforto que
havia naquele lugar e para não lhe causar novos ataques infantis.

Naquele começo de ano, o verão estava sendo intenso no país e por um tempo, o
chuveiro gelado não nos incomodou. O banheiro não tinha box, as paredes eram
cobertas por azulejos apenas até a metade e a privada vivia entupindo. Eu não podia
reclamar muito pela ninharia que pagava de aluguel, mas conforme o tempo passava,
comecei a me preocupar com o bem-estar de Jéssica naquele muquifo. Ela era herdeira
de uma das maiores fortunas paulistas e agora estava dividindo um apartamento mofado
com um pé-de-chinelo feito eu. A menina não merecia passar por aquilo e eu sabia que
tinha que fazer algo a respeito.

Algum tempo depois de pensar que precisava tirar Jéssica daquela vida, eu mandei
mensagem para Michael e pedi a sua ajuda.

— Tem certeza que quer fazer isso? — Me perguntou ele via texto, através de um chat
protegido por VPN.

— Eu dou um jeito de repor o dinheiro depois. Eu faço uns freelas, pego um


empréstimo… sei lá. Eu preciso arrumar um lugar melhor pra ficar.

Usando os seus conhecimentos, Michael havia dado um jeito de reter uma parte do
dinheiro que o Mercur estava tentando roubar da Construtora Monterey e o manteve
guardado numa conta secreta a que só ele e o amigo Wesley tinham acesso. O plano era
usar a grana para potencializar os nossos recursos contra o pirata da internet, mas como
eu tinha dito que era uma emergência, o chefe do setor de TI da Suares & Castilho
concordou em me ajudar. No mesmo dia, eu tinha em conta valor suficiente para
arranjar um novo apartamento, mais arejado, menos sujo e mais seguro que aquele. Três
dias depois, eu e Jéssica estávamos nos mudando para o Anhangabaú.

Tinha sido difícil encontrar um local que já fosse mobiliado, mas após adiantar três
meses de aluguel para o senhorio, consegui até um apartamento com geladeira e fogão
instalados. O banheiro do lugar tinha box, ducha quente e um vaso sanitário em perfeito

152
estado de funcionamento. Pelo menos por causa disso, eu não teria mais que aguentar as
birras de Jéssica.

— Eu amei, Dado! Vamos ficar aqui pra sempre! — Disse ela em nossa primeira visita
ao local, no terceiro andar do prédio antigo de esquina.

Ficar ali por tempo indefinido não era bem a ideia, mas eu podia compreender a
felicidade dela depois de passarmos por tão maus bocados em nosso último endereço.
Uma cama macia era tudo que eu precisava e o apê tinha duas. Minhas costas
agradeciam.

Na primeira semana de fevereiro, depois de acomodados em nosso novo esconderijo


temporário, Jéssica voltou a apresentar certa impaciência quanto a ficar presa no
apartamento e eu a alertei de que ainda corríamos perigo e que tínhamos que limitar as
vezes que nos ausentávamos de casa.

Pouco antes dos dois sequestros e da maré de estrume que havia varrido a sua família, a
caçula dos Castilhos tinha começado a praticar arquearia e dizia que estava ficando
“enferrujada” ali parada todo aquele tempo. Ela tinha trazido para o apartamento o seu
arco composto 30 libras na bagagem, além da aljava e todo o conjunto de flechas.
Gostava de polir o limbo de fibra de vidro quando se sentia solitária e não era raro a
ouvir se gabar que podia atingir um alvo com perfeição a setenta metros de distância,
como nos jogos olímpicos.

— Pode nada! — Eu a provocava só para vê-la fazer beicinho e chilicar.

— Posso sim! O meu treinador disse que eu sou um prodígio. Foi ele que me sugeriu
treinar com um arco composto para adultos em vez de um recurvo.

Eu não entendia nada de arquearia, mas já a tinha visto atirar com aquele negócio e era
realmente impressionante a técnica de precisão que havia desenvolvido em tão pouco
tempo. Jéssica era realmente um prodígio.

Algum tempo depois, fizemos um acerto com o dono do prédio e improvisamos um


campo de treino para arco e flecha no telhado para que Jéssica, enfim, parasse de
resmungar pelos cantos. A cada três dias, ela subia as escadas até o último andar e
costumeiramente ao cair da noite, ficava disparando as suas flechas a distâncias cada
vez maiores.

Ela carregava com ela um equipamento que valia quase dois mil Reais e por conta disso,
eu sempre ficava de olho para o caso de que algum malandro crescesse o olho para o
arco e a tentasse roubar. Ainda agíamos com muita cautela na tentativa de não chamar
muito a atenção das pessoas ao nosso redor, mas estava ficando cada vez mais difícil
conter Jéssica dentro de casa.

153
Na segunda semana de fevereiro daquele ano, ela apareceu na sala pronta para sair,
vestindo calça jeans, blusa longa e um par de tênis nos pés. Eu estava acessando o
notebook no sofá de dois lugares que tinha vindo com o apê e me alarmei.

— Opa, opa, Jessi! Aonde pensa que vai?

Eram três da tarde. Fazia um calor agradável do lado de fora e a cidade na região do
Anhangabaú estava bastante movimentada, como de costume.

— Eu preciso sair pra comprar umas coisinhas pra mim. Não aguento mais ficar presa.

Tínhamos combinado que faríamos listas dos itens mais básicos ou de necessidade
primária e que eu compraria tudo ao cair da noite para evitar que muita gente me visse
andando por ali. Ela estava quebrando o nosso trato.

— Eu disse pra você botar na lista de compra o que estivesse precisando, Jessi. Posso
buscar tudo que você quiser à noite, não é bom que saia por aí nesse horário. Você não
conhece bem o lugar…

Ela explodiu.

— São coisas de mulher. Absorvente, sabonete íntimo, creme… você não sabe comprar
essas coisas. Traz sempre tudo errado!

Seu rosto ficou rosado e logo assumiu uma cor mais avermelhada. Estava muito
zangada.

— Se você anotar num papel a marca certa, eu consigo… você não precisa sair agora.

Jéssica simplesmente falou um palavrão e me deu as costas, saindo apressada da sala.


Bateu a porta do quarto tão forte que a parede velha estremeceu toda e naquele
momento, eu percebi que teria um problema para conter os desejos da menina.

Ainda naquela noite, preparei um jantar leve para nós dois com bastante legume e
verdura. Estávamos vivendo praticamente à base de lasanha congelada e nuggets até
então e tinha a certeza que aquele não era o tipo de alimento certo para alguém em fase
de crescimento como Jéssica.

Eu tinha batido na porta de nosso quarto mais de três vezes para que ela aparecesse para
comer, mas nenhuma resposta vinha lá de dentro. Já tinham se passado mais de cinco
horas desde o nosso último contato e comecei a me preocupar com o que ela podia estar
fazendo sozinha naquele lugar abafado.

A porta não estava trancada e eu entrei tentando não fazer muito barulho. A janela
estava fechada, o quarto estava mal iluminado e Jéssica estava enfiada embaixo do
lençol da sua cama coberta até a cabeça, virada em direção à parede.
154
— Jess, eu fiz uma salada caprese com aquele arroz soltinho que você gosta… tem
certeza que não quer?

Não houve resposta, apenas um murmúrio.

— Está tudo bem? Você precisa de alguma coisa?

Eu fui me aproximando com cautela da cama de solteiro onde ela dormia. Era muito
raro que Jéssica dormisse fora do horário habitual e mais ainda vê-la quieta daquela
jeito, parada num mesmo lugar por tanto tempo. Hiperativa, costumava andar pela casa
toda ao longo do dia e quase nunca parava de falar ou cantar as suas músicas pops
coreanas favoritas de um modo desafinado.

O murmúrio foi ouvido mais uma vez. Eu estava agora a menos de meio-metro de
distância e o rosto de Jéssica estava pálido, além de que uma camada espessa de suor
molhava seus cabelos na base da testa.

— Caracas, Jess! O que houve? Fala comigo!

Sua pele estava pelando ao toque. Puxei de leve o lençol de sobre seus ombros e vi que
o restante da sua pele estava igualmente empapado de suor. Ela abriu os olhos castanhos
e me olhou com expressão doente.

— Eu… Eu não tô muito bem, Dado.

Me sentei na beirada da cama e tentei aferir sua temperatura na base do tato. Segurei por
alguns segundos a região entre seu pescoço e a orelha, depois, examinei a sua testa.

— Você está queimando em febre.

155
DADO (PARTE 3)

A CONSTATAÇÃO DE QUE A MINHA PROTEGIDA estava ardendo em febre me


deixou meio nervoso e voltei para a sala no mesmo instante. O meu celular estava
carregando numa tomada rente ao chão e acessei o site de uma farmácia 24 horas. Eu
não sabia o que havia ocasionado aquela febre na garota, mas era bem claro que era
necessário diminuir a sua temperatura antes que ela sofresse algum tipo de colapso.
Enquanto eu adicionava ao carrinho de compras um termômetro, um vidro dipirona
líquida e alguns comprimidos antitérmicos, a ouvi me chamar de maneira manhosa do
quarto.

— Daaaaado…

Percebi que a entrega dos medicamentos poderia demorar uma eternidade e eu estava
receoso de usar o meu cartão de crédito com meu nome real no site da farmácia e ser
descoberto de alguma maneira por Mercur e sua gangue. Eu não sabia até que ponto
estava sendo rastreado, mas não era bom vacilar.

— Dadooooo…

Decidi ligar para a farmácia e saber se eles faziam delivery. Por sorte, faziam e tinha
uma unidade a menos de uma quadra de distância do meu prédio. Encomendei todos os
itens.

Uma hora se passou até que um entregador meio magrelo e de aparência anêmica bateu
em minha porta com uma sacola em mãos. Paguei o que devia em dinheiro e voltei
imediatamente para o quarto. Usei o termômetro axilar em Jéssica e ela estava com
37,5° de febre. Dei a ela dipirona líquida diluída em alguns mililitros de água e antes de
esperar o remédio fazer efeito, decidi dar um banho gelado na menina para diminuir a
sua temperatura corporal.

— Eu tô morrendo, Dado…

Doente, ela era ainda mais dramática do que sã. Removi o lençol de cima dela e encarei
nos olhos, pedindo permissão para o que eu faria a seguir.

— Eu preciso tirar um pouco da sua roupa, Jessi. Eu vou te levar ao banheiro para te
colocar embaixo do chuveiro. Um banho gelado vai ajudar a diminuir a sua temperatura.

Ela balbuciou alguma coisa, depois, ficou choramingando. Tirei a calça jeans que ela
ainda estava usando, em seguida, a sua blusa de frio. Fazia um calor de quase 30° lá
fora e ela estava agasalhada demais para um dia de verão. Eu não notei na hora o que
era, mas vi um frasco de medicamento rolar do bolso frontal do agasalho e cair no chão,

156
vazio. Jéssica agora estava só de calcinha e sutiã e eu a carreguei nos braços até o
banheiro.

— Você vai ficar bem, viu? Um banho gelado vai ajudar a te refrescar um pouco.

Sem muito espaço dentro do box apertado, acabei me molhando inteiro também
enquanto deixava a água fria rolar corpo abaixo de Jéssica. Eu a estava apoiando em pé
e seus braços e pernas tremiam sem parar.

— F-Frio… Frio…

Ela me segurou firme e eu comecei a desviar o jato de água que caia direto em seu rosto
com a minha mão. Com a outra, estava segurando seu ombro e ela puxava a minha
camiseta sem controle dos dedos.

— Se eu morrer… fala pra minha mãe que eu sinto muito…

Tinha medo que ela começasse a delirar por conta da febre ou acabasse sofrendo uma
convulsão em meus braços. O melhor a fazer era levá-la ao hospital, mas já conseguia
prever todos os imbróglios que algo do tipo acabaria acarretando. Ela é menor de idade,
eu estou usando uma carteira de identidade falsa, sem emprego fixo… é bem capaz de
eu sair algemado de dentro do hospital.

Depois do banho, carreguei Jéssica de volta ao quarto e estendi uma toalha seca sobre a
cama antes de deitá-la. Pouco depois, com outra toalha em mãos, enxuguei seu corpo.
Sua pele parecia menos quente agora e eu já estava indo preparar o termômetro para
aferir sua temperatura outra vez quando pedi que ela retirasse as roupas molhadas do
corpo para vestir algo seco.

— T-Tira pra mim, Dado… não… não consigo parar de tremer.

Era uma situação delicada. Estávamos morando juntos há algum tempo, mas não éramos
um casal. Parecíamos mais dois irmãos que viviam discutindo e eu nunca tinha
precisado tirar a sua roupa antes ou mesmo vê-la nua, embora Jéssica não fosse de
muitos pudores. Andava de calcinha pela casa o tempo todo e às vezes, até costumava
sair do banho só de toalha, na minha frente.

— Me desculpa…

Era a primeira vez que me desculpava por despir uma garota, mas assim que removi a
lingerie molhada de Jéssica após o banho, apanhei roupas secas no armário que
compartilhávamos e a ajudei a se vestir. O piercing que ela tinha atado ao mamilo
esquerdo ficava bem marcado por baixo da blusa e eu tive que fazer um esforço mental
muito grande para não achar aquilo sexy bem naquele momento.

— 35°. Sua febre abaixou um pouco.


157
Eu deixei o termômetro de lado e já estava me voltando para Jéssica a fim de cobri-la
com o lençol da cama. Ela ainda estava trêmula e reclamava de frio. Sua pele estava
inteira arrepiada e ela ficava balbuciando coisas sobre a mãe que não via pessoalmente
há quase dois meses completos.

Enquanto recolhia as toalhas que havia jogado no chão, acabei chutando sem querer o
frasco vazio que havia caído de dentro da blusa de Jéssica mais cedo e o apanhei. O
rótulo indicava o nome de um ansiolítico usado em caso de ansiedade grave e estava
receitado em nome de Vânia Castilho Borges, a mãe da garota febril.

Eu não sabia há quanto tempo Jéssica estava se automedicando com aquele


antidepressivo ou se tinha sido ele que desencadeara a sua febre, mas aquilo me deixou
bastante nervoso. Ela não estava em condições de responder nada naquele momento e
quando a encarei novamente, havia carência em seus olhos. Suas mãos começaram a se
abrir e fechar como que tentando agarrar algo à sua frente, depois, ela ficou repetindo
sem parar:

— Deita comigo, Dado. Eu tô com frio. Eu tô com muito frio. Dorme comigo hoje.

Aquela era uma noite abafada, mas como um dos sintomas da febre alta era o frio
excessivo, decidi fazer o que ela queria e me deitei a seu lado em sua cama. A deixei se
aninhar em meu peito e fiquei fazendo carinho em seus fios loiros até que adormecesse.
Se pela manhã o antitérmico que havia lhe dado ainda não tivesse produzido efeito, eu
seria obrigado a levá-la ao médico.

Eu acordei com o som das buzinas do trânsito de veículos que cruzava a esquina abaixo
e o sol já estava incidindo pela janela aberta. Os gritos de um vendedor de chip para
celular ecoavam três andares abaixo e o som de uma britadeira insistente poluía o ar da
metrópole mais movimentada — e infernal — do Brasil.

Sobressaltado, me lembrei do que havia acontecido com Jéssica na noite anterior e virei
para o lado. Ela estava de bruços sob o lençol e me olhava sorridente.

— Eu nunca tinha reparado como você dorme bonitinho, de boca aberta…

O meu relógio de pulso marcava quase nove da manhã.

— Eu… dormi demais. Você… Você está melhor?

Enfiei a mão em sua testa para conferir novamente sua temperatura e ela parecia estável.

— Tô sim. Aquele remédio amargo que me deu fez efeito.

Me lembrei da embalagem vazia de ansiolítico e me espreguicei sentado na cama antes


de me levantar, apanhar o frasco e voltar para próximo de Jéssica. Ela ficou tensa ao me
ver segurando o pote branco.
158
— Pode me explicar o que isso estava fazendo no bolso da sua blusa?

Ela abaixou os olhos e também se sentou na cama. Correu um dedo metendo os cabelos
desgrenhados atrás da orelha e disse, sem coragem de me encarar:

— Eu tomo só de vez em quando. É pra me acalmar quando fico muito agitada.

Sacudi o frasco bem perto de seu rosto.

— É um remédio com prescrição médica específica para a sua mãe, Jéssica. Não é uma
aspirina que você pode sacar da embalagem e meter garganta abaixo quando quer.

Ela estava visivelmente envergonhada.

— Eu sei disso. Você não precisa me dar bronca!

Seus olhos me encararam por um segundo, mas voltaram para a direção do lençol sob
nós.

— Era por isso que queria sair de casa ontem? Pra comprar mais desses?

Ela não assentiu. Ficou mordendo o lábio como sempre fazia em situação de estresse.

— Você não pode se automedicar desse jeito, garota. Ainda mais com um remédio
receitado por um psiquiatra a outra pessoa. Foi isso que te causou febre. Você podia ter
um colapso, uma convulsão… você tem ideia disso?

Nenhuma resposta. Apenas a culpa no rosto adolescente.

— Se você fizer outra bobagem como essa, eu não vou ter alternativa a não ser te levar
para o litoral, para a casa dos seus pais. Os dois que lidem com o Mercur e o exército de
assassinos profissionais que o cara colocou atrás da filha deles.

Eu me levantei levemente alterado pela discussão e Jéssica correu em minha direção.


Me alcançou antes que eu saísse do quarto e com os braços finos, envolveu a minha
cintura por trás, com força.

— Não, Dado! Eu não quero morar no litoral. A minha vida é toda aqui em São Paulo…
os meus amigos, os meus primos… não me manda pros meus pais. Eu juro que me
comporto a partir de agora. Eu juro!

— Difícil acreditar, Jéssica. Você disse no começo que faria de tudo para se adaptar
enquanto não pegássemos o Mercur, mas na primeira oportunidade, você quase se mata
tomando escondida um medicamento. Essa vida de fugitiva não é pra você. Os seus pais
vão saber lidar melhor com essa situação…

159
Ela começou a chorar às minhas costas e ainda segurando a minha camiseta, me rodeou
para ficar de frente a mim.

— Eu não vou mais te desobedecer, eu prometo. Me deixa ficar com você. Eu gosto de
morar aqui. Eu não vou mais tomar remédio nenhum e juro que vou comer legumes e
verduras… não desiste de mim, por favor!

Eu fiquei com pena de Jéssica e por um momento, pensei se não teria sido duro demais
com ela. A garota estava sob forte pressão, tinha sido arrancada da mansão confortável
onde vivia em Campo Belo, tinha parado de frequentar o colégio milionário que a
fortuna dos Castilhos custeava e estava vivendo com um cara que, até pouco tempo, era
apenas o seu cunhado pobretão. Querendo eu concordar com aquilo ou não, ela tinha
vários motivos para estar pirando e eu não a podia julgar.

— Ok, eu não vou te mandar embora, mas eu preciso que se comporte a partir de agora,
está me ouvindo?

Ela fez que sim apressadamente com a cabeça e me abraçou, enfiando a cabeça em meu
peito. Por ora, tudo ficaria como estava antes.

160
DADO (PARTE 4)

UMA SEMANA ANTES DO feriado de Carnaval, em conversa com Marco Túlio via
chat privado, eu descobri que o cerco estava se fechando para os Castilhos dentro da
Suares & Castilho por conta das ações criminosas de Renato à frente da diretoria. João
Suares, o CEO da companhia, estava pedindo numa bandeja as cabeças de Mauro e
Elisa, os tios de Jéssica, e não sossegaria até que tivesse extirpado dos corredores da
construtora todos os familiares do homem que havia traído a sua confiança implantando
espiões cibernéticos na empresa concorrente.

Naquela mesma semana, o site de uma importante financiadora alemã com sede em São
Paulo havia sido derrubado pela ação de hackers não-identificados e o próprio Marco
Túlio alegou que haviam fortes indícios de que o ataque tinha sido obra de Mercur pelo
modus operandi utilizado.

— Se conseguirmos provar que foi o Mercur quem atacou o site da financiadora —


disse Marco por mensagem de texto —, nós vamos provar a sua existência de uma vez
por todas e teremos uma chance de entregá-lo pra Polícia Federal.

Eu estava contando com isso. Ansiava por ter a minha vida de volta e precisava levar
Jéssica para a sua casa o mais rápido possível.

No final de semana anterior ao feriado, Jéssica pareceu mais animada que de costume e
quando assuntei com ela o que estava havendo, a menina me informou que o seu irmão
Jonathan iria disputar um torneio de surfe em Florianópolis televisionado para todo o
país.

— Como soube disso? — Perguntei informalmente.

— A mamãe me contou — respondeu sorridente —, eu liguei pra casa ontem à noite e


ela me contou que o Johnny já tinha chegado à Floripa e que estava se preparando para
surfar no domingo.

Através de uma linha segura, eu e ela podíamos nos comunicar com nossos parentes
distantes via discagem de internet e para acalmá-la, Jéssica não ficava muito tempo sem
falar com a mãe Vânia na Praia da Vila, litoral norte. A mentira de que a menina estava
morando temporariamente na casa de uma amiga de escola era frágil, mas vinha
funcionando até aquele momento. Quando era necessário, eu me fingia do pai da tal
amiga fictícia para não levantar suspeitas e falava com Vânia na tentativa de tranquilizá-
la quanto ao bem-estar de sua filha.

— Você devia dizer logo à mamãe que estamos namorando e que moro com você de
livre e espontânea vontade!

161
Ouvir aquilo me causava até tremedeira e eu a repreendi.

— Para de brincar com essas coisas, Jéssica. Sua mãe acha que você está morando
numa casa de família respeitável, se ela descobrir a verdade de onde você está, vai
surtar e mandar um exército de mercenários me matar.

O pior é que eu acreditava mesmo naquilo. Com o marido que tinha ao lado, não seria
difícil prever que Vânia fosse capaz de contratar assassinos profissionais para me
liquidar em nome da honra de Jéssica. Renato já tinha feito isso de maneira indireta e o
tiro que eu havia levado aquela vez ainda doía em meu ombro sempre que fazia frio.

— O que mais falta pra gente namorar? Você até já tirou a minha roupa e dormiu
comigo na cama!

Havia agora malícia em seu rosto de menina e eu tive que mudar logo o rumo da
conversa. Jéssica adorava me provocar e eu não queria cair em tentação.

No domingo, a transmissão do Circuito Nacional de Surfe direto da Costeira do


Pirajabué na Baía Sul de Santa Catarina seria feita oficialmente por um canal a cabo e
também pela internet, através de um canal do Youtube chamado Ação Radical.

Eu e Jéssica nos sentamos no sofá diante do notebook com a transmissão ao vivo da


internet e a menina comentava com empolgação o “cartel” impressionante de vitórias
que o irmão mais velho tinha na carreira, no auge dos seus vinte e três anos.

Profissional desde os quinze, o herdeiro mais velho de Renato Castilho já tinha vencido
o Hang Loose Pro Contest etapa Brasil, o Billabong Pro Teahupoo no Taiti, o Fiji Pro
na ilha de Fiji e estava atrás da consagração nacional, conquistando o inédito Circuito
Nacional de Surfe, evento que acontecia uma vez por ano em praias brasileiras. Os
olhos da menina chegavam a brilhar de orgulho quando falava de Jonathan.

— Além de gostoso, o meu irmão é fera no surfe!

Não era raro ouvi-la se referir a Jonathan daquela maneira mais íntima e sentado a seu
lado no sofá, vendo-a empolgada a olhar a tela do computador à espera da aparição do
irmão, eu quis saber:

— Você fala de um jeito muito carinhoso sobre o seu irmão. Vocês devem ser muito
próximos, não é?

Jéssica se empertigou com as pernas flexionadas sobre o assento e os pés pequenos


virados em direção ao braço do sofá. Como se fosse me contar um segredo, abaixou o
tom de voz e no momento em que o apresentador do evento na Costeira do Pirajubaé
anunciou o primeiro surfista da etapa máster, ela confessou:

162
— A Jane me mataria se soubesse que te contei isso, mas nós somos um pouco mais do
que só irmãos lá em casa…

Por um momento, eu não sabia mais se queria que ela me contasse o resto e como eu
suspeitava, veio a confirmação:

— A gente costumava ficar junto sempre quando não tinha ninguém olhando… e junto
que eu digo, é junto, sabe?

E ela juntou as mãos num claro sinal de acasalamento, cópula…

— Quer dizer você e o Jonathan?

Eu estava um pouco alarmado, mas não totalmente surpreso.

— Eu e o Johnny, o Johnny e a Jane… e com nossos primos também!

Eu havia conhecido Jonathan pessoalmente no início de meu namoro com Janete e o


ciúmes que ele demonstrara pela irmã na ocasião tinha me parecido verdadeiramente
excessivo. Agora eu entendia o motivo.

A Janete e o Jonathan… cacete!

O assunto morreu por um tempo quando Jonathan foi anunciado na praia e o público
local foi ao delírio. Jéssica aplaudiu e gritou como se o irmão a pudesse ouvir do outro
lado da tela, depois, ficamos a assistir juntos as baterias do campeonato que consagraria
como vencedor o melhor atleta da temporada. Além de Castilho, estavam no mesmo
patamar também o surfista catarinense Pietro Gama — 28º no ranking mundial da WSL,
a liga de surfe — e o pernambucano Iran Azevedo, o atual campeão do WSL Latin
America.

Como previsto por nove entre dez palpiteiros de internet, Jonathan Castilho ganhou o
CNS com folga e se sagrou campeão do torneio nacional. Jéssica quase entrou em êxtase
ao meu lado e não parou mais de pular e gritar em comemoração à vitória do irmão.
Antes que os vizinhos do prédio chamassem a polícia por perturbação da ordem, a puxei
de volta para o sofá e ficamos a assistir à festa do pódio com os demais colocados
naquela que tinha sido uma das etapas mais concorridas do surfe brasileiro.

— A Jane deve ter tido um orgasmo assistindo o Johnny vencer. Vou mandar
mensagem pra minha irmã.

Jéssica pegou o celular e começou a se comunicar com Janete através do chat seguro.
Eu também estava interessado em saber qual tinha sido a sua reação com mais aquela
vitória de Jonathan e não me contive. Faziam algumas semanas que não nos falávamos e
eu não conseguia esconder de ninguém o quanto sentia a sua falta. O nosso
relacionamento havia terminado de uma maneira muito brusca, no auge da nossa paixão
163
um pelo outro e depois disso, nunca mais tínhamos tido a chance de conversar para
botar as coisas de volta aos eixos. Eu sentia que ainda havia amor entre nós, um ansiava
em estar de volta aos braços do outro, mas havia algo nos impedindo, algo que eu não
sabia explicar o que era.

— Eu assisti toda a prova do Jonathan, Jane — escrevi na mensagem —, ele é muito


bom mesmo, você deve estar orgulhosa.

Sua foto de perfil a mostrava com uma maquiagem suave no rosto claro, os cabelos
castanhos soltos sobre os ombros e aquele sorriso lindo aberto de frente para a câmera.
Janete continuava sendo a mulher mais bonita do mundo.

— Já estou sem voz aqui de tanto que gritei diante da TV. O Johnny mandou benzaço!

As nossas conversas ainda fluíam como antes. Continuávamos sendo parceiros, ainda
éramos amigos, mas faltava aquele pequeno detalhe. Eu era louco por Janete, mas
enquanto toda aquela história de espionagem corporativa, crimes cibernéticos e
sequestros continuasse vindo à tona, nós nunca teríamos uma chance juntos novamente.

— Onde quer que esteja, espero que esteja bem, Jane. Você sabe que, apesar de tudo, eu
a amo muito e quero que seja feliz.

Ela me enviou um emoji de coração depois daquela mensagem e senti um torpor me


invadir o corpo. Era difícil falar com ela sem que o assunto não enveredasse para nosso
antigo relacionamento, por isso, o papo quase sempre era interrompido antes que
estivéssemos os dois trocando declarações melosas.

164
DADO (PARTE 5)

JÉSSICA AINDA ESTAVA SENTADA ao meu lado quando concluí a minha conversa
com Janete e percebeu que eu tinha ficado mexido após falar com a sua irmã. Puxou
assunto:

— Ela está na praia com alguns amigos. Deve estar se divertindo bastante por lá…

Na tela do notebook, os preparativos para a etapa feminina do CNS já começavam a


todo vapor e o cinegrafista mostrava imagens belíssimas da praia da Costeira, com o
mar num tom de azul bem claro e o sol ardendo no horizonte.

— Imagino que sim…

Respondi sem muita vontade de continuar no assunto, mas Jéssica insistiu. Deixou o
smartphone no braço do sofá a seu lado esquerdo, escorregou alguns centímetros de
encontro a mim e avançou a mão em meus cabelos curtos. Eu tinha passado máquina
um para que ficasse mais prático pentear e lavar. Ela me fez um cafuné rápido entre os
fios.

— Você precisa esquecer a minha irmã de uma vez, Dado. Está bem claro que ela não te
quer mais. Depois de você, ela já ficou de rolo com dois caras diferentes… ela não liga
mais para o que você sente.

Eu tinha ouvido falar que Janete havia se envolvido com o filho do CEO da construtora
da família, um cara chamado Roberto Suares. Aquilo fazia muito sentido, uma vez que
durante a discussão do nosso término, ela tinha falado que a nossa classe social nos
diferenciava. Namorar um herdeiro ricaço estava mais de acordo a alguém da estirpe
dela e eu tinha que admitir isso.

— O que você sabe sobre amor, Jéssica? Você é só uma criança…

Ao me ouvir dizer aquilo, Jéssica avançou sobre mim e segurou o meu rosto firmemente
com as duas mãos. Seus dedos acariciaram a região onde eu havia deixado crescer uma
barba rala que eu não aparava há uma semana e a menina cravou seus olhos castanhos
dentro dos meus.

— Eu não sou mais uma criança. Eu posso parecer mimada e birrenta às vezes, mas eu
sei muito bem o que é amor. Desde o primeiro dia em que você pisou na minha casa, lá
no Campo Belo, eu senti algo diferente por você. No começo, pensei que fosse inveja
por minha irmã ter arranjado um cara tão inteligente e tão bonito, mas depois, eu saquei
que não era só isso…

165
A conversa começou a tomar um rumo muito diferente do que eu imaginava e tentei
interrompê-la, sem sucesso. Jéssica agora tinha se ajoelhado ao meu lado e estava quase
em meu colo.

— O meu coração dispara cada vez que você chega perto… todas as vezes que dá risada
por algo que eu digo, chego a ficar mole… aquele dia em que fiquei doente, eu estava
mal de verdade, mas só em saber que você estava cuidando de mim, eu quis ficar boa
logo só para que pudesse retribuir todo o carinho e a atenção que tem me dado desde o
início.

Eu não era ingênuo de pensar que aquilo não podia acontecer. Eu um cara solteiro, ela
uma adolescente carente, os dois juntos sob um mesmo teto, convivendo dia a dia, tendo
um ao outro apenas como única companhia… era a receita perfeita para uma atração
física.

— Jess, escuta. Eu sei que o seu emocional está abalado por todas as mudanças que
aconteceram na sua vida, mas você está confundindo as coisas. Eu e a sua irmã estamos
separados, mas eu ainda sinto que a amo…

Ela foi taxativa:

— Mas ela não te ama. Se te amasse, teria ficado do seu lado não importasse o que
nosso pai fizesse a você. Ela agiu feito uma covarde e te chutou sem nem querer saber
de verdade o tamanho da encrenca que o nosso pai tinha arranjado dentro da empresa.
Você é um cara maravilhoso… e a Janete preferiu te excluir da vida dela ao invés de
agarrar o homem mais gentil e atencioso que ela jamais vai conhecer outro igual.

Aquelas palavras me afetaram de um jeito que eu não esperava e eu fui abaixando


minhas defesas. Jéssica agora estava a meio palmo de distância. Seu peito subia e descia
dentro da blusinha de alças que usava, com ela ofegante depois do desabafo. Estava
usando um shortinho jeans desfiado na barra e os cabelos estavam presos para cima,
num coque desleixado.

— Mesmo assim, Jéssica. Eu entendo que você goste de mim como mais do que o seu
cunhado, mas a gente não pode ficar junto. Não tem a mínima possibilidade…

Ela deslizou a mão delicada em meu rosto outra vez e disse, com firmeza no olhar:

— Então por que está olhando para a minha boca desse jeito, como se quisesse me
beijar?

Ela avançou sem esperar qualquer sinal positivo da minha parte. Enlaçou os braços
magros em torno do meu pescoço, empurrou o quadril para o meu colo e me beijou na
boca. Estava tão colada a mim que dava para sentir o batuque do seu coração através da

166
roupa. Não estava febril daquela vez, mas a sua pele fervia ao toque. Os pelinhos loiros
nas coxas finas eriçaram e seus mamilos se intumesceram.

— Jéssica, o que está fazendo?

Ela não pesava nem cinquenta quilos. Era pequena, magra e eu podia me desvencilhar
dela sem me esforçar muito. Em vez disso, a segurei pela cintura e apenas afastei o rosto
alguns centímetros do seu.

— Eu sou completamente apaixonada por você, Dado. Acho que sempre fui. Nós
estamos os dois aqui sozinhos nesse apartamento. Não tem ninguém para nos impedir.
O que falta para a gente se amar feito homem e mulher?

Você ter idade legal para isso? Pensei, irônico, ainda tentando evitar uma nova
investida romântica de Jéssica.

— Escuta, eu não quero abusar da confiança que você me deu e que os nossos amigos
me deram em te deixar morando comigo, apesar de tudo. Qualquer afeto entre nós além
do de amizade provocaria grandes problemas para a nossa futura relação. Eu não quero
misturar as coisas, tenta entender.

Ela estava corada. A respiração descompassada já tinha voltado ao normal e seus olhos
demonstravam dúvida.

— Você me acha criança demais, é isso? Não sente tesão por mim? É por causa dos
meus rompantes, da minha malcriação?

Foi a minha vez de acariciar seu rosto. Estava difícil concentrar com ela sentada daquele
jeito em cima de mim, mas fiz um esforço.

— Eu te acho uma tremenda gatinha, Jess, não é por isso. Nós só não podemos ficar
juntos de maneira nenhuma. Além da idade, tem a questão de eu estar no papel de uma
espécie de tutor temporário pra você. Não seria certo irmos para a cama… na verdade,
seria bem errado!

Ela pareceu magoada e começou a afrouxar os braços em torno do meu pescoço. Se


apoiou em meu ombro, se levantou do meu colo e começou a andar em direção ao
quarto, descalça.

— Jess… não faz assim. Não vai embora desse jeito. Vamos conversar…

A porta do quarto bateu com força atrás dela. Tinham se encerrado ali as chances de um
entendimento por aquela tarde.

Durante a noite, eu tentei entrar no quarto para dormir na cama que ficava paralela a
dela dentro do dormitório e me deparei com a porta trancada. Depois do evento com o
167
ansiolítico, tinha medo que ela arranjasse outro meio de se dopar e que isso a acabasse
levando a óbito, algo que eu não podia permitir.

— Jess, abre essa porta. Nós combinamos que você não passaria mais o trinco na
fechadura. Me deixa entrar.

Não houve resposta alguma e eu já estava entrando em desespero.

— Sei que está magoada comigo, mas pelo menos diz alguma coisa. Me xinga, me
manda para o inferno, sei lá…

Nada. Do lado de dentro do apê apenas o silêncio, do lado fora, o barulho costumeiro do
tráfego veicular três andares abaixo.

— Se não abrir, eu vou arrombar. Tô falando sério.

Com a orelha rente à madeira, comecei a ouvir sons difusos do lado de dentro do quarto.
Havia agora um par de pés pisando um tapete e o farfalhar de tecidos. Havia sinal de
vida e aquilo me deu um alívio que durou pouco. A porta se abriu de repente e meus
olhos se arregalaram ante a visão à minha frente.

— Então arromba…

Jéssica estava completamente pelada e de maneira ousada, ficou a passear o dedo


indicador entre os seios pequenos, convidando meus olhos a acompanhá-lo circundar o
mamilo com a joia dourada atravessada nele.

— Jess…

As mãos pequenas me puxaram pela camisa querendo arrancá-la e começamos a medir


forças. Ela queria me levar para a cama, eu tentava impedir sem querer tocar em sua
pele nua.

— Por que não prova antes de reclamar? Aposto que se provar só um pouquinho, vai
ver que não tenho nada de criança, que sou bem experiente até!

Daquela vez estava difícil controlar os meus próprios impulsos. Jéssica tinha rasgado a
minha camiseta enquanto me arrastava e arrancou os trapos com força quando nos
aproximamos da cama de solteiro. Sem intenção de me deixar pensar um segundo no
que estava prestes a fazer, começou a beijar o meu peito e lamber a região de um jeito
lascivo.

— Jess, é sério… não faz isso…

Ela foi descendo e quando alcançou o meu abdômen, senti que perderia totalmente o
controle se ela atingisse um centímetro além daquela área. A trouxe de volta para cima e

168
dum pulo só, a menina se enganchou em meu quadril, prendendo as pernas em minha
cintura.

— Não estava todo machão do lado de fora querendo arrombar alguma coisa? Por que
não arromba agora?

Aquele beijo destruiu o meu escudo de uma só vez e tal qual num jogo de RPG
medieval, toda a minha estratégia de defesa foi dissolvida. Só me restava agora o
contra-ataque. Eu tinha jogado o dado e ele havia caído com a face de um 20 virada para
cima.

Ainda serpenteando a minha língua na dela, deitei Jéssica sobre a sua cama e me
apressei em abaixar a bermuda, arrancando também a cueca no processo. Ao me ver
fazer um movimento de encontro ao seu quadril, ela sorriu e um brilho intenso surgiu
em seus olhos, além do desejo claro de me receber em seu sexo.

— Não devia ter provocado, menina…

Eu estava muito além de me controlar e no instante seguinte, resolvi esquecer todos os


meus princípios e a moralidade que me faziam não querer enxergar aquela garota como
a mulher que tinha se tornado. Quando senti seu sexo úmido se abrir para me receber,
todas as preocupações pela diferença de idade ou pelos problemas familiares que
haviam nos unido desapareceram e por um breve instante, eu finalmente pude satisfazer
os meus desejos mais reprimidos.

Se Deus existir, que Ele me perdoe!

169

Você também pode gostar