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Conferência: Liz
Formatação: Fanny
Com oito anos de idade, perdi duas coisas: meus pais e algo que a
maioria das pessoas subestimam. Foi nesse momento que comecei a
experimentar o mundo de forma diferente de todos os outros. Aceitei meu
destino, vivendo minha vida ao máximo e da melhor maneira que sei.
Desistir do amor é algo que tinha que fazer porque os homens não
conseguiam lidar com a minha condição. Então eu o conheci e ele mudou
tudo para mim.
Queria mostrar a ele que a vida era mais do que ele via. Meu nome é
“Que porra você está dizendo com ‘não posso fazer funcionar’?”
Grito enquanto caminho ao redor da longa mesa.
“Obviamente você não fez, porque sei muito bem que podemos
fazer isso. Acha que pago você tão bem para sentar aí e dizer que isso
não pode ser feito? Estamos à beira de um grande avanço aqui. Um
avanço que fará com que esta empresa receba bilhões de dólares.”
“Mas, Ethan...”
“Você não foi para o Havaí na sua lua de mel?” Olho para ela.
Ela abaixa a cabeça, porque não quer que eu veja as lágrimas que
se formam em seus olhos.
“Bom, você sabe que quarto. Estou saindo agora. Seria sensato
você não usar calcinha. Eu já te devo cinco.”
“Samantha.”
“Não tenho que gostar delas Harry. Só gosto do que está entre
suas pernas.”
“Olá, Don.”
“Sim. Ah sim.”
“Sim, estou ótima.” Ela sorri. “Por que não me deixa te beijar?”
Pergunta enquanto está deitada na cama.
“Eu sei e esse é o jeito que gosto. Aproveite o resto do seu dia,
Samantha.” Pisco enquanto caminho para fora do quarto.
“Uau. Quem é essa mulher sexy que está bem diante de mim?”
“Oh, pare Ian. Você sabe que sou muito velha para você,” tia
Charlotte fala.
***
Ethan
“Por favor, não peça desculpas. Não deveria ter me virado tão
rapidamente.”
“Mais uma vez, sinto muito.” Saio para onde Charles está.
“Eu não sei. E praticamente bati nela quando virei para ver o que
diabos você queria.”
“Oh. Desculpe sobre isso. Olha para esta pintura. Não é bonita?
Você acha que Lexi vai gostar?”
“Claro, é legal. Por que você não tira uma foto e envia para ela?”
“Não. Pensei nisso, mas quero que seja uma surpresa. Você sabe,
para quando ela voltar de Minnesota. Um presente 'eu senti falta de
você'.”
“Eu sei. Mas para nós, isso é muito tempo longe”. Ele arqueia a
testa. “Acho que ela vai gostar. Vou rastrear o artista e fazer a noite
dele.” Ele sorri.
Sei que não fiquei tão perto dele, porque estou muito focada
atraída pelo seu cheiro. Um cheiro amadeirado com uma mistura de
musgo, âmbar e um toque de especiarias. Limpo, refrescante,
inebriante, um perfume que de alguma forma puxa meus sentidos. De
pé no mesmo lugar, seguro a taça de champanhe na mão, e assim que
levo aos meus lábios, o mesmo perfume filtra através do ar.
“Olá, mais uma vez,” a baixa voz familiar fala ao meu lado.
“Olá.”
“Para ser honesto, não tenho a menor ideia”, ele fala. “O que isso
diz a você?”
***
Ethan
“Sr. Klein, estou lisonjeada por querer me levar para sair, mas
posso garantir que não sou o tipo de garota que provavelmente está
acostumado.”
“Por que não me diz que tipo de garota acha que estou
acostumado?” Sorrio.
Vou até a pintura e olho para o sinal que está acima dela. A
pintura está intitulada Aubrey. Estou em estado de choque e em total
descrença. Ela não está mentindo e estou sem palavras. Não tinha ideia
de que fosse cega.
“Aí está você. Estive procurando você por toda parte. Penélope
quer falar com você.” Um cara fala enquanto toca levemente seu braço.
“É especial.”
“Só porque é cega, Sr. Klein, não significa que parou de viver a
vida. Ela pode fazer mais do que uma pessoa que tem a sua visão. Posso
perguntar por que quer seu número?”
“Eu a convidei para sair para uma bebida e ela recusou. Mas não
quero aceitar isso. Gostaria de conhecê-la melhor.”
Ela suspira. “Não vou dar seu número sem permissão, mas vou
dizer uma coisa. Amanhã é sábado, e todo sábado de manhã por volta
das nove horas, ela vai ao jardim Shakespeare, no Central Park para
ler por um tempo.”
“Obrigado. Só mais uma coisa: por favor, não diga a ela que
comprei essa pintura.”
As sobrancelhas dela contraem e morde o lábio inferior. “Não vou
e você não vai dizer que eu lhe disse aonde ela vai aos sábados.”
Saio do taxi, digo boa noite para Ian, tiro a minha bengala da
bolsa, e entro pela porta giratória do meu prédio.
“Estou feliz em ouvir isso. Quero ouvir tudo sobre isso amanhã.
Tenha uma boa noite.”
Homens acham que sou bonita e fui enganada uma vez. Não me
interpretem mal; é lisonjeiro desde que não tenho ideia de como
realmente pareço, mas é apenas isso. Alguns caras dizem que só
querem dormir comigo porque acham um enorme tesão não poder vê-
los e outros não se preocupam em ligar depois de um segundo
encontro. Até tive alguns caras dizendo que minha cegueira realmente
os assusta, mesmo que pensem que está tudo bem com isso. Não
podem olhar além deles e conhecer a pessoa que realmente sou. É
quando decidi que é melhor esquecer os homens e viver a minha vida
da única maneira que sei. Se não podem se adaptar, é problema deles,
não meu. Mas faço a minha missão e fico longe a fim de proteger o meu
coração. Tenho a minha tia Charlotte, Ian e Penélope.
***
“Hey, Aubrey.”
“Oi, Jeff.”
“Você também.”
Abro meu livro, começo a correr meus dedos ao longo das letras
em braile. Enquanto estou lendo absorvendo os raios do sol, um
perfume, o mesmo perfume de ontem à noite me envolve. Posso ouvir
passos suaves se aproximando e então de repente param.
“Não vou dizer a ela. Por que você quer meu número?”
“Porque quero levá-la para sair e não quero aceitar um ‘não’ como
resposta.”
“Porque o que?”
“OK. Vou sair com você para que possa me conhecer melhor. Mas
uma vez, e apenas uma vez.” Sorrio.
Capítulo 5
Ethan
Estou feliz que ela concordou em me deixar levá-la para sair. Ela
disse uma vez, o que é bom para mim. Uma vez com ela é tudo que
preciso. Se foi assim tão fácil convencê-la a sair comigo, então será fácil
levá-la para minha cama. Ela é diferente das outras mulheres que fodi,
diferença é o que quero. Estou ficando entediado.
“Vejo que está em braile.” Eu me inclino mais perto para dar uma
olhada melhor.
Sinto uma pontada no meu coração. Dor talvez? Dor por ela que
perdeu os pais, ou dor, porque perdeu a visão. Estou preocupado
porque não sinto isso.
“Minha tia Charlotte e tio Lee. Ela é irmã da minha mãe. Eles me
trouxeram para cá logo depois que saí do hospital.”
“Vá em frente.”
“Nós temos. Fomos para o seu escritório e vimos que não chegou.
Você vem hoje?”
“Certo. Por que você não vem para o jantar? Vou cozinhar uma
boa refeição.”
“Sim. Seu nome é Harry. Dessa forma, vou saber onde mora para
mais tarde voltar.”
“Obrigada. Eu agradeço.”
“Obrigada.”
“Ele?”
“Sinto muito. Você disse Ethan Klein?” Sua voz fica séria.
“O que? Oh, Aubrey, por favor, pelo amor de Deus, ouça-me. Não
acho que seja uma boa ideia.”
“Tia Charlotte.” Suspiro. “Tenho vinte e cinco anos. Não sou uma
criança. Posso ver quem eu quero.”
“Bem, eu sei. Mas não consigo evitar.” Ela caminha até mim e
agarra minha mão.
“Obrigada. Eu ligo.”
***
Depois de voltar do mercado para casa, coloco os dois sacos de
compras no balcão da cozinha. Quando aperto o botão no meu relógio,
ele diz que são cinco horas. Tenho apenas tempo suficiente para correr
para o banho e depois começar a preparar o jantar.
“Olá, Aubrey. Você está cem por cento certa que sou eu antes de
abrir a porta? Não ouvi você perguntar.”
“Meu relógio diz que são seis e cinquenta e nove e disse para
estar aqui às sete. Então, estou bastante confiante de que é você.
Entre.”
***
Ethan
Ela parece tão linda como nesta manhã em seu longo vestido
floral justo. A maneira como seu cabelo cai sobre os ombros com cachos
suaves me desperta.
“Você parece incrível, mas ainda estou preocupado que não
perguntou quem estava na porta.”
Ela solta uma risada leve. “Sabia que era você. Confie em mim.
Mas para deixar sua mente à vontade, sempre pergunto.”
“Eu gosto.”
“Treinada?”
“Umm.”
“Adoraria.”
“Tinto ou branco?”
“O que quer que você beba.” Sento-me e espero, em como ela é
impecável na cozinha e serve o jantar. Ela coloca minha taça de vinho
na frente e então senta-se.
“O que você faz o dia todo?” Pergunto quando corto meu frango.
“Inglês.”
É uma coisa boa que ela não consiga ver a expressão no meu
rosto porque tenho certeza de que ficaria ofendida por isso. “Não
entendo.”
“Sim.”
“Eu...”
“Você não entende como uma pessoa cega pode ensinar certo?”
Quero saber sobre ele. Sobre sua vida e sobre seus negócios. Nós
só falamos sobre mim durante o jantar e nada sobre ele.
“Agora que você sabe sobre mim, qual é sua história, Sr. Klein?”
“Sim.”
“Isso é tudo.”
Tenho aquele desejo irresistível de estar perto dele. Se me pedir
para fazer sexo, provavelmente farei. Ele é misterioso e acho que é um
incentivo. Talvez porque não faça sexo a séculos. Ok, não séculos, mas
com certeza, assim parece. Preciso saber como ele parece.
“1,85m,” responde.
Sigo sua voz até ter certeza de que estou de pé na sua frente.
Agarro sua mão, coloco a palma para cima e a minha sobre ela. Ouço
o som da sua inalação forte. Coloco as mãos no rosto dele, passo meus
dedos ao longo de sua face. É forte e masculina com uma barba leve.
Rastreio a forma de seus lábios, sinto a suavidade deles pelos meus
dedos. Meus polegares rastreiam seu nariz perfeitamente reto e estreito
e depois deslizam até suas maçãs do rosto. Quando mudo para os olhos
dele, ele os fecha. São perfeitos. Uma imagem forma na minha mente
de como o vejo. Sexy, gostoso, desejável. Passo os dedos pelos cabelos.
São curtos. Quase raspado, mas não tanto. Minhas mãos cruzam os
ombros e descem os braços. São fortes e musculosos.
***
Ethan
“Não pare Ethan,” ela ofega enquanto suas unhas cravam nas
minhas costas.
Ficamos assim até que puxo fora dela e vou ao banheiro. Quando
volto para o quarto, eu a encontro sentada e o lençol cobrindo seu corpo
nu. Sento na beira da cama e corro meu dedo ao longo da sua
mandíbula.
“Ok. Entendo.”
Visto meu roupão e tranco a porta. Não consigo dizer o que está
passando por minha cabeça. Fico feliz por ter dormido com ele, mas,
por outro lado, não tenho tanta certeza de ter tomado a decisão certa.
Fui apanhada por ele e não sabia que sexo pode ser tão bom. Nunca
tive um orgasmo antes durante o sexo. Mas com ele, não tive um, mas
dois. Estou nas nuvens, mas me sinto um pouco triste. Não queria que
ele fosse embora. Ele me tocou de uma maneira que nunca fui tocada
antes. Há um problema; ele não me beijou, e o fato de que fez amor
comigo sem que nossos lábios se tocassem pelo menos uma vez,
incomoda. Levo minhas mãos na cabeça, respiro fundo. Porque é que
sinto que nunca mais ouvirei falar dele? Eu me arrasto para a cama e
afundo sob as cobertas. Ao fechar os olhos, tento fazer isso sair da
mente, mas ainda posso senti-lo. Todo ele.
“Café?” Pergunto.
“Como sei com quem você fez sexo? Não falo com você desde
sexta-feira, OH!”
Ela solta um suspiro. “Não pensei que ficaria com ele tão rápido.
Esse não é seu costume. O que aconteceu?”
“O que?”
“Não. Ele saiu logo depois de fazermos sexo. Deus, Penélope, não
tenho certeza se cometi um erro ou não.”
“Escute, linda. Veja isto deste modo; você fez sexo pela primeira
vez, bem, desde sempre, e com um homem tão sexy que dói. Posso
garantir que é o cara mais gostoso que já fodeu. Não seja
excessivamente dramática sobre isso.”
“Sério?”
***
Ethan
“Então, por que precisam ser trocados? Acho que tenho o direito
de saber desde que acabei de colocar um novo conjunto ontem. Você
ficou um pouco excitado na noite passada?” Ela pergunta com uma
atitude arrogante.
“Sou sua governanta, sua chef, sua terapeuta e sua amiga. O que
está acontecendo, Ethan?” Ela está certa. É todas essas coisas, mas, o
mais importante, é minha amiga. Eu a contratei para vir trabalhar para
mim logo depois que comecei minha empresa e mudei para esta casa.
Coloquei um anúncio on-line com instruções muito estritas sobre o que
estava procurando. Ela respondeu meu anúncio e veio para a
entrevista. Aparentemente, não gosta de mim. A única coisa é que
Ingrid não tem um filtro. Tem cinquenta anos, mede cerca de 1,65m,
cheia, longos cabelos pretos que sempre usa em um coque e olhos
castanhos. É sábia e posso falar com ela como se a conhecesse toda a
minha vida. O bom é que nos aguentamos. Mas pago muito bem para
aguentar minhas demandas e atitude noventa por cento das vezes.
“O que você fez na noite passada?” Ela quebra três ovos em uma
tigela.
Não estou pronto para discutir Aubrey com ela, nem sequer
mencionar. Não preciso ouvir seus comentários e reações quando
contei a Harry. Consegui o que desejava dela e agora acabou.
Capítulo 9
Aubrey
Não importa o quanto ocupada fico nos últimos dias, não consigo
parar de pensar em Ethan. Ele tem meu número de telefone, mas não
ligou. Ian diz que os caras normalmente aguardam alguns dias antes
de ligar para uma garota que saíram em um encontro porque não
querem parecer muito ansioso. Penélope diz que é um mulherengo,
provavelmente nunca irá telefonar, e tenho que tirá-lo da minha cabeça
e seguir em frente. Tento. Realmente tento, mas não é tão fácil de
esquecer.
“Surpreendente.”
Rio.
“Não, e para ser honesta, não acho que vou.” Jogo minha bolsa
sobre meu ombro.
“Está tudo bem, Ian. Você não seria meu amigo se não o fizesse.
Ouça, não espero vê-lo de novo, então não se preocupe comigo.”
“Acho que o bom é que você fez sexo pela primeira vez em muito
tempo.” Ele agarra minha mão e aperta suavemente.
“Sim, Ian! Pelo menos vez, tive isso.” Sorrio suavemente. Ele me
deixa na frente do meu prédio e vai para casa. Não mentirei e direi que
nossa pequena conversa sobre Ethan Klein não doeu um pouco, porque
doeu. Mas isso é algo que já estou acostumada.
***
Ethan
“Desculpe, mas...”
“Não quero ouvir suas desculpas. Na próxima vez que pedir algo,
é melhor pegar quando eu pedir. Você me entendeu?”
Ele sorri. Não falei nada sobre Aubrey com Charles. A única coisa
que ele sabe é que falei com ela naquela noite. Nem sabe que ela é a
menina na pintura.
“Aubrey.”
“Sim.”
“Ela é uma ótima garota que sofreu muito. Não nasceu cega.
Perdeu a visão e os pais em um acidente de carro quando tinha oito
anos. Basicamente teve que aprender a viver de novo.”
“Eu vou.”
“Vejo você, mãe”. Tanto quanto amo minha família, odeio ir lá.
Minha mãe e meu pai estão sempre na minha bunda sobre encontrar
uma garota legal, e dar netos a eles. Disse a última vez que os vi que
teriam que ter seus netos de Lila, minha irmã, porque nunca na vida
terei filhos. Para não mencionar sossegar com uma garota legal. Não os
vejo tão frequentemente quanto deveria, porque é melhor ficar longe.
Eles não conhecem a história completa do que aconteceu naquela
noite. Só sabem o que escolhi dizer.
Capítulo 10
Aubrey
“Olá.”
“Cinco horas.”
***
Ethan
“Ei, Ethan.” Charles sorri enquanto aperta minha mão. “Ah, não
precisava.” Ele pisca enquanto olha para as flores.
“Parece bom.”
“Scoth com gelo para o meu melhor amigo aqui,” ele fala com o
barman.
“Uau. Você veio com tudo para esta festa.” Sorrio.
“Pensei que essa era a razão pela qual você reservou a viagem.”
“Era e sei que ela estará esperando isso. Então, essa será mais
uma surpresa.” Ele sorri.
Idiota.
Idiota
“Ocupado. E você?”
“Ocupada também.”
Suspiro.
“Tudo bem, Ethan. Você não precisa me levar para a mesa. Você
não pediu para ser meus olhos.” Os cantos de sua boca viram
ligeiramente para cima. Ela pode estar sorrindo do lado de fora, mas
por dentro, está triste. Sei disso. No tom de sua voz quando fala essas
palavras.
“E se disser que não quero que se sente ao meu lado?” Ela toca
levemente meu cotovelo.
Sorrio.
“Charles vai pedir a Lexi para se casar com ele essa noite.”
“Espero que ela diga sim. É bom que fique. Ele pode precisar de
você para ter um apoio se as coisas não saírem como espera.”
“Eu não sabia. Disse a Penélope para trazer um amigo. Para ser
sincero, esqueci que Aubrey é sua amiga. Não entendo qual é o seu
problema.”
“Você sabe que dormi com ela e nunca liguei. Vê-la aqui torna as
coisas estranhas.”
“Deixa disso Ethan. Se ela não fosse, não teria perguntado sobre
ela estar aqui. É óbvio que isso incomoda você.”
Não sabia que Ethan estaria aqui ou então não viria. Penélope
não me contou de quem era a festa e não perguntei. Se ela dissesse
Charles, saberia que existia uma chance de noventa e nove por cento
de Ethan estar aqui. É estranho. Não vou mentir. Ouvir sua voz e
cheirar seu perfume envia meus hormônios em uma correria mais uma
vez. Ele está nervoso. Posso dizer isso.
Choques elétricos viajam por todo o meu corpo com seu mero
toque. Engulo com dificuldade enquanto ambos levantamos de nossos
lugares. Ele coloca meu braço no seu e me conduz dentro da casa.
“Obrigada, Ethan.”
Assim que termino, lavo as mãos e procuro por uma toalha. Abro
a porta e seu aroma me inunda. Uma dor se forma entre as minhas
pernas enquanto coloco minha mão no seu cotovelo. Assim que saímos
no caminho para o pátio, ouvimos Charles começar a pedir Lexi em
casamento. Não posso deixar de sorrir quando ela grita sim.
“Vamos.” Sorrio.
“Meu também.”
“A única coisa que deve saber sobre mim é que sou uma grande
comedora de doces. Adoro todos os tipos de doces.” Sorrio.
“Agora?”
“Sim. Agora. Vou para casa dos meus pais amanhã para jantar
e minha mãe quer que eu pegue um bolo de limão da padaria que ela
ama no SoHo. Pensei que talvez possa vir comigo e depois podemos
caminhar.”
“Eu sei.”
Não posso deixar de soltar uma risada leve. Estar com ele essa
noite está legal e fico feliz por ter concordado em ir com a Penélope para
a festa. Uma parte de mim ainda está um pouco brava por ele não me
ligar, mas a outra parte está feliz por estar com ele.
Ainda preciso ter cuidado. Meu coração está bem e quero ficar
assim. Não estou inteiramente certa de como ele se sente sobre a minha
deficiência visual e não estou prestes a me deixar envolver demais com
um homem como ele.
“Sempre acontece.”
“Olá, Thaddeus. Por favor, diga que tem um bolo de limão para
minha mãe.”
“Vou esperar por você, Sr. Klein. Aproveite seus donuts e o café.”
“Está bem?”
“Não. É por isso que perguntei o que via quando olhava para ela.”
Ele olha para mim por um momento enquanto tira das minhas
mãos.
“O que aconteceu?”
“Mas,”
Aperto meu punho quando olho para cima e vejo Harry olhando
para mim através do espelho retrovisor. Tenho o meu quarto no Plaza
e pode ficar durante o tempo que precisar, mas se a enviar lá, estará
sozinha e não tenho certeza que é uma boa ideia.
“Se insiste.”
Um sorriso cruza meus lábios depois que diz isso e não posso
deixar de olhar para ela.
“Que tipo?”
“Eu?” Pergunto
“E não pode fazer isso por ela, por quê?” Falo com irritação.
“Para mim, parece que ela faz muito bem,” fala com uma atitude.
“Ouça, Ethan. Sei que isso é novo para você, mas posso gerir as
coisas sozinha. Vivo com isso durante os últimos dezessete anos. Estou
acostumada a pessoas sendo rude e tendo essas atitudes.”
“O que ele fez?” Harry pergunta enquanto olha para mim através
do espelho retrovisor com um sorriso.
“Não. Nenhuma família para mim, nunca. Mas, é bom ter quartos
quando dou festas ou meus pais vêm para visitar. Além disso, era uma
execução de hipoteca e consegui um bom negócio sobre ela.”
“Ok.” Sorri.
“E o banheiro?” Pergunta
“Por este caminho.” Coloco minha mão sobre a dela, que está
firmemente enrolada em torno de meu braço, e levo para o banheiro.
“Há uma grande banheira de imersão com jatos se quiser tomar um
banho e um chuveiro com box de vidro ao lado dele. Agora, vou mostrar
onde fica a cozinha.”
“Ótimo. Obrigada.”
“Ok.”
“O que?!” Exclamo.
“Tudo bem. Não vou julgar, mas liguei para dizer que houve um
incêndio no meu prédio.”
“Estou na casa de Ethan. Ele insistiu para que ficasse aqui essa
noite desde que não consegui falar com você ou Ian.”
“Não sinta. Estava indo para um hotel, mas ele não deixou.”
“Nada. Ouça, estou feliz que você está segura e sinto muito, não
ter respondido, mas tenho que ir. Leo e eu estamos voltando para
minha casa.”
“Tanto quanto você sabia sobre Ethan quando dormiu com ele.
Ligue-me amanhã.”
***
Ethan
“Tem certeza?”
“Venha para mim, baby,” ofego. “Assim que você gozar, vou
também. Estou segurando para você.”
Sei que preciso sair, mas ainda não quero, então deito nas
minhas costas e puxo ela comigo, segurando com força.
“Claro.”
“Você não parece chateada com seu prédio. Pensei que talvez
estivesse estressada ou algo assim, mas não falou uma única palavra
sobre isso.”
“Estou bem, minha tia está bem, e o resto dos inquilinos está
bem. Ninguém ficou ferido e isso é tudo que importa.”
“Tem certeza?”
“Olá.”
“Às vezes ele sai para uma corrida de manhã. Por que não se
senta e vou te fazer um café?”
“Sim. Está tudo bem. Preciso tomar banho. Vou descer depois.”
“Você quer café da manhã?” Ela grita quando ouço seus passos
subindo as escadas.
“É o seu dia de folga, Ingrid. Estou bem com apenas café. Não
estou com muita fome de qualquer maneira.”
“Claro.” Sorrio.
“Olá,” respondo.
“Disse que não estou com fome,” falo quando entro na cozinha e
paro na cafeteira para tomar uma xícara de café.
“Fiz para Aubrey. Não para você. Então tome o seu café e se
divirta.”
“O quê?”
“Você não acha que sei disso!” Bato meu punho no balcão. “Ela
é diferente e é uma mulher incrível e gosto de passar tempo com ela,
mas isso assusta muito. Tive outro pesadelo na noite passada.”
“Então sugiro que você ligue para o Dra. Perry e trate isso. Nesse
meio tempo, acho que você deve à Aubrey um pedido de desculpas.”
“Sinto muito sobre a noite passada e não quero falar sobre isso.
Não devia ter agarrado você do jeito que fiz ou agido como fiz quando
cheguei esta manhã. Você não fez nada de errado, Aubrey. Você vai
ficar aqui esta noite. Ok?”
“Pode pensar que é melhor, mas não é. Então, está resolvido; vai
ficar aqui esta noite.”
Tenho uma ideia. Uma que penso que ela vai gostar.
“Você vai ver. Nós vamos sair agora, porque temos que parar para
fazer algo em primeiro lugar.”
“Às vezes desejo poder dirigir.” Olha para mim enquanto dirijo
fora da garagem.
“Muito sério.”
“Não, não tem. Estamos saindo para o dia e ela precisa fazer sua
maquiagem.”
“Excelente. Vou pegar uma base que combine com seu tom de
pele e nós começaremos.”
“Olá.”
“Ei, mãe.”
“Ethan. É melhor você não estar ligando para dizer que não está
vindo.”
“Não estou. Estou ligando para avisar que vou levar alguém
comigo.”
“Oh. Quem?”
“Mãe, ela não é minha namorada, por isso não fique dizendo que
ela é. É apenas um amiga minha. Há algo que precisa saber sobre ela
antes.”
“O quê?”
“Ela é cega.”
“Tchau, querido.”
“Seu nome?”
“Ethan Klein.”
“Você queria que eu dissesse que é meu melhor amigo gay?” Ela
arqueia as sobrancelhas.
“Este é pequeno.”
“Lidere o caminho para o vestiário, Sr. Klein.” Ela segura no meu
braço.
“Quanto é?”
“Sim. Estou comprando esse vestido e ela vai sair com ele da
loja.”
“Não fique. Meus pais são ótimas pessoas e eles vão recebê-la de
braços abertos.”
“Vá em frente.”
“Oh, desculpe. Não sabia que você ligou. Meu telefone foi
roubado ontem à noite no clube e tive que comprar um novo esta
manhã.”
“Isso soa muito bem, mas vou passar o dia com Ethan. Na
verdade, acabamos de chegar na casa de seus pais, então eu te ligo
mais tarde.”
“Obrigada.” Sorrio.
“O acidente que tive no outro dia com meu carro,” Lila fala
nervosamente.
“Interessante?”
“Não penso assim. Nós não nos conhecemos há muito tempo. Ele
não quer que me sentisse sozinha em casa durante todo o dia já que
vou ficar com ele até que possa voltar para o meu apartamento. Vocês
são próximos?” Pergunto.
“Nós costumávamos ser. Mas ele não vem muito nos últimos
anos. Desde Sophia, mudou e não em um bom caminho.”
“Sophia?”
“Merda. Ouça, tem que prometer que não vai dizer-lhe que disse
isso. Nós não estamos autorizados a falar sobre isso e se nos pegar, vai
ficar tão chateado e quem sabe o que vai fazer.”
“É incrível para mim que ela é uma professora. Ela é uma mulher
muito forte.”
“Sim. Ela é”, Falo, porque sei exatamente onde isso vai.
“Então, isso significa que vocês dois estão passando muito tempo
juntos?” Pergunta inocentemente.
“Nós somos apenas amigos. Por favor, não fale sobre isso. “
“Ethan...”
Digo a ela para ficar enquanto vou da sala até o bar, onde pego
uma garrafa de vinho e duas taças de vinho e levo para a cozinha.
Pensei em sexo durante todo o dia e pensamentos sobre ela embaixo
de mim me provocaram mais de uma vez. Eu me encontro necessitado
e desejando mais do que devo. Depois de servir meia taça, vou até ela
e pego sua mão e coloco o vinho.
“O que é?”
Ouvi-la dizer isso me faz sorrir, mas também fico com uma raiva
insuportável quando o ciúme penetra dentro de mim por saber que ela
dormiu com outros homens. Sei que não tenho o direito de sentir isso,
mas sinto e incomoda.
“Claro que é.” Ela ri quando leva a mão ao meu rosto. “Você é um
homem incrível.”
“Eu sei que algo está acontecendo com você e sei que teve um
pesadelo na noite passada. Não preciso saber do que se trata e não tem
que me dizer. Só quero que fique.”
“Você não entende, Aubrey. Não faço isso. Não fico. Só fodo e
saio. É melhor assim para você e para mim.”
“Minha tia Charlotte estava certa sobre você,” ela fala. “E Ian,
quando disseram que as pessoas te chamam de ‘The Iceman’. Agora
entendo o porquê. Mas se quer minha opinião, acho que está se
escondendo. Está cuidadosamente se protegendo por causa de Sophia.”
Minha cabeça gira e falo com raiva. “Como diabos sabe sobre
Sophia?”
Fico deitada nua e exposta na cama, ele apenas saiu pela porta,
deixando meu coração quebrado. Um dia perfeito virou um desastre
porque está com muito medo de chegar perto de mim. Levanto da cama,
e visto minhas roupas da festa na noite passada. Preciso do meu
telefone, mas está na cozinha onde deixei minha bolsa. Ir embora é a
melhor escolha para nós dois e quero sair daqui o mais rápido que
posso. Se pegar o elevador, ele ouvirá, por isso, desço as escadas,
lembrando que estou no terceiro andar. Conto os andares até chegar
ao nível da sala onde é cozinha. Sinto a minha volta, coloco minhas
mãos na ilha onde Ethan e eu acabamos de fazer amor. Lembro-me de
ter colocado minha bolsa em cima da bancada enquanto estava
esperando ele servir a minha taça de vinho. Ando até a bancada e
encontro minha bolsa coloco por cima do ombro e quando estou
andando até a porta, ouço a voz de Ethan atrás de mim.
“Por que acha que é o melhor? Porque disse que é apenas sexo e
nada mais para mim? Sério, Aubrey? Nós nos conhecemos o que? Uma
semana e meia? Ou é porque não vou falar sobre algo que é
extremamente pessoal para mim?”
“Parei de falar sobre isso, Ethan, e está certo, só nos conhecemos
há poucas semanas e sinto muito que me deixei acreditar que talvez,
apenas talvez, fosse algo a mais do que apenas uma amiga de foda.”
O silêncio enche o espaço entre nós. Ter essa conversa com ele
está lentamente rasgando e preciso sair daqui agora pois me recuso a
quebrar na frente dele. Talvez as outras mulheres com quem teve uma
conversa semelhante fizeram exatamente isso, mas não vou dar a
satisfação de saber que me quebrou. A sessão de maquiagem, o vestido,
os donuts e café, levando-me para conhecer seus pais, tudo isso me fez
sentir que havia algo mais. Mas estou errada e gostaria de enfiar o meu
rabo entre as pernas e sair em silêncio.
“Claro que sim, Aubrey. Na verdade, Jessie está. Ele deve estar
ai cerca de cinco minutos.”
Tento segurar minhas lágrimas, mas não posso mais fazer isso
quando gaguejo no telefone.
“Claro que pode ficar aqui. Vejo você em breve. Gostaria que
tivesse chamado a mim primeiro. Teria ido até ai e chutado a sua bunda
rica.”
“Ei, Aubrey.”
“Oi, Jessie.”
“Vou tentar.”
“Nós fizemos amor e pedi à para ficar comigo e ele não quis.
Praticamente implorei. Sou uma perdedora.”
“Ele me disse que não sou nada além de sexo e que tudo que faz
é foder e sair. Cometi o erro de dizer que senti que é mais do que isso
pela maneira que me toca e ele disse que faz isso com todas as
mulheres que dorme. Basicamente disse que não sou nada especial.”
“Sim, e fui tão estúpida para baixar a guarda. Pensei que ele era
diferente. Sabe o que fez por mim hoje?”
“O quê?”
“Só disse que penso que ele está se protegendo por causa dela.”
“Então tem que ficar longe dele, Aubrey. Ele não é o tipo de
homem que precisa se envolver. Olha, só o conhece há uma semana ou
duas e ele já disse algumas coisas muito ruins para você. Isso é o que
chamo de ‘bandeiras vermelhas’ e acredite, elas estão voando alto para
você agora.”
“Não.”
“Sei que estou. Agora vamos lá; pode dormir comigo na minha
cama.”
“Por que está dormindo mais cedo? Nunca vai para a cama tão
cedo.”
“Só quero que saiba que estou revirando os olhos para você. Vou
te dar um travesseiro, cobertor, e uma camisola para vestir.”
“Eu prometo.”
Capítulo 19
Ethan
***
“Bom dia, Ethan.” Ingrid sorri enquanto serve uma xícara de café
fresco.
Ela sempre sabe pelo olhar no meu rosto que tipo de humor
estou.
“Não me pergunte nada. Não hoje, Ingrid. Não estou com humor.”
“Holly!” Grito quando passo por sua mesa. “No meu escritório,
agora!”
“Na verdade, não é um bom dia e não quero que nunca assume
que é. Entendeu?”
“Espero que não. Porque se isso acontecer, vou ter que demitir
você e encontrar alguém que posso confiar que não irá engravidar tão
cedo.”
“Tudo bem.”
Termino a chamada e encosto na cadeira. Estou pensando na
ideia de tirar férias quando Holly entra com meu muffins.
“Ethan Klein”.
“Você não sabe?” Olho para ele. “Vai fazer o seu trabalho. Já
comecei a codificação.” Jogo os papeis da minha mão em cima da mesa.
“Olhe e vá por esse caminho. Isto pode ser feito. Sei que pode. Pense
em quanto a Apple irá pagar por algo assim. Eles não podem fazer isso,
mas nós podemos. E como um pequeno incentivo para ter seus
traseiros sobre isso, uma vez completo, vou dar um bônus de dez mil
dólares para cada um de vocês pelo seu trabalho duro.”
“Posso perguntar por que isso é tão importante para você?” Rob
pergunta.
“Sim.” Suspiro.
“O que há de errado?”
“Nada.”
“Claro que sim. Agora vamos para casa. Tenho um encontro hoje
à noite”.
“Oh, minha querida Aubrey. Ele está longe de ser um cão. É alto,
bronzeado, olhos sonhadores cor de chocolate, e tem os dentes mais
brancos que já vi.”
“Perfeito.” Sorrio.
“Ele vive apenas um quarteirão de lá, por isso segui para casa
dele. Ele me pagou e trocamos números de telefone.”
“E por que estou só ouvindo sobre isso agora? Por que não me
disse esta manhã?”
“Querida, sou eu. Ouvi dizer que está de volta para casa.”
Eu me sinto mal porque nunca disse a ela que fiquei com Ethan.
Na verdade, não disse nada sobre ele. Até onde sabe, tivemos um jantar
uma noite e tudo correu bem. Não quero ouvi-la dizer que estava certa
e deveria tê-la escutado.
“Ele está te convidando para sair por um ano. Por que decidiu
sair com ele agora?”
“Eu acho que é hora de começar a explorar o que está por aí e
temos sempre conversas agradáveis. Ele é um bom homem. A
propósito, falando de homens, já ouviu falar de Ethan?”
Depois que ela sai, sento e como o meu jantar enquanto penso
em Ethan. Não quero pensar nele, confie em mim. Mas, de alguma
forma e de alguma maneira ele deixou a sua marca e não é tão fácil de
esquecer. Mas não tenho escolha; preciso esquecer a ele e o pouco
tempo que passamos juntos. Por mais que não quisesse me apaixonar
por ele, eu me apaixonei. Fiz tudo errado e fora do habitual para mim.
Tive sexo muito rápido, apaixonei-me muito rapidamente, e no final,
deixei ele quebrar meu coração. Estúpida. Estúpida. Estupidez da
minha parte.
“Faz muito tempo, Ethan. Por favor, sente-se,” Dra. Perry fala.
“O que o traz de volta ao meu escritório?”
“Ok.” Ela balança a cabeça. “Por que não me diz sobre ela?”
“Eu não sei mais o que dizer, exceto que ela é cega.”
“Ela é cega?”
“Sim. Mas não sabia que ela era cega quando a conheci. Primeiro
a convidei para sair e ela disse que não. Então contou sobre sua perda
de visão.”
“Ethan, sabe como isso funciona. Tem que ser totalmente aberto
e honesto comigo.”
“Diferente como?”
“Tente.”
“Depois que recusou meu convite para sair para uma bebida,
perguntei a uma amiga sobre ela que disse que nas manhãs de sábado,
vai para jardim Shakespeare para ler. Então, na manhã seguinte, fui
lá.”
“E o que aconteceu?”
“Ela senti o cheiro da minha colônia e sabe que sou eu. Seus
sentidos são incríveis. Então, conversamos e eu a convidei para sair, e
ela me convidou para jantar naquela noite.”
“Não. Depois que tivemos sexo, fui para casa. Não liguei nem a
vi durante toda a semana.
“Por quê?” Ela pergunta.
“Não acredito nisso. Acho que você começou a ter algum tipo de
sentimentos por ela e correu.”
“Talvez, sim. Coisas que não tenho faz muito tempo estão
acontecendo comigo. Então, uma semana depois, encontrei com ela na
festa de aniversário de um amigo. Não sabia que ela estaria lá.”
“Disse que estava ocupado, mas não acreditou. Ela me disse que
sabia que eu não ia ligar.”
“Mas ela é diferente das outras mulheres e você sabe disso. Seu
medo, Ethan, é o que despertou os pesadelos novamente. Você está
com medo, porque por muito tempo conseguiu controlar seus
sentimentos e emoções. Agora Aubrey entrou na sua vida e sente o
controle se esvaindo e não sabe como lidar com isso.”
“Acho que posso.” Ela anda até sua mesa e olha para sua agenda.
“Que tal quinta-feira às oito horas? Meu último paciente é às seis.”
Ele segura meu braço. “Vamos, vou levá-la para sua mesa e
Gwen estará aqui. Posso pegar algo para beber?”
“Oi, Gwen. Vou querer o Pad Thai com frango esta noite.”
“Está bom.”
“Aubrey.”
“Ethan.”
“O que é?”
“Sinto muito pelo que aconteceu e pelo que disse na outra noite.
Só quero que saiba disso. Não tive a intenção de machucá-la.”
“Por favor, deixe Harry levar você. Ele está na esquina ao virar a
rua.”
“Não. Posso andar. Aproveite o resto da sua noite, Sr. Klein,” falo
saindo de lado e me afasto.
“Estou bem. Obrigado por perguntar. Você vai ver a minha tia
Charlotte?”
“Qual é o show?”
“Ouvi dizer que é muito bom. Tenha uma boa noite,” falo
enquanto abro a minha porta.
Espero por uma resposta que nunca aparece, o que é bom para
mim. Disse o que precisava e é hora de fechar esse capítulo da minha
vida. Amanhã, vou começar um novo capítulo; que não envolve um
homem chamado Ethan Klein.
Capítulo 23
Ethan
“Enjoo matinal.”
“Você já os testou?”
“Decisão sábia.”
“Não. Estou bem. Então diga como foram os últimos dois dias.
Será que encontrou Aubrey?”
“E?”
“Não realmente.”
“Sim.”
“Eu acho que sabe. Nosso tempo acabou.” Ela pega a sua bolsa
e anda para a porta. “Liga para o meu escritório e agenda uma consulta
para a próxima semana. Acho que sessões semanais agora seriam uma
boa ideia.”
“Olá”, respondo.
“Ótima. Bom. Ouça, estou voltando para a cidade hoje para fazer
algumas compras. Que tal levar sua mãe para almoçar?”
“Gostaria. Que horas?”
“Por que não vem ao meu escritório por volta das 12:30 e vamos
para aquele pequeno restaurante francês que ama.”
“Tchau, mãe.”
“Sim.”
“Tenha um bom almoço com sua mãe e diz que mandei um oi.”
“Direi.”
“Lucy...”
“Tive uma reunião esta manhã, então pensei em fazer uma visita
antes de ir para o escritório.”
“A que horas foi sua reunião?” Olho para o meu relógio. “São
apenas oito horas.”
“Irmão,” ele fala em voz baixa. “Está tudo bem. Você é humano.
Não há nada de errado com isso.”
“Venha, Holly.”
“Obrigado, Sr. Klein.” Ela sorri. “Prometo que vou estar aqui logo
depois. Não deve demorar muito tempo,” ela fala com entusiasmo.
“Fique tranquila.”
“Eu não sei o que dizer, exceto muito obrigada. Não tem ideia de
quanto isso significa para mim.”
“Você merece.” Sorrio. “Vá ligar para seu marido e dizer-lhe a boa
notícia.”
***
“Porque?”
“O jantar está bem. Digamos que, por volta das cinco horas?
Onde quer me encontrar? Aquele bistrô francês não está aberto para o
jantar.”
“Para ser honesto, prefiro ter depois e não antes. Não quero
levantar mais cedo do que o necessário.”
“Ele já está aqui e parece tão sexy como sempre,” ele fala
enquanto estaciona.
“É cedo ainda. Este lugar geralmente não fica lotado até às seis
da tarde.”
“O quê?” Pergunto.
“Olá, Nancy.”
Esta é a última coisa que preciso. Meu Deus. Como irei passar por
este jantar?
“Igualmente, Rigby.”
“Foi bom.”
“Por quê?”
“Isso é bom.”
1
(bebida com frutas cítricas e rum),
“Sabe o que mais? Talvez seja melhor nós não conversamos,” ele
sussurra.
“Não tenho nada para conversa com você. Então, como devo fazer
isso?” Sussurro.
“Ethan, isso é muito gentil da sua parte, mas nós não podemos
deixar pagar,” Ian fala.
Não quero ter que agradecer a ele, mas sendo uma pessoa
educada não tenho escolha.
“Obrigada.”
“De nada.”
“Tenha uma viagem segura para casa,” falo quando digo adeus a
ela.
“Não seja ridícula, Aubrey. Por que pagar uma corrida de táxi
quando posso dar uma de graça?”
“Por favor. É só uma carona para casa,” ele fala. “E prometo que
não falo com você.”
“O que é isso?”
“Não.”
“Estou bem.”
“Então me deixe.”
“Você pode ter o resto da noite de folga, Harry. Vou pegar um táxi
para casa. Há algo que preciso dizer a ela.”
“Boa sorte, Ethan.”
“Não posso sair sem corrigir as coisas com você. Por favor,
apenas ouça o que tenho a dizer.”
Ela fica parada em silêncio, olhando para baixo. Sei que está
lutando com a decisão de me ouvir ou não.
“Oh, olá, Aubrey,” a mulher mais velha fala e depois olha para
mim.
“Mereço isso.”
“O que quer falar comigo, Ethan? Não tenho a noite toda.” O tom
dela é duro.
“Obrigado.”
“Eu amei. Não conseguia imaginar minha vida sem ela. Descobri
cerca de três meses depois que estávamos namorando que ela usava
drogas. Ela disse que só fazia isso ocasionalmente e prometeu que ia
parar porque sabia como eu me sentia a respeito disso. Seu hábito
ocasional de drogas acabou se tornando diário. Com cerca de um ano
e meio do nosso relacionamento, finalmente falei com ela para
conseguir alguma ajuda. Ela se internou em uma clínica de reabilitação
e ficou limpa.”
“Sinto muito Ethan, mas tenho que perguntar. Por que ficou com
ela?”
“Porque você a amava e não queria ver. Sabe que dizem que o
amor é cego,” ela fala.
Olho para Aubrey quando diz isso e ela está certa. Notei nos
últimos dois meses que antecederam a sua morte que ela estava agindo
diferente e mudando diante dos meus olhos todos os dias.
“Ela morreu por minha causa. Por causa do ultimato que dei. Se
eu nunca tivesse dito que iria embora, ela não iria para o oceano se
matar.”
“Você não sabe. Estava confusa por causa das drogas. O que
aconteceu não foi sua culpa. Você tem que acreditar nisso.”
“Queria que soubesse por que sou do jeito que sou.” Ele remove
minhas mãos e as segura nas suas. “Depois da morte dela, me enterrei
no meu trabalho, comecei a Klein Technology e dediquei minha vida a
isso. Vivo, como e respiro essa companhia. Não tenho tempo para
ninguém ou qualquer outra coisa. Gosto de você, Aubrey. Realmente
gosto, e não quero te machucar mais. Você não merece isso. Tudo o
que quero é fazer amor com você mais do que qualquer outra coisa no
mundo, mas não posso me comprometer com nada e sei que quer
mais.”
“Sim.”
Ele não diz uma palavra quando se senta e me puxa para cima,
meus joelhos ao lado dele. Lentamente me abaixa em seu pau duro e
gemo com ele quando todo o seu pau entra dentro de mim.
“Deus, é tão bom estar dentro de você,” ele sussurra no meu
ouvido.
“Goza para mim baby. Preciso sentir você gozar no meu pau,” ele
ofega enquanto empurra seus quadris e afunda dentro de mim.
“Claro.”
Minto e digo que sim, mesmo que a resposta seja não. Existe algo
entre nós. E acredito que ele também sabe. Posso sentir e acreditar
nisso. Talvez só precise de algum tempo para se ajustar. Afinal, acabou
de falar sobre ela. Pressiono meus lábios contra o seu peito e fecho os
meus olhos. Quando acordo na manhã seguinte, estou sozinha na
cama, mas posso sentir o cheiro do café vindo da cozinha e posso ouvir
a abertura e o fechamento dos armários. Deixo escapar um suspiro de
alívio que ainda está aqui.
“Oh não, você não. Estou cozinhando. Então, sente-se que vou
pegar uma xícara de café,” ele insiste.
“Sério, Ethan...”
Ele coloca uma xícara de café na minha frente e diz para ter
cuidado.
“Sim, Ethan. Sei que está quente. Mas vou ser extremamente
cuidadosa.” Sorrio.
“Depois que fizer o café da manhã, vou para casa tomar banho,
troca de roupa e irei para o escritório. Tenho um pouco de trabalho
para fazer.”
“E sábado.”
Sento e tomo meu café com a esperança de que ele iria querer
passar o dia junto comigo. Preciso agir como se isso não importasse.
Ele sai pela porta e suspiro. Não tenho certeza se posso fazer
isso.
Capítulo 28
Ethan
“Ei, sei que está ocupado trabalhando, mas estou indo escalar hoje
e queria ver se quer ir junto. Vai ser divertido.”
Escalada? Ela está falando sério? Não pode escalar. Uma agitação
se instala dentro de mim com o pensamento. Ela escorregando e caindo
e possivelmente morta. Todos os tipos de coisas passam pela minha
cabeça.
“Eu realmente não posso. Sinto muito. Tenho tanta coisa para
fazer.”
Olho para o meu relógio, noto que são três horas. Por que ela quer
escalar, maldição? Porra. Não consigo tirar o pensamento da minha
cabeça. Em vez de voltar para o meu escritório, saio pela porta e chamo
um táxi para o Chelsea Pier Sports Center.
“Não. Estou aqui apenas para apoiar uma amiga que está fazendo
isso.”
“Oh. OK.”
“Estou aqui apenas para vê-la, mas não quero que saiba.”
“Sou um amigo íntimo. Ela me ligou mais cedo e pediu para vir
com ela, mas não pude. Só queria vê-la fazer isso. Para ser sincero,
estou um pouco nervoso.”
“Por quê? Não é a primeira vez que escala. Ela esteve aqui várias
vezes e é muito boa. Se é um amigo íntimo, deveria saber disso. Ouça,
você precisa deixá-la saber que está aqui ou terei que pedir para sair.
Então, depois que sair, direi a ela que esteve aqui, mas não queria que
soubesse.”
“Tudo bem.”
“Ethan Klein.”
“Você tem uma visita. Disse que seu nome é Ethan Klein.”
“Terminei mais cedo do que pensava, então vim até aqui para ver
você.”
“Não posso Aubrey. Não estou com as roupas certas. Vou fazer
da próxima vez.”
“Eu prometo.”
“Por mais que queira, não posso. Irei jantar e beber com Penélope
e minha tia Charlotte.”
“Praticamente.”
***
“Acordei você?”
“Parece divertido.”
“Obrigada.”
“Cerca de uma.”
“O quê?” Pergunta.
“Pensei que estava com pressa para sair.” Sorrio quando sua
língua acaricia meu pescoço.
“Você não precisa de nenhuma. Prefiro que não use nada debaixo
desse vestido.”
“Eu sei.” Beija minha testa. “Ok, agora tem quinze minutos para
fazer o seu cabelo para que possamos sair daqui.”
“Sim. Apenas nós dois. Charles alugou o barco para o dia, então
disse a ele que pagaria pelo barco, já que vamos usá-lo. Está pronta?”
“Estou.” Pego minha bolsa e minha bengala.
Capítulo 30
Ethan
Passar o dia com Aubrey é algo que estou ansioso para fazer.
Depois de deixá-la em seu apartamento ontem à tarde e saber que
estava saindo à noite, deixou-me com mal humor. Queria passar o resto
do dia e à noite com ela. Foi um sentimento que domina completamente
e não consegui tirá-la da minha cabeça.
“Obrigado, Jacque.”
Aubrey segura meu braço e a levo até o terraço, onde ela se senta
no longo sofá listrado de azul e branco.
“Adoraria.”
“Obrigada.”
“Bem, se ficar, avise. Eles têm remédios aqui que pode tomar.”
“Há algo que preciso falar com você,” falo com nervosismo.
“Sei que disse isso na outra noite, mas vou dizer novamente. Eu
realmente gosto de você, Aubrey, e gosto de passar um tempo com você.
E não apenas pelo sexo. Quero dizer, adoro fazer sexo com você. Faz
com que eu me sinta diferente, mas também sinto apenas por passar
algum tempo sozinho com você. Sei que disse que não posso me
comprometer com nada, mas quero tentar. Você me mudou ao ponto
que se não vê-la todos os dias, posso enlouquecer.”
“Quero ficar junto com você. E que nos tornemos um só. Isso é
se quiser a mesma coisa. Se não está pronta ou pensa que é muito
cedo, vou entender. Estou mudando lentamente por sua causa, Aubrey
Callahan.”
Um sorriso enfeita seu lindo rosto. “Eu tenho certeza. Quero ser
toda sua e quero que seja todo meu.”
“Será um prazer.”
“Não tenho certeza se sua tia vai ficar muito feliz com isso.”
***
“Então, devo assumir que as coisas estão boas entre vocês dois?”
“As coisas estão muito boas. Tenho certeza que ela vai contar
tudo sobre isso no caminho para a escola.” Pisco.
“Então?”
“Obrigado, Harry.”
“Bom dia, Sr. Klein. Foi bom. E o seu?” Pergunta com suspeita.
“Eu vou.”
***
Lucy
Que é que foi isso? Penso comigo mesma quando ele entra em
seu escritório. Levantando da escrivaninha, vou até a sala de descanso,
sirvo uma xícara de café para ele e levo ao seu escritório.
“Merda. Agora?”
“Sim. Algo está acontecendo com ele. Está de bom humor e, para
ser sincera, estou com medo.”
“Sim, e está de bom humor. Disse bom dia para mim, bateu com
o dedo na minha mesa e agradeceu.”
“Não sei, mas estou um pouco assustada com isso. Seu bom
humor pode não durar muito mais tempo, então é melhor ir lá rápido.”
Ela respira fundo e entra em seu escritório. Depois de algum
momento, ela volta com um olhar confuso no rosto.
“Meu voo não chega até às nove horas da noite. Já vou para o
aeroporto.”
“Abra e descubra.”
“Será o meu prazer, Sr. Klein.” Estendo a mão e beijo seus lábios.
***
Ethan
“Sim. Nós tivemos alguns sucessos. Posso perguntar por que está
perguntando?”
“Para ser honesto, não sei. Vim até você com a esperança de que
possa ajudá-la a enxergar novamente.”
“Ela não sabe que estou aqui. Não queria dar esperança se não
houvesse a possibilidade de poder ajudá-la.”
“Sim.”
***
Minha língua vai pela sua coxa, por cima dos lábios até o clitóris
já inchado que implora para ser acariciado pela ponta da minha língua.
Com cada movimento, ela solta sons suaves de prazer que aumenta
quando meu dedo mergulha dentro dela. Agarrando o edredom com as
mãos, seu corpo aperta quando goza. Fico em cima dela, coloco meu
pau em sua entrada e empurro forte pois não consigo mais esperar.
Estar dentro dela é o que desejei o dia todo. Olho em seus olhos
enquanto movo freneticamente, meu pau coberto com sua umidade.
Não há nada que queira mais do que ter os olhos dela olhando nos
meus. Para que veja a expressão do meu rosto enquanto faço amor com
ela, converso com ela e como reajo quando entra numa sala. Quero que
veja como olho para ela todos os dias e como ela me faz sorrir.
“Só quero saber se já pensou sobre isso. Quero dizer, não é algo
que todas as pessoas com deficiência visual pensam?”
“Tenho certeza que fazem. Seria bom ver o oceano, o céu azul de
novo e como a neve se parece.”
Ela sorri e diz algo que realmente atinge o meu coração com
força.
“Obrigada.”
Aperto meus braços ao redor dela. Agora que tiro essa questão
do caminho, posso relaxar um pouco. Não tenho dúvidas de que se o
Dr. Marchetti puder ajudá-la, irá pular na chance de voltar a enxergar.
Capítulo 32
Ethan
“Ethan Klein.”
“Essa é uma notícia maravilhosa. Ainda não falei com ela sobre
isso, mas vou hoje à noite.”
“Isso seria bom. Tenho certeza de que ela concordará com isso.
Apenas me deixe saber a que horas.”
“O seminário acontece até as três horas. Então, que tal três e
meia?”
“Sim.”
“Não.”
“Cara, ela é sua namorada e isso a envolve. Por que diabos não
disse a ela?”
“Porque não queria ter esperanças até ter certeza de que ele
poderia ajudá-la. Vou dizer a ela hoje à noite.”
“Alguma idéia de como vai reagir com você agindo pelas costas
dela assim?”
***
Aubrey
Quando entro no chuveiro, fico curiosa sobre o que ele quer falar
comigo. Talvez queira tirar férias e ir para algum lugar. Deus, como
adoraria ir a algum lugar com ele. Como uma ilha tropical, onde seriam
apenas nós dois. Um sorriso cruza meu rosto quanto mais penso sobre
isso. Aposto que é isso. Ele quer ir em algum lugar.
“Certo.”
“OK.”
“Claro.” Sorrio.
“Não.”
Sento lá, meu coração batendo no meu peito. Não posso acreditar
no que ele acaba de dizer.
“Por que faria algo assim sem falar comigo sobre isso primeiro?”
“Você não está feliz? Aubrey, querida, há uma chance de ter sua
visão de volta.”
“Não preciso de ajuda. Estou feliz com a minha vida do jeito que
está!” Levanto minha voz.
“Não. Eu não quero ver. Esta é minha vida por mais anos do que
quando nasci. Estou confortável assim. Você não podia fazer isso,
Ethan. Foda-se!” Grito quando coloco minhas mãos na minha cabeça.
“Simplesmente não pode mexer com a vida das pessoas.”
“Pensei que estava fazendo algo bom aqui. Por que não entende
isso? E para ser honesto, não entendo porque na terra não gostaria de
ter sua visão de volta!” Ele grita.
“Eu quero isso para você, Aubrey!,” Ele grita. “Quero isso para
nós!”
“Nós? Pensei que ser cega não te incomodava. Então todo esse
tempo está mentindo para mim? Você não é diferente de qualquer outro
cara lá fora!”
“Você não quer me ver? Adivinhe, Aubrey? Não pode me ver!” Ele
grita tão alto que eu me encolho. “É tão errado querer fazer e dar algo
para me ver? Para ver o jeito que olho para você, para ver o meu sorriso
e ver o quanto te amo! Talvez esteja sendo egoísta porque quero que me
veja e veja como eu me pareço. Por que viver em um mundo de
escuridão se não precisa?”
“Eu não sou Sophia, Ethan. Não preciso ser salva! Não pode me
salvar como não pode salvá-la.”
“Não se incomode.”
“Bem. Então acabou. Pensei que estava fazendo algo bom. Mas
aparentemente, sou apenas um bastardo egoísta. Boa sorte para você,
Aubrey.” Ouço a porta se fechar.
Caindo de joelhos, seguro meu rosto em minhas mãos e soluço.
Alguns momentos depois, a porta se abre e ouço a voz da minha tia
Charlotte.
“Ele não deveria ter feito isso sem falar com você primeiro, mas
fez isso por você, querida. Acredito que foi tudo com boa intenção.”
“Então está tomando o seu lado e dizendo que não deveria ter
ficado tão chateada?”
“Não! Ele fez isso por suas próprias razões egoístas. Quer que eu
o veja. Não suporta a ideia de estar com uma garota cega o resto de sua
vida que nunca verá como ele é.”
“Aubrey.” Ela me puxou. “Não acredito que seja inteiramente
verdade. Está tentando te dar um presente. O dom da sua visão de
volta. Se esse médico pode ajudá-la, não entendo por que não fala com
ele.”
“Aubrey.”
“Eu vou.”
Capítulo 33
Ethan
Nos vários dias que seguem, não consigo controlar minha raiva
e minha equipe sabe ficar longe de mim. Em um piscar de olhos, estou
de volta na pessoa que mais odeio. Baixei minha guarda, deixei meus
sentimentos virem à tona e para quê? Apenas para ser quebrado
novamente.
“Aubrey e eu terminamos.”
“Por quê?”
“Fiz algo que não gostou e ela disse algo que não gostei.”
“OK. Por que você não senta e nós vamos conversar sobre isso?”
“Depois que me encontrei com ele. Ela disse que não tenho o
direito. Essa é a vida dela.”
“Você fez isso por suas próprias razões egoístas?” Ela pergunta.
“Não. Claro que não. Quero que Aubrey veja de novo. Quero que
seja capaz de ver as coisas que nunca viu antes do acidente.”
“Incluindo você?”
“Claro. Quem não gostaria disso, Dra. Perry? Mas essa não é a
principal razão pela qual entrei em contato com o Dr. Marchetti.”
“Ela disse que não é Sophia, não precisa de salvação, e que não
posso salvá-la, assim como não consegui salvar Sophia.”
“Entendo.”
“Claro que sinto falta dela. Eu a amo mais do que qualquer coisa
no mundo, mas o que disse para mim mostrou quem ela realmente é.”
“Bem, isso foi uma merda da parte dela. Ainda não entendo por
que ficou tão defensiva sobre isso.”
“Eu deixo.”
***
Aubrey
Minha última aula acaba e Ian tem uma reunião com os pais de
um aluno, então sento na minha mesa e faço algum trabalho no meu
computador até que ele termine. Enquanto estou sentada, ouço uma
leve batida na porta.
“Entre,” falo.
“Só queria parar e dizer oi. Sou a Dra. Perry. Temos um amigo
em comum: Ethan Klein.”
“Eu não sei. Nós não nos vemos mais.” Sento na minha cadeira.
“Obrigada, Dra. Perry, mas não quero que perca seu tempo.
Tenho certeza de que está muito ocupada.”
“Na verdade, não estou. Falar aqui hoje é a única coisa que
agendei, então não vou ao consultório.”
Não sei se falar com ela é a coisa certa a fazer. Passei tanto tempo
nos últimos dias conversando com minha tia Charlotte, Penelope e Ian,
que estou cansada de reviver o que aconteceu entre eu e Ethan. Mas
ela é uma profissional e talvez possa oferecer alguns conselhos sobre
como parar de me sentir como estou.
“Porque ele não tem o direito.” Olho para baixo. “Esta é a minha
vida, não a dele. Ele não pode me amar assim. É por isso que procurou
esse médico. Quer que eu recupere minha visão para ele. Disse que
quer que eu o veja.”
“Na verdade não. De certa forma, entendo, mas ele não tinha o
direito de fazer o que fez. Se não pode estar comigo do jeito que sou,
então não faz sentido estarmos juntos.”
“Sinto muito, mas não entendo o que quer dizer com 'é sua
punição'.”
“O acidente e a razão pela qual meus pais estão mortos foi minha
culpa. Nós estávamos a caminho da praia e não podia esperar para
chegar lá. Era um sábado e meu pai decidiu passar no escritório
primeiro. Chegou em casa mais tarde do que disse, então saímos tarde.
Lembro-me de estar zangada com ele por isso e, quando estávamos a
caminho começou a chover quando o início da tarde estava ensolarado
e bonito. Ele disse que não adiantava ir e ia voltar. Meu coração estava
partido porque prometeram a semana toda que íamos à praia. Foi tudo
o que esperei. Comecei a chorar e a gritar com ele do banco de trás, e
disse que a culpa era dele porque sempre colocava o trabalho na frente
de sua família. Minha mãe disse que precisava me acalmar e que
iríamos outro dia. Não aceitei isso e não parei de chorar. Meu pai se
virou e olhou para mim dizendo para parar. Nunca vou esquecer o olhar
de raiva no rosto dele. Ele foi para a outra pista na estrada, minha mãe
gritou para ele olhar para frente. Ele desviou, mas já era tarde demais.
Eu estava com a mão na fivela do cinto de segurança e, durante o
impacto, devo tê-la pressionado e liberado o cinto de segurança porque
fui jogada do carro. Acordei no hospital para um mundo de escuridão.
Os médicos disseram à minha tia que os paramédicos me encontraram
no chão a poucos metros do carro. Eu mal estava viva, mas
conseguiram me salvar.”
“Então você vê, Dra. Perry, o acidente foi minha culpa. Se tivesse
aceitado o fato de que não poderíamos ir à praia naquele dia, as coisas
seriam diferentes. Meus pais estariam vivos e eu não teria perdido
minha visão.”
“Foi e perder a minha visão é algo com que tenho que viver para
o resto da minha vida. É meu castigo. Nada pode trazer meus pais de
volta, então por que devo ser capaz de ver de novo?” Uma lágrima cai
dos meus olhos.
“Sim.”
“Como é que isso é diferente? Ethan acredita que suas ações
levaram Sophia para o oceano naquela noite, assim como você acredita
que suas ações causaram esse acidente. Então, como pode dizer que
Ethan não foi responsável? Não há diferença entre a maneira como se
sente e a maneira como ele se sente.”
“É apenas assim.”
“Ian, esta é a Dra. Perry. Dra. Perry, este é meu amigo, Ian.”
“Obrigada. Eu ligo.”
“Aubrey Callahan.”
“Isso é um eufemismo.”
“Olá, Ethan.”
“Certo. Entre.”
Antes que perceba, ele me pega e leva para fora de seu escritório.
***
Ethan liga para o Dr. Marchetti e marca minha consulta para a
próxima quinta-feira. Converso com o diretor da escola e organizo a
quinta-feira e a sexta-feira para que possa viajar para Boston. O Dr.
Marchetti disse que nós teríamos a consulta na quinta-feira e
programaríamos a cirurgia para a manhã de sexta-feira. Na noite
anterior antes de viajar,Ethan e eu, temos um jantar de despedida com
minha tia Charlotte, o sr. Morris, Ian e Rigby e Penelope.
“Estou tão orgulhosa por fazer isso.” Minha tia me abraça com
força. “E mesmo que não funcione, tudo bem.”
“Eu entendo, Dr. Marchetti. Mesmo que não funcione, estou bem
porque é assim que vivi a minha vida. Isso funcionando será apenas
um bônus. Mas confie em mim, não estou esperando.”
***
“Estou bem.”
“Eu sei.”
“Eu te amo, querida, e estarei bem aqui ao seu lado, não importa
o que aconteça. Apoiarei, amarei e darei tudo o que precisa e quer. Você
está presa comigo para a vida, quer queira ou não.”
Não posso deixar de soltar uma risada leve. “Eu te amo e não há
outra pessoa no mundo com quem prefiro ficar presa.” Levanto minha
cabeça e beijo seus lábios.
“Fiz minha pesquisa. Sei tudo sobre a transição e vou ficar bem.
Se isso funcionar, vai levar tempo para o meu cérebro recuperar o
atraso. Entendo. Você realmente acha que só penso que verei de novo
e que não vai haver problemas?”
***
Aubrey
“Cansada,” sussurro.
“Estou bem aqui, baby.” Ele beija minha testa. “Você foi ótima.
Estou tão orgulhoso.”
“Obrigada.” Tento um meio sorriso.
“Melhor.” Sorrio.
“Sim. Um pouco.”
Ele ri. “Não se preocupe comigo. Estou bem. Minha mãe e minha
irmã ligaram. Queriam saber como foi a cirurgia e ter certeza de que
está bem.”
“Estou bem.”
“Você viu?”
“Sim.”
“Incluindo você?”
“Seis.”
“Três.”
“Agora quantos?”
“Quatro.”
“Muito bom.”
“A cirurgia foi um sucesso. Mas isso vai levar tempo. Pode levar
meses, todos os dias sua visão deve melhorar um pouco. Vai precisar
de ajuda para aprender a ver de novo. Não estou muito preocupado
com cores, formas, números e vários objetos porque aprendeu tudo isso
antes do acidente. Seu cérebro tem que se adaptar ao ambiente visual.
Precisa se reciclar. Não fique muito frustrada se as coisas não vierem
até você. Precisa ficar aqui à noite para observação e, se tudo correr
bem, pode voltar para o seu hotel amanhã e voltar para Nova York no
domingo.”
Capítulo 36
Ethan
***
Aubrey
***
Ethan
Ela parece assustada, como uma criança que está olhando para
uma total estranha. Coloco minhas mãos em seus ombros, sorrindo
para ela através do espelho.
“Isso é tão estranho para mim, Ethan. A última vez que olhei no
espelho, era criança. Uma garotinha. E agora sou essa mulher.”
“Está tudo bem, querida. Vamos levar você de volta para a cama.”
“O que é isso?”
Lentamente abro meus olhos, olho para o sol que aparece pela
minha janela, e visualmente olho o quarto enquanto estou envolvida
nos braços de Ethan. Olho para o rosto dele, descubro que ele é mais
bonito do que eu imaginava. É uma visão linda. Levanto minha mão e
levemente traço seus lábios com o meu dedo. Lábios que beijam os
meus com significado e paixão. Seus olhos se abrem e ele olha para
mim enquanto os cantos de sua boca se curvam para cima.
“E sua visão?”
“Tudo parece bem.” Ele sorri. “Em uma escala de um a dez, dez
sendo o melhor, diga como se sente.”
“Sim. Ela está indo muito bem e não há mais nada que possamos
fazer aqui, então por que deixá-la desconfortável? Ela ficará muito
melhor em seu próprio ambiente e fora desta cama de hospital.”
“Isso é bom.”
“Ótimo. Vou pegar a papelada para você assinar e deve sair daqui
em cerca de trinta minutos.”
Ele me leva até um carro preto e abre a porta para mim. Entro e
quando a porta se fecha, sinto-me perdida. Fechando meus olhos, puxo
o cinto de segurança sobre mim e afivelo. Vai levar tempo,
silenciosamente canto para mim uma e outra vez. Ethan entra no lado
do motorista e segura minha mão, levando-a aos lábios.
“Claro. Vou ligar para sua tia e seus amigos e avisar que
voltaremos para casa hoje.”
“Ok.” Sorrio gentilmente enquanto caminho para o banheiro.
“Você é tão linda.” Ele sorri enquanto anda para trás de mim e
coloca as mãos nos meus quadris, dando um beijo suave no meu
ombro. “Você se importa se eu tomar banho com você?”
Uma vez que o nosso banho termina, saímos e ele enrola uma
toalha em mim antes de pegar uma para si mesmo. Beija meus lábios
uma última vez, enrola uma toalha na cintura e entra no quarto. Vou
até a pia e me olho molhada no espelho. Olho para uma bolsa preta
que contem minha maquiagem e começo a examiná-la, verificando a
paleta de sombras de duas cores e o blush rosa que estão dentro. Pego
minha base, tiro a tampa e olho para ela. Fechando os olhos, começo a
aplicá-lo, como sempre fiz. Parece mais confortável assim. Passo uma
sombra marrom no meu olho, um toque de rosa nas minhas
bochechas, e aplico uma leve camada de rímel.
Capítulo 38
Ethan
“Dr. Marchetti.”
“Não.”
Não posso deixar de sorrir quando ela tira a toalha e veste jeans
e uma camisa azul-marinho sobre a cabeça.
***
Aubrey
“Este é o lugar onde mora.” Ele sorri quando aperta minha mão.
No minuto em que ouço a voz dele, sei que é Kale, o porteiro. Ele
se aproxima e pega nossas malas de Ethan.
“Kale.” Sorrio quando se vira para mim. “É tão bom ver você
depois de todos esses anos.”
“Vem cá, menina,” ele fala com emoção quando coloca as malas
para baixo e me abraça. “Não mencionou que estava fazendo uma
cirurgia.”
“Obrigada.” Sorrio.
“Uau. Olhe para este lugar.” Sorrio enquanto limpo uma lágrima
do meu olho.
Ela cobre sua boca com a mão enquanto seus olhos se enchem
de lágrimas. Anda até mim, coloca as mãos em cada lado do meu rosto
e lentamente acena com a cabeça enquanto luta para conter as
lágrimas.
“O que? Aubrey, você está bem?” Ele pergunta com uma voz de
pânico.
Ele cai de volta e puxa o lençol sobre ele. Indo para o seu armário,
onde guardo algumas das minhas roupas, rapidamente visto legging e
um suéter de malha de grandes dimensões, de cor creme.
“Eu me lembro que quando era criança, meu pai viajou para o
Colorado para uma viagem de negócios e ficou preso lá por alguns dias
devido a uma tempestade de neve que atingiu a cidade. Quando voltou,
pedi a ele para me contar tudo sobre a neve. Ele enfiou a mão na bolsa
e tirou um globo de neve, virou de cabeça para baixo e disse que era
assim. Nunca vou esquecer como apenas sentei e o encarei. Quando
terminou, balancei de novo, repetidamente. Ele disse que um dia me
levaria para as montanhas para ver. Nós nunca chegamos a fazer essa
viagem.”
“Bem, agora você vê. É tão bonito quanto pensou que seria?”
“É.” Sorrio.
Ethan leva minha mão aos lábios. “Tenho uma ideia. Vamos até
a Starbucks tomar um café.”
***
Mais tarde naquela noite, Ethan me diz que estamos saindo, mas
não diz para onde. Diz que é uma surpresa e não vou arruiná-la fazendo
tantas perguntas. Nós originalmente tínhamos planos com Charles e
Lexi, mas Ethan os cancela, o que acho meio que grosseiro, mas ele
não parece se importar. Quando estou dando os retoques finais na
minha maquiagem, e Ethan está ao meu lado fazendo a barba,
parecendo tão sexy quanto sempre é, olho para ele.
“Bem, não fique. Charles disse que está tudo bem e nos
reuniremos no próximo final de semana.”
“Eu sei que você acha porque continua me dizendo isso.” Ele
sorri.
“Acho que nós vamos ter que esperar e ver. Não vamos?” Ele
pisca.
“Desde que não vai me dizer onde estamos indo, não sei o que
vestir.”
“Você me perdoa?”
“É tão lindo, Ethan. Obrigada por fazer isso por mim.” Coloco
minha cabeça em seu ombro.
“Sim! Sim Ethan. Vou casar com você.” Meus olhos se enchem
de lágrimas.
Com um sorriso no rosto, ele coloca o anel no meu dedo e leva
até os lábios, e então me pega do banco e beija minha boca e girando
nós dois.
***
Ethan
Fim.