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Marcelle Oliveira
Copyright © 2020 Marcelle Oliveira
Todos os direitos reservados.
Angel Parker
Sempre fui sozinha e independente. Dona de uma personalidade forte e
impetuosa. Mas bastou Jason Collins adentrar aquela empresa para ferrar com todas as
minhas estruturas. Quando o filho do meu chefe decidiu, junto a mim, reerguer os negócios
falidos de seu pai, todas as minhas seguranças se esvaíram. Encontrei-me tentada por
aquele homem extremamente interessante, poderoso e cheio de mistérios. Mas o meu
coração não poderia ser entregue. Eu carregava uma promessa dentro de mim. Diante de
uma terrível decepção amorosa, prometi a mim mesma não me envolver em histórias
toscas de amor.
Jason Collins
Assim que cheguei de Londres, não pude negar que me senti completamente
abalado por uma das personalidades mais fortes que já conheci em toda a minha vida. Os
olhos castanhos expressivos, a voz imponente e cheia de atitude, tudo em Angel Parker era
afrodisíaco. No entanto, os traumas de uma adolescência conturbada poderiam me
impedir de viver um grande amor?
Angel Parker e Jason Collins foram feitos um para o outro, se não fossem os traumas que o
passado deixou impresso em suas vidas.
Girei em meus saltos e saí desorientada da sala do meu chefe. Os
projetos ainda tremiam em minhas mãos, juntamente com a ansiedade que me
consumia loucamente.
Era a décima vez que eu tentava agradar a Victor Collins, apenas
neste mês. Ele era um senhor muito rabugento que tratava todos os seus
subordinados com muito desdém. Para ele, apenas as suas ideias, o seu
trabalho que realmente valiam dentro daquela empresa. Qualquer pessoa que
pretendesse retirar uma vírgula de seus projetos, ele se incumbia logo de
cortar as asas, e eu era uma dessas que sempre tentava enfrentar o seu jeito
duro e irredutível de lidar com a equipe.
Fazia dois anos que eu estava empregada na Collins Construtora. A
empresa renomada desenvolvia projetos de shoppings, condomínios,
hospitais e, agora, o grande xodó de Sr. Victor, um resort na República
Dominicana.
Por mais que a equipe tentasse inovar os projetos, buscar novas
parcerias, o sempre tão tradicional Victor Collins barrava qualquer tipo de
renovação nos trâmites da empresa, o que já estava fazendo com que o grupo
Collins não se destacasse mais no mercado, como sempre ocorrera nos
últimos anos.
— Sr. Victor não aceitou, outra vez, a sugestão de alterar esta parte
do projeto, Leonard. — jogo o corpo exausto na cadeira, desabafando com o
meu amigo.
Ele termina o café e deposita a xícara sobre a mesa.
— Novidade! Esse velho vai acabar com a empresa se não começar
a ouvir a equipe, trabalhar junto aos nossos ideais. — noto os seus olhos
revoltados. — Porra! Saímos da faculdade há pouco tempo, fazemos cursos
todos os anos, nos atualizamos constantemente! Podemos ajudá-lo a reerguer
os negócios e fazer com que a Collins Construtora volte a disputar com as
concorrentes no mercado!
— Exatamente. — cruzo os braços, desanimada. — E quer saber?
Eu desisto desses embates com Sr. Victor. Para mim, chega. O que ele quiser
fazer com os seus negócios, que faça.
Deslizo a minha cadeira junto à mesa de trabalho e tento voltar a
me concentrar em meus e-mails. Contudo Leonard ainda me fala de maneira
mais contida.
— Eu até acreditaria em você, Angel, se eu não te conhecesse, mas
eu duvido muito que na reunião das três, você não vá se colocar
brilhantemente frente às asneiras proferidas por Sr. Victor.
Sorrio, após inspirar profundamente.
— Leonard, não me desafie.
O meu amigo pisca o olho para mim, antes de colocar os fones de
ouvido, também tentando retornar aos seus afazeres.
Os meus olhos apenas se atentam ao relógio prateado na parede,
desejando que os ponteiros se arrastem até as três da tarde. Eu não estava em
um bom dia, para participar de mais uma reunião desgastante. Por um lado, o
que ainda me animava na empresa era a equipe, que sempre fora bastante
unida. Tratávamos sempre de realinhar as orientações de Sr. Victor, após a
reunião e, na maioria das vezes, descartávamos alguns dos detalhes e
fazíamos do nosso jeito, quando o rabugento não percebia.
— Vamos, equipe? — May, a secretária, nos convoca de repente.
Mal havia me dado conta e a reunião das três horas já havia chegado.
Levantei da cadeira, deixando a ideia de alteração de projeto dentro
da gaveta, também tentava deixar lá todos os argumentos. Eu iria ficar muda,
completamente muda, pois não aguentava mais tantas humilhações. O que
ainda me animava, pelo menos, era o bom salário que recebia ao final do
mês.
Leonard me acompanhou até a sala de reunião e abriu a porta para
mim, com um sorriso desanimado nos lábios. Era visível o abatimento nos
rostos cansados das pessoas. Ninguém mais suportava aturar as sandices de
nosso chefe.
Assim que entramos na sala, Sr. Victor já estava sentado em sua
cadeira de honra e nos olhava de maneira compenetrada. As mãos
entrelaçadas sob o queixo e a xícara vermelha de café ao lado de uma pilha
de papéis. Hoje, não sairíamos daqui ainda com dia.
— Boa tarde a todos. — ele pigarra, antes de continuar. — Como
sabem, estamos enfrentando uma avalanche de problemas nesta empresa. —
sinto o cotovelo de Leonard cutucar a minha costela. — As parceiras estão
fracassando no mercado e, com isso, acabam nos levando juntos pelo ralo da
falência.
Mordo a ponta do lápis, terrivelmente incomodada com a fala de Sr.
Victor. Havia hipocrisia em tudo o que ele dizia. E quando me dou conta,
sinto as palavras escapulirem, de repente, por minha boca.
— Senhor, perdoe-me, mas a equipe já o alertou quanto à falência,
há um tempo, e por isso que sempre buscamos...
— Srta. Angel, eu não preciso que refresque a minha memória, eu
não faço questão da sua opinião neste momento.
Umedeço os lábios, segurando a raiva por dentro. Abaixo o rosto
não querendo mais encarar o rabugento nos olhos. Estava irritada por não
conseguir manter a minha boca calada e, sobretudo, por não fazer Sr. Victor
entender que o erro, a falência, e tudo de negativo que estava acontecendo na
empresa, neste momento, era culpa dele, exclusivamente dele, pois sempre
trabalhávamos para o sucesso dos negócios, enquanto ele, orgulhosamente,
ignorava-nos.
Após observar os rostos desestimulados à minha frente, resolvo
permanecer no embate com o meu chefe.
— Sim, mas se o senhor nos escutasse, agora não estaria passando
por esse tipo de situação! — bato o lápis sobre a mesa, enquanto falo. — Já
refletiu sobre a dimensão do patrimônio construído pelo senhor e pelo seu
irmão Ronny Collins, nos últimos anos? Quanto tempo de vida o senhor
dispensou a essa empresa? E, agora, por orgulho, põe tudo a perder?
Relaxo na cadeira, sentindo que havia me livrado de um bolo
imenso de palavras que já estava há semanas entalado em minha garganta. Os
meus amigos me encaram assustados, enquanto Estefani faz um sinal com as
mãos para que eu me acalme.
— Angel, por favor, me respeite. — Sr. Victor grita, batendo a mão
sobre a mesa. — Enquanto eu estava lutando por esse empreendimento, você
estava chorando à espera de sua mãe, para limpar as suas fraldas. — o dedo
em riste. — Melhor você fechar a sua boca e me deixar concluir a reunião.
— Sempre isso. — retruco — Esse autoritarismo desmedido! Eu
não vou mais tentar fazê-lo enxergar o primordial, que é confiar no trabalho
da sua equipe.
— E quem te falou que eu não confio no trabalho da equipe,
menina? — Sr. Victor está de pé, prestes a voar em meu pescoço. — Eu já
despedi alguém nesse tempo? Por mais que me afrontem e venham com
ideias mirabolantes que não condizem com o nicho do mercado, eu sempre
mantive vocês aqui, com um bom salário.
Ouço a suspiros e burburinhos. Certamente existiam mais corações
agoniados naquela sala, além do meu.
— Senhor, pagar os direitos de funcionários tão antigos poderia
levá-lo à falência de imediato... — Leonard rebate, fazendo Sr. Victor bufar
irritado.
— Bom, calem a boca, para eu poder prosseguir. — desconversa,
passando o lenço marrom pelo rosto suado, antes de se sentar, tentando
acalmar os ânimos. — O meu filho está chegando da Europa esta noite. Ele
virá trabalhar conosco para nos auxiliar nas demandas. — despeja.
E um silêncio se instaura.
As pessoas se entreolham.
Se não bastasse a arrogância do pai, agora teria que aturar
também a petulância do filho?
Estou sem esperanças de que isso possa dar certo.
— O meu filho é um homem muito competente. — continua,
orgulhoso. — Ele é formado em Engenharia, pela Universidade de Harvard, e
possui Doutorado em Engenharia Civil, em Massachusetts. O que podemos
esperar é que o mercado volte a nos reconhecer como uma ameaça para a
concorrência, assim que Jason Collins pisar nesta empresa.
O burburinho se inicia.
Sr. Victor nos observa com o olhar apreensivo, enquanto esfrega
uma mão na outra de maneira ansiosa.
— Aposto que o filho dele seja a sua cópia fiel. — May cochicha
para Leonard.
— Espero que ouça ao filho, pelo menos! Se ele estiver realmente
disposto a mudar a rotina dessa empresa. — digo aos dois, enquanto Sr.
Victor continua tentando convencer a equipe de que está fazendo o melhor
pela Collins Construtora:
— Eu sei que vocês estão tão apreensivos quanto eu, mas eu não
vejo outra saída.
Reviro os olhos, imaginando que a outra saída seria dar o devido
crédito ao nosso trabalho, mas... enfim... Apenas resolvo me calar a me
indispor mais uma vez.
— Amanhã será um dia muito importante para a Collins
Construtora. — Sr. Victor discursa, dando um tom de esperança à sua voz. —
Não podemos esmorecer diante dos desafios, principalmente do grandioso
projeto da República Dominicana. — após se levantar, ajeitando a calça de
alfaiataria no corpo, ele finalmente conclui a enfadante reunião. — Tenham
uma boa noite.
Saímos daquela sala, em silêncio, preocupados com os rumos da
construtora. Estávamos todos com a corda no pescoço, prestes a perdermos
nossos excelentes salários, bem como a autoestima, já que éramos bons
profissionais que não recebiam o devido reconhecimento, há muitos anos.
— Eu preciso tomar todas! — Leonard reclama, ao mesmo tempo
em que desliga o computador e arruma os seus pertences por cima da mesa.
— Não exagere, querido, você precisa estar aqui, amanhã, com a
sua melhor cara de trouxa. — Estefani implica, já com a bolsa no ombro.
Sento sobre a mesa, abraçando as pastas de projetos contra o corpo,
sugerindo aos meus amigos:
— Que tal irmos ao pub, afogar todas as mágoas?
Imediatamente, eles concordam, optando por uma noite agradável,
após o maçante expediente.
***
***
***
***
Fazia duas semanas que eu não tinha mais notícias de Angel Parker,
se ela resolvera retornar à Carolina do Norte ou se ainda estava decidindo
ficar. Eu não poderia me permitir procurá-la outra vez. Não queria parecer
invasivo. O que me restava era focar nas esperanças de que Angel retornaria
em breve.
Hoje, era quarta-feira. Normalmente, o meu pai tirava esse dia de
folga. E para mim era extremamente bom, já que era o momento ideal para eu
desenvolver o trabalho junto à equipe, sem ser importunado.
— Leonard, por favor, venha até a minha sala. — disse, quando
passei perto do rapaz, não conseguindo evitar a tristeza ao fitar a mesa vazia
de Angel, ao seu lado.
A função de Leonard, na Collins Construtora, era a de cuidar da
prestação de contas, entre tantas outras coisas. O rapaz, apesar de tóxico, era
competente no que fazia, e me restava saber dele, quanto à verba destinada ao
resort de Sr. Achanta.
Eu estava evitando, ao máximo, dirigir palavras àquele cara, desde
quando ele ferrou com a vida de Angel, sobre o nosso beijo, mas, hoje, eu
não poderia mais evitar, precisava dar conta dos assuntos com Leonard,
aproveitando que o meu pai não estaria aqui, para vigiar as minhas
averiguações.
— Pois não. — o rapaz chega à minha sala e cruza os braços,
próximo à porta, imediatamente percebo o seu semblante impaciente.
Ele me odiava.
— Pode sentar. — digo, apontando para a cadeira.
— Estou bem assim. — reluta, colocando as mãos nos bolsos.
Assim que me sento à cadeira, entrelaço as mãos sobre a mesa e
observo o rosto de poucos amigos daquele homem.
— Leonard, eu vou ser bem direto. Sr. Achanta entrou em contato
comigo há alguns dias, para cobrar a pronta execução do resort em Punta
Cana. — noto o rapaz desviar o olhar preocupado. — Por que ainda não
entregamos boa parte da obra? Não poderemos atrasar, afinal de contas, o
indiano foi categórico, exigiu que a obra seja executada até o Verão.
O rapaz sorri debochado, coçando os cabelos da nuca de maneira
impaciente.
— Jason, por favor, eu sou um reles funcionário. Você deve
direcionar essas cobranças ao seu pai.
— Não mude o assunto. — levanto da cadeira e caminho na sua
direção. — Não se exima de suas responsabilidades. Basta me dizer o que
pode estar ocasionando esse atraso!
Já estava perdendo a paciência com a maneira despreocupada que
Leonard tratava de assuntos tão sérios!
— As contas estão em dia, Jason. Apenas reproduzo o que constam
nas notas fiscais que o seu pai me repassa. — ele diz, mas não é o suficiente
para me convencer de que ele não sabia de mais nada.
Então, me aproximo ainda mais de Leonard e o encaro nos olhos.
No primeiro momento, ele se abala, para depois esboçar forçadamente um
olhar arrogante.
— O meu pai já mexeu nos oitocentos mil dólares que eu trouxe
para auxiliá-lo no projeto?
Leonard se cala por segundos, engole em seco, antes de passar a
mão pela barba.
— Acredito que sim.
Essa resposta me deixa demasiadamente preocupado. Se o projeto
não estava caminhando, para onde poderia estar sendo destinado todo o
dinheiro? Ao mesmo tempo, eu não confiava em Leonard, poderia estar
mentindo para encobrir Victor Collins.
— Por favor, chame a May.
O rapaz vira de costas, não evitando o semblante angustiado. Ele
sabia de mais coisas do que se permitiu falar.
Segundos depois, a secretária chega à sala, batendo as unhas
grandes na superfície da porta. A saia justa e curta mostrava as coxas
morenas de sol. O decote ousado. A boca vermelha que destacava no meio do
rosto bem maquiado. Ela era bonita, mas nem tanto quanto Angel.
— Pois não, Sr. Jason?
— Jason, por favor. — respondo, concentrado, procurando uns
documentos sobre a mesa.
— Não consigo tratá-lo apenas como Jason, pareço ser íntima sua,
sem ao menos ser...
Levanto o rosto e miro nos olhos de May. Ela aparentava ser
ingênua, entretanto de inocente não tinha simplesmente nada.
— Não é questão de intimidades, May. Esse é o meu nome e... não
suporto formalidades.
— Pois não, Jason. — ela diz, em meio a um sorriso cheio de
insinuações.
Coço a barba, querendo desviar do olhar da loira que me despia o
corpo sem pudor algum.
— Eu preciso que você me acompanhe até o cofre.
— Claro.
May solta os cabelos do coque, cheia de intenções com aquele
gesto, mas eu tento continuar firme em minha postura exclusivamente
profissional.
— Você sabe a senha? Eu sei que o meu pai mudou nos últimos
dias. — pergunto, enquanto ela se senta sobre a minha mesa.
Parecia uma adolescente num joguinho barato de conquista.
— Sim, eu sei. — ela cruza as pernas e, dessa vez, eu não consigo
desviar o meu olhar, imediatamente noto a renda branca da calcinha que
aparece sutilmente com aquele gesto atrevido. — Inclusive Sr. Collins pediu
para que eu não te repassasse.
— Ele pediu isso? — estou pasmo.
— Sim, mas eu não estou a fim de obedecê-lo.
Entorto os lábios num sorriso, observando aquela mulher. Ao
mesmo tempo, temia por May pedir algo em troca.
Assim que atravessamos juntos o setor, não pude evitar de perceber
os olhares insinuadores. Talvez eu ser tão jovem não passava credibilidade
dentro daquela empresa. A maioria das pessoas certamente acreditavam que
eu estava ali apenas para “comer” mulheres.
A porta do elevador se abre, e com um gesto, eu peço a May que
passe à minha frente. Ela sorri em agradecimento. A mulher se coloca
estrategicamente em frente ao espelho e se encara, contornando os lábios
carnudos com um dos dedos, como se tirasse o excesso do batom vermelho.
Apenas desvio o olhar para o meu celular, torcendo para que o elevador
vencesse os andares, sem demoras.
Finalmente saímos daquele pequeno espaço, May vai à minha
frente, rebolando de maneira sedutora. Ela me olha de lado, talvez
certificando se eu acompanhava com os olhos o seu maldito rebolado, então
atento o olhar ao final do corredor, concentrado de que eu estava ali apenas
para o trabalho e exclusivamente isso.
May tem um molho de chaves na mão, ela abre a porta da antessala,
que dava para a sala sigilosa, onde se encontravam o cofre e alguns
documentos peculiares.
— Você quer saber o segredo do cofre? — ela me pergunta, assim
que entramos na antessala. A outra porta, onde ficava o cofre, ainda estava
trancada.
May não me dá chances de dizer simplesmente nada, ela segura
firme em meu paletó e me empurra contra a parede. Respiro fundo, já
inferindo o que a secretária poderia estar querendo comigo.
— Quero, mas não sob condições. — respondo, analisando o seu
rosto cheio de desejos.
— Não, Jason... você está completamente enganado... — após
lamber o meu queixo, ela sibila: — Gostoso... — sinto a unha de May
deslizar pelo meu peitoral. — Agora, quem manda aqui sou eu.
Assim que me afasto da parede, ajeitando o paletó do terno, May se
joga à minha frente, entreabrindo os lábios, ao mesmo tempo em que afana
um dos seios. Tento me controlar, mas os meus instintos já me obrigavam a
comê-la.
— May, não me provoque dessa maneira. — informo, segurando
em seu pulso, tentando pará-la, mas é em vão.
A mulher coloca os seios para fora e levanta a saia delicadamente.
Respiro ofegante, passando a mão entre os cabelos, sem saber mais o que
fazer para desviar o meu olhar.
Tento disfarçar que os desejos começavam a borbulhar em minha
corrente sanguínea, mas a ereção praticamente rasga a minha calça.
May sorri, quando passeia os olhos pelo meu corpo e me puxa para
si.
— Não pode ser dessa maneira... — balbucio, mirando em seus
lábios.
— Você me deseja, eu sei...
Beijo a boca da secretária, odiando-me por ser tão fraco. As minhas
mãos já se adiantam em seus seios macios, enquanto acaricio um dos bicos
rosados. Ouço May gemer excitada, em meu ouvido, pedindo que eu fique
pelado para ela.
A sala estava silenciosa, apenas o som do alarme do cofre e dos
nossos beijos molhados preenchiam aquele lugar.
Já estava completamente entregue. Como um adolescente no auge
de sua ebulição de hormônios, eu me rendia à sedução de May, naquela
pequena sala.
Sem demoras, abaixo o meu rosto em direção aos seus seios e
lambo-os, sentindo os mamilos durinhos excitados deslizar por minha língua.
Ela sorri quando desço a mão por sua coxa gostosa, levando um dos dedos até
sua calcinha branca de renda. Abaixo um pouco uma das laterais de sua
lingerie e abro as camadas de sua boceta, em busca do nervinho excitado.
Não é preciso de muito para senti-lo quente e melado na ponta de meus
dedos. Deslizo gostoso pelo seu clitóris e ela grita, mordendo o meu ombro.
Imediatamente já sinto a mão da secretária entrar por minha calça e
apertar deliciosamente o meu pau duro. Ela esfrega o polegar na cabeça
melada, o que me faz apertar os olhos, enquanto sugo a sua língua e enfio
dedos em seu canal molhado.
A mulher rebola em meus dedos e choraminga assim que cravo as
unhas em sua bunda, prestes a rasgar a sua pele tamanho tesão, tamanha raiva
por não conseguir me sustentar por muito tempo em minha postura
profissional.
May segura o meu rosto e pede quase sem voz para que eu penetre
em sua boceta.
Abro o cinto e coloco o pau para fora, quando...
— Desculpa incomodar alguma coisa, mas queria apenas avisar que
estou de volta.
Olho para o lado e os olhos frios de Angel Parker me encaram.
— A senha é o número da placa do carro do seu pai.
May se afasta, cabisbaixa, ajeitando a roupa no corpo.
Estou desnorteada, observando o rosto apavorado de Jason Collins.
Ele simplesmente não sabe o que fazer com as mãos.
— Angel, você... você voltou.
Ele tenta sorrir, mas não consegue. O moreno desejava naquele
momento fugir, abrir um buraco no chão, para desaparecer irreversivelmente.
— Desculpas, Angel. — ele vem para perto de mim, com aqueles
lábios manchados de batom vermelho. Que cena patética! — A May ficou me
provocando, eu tentei relutar!
— Eu não estou perguntando nada. Faça o que você quiser com
esse seu pênis! — respondo de maneira crua.
— Angel... eu preciso apenas ver o cofre. — ele ainda tenta limpar
os lábios com um lenço, absurdamente sem graça. — Você me acompanha?
Não quero que me vejam aqui sozinho.
Respiro fundo, imaginando que eu deveria acompanhar aquele
cafajeste, até o bendito cofre, afinal de contas, eu estava ali, na Collins
Construtora, apenas para o trabalho. E não para casos bestas de romance com
cafajestes lindamente deliciosos.
Faço que sim com a cabeça, ainda esboçando um semblante sério.
Assim que me movo em direção à outra porta, Jason sorri torto, mostrando as
covinhas, aliviado.
Já estávamos dentro da sala, quando o belo moreno acionou o cofre.
Ele estava visivelmente ansioso. A porta imensa e robusta se abre,
lentamente. Os meus olhos penetram curiosos para o interior do cofre e ao
mesmo tempo eu imagino que Sr. Victor jamais me permitiria embrenhar em
segredos tão ocultos daquela empresa.
Lá dentro havia papéis, alguns bolos de dinheiro e a pasta que Jason
havia trazido de Londres. Ele imediatamente pega e destrava a pasta, e
quando abre, vejo poucos dólares em relação ao montante que Jason havia
trazido da Europa.
— Olha, Angel, se tiver cinquenta mil dólares aqui é muito. —
lamenta, apavorado.
O meu coração aperta, em preocupação. Era muita canalhice da
parte de Sr. Victor.
— E o projeto do resort, não está caminhando?
Jason guarda a pasta e trava outra vez o cofre, enquanto fala.
— Segundo o Sr. Achanta, que é o dono do resort, não está.
Jason leva as mãos ao rosto e suspira de maneira profunda. Se eu
não o tivesse flagrado em um amasso com May, talvez poderia oferecê-lo um
ombro-amigo, mas diante de toda a situação... sem chances!
— Boa sorte, então. — desejo, ao mesmo tempo em que me viro
em direção à saída.
Mas tão logo sinto a mão de Jason em meu braço.
— É só isso? Boa sorte? Você não vai me ajudar a investigar o
desaparecimento desse dinheiro?
Os seus olhos retratam um amontoado de decepções.
— Está na cara que é o seu pai. — retiro lentamente a mão de Jason
de mim. — Ele está desviando os fundos da empresa. Você ainda não
percebeu? É o suicídio da Collins Construtora! — Jason parecia não querer
acreditar na realidade nua e crua. — Agora, eu preciso passar no RH. Eu vim
até aqui apenas para comunicá-lo da minha decisão, após Luan me falar no
elevador, que você e May estavam vindo juntos em direção à sala sigilosa.
Jason está visivelmente triste. Eu sabia das suas boas intenções em
ajudar a salvar a empresa do seu pai, mas eu não queria me permitir
esmorecer diante de todo o seu charme, afinal de contas, ele não merecia a
minha atenção, até pelo menos eu ter digerido o “amasso” dos dois, nesta
sala.
— Sim, Angel, você será recontratada, eu deixei tudo articulado
com o RH, mas eu ainda preciso da sua ajuda. — ele coça o queixo, antes de
continuar na sua ideia fixa. — Obviamente, o dinheiro está sendo desviado
por meu pai, como eu mesmo já havia te falado, mas eu preciso saber aonde
ele está destinando valores tão absurdos e com qual intenção... — então, ele
se aproxima de mim e infelizmente sinto o perfume barato de May em sua
roupa. — Você já parou para pensar, Angel, que o meu pai pode ter um
aliado dentro desta empresa?
Após um breve silêncio, Jason segura em minha mão de maneira
delicada. Volto a olhar em seus olhos negros e ele exibe um semblante
perdido. Parecia que o rapaz confiava apenas em mim, como peça-chave,
para ajudá-lo a salvar os seus negócios.
— A May não está te ajudando? — implico, ao mesmo tempo em
que cruzo os braços, evitando a sua mão na minha.
— Angel, você está com ciúmes? — ele pergunta junto a um
sorrisinho charmoso.
— Não foi nada agradável vê-lo atracado com aquela oferecida,
mas não chega a esse ponto. — sou sincera, para a satisfação visível de Jason
Collins.
Viro as costas e caminho até o elevador. Imediatamente sinto os
passos de Jason vindo na minha direção.
Aperto o botão, para subir até o RH e assim que a porta abre, o
rapaz se enfia comigo naquele pequeno espaço.
Ele estava irritantemente lindo naquele terno cinza.
— Hoje, combinamos de ir à boate, o que acha? — pergunta, com
as mãos no bolso.
— Não... não sei se vou... — suspiro. — ainda não retornei ao setor
para sentir como estará o clima entre mim e a equipe.
O elevador se abre e Jason, gentilmente, segura a porta para que eu
passe.
— Vai estar tudo bem, a questão agora é você não comentar o que
viu na antessala do cofre.
Cretino!
Congelo os passos, apenas para encará-lo nos olhos.
— Você realmente não conhece a May. Se prepare para quando
chegar lá em cima. Todos já saberão de detalhes! — estou visivelmente
irritada. Continuo vibrando os meus saltos por aquele corredor, enquanto
Jason tenta me acompanhar.
— Isso vai ser péssimo. — Jason esboça um semblante preocupado.
— Pois é... — sorrio triunfante, por inferir que o rapaz já deveria
estar terrivelmente arrependido por ter se atracado com a secretária. — você
já deve estar carregando nos ombros a fama de cafajeste!
— Não foi a minha intenção, Angel, a May me chantageou.
— Não parecia.
Finalmente, paramos em frente à porta do RH. Jason me analisa
com os olhos brilhantes.
— Estou muito feliz que você decidiu voltar.
Sorrio e abaixo os olhos, quando ouço inesperadamente, declaração
tão cheia de afeto.
O charme de Jason me constrangia.
Então, ele segura delicadamente em meu queixo, nivelando os
nossos olhares.
— Angel, eu confio tanto em você... apesar de tão pouco tempo de
convívio, foram momentos tão intensos juntos, eu não sei explicar porque eu
tenho essa sensação de que eu já te conheço há tanto tempo.
Abaixo os olhos novamente, relutando confessar que eu sentia
exatamente o mesmo por ele.
Umedeço os lábios e inspeciono aquele lindo rosto... de um
cafajeste!
— Fica aí tentando entender os seus sentimentos, Jason, enquanto
eu vou assinar a readmissão.
Abro a porta, deixando-o estatelado do outro lado do vidro. O rapaz
engole em seco, antes de me dizer:
— Seja bem-vinda, outra vez, Angel Parker.
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Já estava preparado para o último e terceiro round. Alonguei os
braços e estalei o meu pescoço, olhando com gana nos olhos azuis daquele
maldito escocês. Sua fama não iria me intimidar, muito menos o seu histórico
nos rankings, afinal, ele havia sido derrotado apenas uma vez.
Harry havia me colocado a par de tudo, sem conseguir esconder a
sua preferência pelo meu adversário, inclusive o meu amigo inferiu que eu
não precisava de mais libras, segundo ele, os valores que angariei nas duas
últimas lutas já eram o suficiente, e ainda citou o meu cargo de CEO! No
entanto, ele não sabia dos meus sonhos, dos meus planos, então não deveria
deduzir porra nenhuma, no fim das contas.
Tínhamos excelentes patrocinadores. Eu era um deles, com todas as
minhas empresas, além de empresários do ramo do esporte, donos de cassino,
apostadores viciados. Rolava muita grana, para os lutadores e também para
quem apostava corretamente.
O sino toca, a torcida está em polvorosa com o seu lutador preferido
a postos, e o tal do Andrew Lenshing não embroma, me acerta o primeiro
soco. Tento reagir, mas ele golpeia certeiramente o meu estômago. Ignorando
a dor, desfiro um soco em seu rosto, mas, ágil, ele segura em meu pulso. O pé
alcança a minha costela, outro soco em meu rosto e eu caio.
As luzes sobre os meus olhos piscam incessantemente, ao mesmo
tempo em que uma dor aguda e insuportável envolve todos os meus órgãos.
Mais um soco.
Outro soco.
Perder não estava nos meus planos.
Outro chute no meu rosto.
A escuridão à minha frente.
Já era mais de meia noite e eu estava debruçada sobre a cama, já de
banho tomado, em meu pijama de veludo, ligando insistentemente para o
celular de Jason Collins.
Mas ele não me atendia.
Sentia uma agonia profunda, não queria imaginar o pior, mas os
pensamentos malditos tratavam logo de me trair.
Será que Jason está bem?
Está... vivo?
Soco um dos travesseiros, imaginando que ele poderia ter optado
em vender um dos seus negócios, aqui na Europa! Ou simplesmente desejava
que o egoísmo de Sr. Victor não fosse tão cruel, o velho poderia
perfeitamente dividir os seus negócios com Jason, pelo menos, mas
gananciosamente o eximiu de todos os direitos.
— Se acontecer alguma coisa grave com Jason, Victor Collins será
o culpado! — esbravejo, com o celular tremendo entre os dedos.
Ligo, mais uma vez, inutilmente. O telefone apenas cai na Caixa
Postal. A essas alturas, eu já deveria ter ligado o suficiente para ter acabado
com a sua bateria.
Por que eu deixei Jason vir disputar essa luta?
No final das contas, eu também estava me sentindo culpada, afinal,
eu não o impedi. Eu o deixei se despedir de mim, com um beijo quente em
meu dorso, e sair do meu apartamento, com todas as intenções de vir para
Londres.
Eu disse que eu não queria vê-lo mais.
Minha mãe sempre diz que palavra tem poder. E ela tem razão. Eu
corro o risco de nunca mais ver Jason Collins.
Deito o rosto sobre o travesseiro e me sinto preenchida por agonia.
O que eu poderia fazer no momento? Onde ficava esse maldito ringue! Eu
estava de mãos atadas apenas esperando pelo pior.
Por fim, decido ligar para a loja de camisas de seu amigo Harry.
Merda!
Também não atendem.
Levanto-me da cama, sem me importar com o horário, e vou
imediatamente até a porta da tal ruiva. Ela poderia me dar alguma luz.
Angustiada e de braços cruzados é que eu não poderia ficar!
Toco a campainha uma vez, aguardo alguns segundos para a porta
se abrir.
A mulher pálida, como uma clara em neve, me encara com os olhos
inchados de sono.
— Aconteceu alguma coisa com o Jason? — pergunta, preocupada.
— Não sei... eu estou desesperada! — a voz é rouca de choro. — Já
é de madrugada e até agora não tenho notícias.
— Calma, Angel. — ela ainda consegue sorrir! — Liverpool é
distante. Jason já deve estar no trem a caminho, sem contar que eles
costumam tratar dos ferimentos antes de voltar para casa.
— Deus do céu. — levo as mãos à boca, havia me esquecido desse
maldito detalhe.
— Pois é, namorar Jason Collins é viver com emoção. — cruza os
braços, recostando ao batente.
— Você já namorou ele? — a pergunta sai como um espirro.
As minhas bochechas queimam ruborizadas, mas, ainda assim,
anseio por uma resposta.
— Eu? Imagina! — sorri e revira os olhos. — Jason nunca foi de se
apaixonar por ninguém, realmente você deve ser especial.
Abaixo a cabeça afetada por palavras tão significativas, as minhas
pernas ainda tremiam por conta de todas as emoções que me arrebatavam,
então apenas agradeço e saio quieta em direção à porta de Jason.
Assim que me encontro novamente sozinha, naquele apartamento,
entendo que não tenho mais saída, apenas faço orações para que ele chegue
bem, para que Jason Collins volte a me presentear com o seu belo sorriso de
covinhas tentadoras.
***
— Angel...
Custo a me situar onde eu estava, que horas eram, enfim, o que
havia acontecido para que a minha cabeça doesse de maneira tão severa!
Apenas abro lentamente os olhos, quando, surpreendentemente, me sinto
acolhida no meio dos braços de Jason.
O seu rosto tem marcas por todos os lados. Levo as mãos aos seus
cabelos, sentindo as lágrimas rolarem por minha face.
— Você... voltou... — balbucio, sentindo um misto de emoções.
Estava feliz por vê-lo, mas com medo do que ele teria para me falar.
Abraço o moreno, sentindo um alívio enlouquecedor. Ele estava
cheiroso, banho tomado e num lindo pijama preto.
— Você também voltou para mim, garota... — sussurra em meu
ouvido, abrandando todas as inseguranças que eu estava sentindo para
reencontrá-lo.
— Eu sempre fui sua. — balbuciei em seus lábios, ansiosa para
sentir o sabor de sua boca. — Me perdoe, naquela tarde. Eu não sabia o que
estava dizendo, enfim, me arrependi amargamente por ter falado que eu não
queria te ver mais.
Apesar das cicatrizes, Jason é mais lindo que um dia ensolarado de
Outono.
— Eu fiquei magoado, Angel, verdadeiramente magoado, — a sua
voz é séria. — mas tive maturidade o bastante para entender pelo o que
estava passando, naquele momento, afinal, você tinha acabado de receber
tantas revelações cruéis e nada mais óbvio do que se sentir encurralada por
decepções, querendo se isolar do mundo, — então, ele me encara. — mas o
que me confortou foi que eu vi no seu olhar, Angel, que você não dizia
aquelas palavras amargas do fundo do seu coração.
Jason sorri torto, mas ainda havia um ar pesaroso em seus olhos
negros.
Ajeito o corpo entre os travesseiros e seguro nas mãos de Jason. Os
nós de seus dedos estavam feridos.
— Você estava certo, Jason. Eu não usei de sentimentos para pedir
que se afastasse da minha vida. Eu fui cruel, sem querer ser...
Em resposta, Jason segura em minha nuca e cola o meu rosto ao seu
corpo. Pude sentir os batimentos de seu coração.
— Eu já me senti assim, Angel, encurralado por decepções. —
fecho os olhos, concentrando em sua voz, no perfume de sua roupa. —
Quando tudo passa é que percebemos que ainda somos fortes o bastante para
superar e voltar a acreditar na vida. No nosso caso, no amor.
Afastei o meu rosto do corpo de Jason e concordei com as suas
palavras.
Então, beijei com cuidado a sua boca sensual, sentindo o sabor
mentalado de sua língua.
— Como você entrou aqui? Foi a Kelly? — Jason perguntou, assim
que desgrudamos nossos lábios.
— A ruiva? Sim, foi ela. — sorri contida. — Ela me disse palavras
muito bonitas a seu respeito, a respeito de seus sentimentos...
Jason sorriu torto, e eu daria um braço para saber o que se passava
em seus pensamentos.
Então, interrompo-o curiosa.
— E a luta, me conta!
Jason me analisa por segundos, antes de se ajeitar ao meu lado na
cama. Ele cobre o corpo com o edredom e se vira na minha direção, mesmo
assim, ainda não consigo decifrar se o seu semblante era de vitória ou de
derrota.
— Foi muito difícil, Angel. Na verdade, mais difícil do que eu
imaginei. — sinto os seus dedos acariciarem os meus cabelos. — Primeiro,
eu lutei com um turco, o cara era um monstro, extremamente forte, mas foi
exatamente isso o que o prejudicou. Ele não tinha tanta destreza, agilidade e
eu venci, angariando nessa luta quinhentas mil libras.
— Deus do céu. — sorrio incrédula — Mas esse valor já é o
suficiente para comprar a empresa?
— Não. O meu pai quer três milhões de dólares.
Mordo os lábios, apreensiva, ansiando para que Jason contasse logo
de uma vez o que aconteceu naquele ringue!
— E as outras lutas?
— A segunda foi ridícula. — Jason sorri e as covinhas tentadoras
estão lá. — Um japonês de dezoito anos! Apesar de suas altas habilidades
com artes marciais, em poucos minutos ele caiu no tatame.
— Coitado. — digo, sem querer.
— Coitado? Olha o que ele fez na minha testa!
Havia um corte gigante e meia dúzia de pontos. O meu coração
aperta.
— Ainda bem que você venceu esse moleque. — concluo, fazendo
um carinho na barba de Jason.
O moreno sorri e deixa um beijo no alto da minha cabeça.
— E a terceira luta? — temia perguntar.
— Foi extremamente difícil, Angel. — a voz de Jason é crua. —
Um escocês. Ele tem uma fama imensa nos ringues e apesar de eu não me
intimidar, Andrew Lenshing conseguiu me derrubar de primeira, foram
muitos socos e, então, eu desmaiei.
— Meu Deus!
Ajeito o corpo na cama e me levanto, caminhando atordoada pelo
quarto. Com a mão na boca, imagino que o mal-estar que senti, era um mau
presságio do que Jason estava passando, naquele momento, no ringue.
— Angel, senta aqui, vai. O pior já passou. — me pede daquele
jeito dele.
Sexy.
Rendida, jogo o corpo nos braços de Jason.
— O que aconteceu, afinal? Estou nervosa!
Jason sorri em meu ouvido e, então, continua:
— Eu estava desmaiado, ouvindo todo o burburinho ao redor, a
música alta que ainda tocava insistentemente, foi quando senti um cheiro
forte de álcool em meu nariz. Abri os olhos lentamente, retornando pouco a
pouco com os sentidos, então fitei a morena ajoelhada ao meu lado.
Os meus olhos arregalam imediatamente, um gosto ácido em minha
boca.
— Morena? — sorrio, indignada.
— Angel? — Jason gargalha. — Ciúmes?
— Sim, são ciúmes.
Retiro um dos travesseiros por debaixo da cabeça e coloco entre as
pernas, como um escape da fúria que me abrasava o coração.
— Eu fui fiel o tempo inteiro, garota, mesmo ainda não tendo
compromissos com você.
Engulo um bolo dolorido em minha garganta. A respiração falha e,
então, decido desconversar.
Ainda esperava pelo momento certo, pelo nosso momento.
— E o que a tal morena fez? — não consigo disfarçar a minha voz
desdenhosa, exatamente como uma menina mimada sofrendo com ciúmes do
namoradinho.
— Ela me ajudou, ela me recuperou do desmaio, Angel. Engraçado
que acordei com o triplo de força e de vontade de vencer, comparado com as
outras lutas! — Jason sorri sem acreditar. E eu estou boquiaberta. — Parecia
que aqueles minutos ali, apagado, foram necessários para eu poder
restabelecer os sentidos e voltar a lutar. Andrew Lenshing também não
esperava que isso poderia acontecer! Ele sentiu a raiva em meus pulsos. Eu
acabei com ele, Angel. No primeiro golpe.
Abruptamente, me sento sobre a cama.
— Então, você ganhou?
Jason envolve o meu rosto em suas mãos e me encara com aqueles
olhos negros e sexys, prontos para despir a minha alma.
— Sim, meu amor. Você é a mais nova CEO da Collins
Construtora!
Devolvi o sorriso tão verdadeiramente feliz e, num momento de
empolgação, me joguei em seu colo.
Jason não sustentou o meu peso e caiu para trás no colchão,
enquanto eu subi sobre o seu corpo e o cobri de beijos, nocauteando-o de
amor.
***
***