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COMO DISCIPULAR EX-ADEPTOS DE SEITAS

Desilusão, angústia, perda da confiança em si mesmo, medo


de voltar ao estilo de vida anterior ao do envolvimento com a seita,
tensão, incerteza, crise de identidade, falta de rumo, etc. Essas são
as companhias constantes de quem abandona uma seita herética.
Muitos se descrevem como: “arrasados, mutilados”; outros, dez
anos após terem deixado o grupo, ainda permanecem nesse
estado. Alguns partem para novas experiências religiosas em busca
da “única igreja verdadeira”, vão de igreja em igreja, decepção
seguida de decepção. Ainda há aqueles que tentam recuperar o
tempo perdido e passam a dispensar maior atenção as relações
familiares, ao emprego, aos estudos, enquanto deixam Deus de fora
de suas vidas. A Dra. Margaret Thater Singer, como resultado de
uma pesquisa intensa feita com 3000 mil ex-sectaristas, observou
entre eles: “casos significantes de depressão, solidão, ansiedade,
baixa autoestima, superdependência, confusão, inabilidade para se
concentrar, psicoses”.

Isso tudo é consequência de se ter estado associado a uma


seita destrutiva que abusa emocional e espiritualmente do indivíduo.
Steve Hassan, autor de “Combatendo o Controle Mental das
Seitas”, faz uma lista de quatro marcas básicas do controle mental
exercido pelas seitas:

- CONTROLE EMOCIONAL

A chave desse controle está no temor e na culpa, também


chamado de “inculcação” de fobias. O membro da seita desenvolve
a paranoia de que Satanás está a espreita para caçar-lhe, se em
qualquer momento questionar a organização religiosa ou por
alguma razão, a abandone, ...Ele e sua família morreriam de forma
horrível.

- CONTROLE DE CONDUTA

É reforçado aos membros, toda classe de regras peculiares,


normas sobre vestimentas e outras coisas não especificadas na
Palavra de Deus. Novos modelos de comportamento são
apresentados como: as visitas de porta a porta, a assistência a
várias reuniões semanais, novas atitudes para com os dissidentes
e, na sequência, o ensinam que ele é perseguido por suas crenças.

- CONTROLE DE PENSAMENTO

Emprega-se uma linguagem carregada de termos peculiares


do grupo, tais como: novo sistema teocrático, organização de Deus,
a verdade, apóstatas. Tudo é branco ou negro; a entidade é boa e
todas as demais são do diabo. Existem respostas para todas as
suas perguntas, pois assim o membro não necessita pensar por sua
própria conta.

- CONTROLE DE INFORMAÇÃO

Aos membros é proibido qualquer acesso à informação, ou


crítica sobre o movimento. O membro sempre está ocupado lendo
suas próprias literaturas e assistindo as reuniões. Dentro da es-
trutura piramidal do movimento existem diversos níveis de
conhecimento. Também são escondidas informações dos que estão
fora, de maneira que eles tenham publicamente uma imagem
benigna.

Muitos, por desconhecerem estes aspectos das seitas, acham


que os ex-sectaristas sofrem inteiramente de problemas espirituais
e nada mais.

Pessoas que fizeram parte de uma seita têm problemas e


necessidades especiais. Umas das dificuldades é que encontram
má compreensão e invariavelmente estigma, na comunidade
evangélica.
Os apologistas Ronald M. Enroth e J. Gordon Mellon lançaram
um grande desafio em um de seus excelentes livros: “Nós
desafiamos os cristãos para estenderem companheirismo e
amizade para esta nova minoria, os ex-sectaristas”.

A grande maioria, daqueles que saem de uma seita, sofrem


enormes privações. Isso implica no fato que temos o dever moral de
ajudá-los, não somente levando-os a Jesus Cristo, mas dando-lhes
assistência no que for necessário, para que reestruturem suas
vidas.
Nos últimos anos houve um crescente aumento da
apologética em nosso país. Vários livros foram lançados, expondo o
erro religioso e defendendo magistralmente a verdade, porém a
igreja cristã permanece apática na sua compreensão dos efeitos
danosos que o envolvimento com grupos pseudocrístões trazem ao
indivíduo e à sociedade como um todo, sem contar naqueles que
chegam feridos em nossas igrejas e permanecem com várias
sequelas por causa de seu anterior envolvimento sectário.

Eles carecem de um envolvimento intenso e relacionai com


cristãos maduros, que os oriente, não somente a abandonar falsos
ensinos e aprender as verdades bíblicas, mas essencialmente
receber o amor incondicional do Salvador.

Em junho de 1980 cristãos de vários países se reuniram em


Pattaya, Tailândia, sob o patrocínio da Comissão de Lausanne para
a Evangelização Mundial, a fim de tratar de sobre questões
pertinentes à obra de evangelização mundial. Um dos temas
pulsantes desse congresso foi a “Mini Consulta para a
Evangelização de Místicos e Sectaristas”
.
Na ocasião foram dadas preciosas instruções sobre o
aconselhamento de pessoas que fizeram parte de uma seita.
Seguem abaixo algumas sugestões (com adaptações)
apresentadas naquele encontro, que são vitais àqueles que
desejam ajudar um ex-sectarista:

ACOMPANHAMENTO

Frequentemente, os que abandonam uma seita religiosa são


muito desconfiados e assustados, precisando de muita segurança e
compreensão. O grupo anterior e seus líderes não devem ser
escarnecidos ou atacados, isso provocaria uma atitude defensiva.

É essencial descobrir porque ele (ou ela) se uniram ao grupo,


podendo haver muitas razões; estimule-o a falar sobre isso. O calor
e a aceitação pessoal, e o espírito de oração, no intuito de triunfar
no conflito espiritual, são os fatores chaves e mais importantes que
a lógica e a argumentação5. Entretanto, é necessário ter um bom
conhecimento dos ensinamentos do grupo, e ser capaz de
questioná-los polidamente, porém com firmeza, com base na
Palavra de Deus.
Pode ser importante insistir várias vezes sobre alguns pontos
simples, quando o ex-sectarista se mostrar confuso. Cuidado para
não manipular ou fazer ameaças. Precisamos tomar cuidado para
não tirarmos vantagens de seu estado de confusão mental.

Nossa primeira responsabilidade é encorajá-lo e ajudá-lo a


entender tudo o que passou, e a libertar-se dos traumas oriundos
de sua anterior experiência religiosa. Do contrário, estaremos sendo
culpados de violar sua personalidade, exatamente como fez o grupo
aliciante.

A tarefa de assumir a “paternidade espiritual” (o cuidado) pode


ser extremamente exigente. Requer tempo, paciência, recursos
emocionais e energia espiritual. E preciso lutar em oração!
Incentive-o na leitura da Bíblia (Hebreus 4.12). Ponha-o em contato
com outros que tiveram a mesma experiência, e que depois
experimentaram a Graça irresistível de Deus em suas vidas.

Pode-se levar meses ou até anos para a recuperação total de


um ex-sectarista. Porém, é extremamente gratificante ver a cada dia
o seu progresso na fé e a cada momento conhecendo mais da
amabilidade, misericórdia e fidelidade de Deus em sua vida (Êxodo
34.6), entendendo assim que a Graça de Deus é suficiente para a
cura de feridas e traumas passados.
WAGNER S. CUNHA
REVISTA DEFESA DA FÉ – ANO 3 N°17

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