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INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DA

MATEMÁTICA III
AULA – 01
NOÇÕES DE
CONJUNTOS

Caro estudante,

Seja bem-vindo à nossa primeira aula!

O campo da educação matemática tem mostrado dinamismo nas


últimas duas décadas, tanto pela diversidade quanto pela natureza dos
problemas que nos aproximaram em termos de descoberta e rica experiência
acadêmica. Nesta apostila, buscaremos reunir as narrativas da matemática
relacionadas aos conjuntos numéricos, a partir de exemplificações e
exercícios, para que você, como estudante, possa refletir e aprender todo o
conteúdo ao longo do curso.

Bons estudos!
A seguir, apresentaremos uma sequência didática, elaborada e aplicada para
o conteúdo de conjuntos. O objetivo da apresentação da sequência é permitir a
identificação dos conjuntos numéricos, desenvolvendo diferentes significados para os
números, dada sua utilidade cotidiana e contexto histórico.
1 NOÇÕES DE CONJUNTOS

Na década de 1970, em meio à Guerra Fria, avanços da então União das


Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) levaram os Estados Unidos a rever o
currículo de Matemática. Surgiu aí a matemática moderna, que teve como principal
componente uma teoria que unificava álgebra, aritmética e geometria: a teoria de
conjuntos.
Mas o que são os conjuntos? Conjunto é um agrupamento de termos com
características parecidas. Como comparação, pense numa coleção deobjetos.
Para simbolizar os conjuntos usamos uma letra maiúscula do nosso alfabeto
latino. Estudaremos agora as formas como os conjuntos podem ser representados.

1.1 Extensão ou enumeração

Os elementos são colocados entre parênteses ou chaves e separados por


vírgula ou ponto e vírgula, conforme exemplificado abaixo:

Assim, a ordem dos elementos não importa e eles nunca se repetem no


conjunto.

1.2 Compreensão

Muitas vezes é mais fácil e rápido representar um conjunto por meio de uma
propriedade:
D= {x | x é nota musical}
E = {x | x é planeta do sistema solar} F = {x| x é número primo}
G = {x | x > -1}

Vale destacar que, a barra (|) lê-se: tal que, de maneira que, de modo que. Ou
seja, o conjunto é formado por x elementos que apresentam determinadas
propriedades.

1.3 Diagrama de Venn-Euler

A única diferença em relação à forma por extenso é que agora os elementos


são apresentados por um diagrama, como balão, círculo, quadrado ou nuvem, ou seja,
aparecem em um esquema geométrico:

1.4 Pertinência

Relação entre um elemento e um conjunto: ou um elemento faz parte de um


conjunto (pertence) ou não faz (não pertence). Símbolos:

∈ = pertence
∉ = não pertence

Exemplos:

1 ∉ {1, 2, 3, 4}
1 {x | x é número par}
5 ∈ {x | x é número ímpar} 10 ∉ {x | x é número primo}
1.5 Subconjuntos

Um conjunto pode estar dentro de outro (contido) ou não (não contido), da


mesma maneira que pode ter outro dentro dele (contém) ou não (não contém).
Símbolos:

⊂ = está contido
⊃ = contém
⊄ = não está contido = não contém

Dessa maneira:

{1, 2, 3) ⊂ (1, 2, 3, 4). Lê-se: o {1, 2, 3} está contido no {1, 2, 3, 4}


{1, 2, 3, 4) ⊃ (1, 2, 3). Lê-se: o {1, 2, 3, 4} contém o {1, 2, 3}.
(1, 3, 5) ⊄ (2, 3, 4). Lê-se: o (1, 3, 5) não está contido no (2, 3, 4).
(2, 3, 4) (1, 3, 5). Lê-se: o (2, 3, 4} não contém o {2, 3, 4) {1,3,5).

A parte aberta do símbolo deve estar voltada para o conjunto maior. Quando
ambos têm o mesmo número de elementos, tanto faz usar os símbolos
⊂ ou ⊃. Observações:
1. Quando um conjunto não tem elementos, dizemos que ele é vazio e é
representado por {} ou Ø.
2. O conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto, inclusive dele mesmo.

1.5.1 Igualdade de conjuntos

Os conjuntos A e B são iguais quando A⊂C e B⊂A.


Assim, {1, 2} ⊂ {1, 2} e {1, 2} ⊃ {1, 2}, logo {1, 2} = {1, 2}.

1.5.2 Operações com conjuntos

União (ou reunião) de conjuntos Símbolo: U


Chamamos de união de dois conjuntos A e B (AUB) o conjunto formado por
todos os elementos de A e de B.
Matematicamente:
A U B = {X ∈ R | X ∈ A ou x ∈ B}

Exemplos:
A = {1, 2, 3) e B = {1, 2}, então A U B = {1, 2, 3}
A = (-1, 0) e B = {1, 2, 3, 4, 5}, então A U B = {-1, 0, 1, 2, 3, 4, 5}
A = (-1, 1) e B = (-3, -2, -1, 0), então A U B = {-3, -2, -1, 0, 1}

Nos diagramas apresentados, A U B = {1, 2, 3}

1.5.3 Interseção de conjuntos

Símbolo: ∩
Chamamos de interseção entre dois conjuntos A e B (A∩B) o conjunto formado
pelos elementos comuns a ambos os conjuntos, ou seja, aqueles que aparecem nos
dois ao mesmo tempo.
Matematicamente:
A ∩ B = {X ∈ R | X ∈ A ou x ∈ B}

Exemplos:

A = {1, 2, 3} e B = {1, 2}, então A∩B = {1, 2}


A = {-1, 0} e B = {1, 2, 3, 4, 5}, então A∩B = {} ou A∩B = 0
A = {-1, 1} e B = {-3, -2, -1, 0}, então A∩B = {-1}
1.5.4 Diferença entre conjuntos

Símbolo: -

Pela diferença de dois conjuntos A e B chegamos a um terceiro conjunto,


formado pelos elementos que pertencem ao conjunto A e não a B. Matematicamente:
A - B = {X ∈ R | X ∈ A ou x ∈ B}
Exemplos:
A = (1,2,3) e B = {1, 2}, então A - B = (3) e B - A = {}=0
A = {-1, 0} e B = {1, 2, 3, 4, 5}, então.: A - B {-1, 0} e B - A = {1, 2, 3, 4, 5}
A = {-1, 1} e B = {-3, -2, -1, 0}, então.: A – B = {1} e B – A = {-3, -2, 0}
1.5.5 Complementar de um conjunto

Símbolo:

Se BCA, então C = A–B, ou seja, se B for subconjunto de A, então o


complementar de B em relação a A será calculado pela diferença de conjuntos A–B.
De uma maneira informal, podemos dizer que o complementar é o conjunto dos
elementos que faltam para que o menor conjunto se transforme no maior.

Exemplos:

A = {1, 2, 3) e B = {1, 2}, daí CBA = A–B = {3} e não existe CAB.
A = {-1, 0} e B = {1, 2, 3, 4, 5}, não existe nem CA nem CAA = {-1, 1} e B = {-
3, -2, -1, 0}, não existe nem C nem C.

1.5.6 Conjunto das partes de um conjunto

Símbolo: P
É o conjunto formado por todos os subconjuntos possíveis de um dado
conjunto. Por definição, o conjunto vazio é subconjunto dele mesmo, ou seja, Ø ⊂ Ø.
Por exemplo, se A = {1, 2}, então P(A) = { Ø, {1}, {2}, {1, 2}}. O número de
elementos do conjunto P(A) é dado por nP(A) = 𝟐𝒏(𝑨). Ou seja, para chegarmos ao
número de subconjuntos de um conjunto, basta calcularmos 2 elevado ao número de
elementos do conjunto. Dessa maneira, sabendo que n(A) = 2, então nP(A) = 2² = 4.
Se calcularmos os subconjuntos das letras da palavra CASA, veremos que o
conjunto será formado por {C, A, S}. Como esse conjunto tem 3 elementos, o número
de subconjuntos será dado por 23 = 8.

Observações:

1. Muitas vezes, representamos as operações entre conjuntos como regiões


dentro deles. Assim, podemos representar as operações a seguir desta forma:

2. Exercícios que apresentam elementos de 2 ou 3 conjuntos são mais


facilmente resolvidos quando representados por diagramas, começando pelas
interseções.

Exemplos:

1. Entre 100 pessoas pesquisadas, 60 usam a marca A e 70 a B. Sabendo


que 50 usam ambas as marcas, quantas pessoas não usam nenhuma delas?

Assim, 20 + 50 + 10 + nenhuma = 100, logo 20 pessoas não utilizam nenhuma


das marcas.
Resposta: 20 pessoas não usariam nenhuma delas.

1. Um jornal entrevistou certo número de pessoas sobre suas opções de


viagem de férias e chegou às seguintes respostas:
• 40 pessoas disseram viajar à Europa;
• 40 pessoas preferiam os Estados Unidos;
• 35 pessoas desejam viajar pelo Brasil;
• 25 viajariam para Europa e Estados Unidos;
• 25 disseram que viajariam para Europa e Brasil;
• 20 viajariam para Brasil e Estados Unidos;
• 15 disseram que viajariam aos três destinos;
• 10 não gostam de viajar.

Quantas pessoas foram entrevistadas?

Assim,
N = 10 + 5 + 5 + 10 + 15 + 5 + 10 + 10 = 70.

Resposta: Ao todo 70 pessoas foram entrevistadas.


1) Dados os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5}, B={1,3,5) e C = (2, 4, 5), qual a
alternativa correta?

a) AUB tem 8 elementos.


b) AUC tem 8 elementos.
c) BUC tem 5 elementos.
d) A∩B tem 2 elementos.
e) C∩B é o conjunto vazio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARAÇA, B. J. Conceitos fundamentais da matemática. Lisboa: Tip. Matemática,


1989.
LIMA, E. L. Análise real. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada,
1977. v. 1
BISPO, C. A. F.; CASTANHEIRA, L. B.; SOUZA FILHO, O. M. Introdução à lógica
matemática. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
BARRETO FILHO, B.; SILVA, C. X. Matemática: aula por aula. São Paulo: FTD,
2000.
LIMA, E. L. et al. A matemática do ensino médio. 10. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2012.
v. 1.
INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DA
MATEMÁTICA III
AULA 02 –
FUNÇÕES

Caro estudante,

Seja bem-vindo à nossa segunda aula!

Neste módulo você aprenderá sobre as funções, estudando suas


características, propriedades e representações. Também irá conhecer a
ampla aplicação de funções em algumas das diversas áreas de concentração
das ciências, além de suas definições e sua lei de formação.

Bons estudos!
Ao final deste bloco de aula, você será capaz de compreender o conteúdo das
funções, construindo inferências lógicas a partir de modelos de exemplo sobre os
tópicos discutidos.
1 FUNÇÕES

1.1 Funções e suas propriedades

Você sabe o que são variáveis quantitativas? São os itens que compõem as
fórmulas matemáticas.
DEFINIÇÃO: Função, conjunto domínio (ou domínio) e conjunto imagem (ou
imagem)
Uma função de um conjunto A em um conjunto B é uma lei que associa para
todo elemento em A um único elemento em B. O conjunto A é o domínio da função e
o conjunto B, com os valores produzidos por essa associação, é o conjunto imagem.
Mas podem ocorrer associações diferentes? Sim. A função de um conjunto A pode
estar em um conjunto C, de modo que C não seja o conjunto imagem, mas um
conjunto que contenha a imagem. Nessa situação, C leva o nome de contradomínio.
Você sabe ser intuitivo? Sim? Então pense em uma função como uma
máquina, na qual os valores x do domínio são colocados dentro da máquina (que faz
papel da função) para produzir os valores y da imagem. Para indicar que y vem de
uma função de x, usamos a notação de função de Euler, dada por y = f(x) (você pode
ler "y igual a f de x" ou "o valor de f em x"). Aqui, x é a variável independente e y =
f(x) é a variável dependente, (Figura 1):

Figura 1 - Um diagrama de uma "máquina" para compreender função.

Fonte: Demana et al., 2013.


Uma relação entre os elementos do domínio e os elementos da imagem: você
pode ver uma função dessa maneira também. A Figura 2 (a) mostra uma função que
relaciona elementos do domínio X com os elementos da imagem Y. A Figura 2 (b)
apresenta uma relação que não é de uma função, uma vez que a regra de que o
elemento x, associa a um único elemento de Y não ocorre, (Figura 2):

Figura 2 - O diagrama em (a) retrata uma relação de X em Y, que é uma função.


O diagrama em (b) retrata uma relação de X em Y, que não é uma função.

Fonte: Friedrich, 2010.


A unicidade do valor da imagem é muito importante para você entender o seu
comportamento. Saber que f(2) = 8 e, posteriormente, verificar que f(2)
= 4 é uma contradição. O que acontece é que jamais teremos uma função
definida por uma fórmula ambígua como f(x) = 3x + 2.
Outra forma de observar funções é graficamente. O gráfico da função y
= f (x) é o conjunto de todos os pontos (x, f(x)), com x pertencente ao domínio
de f. Você pode visualizar os valores do domínio sobre o eixo horizontal x, como
também os valores da imagem sobre o eixo vertical y, tomando como referência os
pares ordenados (x, y) do gráfico de y = f(x).
Para saber se os pontos de um gráfico pertencem ou não a uma função,
traçamos uma linha vertical sobre o gráfico; se a linha cortar dois ou mais pontos,
então não se trata de uma função, pois, nesse caso, há mais de uma imagem (y) para
um mesmo valor do domínio (x). Caso contrário configura função.
Observa a figura a seguir alguns exemplos de função:

Estes, no entanto, não são exemplos de função:


Nestes dois últimos exemplos, há muitas possibilidades de uma reta vertical
cruzar o gráfico em dois pontos. Lembre-se de que só existe função se cada x do
domínio apresentar apenas uma imagem.

1.1.1 Domínio, contradomínio e imagem

O domínio de uma função – D (f) ou dom (f) – é o conjunto de onde partem as


flechas (diagramas) ou os valores de x da função (gráfico).
O contradomínio – Cd (f) ou Cdom (f) – é o conjunto onde chegam as flechas
(diagramas).
A imagem Im(f) é um subconjunto do contradomínio, formado apenas pelos
elementos que se relacionam com algum x do domínio.
Em diagramas, a Im(f) é o conjunto formado apenas pelos elementos que
receberam flechas. Assim, nestes diagramas estão representados:
Dom(f) = (1, 2, 3, 4, 5, 6}
CDom(f) = {-2, -3, -4, -5}
Im(f) = {-2, -3}
Para encontrar o domínio e a imagem nos gráficos, devemos conhecer um
pouco mais sobre funções. Todavia, apenas a título de ilustração, observe o gráfico a
seguir:

Esse gráfico representa uma função exponencial. Conhecendo suas


propriedades, poderemos observar que:
Dom(f): R (todos os números reais, ou seja, qualquer valor de x
pode ser utilizado na função);
Im(f): R (todos os reais não negativos: a função nunca será nem negativa nem
igual a zero).
Exemplos:

1) Seja f(x) = x²- 2x + 1, calcule:

a) f(1) = 12 - 2.1 + 1 = 0
b) f(2) = 22 – 2 – 2 + 1 = 1
c) f(-1) = (-1)2 – 2 - (-1) + 1 = 4

2) Sendo y = 3x - 2x², encontre o valor da função para x = 2. Assim,


y = 3* 2 – 2* 22 = 6 – 12 = -6.
Desse modo, f(2) = -6.

Observação:
Se f(x) = 0, x é a raiz da função. Ou seja, para encontrar a raiz (ou o zero da
função), basta igualar a expressão da função a zero.
1.1.2 Domínio de uma função

Como vimos, o domínio de uma função é representado pelos valores de x que


podemos aplicar na função. Normalmente, dizemos que uma função é uma relação
de R em R ou f: R → R. Isso significa que tanto no domínio quanto no contradomínio
todos os números são reais, mas há exceção.
1
Considere a seguinte função: 𝑓(𝑥) =
𝑥
1
Se x for 0, então 𝑓(0) =
0

Outro exemplo é 𝑓(𝑥) = √𝑥. Perceba que essa função não permite que x seja

negativo. Note que 𝑓(−1) = √−1 não é um número real. Logo, dom(f) = R. Observe
que devemos excluir do domínio os valores para os quais a função não está definida.

1.1.3 Regras de cálculo do domínio

Toda função polinomial tem dom(f) = R:

a. f(x) = x² - 6x
b. f(x) = x³ - 4x + 6x - 1
c. f(x) = 3 - 2x

Quando existir um denominador, ele deverá ser diferente de zero:

Quando no numerador houver um radical de índice par, o radicando deverá ser


maior ou igual a zero:
Se o radical de índice par estiver no denominador, a expressão pode ser maior
que zero:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEMANA, F. D.; et al. Pré-cálculo. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2013.
FRIEDRICH, M. A.; MANZINI, N. Matemática aplicada. São Leopoldo: UNISINOS,
2010.
TAN, S. T. Matemática aplicada a administração e economia. 9. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2014.
INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO
DA MATEMÁTICA III
AULA 03 –
MATRIZES

Caro estudante,

Seja bem-vindo à nossa terceira aula!

A partir de agora, iniciaremos nossos estudos referentes às Matrizes.


Serão apresentados conceitos, teoremas, definições e diversos exemplos
resolvidos para facilitar a compreensão das matrizes, bem como dicas
importantes para ampliar o seu conhecimento.

Bons estudos!
Ao final desta aula, você será capaz de definir as matrizes e suas propriedades,
resolver operações e identificar os passos para a construção da matriz.
1 MATRIZES

Quem nunca teve um boletim escolar, não olhou um calendário ou jogou


batalha naval? Esses são exemplos de matrizes. Matrizes são conjuntos cujos
elementos estão dispostos em m linhas (horizontais) e n colunas (verticais).
Um bom exemplo de uma matriz é o jogo batalha naval:

Nesse exemplo, o retângulo solitário se encontra na linha 1 e na coluna


C. O aplicativo Excel® da Microsoft®, também é um bom exemplo de uma matriz.

1.1 Forma de representação de matrizes

Elementos entre parênteses:

Elementos entre colchetes:


1.2 Ordem de uma matriz

Refere-se ao número de linhas e colunas da matriz. Assim, uma matriz 𝑨𝒎𝒙𝒏


têm m linhas e n colunas e ordem m x n.

1.3 Elementos de uma matriz

Cada elemento de uma matriz 𝑨𝒎𝒙𝒏 é chamado de a, por exemplo, na matriz a


seguir, a posição de cada elemento é:

É possível encontrar qualquer matriz por meio de sua lei de formação.

Por exemplo:

a. Encontre a matriz 𝑲𝟑𝒙𝟏 de maneira que 𝑲𝒊𝒋 = 2i+j.

Por meio da lei de formação dada, temos:

Logo,
1.4 Tipos de matrizes

De acordo com o número de linhas e colunas ou por meio de características


específicas, podemos classificar as matrizes em cinco tipos, como veremos agora.

1.5 Matrizes retangulares

São aquelas em que o número de linhas e o de colunas é diferente, isto é, m ≠


n. Exemplo:

1.6 Matrizes quadradas

São aquelas em que m = n, ou seja, o número de linhas e o de colunas é igual.


Assim, A, é de ordem 2×2, B, é de ordem 3×3. Por exemplo:

Apenas nas matrizes quadradas há duas diagonais: principal e secundária. Os


elementos da diagonal principal são aqueles em que i=j, ou seja, o número da linha e
da coluna do elemento são iguais. A diagonal secundária é formada pelos elementos
em que i + j = n + 1.
Na matriz A do exemplo anterior, os elementos da diagonal principal são 1 e -
1, e os da secundária são 2 e 0.
1.7 Matrizes triangulares

Matrizes quadradas em que os elementos que estão acima ou abaixo da


diagonal principal são apenas zeros.
Exemplos:

1.8 Matrizes diagonais

São matrizes quadradas em que todos os elementos que não estão na diagonal
principal são nulos.
Exemplos:

1.9 Matriz identidade

São matrizes diagonais em que os elementos da diagonal principal são sempre


iguais a 1. O símbolo da matriz identidade será sempre I em que n é a ordem
da matriz.
Exemplos:

2 OPERAÇÕES COM MATRIZES

2.1 Igualdade de matrizes

Duas matrizes A e B são iguais quando todo elemento a = b. De modo mais


simplificado, dizemos que duas matrizes serão iguais quando tiverem a mesma ordem
e quando os elementos que estão nas mesmas posições forem iguais.
As matrizes a seguir não são iguais, pois embora tenham os mesmos
elementos, suas ordens e posições são diferentes:

2.2 Adição e subtração de matrizes

Se 𝑨𝒎𝒙𝒏 e 𝑩𝒎𝒙𝒏, então existe 𝑪𝒎𝒙𝒏 = 𝑨𝒎𝒙𝒏 + 𝑩𝒎𝒙𝒏 em que 𝑪𝒊𝒋 = 𝑨𝒊𝒋 + 𝑩𝒊𝒋. De
outra maneira: se A e B apresentarem a mesma ordem, a soma ou a subtração serão
feitas com os elementos que estiverem nas mesmas posições.
Assim:
2.3 Produto de matrizes por escalar

Seja k um escalar (um número real), então 𝑲 . 𝑨𝒎𝒙𝒏 = 𝑲.𝒂𝒊𝒋, para todo i e j.
Dito de outro modo: quando um número real estiver multiplicando uma matriz, ele
multiplicará cada elemento dela. Então:

2.4 Multiplicação de matrizes

É a operação mais difícil de fazer com matrizes. Para facilitar o entendimento,


vamos dividir o raciocínio em duas partes: a primeira mostrará quando a multiplicação
é possível, e a segunda, como fazer. Quando é possível multiplicar matrizes?
Quando o número de colunas da primeira matriz for igual ao número de linhas
da segunda. O número de linhas da primeira matriz junto com o de colunas da
segunda mostra a ordem da matriz produto.
Por exemplo:

• 𝑨𝟑𝒙𝟐 . 𝑩𝟐𝒙𝟓 é possível e o produto será uma matriz de ordem 3×5;

• 𝑨𝟐𝒙𝟑 . 𝑩𝟐𝒙𝟑 não é possível;


• 𝑨𝟏𝒙𝟓 . 𝑩𝟓𝒙𝟕 é possível e a matriz produto é uma matriz de ordem 1x7;
• 𝑨𝟑𝒙𝟑 . 𝑩𝟑𝒙𝟑 é possível e a matriz produto também será uma matriz de ordem
3×3.
➢ Como multiplicar matrizes?
Sabendo que é possível multiplicar as matrizes, a operação acontecerá de
modo que uma linha da primeira matriz multiplicada por uma coluna da segunda matriz
gere um único elemento da matriz produto. Serão multiplicados os elementos de
acordo com a ordem em que aparecem: o primeiro da linha com o primeiro da coluna,
o segundo da linha com o segundo da coluna e assim por diante até o último da linha
pelo último da coluna. Somando todos os resultados, teremos o único elemento
gerado. Por exemplo, o produto de uma matriz 2×3 por uma 3×2 é possível e gera
uma matriz 2×2.
A multiplicação:

Que resultará em:

3 MATRIZ INVERSA

Se A é uma matriz quadrada, ou seja, aquela que tem o mesmo número de


linhas e de colunas, caso exista sua inversa, será denotada por 𝑨−𝟏 :
𝑨. 𝑨−𝟏 = 𝑨−𝟏. 𝑨 = 𝑰𝒏
Em que 𝑰𝒏 é a matriz identidade de ordem n.

➢ Como obter a matriz inversa?


Logo,

Resolvendo o primeiro produto, temos:

Dessa igualdade, encontramos dois sistemas de equações do primeiro grau. O


primeiro seria:

Multiplicando a segunda equação por (-2), temos:

Somando membro a membro, chegamos em -b = 1, ou seja, b = -1. Substituindo


na primeira equação, 2a +5 . (-1) = 1, em que 2a = 6 e assim a = 3.0 segundo sistema
será:

Como os coeficientes das letras são iguais, a maneira de resolver o sistema é


a mesma do anterior. Procedendo assim, chegaremos em d = 2 e c = -5.
Portanto,
Nem sempre existirá a inversa:

Apresentará o seguinte sistema:

Multiplicando a segunda linha por (-2), obteremos:

Somando-as, temos 0 = 1, o que não é verdade, logo, o sistema não tem


solução e, portanto, a matriz não tem inversa.

3.1 Sistemas lineares

Sistemas lineares são sistemas de equações nos quais todas as incógnitas são
de primeiro grau.
Anteriormente vimos como resolver um sistema 2×2: com duas equações e
duas incógnitas. Agora, veremos como resolver um sistema quadrado de qualquer
ordem.

3.2 Regra de Cramer

Serve para resolver sistemas que tenham n incógnitas e n equações. Para


utilizar a regra de Cramer, devemos organizar as incógnitas para que incógnitas iguais
ocupem uma única coluna. Após isso, chamamos de:
D = determinante formado pelos coeficientes das letras;
𝑫𝒙= determinante D trocando os coeficientes de x pelos termos independentes;
𝑫𝒚= determinante D trocando os coeficientes de y pelos termos independentes;
𝑫𝒛 = determinante D trocando os coeficientes de z pelos termos independentes.
Se necessário, seguimos a lista com mais incógnitas. Para encontrar as
incógnitas, fazemos o seguinte:

Com relação aos termos independentes, estes não têm incógnita (letra). Eles
devem aparecer depois do sinal de igual da equação.
Vejamos os seguintes exemplos:

Pela regra de Crames, temos:


Assim,
1. O último determinante não é necessário; uma vez que sabemos o valor das
outras incógnitas, basta substituí-los em uma equação qualquer e encontrar a última.
2. Essa regra pode facilitar muito os cálculos quando os resultados forem
frações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTON, H.; RORRES, C. Álgebra linear com aplicações. 10. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2012.
FERNANDES, L. F. D. Álgebra linear. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2017.
ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo: volume 1. 8. ed. Porto Alegre: Bookman,
2015
INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DA
MATEMÁTICA III
AULA – 04
NOÇÕES DE
LÓGICA

Caro estudante,

Seja bem-vindo à nossa quarta aula!

Nossa disciplina, Noções de Lógica, servirá de fundamentação para


todas as disciplinas do curso. Nela, além de fundamentos da Lógica,
apresentaremos suas noções básicas e primordiais. Com estes fundamentos,
você, aluno, conhecerá a linguagem matemática básica e poderá perceber
que esta linguagem é essencial, o que lhe possibilitará expressar melhor as
afirmações e conclusões que compõem o corpo teórico da Matemática. Além
disso, apresentaremos a ideia, precisa e indispensável para a sua formação.

Bons estudos!
Nesta aula, o objetivo específico é que você, aluno, aprenda um pouco da
história da lógica, como ela se iniciou nos ramos da matemática e de áreas afins. Além
disso, será capaz de desenvolver a capacidade de usar e entender discursos,
conhecer a linguagem matemática básica e estabelecer ideias de demonstrações
lógicas.
1 NOÇÕES DE LÓGICA

1.1 Princípios fundamentais da lógica matemática

Para que a lógica matemática seja bem estruturada, existem duas regras
fundamentais que precisam ser respeitados: o Princípio da não contradição Princípio
do terceiro excluído. Quando aceitamos tais princípios, construímos uma lógica
chamada de lógica bivalente. Existem outras estruturas lógicas que são determinadas,
contrariando essas relações, mas só são estudadas em cursos avançados de lógica.

1.1.1 Princípio da não contradição

O Princípio da não contradição afirma que uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa ao mesmo tempo. Quando enunciamos, por exemplo, a proposição
р: π> 5, tal proposição é ou verdadeira ou falsa, mas nunca pode assumir os dois
valores ao mesmo tempo. Isso acontece na maioria dos fatos que existem em nosso
mundo, entretanto isso não é válido para o caso da física quântica, segundo a qual,
uma informação pode ser verdadeira ou falsa ao mesmo tempo. Por conta disso, como
a física quântica não respeita o Princípio da não contradição e, por isso, dizemos que
ela não é uma lógica bivalente.

1.1.2 Princípio do terceiro excluído

Além do Princípio da não contradição, assumimos que as proposições


respeitam o Princípio do terceiro excluído, segundo o qual, toda proposição ou é
verdadeira ou é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses casos e nunca um terceiro.
A proposição deve assumir um valor verdadeiro ou falso, e nunca uma outra
possibilidade, como talvez, por exemplo:

Podemos unir os dois princípios em um enunciado geral: Toda a proposição


tem um, e um só, dos valores V, F.
Existem outros tipos de lógica, como a lógica fuzzy, que permite que uma
proposição possa assumir valor possivelmente verdadeiro ou possivelmente falso,
associando graus de confiabilidade no valor lógico de cada uma dessas sentenças.
Por conta disso, a lógica fuzzy também não é uma lógica bivalente. Neste capítulo,
estudaremos apenas a lógica bivalente.

1.1.3 Conectivos lógicos: negação, conjunção e disjunção

Aprendemos que uma proposição é uma sentença que exprime um sentido


completo e que, portanto, pode assumir um dos dois possíveis valores lógicos:
verdade ou falsidade. Nesta seção, iremos verificar que tais proposições podem ser
classificadas em proposições simples ou proposições compostas, as quais, por sua
vez, podem ser construídas com base no uso de conectivos.
O valor lógico de uma proposição composta pode ser analisado com base no
valor lógico das proposições simples que compõem a sentença. Proposições simples
e proposições compostas. As proposições simples (ou atômicas) são definidas como
aquelas que não podem ser decompostas em nenhuma outra proposição. Por
notação, costumamos utilizar as letras minúsculas, iniciando-se em 𝒑, 𝒒, 𝒓, 𝒔, … para
indicar a existência de uma proposição.
As proposições compostas (ou moleculares) são aquelas formadas pela
combinação de duas ou mais proposições unidas a partir dos conectivos. Por exemplo,
𝒑: Beatriz é feliz
𝒒: Beatriz dança samba
𝒓: Beatriz é feliz e dança samba
Dizemos que 𝒓 é uma proposição composta, pois pode ser separada em duas
proposições simples, 𝒑 e 𝒒, unidas pelo conectivo e (conjunção). Repare que tanto 𝒑
quanto 𝒒 e 𝒓 podem assumir um valor lógico entre verdade e falsidade. Veja também
que o valor lógico de 𝒓 depende de 𝒑 e 𝒒. Imaginando os possíveis cenários em
"Beatriz é feliz (ou não) e dança samba (ou não)", podemos concluir se r é verdade
(ou não).
Na lógica matemática, possuímos alguns tipos de conectivos que criam
diferentes sentidos às frases. Veja as seguintes proposições compostas:
𝒔: Beatriz é feliz ou dança samba
𝒕: Se Beatriz dança samba, então é feliz
𝒖: Beatriz não dança samba
Os conectivos ou (disjunção), se então (condicional), não (negação) são alguns
exemplos desses que mudam o sentido, ou seja, o valor lógico, de cada uma das
novas proposições. Estudaremos em detalhes os principais conectivos utilizados na
lógica matemática.

1.1.4 Introdução aos conectivos – negação

O conectivo mais simples é a negação. Utilizamos como notação o símbolo ~


para indicar a negação de uma proposição. Por exemplo, sendo
𝒑: Gustavo joga tênis
~𝒑: Gustavo não joga tênis
𝒒: π = 3
~𝒒:π # 3
𝒓: O hidrogênio tem número atômico 1
~𝒓: O hidrogênio não tem número atômico 1
Veja que o valor lógico da proposição p depende de uma análise do cenário
que está observando. Conhecendo um Gustavo que, de fato, joga tênis, dizemos que
V(𝒑) = V e V(~𝒑) = F. Se Gustavo não joga tênis, nesse caso, V(p) = F e V(~𝒑) = V. O
valor lógico da proposição q pode ser obtido conhecendo o valor de π. Sabemos que
V(𝒑) = F e V(~𝒒) = V.
É importante, nesta altura dos estudos, perceber que a determinação do valor
lógico depende do campo de conhecimento específico que está analisando.
Saber V(𝒒) depende de um estudo específico de matemática. Saber V(𝒓)
depende de um estudo específico de Química. Nosso objetivo na lógica matemática
não é determinar o valor lógico das proposições simples, mas, sim, com base nesses
valores lógicos, saber a quais conclusões novas podemos chegar.
Veja também que a negação de 𝒓 não é "O hidrogênio tem número atômico 2",
visto que existem inúmeras possibilidades ao se negar a proposição 𝒓. Formalmente,
definimos da seguinte forma:
Chama-se negação de uma proposição p a proposição representada por "não
𝒑", cujo valor lógico é a verdade (V) quando p é falsa e a falsidade (F) quando 𝒑 é
verdadeira.

1.1.5 Tabela-verdade

Para facilitar a visualização e a determinação do valor lógico das proposições


compostas, utilizamos um instrumento chamado de tabela- verdade, que indica todas
as possibilidades que um cenário pode assumir. Por exemplo, sendo 𝒑 e 𝒒 as mesmas
proposições da seção anterior, veja que 𝒑 e 𝒒 podem assumir diferentes valores
lógicos, assumindo, nesse caso, quatro possíveis combinações:

Ou seja, são quatro cenários de análise possíveis para as diferentes


combinações dos valores lógicos das proposições simples. Pode ser que seja verdade
que:
Caso 1: Gustavo joga tênis e π = 3
Caso 2: Gustavo joga tênis e π ≠ 3
Caso 3: Gustavo não joga tênis e = 3
Caso 4: Gustavo não joga tênis e π ≠ 3
Veja, portanto, que o número de linhas de uma tabela-verdade depende do
número de arranjos com repetição na 𝒏 dos dois elementos V e F que podem ser
realizadas com as proposições simples que a integram. Em outras palavras, definimos
que a tabela-verdade de uma proposição composta com 𝒏 proposições simples
contém 𝟐𝒏 linhas.
A tabela-verdade nos auxilia na análise das proposições compostas, para se
analisarem todos os casos existentes. Veja que, sendo 𝒑 a proposição dada, podemos
definir os seguintes casos:
Os quais são:
Caso A: Gustavo joga tênis
Caso B: Gustavo não joga tênis
A análise desses casos, permite analisar o valor lógico de 𝒑: "Gustavo joga
tênis”:

Essa última tabela apresentada representa a tabela-verdade básica do


conectivo negação.

1.1.6 Operações lógicas – conjunção

Outro conectivo digno de atenção é o conectivo e, chamado de conjunção.


Assim como o anterior, ele é utilizado para criar novas proposições. As proposições
compostas e o valor lógico dessa nova estrutura são determinados com base nas
proposições simples que a compõem.

1.1.7 Conjunção

Chama-se conjunção de duas proposições 𝒑 e 𝒒 a proposição representada


por " 𝒑 e 𝒒", cujo valor lógico é a verdade (V) quando ambas as proposições 𝒑 e 𝒒 são
verdadeiras e a falsidade (F) nos demais casos. Para compreendermos tal definição,
sejam as seguintes proposições:

𝒑: Regina estuda Matemática


𝒒: Gabriel estuda Física

Nesse caso, p e q, ou com a notação usual, 𝒑Ʌ𝒒, é a proposição composta:


𝒑Ʌ 𝒒: Regina estuda Matemática e Gabriel, Física.

1.1.8 Operações lógicas sobre a conjunção


Analisar se 𝒑Ʌ 𝒒 é falso ou verdadeiro depende dos valores lógicos das
proposições simples. Nesse cenário podemos ter quatro situações ou casos possíveis
para as combinações dos valores lógicos das proposições simples que afetam o valor
lógico da proposição composta 𝒑Ʌ𝒒: "Regina estuda Matemática e Gabriel estuda
Física”.
Veja que a frase 𝒑Ʌ𝒒 só será verdadeira no caso em que tanto Regina quanto
Gabriel estudem. Em todos os outros casos, a proposição será falsa.
Veja que a tabela verdade da proposição conjunção é:

1.1.9 Operações lógicas sobre a disjunção

Na última temática deste capítulo, discutiremos sobre o conectivo ou, chamado


de disjunção. Assim como os outros, criam-se novas proposições, mas que possuem
um sentido diferente.
Chama-se disjunção de duas proposições 𝒑 e 𝒒 a proposição representada por
"𝒑 ou 𝒒", cujo valor lógico é a verdade (V) quando ao menos uma das proposições 𝒑
e 𝒒 são verdadeiras e a falsidade (F) quando ambas são falsas.
Utilizando as mesmas proposições da seção anterior, podemos definir 𝒑 ou 𝒒,
ou com a notação usual, 𝒑v𝒒, a proposição composta:
𝒑v𝒒: Regina estuda Matemática ou Gabriel estuda Física
Analisar o valor lógico da proposição 𝒑v𝒒 também depende dos quatro casos
possíveis apresentados na seção anterior. Entretanto, veja que basta que ao menos
uma das proposições simples, 𝒑 ou 𝒒, seja verdadeira para que a sentença final seja
verdadeira. Se pelo menos Regina estuda matemática ou pelo menos Gabriel estuda
física, é o suficiente para que 𝒑v𝒒 seja verdadeiro.
Muito cuidado, pois o uso de um conectivo diferente (𝒆 ou 𝒐𝒖) muda
completamente o sentido da frase. Nesse cenário, temos:
Note também que o conectivo 𝒐𝒖 é utilizado com um sentido um pouco diferente
daquele utilizado na língua portuguesa. Quando, em uma sorveteria, nos dão a opção
de sorvete de creme ou sorvete de flocos, eventualmente, pelo teor do diálogo, está
subentendido que apenas uma opção é possível. Na lógica matemática, o conectivo
de disjunção é inclusivo, ou seja, permite a escolha das duas opções. Portanto, o caso
1, em que ambas as proposições simples são verdadeiras, nos leva a concluir que a
conjunção das duas também é verdadeira.

1.2 Conectivos lógicos: condicional e bicondicional

Vejamos o uso de outros dois conectivos lógicos: o condicional e o


bicondicional.

1.2.1 Operações lógicas – condicional

Além dos primeiros conectivos (negação, disjunção e conjunção), especial


atenção deve ser dada ao conectivo condicional, ou também conhecido como se
então. Deve-se ter muito cuidado no estudo desse conectivo, visto que possui alguns
detalhes que, frequentemente, leva a erros comuns dos estudantes. Esse conectivo é
muito importante para se escrever teoremas em matemática.
Chama-se condicional uma proposição representada por "se 𝒑 então 𝒒", cujo
valor lógico é a falsidade (F) no caso em que p é verdadeira e q falsa e a verdade (V)
nos demais casos. Para compreendermos tal definição, definimos as seguintes
proposições:
𝒑: Avançar o sinal vermelho
𝒒: Levar uma multa
Nesse caso, a condicional é dada por se 𝒑 então 𝒒, ou com a notação usual,
𝒑→ 𝒒, que representa a seguinte proposição composta: 𝒑→ 𝒒: Se
avancei o sinal vermelho, então levarei uma multa.

1.2.2 Operações lógicas sobre a condicional

Assim como nos demais conectivos, analisar se 𝒑→ 𝒒 é falso ou verdadeiro


depende dos valores lógicos das proposições simples. Veja que, para essas duas
proposições, podemos ter os seguintes quatro casos para as diferentes possibilidades
que podem existir para as proposições simples. De acordo com a definição, a tabela-
verdade desse conectivo é dado por:

Veja que analisar a tabela-verdade é verificar, para cada situação, qual é a


validade da frase 𝒑→ 𝒒. Para entendermos com cuidado, vejamos cada caso em
detalhes.
O caso 1 se refere à situação em que avançamos o sinal vermelho, e uma multa
chegou em nossa casa. Verifica-se que a regra 𝒑→ 𝒒: "Se avancei o sinal vermelho,
então levarei uma multa" é verdadeira. Entretanto, se estivermos se referindo ao caso
2, ou seja, se avancei o sinal vermelho e não levei uma multa, conclui-se que a
condicional 𝒑→ 𝒒 é falsa. Em outras palavras, conclui-se que a regra estipulada não
é válida. Nesse segundo caso, dizemos que temos um contraexemplo que invalida a
regra (ou a condicional).
O caso 3 e o caso 4 são contraintuitivos. Tais casos representam o cenário em
que não passei no sinal vermelho, sendo que, no caso 3, levei uma multa e no caso
4, não. Em ambos os casos, a condicional 𝒑→𝒒 é verdadeira. Geralmente a pergunta
que meus alunos fazem é: "Como posso ter levado uma multa, se não passei no sinal
vermelho (caso 3)", e a resposta é simples: "Você não leva multa apenas passando
no sinal vermelho; pode ter cometido outras infrações". Veja que chegar uma multa
em casa, por qualquer outro motivo, não invalida o fato de que "Passar no sinal
vermelho gera uma multa".
Discorremos sobre infrações de trânsito neste tópico, visto que toda legislação,
quando explicita regras, faz isso com o uso da condicional. Sendo assim, dizemos que
a legislação não se cumpre (ou é falsa), quando o antecedente p acontece e o
consequente q não acontece. Em todos os outros casos, a legislação não é posta à
prova.
Outro nome para a condição 𝒑 e 𝒒 são condições suficiente e necessária, como
se seque. Dizemos que:

(i) = 𝒑 é condição suficiente para 𝒒


(ii) = 𝒒 condição suficiente para 𝒑
Nesse exemplo discutido neste capítulo, entendemos o uso da condicional com
base numa análise da causalidade de dois fatos. Entretanto, uma proposição
composta condicional pode ser analisada mesmo se 𝒑 e 𝒒 não estiverem tão
relacionados. Como exemplo, 𝒑: Santos é a capital do Brasil e 𝒒: π > 3.
Mais detalhes acerca da condicional serão discutidos posteriormente.

1.2.3 Operações lógicas – bicondicional

Para finalizar o estudo dos principais conectivos, vejamos o uso do conectivo


bicondicional.
Chama-se bicondicional uma proposição representada por " 𝒑 se e somente se
𝒒", cujo valor lógico é a verdade (V) nos casos em que 𝒑 e 𝒒 são ambas falsas ou
ambas verdadeiras e a falsidade (F) nos demais casos.
Utilizaremos a mesma condição 𝒑 e 𝒒 da seção anterior. Nesse caso, a
proposição composta é dada por " 𝒑, se e somente se, 𝒒", ou, com a notação usual,
𝒑↔𝒒. Sendo assim,
𝒑↔𝒒: Levarei uma multa se, e somente se, avançar o sinal vermelho.

1.2.4 Operações lógicas sobre a bicondicional

Teremos para esse cenário os mesmos quatro casos discutidos na seção


anterior. Mas veja que a frase indica que apenas avançando o sinal vermelho levarei
uma multa ou ainda que só levarei uma multa se avançar o sinal vermelho.
Nesse caso, dizemos que:

𝒑 é condição suficiente e necessária a 𝒒


𝒒 é condição necessária e suficiente a 𝒑

Obviamente, tal proposição 𝒑↔𝒒 não existe na legislação de trânsito, visto que
existem outras formas de ser multado. Entretanto, nos cenários em que a única forma
de um evento acontecer é quando outro evento também acontece e vice-versa,
dizemos que temos uma proposição bicondicional. Quando analisarmos equivalências
lógicas, verificaremos que a bicondicional pode ser escrita em função da condicional
e da conjunção.
Veja que teremos a seguinte tabela-verdade para esse conectivo:

Veja a relação do que foi discutido acima com os quatro casos possíveis para
essa situação.

NA PRÁTICA
Suponha que as proposições 𝒑, 𝒒, 𝒓 possuem valores lógicos 𝑽, 𝑭 e 𝑭,
respectivamente. Determine o valor lógico das seguintes proposições compostas:
A) ~ 𝒑
B) 𝒒Ʌ 𝒓
C) 𝒒v 𝒓
D) 𝒑v𝒒
E) ~ 𝒑v𝒒
F)~( 𝒑v𝒒)
A solução está na seção seguinte.

FINALIZANDO
Esperamos que neste capítulo você tenha compreendido os principais
conceitos iniciais para o estudo da lógica matemática. Nosso objetivo principal é a
construção de argumentos válidos, os quais são realizados com base no uso de
proposições, simples e compostas, mediadas pelos conectivos.
Solução - Na prática

1. 𝑉 (~𝑝) = F
2. 𝑉 (𝑞Ʌ𝑟) = F
3. 𝑉 (𝑞V𝑟) = F
4. 𝑉 (𝑝v𝑟) = V
5. 𝑉 (~𝑝v𝑞) = F
6. 𝑉 (~(𝑝v𝑞) = F
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. 2
v.
BRAGA, R. O. Cálculo I: estudo da derivada. São Leopoldo: Unisinos, 2012.
ROGAWSKI, J. Cálculo, volume 1. Porto Alegre: Bookman, 2008.
ABE, J. M.; SCALZITTI, A.; SILVA FILHO, J. I. Introdução à lógica para a ciência
da computação. São Paulo: Arte & Ciência, 2002.
INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO
DA MATEMÁTICA III
AULA 05 –
GEOMETRIA

Caro estudante,

Seja bem-vindo à nossa quinta aula!

A geometria constitui uma área extremamente importante da


matemática, pois todos os cidadãos, precisam desenvolver suas habilidades
de organização espacial para viver em uma sociedade cada dia mais visual.
Nesta unidade de aprendizagem, estudaremos a relação entre geometria e
suas formas, nomeando cada uma delas e discutindo suas características e
propriedades.

Bons estudos!
A metodologia de ensino adotada compreende em capacitar o estudante para
a percepção das definições e dos teoremas relacionados à geometria, solidificando
conhecimentos básicos, desenvolvendo o raciocínio geométrico, criando habilidades
para os cálculos relacionados e para a representação tridimensional dos sólidos
geométricos.
1 GEOMETRIA

1.1 Geometria de posição e métrica

Neste capítulo, mostraremos como uma teoria foi construída passo a passo.
Veremos quais elementos e quais propriedades precisamos para iniciar essa teoria, e
como, a partir deles, podemos extrapolar conhecimentos e provar novas propriedades.
A teoria em questão é a geometria de posição e métrica, que visa estudar pontos,
retas e planos e também a relação entre eles.
Em particular aos “entes primitivos”, referem-se àqueles entes que não têm
definição. São os elementos básicos iniciais para a construção da geometria: o ponto
(representado por letras maiúsculas do nosso alfabeto), a reta (representada por letras
minúsculas do nosso alfabeto) e o plano (representado por letras minúsculas do
alfabeto grego).
Tais elementos podem ser instruídos como uma estrela vista de longe, um fio
esticado ou uma folha de papel, embora essas representações sejam muito
deficientes. Vejamos as características:
• O ponto não tem dimensão, nem comprimento, nem largura, nem altura.
• A reta tem uma única dimensão, tem comprimento, mas não tem largura nem
altura.
• O plano tem duas dimensões, comprimento e largura, mas sua altura é zero.

Ao conjunto de todos os pontos, retas, planos chamamos de espaço.

1.2 Postulados ou axiomas

São propriedades que não precisam ser demonstradas, sendo aceitas pela sua
simplicidade. Exemplos:
• Existem infinitos pontos, retas e planos.
• O plano é infinito.
• Três pontos não colineares definem um plano.

1.2.1 Teoremas

São propriedades que devem ser demonstradas e provadas para que sejam
aceitas. Exemplo:

• A soma dos lados internos de um triangulo é igual a 180º

1.2.2 Postulados de existência

• Em uma reta e também fora dela existem infinitos pontos.


• Em um plano e também fora dele existem infinitos pontos.

1.2.3 Postulados da determinação

• Dados dois pontos distintos do espaço, existe uma única reta que os
contenha.
• Dados três pontos não colineares do espaço, existe um único plano que os
contenha.

1.2.4 Postulado da inclusão

Se uma reta tem dois de seus pontos distintos pertencentes a um plano, então
essa reta está contida no plano.

1.3 Posições relativas entre duas retas

Quando duas retas pertencem a um mesmo plano, dizemos que elas são
coplanares. Entre as retas coplanares, temos:
• Paralelas: quando não têm ponto em comum.
• Concorrentes: quando têm um único ponto em comum.
• Coincidentes: quando têm todos os pontos em comum.
Quando não pertencem a um mesmo plano, são denominadas reversas.

Dessa forma, quando duas retas fazem um ângulo de 90°, chamamos

• Perpendiculares: se estiverem em um mesmo plano;


• Ortogonais: se não existe um plano que as contenha (embora, às vezes, essa
denominação seja adotada como sinônimo de perpendicular).

1.4 Teoremas da definição de um plano

Definem um plano:

T1) Três pontos não colineares.


T2) Uma reta e um ponto fora desta. T3) Duas retas paralelas.
T4) Duas retas concorrentes.
Posição relativa entre uma reta e um plano:

• Paralelos: quando não há ponto em comum.


• Concorrentes: quando há apenas um ponto em comum.
• Contida: quando a reta tem todos os seus pontos no plano.
• Perpendicular: além de ser concorrente ao plano, forma um ângulo de 90°
com ele.
Para que isso aconteça, a reta deve ser ortogonal a duas retas concorrentes
desse plano no ponto de intersecção.

1.4.1 Ângulo formado por duas retas

Se as retas estiverem no mesmo plano, basta desenhar o ângulo.


Devemos lembrar que, se forem paralelas, o ângulo entre elas é de 0°.
Se as retas não estiverem no mesmo plano, devemos projetar uma delas no
plano da outra.
Na figura, a reta s¹ é a projeção ortogonal de s sobre o plano alfa.

1.4.2 Ângulo formado por dois planos

É medido tomando-se um plano perpendicular à interseção dos dois.

1.4.3 Posições relativas entre dois planos

Dois planos podem ser:

• Paralelos: quando não há intersecção.


• Coincidentes: quanto têm todos os pontos em comum (na verdade é um
mesmo plano).
• Concorrentes: quando há uma reta em comum.
Há certas condições para que os planos sejam definidos de um modoou de
outro. Para que seja paralelo, um plano deve, obviamente, ser paraleloa duas retas
concorrentes do outro plano.

Para ser perpendicular, um plano deve ser perpendicular a duas retas


concorrentes do outro.
2 GEOMETRIA ESPACIAL

O mundo tal qual o conhecemos é tridimensional. Todos os dias, ao andarmos


nas ruas, visualizamos prédios (prismas), lixeiras (cilindros), bolas (esferas),
containers (paralelepípedos) e outras formas geométricas. A partir desse momento,
começaremos a tratar da geometria tridimensional. Nossos estudos contemplarão
elementos que tenham comprimento, largura e altura.

2.1 Nomenclatura

Alguns dos nomes dos elementos de uma figura de três dimensões são
diferentes dos nomes dados às figuras planas. Na figura a seguir, temos:

• A, B, C, D, E, F, G e H são vértices
• AB, CD, DA, EA, ... são as arestas (nas figuras planas são lados)
• ABCD, ABFE, CDHG, ... são as faces (polígonos que compõem a figura).

2.1.1 Poliedros

A palavra poliedro é uma junção entre poli (muitos) e edros (faces). Portanto,
estudaremos figuras com muitas faces, também chamadas de sólidos geométricos.
Nos primeiros cálculos que faremos, utilizaremos algumas letras:
(A) = número de arestas; no caso da figura anterior, A = 12.
(V) = número de vértices, no caso da figura anterior, V = 8.
(F) = número de faces, no caso da figura anterior, F = 6.
2.1.2 Relação de Euler

Em todo poliedro convexo, é válida a relação F + V = A + 2. Para verificação,


vamos usar os valores do sólido anterior. Assim, 6+8=12+2.
𝑛.𝐹
Essa fórmula será utilizada normalmente em conjunto com a próxima: A = ,
2

ou seja, o número de arestas é dado pela metade do e pelo número de lados de cada
𝑛
face (2) de faces (F).
4. 6
Da figura anterior, temos 12 = 2

Partindo do princípio que, todas faces não são da mesma forma, a fórmula fica
assim:
3. 𝐹3 + 4. 𝐹4 + 5. 𝐹5 + ⋯ + 𝑛. 𝐹𝑛
𝐴=
2𝑎
Ela pode ser explicada da seguinte maneira: cada face triangular tem três lados, então:
Vejamos o seguinte sólido:

Esse sólido tem duas faces pentagonais e outras cinco quadrangulares. Assim,
5 . 4+2 . 5
A= = 15
2

Temos também que F + V = A + 2; assim, 7 + 10 = 15 + 2.

Poliedros regulares (ou Poliedros de Platão)

São chamados poliedros regulares aqueles:


• cujas faces são todas iguais (mesmo polígono);
• cujas faces são polígonos regulares (lados e ângulos iguais);
• de cujos vértices parte o mesmo número de arestas.
Temos apenas cinco poliedros regulares:

É importante saber preencher a tabela a seguir:

Onde “m” é o número de arestas que parte de cada vértice do poliedro.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

EUCLIDES. Os elementos de geometria. São Paulo: Edições Cultura, 1944.


EVES, H. Introdução à história da matemática. Campinas: UNICAMP, 1995.
MLODINOW, L. A janela de Euclides: a história da geometria, das linhas paralelas
ao hiperespaço. São Paulo: Geração Editorial, 2008.
INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DA
MATEMÁTICA III
AULA 06 –
NOÇÕES DE
MATEMÁTICA
FINANCEIRA

Caro aluno,

Seja bem-vindo à nossa sexta e última aula!

Neste bloco de aulas, você aprenderá vários aspectos da matemática


financeira, aprofundando todos os métodos de investimentos e riscos de
retorno.

Bons estudos!
Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de explicar a relação
entre orçamento de capital e investimentos, analisar as técnicas de orçamento de
capital abrangendo os juros, descontos, acréscimos e demais temas relacionados ao
assunto.
1 NOÇÕES DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

A matemática financeira é certamente uma das matérias com maior aplicação


na vida cotidiana. Basta parar um pouco para olhar uma vitrine, uma propaganda de
televisão, um jornal ou um tabloide e encontraremos as palavras juros, desconto,
acréscimo ou o símbolo %. É muito importante, então, que você saiba o que significa
cada uma dessas palavras e como operar com esse conteúdo.

1.1 Porcentagem

Chama-se de porcentagem ou percentagem uma razão (fração) cujo


denominador é 100. Exercícios de porcentagem podem ser resolvidos por meio de
regras de três diretas e simples, porém isso não é necessário. Por exemplo, quando
se solicita calcular uma porcentagem de um dado valor, basta que procedamos à
multiplicação da porcentagem pelo valor.

1.2 Descontos

Para facilitar muitos exercícios de porcentagem, diminuindo os cálculos e


auxiliando em equações, devemos escrever descontos e acréscimos como
porcentagens de um todo.
O valor principal é sempre 100%.
Assim, se vamos ter um desconto de 20%, pagaremos apenas 100%- 20% =
80%, ou 0,80 em decimais.
Dessa maneira, descontos de 40% significam que pagaremos 0,60 do valor
inicial. Abatimentos de 28% implicam que teremos de pagar 0,72 do valor devido.
Observação, descontos percentuais sempre serão escritos em números
decimais como valores entre 0 e 1.
Exemplos:
a. Certa mercadoria custa R$ 80,00 e tem um desconto de 25% para
pagamento em dinheiro. Qual o valor para pagamento em dinheiro?
(1 – 0,25) = 0,75. R$ 80 = R$ 60,00
b. Por não apresentar um trabalho, um aluno perderá 20% da nota da última
prova. Sabendo que tirou 6 nessa prova, qual a nova nota?
(1 – 0,20) = 0,80. 6 = 4,8, que é a nova nota.

1.3 Acréscimos

Se descontos podem ser escritos como (100% - desconto), acréscimos podem


ser escritos como (100% + acréscimo). Assim, se tivermos um aumento de 20% em
algum bem, pagaremos 100% + 20% desse bem, ou 1,20 dele. Desse modo,
acréscimos de 45% serão escritos como 1,45 do valor inicial. Também, aumentos de
70% escrevem-se como 1,70 do valor anterior.
Exemplos:
a. Certa conta de R$ 28,00 teve 20% de acréscimo, qual o novo valor?
1,20. R$ 28,00 = R$ 33,60
b. Após 1 mês, uma aplicação de RS 200,00 rendeu 15% de juros. Qual o
montante?
1,15. R$ 200,00 = R$ 230,00

1.4 Juros

Chama-se de juros o valor pago pela remuneração de um dinheiro emprestado.


Por exemplo, quando você vai comprar algum bem de consumo, se não estiver
pagando à vista, a loja te empresta o dinheiro e depois cobra por esse empréstimo.
Quando você deposita algum dinheiro na poupança, o banco usa seu dinheiro em
várias operações e depois credita a você juros pelo dinheiro que você emprestou.

1.4.1 Juros simples

Esse conteúdo é aprendido na escola nos primeiros anos do ensino


fundamental. Não são muito utilizados, pois os juros cobrados pelo mercado são
compostos (veremos a seguir). Juros simples são calculados simplesmente
multiplicando a taxa de juros pelo tempo.

Exemplo:

Se determinada aplicação paga 5% de juros ao mês, em se tratando de juros


simples, teríamos 10% em dois meses, 15% em três e assim sucessivamente.
Fórmula de juros simples:

Em que:

• J = juros (pagamento pelo empréstimo do dinheiro);


• i = taxa de juros (sobre 100 por causa da porcentagem);
• t = tempo;
• C = capital (o valor que será aplicado ou emprestado).

A taxa e o tempo devem estar na mesma unidade. Por exemplo, se a taxa é de


10% ao ano, o tempo deve ser dado em anos, se não for, deverá ser transformado.
Por exemplo, calcule os juros simples que renderão um capital de R$ 2 000,00
aplicado durante 1 ano à taxa de 10% ao mês. Assim, transformamos 1 ano em doze
meses para estar na mesma unidade de tempo da taxa. Desse modo:

1.4.2 Juros compostos

É o tipo de juros utilizados pelo mercado. Bancos, financeiras e lojas trabalham


apenas com juros compostos. Por exemplo: Quando você compra algo no cartão de
crédito, é possível que pague apenas o mínimo (rotativo), algo entre 10% a 20%. Se
no mês seguinte você não pagar o total, os juros que pagará incidirão sobre o total
devido, ou seja, o que você comprou e mais os juros anteriores. Desse modo, dizemos
que estamos pagando juros sobre juros e, assim, chegamos a juros compostos.
Fórmula de juros compostos:

Em que: J, C, i e t, são os mesmos termos do juro simples, a única diferença é


que diferença é que a taxa agora deve ser dividida por 100 e substituída na fórmula
como número decimal.
Dessa forma, o Montante (M) é igual a Capital (C) mais Juros (J), ou seja, M =
C + J.
2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 12. ed. São Paulo:
Atlas, 2012.
AZEVEDO, G. H. W. Matemática financeira: princípio e aplicações. São Paulo:
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