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INSTRUMENTAÇÃO PARA O ENSINO DA

MATEMÁTICA III
AULA – 01
NOÇÕES DE
CONJUNTOS

Caro estudante,

Seja bem-vindo à nossa primeira aula!

O campo da educação matemática tem mostrado dinamismo nas


últimas duas décadas, tanto pela diversidade quanto pela natureza dos
problemas que nos aproximaram em termos de descoberta e rica experiência
acadêmica. Nesta apostila, buscaremos reunir as narrativas da matemática
relacionadas aos conjuntos numéricos, a partir de exemplificações e
exercícios, para que você, como estudante, possa refletir e aprender todo o
conteúdo ao longo do curso.

Bons estudos!
A seguir, apresentaremos uma sequência didática, elaborada e aplicada para
o conteúdo de conjuntos. O objetivo da apresentação da sequência é permitir a
identificação dos conjuntos numéricos, desenvolvendo diferentes significados para os
números, dada sua utilidade cotidiana e contexto histórico.
1 NOÇÕES DE CONJUNTOS

Na década de 1970, em meio à Guerra Fria, avanços da então União das


Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) levaram os Estados Unidos a rever o
currículo de Matemática. Surgiu aí a matemática moderna, que teve como principal
componente uma teoria que unificava álgebra, aritmética e geometria: a teoria de
conjuntos.
Mas o que são os conjuntos? Conjunto é um agrupamento de termos com
características parecidas. Como comparação, pense numa coleção deobjetos.
Para simbolizar os conjuntos usamos uma letra maiúscula do nosso alfabeto
latino. Estudaremos agora as formas como os conjuntos podem ser representados.

1.1 Extensão ou enumeração

Os elementos são colocados entre parênteses ou chaves e separados por


vírgula ou ponto e vírgula, conforme exemplificado abaixo:

Assim, a ordem dos elementos não importa e eles nunca se repetem no


conjunto.

1.2 Compreensão

Muitas vezes é mais fácil e rápido representar um conjunto por meio de uma
propriedade:
D= {x | x é nota musical}
E = {x | x é planeta do sistema solar} F = {x| x é número primo}
G = {x | x > -1}

Vale destacar que, a barra (|) lê-se: tal que, de maneira que, de modo que. Ou
seja, o conjunto é formado por x elementos que apresentam determinadas
propriedades.

1.3 Diagrama de Venn-Euler

A única diferença em relação à forma por extenso é que agora os elementos


são apresentados por um diagrama, como balão, círculo, quadrado ou nuvem, ou seja,
aparecem em um esquema geométrico:

1.4 Pertinência

Relação entre um elemento e um conjunto: ou um elemento faz parte de um


conjunto (pertence) ou não faz (não pertence). Símbolos:

∈ = pertence
∉ = não pertence

Exemplos:

1 ∉ {1, 2, 3, 4}
1 {x | x é número par}
5 ∈ {x | x é número ímpar} 10 ∉ {x | x é número primo}
1.5 Subconjuntos

Um conjunto pode estar dentro de outro (contido) ou não (não contido), da


mesma maneira que pode ter outro dentro dele (contém) ou não (não contém).
Símbolos:

⊂ = está contido
⊃ = contém
⊄ = não está contido = não contém

Dessa maneira:

{1, 2, 3) ⊂ (1, 2, 3, 4). Lê-se: o {1, 2, 3} está contido no {1, 2, 3, 4}


{1, 2, 3, 4) ⊃ (1, 2, 3). Lê-se: o {1, 2, 3, 4} contém o {1, 2, 3}.
(1, 3, 5) ⊄ (2, 3, 4). Lê-se: o (1, 3, 5) não está contido no (2, 3, 4).
(2, 3, 4) (1, 3, 5). Lê-se: o (2, 3, 4} não contém o {2, 3, 4) {1,3,5).

A parte aberta do símbolo deve estar voltada para o conjunto maior. Quando
ambos têm o mesmo número de elementos, tanto faz usar os símbolos
⊂ ou ⊃. Observações:
1. Quando um conjunto não tem elementos, dizemos que ele é vazio e é
representado por {} ou Ø.
2. O conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto, inclusive dele mesmo.

1.5.1 Igualdade de conjuntos

Os conjuntos A e B são iguais quando A⊂C e B⊂A.


Assim, {1, 2} ⊂ {1, 2} e {1, 2} ⊃ {1, 2}, logo {1, 2} = {1, 2}.

1.5.2 Operações com conjuntos

União (ou reunião) de conjuntos Símbolo: U


Chamamos de união de dois conjuntos A e B (AUB) o conjunto formado por
todos os elementos de A e de B.
Matematicamente:
A U B = {X ∈ R | X ∈ A ou x ∈ B}

Exemplos:
A = {1, 2, 3) e B = {1, 2}, então A U B = {1, 2, 3}
A = (-1, 0) e B = {1, 2, 3, 4, 5}, então A U B = {-1, 0, 1, 2, 3, 4, 5}
A = (-1, 1) e B = (-3, -2, -1, 0), então A U B = {-3, -2, -1, 0, 1}

Nos diagramas apresentados, A U B = {1, 2, 3}

1.5.3 Interseção de conjuntos

Símbolo: ∩
Chamamos de interseção entre dois conjuntos A e B (A∩B) o conjunto formado
pelos elementos comuns a ambos os conjuntos, ou seja, aqueles que aparecem nos
dois ao mesmo tempo.
Matematicamente:
A ∩ B = {X ∈ R | X ∈ A ou x ∈ B}

Exemplos:

A = {1, 2, 3} e B = {1, 2}, então A∩B = {1, 2}


A = {-1, 0} e B = {1, 2, 3, 4, 5}, então A∩B = {} ou A∩B = 0
A = {-1, 1} e B = {-3, -2, -1, 0}, então A∩B = {-1}
1.5.4 Diferença entre conjuntos

Símbolo: -

Pela diferença de dois conjuntos A e B chegamos a um terceiro conjunto,


formado pelos elementos que pertencem ao conjunto A e não a B. Matematicamente:
A - B = {X ∈ R | X ∈ A ou x ∈ B}
Exemplos:
A = (1,2,3) e B = {1, 2}, então A - B = (3) e B - A = {}=0
A = {-1, 0} e B = {1, 2, 3, 4, 5}, então.: A - B {-1, 0} e B - A = {1, 2, 3, 4, 5}
A = {-1, 1} e B = {-3, -2, -1, 0}, então.: A – B = {1} e B – A = {-3, -2, 0}
1.5.5 Complementar de um conjunto

Símbolo:

Se BCA, então C = A–B, ou seja, se B for subconjunto de A, então o


complementar de B em relação a A será calculado pela diferença de conjuntos A–B.
De uma maneira informal, podemos dizer que o complementar é o conjunto dos
elementos que faltam para que o menor conjunto se transforme no maior.

Exemplos:

A = {1, 2, 3) e B = {1, 2}, daí CBA = A–B = {3} e não existe CAB.
A = {-1, 0} e B = {1, 2, 3, 4, 5}, não existe nem CA nem CAA = {-1, 1} e B = {-
3, -2, -1, 0}, não existe nem C nem C.

1.5.6 Conjunto das partes de um conjunto

Símbolo: P
É o conjunto formado por todos os subconjuntos possíveis de um dado
conjunto. Por definição, o conjunto vazio é subconjunto dele mesmo, ou seja, Ø ⊂ Ø.
Por exemplo, se A = {1, 2}, então P(A) = { Ø, {1}, {2}, {1, 2}}. O número de
elementos do conjunto P(A) é dado por nP(A) = 𝟐𝒏(𝑨). Ou seja, para chegarmos ao
número de subconjuntos de um conjunto, basta calcularmos 2 elevado ao número de
elementos do conjunto. Dessa maneira, sabendo que n(A) = 2, então nP(A) = 2² = 4.
Se calcularmos os subconjuntos das letras da palavra CASA, veremos que o
conjunto será formado por {C, A, S}. Como esse conjunto tem 3 elementos, o número
de subconjuntos será dado por 23 = 8.

Observações:

1. Muitas vezes, representamos as operações entre conjuntos como regiões


dentro deles. Assim, podemos representar as operações a seguir desta forma:

2. Exercícios que apresentam elementos de 2 ou 3 conjuntos são mais


facilmente resolvidos quando representados por diagramas, começando pelas
interseções.

Exemplos:

1. Entre 100 pessoas pesquisadas, 60 usam a marca A e 70 a B. Sabendo


que 50 usam ambas as marcas, quantas pessoas não usam nenhuma delas?

Assim, 20 + 50 + 10 + nenhuma = 100, logo 20 pessoas não utilizam nenhuma


das marcas.
Resposta: 20 pessoas não usariam nenhuma delas.

1. Um jornal entrevistou certo número de pessoas sobre suas opções de


viagem de férias e chegou às seguintes respostas:
• 40 pessoas disseram viajar à Europa;
• 40 pessoas preferiam os Estados Unidos;
• 35 pessoas desejam viajar pelo Brasil;
• 25 viajariam para Europa e Estados Unidos;
• 25 disseram que viajariam para Europa e Brasil;
• 20 viajariam para Brasil e Estados Unidos;
• 15 disseram que viajariam aos três destinos;
• 10 não gostam de viajar.

Quantas pessoas foram entrevistadas?

Assim,
N = 10 + 5 + 5 + 10 + 15 + 5 + 10 + 10 = 70.

Resposta: Ao todo 70 pessoas foram entrevistadas.


1) Dados os conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5}, B={1,3,5) e C = (2, 4, 5), qual a
alternativa correta?

a) AUB tem 8 elementos.


b) AUC tem 8 elementos.
c) BUC tem 5 elementos.
d) A∩B tem 2 elementos.
e) C∩B é o conjunto vazio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARAÇA, B. J. Conceitos fundamentais da matemática. Lisboa: Tip. Matemática,


1989.
LIMA, E. L. Análise real. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada,
1977. v. 1
BISPO, C. A. F.; CASTANHEIRA, L. B.; SOUZA FILHO, O. M. Introdução à lógica
matemática. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
BARRETO FILHO, B.; SILVA, C. X. Matemática: aula por aula. São Paulo: FTD,
2000.
LIMA, E. L. et al. A matemática do ensino médio. 10. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2012.
v. 1.

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